UMA PROPOSTA DE ENSINO DIFERENCIADA PARA O ESTUDO DA EXPLORAÇÃO DOS RECURSOS NATURAIS E SUSTENTABILIDADE¹ BATISTA, Natália Lampert²; OLIVEIRA, Daniel Feltrin de²; MATOS, Camila de Lima²; AUZANI, Gislaine Mocelin³; ORTIZ, Ail Conceição Meireles³. ¹Trabalho de pesquisa ²Acadêmicos do curso de Geografia do Centro Universitário Franciscano – UNIFRA, 2012; e bolsistas Capes PIBID/Geografia/UNIFRA. ³ Professoras do curso de Geografia do Centro Universitário Franciscano – UNIFRA. E-mail: [email protected]; [email protected]; [email protected]; [email protected]; [email protected]. RESUMO O presente trabalho objetiva descrever uma metodologia diferenciada para o estudo do tema transversal meio ambiente. A pesquisa caracteriza-se por uma abordagem qualitativa e pode ser considerada descritiva quanto aos objetivos. Os procedimentos metodológicos perpassaram inicialmente por uma revisão teórica sobre o tema. Em momento seguinte houve o planejamento da atividade, onde foram definidos objetivos, selecionados conhecimentos geográficos a serem construídos, definição e detalhamento da metodologia de ensino. A proposta de ensino se desenvolveu a partir da produção de jogo didático virtual. O jogo constituiu ferramenta de ensino à construção de conceitos geográficos relacionados ao tema em estudo. A atividade proposta destina-se à Educação Básica. Desse modo, a discussão sobre temáticas vinculadas a exploração dos recursos naturais e sustentabilidade se torna urgente no atual meio técnico-cientifico-informacional. Portanto, a proposta pode ser tornar muito interessante frente aos alunos, instigando-os a aprenderem significativamente e discutir uma temática atual e extremamente relevante no atual momento social. Assim, ela possibilita o envolvimento dos alunos, pois os provoca a pensar e refletir, bem como envolve as novas tecnologias sem perder de vista os pressupostos teóricos da Geografia. PALAVRAS-CHAVE: Ensino de Geografia. Meio Ambiente. Proposta Didática. 1. INTRODUÇÃO: Atualmente as novas tecnologias tornam-se indispensáveis à prática pedagógica, pois através de recursos de ensino diferenciados e inovadores pode-se tornar o conteúdo mais interessante e atrativo aos alunos, fazendo-os aprender com maior facilidade e significativamente. Assim, o objetivo geral deste trabalho é descrever uma metodologia diferenciada para o estudo do tema transversal meio ambiente, tendo como destino a Educação Básica. Cabe destacar que esse estudo faz parte de um projeto de extensão intitulado “Mostra Pedagógica Itinerante: (re)significando a cultura geográfica nas escolas de educação básica da cidade de Santa Maria, RS”, vinculado ao curso de Geografia do Centro Universitário Franciscano (UNIFRA); e agregado ao Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID), Subprojeto: Geografia/UNIFRA - "Ensino de Geografia: propostas sustentabilidade" -. 1 metodológicas na construção de educação para a 2. METODOLOGIA A metodologia consiste no caminho pelo qual o pesquisar conduz seu trabalho, podendo ser reinventada a cada etapa, de acordo com os resultados obtidos. Assim, presente pesquisa caracteriza-se por uma abordagem qualitativa, pois busca discutir a realidade escolar e o Ensino de Geografia, propondo uma metodologia com o uso de recursos de ensino inovadores para o tema transversal meio ambiente e sustentabilidade. Do ponto de vista de seus objetivos pode ser considerada uma pesquisa descritiva, a qual visa descrever categorias conceituais e metodológicas a partir da aplicação de proposta pedagógica diferenciada. Os procedimentos metodológicos perpassaram, inicialmente, por uma revisão teórica sobre o tema. Depois se desenvolveu dois jogos (intitulados “A exploração de minérios traz algum prejuízo ao planeta?” e “Recursos Naturais: vida e morte nos solos”) e uma proposta pedagógica a ser aplicada na Educação Básica. 3. O ENSINO DE GEOGRAFIA A geografia é uma ciência que estuda o espaço geográfico reunindo e associando vários objetos de estudo de outras ciências, ela se ocupa das questões físicas - como relevo, solo, clima, questões ambientais entre outros - e humanas da superfície terrestre entre as quais se encontram as relações sociais e populacionais, bem como com as inter-relações entre natureza e sociedade. Assim: O conjunto de categorias de uma ciência está relacionado ao objeto de conhecimento desta ciência. As categorias fundamentais do conhecimento geográfico são, entre outras, espaço, lugar, área, região, território, habitat, paisagem e população, que definem o objeto da Geografia em seu relacionamento. (SANTOS, 1986, p.20). Dessa forma, a abordagem da Geografia, em sala de aula, deve se dar de forma holística e contextualizada para que os alunos compreendam a riqueza desta ciência. Logo, cabe ao professor inovar e problematizar os conceitos geográficos tornando a disciplina interessante e envolvendo os alunos, ou seja, é necessário “saber que ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para sua própria produção” (FREIRE, 1996, p.47). Assim, é fundamental o professor buscar, pesquisar, investir em formação continuada, atualizando-se e contribuindo para construção da cidadania e da aprendizagem significativa dos alunos, objetivo maior da educação como um todo. 2 Atualmente, a escola busca explicar o mundo através de classificações e essas tem seus méritos, entretanto “a memorização em excesso e as classificações presentes nos livros didáticos matam a Geografia” (KAERCHER, 2009, p. 138). Assim, necessitá-se, urgentemente, inovar, questionar o instituído e repetido e construir uma nova ciência geográfica, envolvente e desafiadora, que permita um pensar críticoreflexivo sobre as questões cotidianas e científicas, pois “trazer fatos sem uma teoria que cole os pedaços da realidade-análise crítica é como Saci querer dançar tango. Não dá!” (CASTROGIOVANI et al, 2001, p.49, apud SEFFNER). Desse modo, a profissão-professor tem uma imensa responsabilidade social frente às futuras gerações e organização do espaço. A Geografia, em especial, por todo sua abrangência teorico-metodológica é indispensável ao engajamento social. Assim: Cabe ao professor provocar um trabalho que encaminhe para que o aluno observe que a pobreza humana não está associada diretamente à pobreza da Terra, mas a toda uma articulação de poderes e domínios, inclusive, sobre as riquezas que a Terra oferece. (CASTROGIOVANNI, 2007, p. 53) Dessa forma, é fundamental que o ensino de Geografia perpasse por análises complexas e totalizantes, a fim de cumprir com seu papel social, instigando os alunos a serem mais perceptivos e ativos frente às questões sociais, ou seja, auxiliando-os no desenvolver de sua autonomia. Desse modo, devem-se desenvolver metodologias de ensino que possibilitem a compreensão dos elementos do espaço geográfico de forma mais contextualizada e vinculada ao dia-a-dia, para que os educandos percebam a disciplina de Geografia como algo prazeroso e valorizem-na. Desse modo, é precioso: Trabalharmos com níveis de abstração que ultrapassam a memorização e/ou descrição, típica da Geografia classificatória, proporcionando aproximações com o estabelecimento de relações e, fundamentalmente, através das análises e as críticas, compreendendo os processos em questão. (CASTROGIOVANNI, 2007, p. 58) Para isso, o professor pode trabalhar com diversos elementos do espaço geográfico de modo irreverente, diferenciado e integrado para tornar a aula mais dinâmica e possibilitar à compreensão de categorias básicas a leitura geográfica como: noção de espaço, lateralidade e mapa corporal, representação espacial, cartografia e orientação, legendas e escala, projeções cartográficas, organização do espaço e forças que atuam sobre esse, etc. Desenvolvendo, assim, no aluno um pensar sistematizado e coerente em que esse consiga observar, descrever, comparar e estabelecer correlação e conclusões sobre o lugar, a paisagem e o todo que o cerca 3 a partir da dimensão histórica e identidade local/regional, fazendo, assim, uma leitura completa e significativa do espaço geográfico, ou seja, pensando globalmente e agindo localmente. Para Callai (2009), pensar globalmente significa compreender que o mundo está cada vez mais interligado, que as relações (comercias ou outras) ultrapassam as fronteiras, os lugares se interligam e dependem um do outro nas mais diversas escalas. Assim, não se pode trabalhar o município, o bairro e a rua isoladamente. Contudo, ao aprendermos pensar o espaço a partir do lugar podemos descobrir o mundo e criar métodos que favoreçam a nossos alunos a construção da cidadania. O recurso didático elaborado pode se tornar uma importante ferramenta para a construção do conhecimento, porém, é importante destacar que as novas tecnologias devem de utilizadas como meio para construção do conhecimento e não como fim, visto que a tecnologia por si só não contribui para a construção da cidadania e aprendizagem do alunado. Contudo, os recursos tecnológicos, se empregados corretamente, podem tornar as aula dinâmicas, envolventes e estimular os alunos a gostarem de aprender, bem como estimulá-los a pesquisar, pois estimulam a curiosidade e isso repercute na busca por mais informações a respeito do tema, as quais devem ser transformadas em conhecimento. Da mesma forma, propiciar situações lúdicas, como os jogos propostos, favorece o desenvolvimento de habilidades necessárias para a construção do conhecimento. Portanto, muitas atividades, como proposta aqui descrita, podem fazer com que os alunos percebam que a Geografia não se restringe aos livros e a conhecimentos prontos e reducionista voltados apenas a “decoreba”. Ler é fundamental e as aulas expositivas tem seus méritos. Entretanto é necessário mostrar o espaço como algo dinâmico e extremamente influenciador na nossa vida, mostrando aos alunos percepções essenciais a leitura do espaço e fazendo com que esses compreendam que sua atitudes no local tem influência na sociedade e no meio como um todo. 4. RESULTADOS E DISCUSSÕES O desenvolvimento da proposta pedagógica iniciou com o planejamento das atividades a serem desenvolvidas. Dessa forma, “Planejar o processo educativo é planejar o indefinido (...). Devemos, pois, planejar a ação educativa para o homem não impondo lhe diretrizes que o alheiem. Permitindo, com isso, que a educação, ajude o homem a ser criador de sua história” (GAMA; FIGUEIREDO, s/d, p. 25 apud Menegola e Sant’Anna). 4 No decorrer do planejamento, primeiramente, definiu-se o tema a ser trabalhado, bem como os conhecimentos geográficos e categorias conceituais e metodológicas a serem construídas com a proposta, dentre as quais destacam-se a leitura e textualização, compreensão de signos, resolução de problemas, observação, interpretação, criatividade, leitura cartográfica e desenvolvimento de espírito crítico Para a construção do recurso virtual de ensino após um levantamento bibliográfico sobre a temática envolvida, partiu-se para a definição da identidade visual do material. Para construção dele, utilizou-se se o programa Microsoft Office Power Point 2003. Após a construção dos recursos de ensino, definiu-se o passo-a-passo para a aplicação da proposta pedagógica em sala de aula. Desse modo, a atividade desenvolvida tem início com questionamentos como “O que é meio ambiente?”; “O meio está sendo degradado. Por que e por quem?”; “A mineração gera prejuízos ao Planeta?”; “O solo se forma através de vários processos. Quais são eles?”; a fim de verificar a percepção dos alunos frente à temática e a partir dos conhecimentos prévios deles construir conceitos científicos de forma complexa. Assim, O pensamento complexo deve abarcar a totalidade ao mesmo tempo em que distingue as partes que a constituem, sem disjuntar, pois contempla o uno e o múltiplo ao mesmo tempo (REGO, SUERTEGARAY, HEIDRICH, 2000, p.77) Após a aplicação do jogo “A exploração de minérios traz algum prejuízo ao planeta?”, para compreensão da mineração; e do jogo “Recursos Naturais: vida e morte nos solos” (figura 1), para a compreensão dos diferentes tipos de recursos naturais e sua relação com os tipos de solos. Ambos os jogos foram construídos no programa Microsoft PowerPoint 2010, onde após a definição da identidade visual do produto construído aplicou-se a técnica hiperlink, a fim de tornar o recurso interativo. a) b) Figura 1: a) identidade virtual do jogo Recursos Naturais: vida e morte nos solos”. b) Tela inicial com hiperlinks que tornam o jogo interativo. Fonte: arquivo pessoal. 5 Posteriormente será realizada uma reflexão sobre a temática: discussão de texto produzidos pelos autores e dos aspectos observados com as atividades anteriores, bem como se calculará online a Pegada Ecológica, que consiste em uma metodologia inovadora proposta pela World Wildlife Fund (WWF) - Fundo Mundial da Natureza que permite observar o nível de impactos gerados pelas “pegadas”, ou seja, atitudes humanas. Quanto mais se acelera a exploração do meio ambiente, maior se torna a marca ou “pegada” deixada na Terra. Por fim, será feito a discussão dos impactos gerados ao meio por cada aluno e avaliação da atividade aplicada (questionário sobre a percepção dos alunos frente à metodologia). 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS Assim, aprender é uma necessidade de todos durante toda a vida e por isso deve ser prazeroso, o que leva a aprender gratuitamente, misturando conhecimentos. A proposta pedagógica elaborada pode possibilitar a construção do conhecimento significativo, porém, é importante destacar que o uso de novas tecnologias deve se dar como meio para produção do conhecimento e não como fim, visto que a tecnologia por si só não contribui para a construção da cidadania e aprendizagem do alunado, ou seja, é fundamental ter sempre em vista os pressupostos teóricos e metodológicos da ciência geográfica. Desse modo, é fundamental o professor como mediador na construção do conhecimento. De mesmo modo, a discussão sobre temáticas vinculadas a exploração dos recursos naturais e sustentabilidade se torna urgente no atual meio técnico-cientificoinformacional. Portanto, a metodologia proposta pode ser muito interessante frente aos alunos, instigando-os a aprenderem significativamente e discutir uma temática atual e extremamente relevante no atual momento social. Portanto, a proposta aqui descrita possibilita o envolvimento dos alunos, pois além de provocá-los através de questionamentos, fá-los buscar e interpretar mapas e figuras – fundamentais ao ensino de Geografia – referentes à temática, vinculadas ao jogo virtual, desenvolvido no presente trabalho. Isso faz os alunos desenvolverem sua autonomia, busca por novos saberes e construções de conceitos geográficos, ou seja, a proposta envolve as novas tecnologias sem perder de vista os pressupostos teóricos da Geografia. 6 6. REFERÊNCIAS: CASTROGIOVANNI, A. C; CALLAI, H. C. KAERCHER, N. A. Ensino de Geografia: práticas e textualização no cotidiano. Porto Alegre: Mediação, 2009. CASTROGIOVANNI, A. C. Ensino de Geografia. Caminhos e Encantos. Porto Alegre: PUCRS, 2007. CASTROGIOVANI, A. C. et al. Geografia em sala de aula: práticas e reflexões. 3ed. Porto Alegre: Editora de Universidade/UFRGS, 2001. FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: Saberes necessários à prática educativa. 34 ed. São Paulo: Paz e terra, 1996 (Coleção Leitura) GAMA, Anilton de Souza; FIGUEIREDO, Sonner Arfux de. O planejamento no contexto escolar. Disponível em: http://www.uems.br/na/discursividade/Arquivos/edicao04/pdf/05.pdf, acesso em 10 de maio de 2011. REGO, N; SUERTEGARAY, D; HEIDRICH, A (Orgs.) Geografia e educação: geração de ambiências. Porto Alegre: Ed. Universidade/UFRGS, 2000. SANTOS, M. O espaço interdisciplinar. São Paulo: Nobel, 1986. Sites consultados: MUNDO ESTRANHO: http://mundoestranho.abril.com.br/materia/a-exploracao-deminerios-traz-algum-prejuizo-ao-planeta, acesso em dezembro de 2011. PEGADA ECOLÓGICA: http://www.pegadaecologica.org.br/, acesso em maio de 2011. 7