CIRCULAR TÉCNICA JOSÉ CARLOS colorido REVISÃO 2014.indd

Propaganda
JOSÉ CARLOS DA SILVA
AREJACY ANTÔNIO SOBRAL SILVA
RAFAEL TADEU DE ASSIS
Organizadores
CIRCULARES TÉCNICAS
DE 01 A 12
Uberlândia - MG -2014
SUMÁRIO
01 FORRAGEIRAS DE INVERNO............................................................................7
Rafael Tadeu de Assis
Isabela Jamile Viegas Oliveira
Alice Madalena Morais
Arvito Antônio Morais Neto
Silmara Helena Dias
02 NOVAS TECNOLOGIAS PARA A AGRICULTURA BRASILEIRA......................13
Arejacy Antônio Sobral Silva
Gleuber de Oliveira Firmino
Maria José do Amaral e Paiva
Verônica Máximo
Daiane Borges Martins
Lerrane Carvalho Mingote
03 ADUBAÇÃO ANTECIPADA...............................................................................21
Rafael Tadeu de Assis
Vidiane P. Zineli
Ronaldo Eurípedes da Silva
Watus Cleigson Alves da Costa
Igor Olivato
04 ARRANJO ESPACIAL DE PLANTAS NA CULTURA DA SOJA ........................27
Arejacy Antônio Sobral Silva
Thayse Souza Lara
Ivanice Aparecida Ribeiro
Nayara Aparecida da Silva
Amarildo José Carneiro Filho
Rodrigo Tavares Ferreira
João Vitor Cassiano Alves Gabriotti
João Sanches Cardoso
05 ADUBAÇÃO VERDE: UM PASSO PARA UMA AGRICULTURA
SUSTENTÁVEL.................................................................................................35
Jorge Otavio Mendes de Oliveira Junek
Thayse Souza Lara
Maria José do Amaral e Paiva
Daiane Borges Martins
Cleidiane Glória de Morais
06 FERTILIZANTES ORGANOMINERAIS.............................................................41
Diogo Aristóteles Rodrigues Gonçalves
Rafael Tadeu de Assis
Verônica Máximo
07 UTILIZAÇÃO DE HORMÔNIOS NA PRODUÇÃO VEGETAL...........................45
Paulo Fravet de Fravero
Givago Rezende Gervasio
Guilherme Nogueira
Vidiane Zineli
08 AVALIAÇÃO VISUAL DE NUTRIÇÃO DE PLANTAS.........................................51
Carlos Eugênio Avila de Oliveira
Paulo de Tarso Veloso de Menezes Brando
Amarildo José Carneiro Filho
Carlos Germano Borges
Jaciara Aparecida de Oliveira
Lerrane Carvalho Mingote
09 CRIAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DE BEZERRAS LEITEIRAS NO PERÍODO
DE ALEITAMENTO: PRÁTICAS DE MANEJO..................................................57
Tavares, T. O.
Costa, W. C. A.
Leite, P. J. S.
10 INFLUÊNCIA
DAS CONDIÇÕES CLIMÁTICAS OCORRIDAS NA SAFRA
2013/14 E NO DESENVOLVIMENTO DO CAFEEIRO NA REGIÃO DE ARAXÁ,
MG.....................................................................................................................67
Rafael Tadeu de Assis
Cleidiane Gloria de Morais
11 SORGO SACARINO, A SEGUNDA SAFRA DO ETANOL NO BRASIL............79
Arejacy Antônio Sobral Silva
Paulo de Tarso Veloso Menezes Brando
12 COMPETIÇÃO DE GENÓTIPOS DE AVEIA BRANCA E AVEIA PRETA EM
ARAXÁ, MG.......................................................................................................85
Arejacy Antônio Sobral Silva
Paulo de Tarso Veloso Menezes Brando
Nayara Aparecida da Silva
Emanuely Torres Melo
Circular
Técnica
01
Arejacy Antônio Sobral Silva¹
Paulo de Tarso V. M. Brando²
Cleriston Luciano da Silva²
Ronieri B. C. Borges²
Elizangela Soares Vargas²
Daniella Fátima Ferreira²
Euclides Cunha Neto²
Getúlio Borges de Souza²
Carlos Germano Borges²
¹Engº Agrº Me. Professor do
curso de Agronomia do Centro
Universitário do Planalto de
Araxá – UNIARAXÁ
²Graduando do curso de
Agronomia do UNIARAXÁ.
FORRAGEIRAS DE INVERNO
As forrageiras de inverno, ou forrageiras de clima
temperado, são plantas que apresentam seu melhor
crescimento em temperaturas entre 20 e 25ºC. Nessas
condições, podem constituir a base da alimentação de
herbívoros domésticos, sendo utilizadas, principalmente,
sob pastejo, feno ou silagem. A sua importância também
é reconhecida na conservação dos solos, na manutenção
de bacias hidrográficas e na proteção à vida selvagem.
São plantas que podem ser cultivadas em locais com clima
mais quente, desde que o inverno seja frio, como é o caso
das regiões subtropicais, ou mesmo em regiões tropicais
de altitude, como em algumas que ocorrem no cerrado
mineiro. Ainda que se preste para utilização sob diversas
formas, o principal uso é sob pastejo, seja em sistemas
integrados com lavoura de grãos, em melhoramento de
pastagens naturais ou, ainda, em sobressemeadura de
pastos tropicais cultivados em sistemas irrigados. Na maior
parte dos casos, as forrageiras de clima temperado são
implantadas como misturas ou consorciações, visando ao
aumento de produção e melhor valor nutritivo da forragem
a ser ofertada. Os sistemas de produção de leite baseados
em pastagens tropicais e subtropicais, nas regiões Sudeste
e Centro-Oeste do Brasil, sofrem restrição de oferta de
forragem na época seca do ano, mesmo quando os pastos
são irrigados, em consequência das temperaturas mais
baixas e do período de luminosidade mais curto. Entretanto,
quando há possibilidade de irrigação, essa situação pode
ser parcialmente revertida com o uso da sobressemeadura,
que consiste na semeadura de uma forrageira de inverno
sobre uma pastagem tropical já estabelecida.
Entre as gramíneas de clima temperado que se
consolidaram como alternativas forrageiras efetivamente
usadas nos sistemas de produção, a aveia-preta (Avena
strigosa Schreb.) é a de maior projeção em sistemas
de integração lavoura-pecuária da região Sul, também
utilizadas em outros Estados brasileiros. O azevém (Lolium
multiflorum Lam.) pode ser considerado uma importante
forrageira para o contexto agropecuário do sul do Brasil,
visto sua complementaridade de ciclo vegetativo com as
INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE, AGRÁRIAS E HUMANAS (ISAH) - Araxá - MG, Maio de 2014
5
pastagens naturais, alto valor nutritivo, facilidade de estabelecimento e
excelente capacidade de ressemeadura natural. A maior causa de resistência
dos produtores quanto ao uso da aveia e, ou, azevém para produção animal
em áreas de lavoura ainda é o suposto ‘’efeito do pisoteio animal’’. Várias
pesquisas, no entanto, estão desmistificando esse paradigma, mostrando,
inclusive, os benefícios para o sistema advindos do uso de animais nessas.
Recomendações para o cultivo do Azevém (Lolium multiflorum Lam.)
na região Sudeste.
O estabelecimento do azevém, como cultivo exclusivo, é feito através
de sementes, utilizando de 25 a 40 kg/ha, nos meses de abril a maio. O
plantio pode ser realizado em linha ou a lanço, tomando o cuidado para não
enterrar muito a semente, pois elas são de tamanho pequeno, com pouca
reserva e o enterrio profundo pode provocar falhas na germinação.
A sobressemeadura deve ser feita nos meses de abril a maio, no fim
da estação chuvosa, porém, só deve ser implantada em área irrigada ou
em região que apresente o inverno chuvoso. A taxa de semeadura sobre
pastagem tropical é de 60 kg de sementes puras viáveis por hectare. Antes
de realizar a sobressemeadura, devem-se misturar as sementes com um
material de cor clara para facilitar a identificação do local onde já foi feita
a sua distribuição, o material pode ser calcário ou superfosfatos. Após a
distribuição das sementes, devem-se colocar os animais na área para que,
com o pisoteio, ocorra o enterrio de boa parte das sementes. Após a retirada
dos animais, se necessário, o pasto deve ser roçado para ficar com 10 a 20
cm de altura.
Quando utilizado para feno, os cortes deverão ocorrer antes do
florescimento, sendo o primeiro por volta dos 90 dias após a semeadura,
e o segundo entre 40 a 50 dias depois do primeiro corte. O pastejo deve
iniciar quando as plântulas chegarem a 20 cm de altura e encerrar quando
restarem ainda de 5 a 10 cm de altura, o período de descanso nos pastejos
subsequentes é de 28 a 35 dias. Seu crescimento inicial é lento, porém
depois é vigoroso e proporciona de 3 a 4 operações (cortes ou pastejos).
Recomendações para o cultivo da aveia (Avena spp.) na região Sudeste
O plantio deverá ser realizado entre os meses de abril e maio. Para a
formação de pastagem, recomenda-se de 80 a 100 Kg de sementes puras e
viáveis por hectare, de preferência tratadas com inseticidas, as quais podem
ser semeadas a lanço sobre o solo ou realizando uma sobressemeadura
em um pasto tropical. Para o plantio em linhas, utiliza-se de 50 a 60 Kg/
ha de sementes puras e viáveis espaçadas de 17 a 30 centímetros com
profundidade não superior a oito centímetros.
6
INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE, AGRÁRIAS E HUMANAS (ISAH) - Araxá - MG, Maio de 2014
Para o pastejo, recomenda-se entrar com a criação de 40 a 50 dias
após o plantio, quando a forrageira alcançar uma altura de 25 a 30 cm. Os
animais deverão sair da pastagem quando a aveia apresentar de 10 a 15 cm
de altura, e o período de descanso nos pastejos subsequentes é de 28 a 35
dias. Se o objetivo é utilizá-la para o corte, isso deve ser feito quando a aveia
atingir de 50 a 55 centímetros de altura. Se todas as condições estiverem
favoráveis ao desenvolvimento da planta, como condições físicas do solo e
disponibilidade hídrica, tanto para corte quanto para pastejo, a aveia pode
tolerar de 3 a 4 operações.
Em um sistema irrigado, sob a forma de corte, a aveia pode render
de 4 a 6 toneladas por hectare de matéria seca, contendo cerca de 25% de
proteína. Para pastejo contínuo, havendo manejo adequado, suporta três
unidades animal (UA) por hectare para a produção de leite, ou produção de
carne, proporcionando um ganho de peso diário de 1 kg/animal/ dia.
Recomendação de calagem e adubação para a Aveia e Azevém
cultivados no na região Sudeste
É de fundamental importância que se realize uma amostragem do solo, todo o
ano, para uma correta interpretação e cálculos de calagem e adubação, que
sejam justificáveis para o sucesso produtivo da aveia. A coleta das amostras
pode ser feita com o auxílio de um trado ou de um enxadão coletando uma
amostra, com profundidade de 20 centímetros, uniforme em cada ponto da
área. As áreas homogêneas podem ser dividas em talhões de até cinco
hectares ou em piquetes. As amostras devem ser coletadas percorrendo
a área em zig-zag, coletando pelo menos 10 amostras em cada talhão ou
piquete, que serão misturadas em um recipiente limpo formando uma única
amostra de 500g por talhão ou piquete com devida identificação da área.
A calagem é recomendada quando se fizer necessário elevar o pH
do solo e eliminar a toxidez de alumínio que causam sérias limitações no
desenvolvimento da planta.
A aplicação do calcário deverá ser feita antes do plantio da aveia, não
sendo recomendado jogar doses superiores a quatro toneladas por hectare
de uma só vez. Quando a forrageira de inverno for plantada em consorcio,
a calagem é realizada antes do plantio da cultura a ser intercalada com a
forrageira.
Alguns pesquisadores recomendam a aplicação de calcário,
visando elevar o índice de saturação por bases a 70% para aveia branca,
alfafa e cevada e 50% para aveia preta, centeio e azevém. Outros autores
recomendam na sobressemeadura de azevém, uma elevação da saturação
de base entre 50 e 70%. Porém, deve-se atentar que, em um sistema de
INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE, AGRÁRIAS E HUMANAS (ISAH) - Araxá - MG, Maio de 2014
7
sobressemeadura, onde será explorada a forrageira de inverno na época fria
(outono-inverno) e a forrageira tropical na época quente (primavera-verão), o
uso do calcário deve contemplar a exigência das duas culturas.
Primavesi e coloboradores recomendam adubação, para o sistema
convencional, de 165 Kg/ha de Nitrogênio (N), 50 Kg/ha de Fósforo (na
forma de P2O5) e 53 Kg/ha de Potássio (na forma de K2O), sendo que todo
o Fósforo é aplicado no plantio e o nitrogênio, assim como o potássio, são
divididos em três épocas, ou seja, no plantio, no perfilhamento e após cada
corte. Essa recomendação serve para aveia e azevém, já que a exigência
nutricional de ambas é semelhante. Deve-se sempre considerar a análise de
solo da área a ser trabalhada.
Irrigação
Para a viabilidade produtiva da aveia e/ ou do azevém no cerrado
é obrigatório que se irrigue toda a área periodicamente por aspersão ou
infiltração, de acordo com as condições de cada propriedade. A irrigação por
aspersão deve ser realizada com intervalos de 10 a 14 dias, de acordo as
condições climatológicas, aplicando uma lâmina de 25 mm de água em cada
irrigação.
Considerações finais
As pastagens de Azevém e Aveia caracterizam-se por apresentarem
alto valor nutritivo e, como consequência, proporcionam também altos ganhos
por animal. Possuem ótima palatabilidade e digestibilidade. O cultivo da aveia
e azevém, tanto solteiro quanto consorciado, na região sudeste do Brasil, é
viável desde que se obedeçam as recomendações descritas nesta circular
técnica, lembrando que são várias as possibilidades de utilização dessas
forrageiras. A sobressemeadura da aveia e do azevém é uma técnica viável
e recomendada em áreas que são irrigadas, proporcionando vantagens para
o sistema de produção de pecuária bovina.
Referencias bibliográficas
BACCHI, O. O. S.; GODOY, R. Demanda hídrica de aveia forrageira na
região de São Carlos, SP. In: REUNIÃO DA COMISSÃO BRASILEIRA DE
PESQUISA DE AVEIA, 17.,1997, Passo Fundo. Resultados Experimentais.
Passo Fundo CSBPA,1997 .p.388.390.
BERTOLOTE, L. E. M.; CAMPANA, M.; OLIVEIRA, P. P. A. et al., Efeitos de
doses de nitrogênio sobre a produção e a qualidade de aveia sobressemeadas
em pastos de capim Tanzânia. In: 45º Reunião Anual da Sociedade Brasileira
de Zootecnia. Lavras-MG: UFLA, 2008, 3 p.
RODRIGUES, D. A. AVANZA, M. F. B.; DIAS, L. G. G. G. Sobressemeadura
8
INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE, AGRÁRIAS E HUMANAS (ISAH) - Araxá - MG, Maio de 2014
de aveia e azevém em pastagens tropicais no inverno. Revista Cientifica
Eletrônica de Medicina Veterinária – ISSN: 1679-7353. Ano IX – Número16 –
Janeiro de 2011 – Periódicos Semestral.
GERDES, L.; MATTOS, H. B.; WERNER, J. C. et al. Características do dossel
forrageiro e acúmulo de forragem em pastagem irrigada de capim-aruana
exclusivo ou sobre-semeado com uma mistura de espécies forrageiras de
inverno. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 34, n.4, p. 1098-1108, 2005.
GOEDERT, W. J. Management of acid tropical soils in the savannas of
south america. In: IBSRAM (International Board for Soil Research and
Management). Management of acid tropical soils for sustainable agriculture:
proceedings of an IBSRAM inaugural workshop. Bangkok, Thailand, 1987. P.
109-27. Sustentabilidade Produtiva do Cerrado página 211.
MOSER, L. E.; C. S.; HOVELAND. Cool-season Grass overview. p. 1-14. In:
MOSER, L.E. et al. (Eds). Cool-season forage grasses. 1996. p. 34. ( Agron.
Monogr.)
TERRA, LOPES, M. L.; CARVALHO, P. C. F.; ANGHINONI, I. Sistema de
integração lavoura-pecuária: desempenho e qualidade da carcaça de novilhos
superprecoces terminados em pastagem de aveia e azevém manejada sob
diferentes alturas. Ciência Rural, v. 38, n. 1, p. 178-184, 2008.
PAULINO, V. T; CARVALHO, D. D. Pastagens de Inverno. Revista Científica
Eletrônica de Agronomia, 2004, v. 3, n 5.
PRIMAVESI, A. C.; PRIMAVESI, O.; CANTARELLA, H.; et al. Recomendação
de adubação para aveia, em dois sistemas de plantio, em Latossolo Distrófico
típico. Comunicado Técnico 34. ISSN 1517-1116. São Carlos, SP. Julho,
2002. Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento.
PUPO, N. I. H. Manual de pastagens e forrageiras: formação, conservação,
utilização. Campinas-SP: Instituto Campineiro de Estudo Agrícola, p. 172 a
180, 2002.
RAIJ, B. V.; CANTARELLA, H.; QUAGGIO, J. A.; et al. Recomendações de
adubação e calagem para o estado de São Paulo. 2. ed. Campinas, SP:
Instituto Agronômico, 1997.
Sociedade brasileira de ciência do solo. Comissão de Química e fertilidade
do solo. Grãos, p115-116.Manual de adubação e de calagem para os estados
do Rio Grande Sul e de Santa Catarina. –10.ed. Porto Alegre, 2004. 400. il.
COMITÊ DE PUBLICAÇÕES
Coordenador: Dr. José Carlos da Silva
Membros: Arejacy Antônio Sobral Silva, Rafael Tadeu de Assis
Revisão de texto: Jacqueline de Souza Borges Assis
Normalização bibliográfica: Maria Clara Fonseca
E-mail: [email protected]
Versão eletrônica, junho de 2014
1ª impressão (2013): 1000 exemplares
CAPAL
CAPAL
INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE, AGRÁRIAS E HUMANAS (ISAH) - Araxá - MG, Maio de 2014
9
Circular
Técnica
02
Rafael Tadeu de Assis¹
Isabela Jamile Viegas Oliveira²
Alice Madalena Morais²
Arvito Antônio Morais Neto²
Silmara Helena Dias²
NOVAS TECNOLOGIAS PARA A
AGRICULTURA BRASILEIRA
O processo de modernização da agricultura no
Brasil tem origem na década de 1950 com as importações
de meios de produção mais avançados. De acordo com os
parâmetros da “Revolução Verde”, incorporou-se um pacote
tecnológico à agricultura, tendo a mudança da base técnica
resultante passado a ser conhecida como modernização
da agricultura brasileira.
Hoje, o produtor rural precisa produzir alimentos
para um número cada vez maior de pessoas nas cidades.
O aumento da produção de alimentos segue basicamente
duas linhas distintas, aumento da área de cultivo ou
aumento da produtividade (produção por área). Como
sabemos, a abertura de novas áreas de cultivo não é uma
boa alternativa atualmente, existe uma pressão ambiental
muito intensa e necessária, pois a biodiversidade que ainda
resta precisa ser preservada. Resta-nos a segunda opção,
aumentar a produtividade, ou seja, aumentar a produção
das culturas usando a mesma área.
É justamente neste ponto que se faz necessário o
uso de novas tecnologias que visem atingir a capacidade
produtiva das culturas, extraindo o máximo potencial de
cada cultivar. Quando comparamos as produtividades
agrícolas atuais com as últimas décadas, vemos que o
aumento da produção foi bastante significativo, com pouco
ou quase nenhum aumento de área cultivada. Muito deste
sucesso se deve à pesquisa e inovação que a cada dia
lança novas tecnologias para serem adotadas pelos
agricultores, assim como veremos nestas tecnologias que
serão discutidas neste informativo.
¹Engº Agrº Me. Professor do
curso de Agronomia do Centro
Universitário do Planalto de
Araxá – UNIARAXÁ
²Graduando do curso de
Agronomia do UNIARAXÁ.
Inoculante para gramíneas
O nitrogênio é o elemento requerido em maior
quantidade pela grande maioria das culturas, embora o ar
atmosférico seja altamente concentrado em nitrogênio, as
plantas não conseguem absorver satisfatoriamente este
INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE, AGRÁRIAS E HUMANAS (ISAH) - Araxá - MG, Maio de 2014
11
elemento na forma gasosa e, por isso, o fornecimento de nitrogênio para
as culturas é feito via adubação química. Estes fertilizantes usados para
suprir a demanda das plantas em nitrogênio são caracterizados pelo alto
custo econômico, além de um alto custo energético para sua produção. O
N aplicado ao solo na forma de fertilizantes minerais pode ser absorvido
pelas plantas, ou pode ser perdido por processos de lixiviação, volatilização,
erosão e desnitrificação ou ainda permanecer no solo na forma orgânica.
Podemos dizer que a soja é uma cultura rentável no Brasil graças
à fixação biológica de nitrogênio (FBN). Através do tempo, a pesquisa
selecionou estirpes altamente eficientes de bactérias do gênero Rhizobium e
Bradyrhizobium, permitindo a fixação de grandes quantidades de nitrogênio
e resultando em elevadas produtividades sem a adição de nitrogênio químico.
Embora a tecnologia de simbiose entre a soja e as bactérias descritas
seja muito bem conhecida e altamente eficiente, para as gramíneas essa
tecnologia é bem mais recente e ainda não se atingiu os patamares de
fornecimento de nitrogênio a ponto de se trocar totalmente ou quase
totalmente o fornecimento químico de nitrogênio pelo fornecimento via
fixação biológica.
Diferentemente das bactérias que fazem a simbiose com leguminosas,
que formam nódulos nas raízes das leguminosas e não sobrevivem fora
destes nódulos, as bactérias que fornecem nitrogênio para as gramíneas,
são bactérias de vida livre, ou seja, não formam nódulos nas raízes das
gramíneas e podem estar tanto dentro quanto fora das raízes.
Desta forma, os inoculantes utilizados na FBN para gramíneas são
bactérias do gênero Azospirillum que fixam biologicamente o nitrogênio da
atmosfera disponibilizando o nutriente às plantas que podem utilizar este
nutriente nas mais diversas funções metabólicas que o nitrogênio faz parte.
Assim como no caso das leguminosas, a FBN para gramíneas apresenta
várias vantagens com relação ao fornecimento do nitrogênio via fertilizantes
químicos: o preço da inoculação quando comparado com a adubação química
é altamente vantajoso, além disso, a FBN fornece o chamado “nitrogênio
limpo”, uma vez que não é necessária a queima de combustíveis fósseis
para sua produção como acontece no caso dos fertilizantes químicos.
O milho requer grandes quantidades de nitrogênio, desde as primeiras
fases de desenvolvimento até o enchimento dos grãos, sendo assim, é
necessário uma tecnologia que possa disponibilizar o nutriente durante o
ciclo da cultura, e não somente em determinados períodos, como acontece
normalmente nos cultivos nos quais o nitrogênio é fornecido no plantio e mais
uma vez na cobertura. O fornecimento via FBN garante uma disponibilidade
de nitrogênio ao longo do ciclo e, com isso, a planta pode aproveitar melhor
o nutriente nas diferentes fases de desenvolvimento.
12
INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE, AGRÁRIAS E HUMANAS (ISAH) - Araxá - MG, Maio de 2014
A maioria das gramíneas se beneficia com as bactérias inoculadas.
Na associação dos Azospirillum e Brachiaria, os benefícios são evidentes,
pois proporciona um saldo positivo na relação solo-planta, permitindo uma
maior longevidade da pastagem para uma produtividade sustentável. Essa
associação aumenta a absorção de água e nutrientes, aumenta a tolerância
a estresses como salinidade e seca, resultando em uma planta mais vigorosa
e produtiva, o que deve ser relacionado pelo maior crescimento radicular e
melhor nutrição das plantas. Tais resultados podem ser obtidos mesmo em
condições de déficit hídrico ou baixa fertilidade, devido ao efeito hormonal
que promove a expansão do sistema radicular e a fixação biológica de
nitrogênio.
Portanto, se comparado o uso desses microrganismos com os
fertilizantes, o saldo é positivo, devido às vantagens econômicas e ao pouco
impacto ambiental.
O adubo de última geração O Brasil é o quarto maior consumidor de fertilizantes do mundo,
sendo que mais da metade desses são importados. A correção da acidez do
solo e a adubação mineral, sobretudo com N, P e K, representam a maior
parcela, normalmente acima de 30% dos custos variáveis de produção de
culturas no País. A expansão de cultivos tecnificados com espécies anuais
oleaginosas, cereais e fibras está entre as principais causas da crescente
demanda por fertilizantes e sua importação.
A realidade no campo é que, na carência de informações atualizadas
e respaldadas pelas instituições de pesquisa, é cada vez mais comum
grande número de agricultores realizarem adubações desnecessárias ou
superdimensionadas visando incrementos adicionais de produtividade,
sem maiores critérios na definição de dosagens dos fertilizantes. Por outro
lado, a eficiência do uso de fertilizantes é relativamente baixa, de modo
que as quantidades de nutrientes aplicados via fertilizantes são maiores
que as quantidades efetivamente requeridas pelas culturas. Diante desse
cenário, novas fontes e alternativas tecnológicas ou de manejo que possam
aumentar a eficiência de uso de fertilizantes e, consequentemente, reduzir
as quantidades aplicadas são de extrema importância quanto aos aspectos
econômico, ambiental e social.
Neste contexto, os fertilizantes de liberação lenta têm por objetivo
fornecer às plantas os nutrientes de forma gradual. Com isso, reduzindo
a quantidade de aplicações, reduzem-se os gastos com mão-de-obra na
aplicação e, consequentemente, minimizam os danos às sementes e ao
sistema radicular da planta, além das poucas perdas, minimizando a poluição
ao meio ambiente.
INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE, AGRÁRIAS E HUMANAS (ISAH) - Araxá - MG, Maio de 2014
13
Normalmente, nos fertilizantes de liberação lenta ou controlada, o
grânulo do fertilizante é recoberto por derivados de uréia, como poliamidas,
por uma película de enxofre elementar ou polímeros de diferente natureza.
Os adubos com polímero de disponibilidade controlada atrasam
a liberação ou incrementam a disponibilidade dos nutrientes ao longo do
tempo, através de diferentes mecanismos, sendo a disponibilização das
plantas por período maior de tempo e aumentando a absorção pelas plantas
e, assim, reduzindo as perdas por lixiviação e volatilização.
O processo de encapsulação influi diretamente no mecanismo e
intensidade do processo de liberação. A espessura e a natureza química da
resina de recobrimento, a quantidade de microfissuras em sua superfície e
o tamanho do grânulo de fertilizante também contribuem para determinar a
curva de liberação de nutrientes ao longo do tempo.
Na literatura podemos encontrar diversos tipos de fertilizantes de
liberação lenta ou controlada, que podem ser divididos em três diferentes
classes, sendo: os de primeira classe - constituídos por formulações obtidas
por intercalação de fertilizantes solúveis em argilominerais ou óxidos
hidróxidos lamelares; os de segunda classe - a liberação de fertilizante para
as plantas é realizada por meio de polímeros que podem ser biodegradados
por microrganismos presentes no solo; os de terceira classe -compreendem
os fertilizantes solúveis revestidos por materiais inertes e porosos. A liberação
do fertilizante, neste caso, é controlada por difusão através do revestimento.
Bioativadores e bioestimulantes
Os solos do Cerrado se caracterizam pelo seu alto grau de
intemperismo e, devido a esta característica, possuem boa profundidade e
são bastante permeáveis. Porém, normalmente são solos de alta acidez,
com pouca reserva de nutrientes, baixa CTC e, principalmente, com uma alta
capacidade de adsorção de ânions, especialmente os fosfatos. Na aplicação
de fertilizantes, boa parte destes nutrientes fica adsorvida nos colóides,
principalmente nos óxidos de ferro e de alumínio presentes no solo.
Nos diversos estádios da planta, como a germinação, crescimento
vegetativo, florescimento, frutificação e maturação podem ser afetados
por diversos fatores, sendo que os hormônios vegetais desempenham um
papel importante no controle do desenvolvimento dos componentes que
interferem na produtividade. Conhecer a respeito dos locais de produção,
biossínteses, vias de transporte, estrutura química, mecanismo de ação e
efeitos fisiológicos destas substâncias é importante para estudos que visam
alterar as respostas das plantas, através da manipulação destas e/ou a
aplicação de seus similares.
14
INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE, AGRÁRIAS E HUMANAS (ISAH) - Araxá - MG, Maio de 2014
Com isso, surgem os bioativadores que são compostos orgânicos, não
nutrientes, aplicados na planta, que em pequenas quantidades promovem,
inibem ou modificam os processos morfológicos e fisiológicos da planta,
através dos radicais funcionais que formam complexos orgânicos com o cálcio,
magnésio e o alumínio, neutralizando assim a sua toxidez e aumentando a
mobilidade de nutrientes no perfil do solo. Os bioativadores ocupam os sítios
de adsorção de fósforo, aumentando a sua disponibilidade para as plantas,
otimizando o uso de fertilizante e aumentando a atividade microbiológica do
solo. Os hormônios vegetais (auxinas, giberilinas, citocininas e etileno) são
fundamentais às plantas, e quando adicionados a outras substâncias como
os aminoácidos, nutrientes e vitaminas dão a origem aos bioestimulantes.
Os bioestimulantes são capazes de modificar o crescimento e atuar
na transcrição genética, na expressão gênica, ativando proteínas e enzimas
metabólicas, ou seja, alterando os processos metabólicos e fisiológicos
da planta e, consequentemente, aumentando a quantidade e a qualidade
da produção. O aumento da eficiência fotossintética promove um maior
enraizamento e a simbiose com organismos do solo e, portanto, uma maior
resposta à adubação.
Estudos mostram os benefícios dos bioativadores de solo em diversas
culturas. Em estudos realizados com a cultura do feijão, observou-se o
aumento da velocidade de germinação das plantas, o que, consequentemente,
aumentou a altura de plântulas e maior quantidade de matéria seca e parte
aérea avaliada após a semeadura. Em outros estudos realizados com a
cultura do milho, não se observaram resultados com o bioestimulante na
safra de 2009/2010 na produtividade do milho e no rendimento dos demais
itens avaliados.
Os bioativadores e bioestimulantes estão sendo muito utilizados na
agricultura, pelo fato de aumentarem a absorção de água e dos nutrientes
essenciais às plantas, conferindo-lhe ainda resistência a diversos fatores.
Porém, ainda existe um grande campo para novos estudos a fim de se
verificar a eficiência destes produtos de médio a longo prazo.
Calcário líquido
As limitações impostas pela acidez do solo podem ser solucionadas
mediante a união dos esforços das áreas de melhoramento de plantas e de
manejo do solo.
Com relação ao manejo do solo, a primeira prática necessária ao
cultivo de plantas não tolerantes à acidez é a calagem. Diversos trabalhos
têm mostrado os efeitos positivos da calagem em solos tropicais.
Além de provocar mudanças no pH, Ca, Mg e Al e aumentar a atividade
biológica e a eficiência dos fertilizantes, a calagem nestes solos resulta ainda
em: 1) aumentos das cargas dependentes de pH e, consequentemente,
INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE, AGRÁRIAS E HUMANAS (ISAH) - Araxá - MG, Maio de 2014
15
da CTC; 2) diminuição na capacidade de adsorção de fósforo; 3) indução,
dependendo da quantidade e profundidade de incorporação, de um maior
desenvolvimento do sistema radicular em profundidade. Estes efeitos são
extremamente importantes para estes solos.
Pesquisas em andamento sobre o desenvolvimento de novos produtos
destacam o carbonato de cálcio moído com partículas na granulometria
manométrica, e mais atual ainda é o recém-lançado calcário liquido.
Segundo dados fornecidos pelo fabricante, o calcário líquido é um
fertilizante fluido de alta concentração, para uso via solo, com alto teor de
corretivo de acidez de solo para as mais diversas culturas que necessitam
de calagem. Segundo o fabricante, este produto possui alta concentração
de cálcio e magnésio, solução líquida com a tecnologia de nano partículas.
Segundo dados fornecidos pelo consultor técnico da empresa fabricante do
produto, a aplicação de cinco litros do calcário líquido equivalem à aplicação
de uma tonelada do calcário em pó convencional. Segundo o consultor, o
produto em questão apresenta diversas vantagens em comparação ao
calcário convencional, sendo as principais: facilidade na aplicação, uma
vez que o mesmo pode ser aplicado via pulverização, sem necessidade de
incorporação; alta reatividade quando comparado ao calcário convencional,
além de grande solubilidade em água. Sendo assim, o produto potencializa
o efeito da correção do pH, além de fornecer Ca e Mg em concentrações
adequadas para as culturas.
Ainda não há registros comprobatórios da eficiência deste produto
em campo, sendo que há muita pesquisa a ser realizada para se conhecer
os reais efeitos deste produto no campo e sua real eficácia agronômica. De
qualquer forma, o produto surge como uma tecnologia promissora e, caso
sejam comprovados os seus resultados de forma benéfica, esta tecnologia
logo estará difundida nos mais diversos campos de produção de diferentes
cultivos agrícolas.
Referências bibliográficas
ALMEIDA, A. S.; et al. Bioativador no desempenho fisiológico de sementes
de cenoura. Revista Brasileira de Sementes, vol. 31, nº 3, 2009.
ALVAREZ V., H.V. Avaliação de fertilidade do solo: superfícies de resposta,
modelos aproximativos para expressar a relação fator-resposta. Viçosa,
Universidade Federal de Viçosa, 1994. 75p.
ALVES, G. C. Estudos da interação da Bactéria BR 11417 de Herbaspirillum
seropedicae com plantas de milho. Tese (Doutorado), Universidade Federal
Rural do Rio de Janeiro, 2011.
ASSIS, R.T.; TOMAZ, H.V.Q. O cerrado hoje e o seu potencial de produção
agrícola. In: SILVA, J.C.; SILVA, A.A.S. Sustentabilidade Produtiva do
Cerrado. Uberlândia: Composer, 2012. p. 204-219.
16
INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE, AGRÁRIAS E HUMANAS (ISAH) - Araxá - MG, Maio de 2014
BANZATTO,D.A. & KRONKA, S.N. Experimentação Agrícola. Jaboticabal,
FUNEP, 1989. 247 P.
CASTRO, P. R. C.; VIEIRA, E. L. Aplicações de reguladores vegetais na
agricultura tropical. Guaíba: Livraria e Editora Agropecuária, 2001.
COELHO, L. F.; FREITAS, S. S.; MELO, A. M. T. et al. Interação de bactérias
fluorescentes do gênero Pseudomonas e de Bacillus spp. com a rizosfera de
diferentes plantas. Revista Brasileira de Ciência do Solo, v.31, p.1413-1420, 2007.
COELHO, L. F.; FREITAS, S. S.; MELO, A. M. T.; et al. Interação de bactérias
fluorescentes do gênero Pseudomonas e de Bacillus spp. com a rizosfera de
diferentes plantas. Revista Brasileira de Ciência do Solo, v.31, p.1413-1420,
2007.
CONCEIÇÃO, O. P. et al. Resposta do milho à inoculação com bactérias
diazotróficas em solo de alto potencial produtivo no cerrado. XXXIII Congresso
Brasileiro de Solos: Uberlândia, 2010.
FONTES, M. P. F.; CAMARGO, O. A.; SPOSITO, G. Eletroquímica das
partículas coloidais e sua relação com a mineralogia de solos altamente
intemperizados. Scientia Agrícola, v.58, n.3, 2001.
GIRARDI, E.A.; MOURÃO FILHO, F.A.A. Emprego de fertilizantes de liberação
lenta na formação de pomares de citros. Revista Laranja, Cordeirópolis, v.24,
n.2, p.507-518, 2003.
HUNGRIA, M.; CAMPO, R.J.; MENDES, I.C. A importância do processo de
fixação biológica do nitrogênio para a cultura da soja: componente essencial
para a competitividade do produto brasileiro. Londrina: Embrapa Soja, 2007.
80p. (Embrapa Soja. Documentos,283). (ISSN 1516-781X; N 283).
LIBERA, A. M. D. Efeito de bioestimulantes em caracteres fisiológicos e de
importância agronômica em milho (Zea mays L.). Rio Grande do Sul: Ijuí, 2010.
QUAGGIO, J. A. A acidez e calagem em solos tropicais. Campinas, Instituto
Agronômico de Campinas, 200. 111p.
RIBEIRO, A. C.; GUIMARÃES, P. T. G.; ALVAREZ V.; V. H. (Ed.).
Recomendação para o uso de corretivos e fertilizantes em Minas Gerais.
5.aprox. Viçosa: Comissão de Fertilidade do Solo do Estado de Minas Gerais,
1999. 359 p.
RODRIGUES, H. C. S.; et al. Qualidade fisiológica de sementes de feijão
tratadas com bioativador. UFPel, 2012.
COMITÊ DE PUBLICAÇÕES
Coordenador: Dr. José Carlos da Silva
Membros: Arejacy Antônio Sobral Silva, Rafael Tadeu de Assis
Revisão de texto: Jacqueline de Souza Borges Assis
Normalização bibliográfica: Maria Clara Fonseca
E-mail: [email protected]
Versão eletrônica, junho de 2014
1ª impressão (2013): 1000 exemplares
CAPAL
CAPAL
INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE, AGRÁRIAS E HUMANAS (ISAH) - Araxá - MG, Maio de 2014
17
Circular
Técnica
03
Arejacy Antônio Sobral Silva¹
Gleuber de Oliveira Firmino²
Maria José do Amaral e Paiva²
Verônica Máximo²
Daiane Borges Martins²
Lerrane Carvalho Mingote²
¹Engº Agrº Me. Professor do
curso de Agronomia do Centro
Universitário do Planalto de
Araxá – UNIARAXÁ
²Graduando do curso de
Agronomia do UNIARAXÁ
ADUBAÇÃO ANTECIPADA
A crescente demanda mundial por alimentos e
matérias-primas exige que o sistema agrícola seja cada
vez mais eficiente, tanto na quantidade e qualidade do
que é produzido, quanto nos custos de produção. Nesse
contexto, há uma busca por novas formas de manejo
que permitam que esse objetivo seja alcançado. Dentre
muitos assuntos, a prática da adubação é um dos mais
discutidos, pois ainda há muita divergência sobre quando
e como adubar. Atualmente, uma técnica que está sendo
muito usada e merece atenção, é a adubação antecipada,
que consiste na aplicação, em pré-semeadura, dos
nutrientes que seriam fornecidos nas adubações de
plantio e cobertura, podendo ser realizada no cultivo do
milho para as mais diversas finalidades (silagem, grãos,
milho-verde, etc.). Dessa forma, aumenta-se o rendimento
operacional da semeadora, pois reduz-se o tempo de
parada para abastecimento, reduzindo também o número
de conjuntos trator-semeadora e os custos operacionais,
o que gera aumento na receita líquida se comparado ao
sistema tradicional. Além disso, a eliminação da adubação
de cobertura traz benefícios à qualidade do “stand” da
lavoura, uma vez que a entrada de maquinário após o
estabelecimento da cultura para realizar essa operação
resulta no pisoteio e consequente perda de plantas.
Para que o verdadeiro propósito da adubação
antecipada seja atingido, toda a quantidade de nitrogênio
(N), fósforo (P) e potássio (K) requerida pelas culturas,
deveria ser aplicada ao solo antes da semeadura. Entretanto,
muitos produtores ainda não adotaram totalmente a
essência dessa prática, antecipando apenas um ou dois
dos nutrientes citados e o restante fornecido no plantio ou
até mesmo em cobertura, comprometendo vários objetivos
da adubação antecipada, seja por falta de conhecimento
sobre a técnica ou por limitações em sua propriedade. O
ideal seria realizar a aplicação a lanço, antes do plantio,
de um fertilizante formulado que atendesse às demandas
INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE, AGRÁRIAS E HUMANAS (ISAH) - Araxá - MG, Maio de 2014
19
nutricionais de N, P e K da cultura que será plantada e que utilizasse fontes
que são menos sujeitas às perdas causadas pela interação com o solo e com
os fatores climáticos. Assim, aumenta-se significativamente o rendimento
do maquinário, reduzindo os custos. Porém, deve-se também garantir o
aproveitamento dos nutrientes aplicados, recomendando-se, em alguns
casos, onde as características do terreno exigirem, optar pela incorporação
do fertilizante.
Com relação às fontes dos nutrientes, o produtor deve optar pela que
ofereça maior proteção contra os fatores climáticos e interações com o solo e
que também apresente custo favorável. No caso do N, deve-se avaliar quais
os riscos envolvidos, pois cada uma das diferentes fontes desse nutriente
possuem vantagens e desvantagens específicas. A ureia quando aplicada
sobre a superfície do solo pode sofrer grandes perdas por volatilização já o
nitrato de amônio apresenta menores perdas por volatilização, mas possui
custo mais elevado e pode ser perdido com mais facilidade por lixiviação,
principalmente em situações de alta pluviosidade e solos mais arenosos e o
sulfato de amônio, apesar de ser mais caro que a ureia, tem menores perdas
por volatilização e está menos sujeito à lixiviação, se comparado ao nitrato de
amônio, além de conter enxofre. Assim, para a escolha da fonte de N, devese considerar a forma de aplicação, o tipo de solo e as condições climáticas
no momento da aplicação. Já no caso do P e do K, suas fontes mais usuais
não apresentam grandes diferenças perante os fatores causadores de
perdas. Deve-se, então, optar pelo que apresente custo menor por unidade
de P solúvel, por exemplo, mono amônio fosfato, superfosfato simples e
superfosfato triplo para o P, e o cloreto de potássio para o K.
Devido às complexas interações do N no solo, sua aplicação
antecipada ainda não é tão difundida quando comparada à P e K. Outro fator
que contribui para que a aplicação antecipada de P e K seja mais comumente
vista e estudada é a adoção do uso de inoculantes na cultura da soja, o que
eliminou a adubação nitrogenada em seu cultivo.
Firmino e colaboradores em trabalho realizado no campo experimental
do curso de agronomia do Uniaraxá – MG, verificaram que o desenvolvimento
e a produção do milho, quando se aplicou ureia incorporada a cinco
centímetros de profundidade dez dias antes do plantio, foi semelhante ao
sistema tradicional, mostrando que essa alternativa pode ser usada no
cultivo do milho nessa região. Resultados semelhantes, porém com o feijão,
foram observados por outros autores, sendo que a época de aplicação do
fertilizante nitrogenado não influenciou os parâmetros biométricos das plantas,
utilizando ureia como fonte de nitrogênio, incorporada a cinco centímetros de
profundidade, realizando aplicações antecipadas com cinco e dez dias antes
do plantio. Guareschi e colaboradores também não observaram diferença
entre a adubação fosfatada e potássica em semeadura e a lanço antecipada,
20
INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE, AGRÁRIAS E HUMANAS (ISAH) - Araxá - MG, Maio de 2014
para a cultura da soja cultivada em Rio Verde – GO. É importante ressaltar
que quanto mais próximo do plantio for realizada a adubação antecipada,
menor será o risco de perda dos nutrientes pela menor exposição aos fatores
ambientais.
Apesar de os estudos mostrarem que a adubação antecipada pode
ser uma alternativa, é necessário que esta seja efetuada de maneira bastante
criteriosa, para que não se torne fonte de problemas que podem resultar em
prejuízos na safra e impactos ambientais. Os fertilizantes, ao serem aplicados
ao solo, estão sujeitos a inúmeras interações físicas e químicas, tais como
lixiviação, volatilização, fixação e imobilização, dependendo do nutriente e da
fonte utilizada e também das características do solo. Cantarella e Duarte são
pesquisadores e afirmam que a aplicação antecipada do nitrogênio pode ser
uma prática de risco em solos arenosos, devido a sua maior suscetibilidade
a perdas por lixiviação. Kurihara e Hernani também afirmam que a adubação
antecipada só deve ser feita em solos com alta fertilidade e com teores
de P e K acima dos níveis críticos; caso contrário, isso pode interferir na
disponibilidade desses nutrientes às plantas e comprometer a sua produção.
Assim, a adubação antecipada teria a finalidade de repor os nutrientes que
serão exportados, mantendo a fertilidade do solo, uma vez que a cultura
implantada usará os nutrientes já existentes no solo.
Para que a eficiência da adubação antecipada seja garantida, além de
seguir os cuidados citados acima, temos ainda duas ferramentas importantes
que podem colaborar com essa técnica, o sistema de plantio direto (SPD) e
os fertilizantes de liberação controlada.
Adubação antecipada no SPD
No sistema de plantio direto, usando-se o método de adubação
tradicional, a quantidade de N recomendada na semeadura pode ser
insuficiente para atender às exigências nutricionais das plantas nos
estádios iniciais devido à carência de N na fase inicial causada pelo efeito
da imobilização do N mineral. Dessa forma, a adubação antecipada pode
ser uma solução para esse problema. O N aplicado antecipadamente pode
ser momentaneamente imobilizado pela matéria orgânica, sobretudo pelos
resíduos com alta relação carbono / nitrogênio (C/N), mas como teve sua
aplicação antecipada, há tempo suficiente para que se torne disponível para
a cultura subsequente.
Nota-se que há um benefício mútuo entre essas duas técnicas.
Assim como a adubação antecipada soluciona o problema causado pela
imobilização do nitrogênio, o SPD, por sua vez, contribui para a melhoria
da fertilidade do solo, possibilitando, assim, que fósforo e potássio também
sejam aplicados antecipadamente, com segurança. Além disso, o SPD
INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE, AGRÁRIAS E HUMANAS (ISAH) - Araxá - MG, Maio de 2014
21
possibilita um sistema produtivo mais sustentável, reduzindo a liberação de
carbono para a atmosfera, devido à cobertura do solo pela palha, e também
reduzindo a emissão de gases dos combustíveis fósseis pela diminuição das
operações mecanizadas.
Outro aspecto positivo que a adubação antecipada pode trazer ao
SPD é propiciar maior produção de massa das plantas de cobertura. Quando
se adota o SPD, uma maneira de se antecipar a adubação é aplicando
parte do fertilizante ainda no cultivo da cobertura verde, o que possibilita
o melhor desenvolvimento dessas plantas, produzindo uma boa palhada.
Em um estudo conduzido pela Embrapa Solos, em Turvelândia – GO, após
um cultivo de soja, foi feito o plantio do milheto na primavera e algodão no
verão. Foram feitas comparações entre as adubações, antecipada realizada
ainda no cultivo do milheto e na linha de plantio do algodão. Os resultados
do experimento mostraram que a adubação potássica realizada durante
o cultivo do milheto foi benéfica, pois estimulou a produção de fitomassa.
O milheto respondeu com um aumento de 45% de produção de matéria
seca. Verificou-se também outra vantagem do sistema, pois para atingir
produtividades próximas daquelas com a antecipação, o produtor deveria
optar por 2 parcelamentos, o que tornaria o custo de produção mais alto.
É importante ressaltar que no SPD a cobertura verde também
tornará mais eficiente a ciclagem de nutrientes, reforçando a ideia de que
a adubação tenha a finalidade de manter a fertilidade do solo em níveis
satisfatórios. Assim, podemos afirmar que a adoção do SPD, juntamente com
a antecipação da adubação, possibilita uma ação sistêmica, e não apenas
pontual como no sistema tradicional.
Fertilizantes de liberação controlada
Levando em conta que a prática da adubação antecipada faz com
que os fertilizantes aplicados permaneçam por mais tempo expostos aos
agentes químicos e físicos responsáveis pelas perdas em sua eficiência e
também por possíveis impactos ambientais, o uso de fertilizantes de liberação
controlada ou revestidos, pode contribuir muito para que esses problemas
sejam minimizados.
Os fertilizantes de liberação controlada são recobertos por substâncias
orgânicas, inorgânicas ou resinas sintéticas. Tais substâncias são, em sua
maioria, derivadas de ureia, como poliamidas, de enxofre elementar ou,
ainda, de polímeros das mais diversas naturezas. A espessura e a natureza
química da resina de recobrimento, a quantidade de microfissuras em sua
superfície e o tamanho do grânulo do fertilizante determinam a taxa de
liberação de nutrientes ao longo do tempo. O emprego desses fertilizantes
tem por finalidade disponibilizar os nutrientes para as culturas por um período
22
INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE, AGRÁRIAS E HUMANAS (ISAH) - Araxá - MG, Maio de 2014
de tempo mais longo, na medida da necessidade da planta, otimizando a
absorção e reduzindo as perdas.
As principais vantagens dos fertilizantes de liberação controlada são:
fornecimento regular e contínuo de nutrientes na época necessária para as
plantas; menor frequência de aplicações; redução de perdas de nutrientes
por lixiviação, desnitrificação, imobilização e ainda volatilização; eliminação
de danos causados às sementes e raízes por altas concentrações de sais;
maior praticidade no manuseio de fertilizantes; redução da poluição ambiental
pelo nitrato e redução nos custos de produção.
Fukuda e colaboradores verificaram a viabilidade da aplicação a
lanço de ureia revestida por polímeros antecipadamente à semeadura, em
relação à técnica tradicional de adubação de plantio e cobertura. Em outro
estudo desenvolvido por Guareschi e colaboradores, a aplicação a lanço
de superfosfato triplo e cloreto de potássio, revestidos por polímeros, 15
dias antes da semeadura, conferiu maior produção de massa seca, número
de vagens por planta e produtividade de grãos de soja em relação aos
fertilizantes convencionais. Sendo assim, percebe-se que os fertilizantes
revestidos por polímeros são mais eficientes para garantir a nutrição mineral
das plantas quando se visa a uma aplicação antecipada à semeadura.
Apesar do grande potencial dos fertilizantes de liberação controlada
para aumentar a eficiência de aproveitamento dos nutrientes, o uso de
tais produtos ainda é limitado por apresentar custos mais altos quando
comparados aos fertilizantes convencionais. Por isso, um maior número
de estudos deve ser realizado, avaliando-se a eficiência da adubação
antecipada, assim como os fertilizantes de liberação controlada, nas mais
variadas culturas, envolvendo-se nitrogênio, fósforo e potássio, para que os
benefícios dessa técnica sejam aproveitados ao máximo.
Referências bibliográficas
CANTARELLA, H.; DUARTE, A.P. Manejo da fertilidade do solo para a cultura
do milho. In: GALVÃO, J. C. C.; MIRANDA, G. V., ed. Tecnologia de produção
de milho. Viçosa, MG, Universidade Federal de Viçosa, 2004. p.139- 182.
COLLAMER, D. J. et al., Sulfato de Amônio. In: IPNI. Informações Agronômicas
nº 120. Piracicaba – SP: International Plant Nutrition Institute – Brasil, 2007.
p. 7-8.
FACRE, W. R. Ureia. In: IPNI. Informações Agronômicas nº 120. Piracicaba
– SP: International Plant Nutrition Institute – Brasil, 2007. p. 5-6.
FIRMINO, G. O.; SILVA, A. A. S.; PAIVA, M. J. A.; et al., S. Avaliação do
Desenvolvimento de Plantas de Milho em Resposta à Antecipação da
Adubação Nitrogenada. In: Mostra de Pesquisa do Uniaraxá,11., 2012, Araxá
– MG.
INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE, AGRÁRIAS E HUMANAS (ISAH) - Araxá - MG, Maio de 2014
23
FONSECA, A. W. Adubação Antecipada de Nitrogênio na Cultura do Feijão.
2011. 35p. Trabalho de conclusão de curso (Graduação em Agronomia).
Centro Universitário do Planalto de Araxá. Araxá – MG, 2011.
FUKUDA, A. J. F. et al. Avaliação dos Parâmetros Biométricos das Diferentes
Fontes de Uréia Revestida com Polímeros. In: CONGRESSO NACIONAL
DE MILHO E SORGO, 29. Agosto 2012, Águas de Lindóia. Anais..., Versão
eletrônica.
GIRARDI, E. A.; MOURÃO FILHO, F. A. A. Emprego de fertilizantes
de liberação lenta na formação de pomares de citros. Revista Laranja,
Cordeirópolis, v.24, n.2, p.507-518, 2003.
GUARESCHI, R. F. et al.
Adubação fosfatada e potássica na semeadura e
a lanço antecipada na cultura da soja cultivada em solo de Cerrado. Semina:
Ciências Agrárias, Londrina, v. 29, n. 4, p. 769-774, out./dez. 2008.
GUARESCHI, R. F. et al. Adubação Antecipada na Cultura da Soja com
Superfosfato Triplo e Cloreto de Potássio Revestidos por Polímeros. Ciênc.
agrotec., Lavras, v. 35, n. 4, p. 643-648, 2011.
KURIHARA, C. H.; HERNANI, L. H. Adubação da soja em plantio direto requer
observação de alguns critérios. Revista Campo e Negócios, n. 4, 2011.
MATOS, M. A.; SALVI, J. V.; MILAN, M. Pontualidade na operação de
semeadura e a antecipação da adubação e suas influências na receita
líquida da cultura da soja. Engenharia Agrícola, Jaboticabal, v.26, n.2, p.493501, 2006.
MESQUITA, L. A .V. Nitrato de Amônio. In: IPNI. Informações Agronômicas
nº 120. Piracicaba – SP: International Plant Nutrition Institute – Brasil, 2007.
p. 6-7
SILVA, A. A. S. Fertilidade dos solos e produção de alimentos no cerrado.
In: SILVA, J.C.; SILVA, A.A.S. Sustentabilidade Produtiva do Cerrado.
Uberlândia: Composer, 2012. p. 187-203.
SILVA, E. C.; TAKASHI, M.; BUZETTI, S.; et al. Manejo de nitrogênio no
milho sob plantio direto com diferentes plantas de cobertura, em Latossolo
Vermelho. Pesq. Agropec. Bras. 41:477-486, 2006.
COMITÊ DE PUBLICAÇÕES
Coordenador: Dr. José Carlos da Silva
Membros: Arejacy Antônio Sobral Silva, Rafael Tadeu de Assis
Revisão de texto: Jacqueline de Souza Borges Assis
Normalização bibliográfica: Maria Clara Fonseca
E-mail: [email protected]
Versão eletrônica, junho de 2014
1ª impressão (2013): 1000 exemplares
24
CAPAL
CAPAL
INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE, AGRÁRIAS E HUMANAS (ISAH) - Araxá - MG, Maio de 2014
Circular
Técnica
04
Rafael Tadeu de Assis¹
Vidiane P. Zineli²
Ronaldo Eurípedes da Silva²
Watus Cleigson Alves da Costa²
Igor Olivato²
¹Engº Agrº Me. Professor do
curso de Agronomia do Centro
Universitário do Planalto de
Araxá – UNIARAXÁ
²Graduando do curso de
Agronomia do UNIARAXÁ
ARRANJO ESPACIAL DE PLANTAS
NA CULTURA DA SOJA
As várias alternativas de combinações de
espaçamentos e densidades de plantas podem ser definidas
como “arranjo de plantas”, ou seja, é a forma como as
plantas estão distribuídas na área, o espaçamento entre
linhas e a distribuição de plantas na linha. Teoricamente,
o melhor arranjo de plantas é aquele que proporciona
uma distribuição mais uniforme das plantas na linha de
semeadura, possibilitando melhor utilização da luz, água
e nutrientes.
Dentre as práticas empregadas para a obtenção de
maior produtividade nos cultivos agrícolas, destacam-se a
escolha da densidade adequada de semeadura e do melhor
arranjo entre as plantas. Em função disso, é que se procura
diminuir os espaços entre as fileiras de plantas e aumentar
a quantidade de plantas por área, buscando aumentar a
produtividade de grãos. Para aumentar a densidade de
semeadura, tem-se também que observar alguns fatores
como a cultivar, o nível de fertilidade, a umidade do solo e
o grau de tecnologia a ser usado.
Outro item relacionado com o aumento do número
de plantas por unidade de área é a redução do espaçamento
entre fileiras. A diminuição do espaçamento entre as linhas
de plantas está diretamente relacionada com a competição
com as plantas daninhas, em que o menor espaçamento
entre linhas irá dificultar sua germinação e estabelecimento.
A redução do espaçamento também permite melhor
arranjo e distribuição espacial das plantas, possibilitando
assim, melhor absorção de nutrientes e melhor absorção
de água. Atualmente, novas tecnologias de plantio veem
ganhando cada vez mais seguidores, sendo as que mais
se destacam: o plantio cruzado, o plantio em linhas duplas
e o adensamento de plantas na linha de cultivo. Neste
informativo discutiremos os principais pontos relacionados
a estas diferentes tecnologias.
INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE, AGRÁRIAS E HUMANAS (ISAH) - Araxá - MG, Maio de 2014
25
Densidade convencional de plantio da cultura da soja
O plantio de uma lavoura deve ser muito bem planejado, pois
determina o início de um processo de cerca de 130 dias e que afetará todas
as operações envolvidas, além de determinar as possibilidades de sucesso
ou insucesso da lavoura. A densidade de plantio varia, basicamente,
com a cultivar e com a disponibilidade de água e nutrientes. Uma análise
das cultivares de soja disponíveis mostra que a densidade normalmente
recomendada pode variar entre 300.000 a 320.000 plantas por hectare ou
30 a 32 plantas por m². Variações de 20% nesse número, para mais ou para
menos, não alteram significativamente o rendimento de grãos para a maioria
dos casos, desde que as plantas sejam distribuídas uniformemente, sem
muitas falhas.
O cuidado com a distribuição de sementes nas fileiras, a profundidade
do plantio e o espaçamento entre fileiras são fatores determinantes para a
obtenção da máxima qualidade de plantio e seu efeito sobre as operações
subsequentes e a produtividade da lavoura. Nas épocas indicadas de
semeadura, devem ser empregados espaçamentos de 20 a 60 cm entre
as fileiras. Em condições que favorecem a ocorrência de acamamento de
plantas, pode-se corrigir o problema, sem afetar o rendimento, reduzindose a população em 20%. Por outro lado, quando a semeadura é realizada
tardiamente - no final da época indicada - sugere-se o acréscimo de 20%
na população de plantas, com vistas a compensar a redução de estatura da
planta em função do encurtamento do subperíodo vegetativo.
Em função de avanços nos sistemas de semeadura, desde a maior
precisão das semeadoras, de cultivares mais adaptadas, de melhoria da
capacidade produtiva dos solos, de adoção de práticas conservacionistas,
de cobertura vegetal do solo e da semeadura direta, entre outros fatores, a
população padrão de plantas de soja foi reduzindo gradativamente nas últimas
décadas, partindo de uma população de 400 mil para, aproximadamente,
300 mil plantas por hectare, porque as condições acima permitem melhor
crescimento e maior rendimento por planta. Esse número de plantas pode
variar, ainda, em função da cultivar e/ou do regime de chuvas da região no
período de implantação e de crescimento das plantas e da data de semeadura.
Além destes, outros fatores são fundamentais para a obtenção do
máximo da expressão do potencial produtivo das cultivares visando ao
aumento da produtividade e rentabilidade da cultura, tais como o tipo de solo,
profundidade, topografia, irrigação, adubação, calagem, irrigação, controle
de doenças, pragas e plantas invasoras.
26
INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE, AGRÁRIAS E HUMANAS (ISAH) - Araxá - MG, Maio de 2014
Plantio cruzado
Uma nova prática agrícola que está ganhando projeção entre os
sojicultores é o plantio cruzado. O plantio cruzado surgiu no Brasil através dos
arremates dos talhões de soja, onde algumas linhas se cruzavam e formavase um xadrez. Aos poucos alguns produtores começaram a observar que
estas plantas passaram a produzir ainda mais com este adensamento, e
resolveram fazer pequenos testes em suas propriedades.
O plantio cruzado consiste em se cruzar linhas de forma que se
desenhe na lavoura um tabuleiro de xadrez. Esta prática vem sendo testada
por vários produtores brasileiros e muitos garantem sua eficácia. Alguns
produtores apenas aumentam de 20 a 50% o número de plantas por hectare
enquanto outros dobram não só a população, como a adubação. A colheita
ocorre da mesma maneira que em uma lavoura com as linhas paralelas,
porém no plantio é necessário a passagem da plantadeira duas vezes na
área para cruzar as linhas.
Escolhendo um cultivar de qualidade e que seja resistente ao
acamamento, combinado a um bom manejo, é muito provável que o produtor
eleve sua produção. Como o número de plantas aumenta na área, irá
ocorrer maior competição entre plantas, o que induzirá a lavoura a ganhar
maior altura, daí a importância de um cultivar resistente ao acamamento.
Outro ponto que deve ser observado é a incidência de pragas e doenças,
já que neste sistema as plantas ficarão mais propensas a esse ataque
devido ao microclima criado pelo arranjo de plantas; logo, é necessário um
monitoramento maior para evitar grandes perdas na produção. Deve haver
cuidados também com o solo que sofre com a compactação ocasionada pela
plantadeira por passar duas vezes dentro da mesma área.
É necessário analisar o custo-benefício desta prática, pois o
investimento em sementes e insumos será maior, e a produção não depende
só do plantio, os cuidados ao longo do ciclo são essenciais para garantir
a qualidade do grão. Recomenda-se aumentar de 20 a 50% da população
de sementes por hectare, induzindo a planta a aumentar seu potencial
individual. Também não é necessário dobrar a adubação, somente aumentar
proporcionalmente. O espaçamento entre linhas é o mesmo que em uma
lavoura de linhas paralelas, de 45 a 50 cm, e é necessário ficar atento ao
ataque de pragas para que seja combatido no início.
A lavoura aumentará sua produtividade, não só pelo maior número de
plantas, mas também pela melhor distribuição destas na área.
INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE, AGRÁRIAS E HUMANAS (ISAH) - Araxá - MG, Maio de 2014
27
Plantio em linhas duplas
A utilização correta do espaçamento para as diversas culturas
agrícolas é prática cultural de baixo custo e de fácil entendimento e adoção
pelos agricultores. O uso do espaçamento adequado de plantas, além
de contribuir para maximizar a produtividade, uniformiza a maturação,
interferindo, ainda, sobre o controle de plantas daninhas e pode representar
uma estratégia importante para a utilização mais eficiente de alguns fatores
de produção, como luz, água e nutrientes.
O rendimento máximo que pode ser alcançado pela soja é determinado
pela otimização da capacidade da planta de maximizar a interceptação da
radiação solar durante os estádios vegetativo e reprodutivo. A radiação solar
é elemento primordial na exploração agrícola, e a máxima exploração da
energia solar, ou seja, sua transformação e fixação na forma de substâncias
fotossintetizadas é o que se busca na agricultura.
Sendo assim, a busca por arranjos espaciais nos quais a planta
consiga interceptar a radiação solar de forma mais eficiente e com isso
consiga alcançar maiores patamares produtivos, sem interferir drasticamente
nos métodos de manejo, tem sido alvo intenso de pesquisas. Observando os
resultados de produtividade de alguns produtores, verificamos que o plantio
cruzado mostrou-se uma tecnologia eficiente para ampliar a produção por
área. Porém, as dificuldades operacionais nos tratos culturais da lavoura
dificultam a expansão desta tecnologia e abre as portas para estudos
relacionados a novas formas de disposição das linhas de plantio.
Resultados de produtividade obtidos em outros países, onde o plantio
em linhas duplas já é uma realidade, levam-nos a admitir que esta tecnologia
poderá se encaixar perfeitamente nas ambições relacionadas ao aumento
de produtividade, além de ser operacionalmente mais fácil de realizar com o
maquinário disponível.
O plantio em fileiras duplas já é utilizado com sucesso em outros
cultivos para facilitar algumas práticas de manejo. Esta tecnologia de plantio
em fileiras duplas oferece as seguintes vantagens: a) facilita a mecanização;
b) reduz a pressão de cultivo sobre o solo; e c) facilita a inspeção fitossanitária
e a aplicação de defensivos.
Entendem-se como linhas duplas para a cultura da soja, aquelas
agrupadas em duas linhas distanciadas de 0,30 m, mantendo-se a distância
de 0,50 m entre as linhas duplas das linhas duplas localizadas ao lado.
28
INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE, AGRÁRIAS E HUMANAS (ISAH) - Araxá - MG, Maio de 2014
Entendem-secomo
comolinhas
linhasduplas
duplaspara
paraaacultura
culturada
dasoja,
soja,aquelas
aquelasagrupadas
agrupadasem
em
Entendem-se
duas linhas
linhas distanciadas
distanciadasde
de0,30
0,30m,
m,mantendo-se
mantendo-seaadistância
distânciade
de0,50
0,50mmentre
entreasaslinhas
linhas
duas
duplas das
das linhas
linhasduplas
duplaslocalizadas
localizadasao
aolado.
lado.
duplas
Foto:
GDT
(Grupo
de
de
Foto: GDT
(Grupo
de Desenvolvimento
de Tecnologia)
Foto:
GDT
(Grupo
deDesenvolvimento
Desenvolvimento
deTecnologia)
Tecnologia)
Soja super adensada
Soja
Soja super
super adensada
adensada
De com
acordo
com as indicações
técnicas
para
cultivo
da soja na
De
as
técnicas
oocultivo
da
na
De acordo
acordo
com
asindicações
indicações
técnicaspara
para
cultivo
daosoja
soja
naregião
região
região
Centro-Sul
do
Brasil,
o
espaçamento
entrelinhas
a
ser
praticado
Centro-Sul
Centro-Sul do
do Brasil,
Brasil, ooespaçamento
espaçamentoentrelinhas
entrelinhasaaser
serpraticado
praticadovaria
variadede2020a a varia
50
cm.
Essa
recomendação
é
um
tanto
ampla,
visto
que
diferenças
fisiológicas
20recomendação
a 50 cm. Essa érecomendação
é um
tanto
visto
que diferenças
50 cm. de
Essa
um tanto ampla,
visto
que ampla,
diferenças
fisiológicas
ee edafoclimáticas
estão
em
questão
no
momento
da
escolha
da
fisiológicas estão
e edafoclimáticas
em questão
momento
da escolha da
edafoclimáticas
em questãoestão
no momento
da no
escolha
dadistância
distância
entrelinhas.
Apesar
de
número
de
trabalhos
sobre
o otrabalhos
assunto,
entrelinhas.
Apesar
deexistir
existirum
umgrande
grande
número
de
trabalhos
sobre
assunto,sobre
distância
entrelinhas.
Apesar
de existir
um
grande
número
de
ainda
oovolume
e,e,principalmente,
aaconsistência
das
ainda ééoinsuficiente
insuficiente
volume
principalmente,
consistência
dasinformações
informações
assunto, ainda
é insuficiente
o volume
e, principalmente,
a consistência
geradas
sobre
oo arranjo
de
na
levando
em consideração
aa
geradasdas
sobre
arranjogeradas
de plantas
plantas
naolavoura,
lavoura,
levando
informações
sobre
arranjo de
plantasem
naconsideração
lavoura, levando
em
diversidade
varietal,
no
que
tange
às
questões
relacionadas
ao
progresso
das
diversidade
varietal, no
que tange às
questões
relacionadas
ao
progresso
das
consideração
a
diversidade
varietal,
no
que
tange
às
questões
relacionadas
doenças.
doenças. AA escolha
escolha do
do genótipo
genótipo utilizado
utilizadopassa
passaaaser
serpreponderante
preponderantepara
paraa a
aodo
progresso
dasplantas
doenças.
Aárea,
escolha
do genótipo
utilizado
passa a ser
definição
arranjo
de
na
levando
em
conta
que
algumas
definição do arranjo de plantas na área, levando em conta que algumas
preponderante
para
a definição
do
arranjo
cultivares
respondem
adensamento
eeoutras
não.
cultivares
respondemao
ao
adensamento
outras
não.de plantas na área, levando em
O
estreitamento
das
entrelinhas
pode
estabelecer
características
conta
que algumasdas
cultivares
respondem
adensamento
e outras não.
O
estreitamento
entrelinhas
pode ao
estabelecer
características
diferenciadas
do
ponto
de
vista
da
patogênese,
fisiologia
da
planta
O ponto
estreitamento
das
entrelinhas
pode estabelecer
características
diferenciadas do
de vista da
patogênese,
fisiologia
da plantae etecnologia
tecnologia
de
O
entrelinhas
estabelece
condições
diferenciadas
dofechamento
ponto de das
vista
da patogênese,
fisiologia
da de
planta
e
de aplicação.
aplicação.
O rápido
rápido
fechamento
das
entrelinhas
estabelece
condições
de
tecnologia de aplicação. O rápido fechamento das entrelinhas estabelece
condições de menor circulação de ar e maior umidade, podendo favorecer a
incidência de doenças.
A condição mais favorável para a patogênese se estabelece
principalmente no terço inferior pelo microclima formado abaixo da camada
de folhas, onde a amplitude térmica é menor e o orvalho tem sua evaporação
retardada, determinando um tempo de molhamento foliar superior a 10 horas
por dia, ideal para a germinação e infecção do esporo. A cobertura do solo mais
rápida devido ao menor espaçamento entrelinhas proporciona maior umidade
no interior do dossel, culminando em aumento da severidade da doença.
Além disso, características fisiológicas do terço médio e inferior podem estar
sendo suprimidas ou pouco exploradas agronomicamente, devido ao arranjo
de plantas inadequado à cultivar. O sombreamento precoce das folhas do
terço médio e, principalmente, inferior da planta, causado pelo estreitamento
entrelinhas, pode acelerar a senescência de folhas, prejudicando o potencial
produtivo da cultura.
INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE, AGRÁRIAS E HUMANAS (ISAH) - Araxá - MG, Maio de 2014
29
Por tudo isso, há notável dificuldade de proteção química em
todo o dossel da planta, principalmente dos terços médio e inferior. Com
a penetração e cobertura de gotas prejudicadas, o ingrediente ativo não
consegue atingir o alvo em quantidade e qualidade adequadas, reduzindo o
residual de controle, obrigando a uma nova aplicação e, consequentemente,
encurtando o intervalo entre aplicações.
Referências bibliográficas
ARANTES, N. E.; SOUZA, P. M. Cultura da soja nos Cerrados. Belo Horizonte:
POTAFOS, 1993. 535 p.
BONATO, E.R.; BONATO, A.L.V. A soja no Brasil: história e estatística.
Londrina: EMBRAPA-CNPSo, 1987. 61 p. (EMBRAPA-CNPSo. Documentos,
21).
BARNI, N. A.; GOMES, J. E. S.; GONÇALVES, J. C. Efeito da época de
semeadura, espaçamento e população de plantas sobre o desempenho
da soja (Glicyne max (L.) Merrill), em solo hidromórfico. Agronomia
Sulriograndense, v. 21, n. 2, p. 245 - 296, 1985.
CÂMARA, G. M. S. Desempenho produtivo dos cultivares de soja IAC-17,
IAC-12 e IAC-19, semeados em três épocas de semeadura e em cinco
densidades de plantas. Piracicaba, 1998a. 165 p. Tese (Livre-Docência) –
Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Universidade de São Paulo.
CÂMARA, G. M. S. Fenologia da soja. Informações Agronômicas, n. 82, p.
1 - 6, 1998b.
CÂMARA, G. M. S.; HEIFFIG, L. S. Fisiologia, ambiente e rendimento da
cultura da soja. In: CÂMARA, G. M. S. (Ed.). Soja: tecnologia da produção.
Piracicaba: ESALQ/LPV, 2000. p. 81-120.
EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA. Centro Nacional
de Pesquisa da Soja. Recomendações técnicas para a cultura da soja na
região Central do Brasil. Londrina: Embrapa, 2011. 247 p.
HEIFFIG, L. S. Plasticidade da cultura de sojan (Glycine max (L.) Merrill)
em diferentes arranjos espaciais. Dissertação 2002. Dissertação (Mestrado
em Fitotecnia) – Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” – USP.
Piracicaba, 2002.
HEIFFIG, S.L.; CÂMARA, S.M.G.; MARQUES, A.L.; et al. Fechamento e
índice de área foliar da cultura da soja em diferentes arranjos espaciais.
Bragantia, Campinas v.65, n.2, p.285-295, 2006.
NAKAGAWA, J.; MACHADO, J.R.; ROSOLEM, C.A. Efeito da densidade de
30
INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE, AGRÁRIAS E HUMANAS (ISAH) - Araxá - MG, Maio de 2014
plantas no comportamento de cultivares de soja. Científica, v.15, n.112, p.2336, 1987.
PELUZIO, J. M.; GOMES, R. S.; ROCHA, R. N. C.; et al. Densidade
e espaçamento de plantas de soja cultivar Conquista em Gurupi -TO.
Bioscience Journal, v. 16, n. 1, p. 3 - 13, 2000.
PIRES, J. L. F.; COSTA, J. A.; THOMAS, A. L. Rendimento de grãos de
soja influenciado pelo arranjo de plantas e níveis de adubação. Pesquisa
agropecuária Gaúcha, v.4, n. 2, p. 89 - 92, 1998.
PIRES, J. L. F.; COSTA, J. A.; THOMAS, A. L.; et al. Efeito de populações e
espaçamentos sobre o potencial de rendimento da soja durante a ontogenia.
Pesquisa Agropecuária Brasileira, v. 35, n. 8, p. 1541 - 1547 2000.
POTAFÓS. Como a planta de soja se desenvolve. Piracicaba. Arquivo do
Agrônomo. n.11, p.11- 21. 1997.
RAMBO, L.; COSTA, J.A.; PIRES, J.L.P.; et al. Rendimento de grãos da
soja em função do arranjo de plantas. Ciência Rural, Santa Maria, v.33, n.3,
p.405-411, maio-jun, 2003.
TOURINO, M.C.C.; REZENDE, P.M.; SALVADOR, N. Espaçamento,
densidade e uniformidade de semeadura na produtividade e características
agronômicas da soja. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasileira, v.37, n.8
p.1071-1077, 2002.
VINTMIMIGLIA, L. A.; COSTA, J. A.; THOMAS, A.L.; et al. Potencial de
rendimento da soja em razão da disponibilidade de fósforo no solo e dos
espaçamentos. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília/DF, V.34, n.2,
p.195-199, fev.1999.
COMITÊ DE PUBLICAÇÕES
Coordenador: Dr. José Carlos da Silva
Membros: Arejacy Antônio Sobral Silva, Rafael Tadeu de Assis
Revisão de texto: Jacqueline de Souza Borges Assis
Normalização bibliográfica: Maria Clara Fonseca
E-mail: [email protected]
Versão eletrônica, junho de 2014
1ª impressão (2013): 1000 exemplares
CAPAL
CAPAL
INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE, AGRÁRIAS E HUMANAS (ISAH) - Araxá - MG, Maio de 2014
31
Circular
Técnica
05
Arejacy Antônio Sobral Silva¹
Thayse Souza Lara²
Ivanice Aparecida Ribeiro²
Nayara Aparecida da Silva²
Amarildo José Carneiro Filho²
Rodrigo Tavares Ferreira²
João Vitor Cassiano Alves
Gabriotti²
João Sanches Cardoso²
¹Engº Agrº Me. Professor do
curso de Agronomia do Centro
Universitário do Planalto de
Araxá – UNIARAXÁ
²Graduando do curso de
Agronomia do UNIARAXÁ
ADUBAÇÃO VERDE: UM PASSO PARA
UMA AGRICULTURA SUSTENTÁVEL
Há décadas, a fertilização do solo, em busca da
maior produção em lavouras, vem sendo utilizada por
produtores rurais. Os adubos verdes são uma valiosa
fonte de nutrientes que proporcionam à cultura implantada
rendimentos em produção de forma ecologicamente
correta, além de melhorar as características químicas,
físicas e biológicas do solo.
A revolução verde ficou marcada pela expansão
e modernização da agricultura nacional, porém houve
consequências negativas como o empobrecimento do
solo, aumento da erosão, aumento de custos, entre
outros, devido à ausência de práticas conservacionistas.
O discurso pela agricultura sustentável tem ressuscitado
práticas como adubação orgânica, cultivo mínimo, rotação
de culturas e adubação verde.
Prática conservacionista, a adubação verde
consiste no cultivo de certas espécies de plantas que são
incorporadas ou mantidas na superfície do solo, geralmente
antes de produzir sementes, com a finalidade de aumentar
ou assegurar a capacidade produtiva do solo. A proteção
proporcionada pela palha sobre a terra, além de funcionar
como barreira física à chuva e raios solares, fornece
condições para o incremento da vida no solo. E ainda
disponibiliza nutrientes para a cultura que será plantada
em seguida.
Leguminosas
As leguminosas são as plantas mais utilizadas
para adubação verde, pois apresentam, através de
relação simbiótica com bactérias dos gêneros Rhizobium
e Bradyrhizobium, capacidade de fixar N2 atmosférico.
Parte do nitrogênio acumulado na planta, após sua
decomposição, será disponibilizado para plantas cultivadas
na sequência. As leguminosas ainda possibilitam a
extração de elementos menos solúveis e a mobilização de
INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE, AGRÁRIAS E HUMANAS (ISAH) - Araxá - MG, Maio de 2014
33
nutrientes de camadas profundas do solo através de seu sistema radicular
mais profundo, disponibilizando os nutrientes à cultura subsequente através
de sua decomposição. São exemplos de leguminosas usadas como adubos
verdes, as crotalárias (Crotalaria spp), o tremoço (Lupinus albus) o guandu
(Cajanus cajan), o estilosantes (Stilosanthes spp), as mucunas (Mucuna
spp), etc.
Tabela 1: forma de semeadura, profundidade, a lanço e linha.
Identificação
Adubos Verdes de
Verão
Semeadura
Profundidade
(cm)
Profundidade
(cm)
Profundidade
(cm)
Profundidade
Profundidade
Profundidade
Profundidade
(cm)
(cm)
(cm)
(cm)
Profundidade
(cm)
(cm)
(cm)
(cm)
Fonte: Piraí Sementes: O resultado que garante o futuro.
Gramíneas
Algumas espécies de gramíneas têm merecido destaque na
adubação verde, pela capacidade de acumular elevadas quantidades de
matéria verde mesmo em condições de baixa fertilidade do solo. São plantas
que apresentam elevado desenvolvimento radicular superficial, favorecendo
atividade de microrganismos benéficos ao solo.
A palhada das gramíneas é mais pobre em nitrogênio, sendo por isso,
decomposta mais lentamente, protegendo o solo por mais tempo dos efeitos
adversos das chuvas e calor.
São exemplos de gramíneas usadas como adubos verdes o milheto
(Pennisetum glaucum), a aveia (Avena spp) , o azevém (Lolium multiflorum),
a braquiária (Brachiaria spp), etc.
Consórcio
Outra forma de utilização dos adubos verdes é na forma de consórcio
ou coquetel entre leguminosas e gramíneas, ou ainda, usando outras famílias
botânicas, podendo assim obter uma fitomassa com relação carbono/
nitrogênio (C/N) - proporção de carbono contida no material em relação
ao nitrogênio, intermediária àquela das espécies em culturas solteiras.
34
INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE, AGRÁRIAS E HUMANAS (ISAH) - Araxá - MG, Maio de 2014
Nas regiões mais quentes, onde o processo de decomposição da matéria
orgânica é mais acelerado, para uma maior estabilidade da cobertura morta
no plantio direto, recomenda-se, como plantas de cobertura na rotação, o
uso de gramíneas ou o consórcio de gramíneas com leguminosas e/ou,
outras famílias de plantas.
Alelopatia
Alelopatia é a propriedade que algumas plantas têm de produzir
substâncias que inibem o crescimento ou desenvolvimento de outras
plantas. Plantas de feijão apresentaram menores índices de germinação
sobre palhada de tremoço branco e crotalária juncea, ocorrendo redução
na população e altura de plantas, na produção final de grãos e número de
vagens por planta. Dessa forma, os adubos verdes podem contribuir para a
diminuição de plantas infestantes na área de cultivo.
Preparo para plantio e manejo
Recomenda-se que sejam feitas as operações de aração e gradagem
apenas no primeiro ano e que, nos anos seguintes, se utilize mecanização
reduzida, mantendo o solo coberto, realizando o novo plantio sem que seja
feito um novo preparo.
Em solos de primeiro plantio, se uma leguminosa for utilizada, é
necessária a inoculação com bactérias do gênero Rhizobium. A utilização
de nitrogênio via adubação química não é recomendada por ser prejudicial
ao crescimento das bactérias fixadoras de nitrogênio, quando a inoculação
é realizada.
O plantio deve ser realizado utilizando-se técnicas adequadas (Tabela
1) e sementes de boa qualidade, de fonte idônea.
A época de corte ou incorporação vai depender da espécie, por isso a
importância de se conhecerem todas as características do adubo verde que
será utilizado. O corte pode ser feito de acordo com o equipamento disponível
pelo produtor, pode ser feito com roçadeira, gradagem ou acamadas com
rolo faca.
Efeitos da adubação verde nas características do solo
A adubação verde permite ainda o aporte de quantidades expressivas
de fitomassa, possibilitando uma elevação no teor de matéria orgânica
do solo ao longo dos anos, consequentemente, obtendo um aumento da
capacidade de troca catiônica (CTC) do solo, retendo mais nutrientes junto
às partículas do solo, reduzindo perdas de nutrientes por lixiviação.
INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE, AGRÁRIAS E HUMANAS (ISAH) - Araxá - MG, Maio de 2014
35
Ao utilizar plantas que expandem seu sistema radicular para horizontes
profundos do solo como adubos verdes, elas absorvem nutrientes das
camadas subsuperficiais do solo, onde algumas culturas não conseguiriam
ter acesso.
Dentre as propriedades físicas do solo afetadas pelo aumento dos
teores de matéria orgânica, podemos citar estabilidade de agregados,
densidade global, porosidade, taxa de infiltração de água e retenção de
umidade.
A presença de material orgânico favorece a atividade dos organismos
do solo, seus resíduos servem como uma fonte de energia e nutrientes, a
manutenção da cobertura vegetal permite redução nas oscilações térmicas
e de umidade, criando condições que favorecem o desenvolvimento dos
organismos do solo.
Uma maior atividade biológica do solo aumenta a reciclagem de
nutrientes, permitindo inclusive o melhor aproveitamento dos fertilizantes
aplicados ao solo.
Considerações finais
Para o melhor resultado da adubação verde, deve-se levar em conta
a quantidade de massa vegetal produzida, a inoculação das sementes de
leguminosas com bactérias do gênero Rhizobium e o tempo de adoção do
sistema.
Capaz de manter a fertilidade do solo, a adubação verde colabora
para o aumento da produtividade agrícola. Porém, deve-se estar atento e
não esperar respostas imediatas, uma vez que os benefícios oriundos da
adição de matéria orgânica ao solo são mais significativos a médio e longo
prazos.
Outro fator importante a ser considerado pelos agricultores
relaciona-se à rotação de cultura que ajudará na diversificação de
espécies utilizadas. A utilização de uma única espécie vegetal pode trazer
os mesmos inconvenientes da monocultura. Recomenda-se não plantar
espécies pertencentes às mesmas famílias botânicas. Por exemplo, se a
próxima cultura a ser implantada na área for feijão, o adubo verde plantado
anteriormente não deve ser crotalária ou tremoço, pois todas essas plantas
são leguminosas. O ideal, nesse caso, é que o adubo verde que antecederá
o feijão seja, por exemplo, o milheto, braquiária, girassol, etc. Assim, os
benefícios obtidos serão maiores.
Referências bibliográficas
ALVARENGA, D.A. Efeitos de diferentes sistemas de semeadura na
consorciação milho-soja. Universidade Federal de Lavras, 1995. 46p.
36
INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE, AGRÁRIAS E HUMANAS (ISAH) - Araxá - MG, Maio de 2014
AMABILE, R.F.; CARVALHO, A.M. Histórico da adubação verde. Cerrado
Adubação Verde. Embrapa Cerrados. Ed. Embrapa, p.23-32. Planaltina –
DF, 2006.
ANUNCIAÇÃO,G.da.C.F. Influência da adubação verde na fertilidade do
solo cultivado com Coffea arábica com enfoque em macronutrientes.Instituto
Federal de educação, ciência e tecnologia do sul de Minas Gerais- campos
Muzambinho.2010
BARRADAS,C.A.A. Manual técnico 25 Adubação verde.Programa
Rio rural Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária,Pesca e
Abastecimento,Superintendência de Desenvolvimento Sustentável.Rio de
Janeiro.2010
CARVALHO, B. G. de. Avaliação da Produção do Feijoeiro em Plantio
Rotacionado com Adubos Verdes. Trabalho de Conclusão de Curso – Centro
Universitário do Planalto de Araxá. Araxá – MG, 2011.
ESPÍNDOLA, J.A.A.; GUERRA, J.G.M.; ALMEIDA, D.L. de. Adubação
verde: Estratégia para uma agricultura sustentável. Seropédica: EmbrapaAgrobiologia, 1997. 20p. (Embrapa-CNPAB. Documentos, 42).
FORNARI,E. Manual prático de Agroecologia. Ed. Aquariana, pg. 143 São
Paulo. 2002.
FREITAS,G,B DE , et al., Adubação verde .2.ed. Brasília: Senar pg. 25.69
.2010.
LARA, T.S.; FRAVET, P.R.F.; SILVA, A.A.S.; et al. Influência de Diferentes
Adubos Verdes sobre a Cultura do Milho (Zea mays l.) em Plantio
Subsequente. XI Mostra de Pesquisa do Uniaraxá. Araxá – MG, 2012.
MIYASAKA,S. Adubação orgânica, adubação verde e rotação de culturas do
estado de São Paulo. Campinas: Fundação Cargil,1983.
PIRAÍ sementes. Catálogo
COMITÊ DE PUBLICAÇÕES
Coordenador: Dr. José Carlos da Silva
Membros: Arejacy Antônio Sobral Silva, Rafael Tadeu de Assis
Revisão de texto: Jacqueline de Souza Borges Assis
Normalização bibliográfica: Maria Clara Fonseca
E-mail: [email protected]
Versão eletrônica, junho de 2014
1ª impressão (2013): 1000 exemplares
CAPAL
CAPAL
INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE, AGRÁRIAS E HUMANAS (ISAH) - Araxá - MG, Maio de 2014
37
J
2
Circular
Técnica
06
Jorge Otavio Mendes de Oliveira
Junek¹,
Thayse Souza Lara2
Maria José do Amaral e Paiva2
Daiane Borges Martins2
Cleidiane Glória de Morais3
¹EngºAgrºM.Sc. Professor do
curso de Agronomia do Centro
Universitário do Planalto de
Araxá – UNIARAXÁ
Engenheira Agrônomas egressa
2
do Centro Universitário do
Planalto de Araxá- Uniaraxá
Graduanda do curso de
3
Agronomia do UNIARAXÁ.
FERTILIZANTES ORGANOMINERAIS
De acordo com a legislação brasileira, fertilizantes
produzidos pela a associação entre fontes orgânicas
e fontes minerais são classificados como fertilizantes
organominerais. Atualmente, o MAPA tem registrado
diversos fertilizantes organominerais que, em sua
formulação, associam fontes orgânicas como turfas,
dejetos animais e compostos orgânicos, e fontes minerais
como fertilizantes solúveis e agrominerais. (MAPA, 2009).
O mercado de fertilizantes organominerais cresceu
a uma taxa média de 10% ao ano na última década no Brasil.
Estima-se que em 2009 foram produzidas e comercializadas
cerca de 3,5 milhões de toneladas de fertilizantes
organominerais, a partir de matérias-primas como estercos,
turfa, resíduos da indústria sucroalcooleira, farinhas de
ossos e sangue, tortas diversas e resíduos agroindustriais.
A maior parte desta produção é comercializada na forma de
farelo ou em pó, e o consumo é concentrado praticamente
ao setor da olericultura, fruticultura, perenes e floricultura
(ABISOLO, 2010).
Os procedimentos utilizados pela indústria brasileira
são os mesmos utilizados para fertilizantes minerais, mas
normalmente em menor escala. As indústrias de fertilizantes
organominerais em operação no Brasil têm capacidade de
produção entre 10.000 e 50.000 toneladas anuais, podendo
ser consideradas médias empresas (BENITES, 2010).
O uso de resíduos animais in natura resulta em
baixa eficiência de utilização dos nutrientes, perdas por
lixiviação e volatilização, e aumenta o risco de contaminação
ambiental. Após a transformação biológica dos resíduos
animais e sua associação com minerais fontes é possível
produzir fertilizantes organominerais granulados com alto
teor de fósforo solúvel (BENITES, 2010).
Havendo um componente orgânico na adubação,
a retenção de nutrientes no solo é aumentada, pois o
componente orgânico aumenta a capacidade de troca
catiônica. Isto proporciona menor perda de nutrientes
INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE, AGRÁRIAS E HUMANAS (ISAH) - Araxá - MG, Maio de 2014
39
por lavagem e maior aproveitamento do fertilizante pelas plantas, embora,
comparados aos sintéticos os organominerais, tenham liberação mais lenta
de nutrientes (CERRI, 2011).
A adubação organomineral com fertilizantes minerais obtidos por
procedimentos físicos, como a moagem de rochas, vem sendo utilizada para
o fornecimento de nutrientes às culturas em substituição aos fertilizantes
sintéticos, que em sua maioria são obtidos de processos de grande gasto
de energia.
Bissani et al. (2004) salientam que mesmo os adubos orgânicos
apresentando baixas concentrações de N, P e K, quando complementados
com adubação mineral, propiciam efeitos positivos às plantas, uma vez que
estas aproveitam melhor os nutrientes através do sincronismo de liberação
ao longo de seu desenvolvimento.
De acordo com Pelá (2005), a adubação orgânica apresenta efeito
acumulativo em relação à adubação mineral em termos de produtividade de
grãos na segunda safra.
Scherer et al. (1995) cita que o aproveitamento dos nutrientes
contidos nos adubos orgânicos pelas plantas deve levar em consideração
a taxa de mineralização e os fatores que afetam o efeito residual de cada
nutriente no solo, sendo que no caso do esterco de aves, pode persistir por
três ou quatro anos. Porém, Pauletti et al (2003) afirmam que ao longo do
tempo com aumento gradual da fertilidade do solo, ocorrerá a estabilização
dos nutrientes, e consequentemente aumento das produtividades.
Em relação às vantagens comparativas do fertilizante organomineral
em relação ao uso de resíduos in natura, observa-se uma redução
significativa das perdas de nitrogênio pelo uso de fertilizante organomineral
em relação à aplicação superficial de resíduos de suínos e aves, uma vez
que o enterrio ou injeção do resíduo no sulco de plantio reduz a volatilização
de amônia. Nessa mesma lógica, o uso de fertilizantes organominerais reduz
as emissões de gases de efeito estufa, representando ganhos ambientais
em relação ao uso dos resíduos in natura (BENITES, 2010).
Podemos citar como vantagem dos fertilizantes organominerais
em relação aos fertilizantes minerais, o fato de aqueles utilizarem como
matéria-prima resíduos que são passivos ambientais de outros sistemas de
produção. A atual política nacional de resíduos sólidos enfatiza a importância
do reaproveitamento e agregação de valor aos resíduos sólidos. Outro ponto
favorável ao setor de fertilizantes organominerais é a proximidade entre
o ponto de produção de resíduos de suínos e aves e as propriedades de
produção de grãos. Tal proximidade favorece o estabelecimento de empresas
regionais de produção de fertilizantes organominerais, resultando em ganho
em logística (BENITES, 2010).
Podemos citar outras vantagens, tais como:
40
INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE, AGRÁRIAS E HUMANAS (ISAH) - Araxá - MG, Maio de 2014
•
•
•
•
•
•
•
•
Proteção contra a salinidade causada pela adubação mineral;
Aumento da atividade microbiana do solo;
Redução da lixiviação de formas catiônicas;
Aumento da disponibilidade dos micronutrientes;
Melhora da estrutura de solos argilosos;
Aumento da capacidade de troca catiônica;
Aumento da capacidade de retenção de água;
Contribui com matéria orgânica e pode funcionar como
condicionador de solo. (KORNDORFER, 2013)
O uso desses resíduos para a produção de fertilizantes organominerais
pode eliminar imediatamente 50% do passivo ambiental gerado pelos
mesmos, e até 2020, com a ampliação da capacidade instalada para
produção desse tipo de fertilizantes, pode-se chegar a amenizar o passivo
ambiental das atividades de avicultura e suinocultura em até 80%. Para tanto,
espera-se aumento da produção nacional de fertilizantes de base orgânica,
principalmente devido ao maior consumo de fertilizantes organominerais,
de 6,3 para 12 milhões de toneladas/ano até 2015 e para 20 milhões de
toneladas/ano até 2020 (BENITES, 2010).
Esse acréscimo na produção de fertilizantes organominerais impactará
diretamente a demanda externa por NPK no Brasil, podendo representar cerca de 15% do consumo total de nutrientes até 2015, e 25% até
2020 (BENITES, 2010).
Embora o fortalecimento do setor de fertilizantes organominerais não
seja uma ação que reverta a dependência externa brasileira por fertilizantes
e nem impacte diretamente na formação de preços de fertilizantes, os fatores
ambientais e sócio-econômicos relacionados a essa atividade justificam
plenamente a adoção de medidas estratégicas que estimulem esse setor
(BENITES, 2010).
Referências
CERRI, C. E.. Eficiência Agronômica dos Organominerais. Palestra Fórum
ABISOLO 2011.
BISSANI,C.A.; GIANELLO.C.; TEDESCO,M.J.; CAMARGO, F.A. O..
Fertilidade dos Solos e Manejo da Adubação de Culturas. Porto Alegre, 2004,
Anexo 04, p 301-302.
PELÁ, A. Efeito de Adubos Orgânicos Provenientes de Dejetos de Bovinos
Confinados nos Atributos Físicos e Químicos do Solo e na Produtividade
do Milho. Dissertação (Doutorado em Agronomia). Universidade Estadual
Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Botucatu, SP. 2005. p.145.
INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE, AGRÁRIAS E HUMANAS (ISAH) - Araxá - MG, Maio de 2014
41
SCHERER, E. E.; BALDISSERA, I. T.; DIAS, L. F. X. Método rápido para
determinação da qualidade fertilizante do esterco de suínos a campo.
Agropecuária Catarinense, v. 8, n. 2, p.40 – 43, 1995.
PAULETTI, V. et al. Rendimento de grãos de milho e soja em uma sucessão
cultural de oito anos sob diferentes sistemas de manejo de solo e de culturas.
Ciência Rural, Santa Maria, RS, v. 33, n. 3, p. 491 – 495, 2003.
ABISOLO. Plano Nacional de Biomassa. 44ª Reunião da Câmara Temática de
Insumos Agropecuários – Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento.
Palestra técnica, 16 novembro, 2010. Brasília-DF.
BENITES, V. de M. et al. Produção de fertilizante organomineral granulado a
partir de dejetos de suínos e aves no Brasil. , Brasil: Xxix Reunião Brasileira
de Fertilidade do Solo e Nutrição de Plantas Xiii Reunião Brasileira Sobre
Micorrizas Xi Simpósio Brasileiro de Microbiologia do Solo Viii Reunião
Brasileira de Biologia do Solo. Guarapari – Es, 2010.
BRASIL. Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento. Secretaria de
Defesa Agropecuária. Instrução Normativa no 25 de 23 de julho de 2009.
Diário Oficial, Brasília, DF, n. 142, 28 jul. 2009. Seção 1, p. 20
COMITÊ DE PUBLICAÇÕES
Coordenador: Dr. José Carlos da Silva
Membros: Arejacy Antônio Sobral Silva, Rafael Tadeu de
Assis, Jorge Mendes de Oliveira Junek, Carlos Eugênio Ávila
Oliveira, Paulo Fávero de Fravet, Paulo José da Silva Leite e
Diogo Aristóteles Rodrigues Gonçalves.
Revisão de texto: Jacqueline de Souza Borges Assis
Normalização bibliográfica: Maria Clara Fonseca
E-mail: [email protected]
Versão eletrônica, junho de 2014
1ª impressão (2014): 100 exemplares
42
CAPAL
INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE, AGRÁRIAS E HUMANAS (ISAH) - Araxá - MG, Maio de 2014
Circular
Técnica
07
Diogo Aristóteles Rodrigues
Gonçalves¹
Rafael Tadeu de Assis¹
Verônica Máximo²
¹Engº Agrº M.Sc. Professor do
curso de Agronomia do Centro
Universitário do Planalto de
Araxá – UNIARAXÁ
²Graduanda do curso de
Agronomia do UNIARAXÁ
UTILIZAÇÃO DE HORMÔNIOS
NA PRODUÇÃO VEGETAL
Uma planta precisa de diversos fatores, internos
e externos, para crescer e se desenvolver, e isto inclui
diferenciar-se e adquirir formas, originando uma variedade
de células, tecidos e órgãos (ALBRECHT, et al., 2009).
Como fatores externos que afetam o crescimento
e desenvolvimento de vegetais, podemos citar luz, dióxido
de carbono, água, minerais, temperatura, fotoperíodo,
tropismos e contatos com outras plantas ou objetos. Os
fatores internos são basicamente químicos. Os principais
fatores são os chamados hormônios vegetais (ALBRECHT
et al., 2011).
A palavra hormônio é originária do termo grego
“horman”, que significa “excitar”, cumprindo importante
função na regulação do crescimento, podendo atuar, através
de pequenas quantidades, direta ou indiretamente sobre os
tecidos e órgãos que os produzem, expressando respostas
fisiológicas específicas (KARLOVA & VRIES, 2006).
Entretanto, existem hormônios inibitórios. Sendo
assim, é mais conveniente considerá-los como reguladores
químicos, substâncias que atuam sobre a divisão,
elongação e diferenciação celular, além de atuarem em
conjunto na regulação do metabolismo vegetal (CASTRO
& VIEIRA, 2001).
Sua atuação não depende apenas de suas
composições químicas, porém de como eles são
“percebidos” pelos respectivos tecidos-alvo, de forma
que uma mesma substância pode causar diferentes
efeitos dependendo do tecido ou órgão no qual estiver
atuando, da concentração destes hormônios e da época de
desenvolvimento de um mesmo tecido (WEI et al., 2012).
O estudo de sua ação tem permitido o aumento da
produtividade, variedade e o tempo de conservação de
alguns produtos vegetais, principalmente frutas e, assim,
tem contribuído para minimizar custos e baratear preços ao
consumidor final (ALBRECHT, et al., 2009).
INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE, AGRÁRIAS E HUMANAS (ISAH) - Araxá - MG, Maio de 2014
43
Contexto histórico
O conhecimento dos primeiros hormônios vegetais descobertos,
as auxinas, deve-se a experiências realizadas por diversos pesquisadores
citados por Taiz & Zeiger (2013), que podem ser resumidas no que segue:
Sachs propôs que mensageiros químicos são os responsáveis pela
formação e pelo crescimento de diferentes órgãos vegetais. Sugeriu também
que os fatores externos como a gravidade poderiam afetar a distribuição
dessas substâncias na planta. Embora Sachs não conhecesse a identidade
desses mensageiros químicos, suas ideias levaram à descoberta definitiva
desses compostos.
Os Darwins notaram que, se uma plântula de alpiste recebesse luz
vinda de apenas um lado, a coleóptilo se curvava em direção à fonte de luz.
Notaram também que, se a cabeça do coleóptilo fosse coberta com papel
opaco, a planta deixava de se curvar.
Boysen-Jensen, tentando explicar o que Darwin havia constatado,
verificou que, se a cabeça do coleóptilo fosse decapitada, a planta deixava
de se curvar, mas que, se fosse recolocada, mesmo separada por um
pequeno bloco de gelatina (ágar-ágar), a planta voltava a se curvar. Com
isso, ele pretendeu provar que uma substância química atravessava o bloco
de gelatina, provocando a curvatura nos locais abaixo. Não conseguiu, no
entanto, descobrir qual era a substância.
Paal verificou que a cabeça cortada do coleóptilo, se recolocada
apenas de um lado, mesmo no escuro, provoca uma curvatura em direção
oposta. Com isso, provou que a substância acelera o crescimento do lado
que ela é colocada.
Fritz Wendt, finalmente, também no escuro, cortou e colocou uma
porção de cabeças de coleóptilos de aveia sobre um bloco de gelatina, de
modo que a substância ali se acumulasse e, analisando a gelatina, verificou
que a substância encontrada era o ácido indol-acético, ao qual ele passou a
chamar de auxina, termo originado da palavra grega “auxos”, que significa
crescimento (PERET et al., 2007).
Posteriormente, ficou demonstrado que a auxina, produzida pelo
ápice dos coleóptilos e das gemas terminais dos caules e ramos, se difunde
para as regiões abaixo, controlando o crescimento, e que as curvaturas
são devidas a uma concentração desigual do ácido indol-3-acético, que se
concentra mais no lado sombreado do que no lado iluminado, causando um
crescimento desigual e, por isso, as curvaturas (SPAEPEN et al., 2007).
44
INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE, AGRÁRIAS E HUMANAS (ISAH) - Araxá - MG, Maio de 2014
Hormônios vegetais e suas funções
Várias moléculas sinalizadoras que participam nos processos de
resistência a patógenos e de defesa contra herbívoros têm sido identificadas
em plantas, incluindo formas conjugadas e não conjugadas de ácido jasmónico,
ácido salicílico e pequenos polipeptídios. Recentemente, foi demonstrado
que a estrigolactona e uma molécula de sinalização transmissível regulam
o crescimento de gemas laterais. Outras classes de moléculas, como os
flavonoides, atuam como moduladores de transdução de sinal, localizadas
dentro ou fora das células. Na verdade, continua aumentando a lista de
agentes sinalizadores e de reguladores do crescimento (PAUWELS &
GOOSSENS, 2011).
Porém, os hormônios tradicionalmente descritos são compostos
por 5 tipos principais: Auxinas; Citocininas; Etileno; Ácido abscísico e as
Giberelinas.
Auxinas: Estimulam o alongamento das células, aparecimento dos
órgãos e desenvolvimento das raízes e caules, retardam a abscisão (queda
de folhas e frutos). Induzidas porfototropismo, heliotropismo e gravitropismo.
As principais auxinas são o ácido indol-3-acético (AIA), ácido 4-cloroindol3-acético (4-Cl-AIA), ácido indol-3-butírico (AIB), e também existem auxinas
sintéticas, representadas principalmente pelo ácido 2,4-diclorofenoxiacético
(2,4-D) e ácido 2-metoxi-3,6-diclorobenzoico (dicamba) (MATHESIUS, 2008).
Citocininas: Controlam a divisão celular e aparecimento dos órgãos
e atenuam a sua degradação. Dentre as citocininas, a cinetina foi a primeira
a ser descoberta, que é um análogo sintético da zeatina, que foi descoberta
no endosperma líquido do coco e do milho. A citocininas do tipo difenilureia,
conhecida como tidiazuron é utilizado como desfolhante e herbicida
(MURRAY et al., 2007).
Etileno: Estimula o amadurecimento dos frutos e promove a abscisão
das estruturas. Apesar de ser um gás, e de difícil manuseio no campo, temse utilizado este hormônio através de compostos que liberam o etileno. O
composto mais amplamente utilizado é o etefon para amadurecimento de frutos,
sincronização de florescimento, porém trabalha-se com inibidores de ligação
do etileno, para prolongar o tempo pós-colheita (CASTRO & VIEIRA, 2001).
Acido abscísico: Inibe o crescimento e provoca a dormência,
bloqueando a germinação. Interfere na impermeabilidade das células
estomáticas, provocando fechamento dos estômatos. Promove a abscisão.
Através de um carotenoide intermediário, o ABA é sintetizado com 15
carbonos, sendo a orientação do grupo carboxila no carbono dois, que define
os isômeros cis ou trans. Outras formas possíveis, são as alterações que
resultam o enantiômeros S (forma natural) ou R (forma sintética), as formas
comerciais são a mistura dos dois (KLAHOLD et al., 2006).
INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE, AGRÁRIAS E HUMANAS (ISAH) - Araxá - MG, Maio de 2014
45
Giberelinas: Estas estimulam o alongamento das células e divisão
celular (alongamento do caule), germinação das sementes, transição para o
florescimento em algumas plantas e formação/maturação de frutos. Foram
descobertas quase trinta anos após as auxinas, estudando-se uma doença
causada por Gibberella fujikuroi, elucidaram a estrutura química do composto
que foi purificado de filtrados deste fungo, ao qual denominaram ácido
giberélico, tornado o principal produto comercial do grupo das giberelinas. A
este grupo, estão relacionadas atualmente, pelo menos 136 compostos de
ocorrência natural (KHAN et al., 2006).
Efeito do ácido giberélico em plantas copo-de-leite (Zantedeschia sp)
A floricultura brasileira vem se destacando no agronegócio por seu
crescimento acelerado. A movimentação financeira em torno dos produtos
da floricultura cresce de forma acentuada, exibindo taxas acima de 10%
ao ano. Sendo fonte de lucro a pequenos produtores, é um segmento que
demanda muita mão-de-obra, o que revela a responsabilidade social como
uma de suas características (SCHOENMAKER, 2014).
Dentre as plantas ornamentais cultivadas para corte, vale ressaltar a
importância agronômica das espécies do Gênero Zantedeschia, conhecidas
pelo nome comum de copo-de-leite. Neste gênero, encontram-se espécies
com variados híbridos e cores, sendo o copo-de-leite branco (Zantedeschia
aethiopica) o de maior relevância. Muito apreciada para ornamentações
diversas, esta planta é caracterizada pela presença de uma espádice
amarela, envolta por uma folha modificada de coloração branca denominada
espata (CASTRO, 1998).
As plantas de copo-de-leite têm seu florescimento ótimo logo após
a passagem por períodos de baixas temperaturas. Este tipo de estímulo
é ocasionado pela resposta endógena de substâncias químicas. As
giberelinas no meristema subapical ativam a divisão celular, promovendo o
seu crescimento, anterior ao florescimento que, em circunstâncias naturais,
vem acompanhado do aumento do nível deste hormônio, cuja aplicação
exógena apresenta respostas positivas sobre a indução e a aceleração do
florescimento em muitas espécies (BROOKING & COHEN, 2002).
A aplicação de giberelinas exógenas (GA3) em gemas cultivadas sob
condições que não induzem o florescimento, suplementam a atividade da
giberelina endógena, levando ao florescimento (CASTRO et al., 2008). Este
aumento da atividade de giberelinas está associado com a mobilização de
carboidratos para o crescimento de ápices. Sendo que sua aplicação nos
bulbos ou parte aérea de copos-de-leite coloridos é utilizada comumente em
campos de produção comerciais, para promover o florescimento, aumentando
a produção, pelo aumento do número de gemas que emergem e formam as
gemas primárias (QUILOT et al., 2004).
46
INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE, AGRÁRIAS E HUMANAS (ISAH) - Araxá - MG, Maio de 2014
Considerações finais
A evolução da agricultura tem solicitado novas tecnologias, cada vez
mais específicas para o ganho de produção, tornando o desenvolvimento e
utilização dos hormônios vegetais, uma nova forma de se agregar a cadeia
produtiva de diversas culturas. Os reguladores vegetais foram descobertos
no final do século XIX e, ainda hoje, existe muito para descobrir. Aos
procedimentos comprovados, temos a aplicação do ácido giberélico em copode-leite, que induz o florescimento, garantindo aos floricultores aumentos de
produção e rentabilidade.
Referências
ALBRECHT, L. P.; BRACCINI, A. L.; ÁVILA, M. R.; BARBOSA, M. C.; RICCI,
T. T.; ALBRECHT, A. J. P. Aplicação de biorregulador na produtividade do
algodoeiro e qualidade de fibra. Scientia Agraria, Curitiba, v. 10, n. 3, p. 191198, 2009.
ALBRECHT, L. P.; BRACCINI, A. L.; SCAPIM, C. A.; ÁVILA, M. R.; ALBRECHT,
A. J. P.; RICCI, T. T. Manejo de biorregulador nos componentes de produção
e desempenho das plantas de soja. Bioscience Journal, Uberlândia, v. 27, n.
6, p. 865-876, 2011.
BROOKING, I. R., COHEN, D. Gibberellin–induced flowering in small tubers
of Zantedeschia “Black Magic”. Scientia Horticulturae, v-95, p.63-73, 2002.
CASTRO, G. S. A.; BOGIANI, J. C.; SILVA, M. G.; GAZOLA, E.; ROSOLEM,
C. A. Tratamento de sementes de soja com inseticidas e um bioestimulante.
Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v. 43, n. 10, p. 1311-1318, 2008.
CASTRO, P. R. C. Utilização de reguladores vegetais na fruticultura, na
horticultura e em plantas ornamentais. Piracicaba: ESALQ/DIBD, 92 p. 1998.
CASTRO, P. R. C., VIEIRA, E. L. Aplicações de reguladores vegetais na
agricultura tropical. Gauíba: Agropecuária, 131 p. 2001.
KARLOVA, R.; DE VRIES, SC. Advances in understanding brassinosteroid
signaling. Sci STKE 2006, p.36, 2006.
KHAN, M.M.A.; GAUTAM, C.; MOHAMMAD, F.; SIDDIQUI, M.H.; NAEEM,
M.; KHAN, M.N. Effect of gibberellic acid spray on performance of tomato.
Turk J Biol, v.30 p.11-16, 2006.
KLAHOLD, C. A.; GUIMARÃES, V. F.; ECHER, M. M.; KLAHOLD, A.;
ROBINSON, L. C.; BECKER, A. Resposta da soja (Glycine max (L.) Merrill)
à ação de bioestimulante. Acta Scientiarum. Agronomy, Maringá, v. 28, n. 2,
p. 179-185, 2006.
INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE, AGRÁRIAS E HUMANAS (ISAH) - Araxá - MG, Maio de 2014
47
MATHESIUS, U. Auxin: at the root of nodule development? Functional Plant
Biology, Victoria, v. 35, n. 8, p. 651-668, 2008.
MURRAY, J. D.; KARAS, B. J.; SATO, S.; TABATA, S.; AMYOT, L.;
SZCZYGLOWSKI, K. A cytokinin perception mutant colonized by Rhizobium
in the absence of nodule organogenesis. Science, Washington, v. 315, n. 1,
p. 101-104, 2007.
PAUWELS, L.; GOOSSENS, A. The JAZ proteins: a crucial interface in the
jasmonate signaling cascade. Plant Cell, v.23, p.3089–3100, 2011.
PERET, B.; SWARUP, R.; JANSEN, L.; DEVOS, G.; AUGUY, F.; COLLIN,
M.; SANTI, C.; HOCHER, V.; FRANCHE, C.; BOGUSZ, D.; BENNETT,
M.; LAPLAZE, L. Auxin influx activity is associated with Frankia infection
during actinorhizal nodule formation in Casuarina glauca. Plant Physiology,
Rockville, v. 144, n. 4, p. 1852-1862, 2007.
QUILOT, B.; GENARD, M.; KERVELLA, J.; LESCOURRET, F. Analysis of
genotypic variation in fruit flesh total sugar content via an ecophysiological
model applied to peach. Theory Applyed for Genetic, Berlin, v. 109, n. 2, p.
440-449, 2004.
SPAEPEN, S.; VANDERLEYDEN, J.; REMANS, R. Indole-3-acetic acid in
microbial and microorganism-plant signaling. FEMS Microbiology Reviews,
Londres, v. 31, n. 4, p. 425-448, 2007.
SCHOENMAKER, K. Informativo IBRAFLOR. n.5, v.43, 2014.
TAIZ, L.; ZEIGER, E. Fisiologia vegetal. Porto Alegre: Artmed, 2013. 954p.
WEI, Z.Z.; LUO, L.B.; ZHANG, H.L.; XIONG, M.; WANG, X. Identification
and characterization of 43 novel polymorphic EST-SSR markers for arum lily,
Zantedeschia aethiopica (Araceae). Am J Bot 99: p.493–497, 2012.
COMITÊ DE PUBLICAÇÕES
Coordenador: Dr. José Carlos da Silva
Membros: Arejacy Antônio Sobral Silva, Rafael Tadeu de
Assis, Jorge Mendes de Oliveira Junek, Carlos Eugênio Ávila
Oliveira, Paulo Fávero de Fravet, Paulo José da Silva Leite e
Diogo Aristóteles Rodrigues Gonçalves.
Revisão de texto: Jacqueline de Souza Borges Assis
Normalização bibliográfica: Maria Clara Fonseca
E-mail: [email protected]
Versão eletrônica, junho de 2014
1ª impressão (2014): 100 exemplares
48
CAPAL
INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE, AGRÁRIAS E HUMANAS (ISAH) - Araxá - MG, Maio de 2014
Circular
Técnica
08
Paulo Fravet de Fravero¹
Givago Rezende Gervasio2
Guilherme Nogueira2
Vidiane Zineli²
¹Engº Agrº Me. Professor do
curso de Agronomia do Centro
Universitário do Planalto de
Araxá – UNIARAXÁ
²Graduando do curso de
Agronomia do UNIARAXÁ.
AVALIAÇÃO VISUAL DE
NUTRIÇÃO DE PLANTAS
As plantas são organismos autotróficos, ou seja,
que fabricam seu próprio alimento através da fotossíntese
e da retirada de água e nutrientes minerais do solo.
Estes nutrientes minerais são adquiridos primariamente
na forma de íons inorgânicos e entram na biosfera
predominantemente através do sistema radicular da planta.
Figura1: Fontes de “alimentos” para as plantas
O estudo de como as plantas absorvem,
transportam, assimilam e utilizam os íons é conhecido
como NUTRIÇÃO MINERAL. Esta área do conhecimento
busca o entendimento das relações iônicas sob condições
naturais de solo (salinidade, acidez, alcalinidade, presença
de elementos tóxicos, como Al3+ e metais pesados, etc). O
seu maior interesse está ligado diretamente à agricultura,
estando a produção agrícola dependente diretamente da
fertilização com elementos minerais.
Quando analisamos a quantidade dos nutrientes
minerais nos tecidos vegetais observamos que alguns
deles estão presentes em maiores proporções que os
outros. Essas proporções dividem os nutrientes minerais
em duas categorias:
INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE, AGRÁRIAS E HUMANAS (ISAH) - Araxá - MG, Maio de 2014
49
Macronutrientes ou nutrientes necessários em grandes quantidades
Micronutrientes ou aqueles necessários em pequenas quantidades.
A divisão entre macro e micronutrientes não tem correlação com uma
maior ou menor essencialidade. Todos são igualmente essenciais, só que
em quantidades diferentes. Uma consequência da essencialidade por igual
dos nutrientes é a chamada “Lei do mínimo” de Liebig.
Figura 2: Nutrientes em quantidades inadequadas limitam a produção. Fonte: MOSAIC, 2011
Essa lei estabelece que a produtividade de uma cultura é limitada
pelo elemento que está presente em menor quantidade. Nesse caso, mesmo
se aumentarmos a concentração dos demais nutrientes, não haverá um
aumento da produtividade.
Além de se levar em conta a Lei do mínimo, é necessário considerar
que também há um máximo para a utilização de um nutriente. No caso de
macronutrientes, a sobra de nutrientes absorvidos não provoca resposta no
crescimento e na produção da planta, e no caso de micronutrientes, essa
sobra pode provocar toxidez nos tecidos e reduzir o crescimento da planta.
As necessidades nutricionais de qualquer planta são determinadas
pela quantidade de nutrientes extraídos do solo via colheita, erosão, lixiviação
e volatilização.
Nutrientes Essências para as plantas
Um elemento químico é considerado um nutriente essencial quando
a sua presença é indispensável ao desenvolvimento normal da planta. Para
que se determine isso, deve-se privar experimentalmente uma planta do
elemento e acompanhar o seu desenvolvimento. Se o desenvolvimento da
planta for normal, isso significa que o elemento não é essencial.
Os elementos químicos reconhecidamente essenciais ao
desenvolvimento normal das plantas são:
50
INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE, AGRÁRIAS E HUMANAS (ISAH) - Araxá - MG, Maio de 2014
•
•
Oxigênio (O), Carbono (C), Hidrogênio (H),
Nitrôgenio (N), Fósforo (P), Potássio (K), Cálcio (Ca), Magnésio
(Mg) , Enxofre (S), Cloro (Cl), Ferro (Fe), Manganês (Mn), Boro
(B), Zinco (Zn), Cobre (Cu), Molibdênio (Mo)
Os três primeiros elementos as plantas retiram do gás carbônico do
ar (CO2) e da água (H2O). Os seis seguintes são chamados macronutrientes,
porque as plantas os requerem em maior quantidade que os sete últimos
os quais são chamados de micronutrientes que, apesar de também serem
indispensáveis, a quantidade requerida pelas plantas é mínima.
Entre os macronutrientes existem os macronutriente primários N, P e
K, e os restantes são denominados macronutrientes secundários.
Macronutrientes primários geralmente tornam-se deficientes no solo
antes dos demais, devido a maior utilização desses nutrientes pela planta.
Os macronutrientes secundários são geralmente menos deficientes e usados
em quantidades menores, porém, a planta precisa tê-los à disposição quando
e onde for necessário.
Nesta circular técnica, vamos dissertar sobre funções e sintomas de
deficiência dos três macronutrientes primários (N, P e K) nas plantas.
Demanda de NPK pelas plantas
Nitrogênio (N)
É o elemento essencial requerido em maior quantidade pelas plantas,
sendo o mais utilizado, mais absorvido e mais exportado pelas culturas. O N é
necessário para a síntese de clorofila estando, portanto, envolvido no processo
da fotossíntese, além de ser constituinte de muitos compostos da planta,
incluindo todas as proteínas (formadas de aminoácidos) e ácidos nucléicos.
Assim, a deficiência de N proporciona menor síntese de clorofila
não permitindo que a planta utilize a luz solar como fonte de energia no
processo fotossintético. Desse modo, a planta perde a habilidade de executar
funções essenciais, como, por exemplo, a absorção de nutrientes inibindo
rapidamente o crescimento da planta.
Os sintomas de deficiências de N são bastante característicos, como
a paralisação do crescimento; amarelecimento generalizado das folhas
velhas devido à alta redistribuição do elemento; baixos níveis de proteínas
nas sementes e nas partes vegetativas.
INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE, AGRÁRIAS E HUMANAS (ISAH) - Araxá - MG, Maio de 2014
51
Figura 3: Sintômas de deficiência de nitrogênio na cultura do milho. Fonte: MOSAIC, 2011.
As fontes de nitrogênio (N) mais utilizadas na agricultura são a uréia
(45% de N), sulfato de amônio (21% de N e 23% de enxofre - S), nitrato de
potássio (13% de N e 44% de K2O), fosfato monoamônico ou MAP (10% de
N e 46 a 50% de P2O5) e fosfato diamônico ou DAP (16% de N e 38 a 40%
de P2O5).
Fósforo (P)
Desempenha papel importante na fotossíntese, respiração, armazenamento e transferência de energia, divisão e crescimento celular da planta,
promovendo a rápida formação e crescimento das raízes, melhoria da qualidade dos frutos, hortaliças e grãos, sendo vital para formação de sementes.
Como o P se move rapidamente dos tecidos mais velhos para os
mais jovens, a deficiência aparece primeiro nas partes baixas da planta
(folhas velhas). O primeiro sinal de deficiência de P manifesta-se na forma
de plantas pequenas, sendo um sintoma característico a coloração verdeescura de folhas mais velhas, primeiramente associada ao aparecimento da
cor púrpura, devido ao acúmulo de antocianina.
Figura 4: Sintomas de deficiência de fósforo na cultura do milho. Fonte: MOSAIC, 2011
52
INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE, AGRÁRIAS E HUMANAS (ISAH) - Araxá - MG, Maio de 2014
As principais fontes minerais de fósforo são o fosfato monoamônico
ou MAP (10% de N e 46 a 50% de P2O5) e fosfato diamônico ou DAP (16% de
N e 38 a 40% de P2O5), superfosfato simples ou super simples (16 a 18% de
P2O5 e 18 a 20% de Ca - Cálcio), superfosfato triplo ou super triplo (41% de
P2O5 e 7 a 12% de Ca) e termofosfato (18 % de P2O5, 9% de Mg - Magnésio,
20% de Ca e 25% de SiO4).
Potássio (K)
O potássio está presente na planta como cátion monovalente (K+)
e executa importante papel na regulação do potencial osmótico de células
de plantas. É também requerido para a ativação de muitas enzimas da
respiração e da fotossíntese.
O sintoma de deficiência aparece primeiro nos tecidos mais velhos
da planta, com necrose das margens das folhas. As plantas crescem
lentamente, apresentam sistema radicular mal desenvolvido, colmos frágeis,
sendo comum o acamamento, sementes e frutos pequenos e desuniformes
e baixa resistência às doenças.
Figura 5: Sintomas de deficiências de potássio na cultura do milho. Fonte: MOSAIC,2011.
As principais fontes de potássio para adubação mineral na agricultura
são: cloreto de potássio, sulfato de potássio (48 a 50% ou 60 a 62% de
K2O) e nitrato de potássio (16% de N e 46% de K2O), sendo o cloreto de
potássio o mais utilizado, com cerca de 90% do volume aplicado para suprir
a necessidade de potássio na agricultura brasileira.
Referências Bibliográficas
NOVAIS et al.; Fertilidade do Solo. Viçosa: Sociedade Brasileira de Ciência
do Solo, 2007. 1017 p
FERRI, M. G. (Coord.) Fisiologia Vegetal, v. 1. 2nd ed. São Paulo: EPU,
1985, 361p.
MARSCHNER, H. Mineral Nutrition of Higher Plants. 2nd ed. London:
Academic Press,1995, 889p.
INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE, AGRÁRIAS E HUMANAS (ISAH) - Araxá - MG, Maio de 2014
53
HOPKINS, W. G. Introduction to Plant Physiology. 2nd ed. New York: John
Wiley & Sons, Inc., 2000, 512p.
SALISBURY, F. B., ROSS, C. W. Plant Physiology. 4th ed. Califórnia:
Wadsworth
Publishing Company, Inc., 1991, 682p.
TAIZ, L., ZEIGER, E. Plant Physiology. 2nd ed. Massachusetts: Sinauer
Associates, 1998, 792p.
TAIZ, L., ZEIGER, E. Fisiologia Vegetal. 3ª edição. Editora Artmed, 2004, 719p.
RANQUIM, C. C. Conceitos de fertilidade do solo e manejo adequado para
as regiões tropicais. – Campinas: Embrapa Monitoramento por Satélite,
2010 26 p.: il. (Embrapa Monitoramento por Satélite. Boletim de Pesquisa e
Desenvolvimento, 8). ISSN 1806-3322.
PERES, L. E. P. Nutrição Mineral. Escola Superior de Agricultura “Luis de
Queiroz”. USP, 2013. São Paulo-SP.
Nutri-fatos, Informação agronômica sobre nutrientes para as culturas. Arquivo
do Agrônomo Nº 10. – Março de 1996.
FILHO, M. P. B; SILVA, O. F.; Adubação de cobertura do feijoeiro irrigado
com uréia fertilizante em plantio direto. Potafos, Informações Agronômicas.
Nº 93 – Março de 2001.
MACÊDO, L. S.; MORRIL, W. B. B. Toxidade dos ametais no solo e nas
plantas: Uma revisão de literatura. Tecnol. & Ciên. Agropec., João Pessoa,
v.2., n.2, p.39-42, jun. 2008
C
COMITÊ DE PUBLICAÇÕES
Coordenador: Dr. José Carlos da Silva
Membros: Arejacy Antônio Sobral Silva, Rafael Tadeu de
Assis, Jorge Mendes de Oliveira Junek, Carlos Eugênio Ávila
Oliveira, Paulo Fávero de Fravet, Paulo José da Silva Leite e
Diogo Aristóteles Rodrigues Gonçalves.
Revisão de texto: Jacqueline de Souza Borges Assis
Normalização bibliográfica: Maria Clara Fonseca
E-mail: [email protected]
Versão eletrônica, junho de 2014
1ª impressão (2014): 100 exemplares
54
CAPAL
INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE, AGRÁRIAS E HUMANAS (ISAH) - Araxá - MG, Maio de 2014
Circular
Técnica
09
Carlos Eugênio Avila de Oliveira¹
Paulo de Tarso Veloso de
Menezes Brando2
Amarildo José Carneiro Filho2
Carlos Germano Borges2
Jaciara Aparecida de Oliveira2
Lerrane Carvalho Mingote2
¹Médico Veterinário, Professor
Doutor do curso de Agronomia
do Centro Universitário do
Planalto de Araxá – UNIARAXÁ
Graduando(a) do curso
2
de Agronomia do Centro
Universitário do Planalto de
Araxá- UNIARAXÁ
CRIAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DE
BEZERRAS LEITEIRAS NO PERÍODO DE
ALEITAMENTO: PRÁTICAS DE MANEJO
O cenário e as estatísticas sobre produção
mundial de leite apontam o Brasil como um dos principais
países produtores de leite, disputando o terceiro posto
com a China (IBGE, 2013; FAO, 2012; Milkpoint, 2014).
Um levantamento feito pela FAO (2001) aponta o leite e
seus derivados como os alimentos mais consumidos no
mundo. Este aumento se deve ao aumento da renda e do
crescimento populacional associados à ocidentalização
do hábito alimentar, além do acesso a este produto pelos
países em desenvolvimento (Milkpoint, 2014). Dentro deste
contexto, torna-se inquestionável o papel relevante da
pecuária leiteira brasileira, não só no agronegócio nacional,
mas também na produção mundial deste alimento.
Na atividade leiteira, vários aspectos são
fundamentais para a obtenção de resultados positivos, não
só os tangíveis aos aspectos econômicos, mas também
os relacionados à sua sustentabilidade. Alimentação,
sanidade, mão-de-obra, tratamento de dejetos e bemestar animal são alguns exemplos. Associada a isto,
está a criação de bezerras, futuras produtoras de leite e
responsáveis pela reposição de animais economicamente
inviáveis na atividade. Isto posto, a presente publicação tem
como objetivo mencionar aspectos relevantes à criação de
bezerras como sanidade, alimentação e nutrição.
Fase pré-parto
Os cuidados com a futura produtora de leite deve
começar antes mesmo do seu nascimento. A mãe da
bezerra deve apresentar uma condição corporal adequada.
Problemas metabólicos como cetose (vacas muito gordas),
redução no teor de gordura do leite e anestro temporário
(vacas muito magras) são facilmente identificados em
animais com escore corporal inadequado.
INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE, AGRÁRIAS E HUMANAS (ISAH) - Araxá - MG, Maio de 2014
55
A mãe da futura bezerra deve estar seca (sem produzir leite) pelo
menos 60 dias antes do parto previsto. Além de proporcionar um repouso
fisiológico da glândula mamaria, favorece maior produção de colostro (leite
rico em imunoglobulinas produzido logo após o parto). O local onde ela
ficará alojada também é de fundamental importância: deve ser levada por
volta de 60 dias antes do parto para um piquete ou pasto com visibilidade
favorecida (caso haja necessidade de intervenção durante o parto). Este
pasto maternidade deve conter forragem de boa qualidade, bem como água
limpa, sal mineral e sombra.
A vacinação cerca de 30 dias antes do parto contra paratifo (diarreia
causada por Salmonella spp.) é um manejo sanitário que deve ser adotado.
Isso irá proporcionar uma produção de anticorpos contra a doença que pode
chegar à bezerra através do colostro.
Colostro
O colostro, como já mencionado, é o leite produzido pela mãe logo
após o nascimento da bezerra. Possui algumas peculiaridades que o diferem
do leite normal, como coloração, viscosidade e composição. É de fundamental
importância para proporcionar imunidade passiva (proteção) à bezerra, já
que o sistema imune dela não lhe proporciona esta condição. Apresenta
uma maior viscosidade, cor amarelo-avermelhada e alta concentração de
proteínas e imunoglobulinas, conforme tabela 1.
Tabela 1: Proteína total e concentração de imunoglobulinas no colostro dos
bovinos em relação ao tempo, após o parto (g/100 ml de colostro)
Horas após o parto
0
12
24
Proteína total
13,7 ± 3,3
10,0 ± 3,1
7,0 ± 1,8
Imunoglobulina total
6,03 ± 1,9
4,25 ± 1,8
2,42 ± 0,9
Adaptado de Bush (1971)
Considerando a concentração de imunoglobulinas em relação ao
tempo após o parto, é importante ressaltar a necessidade de que as primeiras
mamadas da bezerra aconteçam o quanto antes. As vilosidades intestinais
favorecem a absorção das imunoglobulinas (intactas) nas primeiras horas
de vida. Esta absorção vai sendo dificultada com o passar do tempo até
tornar-se inadequada depois de 36 horas do nascimento (Drackley, 2001). A
quantidade também é relevante. A bezerra deve ingerir pelo menos três litros
nas primeiras seis horas de vida e mais quatro litros nas primeiras 12 horas
de vida (Drackley, 2001). Além da rapidez e da quantidade, a qualidade e a
sanidade do colostro também são de fundamental importância. A qualidade
56
INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE, AGRÁRIAS E HUMANAS (ISAH) - Araxá - MG, Maio de 2014
do colostro pode ser obtida por colostrômetros e refratômetros, enquanto
que a pasteurização do colostro é eficaz para o controle de patógenos.
Existem linhas de pesquisa que defendem que até o colostro deve ser
fornecido em mamadeira e não diretamente na teta da mãe, sugerindo a
sua pasteurização. A ideia de se ter um banco de colostro de boa qualidade
também é bem difundida (deve ser armazenado congelado).
Alimentação
Algumas questões importantes quando se aborda a alimentação e
nutrição de bezerras:
Quantidade de leite fornecida por dia
A quantidade de leite deve ficar entre seis e oito litros por dia. Podese usar um sucedâneo de boa qualidade que, em sua composição, deve se
aproximar o máximo possível da composição do leite integral. É importante
verificar a viabilidade econômica de utilização deste sucedâneo (preço) e a
mão-de-obra disponível para adoção de tal prática de manejo. Vale ressaltar
que a água deve estar disponível sempre, bezerra que toma leite, também
toma água.
Número de vezes que este leite é fornecido por dia
Normalmente, por questões práticas, sugere-se o fornecimento do
leite em duas refeições diárias (metade pela manhã e metade à tarde). Há
propriedades que adotam um único fornecimento diário (pela manhã). A
alegação é de facilidade de manejo e maior consumo de concentrado na
parte da tarde. Propriedades mais tecnificadas utilizam os alimentadores
automáticos; através de um colar de identificação, fornecem a quantidade
indicada a cada bezerra (foto 1).
Foto1: Alimentador automático de bezerras. Fonte: http://www.milkpoint.com.br
INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE, AGRÁRIAS E HUMANAS (ISAH) - Araxá - MG, Maio de 2014
57
Fornecimento de concentrado
A bezerra ao nascer possui um sistema digestório adaptado para
digestão de leite. Nos primeiros dias de vida, há a formação da goteira
esofágica que permite que o leite ingerido pela bezerra vá direto para o
abomaso. Entretanto, o fornecimento de concentrado já nos primeiros dias
de vida promove um maior desenvolvimento das papilas ruminais, estruturas
estas responsáveis pela absorção de AGV´s (Ácidos Graxos Voláteis).
Bezerras que sofrem restrição de ingestão de concentrado na fase inicial
da vida apresentam papilas menos desenvolvidas e menos pigmentadas,
comprometendo a absorção de AGV´s (foto 2).
A
B
Foto 2: Aspectos distintos do rúmen e retículo de bezerras com seis semanas de vida, onde (A)
recebeu leite e concentrado na dieta e (B) recebeu somente leite na dieta. Fonte: http://www.das.
psu.edu/dairynutrition/calves/rumen/
Fornecimento de forragem
Estudos indicam que o fornecimento de forragem em pequenas parcelas
a partir da terceira semana de vida deve contribuir para o desenvolvimento
fisiológico adequado do trato digestório e, consequentemente, da bezerra
(Terré et al, 2014). Outro aspecto a ser considerado em relação à forragem
para bezerras é o crescimento da microbiota ruminal celulolítica (capaz de
digerir a celulose das forragens). Esta microbiota tem a sua população no
rúmen aumentada de modo significativo por volta de quatro semanas de
vida (Anderson et al, 1987). Davis e Drackley (1998) sugerem que forragens
inteiras e de folhas “grosseiras” não são adequadas para bezerras de seis a
oito semanas de vida. Além da dificuldade de apreensão, há a dificuldade de
digestão. Entretanto, forragens tenras e com folhas finas e/ou “cortadas” são
recomendas para bezerras desta idade. Algumas forragens cultivadas no
Brasil são altamente recomendadas para bezerras como coast cross, tifton
e alfafa.
58
INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE, AGRÁRIAS E HUMANAS (ISAH) - Araxá - MG, Maio de 2014
Desmame
A idade para se desmamar a bezerra talvez esteja mais associado
ao sistema de produção do que a qualquer outro fator. Quando a bezerra
estiver ingerindo cerca de 600 g a 750 g de concentrado/dia, o que ocorre
por volta de 70 a 90 dias de vida, classifica-se esta bezerra como “apta”
para a desmama (fim da ingestão de leite e/ou sucedâneo). Uma técnica
desenvolvida na Argentina visa tornar as bezerras, animais ruminantes mais
precocemente. Uma dieta seca, de alta digestibilidade, com alta concentração
de óleos e proteínas de excelente qualidade, é tecnicamente vantajosa para
desenvolvimento ruminal dos animais (Vittone et al, 2006). Bezerras com
35 a 40 dias de vida neste sistema, apresentam desenvolvimento ruminal
compatível com bezerras de 120 dias no sistema tradicional.
Sistemas de criação
Um bom sistema de criação deve sempre se preocupar em fornecer
condições às bezerras de crescerem saudáveis, bem alimentadas e estarem
sempre confortáveis. O ambiente deve ser seco e sem correntes de vento. A
temperatura ideal deve ser de 17°C e 21°C, com umidade relativa do ar entre
50% e 70%. A área destinada a cada animal também é importante sendo
sugerido de 2,8 m² a 3 m² por bezerra (Hänninen, 2007). Os sistemas mais
utilizados para criação de bezerras baseiam-se no alojamento individual (foto
3) ou em grupo (foto 4). Após o desaleitamento, normalmente, as bezerras
são criadas em grupo. Hoje, principalmente no Brasil e Argentina, existe uma
versão da criação individual, mais adaptada às nossas condições de clima
e mão-de-obra, chamado de sistema argentino ou sistema tropical (foto 5),
que prima por apresentar custos relativamente mais baixos se comparado às
“casinhas” tradicionais.
Foto 3: Alojamento individual para criação de bezerras. Fonte: http://www.diadecampo.com.br/
zpublisher/materias (foto: André Pedroso)
INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE, AGRÁRIAS E HUMANAS (ISAH) - Araxá - MG, Maio de 2014
59
Foto 4: Aleitamento de bezerras criadas em grupo (coletivo). Fonte: http://www.baitachaonews.
com/2012_05_27_archive.html
Foto 5: Sistema Argentino ou Sistema Tropical. Foto: Sandra G. Coelho
Sistema individual
Apresenta vantagens como a diminuição do contato e,
consequentemente, a minimização da transmissão de doenças entre as
bezerras; o acompanhamento clínico individual de cada animal, o que
facilita a observação de qualquer problema de saúde, além de não existir
competição entre os animais. Por outro lado, há menor movimentação e
menor socialização dos animais, o que pode afetar o comportamento do
animal no futuro. Outro aspecto negativo da criação individual está ligado à
maior exigência da mão-de-obra (Coelho, 2014).
60
INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE, AGRÁRIAS E HUMANAS (ISAH) - Araxá - MG, Maio de 2014
Sistema coletivo ou em grupo
O sistema coletivo já minimiza o trabalho para alimentação das
bezerras e limpeza das instalações; apresenta também uma maior
socialização entre os animais. Entretanto, este sistema parece mais propício
à propagação de doenças. Se por um lado, em relação à alimentação e
limpeza das instalações, o trabalho é menor, é desejável que os funcionários
tenham experiência e conhecimento para detecção de qualquer problema
sanitário e clínico em relação às bezerras (Coelho, 2014).
Doenças
Algumas medidas são fundamentais para proporcionar proteção
à bezerra nos primeiros dias de vida. Uma delas é a vacinação da mãe
no período pré-parto contra paratifo. A mamada do colostro logo após o
nascimento da bezerra é de fundamental importância, já que seu sistema
imunológico não consegue proporcionar proteção nestes primeiros contatos
com patógenos. Outra medida extremamente eficiente é a cura do umbigo
com iodo 10% durante os três primeiros dias de vida.
A diarreia talvez seja a principal enfermidade que acomete bezerras
mais jovens. Na fase neonatal (até seis semanas de vida), várias infecções
podem causá-la: E. coli, Cryptosporidium spp., rotavirus, coronavirus, Giargia
duodenallis, Eimeria spp., Strongyloides spp., Salmonella spp., Clostridium
perfringens, entre outros.
Após seis semanas de vida, os quadros de diarreia são mais
comumente causados por Eimeria spp., Estrongyloides spp., Estrongilídeos,
Giargia duodenallis e Salmonella spp. Para algumas doenças existem
vacinas, outras têm antibióticos como tratamento, mas a prevenção é a melhor
maneira de se evitar o problema. A limpeza das instalações e dos utensílios
utilizados para alimentar as bezerras é medida muito eficaz no combate à
proliferação destes patógenos. Outro fator importante a ser mencionado é
a fluidoterapia (hidratação) quando já se apresenta o quadro de diarreia.
A desidratação é a maior causa de morte em animais com este problema.
Outras doenças como babesiose e anaplasmose (conhecidas
como tristeza parasitária bovina) podem acometer bezerras nesta fase de
aleitamento, embora sejam mais comuns os casos após a desmama. O
mesmo acontece com problemas respiratórios que aparecem, na maioria
dos casos, após o desaleitamento.
Algumas vacinas e vermifugações são comumente utilizadas em
bezerras. Há variações de acordo com a assistência técnica e com a região
onde se encontra a propriedade. A figura 1 apresenta as mais importantes.
INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE, AGRÁRIAS E HUMANAS (ISAH) - Araxá - MG, Maio de 2014
61
Figura 1: Estratégias de vacinação e vermifugação em bezerras. Adaptado de Silva & Leão (2014)
Considerações finais
Não existe “o melhor sistema”. Não há um sistema que se adapta a
todas as situações, mas pode haver um que seja o melhor para determinada
situação ou propriedade. Ao escolher um sistema, deve-se considerar os
custos de instalação e durabilidade, custo com mão-de-obra e eficiência do
trabalho. É preciso entender que, mesmo com excelentes instalações, os
resultados ruins podem aparecer se o manejo não for adequado (Coelho, 2014).
Prevenir doenças é melhor que tratá-las. Medidas de manejo
favorecem a ausência de determinados patógenos na propriedade,
diminuindo custos com medicação e favorecendo o crescimento satisfatório
e desejado às bezerras.
Referências bibliográficas
Anderson, K.L.; Nagajara, T.G.; Morril, J.L. et al. Ruminal microbial
development in conventionally or early weaned calves. Journal of Animal
Science, v.64, n.4, p.1215-1226, 1987.
Busch, L. J. et al. Absorption of colostral immunoglobulins by newborn dairy
calves. Jornal of Dairy Science, v. 54, n. 10, p. 72-140. 1971.
Coelho, S. G. Sistemas de criação de bezerras: conforto e bem estar, pelo. In:
4º Simpósio Internacional Leite Integral. Criação de bezerras. Proceedings
do 4º Simpósio Internacional Leite Integral; março de 2014; Curitiba. 58 p.
FAO - Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura
(online). Dezembro de 2012. Disponível na Internet. URL: http://www.fao.org/
home/en/
Davis, C. L. & Drackley J. K. The Development Nutrition and Management of
the Young Calf. Iowa State Univ. Press, Ames, 1998.
Drackley, J. K. Milk feeding strategies for calves: Does “accelerated growth”
make sense? in Proc. 5th Annu. Professional Dairy Heifer Growers Assoc.
National Conf., Seattle, WA. PDHGA, Savoy, IL, 2001. p. 27-36.
62
INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE, AGRÁRIAS E HUMANAS (ISAH) - Araxá - MG, Maio de 2014
Hänninen, L. Sleep and rest in calves: Relationship to welfare, housing
and hormonal activity. Feb. 2007. 86 p. Dissertação. Faculty of Veterinary
Medicine of the University of Helsinki. Helsinki, 2007.
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (online). Dezembro de
2013. Disponível na Internet. URL: http://www.ibge.gov.br/
Milkpoint (online). Março de 2014. Disponível na Internet. URL: http://www.
milkpoint.com.br/
Silva, M. R. H. & Leão, G. F. M. Manejo de bezerras leiteiras. Disponível na
Internet.URL:http://www.gadoleiteiro.iepec.com/noticia/imprimirNoticiaPopU
p&idNoticia=6626. Acesso em 27/02/2014.
Terré, M.; Castells L.; Bach, A. Is it necessary to provide forage to preweaning
calves? pelo. In: 4º Simpósio Internacional Leite Integral. Criação de bezerras.
Proceedings do 4º Simpósio Internacional Leite Integral; março de 2014;
Curitiba. 73 p.
Vittone, Juan Sebastián; Geraci, José I.; Otero, Gabriel; Lis, Alejandro; Monje,
Ariel; Galli, Ignacio O. Estrategias de suministro de RUTER® en terneros
con destete precoz. Congreso Argentino de Produccion Animal. 29. Mar del
Plata, Argentina. 2006.
COMITÊ DE PUBLICAÇÕES
Coordenador: Dr. José Carlos da Silva
Membros: Arejacy Antônio Sobral Silva, Rafael Tadeu de
Assis, Jorge Mendes de Oliveira Junek, Carlos Eugênio Ávila
Oliveira, Paulo Fávero de Fravet, Paulo José da Silva Leite e
Diogo Aristóteles Rodrigues Gonçalves.
Revisão de texto: Jacqueline de Souza Borges Assis
Normalização bibliográfica: Maria Clara Fonseca
E-mail: [email protected]
Versão eletrônica, junho de 2014
1ª impressão (2014): 100 exemplares
CAPAL
INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE, AGRÁRIAS E HUMANAS (ISAH) - Araxá - MG, Maio de 2014
63
2
Circular
Técnica
10
Tavares, T. O.1
Costa, W. C. A.2
INFLUÊNCIA DAS CONDIÇÕES CLIMÁTICAS
OCORRIDAS NA SAFRA 2013/14 E NO
DESENVOLVIMENTO DO CAFEEIRO NA
REGIÃO DE ARAXÁ, MG.
Sendo o cafeeiro uma planta perene, durante todo
ano ele está sujeito a qualquer adversidade decorrente
de eventos climáticos que possam vir a prejudicar o
desenvolvimento da cultura, como por exemplo, geadas,
ventos frios, má distribuição pluviométrica, temperatura
e outros. Quaisquer dessas ocorrências climáticas
podem causar prejuízos à produtividade do cafeeiro
e na bienalidade produtiva, em maior ou menor grau,
dependendo da intensidade do evento. As diversas fases
fenológicas do cafeeiro arábica (Coffea arabica, L.) são
afetadas principalmente pela precipitação pluviométrica
e temperatura do ar e, em menor escala, pela umidade
do ar, vento, luz e radiação solar. Dentre as variedades
disponíveis de café arábica, Mundo Novo e Catuaí são
as mais plantadas em solos brasileiros e nesta região,
razão por que foram escolhidas para os levantamentos
feitos no presente trabalho. Este tem por objetivo analisar
o desenvolvimento do cafeeiro na região de Araxá nesta
safra (2013/14), especialmente na fase de granação
de frutos, em função de precipitações abaixo da média
e temperaturas acima da média. De maneira geral, se
observa um problema significativo na granação dos frutos
e no crescimento vegetativo (safra 2014/15).
Leite, P. J. S.3
1
Eng.Agro. do Campo
Experimental de Café da Capal
Acadêmico em Agronomia pelo
2
Uniaraxá
Prof.Me do Uniaraxá
3
Being a perennial coffee throughout the year it is subject
to any adversity due to climatic events that may hinder the
development of culture , such as frost , cold winds , poor
rainfall distribution , temperature and others. Any of these
weather events can damage the coffee yield and production
biannuality a greater or lesser degree , depending on the
intensity of the event . The different phenological stages
of Arabica coffee (Coffea arabica L. ) are affected mainly
by rainfall and air temperature and , to a lesser degree ,
by humidity , wind , light and solar radiation . Among the
available varieties of Arabica coffee, New World and Catuaí
are commonly grown in Brazilian soils and in this region,
why were chosen for the surveys in this study which aims to
analyze the development of coffee in the region this season
Araxá (2013 /14) , especially in the filling phase of fruits ,
INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE, AGRÁRIAS E HUMANAS (ISAH) - Araxá - MG, Maio de 2014
65
due to below average rainfall and above average temperatures . In general
we observe a significant problem in grain formation and vegetative growth
(harvest 2014/15).
Palavras-chave: clima; temperatura; fases fenológicas; desenvolvimento
cafeeiro; estiagem.
São vários os fatores que afetam o desenvolvimento fenológico
do cafeeiro arábica (Coffea arabica), mas os principais são a quantidade
e distribuição das chuvas, a temperatura e, em menor escala, ventos e
radiação solar. O desenvolvimento fenológico interfere no potencial produtivo
e na bienalidade da lavoura, na qualidade do produto e na vida produtiva da
lavoura.
No tocante à temperatura, Matielloet al (2010) citaram que as
regiões propícias ao cultivo do cafeeiro arábica são aquelas onde se tem
temperaturas médias anuais de 19 a 22°C.
Com relação às exigências hídricas, o cafeeiro arábica se desenvolve
bem em precipitações anuais de 1.200 a 1.800 mm bem distribuídos,
principalmente na florada e granação (Thomazielloet al., 2000).O déficit
hídrico, quando acentuado, pode resultar em prejuízos significativos no
desenvolvimento e na produção do cafeeiro.
O presente trabalho tem por objetivo analisar o desenvolvimento
do cafeeiro na região de Araxá nesta safra (2013/14), especialmente na
fase de granação de frutos, em função de precipitações abaixo da média e
temperaturas acima da média.
Densenvolvimento
Dentre as variedades disponíveis de café arábica, Mundo Novo e
Catuaí são as mais plantadas em solos brasileiros e nesta região, razão por
que foram escolhidas para os levantamentos feitos no presente trabalho.
Temperaturas excessivas podem reduzir ou até paralisar o
desenvolvimento fenológico do cafeeiro, inviabilizando o seu cultivo
(Camargo, 1985). Em regiões com temperaturas médias acima de 23°C,
o desenvolvimento e a maturação dos frutos são acelerados, ocasionando
perdas de qualidade do café produzido, além de escaldaduras nas folhas,
prejudicando a captação de luz e a produção fotossintética (Franco, 1956).
Quando estas altas temperaturas ocorrem no momento da florada, podem
ocasionar abortamento de botões florais, reduzindo o pegamento e não
produzindo frutos (Camargo, 1985).O cafeeiro é também muito suscetível
à geada, sendo que temperaturas abaixo de 10oC inibem o crescimento da
66
INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE, AGRÁRIAS E HUMANAS (ISAH) - Araxá - MG, Maio de 2014
planta (SANTINATO; FERNANDES, 2002).
De acordo com Matielloet al (2010), a necessidade de umidade no
solo para o desenvolvimento do cafeeiro é variável de acordo com as fases
do ciclo da planta. Regiões que apresentam precipitações próximas a 1200
mm são consideradas ótimas para o cultivo. Entretanto, a distribuição das
chuvas é fundamental, sendo importante que se tenha umidade disponível
no solo no período de vegetação e reprodução, que vai de outubro a maio.
A partir de maio, especialmente entre junho e setembro, a exigência hídrica
é menor e, após esse período, quando a umidade volta a subir por chuvas
ou irrigações, estimula as gemas reprodutivas dormentes induzindo o
abotoamento e posterior florada do cafeeiro.
As diversas fases fenológicas do cafeeiro arábica (Coffea arabica, L.)
são afetadas principalmente pela precipitação pluviométrica e temperatura
do ar e, em menor escala, pela umidade do ar, vento, luz e radiação
solar. Esses elementos climáticos condicionam a produtividade da planta,
além de interferir na bienalidade produtiva, na qualidade do produto e na
sustentabilidade da cultura.
Camargo e Camargo (2001) citam que o ciclo produtivo do cafeeiro
necessita de dois anos para ser completado. No primeiro, acontece a
formação dos galhos, folhas e gemas vegetativas. Com a diminuição do
tempo de luminosidade diário (fotoperíodo), estas gemas vegetativas
começam a se diferenciar em gemas florais que, quando submetidas a um
choque hídrico com irrigação ou com chuva, desenvolvem-se originando as
flores. É esse momento que se inicia o segundo ano fenológico, com a
formação dos chumbinhos e o crescimento destes até atingirem tamanho
normal dos frutos, caracterizando a granação.
Além de grande influência no desenvolvimento do cafeeiro, o clima
também influencia os demais organismos que interagem no ambiente da
lavoura. Na escolha de uma localidade para o plantio, é necessário que se
levantem principalmente informações de temperatura e precipitação.
Segundo Santinato e Fernandes (2002), a temperatura ideal para
o café arábica fica entre 19 a 22oC, sendo que temperaturas muito altas
interferem negativamente na produção fotossintética, estimulando a
proliferação de pragas e aumentando o risco de infecções que podem
comprometer a qualidade da bebida. Matiello et al. (2009) citam que
a cultura do café necessita de disponibilidade de água no solo em um
período, e de seca em outro período. De outubro a maio, acontece a
vegetação e frutificação, período em que é necessário que se tenha
umidade disponível para o melhor desenvolvimento e enchimento dos
INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE, AGRÁRIAS E HUMANAS (ISAH) - Araxá - MG, Maio de 2014
67
frutos, sendo que a deficiência hídrica nesta fase afeta negativamente o
enchimento dos frutos e reduz a produtividade da lavoura no ano seguinte
devido à redução no crescimento vegetativo dos ramos produtivos. Após
maio, é interessante que se tenha um período seco, já que chuvas nesta
época retardam a maturação dos grãos da safra pendente e prejudicam
a uniformidade de floração da safra seguinte. As chuvas normalmente
retornam com a primavera, em setembro, dando um choque hídrico na
planta e fazendo com que seja induzida a expansão dos botões florais.
Camargo (1985), analisando dados comparativos do balanço hídrico
climatológico de várias regiões produtoras do Brasil, sugere que a produção
econômica do cafeeiro arábica suporta bem deficiências hídricas de até 150
mm anuais, principalmente quando a estação seca coincide com a maturação
e a colheita.
Quando há um déficit maior que 150 mm durante o ano agrícola,
é necessário que haja uma suplementação hídrica com irrigação. Nessas
regiões irrigadas, muitos profissionais recomendam a aplicação de um
estresse hídrico visando uniformizar a indução floral, com a consequente
uniformização da granação e da maturação dos frutos, gerando maior
qualidade. Um problema comum é a desuniformidade de maturação
em lavouras adensadas e também em lavouras cultivadas em altitudes
superiores a 900 metros. Ambos os ambientes criam um microclima mais frio
que interfere no metabolismo da planta (MATIELLO et al, 2010).
Camargo e Camargo (2001) classificam o café em seis fases
fenológicas distintas, sendo que três ocorrem no primeiro ano e três no
segundo ano do ciclo fenológico. Na primeira fase ocorre a formação das
gemas vegetativas que acontece em dias longos, acima de 13 horas de luz
efetivas, situação que se verifica normalmente de setembro a março. São
sete meses de dias longos, com fotoperíodo acima de 13 a14 horas de luz
efetiva ou acima de 12 horas de brilho solar (CAMARGO, 1985). Geralmente
em abril há uma diminuição de horas diárias de luz e, consequentemente, de
temperatura, o que modifica o metabolismo da planta, tendo início a segunda
fase, quando ocorre a diferenciação celular, transformando as gemas
vegetativas em gemas reprodutivas, resultado da modificação climática.
No fim desta fase, em julho/agosto, as plantas entram em repouso, quando
emitem um ou dois pares de folhas pequenas, devido ao baixo potencial hídrico
do solo e temperaturas mais baixas. Nesse período, as gemas amadurecem
e aguardam condições para florir, o que delimita os anos fenológicos.
A terceira fase acontece quando há o início das chuvas ou das
68
INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE, AGRÁRIAS E HUMANAS (ISAH) - Araxá - MG, Maio de 2014
irrigações, quando o aumento do potencial hídrico induz as gemas florais a
se expandirem e florirem. Outros motivos, como um acentuado aumento da
umidade relativa do ar, mesmo que os cafeeiros não recebam diretamente
a chuva, poderá também provocar a florada (CAMARGO; FRANCO, 1981).
Quanto maior o aumento deste potencial, maior será a uniformidade da florada.
Temperatura ambiente elevada associada a um intenso déficit hídrico, durante
o início da florada, provoca a morte dos tubos polínicos pela desidratação,
causando o abortamento das flores, resultando nas conhecidas “estrelinhas”.
Após a fecundação, vêm os chumbinhos e a fase de expansão dos frutos,
etapa essa com duração de quatro meses, de setembro a dezembro.
Havendo estiagem forte nessa fase, o estresse hídrico poderá prejudicar
o crescimento dos frutos e resultar na ocorrência de uma concentração
de grãos nas peneiras baixas. Nesses últimos anos vem acontecendo um
problema grave: há o estímulo das primeiras chuvas e, em seguida, para
de chover e aumenta a temperatura, causando o abortamento das flores,
a diminuição do vingamento dos frutos, resultando em queda na produção.
A quarta fase compreende agranação dos frutos pelo aumento do teor
de matéria seca, o que ocorre de janeiro a março. Déficits hídricos severos
nesta fase resultam frutos chochos e baixas rendas no beneficiamento.
A quinta fase é caracterizada pela diminuição na quantidade de água
disponível no solo, compreendendo normalmente os meses de abril, maio
e junho, fazendo com que os frutos cessem o enchimento e comecem a
madurar. Chuvas nesta fase fazem com que a maturação se retarde.
Na sexta fase, a planta entra em repouso, coincidindo com a fase
da colheita. As duas primeiras fases correspondem a fase vegetativa do
desenvolvimento da planta e, a terceira, quarta e quinta fases, representam
a fase reprodutiva (CAMARGO; CAMARGO, 2001).Valle Filho (2008) cita
que o ponto de maturação fisiológica das sementes do cafeeiro se dá
quando os frutos estão entre os estádios de “verde-cana” e “cereja”, 220 dias
aproximadamente após a fecundação das flores. Esse é um ponto importante,
pois corresponde ao momento em que se tem a maior qualidade de colheita.
Além da época de colheita, o conjunto clima, fertilidade efitossanidade devem
ser trabalhadas com eficiência nas fases “antes da colheita” em busca da
qualidade produtiva do cafeeiro.
Nesse modelo, a fenologia do cafeeiro arábica foi definida e
esquematizada para as condições tropicais do Brasil e está relacionada
com as condições agrometeorológicas de cada ano. A esquematização das
diferentes fases fenológicas do cafeeiro permite identificar quais delas são
mais exigentes em água, facilmente disponível no solo, e as que necessitam
INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE, AGRÁRIAS E HUMANAS (ISAH) - Araxá - MG, Maio de 2014
69
da ocorrência de um pequeno estresse hídrico para condicionar uma florada
abundante (CAMARGO; CAMARGO, 2001; CAMARGO et al., 2001).
Na Figura 1, é apresentado um esquema detalhado das fases
fenológicas do cafeeiro arábica (Coffea arabica L.), segundo Camargo e
Camargo (2001). O ciclo fenológico, para as condições tropicais do Brasil, foi
subdividido em seis fases bem distintas, conforme comentado anteriormente,
sendo duas vegetativas e quatro reprodutivas, a saber: 1ª) vegetação e
formação de gemas foliares; 2ª) indução e maturação das gemas florais; 3ª)
florada; 4ª) granação dos frutos; 5ª) maturação dos frutos; e 6ª) repouso e
senescência dos ramos terciários e quaternários.
Figura 1. Vegetação e frutificação do cafeeiro arábica, abrangendo seis fases fenológicos, durante 24
meses. Fonte:adaptado de Camargo e Camargo (2001).
70
INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE, AGRÁRIAS E HUMANAS (ISAH) - Araxá - MG, Maio de 2014
Figura 2 Escala de notas para a correta identificação da fase do desenvolvimento do cafeeiro. Fonte:
Pezzopaneet al.(2003)
Os déficits hídricos podem levar à queda de produtividade do cafeeiro,
embora seus efeitos dependam da duração e da intensidade da deficiência
hídrica e do estádio fenológico em que a planta se encontra. Segundo
Camargo e Camargo (2001), nos estádios fenológicos de vegetação,
formação do grão e maturação, uma deficiência hídrica severa pode afetar
a produtividade.
Sendo o cafeeiro uma planta perene, durante todo ano, ele está sujeito
a qualquer adversidade decorrente de eventos climáticos que possam vir a
INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE, AGRÁRIAS E HUMANAS (ISAH) - Araxá - MG, Maio de 2014
71
prejudicar o desenvolvimento da cultura, como por exemplo geadas, ventos
frios, má distribuição pluviométrica e outros. Quaisquer dessas ocorrências
climáticas podem causar prejuízos à produtividade do cafeeiro, em maior ou
menor grau, dependendo da intensidade do evento.
Pragas e doenças também são dependentes de condições favoráveis,
do ambiente e das plantas: lavouras equilibradas, bem nutridas e com boa
sanidade, apresentam mais resistência tanto aos ataques de enfermidades
quanto às adversidades climáticas.
Desde 2010, vem sendo realizado o monitoramento mensal das
condições agrometeorológicas e fenológicas do café em Araxá-MG. Esse
monitoramento se dá pelas análises da precipitação pluviométrica e da
temperatura em relação ao desenvolvimento fenológico do cafeeiro. O
levantamento é realizado por coletas em uma estação climática do Campo
Experimental de Café da Capal e Fundação Procafé.
Na tabela 1, estão demonstrados os dados pluviométricos da média
histórica e de 2011 a 2014. Observa-se que o último ano agrícola (agosto de
2013 a março de 2014) apresentou um acumulado de 849 mm, média muito
abaixo da média histórica, que foi de 1394 mm, e também abaixo da média de
2011 a 2013 para o período, que foi de 1230 mm. Observa-se que o início da
época chuvosa em agosto, setembro e outubro de 2013, apresentou médias
praticamente iguais à média histórica, enquanto que, a partir desse mês, o
índice de chuvas foi 25% menor em novembro, 19% menor em dezembro,
79% menor em janeiro de 2014, 74% menor em fevereiro, e, em março, 35%
menor que a média histórica. De maneira geral, no ano agrícola 2013/14
apresentou um índice pluviométrico 39% menor até o final de março.
Tabela1. Acompanhamento pluviométrico da Araxá (Latitude 19°33’21’’SLongitude
46°58’08’’W Altitude: 960m)Fonte: Fundação Procafé
Jan
Fev
Mar
Abr
Mai
Jun Jul
Ago
Set
Out
Nov
Dez
Total
M.Hídrica
296
187
169
99
44
17
21
20
67
154
208
293
1575
0
35
0,6
0
27
135
158 356,4 1377,2
138,3 171,9 50,7 62,6 3,6
0
32,8 73,1 187,3 197,9
64,7 149,8 150 240,8 1554,25
2011
180,8 122,4 282,8 79,2
2012
401,8
2013
322,9 131,3 257,9 79,4 101,3 33,2
0
23
2014
62,2
90
48,2
110 1410
220,4
Os valores referentes às temperaturas médias mensais estão
demonstrados no Gráfico 1. Comparando-se as temperaturas verificadas
72
INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE, AGRÁRIAS E HUMANAS (ISAH) - Araxá - MG, Maio de 2014
no ano agrícola 2013/14 com as da média histórica, nota-se que setembro
apresentou uma média de quase 2°C a mais e outubro de 2°C a menos,
lembrando que em outubro ocorreu abertura da maior florada do café nesta
safra, o que na região normalmente ocorre em setembro. A partir de outubro
houve uma variação mensal de 0,5 a 0,9°C a mais que a média histórica, o
que, juntamente com a falta das chuvas, prejudicou sobremaneira o processo
de enchimento dos frutos do café, aumentando o índice de frutos pequenos,
mal formados e chochos.
Gráfico 1. Acompanhamento de temperatura média mensal de Araxá/MG
Luiza (2014) explica que esta seca é proveniente de um fenômeno
climático com curta duração, denominado El Niño. Ele decorre do aquecimento
expressivo das águas do Oceano Pacífico e da redução simultânea dos
ventos alísios equatoriais, tendo como uma das suas principais marcas a
seca em algumas regiões e níveis elevadíssimos de precipitação em outras.
Todas as interações ambientais podem interferir em diferentes formas
no desenvolvimento do cafeeiro. O monitoramento realizado considera
também o crescimento dos ramos do cafeeiro no ano agrícola, expresso pelo
número de nós formados a partir da última roseta produtiva. Geralmente, o
primeiro nó do ano agrícola é formado em julho/agosto, com temperaturas
e umidade relativamente baixas, apresentando-se assim um pequeno
internódio, menor que os demais produzidos nas épocas chuvosas (figura
3). Em 2014, devido às baixas precipitações pluviométricas, principalmente
em janeiro e fevereiro, o crescimento dos nós produzidos no mês foi
prejudicado, apresentando um internódio de tamanho reduzido no meio
do ramo plagiotrópico (figura 4), tendo esse fato sido observado em vários
galhos nas lavouras avaliadas.
No gráfico 2 observa-se que o número de nós desenvolveu-se de
forma normal até o mês de janeiro de 2014, sendo que em fevereiro e março
INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE, AGRÁRIAS E HUMANAS (ISAH) - Araxá - MG, Maio de 2014
73
o número de nós médios crescidos (de agosto de 2013 a março de 2014) foi
menor que o normal da região, podendo prejudicar a produção da safra de
2015.
Figura 3. Ramo com crescimento normal. Figura 4. Ramo com crescimento prejudicado Fonte:
Campo Experimental de Café da Capal
Gráfico 2. Desenvolvimento dos ramos plagiotrópicos do ano agrícola
2013/14Fonte: Fundação Procafé
Esses resultados são semelhantes aos de outras regiões também
castigadas pelo evento climático. Pesquisadores, como prof. Rena (2014),
74
INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE, AGRÁRIAS E HUMANAS (ISAH) - Araxá - MG, Maio de 2014
explicam fisiologicamente esses fatos, em que as altas temperaturas e
a falta de chuvas cessam a produção de fotoassimilados, retardando
o desenvolvimento das plantas, enquanto a falta de água diminui a
translocação de seiva impedindo ou diminuindo a hidratação e nutrição dos
frutos, gerando frutos com peneiras menores, grãos mal formados, grãos
chochos e grãos mumificados. Essas más formações podem prejudicar o
rendimento e uniformidade do café, resultando em uma menor rentabilidade
das lavouras. Rena cita ainda que, em alguns casos, esta anomalia climática
atingiu também o sistema radicular e, como a recuperação do mesmo é mais
lenta, isso pode prejudicar igualmente a produção da safra de 2016.
A má formação de frutos foi constatada em varia localidades, inclusive
em Araxá, como pode ser observado nas fotos da Figura 5.
Figura 5. Efeito dos eventos climáticos no cafeeiro na região de Araxá MG.
Vários levantamentos estão sendo feitos na região para estimar a
quebra na produção de 2014. Lavouras mais bem nutridas e/ou que utilizam
a irrigação apresentam o problema de forma menos expressiva, assim
como lavouras mais precoces e lavouras plantadas em regiões mais altas,
sentiram menos. De forma geral, os especialistas calculam uma quebra de
20% para a região do Triangulo Mineiro e Alto Paranaíba, com boas chances
de prejudicar a safra de 2015 e algumas de prejudicar a safra de 2016.
INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE, AGRÁRIAS E HUMANAS (ISAH) - Araxá - MG, Maio de 2014
75
Referências
CAMARGO, A. P. FLORESCIMENTO E FRUTIFICAÇÃO DE CAFÉ
ARÁBICANAS DIFERENTES REGIÕES CAFEEIRAS DO BRASIL.
PesquisaAgropecuária Brasileira, Brasília, v.20, n.7, p. 831-839,1985.
CAMARGO, A. P; CAMARGO, M. B. P. DEFINIÇÃO E ESQUEMATIZAÇÃO
DAS FASES FENOLÓGICAS DO CAFEEIRO ARÁBICA NAS CONDIÇÕES
TROPICAIS DO BRASIL. Campinas, 2001.
CAMARGO, A. P. de; FRANCO, C. M. CLIMA E FENOLOGIA DO CAFEEIRO.
In: CULTURA de café no Brasil: manual de recomendações.Rio de Janeiro:
Instituto Brasileiro do Café, 1981. p. 1-62.
FRANCO, C. M. DESCOLORAÇÃO EM FOLHAS DE CAFEEIROS,
CAUSADA PELO FRIO. Bragantia, Campinas, v. 15, p. 131-135, 1956.
MATIELLO, J. B; GARCIA, A. W. R; ALMEIDA, S. R. COMO FORMAR
CAFEZAIS PRODUTIVOS. Varginha-mg: Reproarte Gráfica, 2009. 150 p.
MATIELLO, J. B; SANTINATO, R; GARCIA, A. W; ALMEIRA, S. R; FERNADES,
D. R. CULTURA DE CAFÉ NO BRASIL MAUNUAL DE RECOMENDAÇÕES.
Varginha: Gráfica Santo Antônio, 2010. 542 p.
RENA, A. B.ESTIAGEM E CALOR PODEM AFETAR SAFRAS DE CAFÉ
ATÉ 2016. Revista Cafeicultura. 2014.Disponível em: <http://www.
revistacafeicultura.com.br/index.php?tipo=ler&mat=52805> Acesso em:
Março de 2014
SANTINATO, R; FERNANDES, A. L. T. CULTIVO DO CAFEEIRO IRRIGADO
EM PLANTIO CIRCULAR SOB PIVÔ CENTRAL. Belo Horizonte: Editora O
Lutador, 2002. 247 p.
THOMAZIELLO, R. A.; FAZUOLI, L. C.; PEZZOPANE, J. R. M.; FAHL,J.
I.; CARELLI, M. L. C. CAFÉ ARÁBICA: CULTURA E TÉCNICAS DE
PRODUÇÃO.Campinas: Instituto Agronômico, 2000. 82 p. (Boletim Técnico,
187).
VALLE FILHO, J. G. R. DESENVOLVIMENTO VEGETATIVO DO CAFEEIRO
RECEPADO COM DIFERENTES DOSES E FONTES DE P2O5. Trabalho de
Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação, em Cafeicultura,
da EAFMuz, como requisito parcial à obtenção do grau de Tecnólogo em
Cafeicultura. Mozambinho, 2008.
COMITÊ DE PUBLICAÇÕES
Coordenador: Dr. José Carlos da Silva
Membros: Arejacy Antônio Sobral Silva, Rafael Tadeu de
Assis, Jorge Mendes de Oliveira Junek, Carlos Eugênio Ávila
Oliveira, Paulo Fávero de Fravet, Paulo José da Silva Leite e
Diogo Aristóteles Rodrigues Gonçalves.
Revisão de texto: Jacqueline de Souza Borges Assis
Normalização bibliográfica: Maria Clara Fonseca
E-mail: [email protected]
Versão eletrônica, junho de 2014
1ª impressão (2014): 100 exemplares
76
CAPAL
INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE, AGRÁRIAS E HUMANAS (ISAH) - Araxá - MG, Maio de 2014
Circular
Técnica
11
Rafael Tadeu de Assis¹
Cleidiane Gloria de Morais²
¹Engº Agrº Me. Professor do
curso de Agronomia do Centro
Universitário do Planalto de
Araxá – UNIARAXÁ
²Graduanda do curso de
Agronomia do UNIARAXÁ
SORGO SACARINO, A SEGUNDA
SAFRA DO ETANOL NO BRASIL
A demanda mundial por combustíveis renováveis
tem se expandido rapidamente nos últimos anos, devido
à preocupação com a redução do volume de emissões de
gases causadores do efeito estufa até 2020, como determina
o compromisso assumido pelo governo brasileiro na COP
15. Além disso, incertezas a respeito da disponibilidade
futura de recursos não renováveis e tensões geopolíticas
em regiões produtoras de petróleo têm despertado grande
interesse no mundo pelos biocombustíveis, pois estes são
os mais viáveis substitutos para o petróleo, em escala
significativa. (TOMAZ & ASSIS, 2013)
Mesmo sabendo do importante uso da cana-deaçúcar, e de se planejar para que no País possam surgir
outras fontes potenciais para robustecer e estimular
o aumento de técnicas no intuito de gerar bioenergia.
Pensando em produção de etanol, uma das opções é o sorgo
sacarino, que pode ser plantado em período de entressafra
da cana-de-açúcar e usado como cultura para renovações
de canaviais. Sendo assim, seu ciclo de cultivo e colheita
abrange o período da entressafra da cana-de-açúcar,
principalmente na região centro-sul do Brasil, contribuindo
para o aumento de oferta e de preços, comum no período
de entressafra da cana-de-açúcar (MOREIRA, 2010).
O sorgo é uma gramínea tropical nativa de países
africanos, da região do Sudão, Etiópia. O sorgo sacarino
é de porte alto, superior a três metros, caracterizado,
principalmente, por apresentar colmo doce e suculento
como o da cana-de-açúcar. A panícula (cacho) é aberta e
produz poucos grãos (sementes). O sorgo, nos diferentes
tipos (granífero, forrageiro e sacarino), apresenta-se como
uma espécie bem adaptada a ambientes extremos de
estresses abióticos, especialmente, de temperatura do ar
e umidade do solo. Este comportamento de rusticidade
às condições ambientais confere ao sorgo condições
favoráveis à sua adaptação em relação a outras espécies
comerciais. Apesar deste fato, o sorgo é responsivo às boas
INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE, AGRÁRIAS E HUMANAS (ISAH) - Araxá - MG, Maio de 2014
77
práticas agrícolas e de manejo da cultura, e, portanto, passível de inovação
tecnológica competitiva para a sua utilização e usos (COELHO, et al., 2002).
Quando se fala da cultura do sorgo, a primeira coisa que imaginamos
é aquela planta que produz grãos e forragem para alimentar o gado. No
entanto, nos últimos anos, com a voracidade do mundo por fontes de energia
renováveis, outro tipo de sorgo despertou a curiosidade e interesse dos
pesquisadores, o sorgo sacarino que serve para fazer etanol. Ao lado da
cana-de-açúcar, que é tradicionalmente empregada na produção de etanol,
o sorgo sacarino apresenta-se como uma ótima opção sob o ponto de vista
agronômico e industrial (MAGALHÃES, et al., 2007). O sorgo sacarino pode
oferecer, dentre outras, as seguintes vantagens: rapidez no ciclo (quatro
meses); cultura totalmente mecanizável (plantio por sementes, colheita
mecânica); colmos suculentos com açúcares diretamente fermentáveis
(produção de 40 a 60 t ha-1 de colmos); utilização do bagaço como fonte
de energia para a industrialização, para a co-geração de eletricidade ou
como forragem para alimentação de animais, contribuindo para um balanço
energético favorável (EMBRAPA, 2012).
O sorgo sacarino pode ainda colaborar na composição do manejo
varietal da usina. Com a integração desta cultura, as variedades de cana-deaçúcar do início de safra podem ter sua colheita atrasada e, consequentemente,
gerar um maior acúmulo de açúcar, ou seja, um aumento do POL da cana
por hectare. Associado a esses fatores, o uso do sorgo sacarino também
ajuda a diminuir a ociosidade da indústria, durante o período de entressafra
da cana-de-açúcar, e consequentemente, isso contribui para a diluição do
custo fixo da usina (TOMAZ & ASSIS, 2013).
Sendo assim, o sorgo sacarino é a espécie mais promissora para
elevar a quantidade produzida de etanol anualmente no Brasil, de forma
rápida e segura, uma vez que não há necessidade de mudanças estruturais
e logísticas do parque industrial e operacional das usinas que o receberão.
Os colmos de sorgo podem ser colhidos com a mesma colhedora da cana e
a época de colheita ideal se dá justamente na entressafra de cana, ou seja,
quando a produção de etanol por hectare é máxima no sorgo, a cana está
muito abaixo do seu potencial máximo de produção (EMBRAPA, 2012).
Para que se consiga um manejo adequado no desenvolvimento da
cultura, desejando elevada produtividade de biomassa e, naturalmente,
alta produção de caldo por hectare plantado, a lavoura de sorgo sacarino
demanda a mesma regra recomenda para todos os tipos de cultura.
Implantação e manejo da lavoura
Antes de iniciar um plantio, de qualquer cultura, sem dúvida alguma
o primeiro passo é realizar a amostragem de solo (na profundidade de 0-20
e 21-40 cm) no intuito de avaliar adequadamente as condições químicas do
78
INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE, AGRÁRIAS E HUMANAS (ISAH) - Araxá - MG, Maio de 2014
solo e, assim, determinar as práticas corretivas, caso sejam necessárias, e a
quantidade de fertilizante a ser aplicada.
O sucesso de uma lavoura de sorgo depende muito de um bom
preparo de solo, devendo-se: fazer aração cedo, logo após a colheita da
cultura anterior; antes do plantio de sorgo, eliminar os torrões, detritos e
plantas infestantes; deixar a superfície do solo o mais nivelada possível, para
que a emergência da plântula seja rápida e uniforme.
O sorgo sacarino não deve ser plantado com o solo seco e/ou frio.
A temperatura do solo deve atingir pelo menos 18ºC, e deve ser plantado
após uma boa chuva. Usa-se a mesma plantadeira usada para outros grãos,
observando-se apenas a troca do disco de plantio (SCHAFFERT, 1980).
Com relação à profundidade de semeadura, a máquina tem de estar bem
regulada e deve-se ter um monitoramento rigoroso na hora do plantio,
principalmente em solos argilosos. A semente deve ser depositada no solo
com a profundidade 2 cm. Em um hectare é comum usar em média 8 kg de
semente. Em áreas de sorgo sacarino não é comum dividir a adubação de
cobertura, com isso buscando reduzir os gastos com operações agrícolas
(EMBRAPA, 2012).
A quantidade de plantas por hectare deve girar em torno de 100 a
120 mil plantas, já o espaço entre linha pode variar dependendo da máquina
que vai ser usada na colheita. Quando se usa um espaçamento menor, a
produtividade de colmo por área tende a aumentar. Entretanto, existe um
limite de espaçamento, pois lavouras muito adensadas e com crescimento
vigoroso estão mais propícias a diversos problemas, um deles é o acamamento
devido às chuvas fortes e com ventanias, comuns principalmente nos meses
de janeiro a março (TOMAZ & ASSIS, 2013).
Viabilidade econômica da produção de etanol a partir do sorgo sacarino
A produção de etanol a partir do sorgo sacarino tem sido considerada
viável devido à semelhança com a cana-de-açúcar, ao alto teor de açúcares,
uma boa produção de biomassa, custos inferiores ao da cana-de-açúcar
(Figura 1), além de o processamento poder ser feito nas usinas de cana-deaçúcar. Entretanto, há poucos estudos e informações sobre a viabilidade
técnico-econômica da produção de etanol a partir do sorgo sacarino (TOMAZ
& ASSIS, 2013). Alguns fatores possuem importantes efeitos sobre os
custos de produção de etanol a partir do sorgo, como o preço das matériasprimas, o preço do etanol e os fatores de conversão. O potencial mínimo de
geração de etanol de sorgo sacarino está estimado em 3.223 L/ha, com uma
produtividade que gira em torno de 55 t/ha, o que representa cerca de 58,6 L/t.
INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE, AGRÁRIAS E HUMANAS (ISAH) - Araxá - MG, Maio de 2014
79
Fontes: Embrapa e Monsanto
Fontes: Embrapa e Monsanto
O Sorgo Sacarino complementa a produção de cana-de-açúcar e é
uma matéria-prima ideal para produção de etanol. O sorgo sacarino cresce
rapidamente, utilizando menos água e fertilizantes e alcança picos de açúcar
em diferentes épocas do ano.
Com o uso de sementes, o sorgo pode ser plantado em rotação com
outros cultivos anuais e potencialmente semeado em áreas não cultivadas,
assim como em terras onde a cana não se adapta bem. Essa flexibilidade
é resultado, em parte, de o sorgo ser uma planta de características naturais
fortes e de rápido crescimento.
As plantas atingem a maturidade geralmente entre 120 a 140 dias,
com potencial para cortes adicionais após a primeira colheita. A cana de
sorgo ainda pode ser colhida em épocas de alta umidade, desde que haja
cuidado com sistema radicular. E, já que o açúcar acumula ao redor do
centro da planta, pode ser cortado numa distância maior do solo, o que reduz
a sujeira no material colhido (TEIXEIRA, et al., 1997).
As usinas têm agora a possibilidade de iniciar suas atividades
industriais com o sorgo sacarino a partir da segunda quinzena de março,
visto que a janela ideal de plantio de sorgo é de 15 de novembro a 15 de
janeiro, período em que essa cultura encontra as melhores condições de
desenvolvimento, proporcionando, assim, um aumento na amplitude da
janela de colheita.
80
INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE, AGRÁRIAS E HUMANAS (ISAH) - Araxá - MG, Maio de 2014
Considerações finais
Cultura de ciclo rápido, ou seja, de 120 dias, o sorgo sacarino produz
biomassa e açúcares fermentáveis que, uma vez industrializados, transformamse em etanol. A proposta da cultura do sorgo sacarino não é competir com
a cana-de-açúcar para produção de etanol no Brasil, mas ser uma opção
alternativa e viável, plantada como rotação de culturas nas áreas de reforma
de cana-de-açúcar em outubro, para colheita em fim de fevereiro/março.
Seu ciclo de cultivo e colheita fica compreendido justamente ao
período da entressafra da cana, especialmente, na região Centro-Sul, o que
contribui para a diminuição da volatilidade de oferta e de preços, típica da
entressafra da cana-de-açúcar.
O cultivo de sorgo é também uma excelente opção para manter as
usinas em pleno funcionamento durante a entressafra de cana, impactando
positivamente na minimização dos custos fixos do negócio, no fluxo de caixa,
e melhorando ainda mais a relação custo/benefício da produção de etanol.
A colheita do sorgo em um período em que a cana está com baixo
nível de açúcar é também outro benefício. Assim, pode-se esperar o melhor
momento - um maior acúmulo de POL da cana - para a colheita, aumentando
ainda mais a produtividade da usina para indústria de etanol.
O alto volume de bagaço gerado pelo cultivo do sorgo proporciona
matéria-prima essencial na geração de energia - em período que a cana não
está disponível - possibilitando a comercialização do excedente.
Referências
COELHO, A. M.; WAQUIL, J. M.; KARAM, D.; CASELA, C. R.; RIBAS, P. M.
Seja doutor de seu sorgo. Potafos. Informacoes Agronomicas, n.100, p.24.
2002.
MAGALHÃES, P. C.; DURÃES, F. O. M.; RODRIGUES, J. A. S. Cultivo do
Sorgo – Aspectos gerais dos efeitos ambientais sobre o crescimento do
sorgo. Embrapa Milho e Sorgo. Sistemas de Produção 2. Sete Lagoas. 2007.
Disponível em: http://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/FontesHTML/
Sorgo/CultivodoSorgo/ambientais.htm. Acessado em 10 de abril de 2014.
MOREIRA, L. R. Biocombustiveis: abastecer o debate sobre os rumos da
política energetica. Revista Principios. Sao Paulo. Ed. 105, p. 50-54, Jan/
Fev. 2010.
SCHAFFERT, R. E.; SANTOS, F. G.; BORGONOVI, R. A.; SILVA, J. B.
Aprenda a plantar sorgo sacarino. Agroquímica, São Paulo, v. 13, p. 10-14,
1980.
INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE, AGRÁRIAS E HUMANAS (ISAH) - Araxá - MG, Maio de 2014
81
Sistema Embrapa de produção agroindustrial de sorgo sacarino
para bioetanol: Sistema BRS1G – Tecnologia Qualidade Embrapa / Editores
técnicos: May, A. et al. Sete Lagoas: Embrapa Milho e Sorgo, 2012. 120 p.
TEIXEIRA, C. G; JARDINE, J. G; BEISMAN, D. A. Utilizacao do sorgo
sacarino como materia-prima complementar a cana-de-acucar para obtencao
de etanol em microdestilaria. Ciencia e Tecnologia de Alimentos. vol.17 n° 3.
1997.
TOMAZ, H, V. Q.; ASSIS, R. T. Sorgo sacarino – Rendimento extra na
entressafra da cana-de-açúcarIn: Silva. J.C; Silva. A. A. S; Assis. R. T;
Sustentabilidade e inovação no campo. editora Composer, UberlândiaMG-2013. Cap. 6, P.73-84
COMITÊ DE PUBLICAÇÕES
Coordenador: Dr. José Carlos da Silva
Membros: Arejacy Antônio Sobral Silva, Rafael Tadeu de
Assis, Jorge Mendes de Oliveira Junek, Carlos Eugênio Ávila
Oliveira, Paulo Fávero de Fravet, Paulo José da Silva Leite e
Diogo Aristóteles Rodrigues Gonçalves.
Revisão de texto: Jacqueline de Souza Borges Assis
Normalização bibliográfica: Maria Clara Fonseca
E-mail: [email protected]
Versão eletrônica, junho de 2014
1ª impressão (2014): 100 exemplares
82
CAPAL
INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE, AGRÁRIAS E HUMANAS (ISAH) - Araxá - MG, Maio de 2014
Circular
Técnica
12
Arejacy Antônio Sobral Silva 1
Paulo de Tarso Veloso Menezes
Brando 2
Nayara Aparecida da Silva2
Emanuely Torres Melo2
1
Professor do Uniaraxá
[email protected]
Graduando em Agronomia no
2
Uniaraxá.
COMPETIÇÃO DE GENÓTIPOS DE AVEIA
BRANCA E AVEIA PRETA EM ARAXÁ, MG.
As aveias, assim como outras culturas de clima
temperado ou de inverno, são comumente cultivadas
nos estados da região sul do Brasil, pois lá encontram
condições climáticas ideais ao seu desenvolvimento. Da
mesma forma que o trigo, que a princípio era plantado
apenas nas regiões mais frias do país, as aveias têm sido
cultivadas na região sudeste no outono, em sequeiro após
a safra de verão e até mesmo durante o inverno, desde que
haja disponibilidade de irrigação.
O uso de aveias, tanto para a alimentação animal
quanto para adubação verde e mesmo para a produção
de grãos (aveia branca), vem despertando o interesse
de produtores e técnicos das regiões do Alto Paranaíba
e Triângulo Mineiro, em Minas Gerais. Em sistemas de
produção animal, a utilização de forrageiras de inverno
é uma alternativa para suprir a escassez de pastagens
tropicais que, no período de outono-inverno, sofrem
quedas drásticas na produção, mesmo quando irrigadas,
devido à diminuição da temperatura. Com auxilio de
programas de melhoramento genético e uso adequado de
irrigação, a região Sudeste do Brasil, está conseguindo
obter bons resultados na produção de aveias. Entretanto,
é de fundamental importância identificar cultivares que
apresentem desempenho satisfatório nessa região.
Com o objetivo de avaliar a produtividade de
cultivares ou genótipos de aveia branca (Avena sativa
L.) e aveia preta (Avena strigosa Schreb) na região, foi
desenvolvida em 2013, uma pesquisa para avaliar o
desempenho de 12 cultivares (BRANDO et al., 2014; SILVA
et al., 2014).
O experimento foi realizado no campo experimental
do Centro Universitário do Planalto de Araxá – UNIARAXÁ,
em Araxá-MG, que se localiza a 19° 35’ 36’’ de latitude e
46° 56’ 26’’ de longitude, com altitude de 960 metros, em
solo cultivado de textura média.
O delineamento experimental utilizado foi de blocos
casualizados, com nove tratamentos e três repetições para
INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE, AGRÁRIAS E HUMANAS (ISAH) - Araxá - MG, Maio de 2014
83
as cultivares de aveia branca: IPR 126, IPR SUPREMA, IPR ESMERALDA,
FAPA 43, URS GUAPA, TORENA, CORONA, GUARA, TAURA. O mesmo
delineamento experimental, porém com três tratamentos e três repetições,
foi usado para a avaliação de cultivares de aveia preta: EMBRAPA 140, BRS
139 e IAPAR 61.
A semeadura foi realizada manualmente no dia 28 de abril de 2013,
em sulcos, a uma profundidade de 3 cm, com densidade de 350 sementes
aptas por m². As parcelas possuíam 10 linhas, espaçadas de 0,20 m e suas
dimensões eram de 2 m de largura e 2 m de comprimento (4m²).
A adubação de plantio foi feita com 300 kg ha-1 de 08-28-16. A
adubação de cobertura foi realizada aplicando-se 35 kg ha-1 de cloreto de
potássio mais 20 kg ha-1 de sulfato de amônio na fase de perfilhamento.
Após cada corte foi aplicado 20 kg ha-1 de sulfato de amônio.
A irrigação foi realizada com intervalos de 10 dias, de acordo com as
condições climatológicas, aplicando uma lâmina de 25 mm de água em cada
irrigação, descontando as chuvas. (BACCHI e GODOY, 1997).
Os cortes foram realizados quando as plantas atingiam 30 a 35 cm
de altura, deixando resíduo de 7 cm para que houvesse rápida rebrota. O
último corte foi realizado quando 50% das plantas estavam no estádio de
emborrachamento.
Foi realizada a avaliação do hábito de crescimento das aveias através
de uma escala de notas variando de um a nove, sendo que a nota um referese à planta com hábito de crescimento vertical e nota nove, à planta com
crescimento prostrado (tombado). Notas de dois a oito indicam hábito de
crescimento de semiereto a semiprostrado, respectivamente.
No momento de cada corte, para determinação da massa de
forragem, foram colhidas três amostras de forragem, em cada tratamento,
utilizando-se uma moldura de vergalhão de 0,50 m x 0,50 m, colocada ao
acaso, em ponto representativo da condição do relvado nas parcelas. Os
perfilhos contidos no interior da moldura foram colhidos rente ao solo, com
o auxílio de uma tesoura de poda e acondicionados em sacos plásticos,
devidamente identificados. Em seguida, essas amostras foram transportadas
para o laboratório, onde os componentes da planta foram pesados e secos
em forno micro-ondas, de acordo com Santos et al. (2004), calculando-se,
assim, o percentual de matéria seca.
Os dados de hábito de crescimento e produção de massa seca por
corte e total estão apresentados na Tabelas 1 e 2.
As cultivares de aveia branca com hábito de crescimento mais
prostrado foram IPR SUPREMA E IPR 126. As cultivares mais produtivas
foram IPR 126 com 7936 kg ha-1 em seis cortes e IPR SUPREMA com 7334
kg ha-1 em cinco cortes, ambos com ciclo tardio (Tabela 1).
Todos as cultivares de aveia preta avaliadas mostraram hábito de
crescimento semiereto.
84
INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE, AGRÁRIAS E HUMANAS (ISAH) - Araxá - MG, Maio de 2014
A cultivar de aveia preta com menor produção foi EMBRAPA 140,
uma vez que encerrou seu ciclo após o terceiro corte. IAPAR 61 foi mais
produtiva que EMBRAPA 140 e não se diferiu estatisticamente da cultivar
BRS 139. As aveias pretas IAPAR 61 e BRS 139 produziram um corte a mais
que EMBRAPA 140 (Tabela 2).
A produtividade, tanto para aveia branca, quanto para aveia preta, se
correlacionou com o hábito de crescimento, sendo que as mais produtivas
apresentaram hábito de crescimento semiprostrado. Mas cultivares de hábito
de crescimento excessivamente prostrado podem dificultar a colheita da
forragem pelos animais, ou mesmo a colheita mecanizada. Isso, aliado ao
maior sombreamento das folhas mais velhas, localizadas na base da planta,
pode implicar perdas da forragem produzida.
A maior estabilidade e o maior período de produção da aveia favorece
a disponibilidade de alimento durante esse período de escassez de alimento
no régio outono-inverno.
Para o uso na alimentação animal, destacaram-se as aveias brancas
IPR 126 e IPR SUPREMA e a aveia preta IAPAR 61, devido à maior produção
e número de colheitas que proporcionaram.
Se o objetivo for o uso como adubo verde ou rotação de culturas a
fim de fornecer massa (palhada) para o solo, podem-se considerar aquelas
cultivares que produziram mais no primeiro corte, já que, nesse caso, não há
interesse na rebrota das plantas.
Tabela 1. Resultados de hábito de crescimento, dias para último corte e
produtividade de massa seca por corte e total dos genótipos avaliados.
Araxá, MG, 2013.
Fonte: Silva et al.,2014
INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE, AGRÁRIAS E HUMANAS (ISAH) - Araxá - MG, Maio de 2014
85
Tabela 2. Resultados de hábito de crescimento, dias para último corte e
produtividade de massa seca por corte e total dos genótipos avaliados.
Araxá, MG, 2013.
Fonte: Brando et al.,2014
Imagem 1. Vista parcial do experimento.
Referências:
BACCHI, O. O. S.; GODOY, R. Demanda hídrica de aveia forrageira na
região de São Carlos, SP. In: REUNIÃO DA COMISSÃO BRASILEIRA DE
AVEIA, 17.,1997, Passo Fundo. Resultados Experimentais. Passo Fundo,
CSBPA,1997 .p.388.390.
BRANDO, P.T.V.M; SILVA, A.A.S.; RIBEIRO, J.V.C.; PAIVA, M.J.A.;
GERVÁSIO, G.R.; INÁCIO, P.K. Competição de genótipos de aveia preta,
86
INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE, AGRÁRIAS E HUMANAS (ISAH) - Araxá - MG, Maio de 2014
Araxá, MG, 2013. Anais da XXXIV Reunião da Comissão Brasileira de
Pesquisa de Aveia. CASTRO-Pr, 2014.
SILVA, A.A.S.; BRANDO, P.T.V.M.; RIBEIRO, J.V.C.; PAIVA, M.J.A.;
CARNEIRO FILHO, A.J.; INÁCIO, P.K. Ensaio de genótipos de aveia
branca, Araxá, MG, 2013. Anais da XXXIV Reunião da Comissão Brasileira
de Pesquisa de Aveia. CASTRO-Pr, 2014.
SOUZA, G.B.; NOGUEIRA, A.R.A.; RASSINI, J.B. Determinação de matéria
seca e umidade em solos e plantas com forno de micro-ondas doméstico.
Circular Técnica, 33. EMBRAPA. SÃO CARLOS, 2002.
COMITÊ DE PUBLICAÇÕES
Coordenador: Dr. José Carlos da Silva
Membros: Arejacy Antônio Sobral Silva, Rafael Tadeu de
Assis, Jorge Mendes de Oliveira Junek, Carlos Eugênio Ávila
Oliveira, Paulo Fávero de Fravet, Paulo José da Silva Leite e
Diogo Aristóteles Rodrigues Gonçalves.
Revisão de texto: Jacqueline de Souza Borges Assis
Normalização bibliográfica: Maria Clara Fonseca
E-mail: [email protected]
Versão eletrônica, junho de 2014
1ª impressão (2014): 100 exemplares
CAPAL
INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE, AGRÁRIAS E HUMANAS (ISAH) - Araxá - MG, Maio de 2014
87
Download