Resenha do livro: Volta ao mundo em 13 escolas Eduardo

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Resenha do livro: Volta ao mundo em 13 escolas
Eduardo Shimahara, com um instigante desejo de uma educação
inovadora, convidou alguns amigos para partilhar seus interesses e suas
inquietações referentes à educação. Com um dos objetivos ser pesquisar
diferentes diversidades presentes na educação, o grupo formado por André
Gravatá, Camila Piza, Carla Mayumi e Eduardo Shimahara reuniram seus
sonhos e fundaram o Coletivo Educ-ação. Volta ao mundo em 13 escolas, foi
fruto da pesquisa realizada por eles, desenvolvido a partir de vivências e histórias
em treze espaços, percorrendo nove países em cinco continentes.
A nossa pesquisa é um manifesto positivo, que
observa o lado cheio do copo em busca dos sinais do futuro no
presente – como o amanhã é feito de um material chamado hoje,
legitimar o futuro que está no presente é cultivar o que já existe
de promissor. (pág 10)
Com o intuito de buscar novos olhares sobre a educação, e para tal,
contribuir para o futuro da educação, através do que se tem no presente. O
objetivo do Coletivo Educ-ação, não está a procura de uma solução para a
educação em que vive o Brasil no momento. Não pensamos que seja por uma
busca de reforma educacional, através do governo, não se trata disso agora. O
Coletivo procura por pessoas, histórias e experiências.
O Coletivo Educ-ação traça sua trajetória de viagem como lema e
como o principal critério: a diversidade. Visando uma pesquisa respeitosa, com
cooperação e sustentabilidade.
Nosso objetivo não é desfiar teorias sobre educação,
menos ainda apontar fórmulas mágicas para mudar as escolas
brasileiras. Nosso foco está nas pessoas que tecem as redes de
convivência e espaços que visitamos, no aspecto social que se
movimenta. Em vez de abordar crise na educação com os
preconceitos que inevitavelmente carregamos, nosso coletivo se
despiu das certezas para ser preenchido por histórias que
ampliassem nossos horizontes. (pág. 10)
O livro é dividido desde as partes da reunião, feita para desenvolver
o projeto, dos objetivos do projeto e do embarque ao desembarque, passando
ainda, por todos os países. Sendo assim, a leitura se torna clara e objetiva,
fazendo com que o leitor se instigue a ler cada vez mais sobre o decorrer da
pesquisa.
O capítulo do livro chamado “a derrubada de paredes invisíveis”, tratase da visita em quatro escolas de São Paulo. As escolas chamam atenção, por
cada uma delas ser de do modo da educação contemporânea. Uma escola
pública, que com autonomia derrubou “paredes”, possivelmente, regras de
superiores, de uma hierarquia existente. Uma escola particular que valoriza o
que o aluno se interessa por estudar. Uma escola pública criada para jovem e
adultos, e, uma escola onde crianças são alfabetizadas enquanto fazem
biscoitos. Quatro escolas em que digo que educação contemporânea no Brasil,
existe sim. O que relevo como um avanço no ensino escolar no Brasil, não que
os outros não sejam, mas, seja o fato de incentivarem e valorizarem o que os
alunos se interessam em estudar. Isso, me remete a educação aplicada na
Finlândia, onde a educação é igualitária e prezam apenas o aprender, aprender
por prazer, nada de testes, cada professor avalia seu aluno como bem entender.
Sem falar, que valorizam muito as artes e já têm no currículo artes e música,
refletimos sobre o avanço que o Brasil acaba nutrir. E como vistas essas quatro
escolas, começa a aparecer as diferentes diversidades existidas em um universo
escolar.
A
Escola
Municipal
Ensino
Fundamental
Desembargador Amorim Lima chamou a atenção por dar como eixo central, a
valorização de autonomia dos alunos. É uma escola pública, e enfrenta muitas
dificuldades e desafios, por isso, criam soluções e propostas para melhorar a
escola juntamente com os alunos. A escola também valoriza a capacidade das
escolhas dos alunos, tanto para construir o caminho curricular das aulas, e que
ajudem para pensarem sobre a elaboração das diretrizes da escola. Assim,
acaba que o aluno escolhe o modo de como será sua aprendizagem, e se torna
interessante pelo fato de o aluno não ser “obrigado” a fazer tal coisa, por ordem
apenas do diretor ou do professor. “Tomar as rédeas das próprias escolhas é
uma habilidade que nem os adultos aprenderam ainda, então por que seria fácil
para uma criança” Gabriela Yanez, educadora.
Observando esses diferentes modos de aprendizagem, volto na
minha infância e vejo como era a maneira dos meus professores ao dar a sua
aula. Me recordo quando na 4º série comecei a ter dificuldades com a
matemática, por mais que tentasse, que tivesse aula particular, eu não conseguia
compreender. Até que na 6º série, eu quase reprovei de ano, pois eu não
consegui atingir a “média” necessária para passar para o próximo ano. Meus
professores por mais que tivessem paciência para me explicar duas, três ou mais
vezes, eu deveria ter aquela nota para passar.
Me recordo da época que frequentei por três anos o Curso Normal
Magistério, onde precisava cumprir horas de estágio, e fiz com um turma de 3º
série. Fiquei duas semanas com a turma e notei que uma menina não escrevia
no caderno, e em atividades escritas ela não conseguia escrever. Até que
perguntei para a professora e ela me disse que a menina era disléxica. Era final
do ano, e ela estava atrasada em relação a turma. A professora me disse que
ela iria repetir de ano, pois, não tinha laudo para comprovar que a menina era
disléxica. Como me doeu aquilo, saber que um papel definiria a vida escolar de
uma menina. Nas semanas que fiquei na escola, tentei conversar e ver se não
tinha outro jeito sem ser reprovar uma menina que é igual as outras, mas não é
considerada. Não teve jeito.
A partir da leitura do capítulo das “Escuelas Experimentales” da
Argentina, desenvolvida no final dos anos 60, por uma professora aposentada,
uma bailarina e uma musicista, que também era poeta e pintora. Elas fundaram
uma escola baseada na arte, onde a pedagogia da escola é a exploração da arte
como forma de ensino. E, através disso, o aluno é livre para desenvolver suas
habilidades, há também tarefas recebidas, como o compartilhamento da limpeza
e as preparações das refeições. Nas Excuelas Experimentales, é valorizado
muito o contato entre pais e professores, havendo muitas reuniões informais para
conversar sobre todos os interesses. Não há avaliações, nem provas, havendo
apenas essas reuniões com os pais.
Na escola pública de Nova York, chamada Quest To Leard,
desenvolve um trabalho onde a escola possui o objetivo de ensinar os
estudantes com jogos na sala de aula, tanto computacionais ou em papel. Eles
atendem alunos do 6º ao 10º ano, e instigam que os alunos trabalhem em grupo
e descobrindo o funcionamento do jogo, pretendem desenvolver o senso crítico
e desvendando missões. Isso tudo é para que a partir disso, os alunos consigam
entender o que lhes é passado em aula pelo professor. Mas já preparando para
que os alunos sejam solucionadores de problemas, pensando com criatividade
e ludicidade. “O cotidiano dos estudantes é repleto de missões e investigações,
em aulas que interligam assuntos diferentes por meio de desafios.”
Um menino de uns 14 anos anda caminhando pela escola, quando
viram e notaram sua camiseta com os dizeres: “Aprendizagem é natural. Escola
é opcional”. Um menino de 18 anos, ex-aluno e atual participante de um conselho
escolar diz: “Espero que a educação cada vez mais tenha menos a ver com os
educadores e mais a ver com viver a vida.” Dentre todas as visitas realizadas
essa foi a que mais me chamou a atenção e me deixou pensativa. Primeiro: Não
é escola, é centro de aprendizagem autodirecionada. Segundo: formação com
autonomia, pautada nos próprios interesses. Eu me pergunto diversas vezes
como seria se não existisse essa palavra “escola” que nos remete a tantas
coisas.
“O objetivo principal do centro é estimular os adolescentes
a viverem uma vida com mais sentido. Convidamos as pessoas a
repensarem seus preconceitos sobre aprender, e queremos auxiliar os
pais a lidarem com seus filhos nesta maneira de aprendizagem” (pág
117)
Ken Danford e Josh Hornick eram professores em uma escola pública
de nos Estados Unidos. Um professor de matemática e outro de ciências, os dois
sentiam as mesmas inquietações e desconforto em suas aulas. “Parece até que
estou ensinando os alunos a odiarem ciências” comenta Josh ao se referir do
padrão de suas aulas. Enquanto Ken dizia sobre o desisteresse dos alunos em
suas aulas de matem ética, “Não me sentia no direito de dizer a meus alunos
que suas vidas estariam arruinadas caso não fossem à escola, especialmente
porque eu mesmo questionava se isso era uma verdade absoluta”. Ken, sabia
que não conseguiria alterar na estrutura escolar enquanto professor, e não sabia
o que fazer, mas acreditava que tinha outras possibilidades para ensinar os
jovens descontentes e desmotivados.
Juntos, os dois deram inicio ao sonho da criação de um suporte aos
estudantes que desejam o ensino tradicional. Ao ler sobre o centro de
aprendizagem, me causa um certo estranhamento, e uma vontade de saber mais
sobre, e se isso realmente existe no século XXI. Acredito que isso seja um
método, se é que chamam de método, que quebra todos os paradigmas
existentes na educação. Os alunos, são chamados de membros e participantes,
onde podem escolher livremente as atividades de seus interesses.
Educação. Analisando a palavra educação conforme o dicionário:
Aperfeiçoamento das faculdades físicas intelectuais e morais do ser humano;
disciplinamento, instrução, ensino. A palavra educação, não sugere formas de
como algo deve ser ensinado, qual o melhor método, qual a melhor maneira, etc.
Essas escolas visitadas quebraram os padrões implantados por alguém que
disse que deveria ser daquela forma. Por que não aprender brincando? Por que
não aprender o que eu me interesso mais em saber? Estas escolas e essas
pessoas demonstraram um grande ato de sensibilidade com a educação.
A desmotivação que os alunos encontram nas escolas hoje, é a
motivação que esses professores encontraram em descobrir novas
possibilidades para ensinar com sabedoria e com o pensamento acima do
sistema quebrado. Escolas onde alunos opinam, tem liberdade de expressão,
tem autonomia para poder aprender o que desejar, onde tenham a capacidade
de se encontrar consigo mesmo. Onde o aluno é capaz de crer que “sim, eu
posso”, e que isso seja inspirações para que o sonho, não seja apenas um sonho
e sim, a realidade. Tião Rocha, educador disse “A educação só acontece no
plural”, porque precisa-se de no mínimo duas pessoas.
Concluindo, percebo e sinto que as crianças devem ser ouvidas, devem
expressar suas opiniões, e que a escola seja o lugar onde isso deva ser
permitido. Onde os alunos se sintam valorizados e com vontade de percorrer
uma estrada com autonomia, baseado naquilo que foi aprendido. Acredito que
com o empenho de pessoas como essas, outras pessoas possam acreditar no
seu sonho de uma educação melhor para o futuro, e que mudanças virão.
“A mudança não é indolor, simples e rápida. Mudanças
genuínas exigem maturação, demandam que as pessoas sustentem
a vontade de mudar por bastante tempo. Uma escola tradicional,
baseada em avaliações, punições, fragmentação de matérias etc.só
vai mudar à medida que certas pessoas dentro dela aceitarem
correros riscos de recriar o presente.” (pág. 276)
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