I I Belém, PA Florianópolis/SC 2013 Antropologia da Dança I Giselle Guilhon Antunes Camargo (org.) Conselho Editorial Dilvo Ristoff, Eduardo Meditsch, Fernando Serra, Jali Meirinho, Natalina Aparecida Laguna Sicca, Salvador Cabral Arrechea (Argentina) Antropologia da Dança I / Giselle Guilhon Antunes Camargo (org.) Florianópolis : Insular, 2013. 192 p.: Il. ISBN 978-85-7474-698-2 1. Antropologia da Dança 2. Etnomusicologia 3. Artes Cênicas 4. Dança I. Título CDD 306 “As pessoas costumam citar coisas fora de seu ambiente ou contexto original. Muitas lãs são tecidas com algodão. Mas a coexistência da lã e do algodão não esclarece, fora do seu ambiente ou contexto de origem. comum, estudar as coisas em um contexto ambos.” (Idries Shah) “Era dança e dança ou não ou não ou não ou não ou não [...]” (Caetano Veloso) F Antropologia da Dança I. Consideramos, mente. - - ciação Brasileira de Etnomusicologia – ENABET, foi proposto por Giselle Guilhon uma maior aproximação desta associação com a Antropologia da - 11 selle Guilhon Antunes Camargo apresenta as bases históricas do surgimento O artigo de Hugo Zemp, intitulado “Para entrar na dança”, apresenta - John Blacking, etnomusicólogo de grande expressão, em seu artigo in- - - A construção e a desconstrução dos conceitos de dança e de estilo sob - permearam os estudos em Dança desde seus primórdios até as tendências contemporâneas. A antropóloga Joann Kealiinohomoku discute o lugar do estudo da dança olha o Ballet 12 A historiadora e etnógrafa da dança, Theresa Jill Buckland, em seu en- publicadas em Inglês. O etnomusicólogo Jean Michel Boudet oferece um estudo sobre a imtimento, espacialidade e sonoridade. O artigo, denominado “O laço: sobre grande contribuição, não somente para a Antropologia da Dança como para a Etnomusicologia em geral, particularmente para o estudo das músicas in- - Líliam Cristina da Silva Barros Paulo Murilo Guerreiro do Amaral 13 Giselle Guilhon Antunes Camargo E estudantes pelas suas abordagens. Começo, não fortuitamente, ci- lado de Gertrude Kurath (fundadora da Etnologia da Dança) (1956, 1960), no mundo acadêmico ocidental: É comum as pessoas separarem dança, com música, de outras PLER, 1978, p. 46 apud , 1986, p. 158) Nota da Autora: Publicado originalmente com o mesmo título em 2008. In: XAColeção Dança Cênica. 1 A “Antropologia”, como disciplina acadêmica formal, apareceu em 1899, na – considerado, em ambos os lados do Atlântico, o pai da moderna Antropologia Social e Cultural. 15 - - priadas foram feitas. Eles estão não apenas conscientes de todas essas coisas, como têm igualmente uma maneira bastante KEALIINOHOMOKU, 1997, p. 53) cênica ocidental: o ballet Giselle – ballet em dois atos, concebido, em 1841, pelo poeta e romancista Théophile Gautier e pelo dramaturgo Jules-Henri diferentes – por exemplo, Marius Petipa (1884), Michel Fokine (1910), performances” 16 ballet”, “performance”, - cênica ocidental. ballet algum bailarino ou bailarina, alguém arremesse um bouquet de rosas ao pal- Ballet - da dança. confunda Ballet Graham, Capoeira com Break, Pina Bausch com Eugênio Barba, Sapateado Americano com Sapateado Irlandês, Flamenco com Dança Cigana e assim “dança cênica”, “dança folclórica”, “dança de salão”, “dança-educação”, 17 2 , mas estas são em grupos de pessoas ou em suas danças como se fossem entidades monolíKEALIINOHOMOKU, 1997, p. 49) (da Nigéria), danças Dogon, Bambara (do Mali), danças Samo, Kurumba, Guarani (Brasil), e tantas outras danças de tantas outras etnias. Entretanto, dos especialistas ocidentais de dança ainda pensa ter certa autoridade no absurdos postulados por alguns deles (as referências podem até ser antigas, mas permeiam, ainda, certos discursos atuais): - em orgia”. ladas ou mais ou menos em contato com outros sistemas. 18 - - concentra na região da bacia. - - as dos indígenas. ladas de “dança étnica”. O problema, entretanto, não acaba aí. A maioria dos da própria cultura praticante. Quando muito, na melhor das hipóteses, trata kachinas para o palco [com proscênio] e a “dança” Hopi pode tornar-se arte. Se isso acontecer, o KEALIINOHOMOKU, 1980, p. 42 apud , 1986, p. 158) - 19 - a ninguém: mikagura, performada nos templos Xintoístas, a forma cultural chamada buyo, performada em (ou separada de) uma peça de Kabuki e a forma cultural comumente conhecida como bon, performada para consideradas “dança”. (KAEPPLER, 1978, p. 46) - - 20