A CASA DA MÚSICA É MEMBRO DE Sexta · 11 de OuT 21:00 Sala Suggia Sábado · 12 de Out 22:15 Sala 2 GREGORY PORTER Sexta · 11 de Out 22:45 Sala 2 JEFF PARKER & ROB MAZUREK RODRIGO AMADO HURRICANE ELEPHANT9 + REINE FISKE SAMUEL JAMES SOWETO KINCH Domingo · 13 de Out 18:00 Sala 2 Sábado · 12 de Out 21:00 Sala Suggia MECENAS PROGRAMAS DE SALA EUROPEAN JAZZ ORCHESTRA HOUBEN’S FACTORY QUARTET NELSON CASCAIS DECATETO DJANGO BATES BELOVÈD TRIO O Outono em Jazz é um festival sem dogmas, onde não se procura responder a questões exis­ tenciais – o que é ou não é jazz, ou se há corren­ tes mais ou menos dignas de ostentar o rótulo. Nenhum livro, nenhum teórico e nenhum mú­ sico pode com sucesso cristalizar uma defini­ ção para “jazz”, e na verdade poucos parecem interessados nisso. Ainda bem. Mas isso não invalida que muitos músicos se sintam sau­ davelmente confortáveis ao verem a sua músi­ ca nas prateleiras do jazz, mais do que noutra qualquer, porque este é na verdade o rótulo me­ nos redutor e mais abrangente que se pode de­ sejar. Não será tanto um género com caracterís­ ticas solidamente identificáveis, mas antes um modo de pensar e fazer música que resulta em cada caso numa diferente linha tortuosa com múltiplos afluentes e ramificações. O jazz faz­ ‑se então com esta visão aglutinadora de expe­ riências, de influências, do passado e do pre­ sente, do passado deformado com o presente, de música escrita desmontada pela individua­ lidade do improvisador ou reformulada pela comunicação entre os músicos, com o com­ positor mais presente como disciplinador ou na sombra como moderador. O jazz faz­‑se, no mínimo, de uma dezena de formas diferentes, tantas quantos os projectos que apresentamos nesta primeira edição de Outono em Jazz. A abertura do festival é feita por uma nova voz da canção norte­‑americana, remetendo para a sonoridade dos standards com um toque de soul. Algo que só pode ser feito por uma grande voz que se revele intemporal, como é o caso. De­ pois, atravessa­‑se as fusões com o rock ou com o hip­‑hop, em espírito de renovação, visita­‑se o blues rural reminiscente do Delta do Mississi­ ppi, abre­‑se espaço às grandes formações, do de­ cateto à big band, percorre­‑se as vias mais expe­ rimentais e as formas livres com o condimento da electrónica. O Outono em Jazz passa pela mú­ sica que se faz na América, na Europa e natural­ mente em Portugal, e encerra em grande, com o prestigiado pianista inglês Django Bates e uma homenagem ao ícone do bebop Charlie Parker. 4 5 fernando pires de lima GREGORY PORTER Gregory Porter voz Chip Crawford piano Emanuel Harrold bateria Aaron James contrabaixo Yosuke Sato saxofone alto Tivon Pennicott saxofone tenor © jon reece Gregory Porter é um tipo de cantor que aparece com pouca frequência. Tomou de assalto o panorama musical nos úl­ timos anos, com os seus dois primei­ ros álbuns nomeados para os Grammy. Mas não é uma jovem revelação, trata­‑se de um músico que procurou conscien­ temente amadurecer antes de, já perto dos 40 anos, surgir como uma pedra no charco do jazz vocal norte­‑americano. Jazz e soul, melhor dizendo, géneros que se fundem com rara naturalidade na sua música. O seu segundo disco, Be Good, editado em 2012, foi incluído em inúmeras listas de melhores do ano e deu­‑lhe uma dimensão internacio­ nal. Porter canta as suas próprias com­ posições, consideradas pela Downbeat como os prováveis standards de jazz deste século. A par dos textos brilhan­ tes e composições marcadas pela emo­ ção, é um intérprete de uma sincerida­ de desarmante, groove irresistível e voz virtuosa. Pela primeira vez em Portugal, apresenta o novo álbum Liquid Spirit, lançado em Setembro. Aqui, as canções são o verdadeiro fio condutor e as sono­ ridades de um jazz acústico tradicional ouvem­‑se nos arranjos e solos dos mú­ sicos que o acompanham. SAMUEL JAMES Samuel James voz, guitarra and Joy (2008), For Rosa, Maeve and Noreen (2009) e And for the Dark Road Ahead (2012) para a editora Northern Blues. Notável recuperador das tradições ne­ gras dos Estados Unidos, a sua voz crua mistura Charlie Patton, Preston Reed, Bill Withers e Townes Van Zandt, partin­ do da herança do Delta e do blues rural dos anos 20 e 30, renovando a tradição e trazendo­‑a para o século XXI. Samuel James é um contador de histó­ rias, servindo­‑se apenas da voz e guitar­ ra – mas por vezes também banjo e har­ mónica –, à boa maneira do blues do Mississippi. Nascido de uma longa li­ nhagem de performers incluindo bailari­ nos, cantores, guitarristas e um pianis­ ta de jazz que remonta à década de 1890, tem sido aplaudido pela crítica pelos seus três álbuns: Songs Famed for Sorrow 6 7 SOWETO KINCH EUROPEAN JAZZ ORCHESTRA Soweto Kinch saxofone alto Nicholas Jurd contrabaixo Moses Boyd bateria Ann­‑Sofi Söderqvist direcção musical O saxofonista multipremiado Sowe­ to Kinch é um dos músicos mais ver­ sáteis do panorama artístico britânico, cruzando as linguagens do jazz e do hip­‑hop e passando também por uni­ versos criativos como a dança, o tea­ tro e outras artes urbanas. Em 2007 ga­ nhou o seu Segundo MOBO Award, na categoria de Best Jazz Act, competindo com figuras como Wynton Marsalis. No mesmo ano recebeu o British Jazz Award para melhor saxofonista alto e uma nomeação para o Urban Music Award. Trabalha também como MC e produtor hip­‑hop, tendo colaborado com KRS ONE, Dwele e TY. O seu pro­ jecto mais emblemático é The Flyover Show, um festival de um dia dedicado à música e às artes em Birmingham. No que respeita à sua linguagem jazzística, as suas composições vêem­‑se transpos­ tas para grooves contemporâneos e as improvisações ao saxofone são marca­ das por um virtuosismo e sentido meló­ dico pós­‑bop. O álbum mais recente de Kinch, The Legend of Mike Smith, é um exemplo claro da sua abordagem con­ ceptual e multi­‑estilística. apoiada pela União Europeia, já con­ tou com a participação de cerca de 300 músicos europeus e apresentou­‑se em mais de 200 concertos na Europa, Américas e Ásia. Nesta digressão, a EJO interpreta composições da sueca Ann­ ‑Sofi Söderqvist, especialmente conhe­ cida pela orquestra de jazz em nome próprio que toca a sua música origi­ nal. Com esta orquestra editou dois ál­ buns – Point of View (2012) e The Story of Us (2013). Uma das particularidades da música de Söderqvist é a combina­ ção das texturas instrumentais com a voz humana, com ou sem texto, procu­ rando integrar a expressão emocional da voz e alargá­‑la às diferentes combi­ nações tímbricas possíveis na orques­ tra. Ann­‑Sofi Söderqvist tem uma obra extensa que inclui ainda música para pequenos conjuntos, big bands, coro e teatro, gravando e tocando habitual­ mente como trompetista. Saxofones Michael Fletcher (Reino Unido) s. alto Michal Wróblewski (República Checa) s. alto e soprano, clarinetes Jean Dousteyssier (França) s. tenor José Maria Pereira (Portugal) s. tenor Linda Fredriksson (Finlândia) s. barítono Trompetes Darko Sedak­‑Benčić (Croácia) Bastian Stein (Áustria) Menzel Mutzke (Alemanha) Tomaž Gajšt (Eslovénia) Trombones Richard Leonard (Reino Unido) Roberto Lorenzo Elekes (Espanha) Francesco Di Giulio (Itália) Robert Hedemann (Alemanha) t. baixo Secção rítmica Joel­‑Rasmus Remmel (Estónia) piano Daniël Dudok (Holanda) guitarra Matthias F. Petri (Dinamarca) contrabaixo Andrej Hočevar (Eslovénia) bateria Jean­‑Lou Treboux (Suíça) vibrafone ann-sofi söderqvist © pelle piano Voz Kristin Amparo (Suécia) Viktoria Sundberg (Suécia) Todos os anos, um novo maestro, no­ vas composições e uma nova selecção de jovens músicos entre os 18 e os 30 anos reúnem­‑se para formar uma big band internacional. Promovida des­ de 1998 pela DSI Swinging Europe e 8 9 JEFF PARKER & ROB MAZUREK Jeff Parker guitarra Rob Mazurek trompete rob mazurek © d.vass jeff parker © jim newberry Membro dos Tortoise, banda pós­‑rock sedeada em Chicago, Jeff Parker é um guitarrista que se centra especialmen­ te na música experimental e de van­ guarda, mas expressa­‑se numa grande variedade de meios, do jazz à música contemporânea. Explora os contrastes entre tradição e tecnologia, improvi­ sação e composição, o familiar e o abs­ tracto. A sua paleta sonora inclui técni­ cas oriundas de tecnologia baseada em samples, síntese analógica e digital e técnicas convencionais. Tem privilegia­ do ultimamente o trabalho a solo, mas é conhecido também como membro de bandas como Isotope 217º e Chicago Underground. Estes projectos são par­ tilhados com Rob Mazurek, trompetis­ ta, cornetista e artista plástico que as­ sume um papel relevante na vibrante cena musical de Chicago e colaborou com figuras expressivas do jazz como Pharoah Sanders, Yusef Lateef, Bill Di­ xon e Roscoe Mitchell. Fundou também o São Paulo Underground, que deu ori­ gem a projectos combinando ruído cós­ mico ritmado à maneira de Sun Ra com elementos de samba, maracatu, rock e free jazz. Mazurek divide o seu tempo entre Chicago e São Paulo e é um artis­ ta prolífico também em projectos acla­ mados como Exploding Star Orchestra, Mandarin Movie e Rob Mazurek’s Sou­ nd Is Quintet. Um princípio transver­ sal a vários destes projectos é a impro­ visação democrática, em que todos os membros contribuem de igual modo para a sonoridade do conjunto. 10 RODRIGO AMADO HURRICANE Rodrigo Amado saxofone DJ Ride turntable e electrónicas Gabriel Ferrandini bateria Improvisação intensa e orgânica, drones, white noise, explosões atonais de energia, free music irracional, groove mu­ tante e polirritmias labirínticas. Tudo isto cabe no improvável novo projec­ to que junta Rodrigo Amado a DJ Ride e Gabriel Ferrandini, naquela que é a formação mais desconcertante e trans­ versal do saxofonista. Com raízes na improvisação livre e o nome retirado da obra de Glenn Spearman, uma das grandes influências de Amado, Hur­ ricane inspira­‑se directamente numa visão alargada e abrangente da músi­ ca, um caleidoscópio de abstracção e energia onde são destiladas com pai­ xão as mais diversas influências mu­ sicais – Sam Rivers, Pharoah Sanders, Coltrane, Brotzmann, Sun Ra, Mingus ou Vandermark, mas também Can, Flying Lotus, Curtis Mayfield, Shabazz Palaces, Burial, J Dilla ou Madlib. Ao saxofone free form de Amado, respon­ dem a agilidade de Ride nos pratos e na manipulação electrónica em tempo real e a exuberância intuitiva de Fer­ randini na bateria. Três das principais figuras da cena criativa nacional numa celebração do poder transformador da música. 11 HOUBEN’S FACTORY QUARTET Steve Houben saxofone, flauta Greg Houben trompete, corneta e voz Victor da Costa guitarra Sam Gerstmans contrabaixo O trompetista belga Gregory Houben cultiva uma sonoridade reminiscente dos grandes mestres do instrumento das décadas de 50 e 60, tais como Miles Davis, Chet Baker ou Kenny Dorham. A herança das sonoridades cool marca o estilo do seu trio, mas Houben pode ser ouvido também a reinterpretar os ritmos da música popular brasileira, a explorar estéticas aproximadas da mú­ sica clássica ou mesmo a pôr de lado o trompete e assumir o papel de can tor. Houben começou por se dedicar ao teatro, e foi conquistado pela músi­ ca numa viagem de um ano pelo Bra­ sil, aos 17 anos. É então que decide aprofundar os estudos musicais e se volta para o trompete. Criou o projec­ to Brazz com Maxime Blésin, dedica­ do à música brasileira, e forma depois Après un rêve, com base na música clássica, world e jazz. Um mensagei­ ro da tradição dos tempos dourados do jazz. ELEPHANT9 + REINE FISKE Ståle Storløkken teclados Nikolai Eilertsen baixo Torstein Lofthus bateria Reine Fiske guitarra 12 © jos l. knaepen álbum, Atlantis, foi editado em 2012 e contou com a participação do guitarris­ ta sueco Reiner Fiske, membro do gru­ po de rock Dungen e de alguma forma um seguidor da linha de Terje Rypdal, embora com uma personalidade indi­ vidual bem vincada. Esta configuração em quarteto tem dado origem a concer­ tos descritos como “incendiários”, ver­ dadeiras explosões de energia intercala­ das com narrativas mais líricas, em que o espaço para expor os virtuosismos in­ dividuais é muito reduzido, prevalecen­ do acima de tudo a sonoridade colectiva. Oriundo da Noruega, Elephant9 é um trio de jazz progressivo/neo­‑psicadélico activo desde 2006, que privilegia a im­ provisação enérgica sobre ambientes de rock, dominados pela bateria em per­ manente ebulição, Hammond e Fender Rhodes, sintetizadores e a propulsão irresistível do baixo. Editaram um pri­ meiro álbum em 2008, Dodovoodoo, e em 2010 Walk the Nile, premiado com o Spellemannprisen na categoria de Jazz. Este disco foi especialmente aprecia­ do entre as comunidades do jazz e do rock de todo o mundo. O seu terceiro 13 NELSON CASCAIS DECATETO DJANGO BATES BELOVÈD TRIO Nelson Cascais contrabaixo Ricardo Toscano saxofone e clarinete Federico Pascucci saxofone tenor e flauta Paulo Gaspar clarinete baixo Diogo Duque trompete Luís Cabrita trombone Nuno Cunha trompa Gil Gonçalves tuba Óscar Graça piano Joel Silva bateria Django Bates piano Petter Eldh contrabaixo Peter Bruun bateria No seu novo disco A Evolução da Forma, Nelson Cascais pôs em prática algo que planeava há muito tempo: escre­ ver para um grupo alargado, uma or­ questra de jazz compacta. No seu de­ cateto pode ouvir­‑se composições com uma forte componente escrita e uma procura incessante de novos timbres, sem descurar o espaço para a impro­ visação. Conhecido pela participação em inúmeras formações do melhor jazz que se faz em Portugal, tem­‑se des­ tacado também pela homenagem nos palcos à obra de Charles Mingus, com The Mingus Project. Em nome pró­ prio, Nelson Cascais começou a editar em 1999 – Ciclope, depois Nine Stories (2005), Guruka (2009) e The Golden Fish (2011). A música para esta formação mais alargada segue a linha que tem marcado as composições do contrabai­ xista nos discos anteriores, em que há um constante “equilíbrio entre a músi­ ca escrita, a interpretação desta e o es­ paço para solos improvisados”. 14 Quando o prestigiado pianista britâni­ co Django Bates gravou o seu primeiro disco no formato de trio de piano, em 2010, decidiu reformular alguns temas de Charlie Parker e associá­‑los a no­ vas composições dedicadas ao lendá­ rio saxofonista. O sucesso do projecto motivou nova gravação em 2012, Confirmation. A abordagem de Bates a este repertório, ao lado do contrabaixista sueco Petter Eldh e do baterista dina­ marquês Peter Bruun, é tudo menos ortodoxa, chegando a tornar os temas quase irreconhecíveis e fazendo uso de todos os meios que o jazz moder­ no lhe coloca à disposição. Segundo Bates: “Nenhum de nós tem a menor ideia de como tocaria Parker neste mo­ mento: ele morreu há 50 anos. Como sou optimista, gosto de pensar que se teria transformado.” Alguns dos temas de Parker que este trio tem tocado são “Scrapple From The Apple”, “Star Eyes”, “A­‑Leu­‑Cha”, “Confirmation” ou “My Lit­ tle Suede Shoes”, fazendo­‑os atravessar diferentes texturas e tempos inespera­ dos e levando­‑os por caminhos bem di­ ferentes daqueles desenhados por Bird. Este projecto fez­‑se ouvir recentemente nos Proms em Londres e conquistou a unanimidade da crítica. 15 APOIO À DIVULGAÇÃO MECENAS CASA DA MÚSICA MECENAS CICLO JAZZ APOIO INSTITUCIONAL MECENAS PRINCIPAL CASA DA MÚSICA