2 INTRODUÇÃO Isolante designa um conjunto de materiais que por suas características físico-químicas confere propriedades úteis ao seu emprego em diversas aplicações industriais ou arquitetônicas por propiciar barreiras ao calor, eletricidade ou som, por exemplo. Tem como classes: Isolantes térmicos; Isolantes elétricos; Isolantes sonoros. O que determina se um material será bom ou mau condutor são: Composição química do material: materiais diferentes têm condutividades térmicas diferentes em decorrência das ligações em sua estrutura atômica ou molecular; Densidade; Características físicas: materiais fibrosos ou porosos. Isolantes elétricos são aqueles materiais que tem pouco eletrons livres e que resistem ao fluxo dos mesmos. Alguns materiais desta categoria são: Plástico (resinas), Silicone, Borracha, Vidro (cerâmicas), Óleo, Água pura deionizada. A resistência desses materiais ao fluxo de cargas é boa, e por isso são usados para encapar fios elétricos de cobre, seja em uma torre de alta tensão ou cabo de uma secadora. São os materiais que possuem altos valores de resistência elétrica e por isso não permitem a livre circulação de cargas eléctricas, por exemplo borracha, silicone, vidro, cerâmica. O que torna um material bom condutor elétrico é a grande quantidade de elétrons livres que ele apresenta à temperatura ambiente, com o material isolante acontece o contrário, ele apresenta poucos elétrons livres à temperatura ambiente. Os isolantes elétricos são separados de acordo com a tensão que se quer fazer o isolamento. Um pedaço de madeira, por exemplo, só pode ser considerado isolante até uma determinada classe de tensão, se elevermos essa tensão a determinados níveis, ele pode se tornar um condutor de eletricidade. 3 Um grupo internacional de cientistas descobriu uma nova classe de materiais, batizados de superisolantes, que aumentam a resistência elétrica com a queda na temperatura ou sob a ação de um campo magnético externo.No limite, essa descoberta poderá servir para fabricar baterias ideais. A teoria clássica desse efeito foi estabelecida por John Bardeen, Leon Cooper e J. Robert Schrieffer. Durante os anos 1990, os pesquisadores começaram a realizar outras transições de fase trabalhando em temperaturas mais baixas e mesmo no zero absoluto, sempre dentro da perspectiva dos efeitos quânticos. Christoph Strunk, da Universidade de Regensburg (Alemanha) e Valerii Vinokur, do Argonne National Laboratory (EUA), com outros pesquisadores, descobriram que filmes de nitreto de titânio, normalmente supercondutores, podiam tornar-se... superisolantes. Mergulhados em um campo magnético e resfriados a uma temperatura inferior a 70 mK (milikelvins), esses filmes apresentam uma resistência infinita à corrente elétrica. Esse material que apresenta propriedades elétricaas contrárias aos supercondutores, ou seja, resistência elétrica extremamente elevada a temperaturas próximas do zero absoluto em relação ao seu valor à temperatura ambiente (100000 vezes superior neste caso), foi testado recentemente por um grupo de cientistas investigadores. Valerii Vinokur, do Argonne National Laboratory e sua colega Tatyana Baturina, juntamente com outros cientistas de Argonne e colaboradores da Bélgica, Alemanha e Rússia, prepararam um filme muito fino de nitreto de titânio de forma a obterem um material com características superisolantes. A teoria aceita que explica a supercondutividade, aplicável neste caso ao nitreto de titânio, baseia-se no coceito de par de Cooper(trata-se do emparelhamento de partículas carregadas, como os elétrons, cujos momentos cinéticos semi-inteiros (fracionários) se juntam para formar os bósons. Obtém-se, então, um superfluido carregado que pode derramar-se sem nenhuma resistência). Assim, nos supercondutores, abaixo de determinados valores de temperatura e de campo magnético aplicado (designados por temperatura crítica e por campo crítico), os electrões organizam-se em pares, movimentando-se praticamente sem restrinções, reduzindo a resintência a um fluxo de corrente elétrica até valores praticamente nulos.Vinokur explica que os filmes de nitreto de titânio, tais como de outros materiais, podem conportar-se não como supercondutores mas sim como superisolantes se a sua 4 espessura for suficientementefina. No caso de um filme muito fino de nitreto de titânio, abaixo do temperatura crítica e campo crítico, os electrões originam pares de Cooper, mas estes não se podem movimentar, originando um estado com uma resistência elétrica teoricamente infinita. UM FENÔMENO AINDA MAL COMPREENDIDO Em um supercondutor, a falta de resistência vem, observou-se, do fato de que os elétrons se ligam para formar pares de Cooper. Quando um material supercondutor é trabalhado até tornar-se um filme granular, a superfície de pares de Cooper se divide em ilhas formando espécies de "poças" separadas por regiões isolantes que se comportam como junções Josephson. Os pares de Cooper individuais não podem então passar entre as ilhas a não ser pelo efeito túnel. Muito próximo do zero absoluto, as regiões isolantes tornam-se carregadas e tendem a se opor a qualquer passagem de corrente. Segundo Vinokur e seus colegas, como explicam na revista Nature, quando um campo magnético penetra no supercondutor, o fluxo magnético provoca a formação de estruturas quantificadas, análogas aos turbilhões em um fluido, entre as quais as cargas circulam. No caso de um superisolante, o inverso se produziria, as cargas permaneceriam fixas, mas os turbilhões quantificados passariam de um par de Cooper a outro, bloqueando todo o transporte de carga. 5 COMPOSIÇÃO Nitreto de titânio (TiN) É uma cerâmica técnica utilizada geralmente sob a forma de filme de revestimento muito fino, composto por átomos de azoto e titânio que formam estruturas cúbicas simples ou de face centrada Titanium nitride Os pesquisadores estavam analisando uma película de nitreto de titânio, quando observaram que, sendo resfriado a temperaturas criogênicas, depois de passar por uma temperatura-limite, a resistência à passagem de uma corrente elétrica no material bruscamente aumenta em 10.000 vezes. A mudança também ocorre quando os pesquisadores variam um campo magnético externo. O nitreto de titânio também é um supercondutor. Fazê-lo comportar-se como um superisolante foi uma questão de variar a espessura da película fina feita com esse material. 6 APLICAÇÕES DOS SUPERISOLANTES Da mesma forma que os supercondutores, os superisolantes deverão ter aplicação em várias áreas de física, incluindo aceleradores de partículas, trens magnéticos e equipamentos de ressonância magnética. Outra possibilidade é a criação de sistemas de proteção que evitarão que as baterias se descarreguem. Se deixada sem uso, a carga de uma bateria lentamente se esvai porque o ar não é um isolante perfeito. Tal como os supercondutores, que têm casta aplicação em equipamentos tecnológicos(como aceleradores de partículas, espectrómetros, comboios de levitação magnética, etc), os superisolantes podem também ser aplicados na proteção de todos os tipos de circuitos elétricos e eletrônicos, sensores e baterias(de forma a evitar descargas prematuras ou curto circuitos). A encapsulação de um fio supercondutor com um material superisolante criaria um dispositivo elétrico virtualmente perfeito com perdas de energia por calor praticamente nulas. Versões miniaturizadas destes fios supercondutores superizolantes poderiam conduzir ao desenvolvimento de circuitos elétricos de maior eficiência. "Se você passa uma corrente por um supercondutor, então ele irá transportar a corrente para sempre; de forma inversa, se você tem um superisolante, então ele irá reter a carga para sempre," explica o professor Valerii Vinokur. 7 ESTABELECEDORES DA TEORIA CLÁSSICA John Bardeen, Leon Cooper e J. Robert Schrieffer. Créditos: Universidade de Warwick Brian Josephson, Prêmio-Nobel. Créditos: Universidade de Warwick Refrigerador de diluição, no interior do qual o superisolante foi descoberto, depois de ser resfriado a alguns miliKelvin. 8 CONCLUSÃO A explicação do fenômeno não é tão simples e controvérsias atuais agitam a comunidade científica. Segundo os pesquisadores, embora numerosos progressos sejam, sem dúvida, necessários, esse fenômeno de "superisolação" poderia permitir fabricar baterias ideais, que não sofreriam nenhuma perda de carga, mas mesmo antes de chegarem às aplicações práticas, eles deverão formar a base de novos campos de estudos para o entendimento dos princípios da física da matéria condensada. No horizonte, há a possibilidade de uma nova geração de componentes microeletrônicos, principalmente para uso em supercomputadores. Passa a ser possível, por exemplo, a criação de um revestimento superisolante para fios supercondutores, uma forma para transportar energia no interior de chips com total eficiência, sem qualquer perda na forma de calor. 9 BIBLIOGRAFIA Superinsulator and quantum synchronization Valerii M. Vinokur, Tatyana I. Baturina, Mikhail V. Fistul, Aleksey Yu. Mironov, Mikhail R. Baklanov, Christoph Strunk Nature Physics April 3 Vol.: 452, 613 - 615 DOI: 10.1038/nature06837 Site: www.inovacaotecnologica.com.br/.../noticia.php?...materiais-superisolantes www.spq.pt/boletim/docs/boletimSPQ_109_030_17.pdf www. shvoong.com www.lqes.iqm.unicamp.br/canal_científico