UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALFENAS - MG Instituto de Ciências da Natureza Curso de Geografia – Licenciatura DENIS DE OLIVEIRA RODRIGUES REGIÃO E REDES DE SAÚDE: UMA ANÁLISE DA REGIONALIZAÇÃO NO SUL DE MINAS GERAIS Alfenas - MG 2015 1 DENIS DE OLIVEIRA RODRIGUES REGIÃO E REDES DE SAÚDE: UMA ANÁLISE DE REGIONALIZAÇÃO NO SUL DE MINAS GERAIS Trabalho de Conclusão de Curso apresentada como parte dos requisitos para obtenção do título de Licenciado em Geografia pelo Instituto de Ciências da Natureza da Universidade Federal de AlfenasMG, sob orientação do Prof. Dr. Flamarion Dutra Alves. Alfenas – MG 2015 2 DENIS DE OLIVEIRA RODRIGUES REGIÃO E REDES DE SAÚDE: UMA ANÁLISE DE REGIONALIZAÇÃO NO SUL DE MINAS GERAIS A Banca examinadora abaixoassinada aprova o Trabalho de Conclusão de Curso apresentada como parte dos requisitos para obtenção do título de Licenciado em Geografia pelo Instituto de Ciências da Natureza da Universidade Federal de Alfenas- MG. Aprovado em: Profº. Instituição: Assinatura: Profº. Instituição: Assinatura: Profº. Instituição: Assinatura: 3 RESUMO A complexidade dos termos de região e redes tem sido incorporada por diversos segmentos de estudos e práticas. Na área da saúde, tanto o uso com distribuição de doenças e unidades de saúde, quanto como direcionador para formas de regionalização tem fortalecido os conceitos de região e redes. O presente estudo descritivo trata da relevância do objeto região para o avanço dos conceitos na saúde e teve como objetivo analisar as regiões e redes de saúde pública no Brasil, em especial sua constituição no sul de Minas Gerais, além de discutir a viabilidade de uma nova forma de regionalização. Os resultados obtidos demonstraram viáveis para aprofundamento da questão e massivamente relevante para discussão, de forma descentralizada, no nível local. Palavras-chave: Geografia da Saúde; Região; Redes. ABSTRACT The complexity of the terms of the region and networks has been built by various segments of studies and practices. In the health area, so use with distribution of diseases and health facilities, and as a driver for regionalization forms has strengthened the concepts of area and networks. This descriptive study deals with the relevance of the object region to advance concepts in health and aimed to analyze regions and public health networks in Brazil, especially its incorporation in southern Minas Gerais, and discuss the feasibility of a new form of regionalization. The results showed feasible for deepening of the issue and massively relevant for discussion in a decentralized manner at the local level. Key words: Health Geography; Region; Networks. 4 LISTA DE FIGURAS Figura 1. Estruturação assistencial estabelecida pela estratégia da NOAS.....30 5 LISTA DE QUADROS Quadro 1. Classificação do tempo previsto entre municípios da macrorregião sul de Minas Gerais e municípios polos............................................................13 Quadro 2. Esquema de download de dados no sítio DATASUS/MS................13 6 LISTA DE TABELAS Tabela 1. Classificação geográfica e viária entre os municípios da macrorregião sul de Minas Gerais e seus polos assistenciais..................................................35 Tabela 2. Número total e porcentagem de habitantes por região de saúde proposta em relação à macrorregião sul, Minas Gerais, 2015............................37 Tabela 3. Número total e porcentagem de habitantes por região de saúde atual em relação à macrorregião sul, Minas Gerais, 2015...........................................37 7 LISTA DE MAPAS Mapa 1. Mapa dos Polos Macrorregionais, Plano Diretor de Regionalização da Saúde, Minas Gerais, 2001/2002.......................................................................31 Mapa 2. Divisão territorial por mesorregiões, Minas Gerais, 2001......................32 Mapa 3. Mapa dos Polos Macrorregionais, Plano Diretor de Regionalização da Saúde, Minas Gerais, 2003................................................................................33 Mapa 4. Proposta de regionalização por regiões de saúde, Macrorregião Sul, Minas Gerais, 2015............................................................................................38 Mapa 5. Análise de fluxo de óbito segundo região de saúde proposta, Macrorregião sul, Minas Gerais, 2009-2013.......................................................38 Mapa 6. Análise de fluxo de nascimento segundo região de saúde proposta, Macrorregião sul, Minas Gerais, 2009-2013.......................................................39 Mapa 7. Análise de fluxo de internação segundo região de saúde proposta, Macrorregião sul, Minas Gerais, 2009-2013.......................................................40 8 SUMÁRIO INTRODUÇÃO ................................................................................................. 10 OBJETIVOS ..................................................................................................... 11 Objetivo Geral ............................................................................................... 11 Objetivos Específicos .................................................................................... 11 1 - PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS .......Erro! Indicador não definido. 2 - DEFINIÇÃO DE REGIÃO E REDE E SUA APLICAÇÃO NA GEOGRAFIA DA SAÚDE ....................................................................................................... 14 2.1 - Breve resgate do conceito de Região ................................................... 14 2.2 - Introdução às Redes Geográficas......................................................... 21 2.3 - Evolução da geografia da saúde no Brasil ............................................ 25 3 - REGIÃO E REDE DE SAÚDE E O CASO DE MINAS GERAIS ................. 29 4 - ANÁLISE DA REDE E REGIÃO DA SÁUDE NO SUL DE MINAS GERAIS..............................................................Erro! Indicador não definido.5 5 - CONCLUSÕES ......................................................................................... 422 6 - REFERÊNCIAS .......................................................................................... 43 9 INTRODUÇÃO Os estudos com a temática região têm sido abordados por muitos autores da geografia (LENCIONI, 2003; BEZZI, 2004; GOMES, 2005; GUIMARAES, 2005; MOREIRA, 2007). A ligação da geografia com a saúde também tem sido citada, tanto na forma de uso da geografia na saúde na regionalização ou na distribuição das doenças e unidades de saúde, quanto na contribuição da epistemologia do termo geografia da saúde e auxílio na regionalização da saúde (BARCELLOS, 1997; ROJAS, 1998; ANDRADE, 2000; BOUSQUAT, 2004; GUIMARAES, 2005; PEITER, 2005; BARCELLOS, 2008; MAZETTO, 2008; OLIVEIRA, 2008; JUNQUEIRA, 2009; DUTRA, 2011;). Logo, o impacto da dimensão geográfica no acesso aos serviços de saúde é parte de análise e compreensão do processo de planejamento das redes destes serviços, seus polos de atração, distâncias percorridas pela população, as barreiras para o acesso aos serviços mais frequentes e aos de maior complexidade (OLIVEIRA, 2008). Torna-se relevante o objeto de estudo que considere a regionalização como um processo geográfico, inclusive aos profissionais da geografia que atuam com a temática de geografia urbana, geografia das redes e geografia da saúde. Conforme estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, a macrorregião sul de Minas Gerais é a 2ª região mais populosa de Minas Gerais (BRASIL, 2015), com 2.737.740 habitantes. Este número representa 13,29% da população mineira estimada. Devido a grande influência que, decisões nesta área podem ocasionar, a seleção desta região para análise foi de grande importância neste trabalho, possibilitando a ampliação do conceito de região e redes na área geográfica e na temática da saúde. 10 OBJETIVOS OBJETIVO GERAL - Analisar as regiões e redes de saúde pública no Brasil e sua constituição no sul de Minas Gerais. OBJETIVOS ESPECÍFICOS - Realizar um levantamento bibliográfico dos conceitos de região, regionalização e redes para entender sua aplicabilidade nos estudos da geografia da saúde; - Realizar um breve levantamento bibliográfico da evolução da Geografia da Saúde no Brasil e demonstrar a relevância desse ramo na Geografia contemporânea; - Identificar a trajetória das políticas de regionalização realizadas pelo Ministério da Saúde, após implementação do Sistema Único de Saúde; - Analisar as redes e regiões de saúde no sul de Minas Gerais, a fim de discutir a viabilidade e apresentar uma proposta de regionalização. 11 1 - PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS Esta pesquisa trata-se de um estudo descritivo que realiza na primeira parte um levantamento bibliográfico de conceito de região e rede, suas definições e usos conformes as matrizes do pensamento geográfico e evolução da Geografia da Saúde no Brasil. Na segunda parte do estudo analisou a regionalização de saúde no Brasil e os marcos e normas legais para implementação da região e rede de saúde, verificando o caso de Minas Gerais, com a instituição do Plano Diretor de Regionalização de Saúde - PDR. Na terceira parte é demostrado a viabilidade e resultados de uma proposta de regionalização com base na acessibilidade viária e geográfica e fluxos de atendimentos de mortalidade, nascimentos e internações. Nesta parte do estudo de caso, foi utilizada como objeto a área da macrorregião de saúde que compreende as regiões administrativas de saúde de Alfenas, Passos, Pouso Alegre e Varginha, localizada ao sul de Minas Gerais. As regiões citadas foram inclusas como parte da região compondo o objeto de estudo. Para análise da acessibilidade geográfica e viária foi realizado um levantamento utilizando o API Google Maps para criar uma matriz com a distância em quilômetros e tempo médio em minutos dos traçados de rotas entre todos os municípios da macrorregião e os quatro municípios polos. Estes polos foram utilizados como referência inicial os municípios que, previamente, já de conhecimento do pesquisador a estrutura de saúde para atendimento da população da região adscrita, A partir da matriz criada foi realizada a classificação do tempo em cinco ordens de referência, conforme o Quadro 1. Assim, os municípios foram classificados de 1ª ordem quando se localizava em tempo inferior a 30 minutos do município polo mais próximo. De 2ª ordem quando os municípios se localizavam a uma distância de 31 a 60 minutos 12 de distância e assim, sucessivamente. Caso gerasse conflito de município com mesma ordem e município polo diferente, o que se localizava a menos tempo do outro, seria a referência. Quadro 1. Classificação do tempo previsto entre municípios da macrorregião sul de Minas Gerais e municípios polos. Classificação 1ª ordem 2ª ordem 3ª ordem 4ª ordem 5ª ordem Distância prevista entre municípios e polos De 0 a 30 minutos, inclusive. De 31 a 60 minutos, inclusive. De 61 a 90 minutos, inclusive. De 91 a 120 minutos, inclusive. Mais de 120 minutos, exclusive. Fonte: Elaboração do autor. Os dados de mortalidade, nascimentos e internações foram baixados do sítio do Departamento de Informática do SUS - DATASUS, órgão ligado ao Ministério da Saúde. Foi utilizado o esquema apresentado no Quadro 2. Quadro 2. Esquema de download de dados no sítio DATASUS/MS. Dados Mortalidade Nascimento Internação Sistema de Informação Sistema de Informação de Mortalidade Sistema de Informação de Nascidos vivos Sistema de Informação Hospitalar Período De 2009 a 2013 Fonte: Elaboração do autor. Para tabular os dados e realizar o mapeamento dos fluxos foi utilizado o software Tabwin versão 3.6b (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2015), disponível no sítio do DATASUS. Para utilizar este software foi necessário criar um arquivo de dados específico para tabular dados de pacientes residentes na região de estudo (município de residência) e para pacientes que tiveram seu registro na região (município de ocorrência). Este arquivo foi criado para cada sistema de informação utilizado. Para elaboração, formatação e adaptação de mapas, foi utilizado o software Arcgis (ESRI, 2011). Na última parte, apresenta-se uma breve conclusão do trabalho, e apontamentos para o gerenciamento dos atendimentos de saúde, em abito regional levando em consideração as redes que são formadas e suas ligações. 13 2 - DEFINIÇÃO DE REGIÃO E REDE E SUA APLICAÇÃO NA GEOGRAFIA DA SAÚDE 2.1 - Breve resgate do conceito de Região A complexidade do conceito de região se dá que, diferentes conceituações possuem significados próprios em cada corrente de pensamento geográfico (CORRÊA, 2000). Na polissemia da região, sua complexidade também se dá devido a processos de regionalização com seu uso como categoria de análise e prática, a região arte-fato (COSTA, 2010). Bezzi (2004) lembra que a Geografia teve, durante muito tempo, a região como objeto de estudo. Moreira (2007, p. 57) também relembra que “fazer geografia é fazer a região, dizia-se”. Logo, Bezzi (2004) ainda define que, resgatar região, é resgatar epistemologia da própria geografia, dada a várias abordagens oriundas do conceito e suas relações com as escolas geográficas. É possível compreender que a complexidade da definição é a forma de descrever o uso do termo em diferentes momentos da ciência geográfica. Gomes (1995, p.54) cita que “ao tentar fazer do termo um conceito científico, herdou-se as indefinições e a força do uso na linguagem comum” de modo acabou “restando aos geógrafos adjetivar a noção de região para diferenciá-la do senso comum”. Uma ciência como a geografia não pode reduzir um conceito multiface a uma restrita visão ou único conceito. Gomes (1995) afirma que a geografia deve procurar evitar conceitos “puros” e investigar para qual uso que o conceito está sendo utilizado, ou seja, o uso do conceito de região determina sua definição e compreensão. Neste contexto a inserção do uso do conceito da região se deu, do final do século XIX até meados do século XX, como afirma Corrêa (2000), em três principais: natural, geográfica e classe de área. O determinismo ambiental do final do século XIX impulsionou a ideia de uma porção da superfície dimensionada pelos elementos da natureza, que combinados e se interagindo, diferenciariam as regiões naturais (CORRÊA, 14 2000). Corroborando nesta linha, Gomes (1995) afirma que, região natural, seria uma divisão física da superfície terrestre integrante da natureza onde o ambiente, de certa forma, determina o desenvolvimento da sociedade. Corrêa (2000) coloca a importância da região natural para o padrão ambiental e para a própria geografia ao citar a divisão regional de Herbertson (1905)1 que se baseia em elementos como clima, relevo e vegetação para classificar áreas terrestres e a divisão do Brasil em 5 grandes regiões naturais de fácil caracterização, distintas e didáticas aceita por Guimaraes (1941)². Este último, inclusive, conclui em seu trabalho que, divisão regional baseada em região natural, tem uma grande estabilidade e muito facilita comparações estatísticas temporais. No final do século XIX e primeiro quartil do século XX, uma reação ao determinismo ambiental surge com um novo padrão focado nas relações entre homem e natureza. Neste padrão a natureza não é considerada como determinante do comportamento humano e sim como provedora de possibilidades (CORRÊA, 2000). Surge neste contexto o nome Possibilismo atribuído por Lucien Fébvre (MORAES, 2007). Este modelo possibilista moldado por Lucien Fébvre em 1922, tendo como mestre Paul Vidal La Blache, e direcionando os estudos da “escola francesa”, que viriam influenciar o Brasil na defesa de estudos nesta área (GOMES, 1995). Moreira (2010), inclusive, assume em seu trabalho sobre matrizes originárias de pensamentos geográficos, a matriz francesa como a matriz originária brasileira. Moraes (2007, p.24) em seu estudo de panorama geral da geografia coloca que Paul Vidal de La Blache “definiu o objeto da Geografia como a relação homem-natureza, na perspectiva de paisagem”, mas sendo o homem “um ser ativo, que sofre a influência do meio, porém que atua sobre este, transformando- 1 HERBERTSON,A. J. The Major Natural Regions: An Essay in Systematic Geography. Geograpllical fOI/mal, march, 1905. ² GUIMARÃES, Fabio Macedo Soares (1941). “Divisão regional do Brasil”. In Revista Brasileira de Geografia. N°. Especial, ano 50 (Tomo I). 1988. pp. 9-66. 15 o”. Gomes (1995) lembra ainda que na visão possibilista a região tem saber geográfico e não morfológico e cita a procura da personalidade da região considerando o meio físico, população e economia. Caberia ao geógrafo investigar estas variáveis pela descrição das particularidades de cada região (CORRÊA, 2000; GOMES, 1995). Assim, região seria uma expressão espacial de mesma paisagem geográfica criada e modelada pelo homem de tal forma que lhe confere singularidade, como afirma Corrêa (2000), ou ainda, como cita Gomes (1995), uma síntese da ação humana em um determinado ambiente, tendo este personalidade concreta. Nesta perspectiva houve a contribuição de Alfred Hettner, geógrafo alemão que defendia a geografia ideográfica, ou seja, descritiva de um espaço único e sem generalização das teorias, tendo a geografia como estudiosa das diferenciações das áreas, e de Richard Harsthorne, geógrafo americano, que defendia os estudos das diferenças regionais que caberia ao geógrafo descrever e estabelecer esquemas gerais, e mesmo assim, as regiões possuiriam aspectos singulares (GOMES, 1995). Harsthorne também propôs a geografia nomotética, que através de profundidade da análise, maior a singularidade do local (MORAES, 2007). A partir do final do século XIX a metade do século XX a região se tornaria alvo de debates (GOMES, 1995). Moreira (2010) coloca a revolução da ciência que findou a representação da natureza e alterou o pensamento científico tanto no campo da física, química, biologia e na técnica em si, quanto no campo das artes e nas ciências do homem. Costa (2010) cita um artigo de Schaefer de 1953 questionando a abordagem não sistemática harstshorneana. Isto é comprovado com Gomes (1995) quando ressalta que as críticas aumentaram ao modelo da unicidade dos fatos, sem considerar relações, análises e correlações entre eles. Surgem os padrões espaciais concebidos pelas técnicas estatísticas (CORRÊA, 2000). Para Costa (2010), esta seria a primeira morte do conceito da região. 16 Nesta linha, Corrêa (2000) define região como um conjunto de unidades de área com relações definidas estatisticamente e com objetividade máxima, onde as diferenças internas são menores do que em face de outros conjuntos. Gomes (1995, p.63) cita que “a região que passa a ser uma técnica da geografia, um meio para demonstração de uma hipótese e não um produto final do trabalho de uma pesquisa”. Esta concepção é pautada na linha de pensamento da Nova Geografia, fundamentada no positivismo lógico, que retoma a região por tipologias classificando-as e não uma diferenciação de áreas (COSTA, 2010; CORRÊA, 1995), mas, conforme Moraes (2007) que afirma que neste pensamento instrumental da burguesia, houve uma passagem do positivismo para neopositivismo. Assim, Corrêa (2005) cita que há uma abundância de estudos neste contexto com o uso das regiões como estudos de recortes dos países. A nova geografia era vista como uma produtora de estudos sistemáticos (CORRÊA, 2000). Nesta forma de análise regional, há o uso da mensuração e classificação das áreas em regiões homogêneas (ou uniformes), que é um agrupamento por semelhança de propriedades e características fixas, e regiões funcionais (ou polarizadas), que se refere a agrupamento por semelhança de relações e fluxos no espaço (GOMES, 1995; CORRÊA, 2005; COSTA, 2010). Costa (2010) afirma que há uma ressurreição do termo da região devido a esta funcionalidade do conceito e da utilização da influência sobre uma determinada área ou centros polarizados. Alves (2011) resgata Walter Christaller na teoria dos lugares centrais, que cita que lugares centrais são áreas dispostas sobre uma região, representam ordem, inclusive em cidades que são para a região, o centro. Jacques Raoul Boudeville, economista francês e colaborador de François Perroux, em 1972 propôs, em sua obra que analisa economia regional, uma diferenciação de espaço e região, além de três tipos de região: homogênea, polarizada e planejada. 17 Segundo Boudeville (1972), na região homogênea haveria, num espaço contínuo, um agrupamento de elementos que apresentam características muito parecidas. Na região polarizada, há uma heterogeinização de elementos que se complementam, mantendo um polo central dominante. Na região planejada, os elementos são dependentes de decisão central relacionados a política administrativa. Gomes (1995) coloca que quando se estuda uma região polarizada e como se dão os fluxos e trocas neste espaço, há uma valorização de ordem econômica fundamental para estes fluxos. Mas o empobrecimento da análise e redução da reflexão geográfica, concebendo a região como uma área de intervenção e planejamento, são as principais críticas da Geografia Crítica (MORAES, 2007). No final do século XX, a partir da década de 70, há a presença de diversas áreas do conhecimento interessadas na dimensão espacial e na temática região. Estas contribuições aumentaram o pluralismo conceitual da geografia (CORRÊA, 2005). Para Costa (2010) é, novamente, a morte da região, tanto lembrando a crítica de Lacoste (1929) da região vidaliana como um conceito obstáculo para outras representações como as econômicas, sociais, políticas, industriais e suas relações, quanto “numa difusão das relações econômicas capitalistas homogeneizadoras” (p.51). Corrêa (2000) e Moraes (2007) também citam Lacoste ao relembrar a discussão da postura empirista vidaliana. Região não seria apenas sua forma ou funcionalidade, mas também a dimensão espacial da realidade injusta das desigualdades e contradições produzidas pelas tensões capitalistas, e que não eram selecionadas nos critérios da nova geografia ou geografia tradicional (GOMES, 1995; CORRÊA, 2000; MORAES, 2007). A região seria uma articulação do modo de produção e acumulação capitalista, regionalização da divisão social, e reprodução da força de trabalho e processos políticos e ideológicos (CORRÊA, 2005). Surge um conceito de região fundamentada no materialismo histórico e dialético marxista (CORRÊA, 1995; 18 CORRÊA, 2005; MOREIRA, 2010). No trabalho de Corrêa (2005, p.188), nesta concepção marxista, “a região é considerada como foco de identificação”, um elemento de identidade e, ainda, como “meio para interações sociais”, numa “visão política da região com base na dominação e poder” para diferenciação de áreas. Mas paralelo a estes pensamentos, Castro (2005, p. 214) lembra que “não é mais possível analisar o mundo, sob quaisquer dimensões, sem referência ao fenômeno globalização”. Durante o final do século XX, a globalização, com avanço das técnicas, principalmente pelas técnicas da informação, e a dita emergência de um mercado global, foi o ponto alto do processo de internalização do capitalismo (SANTOS, 2010). Castro (2005) argumenta que é muito simplista a redução da globalização na temática econômica. Mas houve um momento pós-segunda guerra mundial, conforme Harvey (2011), que, como rivalidades econômicas fomentaram a guerra, a economia mundial deveria sofrer um desbloqueio do comércio internacional. Com o início da guerra fria, os Estado Unidos se encarregaram de “proteger” aliados assumindo o poder hegemônico e organizaram suas taxas de câmbio conforme o dólar para facilitar o comércio. Com as crises do dólar durante a década de 60, o capitalismo tornou-se competitivo a nível global e deslocou excedente de capital. O avanço das técnicas disciplinou o trabalho. Com o fim da guerra fria, a ameça comunista era irrelevante e foi moldando-se o sistema econômico capitalista global. As crises de 1945 a 2007 possibilitaram a reconfiguração radical do capital (HARVEY, 2011). Santos (2010) afirma que a crise é estrutural e a globalização é perversa, pois através de informação, capital e competitivade é imposta uma visão única de mundo, porém, a hegemonia empresarial foi criando fragmentações do espaço. Corrêa (2000) e Harvey (2011), corroborados na contextualização de Moraes (2007), Costa (2010) e Santos (2010), recorreram ao desenvolvimento geográfico desigual para explicar as respostas diferentes das regiões ao avanço do capitalismo que gerou diferenciações locais ou até detrimento de regiões. 19 Para Castro (2005), que analisou em seu trabalho os conflitos territoriais na linha política, as dimensões afetadas pela globalização fazem surgir uma revalorização de identidade e pressão por autonomia no nível local. Gomes (1995, p. 67) cita que a “região passa a ser vista como um produto real, construído dentro de um quadro de solidariedade territorial”, uma consciência regional na valorização do espaço vivido. Esta forma de valorização é também citada por Corrêa (2005) ao observar que a geografia humanista se projeta da tradicional ao considerar a região como espaço vivido. Lencioni (2003) observa que ao tratar espaço vivido houve a ênfase da categoria geográfica lugar, por relacionar-se com as experiências do ser e estar além de um lugar objetivo. Costa (2010) lembra, ao tratar a região como artefato, que as abordagens funcionalistas de região negligenciam a dimensão do vivido, de forma que qualquer análise regional deve-se, também, levar em conta o vivido como simbólico-cultural e menos objetivo. Costa (2010) argumenta que as combinações dos eventos complementa a própria unicidade destes eventos. De forma que, ao tratar a cidade-região, lembra que não há hierarquia clara e estão mais complexas e descontínuas, já que “falar em estabilidade e continuidade (física) dos fenômenos no espaço é muito problemático” (p.152). Assim, este autor declara que, diante as contradições e evidência da globalização, o regionalismo e identidades regionais ainda pautarão o debate geográfico, tornando as diferenças regionais mais visíveis. Sabiamente, Costa (2010) coloca que, dependendo da forma da priorização das questões estudadas, poderá ser usada uma concepção de região e que, apreender estes conceitos não demonstra verdade, mas apresentações às indagações propostas. Obviamente, a centralidade da discussão pelo autor nos sujeitos sociais que regionalizam o espaço ascende a pauta região articulada e transformada, mas ainda complexa. Nesse sentido, estudar as regiões e suas formações e ligações são importantes para entender a dinâmica dos fenômenos socioespaciais, como é o caso dos atendimentos e ocorrências de saúde. 20 2.2 - Introdução às Redes Geográficas O uso do conceito de redes e sua aplicação vêm sendo, atualmente, ampliada e muito difundida. Entretanto, a origem do termo, que vem do latim “rete”, significa o entrelaçamento de fios e malhas, criando uma rede, de maneira que as linhas seriam as relações criadas entre os envolvidos e os nós, os envolvidos (LOIOLA & MOURA, 1997). Estas mesmas autoras definem em seu trabalho sociológico que, a utilização do termo rede, está em várias disciplinas e diferentes contextos. A polissemia do termo é abordada pelo filósofo francês e historiador Pierre Musso, inspirado pelo, também filósofo francês, Claude Henri de SaintSimon, quando é valorizada pela sua utilidade na operacionalização dos processos. Musso (2004) revisa o conceito de rede resgatando seu uso na França, no século XII e no final do século XVIII, quando além de fluxos orgânicos, também é usado como algo externo ao corpo, como uma técnica, pois pode servir para organização do espaço sendo, portanto, construída. Dias (1995) aponta autores que, no século XIX, analisaram as redes de maneira técnico-operacional como Saint Simon propondo um estado organizado racionalmente em sua obra “Le nouveau Christianisme”, e como Michael Chevalier, economista francês que apresentou uma relação entre as comunicações das vias de transporte e o crédito dos bancos, ressaltando uma exploração do globo. Para Dias (1995, p. 147) “a rede aparece como o instrumento que viabiliza exatamente essas duas estratégias: circular e comunicar” e seria uma matriz técnica que avança nesta linha apontando que a sociedade lida “com a rede resultante das manifestações das coações técnicas, econômicas, políticas e sociais” (p. 148). Dias (1995) também aponta a execução de um sistema geral de comunicação, combinado entre estradas de ferro e canais fluviais, tendo um projeto comum de integração regional para mercados. Assim deixa clara a consolidação da rede de transporte, como forma de comunicação e organização espacial. A autora resgata que, como resultados das inovações da época às 21 demandas da burguesia para operacionalização dos processos de produção, surgiram as ferrovias, a telefonia, a telegrafia permitindo a redução das distâncias. Estas inovações foram fundamentais para o capitalismo mundial, pois permitiram circulação de bens, de serviços e de pessoas, modificando os espaços nacionais. A partir da década de 1990, Brito (2002) afirma que, os elementos morfológicos que colaboram na análise de densidade da rede, ou seja, as ligações entre os elementos e a centralidade que esta possui, demonstra a sofisticação das relações entre empresas que existe na dinâmica econômica atual. Estas redes de empresas demonstram a comunicação entre os agentes da empresa, integração da cadeia produtiva e integração de conhecimentos e competências para a busca de inovações. Corrêa (2005) explica que as redes já passariam de redes físicas como organização espacial e ligações entre caminhos e localizações, para se manifestar de diversas formas com o capitalismo. Raffestin (2011, p.182) traduz isto quando cita que “o verdadeiro poder se desloca para aquilo que é invisível” e complementa com “a rede faz e desfaz as prisões do espaço” (p.183), entendendo que as redes são imagem do poder. Santos (2006) afirma que o termo redes na geografia sofre da mesma ambiguidade e imprecisão que o próprio conceito já possui, considerando duas matrizes: a realidade material e o dado social. Corrêa (2012) considera também que redes são sociais por serem construções humanas de relações sociais e passariam a geográficas quando considerarmos sua espacialidade. Corrêa (2005) coloca que as diversas formas de se utilizar o conceito tornaram uma tarefa relevante para geógrafos. Este autor expõe que, na expansão do capitalismo pelas redes técnicas, as redes se manifestam nas complexidades urbanas dos centros, focos de diversos fluxos. No final do século XX, a questão das redes é retomada e renovada pelas mudanças que tratam de relacionar com a urbanização, de modo que enfatiza a importância do entendimento dos fluxos, sendo que estes pressupõe a existência da rede (DIAS, 1995). 22 Santos (1978), na sua teoria sobre circuitos econômicos, introduziu o conceito de redes que interligam centros urbanos através da oferta de bens e serviços, de forma que a distância é um fator determinante da relação da oferta e demanda. Corrêa (2005) define que um conjunto de centros urbanos funcionalmente articulados entre si é denominado como rede urbana. Nesta linha, as redes urbanas seriam um resultado social de interações espacializadas para garantia de sua existência e reprodução. Esta existência é condicionada a economia de mercado com produção e relação externa, pontos fixos de transação e interação entre estes pontos fixos (CORRÊA, 2005). Corrêa (2005) ressalta quatro características na rede urbana brasileira: complexidade genética, os padrões espaciais, a complexidade dos centros e a integração interna e externa. Estas caraterísticas seriam uma evolução dos centros urbanos. Estas características geraram uma integração desigual de forma que foram acentuadas as diferenças na rede urbana revelando até uma exclusão da população. Nesta linha Haesbert (2002) lembra que a atual globalização capitalista gera uma exclusão da sofisticação tecnológica que permite uma proliferação de redes econômicas e ilegais, como o narcotráfico, por exemplo. Dias (1995, p 154) lembra que “o Estado deve enfrentar múltiplos conflitos ampliados pelo processo de desigualdade sócio-espacial”. Mas paralelos a todos estes estudos, há um avanço da tecnologia, sendo, por exemplo, a internet considerada por Sposito (2008) como a concretização da rede que se dissemina pela rede urbana, que Corrêa (2005) considera como fluxos imateriais toda forma de comunicação e informação num ciberespaço. Corroborando com isso, Dias (1995) lembra que algumas teses reducionistas do espaço impregnaram a reflexão de redes. A autora analisa que não se pode negar o espaço reduzindo o mesmo a categoria distância, ou aliado a categoria tempo reduzindo este a noção de tempo real. Assim, Corrêa (2005, p. 109) lembra que “de um modo ou de outro, todos estamos inseridos em mais de uma rede geográfica e simultaneamente, 23 excluídos ou ausentes de um número ainda maior de redes”. Esta visualização põe as claras as possibilidades futuras que os estudos e abordagens da geografia poderão desenvolver, em face da inserção do ambiente colaborativo e construção coletiva de conhecimento num fluxo de conhecimento em rede. 24 2.3- Evolução da geografia da saúde no Brasil Apesar de guardar uma constância e sincronismo com a ciência mãe, a Geografia da Saúde, assim como qualquer ciência, tem um início difícil de afirmar (MAZETTO, 2008). Obviamente, muitas contribuições deste tema vieram dos estudos da medicina, como Hipócrates em torno de 480 a.C., demonstrou em seu estudo os determinantes e condicionantes de saúde e relacionou o conhecimento médico com as condições do clima, vegetação, relevo e da qualidade da água das cidades. Provavelmente o pioneiro na temática, sendo ainda considerado, inclusive, o “pai da medicina”. Apesar da importante contribuição hipocrática milenar, não houve muitos estudos que acrescentassem conhecimento sobre este tema até o século XIX, quando houve grande desenvolvimento das ciências naturais, principalmente da Biologia, com o advento das teorias naturalistas da evolução das espécies de Jean-Baptiste Lamarck e Charles Darwin. Com a influência do naturalismo, houve uma renovação nos estudos das ciências no mundo e em 1844, a obra de Carl Friedrich Philipp von Martius, denominada “Natureza, doenças, medicina e remédios dos índios brasileiros”, inova ao registrar a medicina indígena no Brasil (MAZETTO, 2008). Apesar de impressa na Alemanha e, só após, resgatada no Brasil, na obra é possível verificar as características biofísicas do índio e quais suas vulnerabilidades a doenças. Neste período, os estudos muito se alinharam no determinismo ambiental da geografia clássica. Contribuindo para a evolução da geografia médica, vários estudiosos das ciências médicas brasileiras contribuíram para o avanço deste tema, destacando-se Lutz (1927) que, com sua obra “Problems in the Colonization and Settlement of Tropical South America”, descreve na linha do determinismo geográfico, a colonização e desenvolvimento da América do Sul e as condições sanitárias propícias às doenças que afligiam o sanitarismo, como Esquistossomose, Filariose e Malária e foca, ao citar o Brasil, a seca do norte e nordeste do país. 25 Destaca-se também Carlos Chagas que elaborou estudos sobre o Trypanosoma cruzi, e analisou, mesmo de forma demonstrativa, ou seja, sem usar o fenômeno como objeto, a distribuição espacial dos transmissores da tripanossomíase americana e além de seu diagnóstico (CHAGAS, 1920; CHAGAS, 1922). Em 1946, o Geógrafo Josué de Castro em sua grande obra “Geografia da Fome” explícita as condições de saúde das regiões do Brasil realizando uma análise regional conforme a alimentação. Castro (1946) relaciona também as condições fisiológicas e o clima, além de apresentar proposições para melhorias dentro do mosaico alimentar brasileiro. Castro (1946) expõe ainda a forma colonialista que o Brasil exportou suas riquezas e não sustentou seu progresso, gerando grandes marginalidades em sua estrutura continental e que a integração nacional passaria pelo cunho sociocultural e econômico. Uma obra de grande peso geográfico que se estreitaria, mais a frente nas décadas, aos pensamentos sociais da Geografia Crítica. Avançando no tempo, Ruella (1949 apud PESSOA; 1978, p. 88) definiria a finalidade da Geografia Médica como “a pesquisa do conjunto de endemias ou de epidemias que estão em ligação com certos caracteres geográficos de uma região, em particular com os caracteres climáticos e biológicos”. Mazetto (2008) ao tratar os pioneiros da geografia da saúde, cita que a geografia médica teve, como principal característica, a identificação da distribuição espacial de doenças infecciosas até primeira metade do século XX. Nesta linha, Pessoa (1978, p.87), que contribuiu imensamente com este ramo da Geografia, definiu Geografia Médica como: O estudo da distribuição e da prevalência das doenças na superfície da terra, bem como de todas as modificações que nelas possam advir por influência dos mais variados fatores geográficos e humanos. (PESSOA, 1978, p.87). Já Lacaz (1972 apud ANDRADE, 2000, p.163) afirma que: Na geografia médica prevalece o ponto de vista geográfico para o conhecimento da distribuição e evolução das doenças nas várias regiões do globo, enquanto na epidemiologia se desenvolve mais 26 o espírito médico de indagação, de fins e de exposição. (LACAZ, 1972). Pessoa (1978, p.118) também observa que “as contribuições brasileiras neste campo, têm-se limitado a focalizar um aspecto particular da Geografia Médica que diz respeito à distribuição geográfica de certas doenças transmissíveis e de seus vetores” ou “à prevalência regional de outras endemias”. A forma de análise das condições de saúde através da espacialização das doenças tende a reduzir o objeto geográfico. Neste ponto, a geografia médica aproximou-se com a epidemiologia que utiliza a categoria espaço apenas como um recurso investigativo, pois se preocupa com a distribuição das doenças na coletividade, sendo esta seu eixo de análise e não uma visão ecológica do processo saúde-doença (SILVA, 1997). Com esta abertura a temas e abordagens da geografia na área da saúde, em 1976, houve a mudança da denominação de Geografia Médica para Geografia da Saúde, pela Comissão de Geografia Médica da União Geográfica Internacional (PEITER, 2005). Esta denominação mais ampla possibilitou, a partir da década de 1970, uma abertura com a geografia crítica proposta por Milton Santos, considerando o espaço como uma construção social de relações humanas com a natureza e processos socioeconômicos, condições de trabalho, planejamento e qualidade de vida (ROJAS, 1988; DUTRA, 2011). Peiter (2005) cita que, ademais, com o uso de modelos teóricos estatísticos de difusão, procurava-se identificar padrões na forma de propagação das doenças no tempo e espaço, ganhando força na década de 80 com o advento do computador e a introdução do Sistema de Informação Geográfica SIG, revivendo fortemente a espacialização das doenças com inspiração na Nova Geografia ou Geografia Quantitativa (BOUSQUAT e COHN, 2004). Os geógrafos brasileiros se aproximam das questões sobre a saúde e, da descrição da distribuição de doenças passou-se para descrição da distribuição de serviços e profissionais de saúde e das difusões das inovações médicas, utilizando modelos matemáticos e estatísticos mais aprofundados 27 (BOUSQUAT e COHN, 2004; PEITER, 2005; DUTRA, 2011). Barcellos e Santos (1997) citam que, por suas características, as técnicas de geoprocessamento se tornam um poderoso instrumento para o planejamento, monitoramento e avaliação das ações de saúde a partir da década de 90, década marcada pela disponibilização e acesso facilitado a dados no Brasil. Estas técnicas, inclusive, foram utilizadas para gerar novas informações relacionando diversas informações, sendo úteis na integração de dados da saúde com dados ambientais, demonstrando as inequidades de saúde brasileira. Corroborando também com a incorporação da geografia no contexto da saúde, é regulamentado em 1990 pela Lei federal nº. 8.080, o Sistema Único de Saúde, que trata como princípio a descentralização das ações e serviços de saúde para os municípios e a regionalização da rede destes serviços, sendo esta sua organização (BRASIL, 1990). Esta organização foi regulamentada somente no início do século XXI, conceituando as regiões de saúde e definindo que, o conjunto das ações e serviços será articulado em redes de atenção à saúde (BRASIL, 2011). Estes conhecimentos abrangentes exigem do geógrafo uma compreensão da saúde coletiva e de conhecimentos originados na medicina, na economia, na antropologia, na biologia, na epidemiologia, na estatística, entre diversos outros, num conjunto articulado de fatores, o contexto dos problemas de saúde (BARCELLOS, 2008). Junqueira (2009) resgata o esforço das universidades brasileiras nesta compreensão, tanto com as revistas eletrônicas e publicação de estudos, quanto na organização de eventos científicos como Simpósio Nacional de Geografia da Saúde. Nota-se que há, atualmente, uma multiplicidade do uso da informação de saúde focada na categoria geográfica e um interesse na ampliação do conhecimento dentro da Geografia. O contínuo avanço das técnicas informacionais e maior domínio do geógrafo na contextualização do tema permite também que haja um avanço do pensamento geográfico nesta área. 28 3 - REGIÃO E REDE DE SAÚDE E O CASO DE MINAS GERAIS A previsão de uma rede regionalizada da área de trabalho saúde só se deu no final do século XX, pela Constituição Federal em 1988. Mas a regulamentação da região de saúde se deu apenas em 2001, no âmbito da regulamentação do Sistema Único de Saúde (SUS), com a Norma Operacional de Assistência à Saúde 01/2001 (NOAS) – SUS 01/2001 e com a reedição da Norma em 2002. Em 2002 foi elaborado um grupo de trabalho com representação das três esferas governamentais para garantir a implantação da NOAS. Assim, com a instituição do Plano Diretor de Regionalização (PDR) houve a ordenação do processo de regionalização da assistência à saúde nos Estados e no Distrito Federal através de regiões, microrregiões e módulos assistenciais com hierarquia e fluxos. Conforme a NOAS 01/2002, região de saúde seria: Base territorial de planejamento da atenção à saúde, não necessariamente coincidente com a divisão administrativa do estado, a ser definida pela Secretaria Estadual de Saúde, de acordo com as especificidades e estratégias de regionalização da saúde em cada estado, considerando as características demográficas, socioeconômicas, geográficas, sanitárias, epidemiológicas, oferta de serviços, relações entre municípios, entre outras. Guimaraes (2005) acredita que esta forma de regionalizar é muito similar a proposta de região de planejamento de Boudeville (1972), por estar pautada por planejadores, mas se assimila também à região polarizada por estar ligada ao município sede da região. Nota-se também na definição, a ligação ao conceito de território de planejamento e poder, citado por Raffestin (2011). No processo de regionalização do SUS, previstos na NOAS houve a delimitação de unidades territoriais fundamentais: regiões de saúde, microrregiões de saúde e os módulos assistenciais. Nesta forma de planejamento, as ofertas de serviços de saúde manteriam uma escala de complexidade que iniciaria nos módulos assistenciais, onde haveria os municípios polos que manteriam serviços de referências para os demais municípios. Esse processo é resumido na Figura 1. 29 Figura 1. Estruturação assistencial estabelecida pela estratégia da NOAS. Fonte: OUVERNEY, 2005. Minas Gerais, em atendimento à estrutura assistencial da NOAS 20012002, elaborou seu PDR em duas etapas: proposta para o PDR e a previsão de reformulação. Na primeira etapa foram levantados a capacidade técnica instalada de serviços de saúde ambulatorial e hospitalar, os fluxos das internações hospitalares, inclusive as internações e procedimento de alto custo, as condições socioeconômicas e geográficas e fluxos viários (MINAS GERAIS, 2002). Na primeira etapa foram elaboradas 7 macrorregiões, 21 regiões assistenciais, 95 microrregiões e 265 módulos assistenciais. No Mapa 1 é apresentada o resultado da regionalização e nota-se, através da divisão territorial, a grande extensão de macrorregiões de Belo Horizonte, Montes Claros e Uberaba. Segundo Guimaraes (2005) as divisões regionais propostas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, quando de sua criação, serviriam para dar suporte às políticas territoriais brasileiras. Considerando as referências geográficas para fomentar as alterações das regiões, passando pela 30 criação das microrregiões e mesorregiões, serviram de referência para a proposta da NOAS. Mapa 1. Mapa dos Polos Macrorregionais, Plano Diretor de Regionalização da Saúde, Minas Gerais, 2001/2002. Fonte: MINAS GERAIS, 2002. Adaptado pelo autor. O Mapa 2, mostra a divisão territorial do Brasil proposta pelo IBGE, por mesorregiões em 2001. A similaridade das divisões propostas pelo PDR de Minas Gerais e a divisão de mesorregião do IBGE é notável. Esta similaridade das regiões de saúde com a divisão territorial é citada Guimaraes (2005) ao tratar concepções geométricas das políticas territoriais, numa ilusão tecnocrática. O PDR-Minas Gerais passou por revisão no ano de 2003 visando adequar aos novos princípios adotados, como ganho de escala, acessibilidade geográfica e viária. As novas definições do PDR estabeleceram três níveis de regionalização: macrorregional, microrregional e municipal (MINAS GERAIS, 2013). 31 Mapa 2. Divisão territorial por mesorregiões, Minas Gerais, 2001. Fonte: IBGE. Adaptado pelo autor. Na metodologia da revisão de 2003 também foi considerada a existência de municípios com grande força de atração. Passa-se o PDR a trabalhar, como propósito, com o conceito de região de: Conjunto de municípios circunvizinhos que mantêm entre si interrelações para as questões de promoção e assistência à saúde do SUS, sendo a maioria periféricos a um polo que exerce força de atração sobre os demais, e constituem-se como base populacional e territorial para cálculos do planejamento em saúde e organização de redes. (MINAS GERAIS, 2013, p. 30) Nesta concepção fica claro o resgate dos princípios da Teoria das Localidades Centrais de Walter Christaller, onde uma cidade irradia sua centralidade e importância, atraindo fluxos de pessoas para o centro em busca de serviços de qualidade e diversidade. Assim, as macrorregiões existentes no PDR-2000/2002 tiveram as funções e os papéis redefinidos, sendo reformuladas e transformadas em 13 macrorregiões (Mapa 3). Algumas alterações e correções foram feitas de 2004 32 até 2013 no PDR de Minas Gerais. Visando o ajuste populacional ou estudo de fluxo, alguns municípios foram adscritos em outras microrregiões, mantendo a quantidade de macrorregiões. Mapa 3. Mapa dos Polos Macrorregionais, Plano Diretor de Regionalização da Saúde, Minas Gerais, 2003. Fonte: MINAS GERAIS, 2013. Adaptado pelo autor. Importante ressaltar que nas unidades territoriais dos PDR’s de Minas Gerais não houve planejamento para as regiões administrativas de saúde em uso. No âmbito do planejamento do SUS, em 2006, foi instituído o Pacto pela Saúde (Portaria número 399/GM de 22/02/2006), no qual definiu que “regionalização é uma diretriz do Sistema Único de Saúde e um eixo estruturante do Pacto de Gestão, e deve orientar a descentralização das ações e serviços de saúde, e os processos de negociação e pactuação entre os gestores”. Em 2010, através da Portaria 4.279, de 30 de dezembro, foram 33 estabelecidas as diretrizes para a organização das Redes de Atenção à Saúde RAS “como estratégia para superar a fragmentação da atenção e da gestão nas Regiões de Saúde e aperfeiçoar o funcionamento político-institucional do Sistema Único de Saúde (SUS), com vistas a assegurar ao usuário o conjunto de ações e serviços que necessita com efetividade e eficiência”. Em 2011, pelo Decreto Federal 7.508, há uma reestruturação do conceito de região de saúde: Espaço geográfico contínuo constituído por agrupamentos de Municípios limítrofes, delimitado a partir de identidades culturais, econômicas e sociais e de redes de comunicação e infraestrutura de transportes compartilhados, com a finalidade de integrar a organização, o planejamento e a execução de ações e serviços de saúde. Nesta nova abordagem do conceito, percebe-se o resgaste ao espaço contínuo, também pautado no planejamento, mas retomando as possibilidades de redes técnicas, citadas por Santos (1978), Dias (1995), e Corrêa (2005). Logo, o pressuposto da concepção da região de saúde atual é a existência da rede de atenção à saúde. As redes de atenção à saúde - RAS, é definida como “conjunto de ações e serviços de saúde articulados em níveis de complexidade crescente, com a finalidade de garantir a integralidade da assistência à saúde” (BRASIL, 2011). Neste conceito, há a abertura diferente aos planejadores municipais, considerando e respeitando a continuidade da integralidade da assistência à saúde em rede de cuidados à saúde, a elaboração de contratos organizativos de responsabilidades entre os entes federativos, sendo o mais atual e o mais usado. 34 4 – ANÁLISE DA REDE E REGIÃO DA SÁUDE NO SUL DE MINAS GERAIS Na análise da regionalização das regiões de saúde no Sul de Minas Gerais, mais especificadamente na macrorregião sul, composta pelos municípios polos Alfenas, Passos, Pouso Alegre e Varginha, foi identificado que não houve um avanço na absorção destas regiões de saúde, atualmente sob a coordenação das Superintendências e Gerências Regionais de Saúde. Assim, na elaboração de uma proposta de regionalização que absorva as regiões administrativas, foram elencadas as quatro regiões atuais em uso, a saber: Alfenas, Passos, Pouso Alegre e Varginha e mantiveram-se seus polos como centros de referências para as complexidades intermunicípios já concebidas, inclusive para as complexidades básicas de referências intramunicípios. Na análise da acessibilidade geográfica e viária entre os municípios da macrorregião sul de Minas Gerais, foram identificados 11 municípios de 1ª ordem, 51 de 2ª ordem, 53 de 3ª ordem, 20 de 4ª ordem e 18 de 5ª ordem. A Tabela 1 demonstra a ordenação detalhada. Tabela 1. Classificação geográfica e viária entre os municípios da macrorregião sul de Minas Gerais e seus polos assistenciais. Classificação Alfenas Região de Saúde Pouso Passos Varginha Alegre 3 3 3 Total 11 1ª Ordem 2 2ª Ordem 12 9 23 7 51 3ª Ordem 5 14 23 11 53 4ª Ordem 1 2 8 9 20 5ª Ordem 0 2 1 15 18 Total 22 28 58 45 153 Fonte: Elaboração do autor. Conforme a Tabela 1, diante esta nova ordenação, a região de saúde de Alfenas se agrupa em 22 municípios, a região de saúde de Passos em 28 municípios, a região de saúde de Pouso Alegre em 58 municípios e a região de 35 saúde de Varginha em 45 municípios. No Mapa 4 é possível visualizar a expressão gráfica da nova regionalização. Elaboração: RODRIGUES, D. O. 2015. Mapa 4. Proposta de regionalização por regiões de saúde, Macrorregião Sul, Minas Gerais, 2015. Conforme a Tabela 2, as regiões de saúde comporiam grande parte da população residente nas regiões de Pouso Alegre e Varginha, devido a maior quantidade de municípios referenciados. Esta maior concentração se deu ao fato da malha viária estar mais acessível até os polos centrais do que em outros, além da redução de obstáculos geográficos que impedem o trânsito rodoviário e considerando, inclusive, 68% dos municípios terem sido classificados com 2ª e 3ª ordem. 36 Tabela 2. Número total e porcentagem de habitantes por região de saúde proposta em relação à macrorregião sul, Minas Gerais, 2015. Região de saúde proposta Número de habitantes Alfenas Passos Pouso Alegre 489.799 530.600 874.465 Porcentagem em relação à Macrorregião 17.89% 19.38% 31.94% Varginha 842.876 30.79% Total 2.737.740 100.00% Fonte: IBGE. Elaboração: RODRIGUES, D. O. 2015. Em comparação a atual estrutura, apenas a região de Alfenas teria uma pequena porcentagem a mais. Nas outras regiões, a escala populacional seria reduzida, como é possível analisar na Tabela 3. Tabela 3. Número total e porcentagem de habitantes por região de saúde atual em relação à macrorregião sul, Minas Gerais, 2015. Região de saúde atual Número de habitantes Alfenas Passos Pouso Alegre 479.652 411.679 957.517 Porcentagem em relação à Macrorregião 17.52% 15.04% 34.97% Varginha 888.892 32.47% Total 2.737.740 100.00% Fonte: IBGE. Elaboração: RODRIGUES, D. O. 2015. Na análise epidemiológica, de 2009 a 2013, ocorreram 84.827 óbitos na macrorregião sul. Este valor representa 13.94% do total de óbitos em Minas Gerais no mesmo período (n=608.681). Conforme Mapa 5, os fluxos dominantes tendem a destacar em direção aos municípios polos (Alfenas, Passos, Pouso Alegre e Varginha). Entretanto, é possível visualizar outros municípios com atração na mesma região de saúde proposta e, inclusive, atraindo fluxos de outras regiões. 37 Mapa 5. Análise de fluxo de óbito segundo região de saúde proposta, Macrorregião sul, Minas Gerais, 2009-2013. Na mesma linha, na natalidade, ocorreram 156.130 nascimentos na macrorregião e período do estudo. Este valor corresponde a 12.13% do total de nascimento em Minas Gerais no período (n=1.286.844). Analisando o fluxo de nascimentos, a atração dos municípios polo também é dominante e também são visíveis atração de outros municípios, porém com maior atração de municípios, possuindo uma rede mais regionalizada. Em ambos os mapas, há fluxos com distâncias maiores sendo percorridas, o que se pode entender que há uma referência para serviços mais complexos como, por exemplo, unidades de tratamentos intensos para neonatais que serve de referência para muitos municípios, resgatando o que estuda Oliveira (2008), dizendo da complexidade dos serviços prestados de saúde e distância destes. 38 Mapa 6. Análise de fluxo de nascimento segundo região de saúde proposta, Macrorregião sul, Minas Gerais, 2009-2013. Na análise das internações, foi utilizado um maior número de dados. De 2009 a 2013, ocorreram 807.875 internações na macrorregião e período do estudo. Na análise do fluxo, nota-se uma maior radicalidade das internações atraídas ao município polo de Alfenas e um menor número de municípios atraindo internações, diferentemente do fluxo de óbito e nascimentos. 39 Mapa 7. Análise de fluxo de internação segundo região de saúde proposta, Macrorregião sul, Minas Gerais, 2009-2013. Analisando a viabilidade das regiões propostas, nota-se que há um intenso processo de uso dos serviços de saúde locais, de modo que, totaliza-se 11 fluxos dominantes de atração de pessoas para serviços de referências, formando assim, 11 redes de atenção à saúde com municípios polos. Na proposta, a região de saúde do município polo de Alfenas recebe poucos fluxos de outras regiões e possui um município polarizando sua região e a região de Pouso Alegre. A região de saúde de Passos recebe fluxos da região de Varginha e Pouso Alegre, tendo um intenso fluxo interno com três municípios. A região de Varginha possui também um intenso fluxo interno com cinco municípios polarizando serviços e a região de saúde proposta para Pouso Alegre possui dois municípios como polo para outros. Nota-se, então, as relações interregiões que, devido à proximidade entre 40 os municípios ou suas cidades, definem como fluxo prioritário ou ainda, devido a possibilidade de pactuação entre os municípios através de uma programação previamente definida, denominada Programação Pactuada Integrada - PPI. Brasil (2006, p. 13) define que o objetivo da PPI é “organizar a rede de serviços, dando transparência aos fluxos estabelecidos e definir, a partir de critérios e parâmetros pactuados, os limites financeiros destinados à assistência da população própria e das referências recebidas de outros municípios”. Assim, há uma polarização em microrregiões que se constituem de uma rede dinâmica entre as regiões. 41 5- CONCLUSÕES Como toda e qualquer proposta de regionalização, ou até região, é complexa, na área da saúde não seria diferente. Ao analisar dados de fluxos de atendimento, deve-se registrar que o dinamismo da população é multifacetário sendo possível uma referência para assistência ao parto, mas outra para realizar internação de algum agravo específico (doenças cardíacas, por exemplo). As definições de regiões, redes, territórios e espaços conforme os órgãos públicos e governamentais nem sempre consideram os aspectos econômicos, políticos e culturais dos lugares, atentando-se as questões ligadas a esfera administrativa. Houve na saúde mineira uma contínua reformulação das regiões e regionalizações com intuito de aprimorar os processos e atendimentos da população. A geografia tem dado suporte a essas questões de regionalização e pode dar mais subsídio a estudos de planejamento e elaboração de propostas, a fim de otimizar e melhorar as redes de atendimento em saúde. Este dinamismo tem que ser registrado também, frente às referências estaduais e regionais de assistência a um determinado agravo, como os centros de referências para hepatites, os ambulatórios de referência para gestação de alto risco ou as redes de atendimento oncológico. Entretanto, é possível concluir que, massivamente, os fluxos analisados neste estudo seguem dentro da região de saúde proposta, de modo que se torna viável a análise mais aprofundada das relações entre os municípios das regiões de saúde e a análise da dominância dos polos regionais e inter-regionais. Considerando os impasses a serem aprofundados por estudos mais específicos, a proposta pode ser incorporada na rotina de planejamento do Plano Diretor de Regionalização, mas não de modo centralizado e unicamente dos planejadores, mas realizado pelas equipes regionais que tanto conhecem a realidade dos municípios. 42 6 - REFERÊNCIAS ALVES, Flamarion Dutra. 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