OTIMIZAÇÃO DE TORRES DE LINHAS DE TRANSMISSÃO EM SEÇÕES TUBULARES VIA ALGORITMOS GENÉTICOS Marcelo da Fonseca [email protected] Mestrando em Engenharia Civil, Escola de Minas, Universidade Federal de Ouro Preto. Campus Morro do Cruzeiro, 35400-000, Ouro Preto - MG – Brasil. Francisco Assis das Neves [email protected] Departamento de Engenharia Civil, Escola de Minas, Universidade Federal de Ouro Preto. Campus Morro do Cruzeiro, 35400-000, Ouro Preto - MG – Brasil. Abstract. É observada na literatura técnica e científica que existem pouquíssimos trabalhos relativos às torres de transmissão em perfis tubulares em contraposição ao que acontece com esse tipo de estrutura desenvolvida em perfis do tipo de cantoneira. Como estruturas de linhas de transmissão são estruturas que são usadas em famílias, portanto, com padrões de repetição, é importante que se busquem processos de projeto que impliquem na obtenção final de uma estrutura bem dimensionada e econômica. Visando alcançar esse objetivo, é proposto neste trabalho a aplicação dos algoritmos genéticos, tanto do tipo geracional quanto em regime (steady-state), para proceder a otimização desse tipo de sistema estrutural. Quanto às solicitações, consideraram-se as combinações usuais de carregamento e quanto às restrições, àquelas baseadas nas recomendações de normas nacionais e internacionais relativas às torres de linhas de transmissão. Finalmente, são apresentados dois exemplos de torres otimizadas segundo à abordagem descrita anteriormente. São comparados os resultados da otimização de peso para a estrutura sob às restrições de tensões e deslocamentos com aqueles das recomendações normativas. Os resultados mostram que, na maioria das vezes, as restrições baseadas nas recomendações de normas são quase sempre violadas, quando da otimização da torre só sob as restrições de tensões e deslocamentos. Ou seja, é necessário considerá-las no processo de otimização, sob pena de se encontrar soluções que não possam ser aplicadas na prática, pois não estarão respeitando as prescrições normativas. Keywords: Otimização estrutural, Algoritmos genéticos, Torres de transmissão e Perfis tubulares. 1. INTRODUÇÃO Poucos trabalhos relativos às torres de transmissão em perfis tubulares são encontrados na literatura técnica e científica, em contraposição ao que é observado quando se buscam trabalhos desse tipo de estrutura constituídos por perfis do tipo cantoneira. Como estruturas de linhas de transmissão são estruturas que são usadas em famílias, portanto, com padrões de repetição, é importante que se busquem processos de projeto que impliquem na obtenção final de uma estrutura bem dimensionada e econômica. Devido a peculiaridade do tipo de sistema estrutural aqui estudado, que são projetadas por grupos de famílias de torres, as quais serão empregadas para as variadas características de linhas de transmissão, nada mais apropriado do que a aplicação de técnicas de otimização como uma alternativa ao procedimento clássico de espiral de projeto, comumente empregado. O grande número de soluções possíveis torna a busca por um projeto otimizado um processo de tentativa e erro, onde o projetista escolhe, de acordo com sua experiência, uma solução inicial e verifica se a estrutura suporta o carregamento a qual está submetida e se as restrições foram violadas. Se o resultado da verificação não for satisfatório quanto à capacidade de suporte e à violação das restrições, o projetista obrigatoriamente deve escolher uma nova solução e proceder novamente à verificação. Contudo se o resultado for satisfatório, nem sempre o projetista verificará a existência de uma solução mais econômica, reduzindo assim a eficiência do projeto. Os algoritmos de otimização estrutural se mostram uma ferramenta útil neste processo, pois realiza de forma automática a busca da melhor solução. Com o objetivo de se verificar a viabilidade de projetos de torres de linhas de transmissão constituídas de perfis tubulares em seção tubular, é proposto neste trabalho a aplicação dos algoritmos genéticos, tanto do tipo geracional quanto em regime (steady-state), para proceder a otimização desse tipo de sistema estrutural. Quanto às solicitações, foram consideradas as combinações usuais de carregamento e quanto às restrições, àquelas baseadas nas recomendações de normas nacionais e internacionais relativas às torres de linhas de transmissão. Para torres de estruturas em perfis tubulares, essas restrições na verdade são os quesitos utilizados no processo de dimensionamento dos elementos, ou seja, o Índice de Esbeltez Limite e a Resistência às solicitações. Como não existe uma norma especifica para dimensionamento de torres em perfis tubulares, serão adotadas as prescrições sugeridas por Gabrielli (2004), onde é feito uma combinação de diferentes normas, como por exemplo, NBR 8800/1986 e NBR 5422/1985. Visando verificar a importância de se incorporar as restrições normativas, ou de ordem prática, no processo de otimização estrutural, serão analisados e comparadas duas situações para cada exemplo (plano e espacial). Uma seguindo o procedimento clássico, onde serão consideradas apenas as restrições de deslocamento admissível e tensão admissível. E uma outra, onde além das restrições clássicas (deslocamentos e tensões) serão incorporadas as restrições normativas: limite de esbeltez de cada elemento e capacidade resistente calculado de acordo com as Equações (13), (15) e (17), mostradas ao longo do texto. 2. ALGORITMOS GENÉTICOS Os Algoritmos Genéticos representam um grupo de estratégias utilizadas para resolver problemas de otimização, e segundo Mendonça (2004) é caracterizado por algoritmos de otimização global, devido a sua grande eficácia em realizar buscas globais. Foi idealizado por John Holland (1975) e baseia-se nos princípios da genética, mais precisamente no processo de evolução dos seres vivos descoberto por Charles Darwin em 1859. Os Algoritmos Genéticos introduz um novo conceito sobre os algoritmos de otimização, a simulação do processo evolutivo dos seres humanos baseados nos conceitos Darwinianos de seleção natural. Uma de suas características mais marcantes é a existência de dois espaços de busca: Genótipico e Fenótipico. Como na genética, o espaço genótipico é a representação codificada dos indivíduos de uma população; no caso do espaço fenótipico, é a representação física do indivíduo. Os Algoritmos Genéticos simulam a evolução biológica através de uma busca em várias regiões do espaço de busca do problema, utilizando para isso vários indivíduos ao mesmo tempo, formando uma população de possíveis soluções (indivíduos). A cada geração a população é modificada por meio dos operadores genéticos, de modo que os indivíduos mais adaptados possam se reproduzir e passar à nova geração enquanto os menos adaptados serão descartados. 2.1 Histórico Os Algoritmos Genéticos foram inicialmente estudados por Holland (1975), cujo objetivo era a elaboração de um modelo que representasse biologicamente a evolução das espécies e pudesse ser implementado computacionalmente. Ele também pretendia utilizar esse algoritmo como ferramenta para resolver problemas complexos, baseados nos mecanismos de seleção natural. 2.2 Codificação Dentro da estratégia de evolução dos Algoritmos Genéticos, os indivíduos devem ser convertidos do espaço fenótipico para espaço genótipico, onde são aplicados os operadores genéticos. Há vários tipos de representações possíveis para os genótipos que vão desde uma simples cadeia de 0’s e 1’s (alfabeto binário) até complexas estruturas de dados. Apesar da grande utilização, a representação binária apresenta alguns problemas. O primeiro deles se refere à representação das variáveis reais, quando há a necessidade de precisão alta, gerando uma cadeia binária bastante extensa. O outro problema se refere às variáveis inteiras, que é a presença de Hamming cliffs, ou seja, valores adjacentes possuem grandes diferenças na cadeia binária que os codificam. Como por exemplo, os valores 7 e 8 que são codificados respectivamente, pelas cadeias binárias 0111 e 1000. Uma solução para o problema do Hamming cliffs é a utilização de códigos ciclos, também conhecidos como Códigos Gray. Como na codificação binária, utilizam-se apenas os caracteres 0 e 1 na representação. A diferença entre os códigos está na semelhança entre as codificações adjacentes. Isto facilita a convergência do algoritmo, mas pode levar a um ótimo local. Já a representação binária se torna mais “livre” para explorar novas regiões e localizar o ótimo global, mas o refinamento da solução torna-se mais difícil, como adverte Ávila (2002). Para a representação de um número decimal em código Gray, inicialmente este número é representado em alfabeto binário. A seguir, cada bit é somado em módulo dois com o bit à esquerda (a soma em módulo dois é uma soma sem ‘vai-um’, ou seja, o resultado somente é um quando os dois operandos forem diferentes). Por exemplo, o número decimal 15 é representado por 01111 em binário. E a conversão para código Gray é apresentado na Fig. (1). Figura 1 – Código Gray A Tabela (1) apresenta alguns exemplos da codificação nos dois sistemas para efeito de comparação. No desenvolvimento deste trabalho optou-se pela utilização da codificação binária, seguindo as recomendações de Soares (1997), pois segundo ele a codificação binária apresenta uma grande facilidade na busca de similaridade e na implementação. Além disso, a codificação binária permitir uma busca mais “livre” das regiões factíveis, como afirma Ávila (2002). Tabela 1 – Código Binário usual e Código de Gray Inteiro 0 1 2 3 4 5 Binário 00000 00001 00010 00011 00100 00101 Gray 0000 0001 0011 0010 0110 0111 Inteiro 6 7 8 9 10 11 Binário 00110 00111 01000 01001 01010 01011 Gray 0101 0100 1100 1101 1111 1110 Inteiro 12 13 14 15 Binário 01100 01101 01110 01111 Gray 1010 1011 1001 1000 2.3 População inicial A população inicial indica as regiões do espaço de busca por onde será iniciado o processo, por isso deve apresentar uma grande diversidade genética para que todas as regiões do espaço de busca estejam presentes no inicio do processo. Inicialmente era gerada de forma aleatória, mas como o processo aleatório não garante a representação uniforme do espaço de busca, vários pesquisadores sugeriram outras possibilidades. Uma tentativa de obter uma população inicial representativa de todo o espaço de busca é a geração aleatória dos indivíduos com base em uma distribuição uniforme. Pode-se também gerar somente a metade dos indivíduos da população de forma aleatória, e a outra parte será preenchida a partir da primeira, simplesmente invertendo os bits. Outra forma é utilizar uma população inicial maior do que as demais, permitindo uma melhor representação do espaço de busca. A geração da população inicial foi realizada através da geração aleatória dos indivíduos com base em uma distribuição uniforme. A população inicial tem grande importância em toda a evolução da solução. Quando se parte de uma boa solução inicial (grande diversidade genética) o processo converge para uma boa solução; contudo, quando se parte de uma população uniforme (pouca diversidade genética) o processo fica preso em regiões de mínimos locais. 2.4 Função de aptidão Para implementar o processo de seleção que valorize o indivíduo melhor adaptado ao meio, há a necessidade de um parâmetro que indique a qualidade do indivíduo em relação aos demais. A função de aptidão tem essa propriedade, ela recebe como entrada as características do indivíduo (fenótipo) e fornece como resultado a sua aptidão. A aptidão (fitness) representa a adaptabilidade do indivíduo ao meio e está baseada na função objetivo do problema, bem como nas restrições do mesmo. A Equação (1) expressa essa relação entre função objetivo e restrição, onde: Faptião = função aptidão; Fobjtivo = função objetivo do problema; Fpenal = função de penalidade e α = fator de ponderação. Faptidão = Fobjetivo + αFpenal (1) A função de penalidade ( Fpenal ) incorpora todas as restrições do problema, penalizando aqueles indivíduos que as violarem. Desta forma a função de aptidão somente será diferente da função objetivo quando alguma restrição for violada. Maiores detalhes sobre a composição da função penalidade será apresentada mais à frente, quando tratarmos dos exemplos. 2.5 Seleção Inspirados no processo de seleção natural do seres vivos, onde há a sobrevivência dos melhores indivíduos, os cromossomos com melhor aptidão recebem uma probabilidade maior de serem utilizados no processo de reprodução e contribuírem para formação da nova população. O processo de seleção não garante necessariamente a seleção de um indivíduo em particular, mesmo o mais apto, segundo Coley (1999), citado em Castilho (2003). Seleção por posição (rank) – os indivíduos (cromossomos) são ordenados de acordo com o valor de sua aptidão. Desta forma os indivíduos mais aptos terão as melhores posições e consequentemente as maiores probabilidades de serem utilizados nos processos reprodutivos. Ou seja, é associada a cada indivíduo uma probabilidade, conforme a Eq. (2), de acordo com a posição ocupada no rank, onde: Pn = probabilidade associada ao n-ésimo indivíduo do rank; Rn = posição do n-ésimo indivíduo no rank; N pop = tamanho da população de indivíduos. Vale lembrar que esse método não tem analogia com teoria da seleção natural. Pn = 2 Rn N pop (N pop − 1) (2) Seleção por roleta (roulette wheel) – neste método cada indivíduo tem a oportunidade de ser selecionado de acordo com seu desempenho relativo ao da população. Este método de seleção foi o método original proposto por Holland (1975), sendo ainda muito utilizado apesar de possuir algumas falhas. O procedimento para a seleção via método da roleta é o seguinte: a) Some todas as aptidões da população, Eq. (3), onde: FT = aptidão total da população; Npop = tamanho da população; Fi = aptidão do i-ésimo indivíduo. b) Escolha um número aleatório n entre 0 e FT c) Retorne o primeiro elemento da população, cuja soma das aptidões dos elementos até ele, inclusive, é maior ou igual a n. FT = Npop ∑F i =1 i (3) Seleção por torneio – baseado no princípio biológico de sobrevivência do mais forte, esse método escolhe o melhor indivíduo entre n indivíduos da população anterior escolhidos aleatoriamente. O processo se repete até que a nova população esteja completa. O número de indivíduos que competem entre si (n) é usualmente igual a 2, uma vez que para n > 2 há uma grande pressão sobre o processo de seleção. Seleção elitista – a seleção elitista é na verdade uma adaptação que se faz aos demais métodos de seleção, na tentativa de aumentar a velocidade de convergência do algoritmo. O método consiste em copiar os n melhores indivíduos da população corrente para a próxima geração, garantindo a preservação do melhor material genético. Neste trabalho se utilizou a seleção por roleta em conjunto com a seleção elitista, onde o melhor indivíduo da geração anterior é copiado para a geração seguinte sem a interferência dos operadores genéticos. 2.6 Reprodução A simulação da reprodução nos algoritmos genéticos acontece em três etapas sucessivas. A primeira é composta pela seleção dos indivíduos aptos a se reproduzirem. Na segunda etapa, são formados os casais que irão se reproduzir e, finalmente, na terceira etapa, são aplicados os operadores genéticos de cruzamento e mutação. Os procedimentos de reprodução estão divididos em dois tipos: Geracional e Steady-state. Geracional – descrito por Goldberg (1989), é o mais simples esquema de reprodução, onde a partir de uma população inicial são gerados novos indivíduos por meio da aplicação dos operadores genéticos. Em cada geração todos os indivíduos são substituídos. Isto pode ocasionar uma perda de material genético de boa qualidade. Para evitar esse problema utilizase uma estratégia de seleção elitista, que garante a sobrevivência dos n melhores indivíduos da geração anterior. Steady-state – segundo Mendonça (2004), o algoritmo Steady-state é similar ao algoritmo desenvolvido por De Jong (1975), onde há uma superposição das populações. Neste esquema somente um novo indivíduo é gerado a cada iteração, e ele somente será incorporado à população se sua aptidão for melhor do que a aptidão do pior indivíduo da população atual. Caso ele seja pior que todos os indivíduos da população atual então nada é alterado e procedese uma nova criação de indivíduo. Devido a uma acentuada perda da diversidade genética quando se testou a utilização do algoritmo do tipo steady-state, e conseqüentemente, estagnação nas regiões próximas aos mínimos locais, optou-se pela utilização do algoritmo Geracional conjuntamente com a seleção elitista, a fim de evitar a perda de material genético de boa qualidade. 2.7 Operadores genéticos Os operadores genéticos são aplicados aos indivíduos, decodificados em cromossomos (espaço de busca genótipico), para gerar novos indivíduos a partir de indivíduos existentes. São responsáveis pela manutenção da diversidade genética da população, que permite uma exploração inteiramente nova dentro do espaço de busca, bem como fazer um exploração refinada nas regiões consideradas factíveis. Essas duas propriedades, diversificação (exploration) e intensificação (explotation), são obtidas através de uma correta aplicação dos operadores genéticos. 2.7.1 Crossover É o operador responsável por promover a recombinação genética dos pais, permitindo que os filhos herdem as características genéticas de seus progenitores. Essa recombinação genética é o principal mecanismo de exploração e explotação do espaço de busca. Existem vários modelos de crossover: Crossover de ponto único, Crossover de dois pontos, Crossover uniforme, etc. 2.7.2 Mutação A mutação tem como objetivo a introdução e manutenção da diversidade genética da população, que pode ter sido perdida durante a aplicação do crossover. A mutação assegura que a probabilidade de examinar qualquer ponto do espaço de busca nunca será nula, e também contorna o problema de mínimos locais. Maiores informações sobre esses operadores pode ser obtida em Fonseca e Neves (2005), dentre outros. 2.8 Parâmetros genéticos O desempenho dos Algoritmos Genéticos pode ser afetado por alguns parâmetros que podem dificultar a busca ou até mesmo conduzi-la a uma direção errada no espaço de busca. Tamanho da população – indica o número de pontos do espaço de busca que será analisado em cada iteração. Afeta diretamente o desempenho global do algoritmo e sua eficiência. Uma população pequena indica poucos pontos de amostragem do espaço de busca, podendo conduzir o algoritmo a uma convergência prematura. Por outro lado, uma população maior aumenta a cobertura do espaço de busca e dificulta a homogeneização da população. Porém, para grandes populações são necessários maiores recursos computacionais para o cálculo da função de aptidão dos indivíduos em cada iteração, podendo se tornar inviável computacionalmente. Probabilidade de crossover (Pc) – indica com que freqüência o operador de crossover será aplicado sobre a população. Uma probabilidade alta permite a introdução de novas estruturas na população, aumentando a explotação do espaço de busca, e reduz as chances de convergência para um ótimo local. Em contrapartida, se essa taxa for muito alta pode resultar na perda de tempo computacional devido à explotação de regiões não promissoras dentro do espaço de soluções e na retirada da população de indivíduos promissores. Na prática a probabilidade de crossover, Pc, varia entre 60% e 90%. Não ocorrendo o crossover, os filhos serão iguais aos pais (isto permite que algumas soluções sejam preservadas) (Castro, 2001). Probabilidade de mutação (Pm) – a determinação da probabilidade de mutação deve ser ponderada de forma que evite a estagnação do algoritmo por falta de diversidade genética ou que execute uma procura aleatória em todo o espaço de busca. Para Silva (2001) a probabilidade de mutação, Pm, suficiente para assegurar a diversidade, encontra-se normalmente entre os valores 0,1% e 5%. Outras sugestões de valores de Pm e formas de calculá-lo podem ser obtidas em Castro (2001). 3. TORRES DE TRANSMISSÃO As torres de transmissão são estruturas treliçadas, geralmente constituídas de perfis metálicos, cujas ligações são aparafusadas ou por meio de chapas (gusset plates). A maioria das torres apresenta uma arquitetura padrão, composta por alguns elementos básicos, conforme mostra a Fig. (2). Esses elementos são: pernas principais; contraventamentos verticais primários e secundários; contraventamentos horizontais. A seguir serão apresentados mais alguns detalhes sobre o dimensionamento dessas estruturas. Figura 2 – Elementos básicos de uma torre de transmissão 3.1 Normas e especificações O projeto das linhas de transmissão segue as orientações de normas brasileiras, normas estrangeiras e especificações estabelecidas pelo contratante. Quanto às normas brasileiras tem-se: • NBR 5422/1985 – “Projetos de Linha de Transmissão de Energia Elétrica”. Ela aborda as condições básicas para linhas de transmissão dentro do intervalo de 35 kV e 800 kV, no que se refere, por exemplo, a parâmetros meteorológicos, hipóteses de cálculo para condutores e pára-raios, isolamento, ferragens, estruturas, fundações, esforços mecânicos, distâncias de segurança, aterramento, travessias, faixas de segurança, etc. • NBR 8842/1985 – “Suporte Metálico para linhas de Transmissão”. Especifica as condições de ensaio para os suportes metálicos utilizados nas linhas de transmissão. • NBR 8850/1985 – “Execução de Suportes Metálicos Treliçados para Linhas de Transmissão”. A norma estrangeira utilizada é o Manual 52/1991 “Guide for Design of Steel Transnission Towers” da ASCE (American Society of Civil Engineers). As normas citadas acima se referem às torres constituídas de perfis-cantoneira. Quanto aos perfis tubulares, utilizar-se-ão, conforme sugerido por Gabrielli (2004), as prescrições da NBR 8800/1986 – “Projeto e Execução de Estruturas de Aço de Edifícios” e o do LRFD 2000 – “Load and Resistance Factor Design Specification for Steel Hollow Structural Sections” da AISC (American Institute of Steel Construction), além daqueles listadas já citadas. 3.2 Cargas atuantes Como em todas as estruturas, as cargas atuantes nas torres são dividas em permanentes e especiais. A NBR 5422/1985 define que as seguintes cargas devem ser consideradas no dimensionamento: • Peso próprio da estrutura; • Peso próprio dos cabos, ferragens e isoladores; • Cargas especiais de manutenção e construção; • Ação do vento sobre a estrutura, isoladores, cabos condutores e pára-raios. 3.3 Hipóteses de cálculo As hipóteses de cálculo variam de acordo com a região onde a torre será instalada e com o tipo de função de linha da torre. A seguir serão apresentadas as hipóteses de cálculo utilizadas por Gabrielli (2004) referentes a torres com função estrutural e que serão implantadas em regiões onde não há neve. • Hipótese 1 – consideram-se os cabos com vento máximo em qualquer direção. Geralmente consideram-se ventos longitudinais, transversais e a 45º; • Hipótese 2 – considera-se a ruptura de cada um dos cabos pára-raios. O número de hipóteses geralmente é igual à quantidade de cabos pára-raios da torre; • Hipótese 3 – considera-se a ruptura de cada um dos cabos condutores. O número de hipóteses geralmente é igual à quantidade de cabos condutores da torre. 3.4 Modelagem As torres são geralmente modeladas como treliças espaciais, apesar do comportamento dos seus elementos constituintes serem diferentes. Por exemplo, as pernas são contínuas, ou seja, funcionam como elemento de pórtico e os contraventamentos, rotulados, funcionando como treliça. Gabrielli (2004) destaca que na modelagem como treliça espacial, os contraventamentos secundários não devem ser considerados, pois geram mecanismos hipoestáticos, tornando o sistema de equações singulares. Impossibilitando, com isso, a conclusão do procedimento de análise estrutural. A presença desses mecanismos não necessariamente indica uma estrutura instável, mas requer a necessidade de um algoritmo que identifique esses mecanismos e gere uma restrição automática dos mesmos. 3.5 Dimensionamento O propósito deste trabalho é incorporar as restrições normativas, ou de ordem prática, ao processo de otimização de estruturas. Para torres de estruturas em perfis tubulares, essas restrições na verdade são os quesitos utilizados no processo de dimensionamento dos elementos, ou seja, o Índice de Esbeltez Limite e a Resistência às solicitações. Como não existe uma norma especifica para dimensionamento de torres em perfis tubulares, serão adotadas as prescrições sugeridas por Gabrielli (2004), onde é feito uma combinação de diferentes normas, como por exemplo, NBR 8800/1986 e NBR 5422/1985. As restrições serão calculadas seguindo essas prescrições sugeridas por Gabrielli (2004), e apresentadas a seguir. Limites do índice de esbeltez efetivo - λe = KL/r - o índice de esbeltez efetivo (λe) dos elementos depende da posição do elemento na estrutura (perna principal, outros e redundantes) e também do esforço solicitante. Para os elementos comprimidos têm-se duas situações: quando o elemento pertence às pernas principais, o limite de esbeltez é λe = 150; já para os demais elementos, o limite de esbeltez é λe = 200. Para os elementos tracionados, o limite de esbeltez é λe = 300, independentemente do tipo de elemento. No caso dos elementos redundantes, ou seja, aqueles que têm a finalidade de somente diminuir o comprimento de flambagem, sem função estrutural, o limite de esbeltez é λe = 250. Compacidade – para o perfil tubo circular, a compacidade foi usada como D/t, que é a relação utilizada para verificação da flambagem local em perfis tubulares, onde D é o diâmetro externo e t é a espessura. 3.5.1 Barras comprimidas Índice de esbeltez relativa (λc) – neste caso, o dimensionamento é igual para todas as barras, as diferentes condições de extremidade é representada pelo coeficiente K. O índice de esbeltez é calculado de acordo com a Eq. (4), onde: L = comprimento do elemento; r = raio de giração mínimo; K = parâmetro que leva em consideração o tipo da condição de extremidade. λc = KL Fy rπ E (4) Embora, de acordo com as especificações da LRFD 2000 – “Load and Resistance Factor Design Specification for Steel Hollow Structural Sections” da AISC, o parâmetro λc seja referido como a esbeltez da coluna, preferimos nomeá-lo de esbeltez relativa, já que o mesmo, a menos do fator de área Q, é a relação entre o índice de esbeltez efetivo - λe - e o índice de esbeltez limite - λlim (Onde λlim é o menor valor de λe para o qual a flambagem ocorre elasticamente). Tensão de critica de flambagem à compressão (Fcr) e resistência à compressão (Nc) – dependente da compacidade do perfil (λ), do índice de esbeltez relativa (λc) e do fator de área efetiva Q. Pode ser obtida da seguinte forma: λ= D t (5) λ r = 0,114 E Fy (6) λ 2 = 0,448 E Fy (7) Se: λ ≤ λ r ! Q = 1,0 λr ≤ λ ≤ λ2 (8) E 2 + Q = 0,0379 F λ 3 y ! (9) Quando: 2 Qλ λ c Q ≤ 1,5 ! Fcr = Q ⋅ 0,658 ⋅ Fy 0,877 Fy Fcr = λ λ c Q > 1,5 c ! N c = Ag Fcr (10) (11) (12) φ=0,9 N cd = φN c (13) Elementos redundantes – têm a função de reduzir a esbeltez dos outros elementos, sendo os esforços atuantes nos mesmos insignificantes. Por esse motivo, muitas das vezes eles não são considerados no modelo estrutural, ou seja, a estrutura é analisada desconsiderando a presença desses elementos. A NBR 8850/1985 indica que para os casos onde os elementos redundantes não são considerados o limite de esbeltez efetivo é λe ≤ 250 , o mesmo valor indicado pelo Manual Nº 52 (ASCE, 1991). Já para os casos onde os elementos redundantes são considerados no modelo estrutural, o Manual Nº 52 (ASCE, 1991) indica um procedimento para o calculo do limite de esbeltez efetivo. Segundo o Manual Nº 52 (ASCE, 1991), para elementos onde o índice de esbeltez, dado por λ=L/r, é λ ≤ 120 , o índice de esbeltez efetivo vale λe = λ . Já para os elementos onde λ ≥ 120 , o índice de esbeltez efetivo vai depender das condições de extremidades: para elementos com ambas as extremidades rotuladas e com λ ≤ 250 , o índice de esbeltez efetivo é λe = λ ; para os elementos com uma extremidade rotulada, outra parcialmente engastada e com λ ≤ 290 , o índice de esbeltez efetivo é λe = 28,6 + 0,762λ ; e finalmente para os casos de ambas as extremidades parcialmente engastadas e com λ ≤ 330 , o índice de esbeltez efetivo é λe = 46,2 + 0,615λ . 3.5.2 Barras tracionadas A verificação dos elementos é realizada segundo as especificações do LRFD 2000 – “Load and Resistance Factor Design Specification for Steel Hollow Structural Sections” da AISC (American Institute of Steel Construction), que considera os seguintes estados limites: Escoamento da seção bruta – verifica a capacidade de resistência ao escoamento da seção do elemento, essa capacidade resistente é definida pela Eq. (14), onde: Nt = resistência à tração; Ag = área bruta da seção transversal; Fy = Tensão de escoamento do aço. φ=0,9 N t = Ag Fy (14) N td = φN t (15) Ruptura da seção líquida – verifica a capacidade resistente da seção efetiva do elemento, obtida através da Eq. (16), onde: Nt = resistência à tração; Fu = tensão limite de tração do aço; Ae = área efetiva da seção transversal, calculada de acordo a Eq. (18), sendo que para ligações soldadas em todo o perímetro do tubo, A=Ag e U=1; para ligações com chapa de topo (gusset plates), A=An, sendo An a área bruta menos a área do tubo retirada pelo entalhe da peça e U dado pela Eq. (19). φ=0,75 N t = Ae Fu N td = φN t Ae = U ⋅ A (16) (17) (18) D U = 1 − π ≤ 0,9 L 4. (19) EXEMPLOS Visando verificar a importância de se incorporar às restrições normativas, ou de ordem prática, no processo de otimização estrutural, serão analisadas e comparadas duas situações para cada exemplo (plano e espacial). Uma seguindo o procedimento clássico, onde serão consideradas apenas as restrições de deslocamentos admissíveis e tensões admissíveis. E uma outra, onde além das restrições clássicas (deslocamentos e tensões) serão incorporadas as restrições normativas: limite de esbeltez de cada elemento e capacidade resistente calculado de acordo com as Eqs. (13), (15) e (17). As restrições normativas foram incorporadas na função penalidade da mesma forma que as demais restrições clássicas. Ou seja, seguindo a Eq. (20), onde Radm = valor admissível para a variável e Ri valor da variável. Desta forma, cada variável somente contribuirá para a função penalidade se a restrição i for violada (Ri > Radm ). Se Ri > Radm faça R F penal = ∑ i Radm − 1 (20) End 4.1 Treliça de 25 barras Nesta aplicação, utilizou-se a estrutura apresentada na Fig. (3), bem como todas as informações fornecidas pelas Tabs. (2) a (4). O objetivo é a redução do peso da estrutura, tendo com base o espaço de busca apresentado na Tab. (5). Os perfis que compõem o espaço de busca são perfis tubulares fabricados pela Vallourec & Mannesmann Tubes (V & M do Brasil), com as seguintes propriedades: Fy = 250 MPa (limite de escoamento), Fu = 400 MPa (limite da resistência à tração), E = 205000 MPa (módulo de elasticidade) e ρ = 7850 kg/m3 (densidade do aço). As restrições utilizadas no procedimento clássico são as seguintes: deslocamento admissível de 8,89 mm e tensão admissível de 276,6 MPa. Já as restrições normativas foram obtidas a partir da metodologia proposta por Gabrielli (2004), para dimensionamento de torres metálicas tubulares. Foram consideradas as seguintes restrições: Índice de esbeltez máximo: elementos comprimidos λe = 150, elementos tracionados λe = 300; Esforços solicitantes: os esforços solicitantes não devem ultrapassar os esforços resistentes calculados de acordo com as Eqs. (13) (elementos comprimidos) e (15) ou (17) (elementos tracionados). Todos os elementos foram considerados como não redundantes e as ligações são do tipo soldadas. Tabela 2 – Carregamento treliça de 25 barras Nó 1 2 3 6 Fx (N) 4453,74 0,00 2226,87 2672,24 Fy (N) - 44537,40 - 44537,40 0,00 0,00 Fz(N) -44537,40 -44537,40 0,00 0,00 Figura 3 – Treliça de 25 barras (coordenadas em centímetros) Tabela 3 – Incidência treliça de 25 barras Elem. Incidência Elem. Incidência Elem. Incidência Elem. Incidência Elem. Incidência 1 2 3 4 5 7-3 7-4 7-6 10 - 3 10 - 6 6 7 8 9 10 10 - 5 8-3 8-4 8-5 9-6 11 12 13 14 15 9-4 9-5 3-6 6-5 5-4 16 17 18 19 20 3-4 1-3 1-6 1-4 1-5 21 22 23 24 25 2-3 2-6 2-4 2-5 2-1 Tabela 4 – Grupo de elementos treliça de 25 barras Grupo 1 2 3 4 Elementos 25 19; 20; 21; 22 17; 18; 23; 24 13; 15 Grupo 5 6 7 8 Elementos 14; 16 3; 4; 9; 11 2; 6; 7; 10 1; 5; 8;12 Visando uma redução no número de variáveis de projeto, os elementos foram agrupados de acordo com as suas características estruturais, conforme mostra a Tab. (4). Outro procedimento usado foi a adoção de espaço de busca reduzido para cada variável. Esse espaço foi formado utilizando as áreas do espaço de busca global (Tab. 5). A determinação de quais áreas iriam compor o espaço de busca de cada variável foi baseado no valor médio de cada variável. Essa média foi obtida a partir de resultados previamente conhecidos. Cada espaço de busca local (variável) contém 16 áreas distribuídas uniformemente em torno do valor médio da variável. Essas 16 áreas foram escolhidas dentro do espaço de busca global (Tab. 5). Por exemplo, se média da variável x é igual a 6,50, o seu respectivo espaço de busca será formado pelas seguintes áreas: 2,15; 2,80; 3,19; 3,31; 4,32; 5,20; 5,40; 6,38; 7,15; 7,68; 8,34; 9,23; 9,53; 10,20; 11,00; 11,60. Tabela 5 – Espaço de busca treliça de 25 barras D (mm) 26,70 26,70 33,40 38,10 42,20 38,10 33,40 60,30 42,20 60,30 t (mm) 2,90 3,90 3,40 3,00 3,60 5,00 6,40 3,60 6,40 4,40 A (cm2) 2,15 2,80 3,19 3,31 4,32 5,20 5,40 6,38 7,15 7,68 r (cm) 0,849 0,818 1,070 1,250 1,370 1,180 0,980 2,010 1,290 1,980 D (mm) 60,30 48,30 60,30 73,00 73,00 73,00 48,30 88,90 114,30 60,30 t (mm) 4,80 7,10 5,50 4,80 5,20 5,50 10,20 4,80 4,00 8,70 A (cm2) 8,34 9,23 9,53 10,20 11,00 11,60 12,20 12,60 13,70 14,20 r (cm) 1,970 1,480 1,950 2,420 2,410 2,390 1,400 2,980 3,900 1,850 D (mm) 73,00 114,30 88,90 60,30 88,90 88,90 114,30 114,30 101,60 168,30 t (mm) 7,00 4,40 6,40 11,10 7,10 7,60 6,00 6,40 8,10 4,80 A (cm2) 14,50 15,10 16,50 17,10 18,30 19,50 20,50 21,50 23,70 24,60 r (cm) 2,350 3,890 2,930 1,780 2,900 2,890 3,830 3,820 3,320 5,780 A solução desse problema utilizou uma rotina baseada em Elementos Finitos para a análise estrutural e uma outra rotina para a otimização estrutural (Algoritmo Genético, do tipo geracional). Ambas as rotinas foram implementadas em FORTRAN 90, e validadas a partir de exemplos clássicos da literatura (benchmark). Os parâmetros utilizados nos Algoritmos Genéticos para solução desse problema foram os seguintes: tamanho da população = 40 indivíduos; fator penalidade (alfa) = 1000; probabilidade de crossover (Pc) = 0,80; probabilidade de mutação (Pm) = 0,01. Foi utilizado também o Algoritmo Genético geracional do tipo elitista, com operador de crossover de 2 pontos. A Figura (4) apresenta a evolução das soluções para a treliça de 25 barras. Para o problema clássico foi obtido um peso mínimo de 269,54 kg, já para o problema com restrições normativas foi obtido um peso mínimo de 306,17 kg. A Tabela (6) apresenta uma comparação das áreas de cada um dos casos, a presença das restrições normativas provocou um aumento 36,63 kg no peso da estrutura, representando um aumento de 13,60 % . A Figura (5) apresenta a evolução da pior e melhor run. Evolução da Solução Peso (kg) 500 400 300 Normativa Clássico 200 100 0 0 10 20 30 40 50 Iteração Figura 4 – Comparação da evolução da solução treliça 25 barras, de acordo com as restrições normativas. Evolução da Solução Peso (kg) (Clássica) 700 600 500 400 300 200 100 0 Melhor Run Pior Run 0 10 20 30 40 50 Iteração Figura 5 – Comparação da solução treliça 25 barras, melhor e pior run. Tabela 6 – Resultados treliça de 25 barras Restrição Clássico Prático A1 5,4 5,2 A2 5,4 4,32 Grupo de Áreas (x 10-4 m2) A3 A4 A5 A6 3.19 3,19 3,19 2,15 3,19 4,32 10,20 3,19 A7 3,19 3,31 A8 7,68 8,34 4.2 Torre de 47 barras Figura 6 – Torre de 47 barras (cotas em metros) Peso (kg) 269,54 306.17 Neste exemplo, pretende-se minimizar o peso da torre de transmissão apresentada na Fig. (6), submetidas ao carregamento estático (vento + peso dos cabos) descrito na Tab. (7), e sujeita às seguintes restrições normativas propostas por Gabrielli (2004): Deslocamento admissível L/400 (L= altura); Índice de esbeltez máximo: elementos comprimidos - λe = 150, elementos tracionados - λe = 300; Esforços solicitantes: os esforços solicitantes não devem ultrapassar os esforços resistentes calculados de acordo com as Eqs. (13) (elementos comprimidos) e (15) ou (17) (elementos tracionados). O espaço de busca utilizado é apresentado na Tab. (9), e composto por perfis tubulares fabricados pela Vallourec & Mannesmann Tubes (V & M do Brasil), com as seguintes propriedades Fy = 250 MPa (limite de escoamento), Fu = 400 MPa (limite da resistência à tração), E = 205000 MPa (módulo de elasticidade) e ρ = 7850 kg/m3 (densidade do aço). A conectividade dos elementos é apresentada na Tab. (10). Tabela 7 – Carregamento torre de 47 barras Nó 17 22 15 6 13 Fx (N) 14820,00 11850,00 3040,00 2672,24 3090,00 Fy (N) -11800,00 -11800,00 0,00 0,00 0,00 Fz(N) 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 Nó 11 9 7 5 3 Fx (N) 3040,00 2890,00 2600,00 2600,00 1876,00 Fy (N) 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 Fz(N) 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 Utilizou-se aqui também redução do espaço de busca a partir de resultados previamente conhecidos e a formação de grupos de elementos de acordo com suas características estruturais (esforços e deslocamentos). Os grupos de elementos estão apresentados na Tab. (8). Os parâmetros utilizados nos Algoritmos Genéticos para solução desse problema foram os seguintes: tamanho da população = 40 indivíduos; fator penalidade (alfa) = 2000; probabilidade de crossover (Pc) = 0,80; probabilidade de mutação (Pm) = 0,01. Foi utilizado também o Algoritmo Genético geracional do tipo elitista, com operador de crossover de 2 pontos. Tabela 8 – Grupo de elementos torre 47 barras Grupos 1 2 3 4 5 6 Elementos 23; 24; 25; 26; 27 11; 12; 17; 18 19; 20; 21; 22 5; 6; 8; 9; 15; 16 1; 2; 3; 4; 13; 14 7; 10; 28 Grupos 7 8 9 10 11 Elementos 29; 30 31; 32 33; 38; 43 36; 37; 41; 42; 46; 47 34; 35; 39; 40; 44; 45 A Tabela (11) apresenta a solução para dois casos distintos: no primeiro caso, o problema clássico é analisado; já no segundo, são consideradas as restrições normativas: índice de esbeltez e esforços solicitante/resistentes. Observando os resultados, nota-se a influência das restrições normativas na resposta do problema. Essa influência provoca um aumento de 35,50 % no peso da estrutura. Uma comparação da evolução da solução para os dois casos é apresentada na Fig. (7), e na Fig. (8) é apresentada uma comparação entre a pior e melhor run. Tabela 9 – Espaço de busca torre de 47 barras D (mm) 26,70 38,10 33,40 42,20 48,30 73,00 73,00 88,90 114,30 114,30 88,90 60,30 88,90 73,00 t (mm) 2,90 3,00 6,40 6,40 7,10 4,80 5,50 4,80 4,00 4,40 6,40 11,10 7,10 9,50 A (cm2) 2,15 3,31 5,40 7,15 9,23 10,20 11,60 12,60 13,70 15,10 16,50 17,10 18,30 19,00 r (cm) 0,849 1,250 0,980 1,290 1,480 2,420 2,390 2,980 3,900 3,890 2,930 1,780 2,900 2,270 D (mm) 88,90 114,30 114,30 101,60 168,30 114,30 88,90 114,30 141,30 168,30 141,30 114,30 168,30 114,30 t (mm) 7,60 6,00 6,40 8,10 4,80 7,90 11,10 8,60 7,10 6,40 7,90 11,10 9,50 17,10 A (cm2) 19,50 20,50 21,50 23,70 24,60 26,50 27,20 28,40 30,10 32,30 33,20 36,10 47,50 52,30 r (cm) 2,890 3,830 3,820 3,320 5,780 3,770 2,780 3,750 4,750 5,730 7,720 3,670 5,620 3,490 D (mm) 141,30 168,30 168,30 273,00 168,30 273,00 323,80 273,00 273,00 219,10 273,00 273,00 323,80 355,60 t (mm) 19,10 18,30 19,10 11,10 22,00 12,70 11,10 15,10 15,90 23,00 18,30 21,40 20,60 20,60 A (cm2) 73,20 86,10 89,30 91,60 101,00 104,00 109,00 122,00 128,00 142,00 146,00 169,00 196,00 217,00 r (cm) 4,370 5,340 5,320 9,270 5,230 9,210 11,100 9,130 9,110 6,980 9,030 8,830 10,700 11,900 Tabela 10 – Incidência torre de 47 barras Elem. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Incidência 9 - 11 10 - 12 11 - 13 12 - 14 9 - 12 10 - 11 11 - 12 11 - 14 12 - 13 13 - 14 Elem. 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 Incidência 13 - 15 14 - 16 13 - 19 14 - 20 13 - 20 14 - 19 15 - 17 16 - 22 15 - 19 16 - 20 Elem. 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 Incidência 15 - 18 16 - 21 17 - 18 21 - 22 18 - 19 20 - 21 19 - 20 9 - 10 7-9 8 - 10 Elem. 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 Incidência 7 - 10 8-9 7-8 5-7 6-8 5-8 6-7 5-6 3-5 4-6 Elem. 41 42 43 44 45 46 47 Incidência 3-6 4-5 3-4 1-3 2-4 1-4 2-3 Peso (kg) Evolução da Solução 7000 6000 5000 4000 3000 2000 1000 0 Normativa Clássica 0 10 20 30 40 50 Iteração Figura 7 – Comparação da evolução da solução torre 47 barras, de acordo com as restrições normativas. Evolução da Solução Peso (kg) (Clássica+Normativa) 7000 6000 5000 4000 3000 2000 1000 0 Melhor Run Pior Run 0 10 20 30 40 50 Iteração Figura 8 – Comparação da solução torre 47 barras, melhor e pior run. Tabela 11 – Resultados torre de 47 barras Restrição Clássico Prática 4. Grupo de Áreas (x 10-4 m2) A1 A2 A3 A4 5,4 17,1 13,7 11,6 17,1 13,7 28,4 12,6 A5 15,1 33,2 A6 15,1 18,3 A7 73,2 16,5 A8 2,15 12,6 A9 23,7 10,2 A10 71,5 20,5 A11 16,5 23,7 Peso (kg) 1214,42 1645,58 CONSIDERAÇÕES FINAIS Mais uma vez os Algoritmos Genéticos se mostram robustos na otimização estrutural. Porém, sua eficiência é dependente da delimitação das regiões factíveis (exploração), sendo deficiente no processo de refinamento da solução (explotação). Essa característica pode ser observada nas Figs. (4) e (7), onde no início do processo a evolução é acelerada, já no final a solução esta praticamente estagnada em um patamar. Os resultados mostram que, na maioria das vezes, as restrições baseadas nas recomendações de normas são quase sempre violadas, quando da otimização da torre só sob as restrições de tensões e deslocamentos. Isto pode ser confirmado quando se analisa o peso da estrutura. Houve um aumento considerável do peso da estrutura quando foram consideradas as restrições normativas. A violação, quase constante, das restrições normativas, considerando o problema de otimização somente sob às restrições de deslocamentos e tensões, justifica a necessidade de considerá-las no processo de otimização, sob pena de se encontrar soluções que não possam ser aplicadas na prática, pois não estarão respeitando as prescrições normativas Outras restrições também devem ser incorporadas ao problema, de forma a tornar a solução obtida mais próxima da realidade. Como por exemplo: freqüências naturais, carga crítica de Euler, custo dos materiais, custos construtivos, etc. 5. AGRADECIMENTO Agradecemos à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais - Fapemig pela bolsa de mestrado. 6. REFERÊNCIAS Ávila, S. L., 2002. Algoritmos Genéticos Aplicados na Otimização de Antenas Refletoras. Dissertação de Mestrado Programa de Pós-graduação em Engenharia Elétrica – UFSC. AISC, 2000. Load and Resistance Factor Design Specification for Steel Hollow Structural Sections. ASCE, 1991. Design of Latticed Steel Transmission structures, New York. Castilho, V. C., 2003. Otimização de Componentes de Concreto Pré-Moldado Protendidos Mediantes Algoritmos Genéticos. São Carlos, 283p. Tese de doutorado Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo. Castro, R. E., 2001. Otimização de Estruturas com Multi-Objetivos via Algoritmos Genéticos. Tese de doutorado Programa de Pós-graduação em Engenharia Civil – COPPE/UFRJ. Coley, D. A., 1999. An Introduction to Genetic Algorithms for Scientists and Engineers. Singapore, Word Scientific. Darwin, C. R., 1859. 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