Pneumonia Hopitalar Autores 1 Bruno do Valle Pinheiro 2 Júlio César Abreu de Oliveira 3 José Roberto Jardim Mestre em Pneumologia pela UNIFESP - Escola Paulista de Medicina. Doutor em Pneumologia pela UNIFESP - Escola Paulista de Medicina. Médico diarista da Unidade de Terapia Intensiva do Hospital Universitário da Universidade Federal de Juiz de Fora. Membro do grupo redator do II Consenso Brasileiro de Ventilação Mecânica da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia e da Associação de Medicina Intensiva Brasileira. Co-editor da HU-Revista. Orientador no Programa de Bolsas de Iniciação Científica do CNPq na Universidade Federal de Juiz de Fora. 1 Professor Adjunto 4 da Disciplina de Pneumologia da Universidade Federal de Juiz de Fora. Mestre em Pneumologia pela UNIFESP - Escola Paulista de Medicina. Doutor em Pneumologia pela UNIFESP - Escola Paulista de Medicina. Research Fellow do Royal Brompton Hospital - University of London - Londres - Inglaterra 1997/98. Chefe da Unidade de Terapia Intensiva do Hospital Universitário da Universidade Federal de Juiz de Fora. Presidente da Comissão de DPOC da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia - gestão 2000/02. Editor do I Consenso Brasileiro de Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica da Sociedade Brasileira de Pneumologia. Membro do grupo redator do II Consenso Brasileiro de Pneumonia da Sociedade Brasileira de Pneumologia. Membro do Conselho Editorial do Jornal de Pneumologia. Orientador no Programa de Bolsas de Iniciação Científica do CNPq na Universidade Federal de Juiz de Fora. 2 Professor Adjunto 4 da UNIFESP - Escola Paulista de Medicina. Doutor em Pneumologia pela UNIFESP - Escola Paulista de Medicina. Research Fellow na McGill University - Montreal - Canadá - 1977/79. Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Reabilitação da UNIFESP. Coordenador do Curso de Especialização em Fisioterapia Respiratória da UNIFESP. Presidente e Diretor do Departamento de Relações Internacionais da Associação Latinoamericana de Tórax (ALAT). Membro do Comitê de Relações Internacionais da American Thoracic Society. Professor Orientador dos Programas de Pós-Graduação em Pneumologia e Reabilitação da Disciplina de Pneumologia da UNIFESP. Professor da Disciplina de Fisiologia dos Cursos de Especialização em Fisioterapia Respiratória da Universidade de Fortaleza (UNIFOR), Centro Universitário do Triângulo (UNIT) e da Universidade da Cidade de São Paulo (UNICID). Presidente do Departamento de Ensino e Defesa Profissional da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia - gestão 2000/02. www.pneumoatual.com.br ISSN 1519-521X 3 Publicação: Jul-2002 1 - Qual a definição de pneumonia hospitalar? Pneumonia hospitalar é aquela que ocorre após pelo menos 48 horas de internação, excluindo assim casos em que a infecção já estava incubada no momento da internação. 2 - Qual a freqüência com que ocorre a pneumonia hospitalar? A prevalência estimada da pneumonia hospitalar varia, entre diferentes estudos, de 10 a 65%. Essa variação decorre sobretudo das diferenças de características dos pacientes internados nos diferentes hospitais. A pneumonia hospitalar é mais freqüente entre os pacientes cirúrgicos, em relação aos clínicos e muito mais freqüente ainda entre os pacientes internados em unidades de tratamento intensivo (UTI). Os critérios utilizados para o diagnóstico da pneumonia hospitalar também podem gerar discrepâncias nesses números. Quando utilizam-se critérios clínicos, o diagnóstico de pneumonia hospitalar é mais freqüente do que quando utilizam-se critérios microbiológicos. A pneumonia é a segunda infecção hospitalar mais comum (a infecção urinária é a primeira), mas é a que apresenta maior morbidade e mortalidade. Entre pacientes internados em UTI, vários estudos apontam a pneumonia como a infecção hospitalar mais comum, chegando a ser diagnosticada em mais de 40% dos pacientes. Quando são avaliados apenas pacientes em ventilação mecânica, sua incidência pode ser ainda maior. Estima-se um risco de desenvolvimento de pneumonia de 1 a 3% por cada dia de ventilação mecânica. 3 - Qual a mortalidade associada à pneumonia hospitalar? A pneumonia é a infecção hospitalar com a maior mortalidade. Entretanto, muitas vezes é difícil caracterizar se o óbito deveu-se à pneumonia ou a alguma outra doença presente, na vigência da qual o paciente desenvolveu a pneumonia. Se por um lado, a ocorrência da pneumonia aumenta o risco de óbito de qualquer doença (segundo alguns estudos em até 2 a 2,5 vezes), os pacientes com doenças mais graves, portanto com maior risco de óbito, são os que apresentam maiores chances de desenvolverem pneumonia hospitalar. Acredita-se que a mortalidade por pneumonia hospitalar seja de 27 a 50%. Isso significa que, em média, um terço dos pacientes que desenvolvem pneumonia e morrem não morreriam se não tivessem adquirido essa infecção hospitalar. Especificamente quando causada por determinados agentes, a pneumonia hospitalar pode determinar maiores taxas de óbito. São eles a Pseudomonas aeruginosas, o Acinetobacter spp. e Staphylococcus aureus resistente à meticilina. 4 - Qual a patogênese da pneumonia hospitalar? O esquema abaixo ilustra os principais mecanismos de desenvolvimento da pneumonia hospitalar. Editor do I Consenso Brasileiro de Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica da Sociedade Brasileira de Pneumologia e do Consenso de Exacerbação Infecciosa em DPOC da ALAT. Assessor Ad Hoc do CNPq, CAPES e FAPESP. Membro do Conselho Editorial de várias revistas nacionais. www.pneumoatual.com.br ISSN 1519-521X Dentro desse esquema, o desenvolvimento da pneumonia hospitalar decorre da penetração no trato respiratório inferior de um inóculo de microrganismos que ultrapassa a capacidade de defesa do hospedeiro. A principal via de penetração é a aspiração de bactérias que colonizam o trato aerodigestivo. Por isso, dentre os fatores de risco para pneumonia hospitalar, destacam-se aqueles que favorecem a colonização do trato aerodigestivo, sobretudo a orofaringe e de forma menos importante o estômago, por bactérias patogênicas, e aqueles que favorecem a aspiração. Outras vias menos comuns de penetração de bactérias patogênicas nos pulmões são a inalação de aerossóis, sobretudo através equipamentos de nebulização e durante a ventilação mecânica, a disseminação hematogênica de focos infecciosos à distância, disseminação a partir de foco infeccioso em região contígua, inoculação direta em indivíduos intubados (por material contaminado no circuito, por aspiração traqueal sem técnica asséptica, através de ambu contaminado). A translocação de bactérias do trato digestivo para a corrente sangüínea, podendo assim chegar aos pulmões, é discutida. Em modelos experimentais com animais, já se comprovou que a isquemia da mucosa intestinal, presente por exemplo no choque circulatório, permite a passagem de bactérias da luz intestinal para o sangue, podendo gerar ou perpetuar um quadro séptico. Entretanto, esse mecanismo ainda não foi demonstrado em estudos clínicos. Uma vez atingidos os pulmões, o inóculo bacteriano determinará pneumonia em função da relação existente entre seu tamanho e virulência e as defesas do hospedeiro, incluindo as defesas mecânicas e as imunidades humoral e celular. 5 - Quais são os fatores de risco para pneumonia hospitalar? O principal fator de risco para pneumonia hospitalar é a ventilação mecânica. Na verdade a ventilação mecânica expõe o paciente a uma série de situações de risco que se somam. Suas particularidades são tantas, que a pneumonia associada à ventilação mecânica merece ser considerada separadamente. Os demais fatores de risco, incluindo os associados à ventilação mecânica, podem ser divididos, conforme a patogenia da pneumonia hospitalar em: • fatores que favorecem a colonização do trato aerodigestivo; • fatores que favorecem a aspiração; • fatores que favorecem a inoculação bacteriana nos pulmões por outras vias que não a aspiração; • fatores que diminuem a imunidade do hospedeiro. 6 - Quais são os fatores de risco para colonização do trato aerodigestivo por bactérias patogênicas? Vários são os fatores que favorecem a colonização por bactérias patogênicas, sobretudo as enterobactérias. Do ponto de vista clínico, os mais importantes são: www.pneumoatual.com.br ISSN 1519-521X idade avançada, sobretudo acima desnutrição; de 65 anos; internação prolongada; hipotensão; uso de antibióticos; acidose metabólica; alcoolismo; insuficiência cardíaca; tabagismo; DPOC; uso de medicamentos que diabetes; aumentam o pH gástrico; uremia; insuficiência hepática Além desses fatores relacionados ao paciente, a colonização pode ser facilitada pela transmissão de bactérias entre os pacientes internados, através de suas manipulações pelos profissionais de saúde. Nesse sentido, a não lavagem das mãos pelos profissionais de saúde, antes e depois de manipularem os pacientes, é importante fator de risco para a pneumonia hospitalar. 7 - Quais são os fatores de risco para aspiração? • • • • • • • • rebaixamento do nível de consciência • doenças neurológicas • doenças sistêmicas • medicamentos presença de cânula traqueal re-intubações presença de sonda gástrica ou enteral alteração na deglutição infusão da dieta em posição supina manutenção do paciente em posição supina íleo 8 - Especificamente em relação à ventilação mecânica, quais são os fatores de risco adicionais para o desenvolvimento de pneumonia hospitalar? A ventilação mecânica é a principal condição associada ao desenvolvimento de pneumonia hospitalar. Além dos fatores de risco aos quais qualquer paciente pode estar exposto, a ventilação mecânica adiciona outros específicos. Os principais são: • Biofilme de bactéria no interior do tubo: • com pouco tempo de ventilação mecânica, às vezes até 24 horas, forma-se um biofilme de bactérias na luz interna da cânula traqueal. A multiplicação das bactérias e suas inoculações com o fornecimento do volume corrente favorecem a infecção. Essas bactérias são inacessíveis a qualquer medida terapêutica. • Vazamentos ao redor do balonete: • acima do balonete da cânula traqueal, pode haver acúmulo de secreção contaminada. Mesmo com o balonete insuflado, parte dessa secreção pode alcançar a traquéia e as vias aéreas inferiores, propiciando a infecção. Obviamente, se o balonete for desinsuflado, volumes maiores atingirão as vias aéreas inferiores, aumentando-se o risco de infecção. Por essa razão, não se indicam desinsuflações periódicas do balonete das cânulas traqueais. • Intubações repetidas: • seja por extubações acidentais, seja por desmames sem sucesso, as reintubações impõem maior risco de desenvolvimento de pneumonia aos pacientes. • Formação de condensado nos circuitos: www.pneumoatual.com.br ISSN 1519-521X • • • embora os condensados sejam contaminados por bactérias dos próprios pacientes, elas podem se proliferar e retornarem ao hospedeiro em maior número, favorecendo a infecção. Os condensados que se acumulam nos circuitos devem ser desprezados periodicamente, devendo ser manipulados como material contaminado. Aspiração traqueal inadequada: • as aspirações traqueais, sejam por sistemas abertos ou fechados, devem ser feitas sob técnica estéril. Caso contrário, favorecem a ocorrência de pneumonia. Contaminação dos equipamentos respiratórios (nebulizadores, ambu, espirômetros, analisadores de oxigênio) • o CDC de Atlanta orienta medidas de desinfecção específicas para cada um desses equipamentos. Essas medidas devem ser implantadas pelas comissões de infecção hospitalar e seguidas rigorosamente. 9 - A alcalinização do estômago como profilaxia para úlcera de estresse favorece a ocorrência de pneumonia? Embora haja indícios de que a elevação do pH gástrico para a proteção de úlcera de estresse com o uso de bloqueador-H2 ou anti-ácido aumente a incidência de pneumonia hospitalar, ao contrário do que ocorre quando a prevenção é feita com sucralfato, a literatura não é unânime em relação a essa posição. Em 1998, Cook e colaboradores não demonstraram diferenças em relação à ocorrência de pneumonia e em relação à mortalidade, entre pacientes em ventilação mecânica, que receberam ranitidina ou sucralfato como profilaxia para úlcera de estresse (NEJM 1998;338:791). Por outro lado, em metanálise publicada em 2000, observou-se maior risco de pneumonia com o uso de ranitidina em relação ao sucralfato (BMJ 2000;321:1). Enquanto discute-se essa posição, um outro ponto parece melhor estabelecido: a população de pacientes internados que se beneficia da profilaxia de úlcera de estresse é pequena, sendo o seu uso indiscriminado incorreto. As condições onde a profilaxia está indicada são: pacientes em ventilação mecânica, traumatismo cranioencefálico, queimaduras extensas, choque circulatório, sepse e distúrbios da coagulação. 10 - Quais são as medidas preventivas sabidamente efetivas para a pneumonia hospitalar? Em artigo de revisão, Kollef recomenda uma série de medidas, farmacológicas ou não, para a prevenção de pneumonia especificamente associada à ventilação mecânica. Muitas empregam-se a todas as pneumonias hospitalares (NEJM, 1999;340:627-634). Medidas não farmacológicas remoção o mais precocemente possível de sonda nasogástrica e cânula traqueal presença de um programa estruturado de controle de infecção lavagem adequada das mãos manter o paciente com cabeceira elevada evitar reintubações intubação oro e não nasotraqueal Medidas farmacológicas evitar antibióticos desnecessários limitar a profilaxia de úlcera de estresse aos pacientes de risco rotação periódica dos antibióticos usados na UTI limpeza da cavidade oral com clorexidine fator estimulador de crescimento de colônias para pacientes neutropênicos e com febre antibióticos para pacientes neutropênicos e com febre www.pneumoatual.com.br ISSN 1519-521X nutrição adequada vacina contra pneumococo, H. influenzae tipo B e influenza evitar hiperdistensão gástrica remoção periódica do condensado do circuito manter pressão adequada do balonete da cânula 11 - Qual o papel da descontaminação seletiva como prevenção de pneumonia hospitalar? A descontaminação seletiva do trato digestivo como medida profilática contra a ocorrência de pneumonia hospitalar, embora preconizada por alguns autores, não é ainda aceita de forma consensual. Trata-se da administração de antibióticos tópicos de largo espectro na orofaringe, associada ou não à administração de antibiótico sistêmico no primeiro dia. Em seu artigo de revisão sobre prevenção de pneumonia associada à ventilação mecânica, Kollef considera a descontaminação seletiva como medida comprovadamente ineficaz, através de estudos controlados e prospectivos, para a prevenção de pneumonia, ou seja com nível A de evidência clínica (NEJM, 1999;340:627-634). Apesar disso, a Sociedade Européia de Pneumologia, através de uma força tarefa para traçar diretrizes em relação à pneumonia associada à ventilação mecânica, recomenda a descontaminação seletiva em populações específicas, como nos politraumatizados, nos grandes queimados, na pancreatite aguda grave, nas cirurgias eletivas de grande porte e nos transplantes (ERJ 2001;17:1034-1045). 12 - Qual o papel da posição do paciente no leito em relação ao risco de pneumonia hospitalar? A posição supina favorece a aspiração de material da orofaringe e estômago, devendo ser evitada. A manutenção do paciente com a cebeceira da cama elevada reduz a incidência de pneumonia, sobretudo em pacientes em ventilação mecânica. Em 1999, Drakulovic e colaboradores demonstraram que a incidência de pneumonia em pacientes em ventilação mecânica foi maior entre aqueles mantidos em posição supina (34%), em relação àqueles mantidos com a cabeça e tronco elevados (8%) (Lancet 1999;354:9193). 13 - Qual o valor de se usar cânulas traqueais que permitem a aspiração da secreção subglótica na prevenção da pneumonia associada à ventilação mecânica? Alguns estudos têm mostrado que o uso de cânulas com uma via lateral que permite a aspiração da secreção que se acumula acima do balonete pode reduzir a ocorrência de pneumonia associada à ventilação mecânica (PAV). Em estudo recente com 150 pacientes em ventilação mecânica, 75 intubados com cânulas convencionais e 75 intubados com cânulas que permitem a aspiração da secreção subglótica, os autores observaram menor incidência de PAV entre os intubados com estas útlimas (p=0,014; Chest 2002,121:858-862). Por outro lado, outros estudos, também bem controlados, mostraram que essa medida não é eficaz, tornando o assunto ainda controverso. De forma uniforme, os estudos mostram que, independente do impacto sobre a ocorrência de PAV, o uso dessas cânulas não altera a duração da ventilação mecânica e nem a mortalidade. Especula-se que isso ocorra porque, caso seja efetiva, a aspiração subglótica reduz a incidência de PAV sobretudo na primeira semana, não interferindo sobre quadros mais tardios ainda, quando os agentes multirresistentes, de maior impacto na evolução do paciente, são mais freqüentes. 14 - Como é feito o diagnóstico clínico de pneumonia hospitalar? A pneumonia hospitalar é suspeitada quando o paciente desenvolve um novo infiltrado à radiografia de tórax, ou apresenta piora em relação a infiltrados pré-existentes, acompanhado de www.pneumoatual.com.br ISSN 1519-521X alterações clínicas compatíveis com infecção pulmonar: febre, leucocitose, tosse, expectoração purulenta (ou aspiração de secreção traqueal purulenta em pacientes intubados). Vários autores têm demonstrado que o diagnóstico de pneumonia hospitalar baseado apenas em critérios clínicos e radiográficos não é específico, chegando a apresentar até 35% de falsospositivos. Esse diagnóstico incorreto pode acarretar o uso indevido de antibióticos, elevando os custos, expondo os pacientes a efeitos colaterais desnecessários, além de poder retardar o diagnóstico correto do quadro do infiltrado pulmonar e/ou de outro foco infeccioso presente. 15 - Quais são os principais diagnósticos diferenciais da pneumonia hospitalar? aspiração química sem infecção; atelectasias; embolia pulmonar; SARA; hemorragia alveolar; congestão pulmonar; contusão pulmonar; neoplasia; pneumonite actínica; reação a medicamentos; pneumonia intersticial aguda; pneumonia em organização criptogênica 16 - Quais são os principais agentes etiológicos das pneumonias hospitalares? Diversos fatores influenciam a predominância de um ou outro agente etiológico na pneumonia hospitalar. As características da população internada em um determinado hospital, a duração da internação, o uso prévio de antibióticos, a presença de determinados fatores de risco, os métodos diagnósticos empregados são exemplos desses fatores. Além disso, nos últimos anos, a maior parte dos estudos concentrou-se nos pacientes com pneumonia associada à ventilação mecânica, o que pode trazer distorções em relação aos agentes etiológicos de todas as pneumonias hospitalares. Embora os agentes mais freqüentes ainda sejam os bacilos gram-negativos aeróbicos, tem sido notado um aumento progressivo da participação de bactérias gram-positivas, sobretudo o S. aureus, que já é descrito como o principal agente em algumas séries. Chastre e Fagon revisaram a etiologia de 1689 episódios de pneumonia associada à ventilação mecânica, com 2490 patógenos isolados, mostrando a freqüência com que a etiologia é polimicrobiana. O quadro abaixo mostra a freqüência dos principais agentes isolados. PATÓGENO Pseudomonas aeruginosa Acinetobacter spp. Stenotrophomonas maltophilia Enterobacteriaceae Haemophilus spp. Staphylococcus aureus Streptococcus spp. Streptococcus pneumonaie Staphylococcus coagulase negativa Neisseria spp. Anaeróbios Fungos Outros (<1% cada um) FREQÜÊNCIA (%) 24,4 7,9 1,7 14,1 9,8 20,4 8,0 4,1 1,4 2,6 0,9 0,9 3,8 Um ponto muito importante em relação à etiologia da pneumonia hospitalar é o tempo de internação antes de sua ocorrência. Nas pneumonias precoces, com menos de 7 e, sobretudo, menos de 5 dias de internação, aumenta a importância do S. pneumoniae, H. influenzae, S. aureus www.pneumoatual.com.br ISSN 1519-521X sensível à meticilina e enterobactérias não multi-resistentes. Por outro lado, após 7 dias de internação, sobretudo entre pacientes em ventilação mecânica e já em uso de antibióticos, aumenta a importância da Pseudomonas aeruginosa, S. aureus resistente à meticilina, Acinetobacter spp. e enterobactérias multi-resistentes. Por fim, está demonstrado que a etiologia das pneumonias hospitalares sofre variações de hospital para hospital e, dentro de um mesmo hospital, de unidade para unidade. Por isso, é importante estabelecer um programa de vigilância epidemiológica, para que se conheçam os agentes mais freqüentes no hospital e em cada unidade, bem como os seus perfis de sensibilidades aos diferentes antibióticos. 17 - Existem fatores de risco para agentes etiológicos específicos? Quais são eles? Embora nem sempre respaldadas por estudos controlados e prospectivos, algumas correlações entre determinados fatores de risco e agentes etiológicos são sempre descritas. Em seu próprio documento sobre pneumonia hospitalar, a ATS cita algumas correlações que podem ser úteis na escolha da antibioticoterapia empírica inicial. Alguns dos exemplos mais comuns são: • anaeróbios – cirurgia abdominal recente, aspiração maciça • S aureus – coma, trauma crânio-encefálico, insuficiência renal crônica e diabetes • Legionella spp. – corticosteróides em altas doses • Pseudomonas aeruginosa – internação prolongada em UTI, uso de corticosteróide, doença estrutural pulmonar grave • Haemophilus influenzae e Moraxella catharralis - DPOC 18 - Como iniciar o tratamento empírico da pneumonia hospitalar? A American Thoracic Society propõe o tratamento empírico da pneumonia hospitalar através da classificação dos pacientes em três grupos, baseando-se na gravidade da pneumonia, na presença ou não de fatores de risco específicos para determinados agentes e no tempo de internação no momento do diagnóstico da pneumonia. O quadro abaixo mostra os grupos, os principais agentes etiológicos de cada um e o esquema antimicrobiano proposto. TRATAMENTO EMPÍRICO DAS PNEUMONIAS HOSPITALARES SEGUNDO CONSENSO DA ATS Grupos Principais agentes Esquemas propostos a Enterobacter 1. Pacientes com Cefalosporina de 2 geração a pneumonia leve ou E. coli ou 3 geração sem ação antiKlebsiella moderada, sem pseudomonas Proteus fatores de risco ou Serratia específicos, Beta lactâmico + inibidor da H. influenzae adquirida em beta-lactamase qualquer momento S. aureus sensível à Em alérgicos à penicilina: meticilina da internação fluorquinolona S. pneumoniae ou ou pacientes com clindamicina + aztreonan pneumonia grave instalada nos primeiros 5 dias de internação Pacientes com pneumonia Além dos agentes do Associar ou modificar o leve ou moderada, com grupo 1, agentes esquema do grupo 1 fatores de risco específicos conforme os conforme os agentes sob específicos, adquirida em fatores de risco risco qualquer momento da descritos anteriormente Anaeróbios - clindamicina ou internação beta-lactâmico + inibidor da www.pneumoatual.com.br ISSN 1519-521X Pacientes com pneumonia P. aeruginosa Acinetobacter spp. grave adquirida após 5 S. aureus resistente à dias de internação meticilina beta-lactamse S. aureus - associar vancomicina conforme as características epidemiológicas locais Legionella – eritromicina ou quinolona Pseudomonas – tratar como grupo 3 Aminoglicosídeo ou ciprofloxacino associado a uma das opções: penicilina anti-pseudomonas beta-lactâmico + inibidor da beta-lactamase ceftazidima, cefoperazona ou cefepima imipenen aztreonan (não associá-lo a aminoglicosídeo) Associar ou não vancomicina conforme as características epidemiológicas locais 19 - Qual deve ser a duração do tratamento da pneumonia hospitalar? Não há estudos controlados e prospectivos determinando a duração ótima da antibioticoterapia na pneumonia hospitalar, fazendo com que essa decisão seja empírica. A gravidade do quadro, as condições de base do paciente, a resposta clínica ao tratamento e o agente etiológico, quando identificado, são dados que auxiliam nessa decisão. Pneumonias por P. aeruginosa, Acinetobacter, S. aureus, pneumonias multilobares ou com cavitação e pneumonias em pacientes desnutridos ou com co-morbidades importantes devem ser tratadas por 14 a 21 dias. Por outro lado, quadros mais leves, sem a suspeita da participação dos agentes citados, podem ser tratadas por 10 dias, desde que com boa resposta clínica e radiológica. Nos últimos anos tem aumentado o número de trabalhos sugerindo que o estudo microbiológico de secreções respiratórias, obtidas por broncoscopia ou por aspiração às cegas através da cânula traqueal, auxilia no diagnóstico e condução dos pacientes com PAV. As técnicas de obtenção da secreção respiratória são: invasivas (através de broncoscopia) lavado bronquíolo-alveolar (BAL) escovado brônquico com cateter protegido (PSB) não-invasivas aspiração da secreção traqueal mini-BAL (injeção e posterior aspiração de soro fisiológico através de um cateter inserido às cegas pela cânula traqueal até a sua impactação na via aérea). A simples cultura desses materiais não permite o diagnóstico adequado da PAV, visto que a colonização bacteriana nesses pacientes é comum. Na tentativa de se evitar esse problema, adotaram-se as culturas quantitativas com os seguintes pontos de corte para o diagnóstico de PAV: www.pneumoatual.com.br ISSN 1519-521X PONTOS DE CORTE DAS CULTURAS QUANTITATIVAS PARA DIAGNÓSTICO DE PAV 4 BAL > 10 ufc/ml 3 PSB > 10 ufc/ml 5 Aspirado traqueal > 10 ufc/ml 3 Mini-BAL > 10 ufc/ml Outro ponto importante é avaliar a qualidade do material colhido antes de envia-lo para cultura. Os materiais colhidos por broncoscopia devem apresentar menos de 1% de células epitaliais e os colhidos de forma não-invasiva, menos de 10 células epiteliais por campo de pequeno aumento (100X). Materiais sem essas características devem ser desprezados. Além de avaliar a qualidade do material colhido, o exame direto pode fornecer outras informações importantes. As secreções colhidas por broncoscopia, na presença de pneumonia, sempre têm mais de 10% de neutrófilos. Portanto, um material colhido por broncoscopia contendo menos de 1% de células epiteliais e menos de 10% de neutrófilos deverá levar a suspeita de outro diagnóstico. Infelizmente, a presença de mais de 10% de neutrófilos não é um dado específico para PAV, sendo encontrada em outras condições comuns, como a SARA e a DPOC. Outro achado útil na análise direta da secreção é a presença de mais de 5% das células com bactérias no seu interior, com especificidade maior que 95% para PAV, podendo inclusive direcionar o esquema antimicrobiano inicial para agentes gram-negativos ou gram-positivos. Mesmo tomando-se todos os cuidados citados acima, as culturas quantitativas das secreções respiratórias têm importantes limitações no diagnóstico da PAV, devendo, pois, ser interpretadas dentro de um contexto clínico. As principais limitações das culturas quantitativas no diagnóstico da PAV são: possibilidade de falsos-negativos: exame realizado no início da infecção; uso prévio de antibióticos, sobretudo de início recente, visto que em pacientes em uso de antibióticos há vários dias, o risco de falso-negativo é menor, pois a infecção tende a ser por agente resistente ao esquema vigente; material colhido de área não afetada; processamento incorreto do material, sobretudo com atraso no envio do mesmo ao laboratório; possibilidade de falsos-positivos: mesmo utilizando-se os níveis de cortes citados, há o risco de se identificar um agente apenas colonizador, sobretudo se o paciente já for portador de doença estrutural pulmonar (ex: DPOC grave, bronquiectasias); presença de pneumonias polimicrobianas, com isolamento de apenas um dos agentes; complicações, disponibilidade e custos das broncoscopias. Diante de tantos prós e contras, fica difícil estabelecer o real papel das culturas quantitativas das secreções respiratórias no diagnóstico e condução da PAV. Mesmos os trabalhos clínicos comparando os resultados finais dos tratamentos das PAVs através de esquemas empíricos ou guiados por essas culturas apresentam resultados conflitantes (entre os artigos já comentados em nossa seção "Últimas Notícias", estão dois exemplos de estudos clínicos com resultados opostos). Alguns pontos, entretanto, até o momento, estão definidos e merecem ser destacados e seguidos: a cultura simples das secreções respiratórias, sem técnicas quantitativas, não tem valor no diagnóstico ou condução dos pacientes com PAV; na possibilidade de se realizar culturas quantitativas, o material deve ser previamente avaliado e, na presença dos critérios que sugiram contaminação com material de orofaringe, ele deve ser desprezado; culturas quantitativas com valores inferiores aos pontos de corte, na vigência de forte suspeita clínica de PAV, sobretudo se os valores estão próximos ao ponto de corte ou o paciente está em uso de antibiótico, podem ser valorizadas como diagnósticas de PAV; material colhido por broncoscopia com menos de 1% de células epiteliais, menos de 10% de neutrófilos e menos de 5% de células com bactérias no seu interior aponta para outro diagnóstico que não PAV; www.pneumoatual.com.br ISSN 1519-521X na impossibilidade de se seguir rigidamente as recomendações laboratoriais, a condução da PAV através de dados clínicos é preferível. www.pneumoatual.com.br ISSN 1519-521X AVALOX MOXIFLOXACINO APRESENTAÇÕES Avalox é apresentado sob a forma de comprimidos revestidos, na dosagem de 400 mg, em embalagens com 5 e 7 comprimidos. USO ADULTO COMPOSIÇÃO Cada comprimido revestido contém 436,8 mg de cloridrato de moxiflo xacino, equivalentes a 400 mg de moxifloxacino. Componentes inertes: croscarmelose sódica, lactose, estearato de magnésio, celulose microcristalina, hipromelose, macrogol, dióxido de titânio e óxido férrico. INFORMAÇÕES AO PACIENTE Avalox é um antibiótico de amplo espectro. Desde que adequadamente indicado, os sinais e sintomas da doença devem melhorar em um período mínimo de cinco dias de tratamento correio. Avalox deve ser mantido na embalagem original, guardado em lugar fresco e seco e somente poderá ser utilizado até o vencimento do seu prazo de validade, pois após essa data, perde sua eficácia, O prazo de validade para Avalox comprimidos é de 2 anos. Avalox não deve ser administrado a mulheres grávidas ou que estejam amamentando. Informe ao seu médico a ocorrência de gravidez, na vigência do tratamento ou após o seu término. Informe também se estiver amamentando. Os comprimidos devem ser tomados com água, independentemente das refeições. Siga a orientação do seu médico, respeitando sempre os horários, as doses e a duração do tratamento. Não interrompa o tratamento sem o conhecimento do sen médico. A interrupção do tratamento antes do prazo recomendado pelo seu médico pode provocar a piora da doença. Avalox pode provocar reações gastrintestinais (dor abdominal, náusea, vômito, diarréia, alteração do paladar), dor de cabeça, vertigens, sensação de fraqueza, mal -estar, dores no peito, nas costas ou nas pernas, palpitações, reações de pele, dores musculares e nas articulações, insônia, nervosismo, ansiedade, depressão, sonolência e candidíase vaginal. Essas reações são incomuns, porém em qualquer eventualidade, informe seu médico. Ao primeiro sinal de dor ou inflamação dos tendões, a administração de Avalox deve ser suspensa, sendo necessário manter em repouso o membro afetado e consultar um médico. TODO MEDICAMENTO DEVE SER MANTIDO FORA ALCANCE DAS CRÍANCAS. Quando da administração simultânea de Avalux e antiácidos, minerais e polivitamínicos contendo ferro, magnésio ou alumínio, esses medicamentos devem ser ingeridos pelo menos quatro horas antes ou duas horas após a ingestão de Avalox. Informe ao seu médico sobre qualquer medicamento que esteja usando, antes do início ou durante o tratamento. Avalox não deve ser tomado por pessoas alérgicas a qualquer compone nte de sua formulação ou aos derivados quinolônicos, nem por crianças e adolescentes em fase de crescimento. INFORMAÇÕES TÉCNICAS O moxifloxacino é um agente antibacteriano fluoroquinolônico de amplo espectro e ação bactericida que possui atividade in vitro frente a uma ampla gama de microorganismos Gram- posi- tivos e Gram -negativos, anaeróbios, bactérias resistentes a ácidos e microorganismos atípicos, como as espécies Myco-plasma spp, Chlamydia spp e Legionella spp. O moxifloxacino é eficaz frente a bactérias resistentes a antibióticos b lactârmcos e macrolídeos. Estudos em animais infectados demonstraram uma alta atividade in vivo. O moxifloxacino tem demonstrado sua atividade contra a maioria das cepas dos seguintes microorganismos, tanto in vitro como em infecções clínicas: Microorganismos Gram -positivos Staphylococcus aureus (inclusive cepas sensíveis a meticilma). Streptococcus pneumoniae (inclusive cepas resistentes a penicilina e macrolídeos) Streptococcus pyogenes (grupo A). Microorganismos Gram -neg ativos Haemopfhilus influenzae (inclusive cepas b -lactamase negativas e positivas). Haemophilus parainfluenzae Klebsiella pneumoniae Moraxella catarrhalis (inclusive cepas b lactamase negativas e positivas). Escherichia coli Enterobacter cloacae Atípicos Chlamydia pneumoniae Mycoplasma pneumoniae Segundo estudos in vitro, os seguintes microorganismos são sensíveis ao moxifloxacino, embora a segurança e a eficácia do moxifloxacino no tratamento de infecções clinicas causadas por esses microorganismos não t enham sido comprovadas em ensaios clínicos adequados e bem controlados. Microorganismos Gram -positivos Streptococcus milleri Streptococcus mitior Streptococcus agalactiae Streptococcus dysgalactiae Staphylococcus cohnii Staphylococcus epidermidis (incluindo cepas sensíveis a meticilina) Staphylococcus haemolyticus Staphylococcus hominis Staphylococcus saprophyticus Síaphylococcus simulans Staphylococcus diphtheriae Microorganismos Gram -negativos Bordetella pertussis Klebsiella oxytoca Enierobacter aerogenes Enterobacter agglomerans Enterobacter intermedius Enterobacter sakazaki Proteus mirabilis Proteus vulgaris Morganella morganii Providencia rettgeri Providencia stuartii Anaeróbios Bacteroides distasonis Bacteroides eggerthii Bacteroides fragilis Bacteroides ovatus Bacteroides thetaiotaomicron Bacteroides uniformis Fusobacterium spp Porphyromonas spp Porphyromonas anaerobius Porphyromonas asaccharolyticus Porphyromonas magnus Prevotella spp Propionibacíerium spp Clostrídium perfringens Clostridium ramosum Atípicos Legionella pneumophila Caxiella bumettii A ação bactericida resulta da interferência com as topoisomerases II e IV. As topoisomerases são enzimas essenciais que controlam a topologia do DNA e tomam parte na replicação, reparação e transcrição. O moxifloxacino exibe ação bactenciüa dependente da concentração. As concentrações bactericidas mínimas são geralmente similares às concentrações inibitórias mínimas. Os mecanismos de resistência que inativam penicilinas, cefalosporinas, aminoglicosídeos, mac rolídeos e tetraciclinas não interferem na atividade antibacteriana do moxifloxacino. Não há resistência cruzada entre o moxifloxacino e esses agentes. Até o momento, não se observou resistência mediada por plasmídeos. Foi demonstrada uma freqüência de 7 10 resistência muito baixa (10 - a 10 - ). Os estudos in vitro demonstraram que a resistência ao moxifloxacino se desenvolve lentamente, por mutações de fases múltiplas. A exposição seriada de microorganismos a concentrações abaixo da concentração inibitória mín ima (CIM) demonstrou apenas um pequeno aumento dos valores da CIM. Resistência cruzada com quinolonas foi demonstrada. Contudo, alguns microorganismos Gram-positivos e anaeróbios resistentes a outras quinolonas são sensíveis ao moxifloxacino. INDICAÇÕES Avalox é indicado para o tratamento de adultos (com idade igual ou acima de 18 anos) com: infecções das vias respiratórias superiores e inferiores ? Sinusite aguda ? Exacerbações agudas de bronquite crônica ? Pneumonia adquirida na comunidade - infecções cutâneas e de tecidos moles CONTRA-INDICAÇÕES Hipersensibilidade conhecida a qualquer componente da fórmula ou a outras quinolonas. Avalox é contra -indicado a crianças, adolescentes em fase de crescimento e a mulheres grávidas. Sabe-s e que as quinolonas distrib uem-se amplamente no leite materno e os dados pré-clínicos indicam que pequenas quantidades de moxifloxacino podem ser secretadas no leite materno. Não há dados disponíveis em mulheres grávidas e lactantes. Portanto, o uso de moxifloxacino por mulheres grávidas e lactantes está contra -indicado. ADVERTÊNCIAS E PRECAUÇÕES O tratamento com quinolonas pode provocar crises epiléticas. O moxifloxacino deve ser utilizado com cautela em pacientes com transtornos conhecidos ou suspeitos do SNC que possam predispor a convulsões ou reduzir o limiar convulsivo. Não há dados farmacocinéticos / farmacodinâmicos nos casos de insuficiência hepática grave (Child Pugh C); portanto, o moxifloxacino deve ser utilizado com cautela nesse grupo de pacientes. O moxifloxacino da mesma forma que outras quinolonas e macrolídeos, tem demonstrado prolongar o intervalo QTc. Embora o grau de prolongamento seja pequeno (1,2%), o moxiflaxacino deve ser utilizado com cautela em pacientes com síndromes congênitas ou adquiridas de prolongação de QTc ou em pacientes sob tratamento concomitante com medicação conhecida por prolongar o intervalo QTc (por exemplo, antiarrítmicos de classe Ia e classe III). O tratamento com quinolonas pode produzir inflamação e ruptura de tendões, particularmente em pacientes idosos e nos pacientes tratados concomitantemente com corticosteróides. Ao primeiro sinal de dor ou inflamação, os pacientes devem interromper o tratamento e manter em repouso a(s) extremidade(s) afetada(s). Não há informações sobre ruptura de tendão nos estudos clínicos com o moxifloxacino. A ocorrência de colite pseudomembranosa foi registrada com o uso de antibióticos de amplo espectro; portanto, é importante considerar esse diagnóstico em pacientes com diarréia grave associada ao uso de antibióticos. Nesta situação clínica, devem ser instaladas as medidas terapêuticas adequadas. Nos estudos clínicos com o moxifloxacino, não houve nenhum caso de colite pseudomembranosa. INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS E OUTRAS FORMAS DE INTERAÇÃO Alimento e produtos ácteos l : a absorção do moxifloxacino não foi alterada pela ingestão de alimentos. Portanto, o moxifloxacino pode ser administrado independentemente da ingestão de alimentos. Ranitidina: a administração concomitante de ranitidina não alterou significativamente as características de absorção do moxifloxacino. Os parâmetros de absorção (Cmax , tmax , AUC) foram muito semelhantes, indicando ausência de influência do pH gástrico na captação de moxifloxacino do trato gastrintestinal. Antiácidos, minerais e polivitam ínicos: A ingestão concomitante de moxifloxacino e antiácidos, minerais e polivitamínicos pode alterar a absorção do fármaco, pela formação de complexos quelados com cátions polivalentes contidos nessas preparações, produzindo concentrações plasmáticas muito menores que as desejadas. Portanto, os antiácidos, os fàrmacos anti- re-trovirais e outras preparações que contenham magnésio, alumínio e outros minerais, como ferro, devem ser administrados pelo menos 4 horas antes ou 2 horas após a ingestão de uma dose oral de moxifloxacino. Warfarina : Não se observou interação durante o tratamento concomitante com warfarina sobre o tempo de protrombina e outros parâmetros da coagulação. Digoxina : A farmacocinética da digoxina não foi significativamente alterada por moxifloxacino (e vice-versa). Teofilina: Não se detectou influência do moxifloxacino sobre os parâmetros da teofilina (e vice-versa) no estado de equilíbrio, indicando que o moxifloxacino não interfere com os subtipos 1A2 das enzimas do citocromo P450 As conc entrações de teofilina não se elevaram, no estado de equilíbrio, durante o tratamento associado com moxifloxacino. Portanto, não são necessárias recomendações especiais quanto à administração concomitante de leofilina. Probenecida: Em um estudo clínico sob re o impacto da probenecida sobre a excreção renal, não se observaram efeitos significativos sobre o clearance corporal total aparente e sobre o clearance renal do moxifloxacino. Antidiabéticos: Não se observou nenhuma interação clinicamente relevante entre a glibenclamida e o moxifloxacino. Fotossensibitidade : fototoxicidade foi relatada com outras quinolonas. Contudo, um estudo em voluntários concluiu que o moxifloxacino não apresenta potencial fototóxico. REAÇÕES ADVERSAS Nos estudos clínicos realizados com moxifloxacino. a maioria das reações adversas (mais de 90%) foram descritas como leves a moderadas. O índice de interrupção do tratamento em decorrência de efeitos secundários em pacientes tratados com o moxifloxacino, foi de 3%. As reações adversas ma is freqüentes (cuja relação com o tratamento se considera provável, possível ou não avaliável), baseadas em todos os estudos clínicos conduzidos com o moxifloxacino são as seguintes: Incidência entre 1% e < 10% Geral: Dor abdominal e cefaléia. Sistema digestivo: Náusea, diarréia, vômitos, dispepsia e alterações dos parâmetros de função hepática. Órgãos dos sentidos: Alteração do paladar. Sistema nervoso: Vertigem. Incidência entre 0,1% e <1% Geral: Astenia, monilíase, dor, dor nas costas, mal-estar, alterações dos parâmetros laboratoriais, dor no peito, reação alérgica e dor nos membros inferiores. Sistema cardiovascular: Taquicardia. edema periférico, hipertensão e palpitações. Sistema digestivo: Boca seca, náuseas, vômitos, flatulência, constipação, monilÍase oral, anorexia, estomatite, distúrbios gastrintestinais, glossite e aumento de g -GT. Sistema linfático sanguíneo: Leucopenia, diminuição da protrombina, eosinofilia, trombocitopenia. trombopenia e anemia. Alterações metabólicas e nutricionais: Aumento da amilase. Sistema músculo - Artralgia e mialgia. 2 ml/min/1,73 m ), Não há dados farmacocinéticos disponíveis em pacientes sob diálise. Diferenças Interétnicas Não é necessário ajuste de doses de acordo com os grupos étnicos. SUPERDOSE Os dados de superdose disponíveis são limitados. Doses únicas de até 800 mg e doses múltiplas de 600 mg foram administradas durante 10 dias a voluntários sadios, sem que fossem registrados efeitos adversos significativos. Em caso de superdose, recomenda -se tratamento sintomático adequado de acordo com a condição clínica do paciente. ATEN ÇÃO: ESTE PRODUTO É UM NOVO MEDICAMENTO E, EMBORA AS PESQUISAS REALIZADAS TENHAM INDICADO EFICÁCIA E SEGURANÇA QUANDO CORRETAMENTE INDICADO, PODEM OCORRER REAÇÕES ADVERSAS IMPREVISÍVEIS, AINDA NÃO DESCRITAS OU CONHECIDAS. EM CASO DE SUSPEITA DE REAÇÃO ADVE RSA, O MÉDICO RESPONSÁVEL DEVE SER NOTIFICADO. VENDA SOB PRESCRIÇÃO MÉDICA MS-1.0429.0092 Farm Resp: Snidue Ishitanl - CRF - SP 5683 Fabricado por Bayer AG, Alemanha Embalado e distribuído por Bayer S.A. Rua Domingos Jorge, 1.000 - São Paulo, SP CNPJ 33.018.748/0001 -70 Indústria Brasileira 0800-121010 Lote, data de fabricação: vide cartucho esquetético: Sistema nervoso: Insônia, vertigem, nervosismo, sonolência. ansiedade, tremores parestesia, confusão e depressão. Pele e anexos: Erupção cutânea, prurido, sudorese e urticária. Órgãos sentido: Ambiliopia. do Sistema geniturinário Monilíase vaginal e vaginite. Incidência entre 0,01% e < 0,1% Geral: Dor pélvica e edema facial. Sistema cardiovascular: Hipotensão vasodilatação. Sistema digestivo: Gastrite, descoloração da língua, disfagia, icterícia e diarréia (Clostridium difficile). Sistema linfático sangüíneo: e Diminuição tromboplastina aumento protrombina. e da da Alterações metabólicas e nutricionais: Hiperglicemia, hiperlipemia hipe ruricemia. Sistema músculo esquelético: Artrite acometimento tendões. Sistema nervoso: Alucinações, despersonalização, hi- pertonia, incoordenação, agitação, amnésia, afasia, labilidade emocional, distúrbios do sono e da fala, pensamentos anorma is, hipestesia, pesadelos e convulsões. Sistema respiratório: Asma e dispnéia. Pele e anexos: Erupção cutânea (maculopapular, purpúrica e pustular). Órgãos sentidos: Zumbido, alterações visuais, perda gustativa e parosmia. dos Sistema geniturinár i o : e e nos Disfunção renal. Alterações mais freqüentes dos parâmetros laboratoriais não relacionadas com o fármaco e não relacionadas acima: aumente e diminuição do hematócrito e aumento na contagem eritrocitária; aumento na: contagem leucocitária, fosfatase alcalina, bilirrubina, uréia, TGO, TGP, creatinina e nitrogénio uréico; diminuição da glicemia e hemoglobina. Não se sabe se essas anomalias foram causadas pelo fármaco ou por patologia subjacente a ser tratada. POSOLOGIA Adultos A dose recomendada de moxifloxacino é de um comprimido (400 mg), uma vez ao dia, para todas as indicações. Modo de administração Os comprimidos devem ser deglutidos inteiros, com um pouco de água, independentemente das refeições. Duração do tratamento A duração do tratamento deve ser determinada pela gravidade da indicação ou pela resposta clínica. As recomendações gerais para o tratamento de infecções das vias respiratórias superiores e inferiores são as seguintes: Exacerbação aguda de bronquite crônica; 5 dias. • Pneumonia adquir ida na comunidade: 10 dias. • Sinusite aguda: 7 dias. A duração do tratamento recomendado para infecções de pele e tecidos moles 4 de 7 dias. Os comprimidos de Avalox foram avaliados em estudos clínicos em tratamentos de até 14 dias. Idosos Não é necessári o ajuste de doses em idosos. Crianças O uso de moxifloxacino em crianças e adolescentes em fase de crescimento não é recomendado. Insuficiência hepática Não é necessário ajuste de doses em pacientes com disfunção hepática de grau leve (Child -Pugh A, B). Não se dispõem de dados farmacocinéticos em pacientes com insuficiência hepática grave (Cnild-Pugn C). Insuficiência renal Não é necessário ajuste de doses em pacientes com qualquer grau de alteração renal (inclusive clearance de creatinina < 30 www.pneumoatual.com.br ISSN 1519-521X