CAPÍTULO XIII: O Brasil-Potência dos militares

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Realidade Brasileira___________________________________________________________Capítulo 13
CAPÍTULO 13
O Brasil-potência dos militares
Eu te amo, meu Brasil, eu te amo. Meu coração é verde,
amarelo, branco,azul de anil. Eu te amo, meu Brasil, eu te
amo. Ninguém segura a juventude do Brasil (...) em terras
brasileiras vou plantar o amor (...) O Brasil merece o nosso
amor, ame-o ou deixe-o! Quem viveu a época, há de se
lembrar dos sucessos musicais Dom e Ravel. Onde estarão
Dom e Ravel?
Fonte : EU TE AMO MEU BRASIL. Composição: Dom (Eustáquio Gomes de Farias)
Ravel (Eduardo Gomes de Farias)
Você ainda se recorda de como Getúlio Vargas, na década de 1930, reprimiu à
esquerda (comunistas, 1935) e à direita (integralistas, 1938). Governou com mãos de
ferro até 1945. Alguns diziam que ele havia sido o pai dos pobres; outros, de maneira
crítica, que ele havia sido a mãe dos ricos. Esse comentário malicioso apoiava-se no
fato de que, mesmo já fora do poder, influenciou o desenvolvimento de dois partidos,
aparentemente, contraditórios entre si. O PTB apresentava-se como seu herdeiro mais
urbano e progressista, onde se abrigavam muitos setores populares e mesmo
socialistas. O PSD parecia ser a vertente oligárquica e conservadora do getulismo.
Juscelino Kubitschek vence as eleições de 1955 pelo PSD, mas tinha como vicepresidente João Goulart, do PTB. Carlos Lacerda, político da UDN do Rio de Janeiro –
depois, Estado da Guanabara – foi o autor de famosa declaração: _ Juscelino não deve
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ganhar; se ganhar, não deve tomar posse; se tomar posse, não deve governar. De fato,
houve uma tentativa de ação militar contra sua posse, mas Juscelino governou, todo o
tempo, sendo acusado por Lacerda e pelos udenistas de “abrigar comunistas”. Na
sucessão de Juscelino algo curioso acontece: a constituição permitia que o eleitor
votasse no candidato a presidente de uma chapa e no candidato a vice-presidente de
outra chapa. Jânio Quadros, político conservador de São Paulo, vence as eleições
presidenciais, mas seu candidato a vice é derrotado por João Goulart – o Jango – que
pertencia à chapa do Marechal Teixeira Lott.
A renúncia surpreendente de Jânio Quadros em 1961 torna possível chegar à
presidência do país um político gaúcho de esquerda, identificado com a radicalização
do ideário nacional-desenvolvimentista. Jango, apesar de grande proprietário de terras
na campanha gaúcha, acreditava que o desenvolvimento e entrada do Brasil no clube
dos países de primeiro mundo dependia do fim do latifúndio (reforma agrária) e de
outras Reformas de base como, por exemplo, leis que limitassem a remessa de lucros
das multinacionais sediadas no Brasil, para suas matrizes. O que se vê no país nos
anos de 1962 e 1963 é um forte ascenso do movimento operário e popular. Quando
essa efervescência política chega até as forças armadas e as baixas patentes
começam a organizar-se de maneira independente do alto oficialato, estão criadas as
condições para o movimento militar de 31 de março de 1964 e a deposição de Jango,
que ao negar-se a organizar uma resistência pela defesa de seu mandato, evita um
início de guerra civil.
Golpes e quarteladas são palavras indesejáveis, porque passam a idéia de
usurpação pela força do poder, portanto um poder ilegítimo. Já a palavra Revolução, na
ciência histórica, é associada à rebeldia com apoio e participação popular. Assim, o
movimento militar apresenta-se como movimento revolucionário: a Revolução
Redentora, porque se propõe a salvar o país do comunismo e da corrupção. Tendo
como primeiro presidente o Marechal Castelo Branco, o golpe militar, ou regime militar,
tem desde o princípio a simpatia dos Estados Unidos, em um quadro internacional de
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guerra fria e de disputa com a União Soviética. Não se esqueça de que a Revolução
Cubana já acontecera em 1959, e Fidel Castro, em 1961 na cidade de havana, já
anunciara o caráter socialista daquela revolução.
O regime militar endurece suas posições a partir de 1969 e muitos opositores
são expulsos ou perseguidos. A lista de exilados envolve desde intelectuais como
Darcy Ribeiro, Celso Furtado e Fernando Henrique Cardoso, até artistas como Chico
Buarque de Holanda, Caetano Veloso e Gilberto Gil, passando por políticos maduros e
jovens como José Serra, Leonel Brizola e o irmão do Henfil, o Betinho. Até mesmo
Carlos Lacerda e Juscelino são convidados a sair do país.
O mais significativo do período envolve a política e a economia. Na política, é
justo dizer que o regime militar interrompeu, com o uso da força, um longo período de
fortalecimento das esquerdas brasileiras: nos sindicatos, entre os intelectuais e no
mundo artístico. Oscar Niemeyer, Graciliano Ramos, Dias Gomes, Florestan
Fernandes, João Saldanha, Vinícius de Moraes, Caio Prado Junior... seria muito
extenso o setor da inteligência brasileira que era adepto das reformas de base e
nutriam identificação ou simpatia ou com a URSS ou, pelo menos, com o movimento
liderado por Castro, Guevara e Camilo Cienfuegos. Na economia o impacto não foi
menor e, num primeiro momento, claramente favorável a que o novo regime angariasse
apoio popular. Aproveitando-se de grande liquidez no mercado internacional de
capitais, os governos militares investem pesado em mais um salto de industrialização e
grandes obras: a ponte Rio-Niterói é desse período, assim como a construção da
Rodovia Transamazônica e o início da construção da Usina de Itaipu binacional. É o
milagre econômico brasileiro em marcha, com taxas de crescimento do PIB que
atingem e ultrapassam os 10% nos primeiros anos da década de 1970.
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ATÉ O TRI NO MÉXICO AJUDA
Garrastazu Médici foi o presidente general mais popular, embalado por taxas de
crescimento da economia que, hoje, chamaríamos de chinesas. Colou sua
imagem no escrete que trouxe a taça e o tri, mas quem não colaria? Foi dos
poucos que ousou frequentar o Maracanã com casa cheia. Anunciado pela velha
SUDEG, era sempre aplaudido respeitosamente. Torcia pelo Grêmio e pelo
Flamengo.
Você Sabia...
...que os atos Institucionais são mecanismos adotados pelos militares para
legalizar ações políticas não previstas e mesmo contrárias à Constituição.
De 1964 à 1978 serão decretados 16 Atos Institucionais e complementares
que transformam a Constituição de 46 em uma colcha de retalhos. O Al-1
de 9 de abril de 64, transfere poder aos militares, suspende por 10 anos os
direitos políticos de centenas de pessoas. As cassações de mandatos alteram
a composição do Congresso e intimidam os parlamentares.
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