Acompanhamento Ambulatorial Início de TARV Simone Queiroz Rocha Médica Infectologista CRT DST/Aids PE DST/Aids - SP Do câncer gay… 1981... “O meu prazer agora é risco de vida...” (Cazuza) Síndrome da Imunodeficiência Humana – SIDA / AIDS "Dr. Curran said there was no apparent danger to non homosexuals from contagion. 'The best evidence against contagion', he said, 'is that no cases have been reported to date outside the homosexual community or in women'“ - The New York Times “E sonha com a volta do irmão do Henfil, Com tanta gente que partiu Num rabo de foguete...” 1982... CDC introduz o termo “AIDS” e define seus fatores de risco: homossexuais masculinos, usuários de drogas endovenosas, haitianos e hemofílicos 1983... Mulheres parceiras de homens com Aids são incluídas no quinto grupo de risco 1983: Luc Montagnier (Instituto Pasteur), publica o isolamento de retrovírus (LAV) em paciente com AIDS 1984: Robert Gallo (Instituo Nacional do Câncer), publica evidências de que o retrovírus (HTLV-3) causa AIDS 1985: FDA licencia primeiro teste de detecção de anticorpos contra o vírus da AIDS 1986: CDC adota a denominação “Vírus da Imunodeficiência Humana” (HIV) 1987: FDA aprova AZT para AIDS 1988: Direito sobre patente dividida ao meio 1989: CDC publica as recomendações para profilaxia contra P. carinii em HIV+ 1994: AIDS liderava a causa de óbito entre jovens de 25 a 44 anos 1995: Estimativa global de 20.000.000 de pessoas vivendo com HIV FDA aprova o primeiro Inibidor de Protease – Início da era HAART … à possibilidade de todos Relatório Global – 2010 (UNAIDS) América Central e América do Sul • Epidemia relativamente estável • Brasil: 1/3 dos infectados • Novas infecções entre crianças diminuindo • Concentrada em e ao redor de HSH BRASIL - Panorama da Epidemia Estimativa de infectados pelo HIV (2006): 630.000* Prevalência da infecção pelo HIV**: 0,61% (pop. 15 a 49 anos, 2006) - fem. 0,42% - masc. 0,82% Casos acumulados de Aids (até 06/2010): 592.914 2009* – 38.538 Taxa de incidência de Aids (por 100 mil hab) 2008 * – 19,8 Nº óbitos por Aids acumulados (1980-2009): 229.222 2008 * – 11.839 2009 * – 11.815 Taxa de mortalidade (por 100 mil habitantes) 2008 – 6,2 2009 * – 6,2 •Fonte: MS/SVS/Departamento de DST, Aides e Hepatites ViraisPN DST/AIDS-MS *Casos notificados no SINAN, registrados no SISCEL/SICLOM até 30/06/2010 e SIM de 2000 a 2009. Dados preliminares para os últimos 5 anos. ** Estudo Sentinela Parturientes, 2006. ESTADO DE SÃO PAULO NÚMEROS DA EPIDEMIA DE AIDS 186.308 casos acumulados de 1980 a 2010* Taxa de Incidência em 2008 -15,9/100mil Cerca de 7.000 casos novos a cada ano 129.977 sexo masculino - Taxa de Incidência – 2008: 21,06/100mil 56.313 sexo feminino - Taxa de Incidência - 2008: 11,12/100mil 94.343 óbitos por aids Taxa de Mortalidade em 2009: 7,8 /100mil 3.230 óbitos em 2009 (cerca de 9 óbitos/dia) Fonte: Base Integrada Paulista de Aids (BIP-Aids) - Cooperação Técnica PEDST/Aids-SP e Fundação SEADE '(**) Dados preliminares até 30/06/10 (SINAN) e 31/12/08 (SEADE), sujeitos a revisão mensal TAXA DE INCIDÊNCIA (TI) DE AIDS (POR 100.000 HAB.) POR SEXO E RAZÃO MASCULINO/FEMININO SEGUNDO ANO DE DIAGNÓSTICO, ESTADO DE SÃO PAULO, 1980- 2008* 50,00 40,00 Masculino Feminino Total razão M/F 45,00 35,00 40,00 30,00 25,00 30,00 25,00 20,00 20,00 15,00 15,00 10,00 10,00 5,00 5,00 ano de diagnóstico Fonte: Base Integrada Paulista de Aids (BIP-Aids) - Cooperação Técnica PEDST/Aids-SP e Fundação SEADE '(**) Dados preliminares até 30/06/10 (SINAN) e 31/12/08 (SEADE), sujeitos a revisão mensal 2009 2008 2007 2006 2005 2004 2003 2002 2001 2000 1999 1998 1997 1996 1995 1994 1993 1992 1991 1990 1989 1988 1987 1986 1985 1984 1983 1982 1981 0,00 1980 0,00 razão M/F CI p/100mil hab 35,00 PROPORÇÃO DE CASOS NOTIFICADOS DE AIDS EM HOMENS COM 13 ANOS E MAIS, SEGUNDO CATEGORIA DE EXPOSIÇÃO E ANO DE DIAGNÓSTICO, ESTADO DE SP, 1980 A 2010* HSH Hetero UDI Outras Invest 100,0 90,0 80,0 70,0 % 60,0 50,0 40,0 30,0 20,0 10,0 ano de diagnóstico Fonte: SINAN - Vigilância Epidemiológica - Programa Estadual DST/Aids-SP (VE-PEDST/Aids-SP) '(*) Dados preliminares até 30/06/10, sujeitos a revisão mensal 2010 2009 2008 2007 2006 2005 2004 2003 2002 2001 2000 1999 1998 1997 1996 1995 1994 1993 1992 1991 1990 1989 1988 1987 1986 1985 1984 1983 1982 1981 1980 0,0 PROPORÇÃO DE CASOS NOTIFICADOS DE AIDS EM MULHERES COM 13 ANOS E MAIS, SEGUNDO CATEGORIA DE EXPOSIÇÃO E ANO DE DIAGNÓSTICO, ESTADO DE SÃO PAULO, 1983 A 2010* Hetero UDI(**) Outro Invest 100,0 90,0 80,0 70,0 % 60,0 50,0 40,0 30,0 20,0 10,0 ano de diagnóstico Fonte: SINAN - Vigilância Epidemiológica - Programa Estadual DST/Aids-SP (VE-PEDST/Aids-SP) '(*) Dados preliminares até 30/06/10, sujeitos a revisão mensal 20 09 20 07 20 05 20 03 20 01 19 99 19 97 19 95 19 93 19 91 19 89 19 87 19 85 19 83 0,0 TAXA DE MORTALIDADE POR AIDS POR 100.000 HAB. SEGUNDO SEXO E ANO DO ÓBITO, ESTADO DE SP, 1988 A 2009 Homens Mulheres Total 40,0 taxa de mortalidade/100.000 hab. 35,0 30,0 25,0 20,0 15,0 10,0 5,0 19 85 19 86 19 87 19 88 19 89 19 90 19 91 19 92 19 93 19 94 19 95 19 96 19 97 19 98 19 99 20 00 20 01 20 02 20 03 20 04 20 05 20 06 20 07 20 08 20 09 0,0 ano de ocorrência Fonte: Fundação Seade Prevalência SIVcpzPtt até 35% 34 especimes com Anticorpos anti-HIV1 • 12 WB indistintos do HIV • 18 HIV-1/SIV • 4 p24 A primeira pessoa com HIV adquiriu o vírus de chimpanzés de Camarões que albergavam o Vírus da Imunodeficiência dos Símios (SIV) A primeira transmissão primatahumano provavelmente ocorreu mais cedo, por volta de 1930. A epidemia do HIV iniciou-se em Kinshasa, na República Democrática do Congo (rio Sangha) HIV em amostra de sangue estocada em 1959 de um adulto, em Kinshasa. HIV-1 - Pandemia AIDS - 3 grupos geneticamente distintos Grupo M 9 Subtipos: A-D, F-H, J e K 4 Sub-subtipos: A1-A2, F1-F2 43 CRFs (2009) Várias URFs Grupo O (Camarões, Gabão, Guiné Equatorial) Grupo N (Camarões) HIV-2 - Menos patogênico? - Oeste da África 8 Subtipos: A, B (C, D, E, F, G, H) Epidemiologia Molecular do HIV-1 no Brasil B, F, B/F B, F, B/F, c B, F, B/F, C B, F, B/F, C, D, A, CRF02_AG C, CRF28_BF, CRF29_BF CRF39_BF, CRF40_BF B, F, B/C, B/F, A CRF31_BC Atualizado 2008 Decifra-me ou te devoro… Estrutura do HIV – – – – – Vírus esférico icosaédrico Envelope (gp 120 e gp 41) Matriz proteica (p17) Cápside proteica (p24) Enzimas: • transcriptase reversa (p66) • integrase (p32) • protease (p9) – Genoma: RNA (2 fitas) – Proteínas regulatórias História Natural Infecção Aguda: • 2 a 4 semanas (2d a 10 m) após a exposição • 50 a 90% • Mais comum: febre, adenopatia, faringite, rash • Linfopenia, linfocitose com atipia, aumento de enzimas hepáticas • Picos de viremia e queda de CD4 / PCR positivo • Testes sorológicos de gerações mais recentes • Sintomas desaparecem em 2 sem. (até 4 sem) Quadro: Infecção primária pelo HIV – sinais e sintomas Febre 96% Mialgia 54% Hepatoesplenomegalia 14% Adenopatia 74% Diarréia 32% Perda ponderal 13% Faringite 70% Cefaléia 32% Candidíase oral 12% Exantema 70% Náuseas e vômitos 27% Sintomas neurológicos 12% Fonte:Ann Intern Med 2002;137:381 História Natural Infecção assintomática: • Geralmente assintomática - LGP • Replicação viral • Carga viral Depende da quantidade do inóculo Depende do grau de virulência do HIV Depende de fatores genéticos do hospedeiro Tem importância prognóstica (perda anual de CD4) • Reservatório: tecido linfóide – alteração da arquitetura – aumento da viremia plasmática História Natural Infecção Sintomática: (sintomático inicial, AIDS, doença avançada) • Sintomático Inicial: Sintomas constitucionais, candidíase, leucoplasia, infecções herpéticas, dermatoses • AIDS: Imunodeficiência grave e/ou oportunistas Tratamento mandatório • Infecção Avançada: CD4 < 50 céls/mm³ Manifestações de Imunodeficiência Perda de peso > 10% Diarréia crônica > 1 mês Febre intermitente ou constante > 1 mês Linfadenopatia ≥ 1 cm em 2 sítios ou mais > 1 mês Dermatite persistente Anemia, leucopenia ou plaquetopenia Candidíase oral ou genital recorrente Leucoplasia pilosa oral Herpes zoster < 60 anos Infecções recorrentes do trato respiratório Leishmaniose visceral em adultos Sarcoma de kaposi Tuberculose extrapulmonar ou disseminada Paracoccidioidomicose disseminada Carcinoma ano-retal invasivo Doenças indicativas de Aids Candidose de esôfago, traquéia, brônquios ou pulmões Câncer cervical invasivo Doença por citomegalovirus (CMV) em outro órgão que não baço, fígado e linfonodos Criptococose extra-pulmonar Criptosporidíase intestinal crônica ( > 1 mês) Herpes simples muco-cutâneo > 1 mês ou visceral Histoplasmose em outro órgão que não pulmões e linfonodos cervicais/hilares Isosporíase intestinal crônica (> 1 mês) Leucoencefalopatia multifocal progressiva (LEMP) Doenças indicativas de Aids Linfoma não Hodgkin de células B e outros como linfoma maligno de células grandes ou pequenas não clivadas (tipo Burkitt ou não) ou linfoma maligno imunoblástico Linfoma primário do cérebro Pneumonia por Pneumocystis jiroveci Qualquer micobacteriose disseminada, exceto TBC e hanseníase, em outros órgãos que não sejam o pulmão, pele ou linfonodos cervicais/hilares Reativação de doença de Chagas (miocardite e/ou meningoencefalite) Sepse recorrente por bactérias do gênero Salmonella (não tifóide) Toxoplasmose cerebral OMS 1946: Saúde é o estado de completo bem estar físico, mental e social, e não meramente a ausência de doença ou incapacidade. Constituição Federal (1988) Art. 196: Saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação Seguimento ambulatorial Estrutura mínima para o atendimento ao paciente com HIV/Aids: CTA SAE HD Internação ADTP AE A aborgadem multi-profissional efetiva permite que tenhamos uma visão mais ampla sobre todas as questões que permeiam o paciente com HIV/Aids e contribui para o sucesso do seu acompanhamento e tratamento Momentos Importantes Aconselhamento pré e pós teste Acolhimento Consultas ambulatoriais Coleta de exames de rotina Avaliação/Acompanhamento de intercorrências Desligamento do serviço Acompanhamento Ambulatorial Sorologia do HIV (Portaria 59/GM/MS – 29 janeiro 2003) ( ANVISA: 100% sensibilidade e 99,5% especificidade) Falso negativo – – – – Janela Imunológica (3 a 4 semanas) Soro reversão em doença avançada (raro) Subtipos raros (Brasil: subtipo B, F, C, formas recombinantes) HIV 2 (20 a 30% de ELISA falso negativo ) – Oeste da África Falso positivo: – Auto anticorpos (AR, LES, esclerodermia, neoplasias, infecção viral aguda, Sd. Stevens Johnson ...) – Vacina Anti-HIV Teste rápido para diagnóstico da infecção pelo HIV (Portaria 34/SVS/MS - 28 julho 2005) (Portaria SVS/MS nº 151/2009) Acompanhamento ambulatorial Acolhimento • Resolutivo, a todo instante e por todos Consultas ambulatoriais • Anamnese e exame físico • Imunização... ARV... quimioprofilaxias • Antecedentes pessoais e familiares (hábitos e doenças) • Uso de álcool e drogas (prévio e atual) • Parceria sexual e uso de preservativo • Expectativas e medos relacionados ao HIV • Hábitos e momento pessoal • Relação com os medicamentos Acompanhamento ambulatorial Tempo de consulta e intervalo entre as consultas: • Variável Controle de HMG e BQ: • Inicialmente após 15 dias a 1 mês • Depois junto com o CD4/CV Controle de CD4 e CV • Após 8 -12 semanas • Depois a cada 3 ou 4 meses Estratégias para garantir a adesão: individuais ou não Relação entre progressão clínica e marcadores laboratoriais Acompanhamento ambulatorial Outros exames: • Hemograma / Bioquímica • Sorologias Sífilis, HBV, HCV, CMV(?), toxoplasmose, HTLV Repetir anualmente sorologias negativas • PPD e RX de tórax Repetir PPD não reator Profilaxia • PPF e urina 1 • Papanicolaou e citológico anal Efeitos da Terapia Antirretroviral Lei 9313 (1996) : acesso universal Dramática redução da mortalidade 40 a 70% Dramática redução da morbidade 60-80% Dramática Melhora da utilização dos qualidade de serviços de vida !! Sobrevida mediana aids no Brasil: saúde 1982 a 1989 (Chequer): 5,1 meses 1995 (Marins): 1996 (Marins): 16 meses 58 meses