Westinghouse WR 116 - 1936 Restauração No ano de 2011, os irmãos Perini doaram ao Museu do Rádio, um rádio Westinghouse modelo WR 116, fabricado nos Estados Unidos em 1936. Trata-se de um superheteródino com 3 faixas de onda e FI de 465 kHz. As válvulas 25Z6 K42C(Ballast) 25A6 6F5 6H6 6K7 e 6A8 tem filamentos ligados em série. O alto-falante é eletrodinâmico. Inobstante a minha alegria e agradecimento pela valiosa colaboração para o Museu, o estado do gabinete de madeira e do chassi estavam a assustar um restaurador experiente... 1. Exame visual e limpeza. Os cupins tinham devorado a parte inferior da caixa, deixando furos que transpassavam a madeira e o circuito estava bastante “detonado”. As fotos do gabinete ilustram a tarefa que havia à frente: Um simples exame visual da parte eletrônica, a saber, chassi, componentes e fiação se demonstravam condições precárias. Pó, fios desconectados e oxidação eram generalizados. Após uma severa limpeza com pincel, aspirador e solvente foi possível iniciar uma avaliação mais acurada. 2. Primeiros testes Foi observado que o transformador de saída e a bobina de campo do alto-falante estavam interrompidos. Da mesma forma, o circuito em série dos filamentos possuía resistências inadequadas em razão de provável defeito na Ballast. O chassi recebido não veio com uma ballast K42C (original de esquema), mas com uma K83747, que também pode ser usada. Porém, numa “restauração” anterior foram colocadas resistências (uma delas de fio e mica) e que aqueciam demais ponto de carbonizar e deixar desgaste na parte inferior do gabinete, o que pode ser visto nas fotos abaixo. 3. O Alto-Falante. A bobina de campo só possuía uma ponta! A outra extremidade havia quebrado e sumira. Para retirar a bobina do AF foi necessário rasgar o que restava do cone, pois os parafusos eram montados antes da colocação do papel e abaixo deste! O que já estava rasgado foi destruído. Foi um enorme trabalho a detecção de uma espira externa da bobina, onde a medida de resistência fosse semelhante a de projeto (1800 ohms). Após várias horas, encontrei uma espira sinalizando 1690 ohms onde foi realizada uma solda milimétrica. Enfim, a bobina foi restaurada (no detalhe com fita verde). Abaixo o AF com novo transformador de saída, cone, conexões e pintura. 4. O circuito em série dos filamentos e lâmpadas Como a válvula redutora de tensão K83747 apresentava interrupção em sua resistência maior (aqui chamada de resistor A), tive que recalcular todo o circuito de filamentos e lâmpadas (resistências “A” e “B”). Ao lado, o circuito filamentos em série, lâmpadas e resistências. http://www.nostalgiaair.org Isto também foi feito em razão que a voltagem de funcionamento original do rádio WR116 é para redes de 110/117 VCA e a média atual na minha casa é 125 VCA. Uma explanação completa me foi muito útil, graças ao auxílio do bom amigo Jean-Yves Bourget, (Quebec, Canadá), que abaixo vai transcrita. 125 VCA = Heathers 25Z6 25A6 6K7 6A8 6H6 6F5 + Resistor “A” + paralelo (Resistor “B” e 2 lâmpadas 150mA 6.3V). RB = (2 x 6.3 V) / 0.150 mA = 84 ohms Vt = (50V x 2) + (6.3 x 4) + (6.3 x 2) = 87.8 V VA = 125 V – 87.8 V = 37.2 V RA = 37.2 / (0.150 mA x 2) = 124 ohms (valor limite). Como uma resistência íntegra da ballast existente apresentava o valor de 82 ohms, ela foi aproveitada como resistência “B”. Uma nova resistência “A” foi colocada no chassi, com 50 watts de potência e 160 ohms, valor aumentado para proteger os filamentos das válvulas. Detalhe ao lado. 5. Montagem final do circuito e testes Depois do restauro do AF e do circuito de filamentos e lâmpadas, foram substituídos os 2 capacitores eletrolíticos, bem como a maioria dos demais capacitores comuns. Algumas resistências antigas, fiação e pronto ; vamos ao teste dinâmico! O rádio funcionou, necessitando apenas a calibragem de Fis e o ajuste dos trimmers e do padder. Foram conferidas as tensões de cada filamentos e estavam dentro de uma faixa de prevenção (21 a 22 VCA nas válvulas 25A6 e 25Z6 e de 5 a 6 VCA nas demais). A tensão de funcionamento “+B” cerca de 101 VCC. A útima foto da página mostra o chassi pronto, funcionando e pintado com tinta automotiva. 6. O gabinete e os cupins. A “caixa” do WR 116 estava quase acabada! Os cupins tinham furado a base e feito estragos nos dois lados internos, a ponto de furarem a madeira. As fotos dizem mais: Passei uma lixa por todo o gabinete e deixei à mostra todos os buracos e valetas feitos pelos térmites. A p a r t i r d a í Como determinadas partes da madeira estavam muito danificadas e havia lugares com furos de lado a lado, realizei uma fase de enrijecimento da madeira, com massa plástica e catalisador. Numa segunda etapa e para encher os buracos, coloquei sucessivas camadas de palitos de churrasco, de fósforo gigante ou de picolés mais cola para madeira. As primeiras fotos abaixo mostram estas duas fases. Em seguimento, foram postas várias camadas de massa para madeira, intercaladas com lixa fina, até um, nível de alisamento que não comprometesse a idade e a finalidade maior. Após a última camada de massa e lixamento, o aspecto ficou razoável. Por fim, usei uma tinta á base d’água e com secagem rápida, como nas fotos que seguem. Uma última passagem de lixa nº 400 na caixa e duas demãos de verniz incolor submarino. Estava pronto o receptor superheteródino modelo WR116, fabricado em 1936 pela Westinghouse Electric Corporation, Home Radio Division, Sunbury, Pennsylvania, USA. Foi a história de mais uma restauração que durou duas semanas bem trabalhadas. E valeu a pena. Daltro D’Arisbo abril/2013