I ENCONTRO NACIONAL DE EPISTEMOLOGIA E METAFÍSICA DA UFJF “METAFÍSICA E EPISTEMOLOGIA: A FUNDAÇÃO DO CONHECIMENTO” A realizar-se nas dependências do Instituto de Ciências Humanas, da Universidade Federal de Juiz de Fora, nos dias 9, 10 e 11 de dezembro de 2015. Apresentação O encontro, organizado pelo Grupo de Pesquisa intitulado Epistemologia e Metafísica instituído em 2012, certificado pela UFJF e parte integrante do Diretório de Grupos de Pesquisa do CNPq, visa integrar as problemáticas das quatro linhas do grupo: 1) Fenomenologia e Ontologia (Prof. Dr. Luciano Donizetti da Silva); 2) Lógica e Ontologia (Prof. Dr. Luciano Vicente); 3) Metafísica (Prof. Dr. Pedro Calixto Ferreira Filho); 4) Razão e Experiência segundo a temática da fundamentação metafísica (ou, talvez, mesmo pós-metafísica) do conhecimento. Para tanto, recorreremos a palestras de e mesas de discussão com professores convidados (notadamente, Ernesto Perini Frizzera da Mota Santos (UFMG); Roney Wagner Vieira (UFLA); Carlos Eduardo de Oliveira (USP); Luiz Marcos Silva Filho (UFLA), Robinson Guitarrari (UFRRJ); e a comunicações abertas à inscrição de pesquisadores. O Primeiro Encontro Nacional de Epistemologia e Metafísica da Universidade Federal de Juiz de Fora é organizado pelo Grupo de Pesquisa intitulado Epistemologia e Metafísica instituído em 2012, certificado pela UFJF e parte integrante do Diretório de Grupos de Pesquisa do CNPq. O grupo tem como finalidade explorar as problemáticas ligadas a quatro linhas de investigação associadas por conveniência temática: Fenomenologia e Ontologia; Lógica e Ontologia; Metafísica; Razão e Experiência. O grupo se compõe de quatro, linhas distintas: 1) Fenomenologia e Ontologia (Prof. Dr Luciano Donizetti da Silva): Estudo da ciência de essências a partir da redução eidética (redução fenomenológica e epoché). Crítica à fenomenologia, à metafísica e à subjetividade modernas. Estudo do ente na datidade do Ser. Natureza. Experiência, intuição e temporalidade. Percepção, memória, subjetividade e liberdade. Kant, Nietzsche, Husserl, Hartmann, Scheler, Bergson, Heidegger, Merleau-Ponty, Sartre, Jaspers, Ortega y Gasset e Delfim Santos; 2) Lógica e Ontologia (Prof. Dr. Luciano Vicente): Existem diversas formulações do Princípio de Contradição em Aristóteles: de um lado, fala-se de proposições e das relações entre partes do discurso; de outro, fala-se de entidades e da combinação entre certos tipos de entidades. Teríamos, então, um mesmo princípio e duas formulações distintas (uma linguística, outra ontológica)? Para Russell e outros, a estrutura da realidade estaria espelhada na forma lógica das proposições. Teríamos, assim, dois domínios, uma única estrutura? Trata-se, portanto, de explorar a relação profunda e ancestral entre Lógica e Ontologia na diversidade mesma de suas manifestações; 3) Metafísica (Prof. Dr. Pedro Calixto Ferreira Filho): O século XX é responsável pela manifestação da necessidade, muitas vezes contesta, de retomar o projeto metafísico (Husserl, Heidegger, Levinas). Com efeito, Heidegger, logo na abertura de sua obra Ser e Tempo, coloca em evidência o projeto de sua obra afirmando que hoje, a questão do ser caiu no esquecimento. E, ao mesmo tempo, ele declara que para sairmos deste esquecimento se impõe uma desconstrução da história da metafísica (Heidegger, Derrida). Sabe-se que o conceito de onto-teo-logia, desenvolvido em sua conferência Identidade e diferença se encontra no cerne da questão da compreensão do paradoxo renovação/desconstrução da metafísica. Heidegger afirma que a onto-teo-logia é a característica principal da metafísica, que deve ser desconstruída. Com efeito, o conceito de onto-teo-logia traz consigo a ideia de uma recondução da totalidade dos entes (ontos) à um ente principal que é Deus (Theos) em um discurso totalizante (logos). Ora, é justamente, o caráter onto-teo-lógico do pensamento ocidental que impede a emergência da questão do ser. O conceito de ontoteo-logia seria, então, um filtro que iluminaria o espectro da totalidade do pensamento ocidental. Ora, é justamente está tese, exposta de maneira hipotética pelo próprio Heidegger, que o grupo de pesquisa em metafísica da Universidade Federal de Juiz de Fora tenta investigar; 4) Razão e Experiência: Investigação das implicações das diferentes fundamentações conferidas por Hume e Kant à relação causal, especialmente no que se refere à compatibilização entre liberdade e necessidade nas ações humanas. A pesquisa parte da análise humeana da relação de causa e efeito e se detém no sentido das remissões feitas a ela por Kant na Crítica da Razão Prática, como forma de compreender o sentido positivo de liberdade defendido pelo kantismo. Essas questões ultrapassaram os limites locais, e, graças aos contatos dos pesquisadores que o compõem, o grupo achou conveniente estender os debates ao âmbito nacional promovendo o primeiro encontro Nacional de Epistemologia e Metafísica da UFJF sobre a temática Metafísica e epistemologia: a fundação do conhecimento. Com efeito, os estudos referentes à área de epistemologia têm em vista a análise das questões clássicas e contemporâneas acerca da capacidade humana de apreensão da verdade e da separação entre crenças relevantes e infundadas. Nesse sentido, versa sobre uma série de temas essenciais, tais como a distinção entre conhecimento e crença e a ideia de justificação, tanto do ponto de vista da história da filosofia como da produção mais recente da própria ciência. Essa área constitui-se como um referencial importante para a consolidação da pesquisa na UFJF uma vez que reúne assuntos abordados em várias disciplinas do curso, tais como teoria do conhecimento, filosofia da ciência, filosofia da mente e lógica. Mesmo assim cabe a pergunta: depois das críticas de Kant, sobremaneira sua Crítica da Razão Pura, como, noutra vertente (continental), fundar o conhecimento senão na metafísica? A história da filosofia atesta que não há fundamentação epistemológica que não recorra à metafísica: é assim em Platão, em Agostinho e em Descartes, somente para citar alguns; o mesmo se passa com a epistemologia contemporânea, afinal, parece dogmática a pretensão de fundar o conhecimento na contemporaneidade sem recorrer às ontologias fundadas no método fenomenológico. É assim que Heidegger descreve seu caminho para a fenomenologia e, ainda que sua leitura de Husserl não seja canônica, o fato é que segundo o filósofo a ontologia somente é possível como fenomenologia. Pudera: em sua Crítica da Razão Pura Kant, ao demonstrar que o Ser não é um predicado real, barra o caminho metafísico; claro que a metafísica tem seu lugar na arquitetônica da razão, lugar de pouco destaque e nenhuma importância epistemológica. Entretanto Husserl, em sua empreitada de levar adiante o kantismo acaba – conforme declara Heidegger – libertando o Ser do Juízo. Isso porque, ao analisar o preenchimento de proposições inteiras, Husserl mostra que do fato de o ser não fazer parte das coisas não decorre que ele seja oriundo da interioridade do sujeito de conhecimento. De modo esquemático, Kant reduziu o conhecimento à junção da matéria trazida pela sensibilidade que seria organizada pelo entendimento; o resultado disso, objeto conhecido, seria a mera aparência – o fenômeno, expressão do noumeno incognoscível. Ora, Husserl em suas Investigações Lógicas (§§ 43-46) mostra que de fato o ser não é real, mas que o escrutínio minucioso do entendimento também não revela que o ser tenha ali sua origem; ademais, é inegável que o estado de coisas está fundado no aparato categorial independentemente da ação (ainda que inconsciente) do entendimento: se Kant conclui pela intuição sensível, Husserl mostra que há também a intuição categorial. Dizer simplesmente, sem mediações, que a ontologia contemporânea identifica ser e aparecer, é algo que mascara a profundidade da problemática epistemológica contemporânea na sua relação com a metafísica (ora, chamada ontologia): a filosofia continental contemporânea está fundada justamente nessa revelação de ser (ontológica, portanto) iniciada involuntariamente por Husserl e levada a cabo por Heidegger em Ser e Tempo. Ainda, o mesmo pode ser dito da filosofia contemporânea francesa: é a partir da fenomenologia husserliana em sua vertente heideggeriana que a filosofia francesa toma novo fôlego na metade do século XX, expressa no prefácio da Fenomenologia da Percepção, de Merleau-ponty, e, notadamente, na obra magna de Sartre, O Ser e o Nada. Enfim, pode-se dizer como Heidegger, que por ser movimento filosófico e jamais filosofia acabada, a fenomenologia é ainda o terreno das ontologias contemporâneas e, claro, esse é o solo de onde brotam todas as possibilidades de fundação do conhecimento. O encontro será organizado pelo Grupo de Pesquisa Epistemologia e Metafísica com apoio do Departamento de Filosofia e do Instituto de Ciências Humanas e, claro, da Universidade Federal de Juiz de Fora à qual pertencem. Conta-se ainda com o apoio da CAPES, INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS-UFJF. PROGRAMAÇÃO Quarta-feira (9/12) 19h00 – credenciamento; 20h00 – abertura oficial: Prof. Dr. Pedro Calixto Chefe do departamento de filosofia. 20h30 – Conferência: prof. Dr. Ernesto Perini Frizzera da Mota Santos (UFMG): O que é um problema filosófico. Debatedor: prof. Dr. Luciano Vicente Quinta-feira (10/12) 09h00 – Mesa de Convidados 1: : prof. Dr. Robinson Guitarrari (UFRRJ): Tema: A verdade. Debatedor : prof. Dr. Luciano Vicente 10hs – Mesa de Convidado 2: : prof. Dr. Luiz Marcos Silva Filho (UFLA): Agostinho e a Metafísica. Debatedor: : prof. Dr. Pedro Calixto (UFJF) 14h00 – mesa de comunicações dos estudantes 1: Metafísica 1 (Debatedor : prof. Dr. Pedro Calixto) 16h00 – mesa de comunicações dos estudantes 2: Metafísica 2 (Debatedor : prof. Dr. Pedro Calixto) 19h00 – Mesa de Convidados 2: : prof. Dr. Roney Wagner Vieira (UFLA) sobre o tema da Metafísica no pensamento de Hegel; (Debatedor : prof. Dr. Luciano Donizetti); Elena Pagni, Le corps en tant que fondement épistemologique : Bergson, Merleau-Ponty e Patoska (tradutor simultâneo e debatedor : prof. Dr. Pedro Calixto) Sexta-feira (11/12) 08h00 – mesa de comunicações 3: Fenomenologia e Lógica 10h00 – Conclusão do evento com a Palestra do : prof. Dr. Paulo Araújo (UFJF): A ontoteologia no pensamento de Heidegger. Palestrantes convidados: 1) Ernesto Perini Frizzera da Mota Santos (UFMG); 2) Roney Wagner Vieira (UFLA); 3) Elena Pagni ; 4) Robinson Guitarrari (UFRRJ). 5) Luiz Marcos Silva Filho (UFLA) 6) Paulo Araujo (UFJF)