16/04/2015 O que aprendemos nas pandemias virais? Ricardo Luiz de Melo Martins Pneumologia-HUB/UnB TE em Pneumologia SBPT Comissão de Infecções Respiratórias e Micoses/SBPT Organização Mundial de Saúde Junho de 2009 – Início da Pandemia de Influenza A H1N1 GRIPE ESPANHOLA(1918-1919): H1N1 1 16/04/2015 1957-1958: H2N2 GRIPE HONG-KONG(1968-1969): H3N2 Óbitos decorrentes da Gripe H1N1 em 2009 no Brasil Região Norte 2009 50 Nordeste 62 Centro-Oeste 167 Sudeste 992 Sul 789 Total 2060 Fonte: Sinan Influenza Web/SVS/MS 2 16/04/2015 3 16/04/2015 Circulação atual de vírus no Continente Americano • América do Norte: Influenza A H3N2 e Influenza B • América Central e Caribe: Atividade baixa, exceto Porto Rico e Guiana Francesa • América do Sul – Região Andina: Atividade baixa, exceto Equador • América do Sul – Cone Sul: Atividade baixa, exceto Paraguai, onde predomina o VRS » Fonte: OPAS/OMS Síndrome Gripal(SG) Definição: > 6 meses: febre de início súbito, mesmo que referida, acompanhada de tosse ou dor de garganta e pelo menos um dos sintomas gerais: cefaleia, mialgia, fadiga, calafrios ou artralgia. < 6 meses: febre de início súbito, mesmo que referida, e sintomas respiratórios. Obs1: tosse e fadiga podem persistir por até 2 semanas Obs2: em idosos, predominam astenia e confusão mental e a evolução é mais lenta 4 16/04/2015 Aspectos da transmissão do vírus da Gripe • Fonte: Gotículas e contato com superfícies contaminadas e mucosas; • Período de contágio: final do período febril até 24h após término da febre, embora possa haver recuperação do vírus até o oitavo dia da doença. Fatores de Risco para Agravamento Fonte: Ministério da Saúde Sinais de Agravamento Fonte: Ministério da Saúde, 2014 5 16/04/2015 Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) Fonte: Ministério da Saúde, 2014 Influenza A H1N1 x Influenza Sazonal Influenza A H1N1 apresenta maiores taxas de complicações extra-pulmonares, de internação em UTI e de mortalidade. Costuma comprometer pacientes mais jovens e com poucas comorbidades. Fonte: J Infect Dis 2011;203: 1739 Síndrome Gripal: atendimento de baixa complexidade Em pacientes sem dispnéia, com exame físico normal, FR < 25 mpm, Pressão arterial sistólica > 90 mmHg e diastólica > 60, com ausculta pulmonar sem alterações : 1. Colocar máscara cirúrgica no paciente; 2. Colocar máscara cirúrgica; 3. Limpar o estetoscópio com álcool após atendimento; 4. Tratamento: a) Recomendar uso de anti-térmico, boa alimentação e hidratação. b)Orientar para que fique atento ao surgimento de novos sintomas ou modificação dos mesmos e para retornar caso isso aconteça. Caso o paciente apresente queixa de dispneia, FR > 25 e alterações na ausculta pulmonar encaminhar para Unidade de Média Complexidade. 6 16/04/2015 ATENDIMENTO DE MÉDIA COMPLEXIDADE •Sintomas de síndrome gripal e dispneia em qualquer idade e/ou •Idade>65 anos e < 2 anos •Confusão mental recente •Frequência respiratória ≥ 25 irpm •PAS< 90 e/ou PAD≤ 60mmHg •Comorbidades descompensadas •Saturação ≤ 92% •Rx de tórax com infiltração/consolidação multilobar/bilateral Se nenhum dos acima, orientar e disponibilizar contato se necessário ATENÇÃO: • • • Algum dos achados acima encaminhar para internação hospitalar Se presença de mais do que 3 destes achados buscar vaga em UTI Idade>65 anos Confusão mental recente Frequência respiratória ≥ 30 mpm PAS< 90 e/ou PAD≤ 60mmHg Outras Indicações de UTI Critérios Maiores(presença de um indica necessidade de UTI): Choque séptico necessitando de vasopressores Insuficiência respiratória aguda com indicação de ventilação mecânica Critérios Menores(presença de dois indica necessidade de UTI): Hipotensão arterial Relação PaO2/FiO2 < 250 Presença de infiltrados multilobulares Diagnóstico Laboratorial de Gripe • Imunofluorescência • Teste imunológico rápido para detecção de antigenos da influenza • RT-PCR » Dada a limitada sensibilidade dos testes rápidos para influenza, o tratamento, se indicado, não deve ser postergado. Fonte: CDC, 2014 7 16/04/2015 Vírus envolvidos em infecções do trato respiratório inferior • • • • • Influenza A e B Parainfluenza 1, 2 e 3 Vírus Sincicial Respiratório Adenovírus Metapneumovírus • Fontes: Braz J Infect Dis 2011 e J Med Virol 2013 Pneumonia viral Homem com 42 anos de idade. Diagnóstico: Pneumonia A H1N1 cortesia: Dr. Alexandre Mançano DF 8 16/04/2015 Pneumonia viral Homem com 39 anos de idade com diagnóstico de pneumonia A H1N1 Cortesia: Dr. Alexandre Mançano DF Pneumonia Viral H1N1: achados de necropsia Am J Respir Cri Care Med, 2010 Tratamento de Escolha Oseltamivir e Zanamivir Reduzem a duração e a gravidade dos sintomas, quando prescritos precocemente. Fonte: J Clin Virol 2009 9 16/04/2015 Indicação do Tratamento Pacientes com SG com Fator de Risco (terapêutica precoce) Pacientes com SRAG Oseltamivir é indicado para todos os pacientes SRAG Uso de antibióticos nos casos de pneumonia bacteriana secundária Posologia do Fosfato de Oseltamivir e Zanamivir Fonte: Ministério da Saúde Efeitos do Oseltamivir Reduz a gravidade e a taxa de complicações da gripe, especialmente se prescrito em até 48h do início dos sintomas. Fonte: UpToDate, 2015 10 16/04/2015 Entretanto, Pesquisadores não encontraram diferença significativa nas internações hospitalares de adultos, ao compararem os resultados do uso de Oseltamivir com placebo em uma metanálise de 20 estudos. Fonte: BMJ, 2014 Posição da OMS Diante do resultado de outras metanálises, manter a recomendação do uso do Oseltamivir em casos confirmados de gripe. Fonte: Arch Intern Med, 2003; Clin Infect Dis, 2011 e Ann Intern Med, 2012 Indicação do Zanamivir 11 16/04/2015 Quimioprofilaxia Fármacos sob investigação • Formulações parenterais de Oseltamivir, Zanamivir e Peramivir • Inibidores da neuroaminidase de longa duração: Laninamivir. Peramivir? • Nitazoxanide • Ribavirina? • Estatinas? Produção da Vacina Anti-Influenza • Em ovos embrionados: fabricação leva 6 meses; • Em cultura de células (liberada pelo FDA para pessoas acima dos 18 anos), ideal para alérgicos à ovoalbumina; • DNA recombinante (liberada pelo FDA para pessoas entre 18 a 49 anos) 12 16/04/2015 Proteção da Vacina Anti-Influenza Baseia-se na indução de anticorpos neutralizadores destinados principalmente contra a hemaglutinina viral A Proteção se dá passadas 4 a 6 semanas da aplicação da vacina. Possíveis vias de administração da Vacina Anti-Influenza • Intramuscular(músculo deltóide) • Nasal (vacina tetravalente de vírus atenuados) • Intradérmica (liberada pelo FDA para pessoas entre 18 a 64 anos) Composição da Vacina Anti-Influenza em 2015 • • • • H1N1 (A/Califónia/7/2009) H3N2 (A/Suíça/9715293/2013) B (B/Phuket/3073/2013) B (B/Brisbane/60/2008) * vacina tetravalente Campanha de vacinação no Brasil: 4 à 22 de maio 13 16/04/2015 Vacinação Anti-Influenza: indicações no Brasil • • • • • • • Gestantes Obesidade grau 3 Portadores de comorbidades Indígenas Idosos Crianças abaixo dos 2 anos Profissionais de saúde Nos EUA, todo indivíduo acima dos 6 meses Eficácia da Vacina Trivalente de vírus inativado • Eficácia de 59% em prevenir a doença, mas boa eficácia para reduzir morbidade e mortalidade*. • Reduz a taxa de IAM fonte: CDC, 2013 * J Bras Pneumol, 2013 A adoção de um programa da vacinação Anti-Influenza em massa reduz: • O número de infectados mesmo em pessoas não vacinadas; • A gravidade da doença; • O absenteísmo no trabalho e na escola; • A prescrição de antibióticos. – Fonte: Clin Infect Dis, 2009 14 16/04/2015 Evidências para o emprego da Vacina Anti-Influenza • Para indivíduos sadios com menos de 65 anos 1A; • Para indivíduos com mais de 65 anos ou que apresentem comorbidades 1B; O uso concomitante das vacinas anti-influenza com a antipneumocócica tem apresentado bons resultados Fonte: Clin Infect Dis, 2010 Ainda assim existe a chance da emergência de um vírus pandêmico! Esforços tem sido dirigidos em torno da produção de uma vacina universal 15 16/04/2015 O grande ensinamento gerado pela pandemia do vírus A H1N1 é o de que deve-se insistir em educar os pacientes nas práticas de reduzir a disseminação do vírus na comunidade . Medidas Preventivas: orientações gerais Lavar as mãos com água e sabão ou álcool gel nas seguintes ocasiões: 1. Depois de tossir ou espirrar; 2. Depois de usar o banheiro; 3. Antes de comer; 4. Antes de tocar os olhos, a boca e o nariz. 16 16/04/2015 Medidas Preventivas: orientações gerais 1. Fazer a higiene nasal com lenços de papel descartáveis, jogando-os fora em locais adequados; 2. Evitar a auto-medicação; 3. Evitar frequentar lugares de grande aglomeração e ambientes fechados e mal ventilados e 4. Abandonar o vício de fumar. Agenda para o enfrentamento da Gripe 1. Vacinação; 2. Febre súbita + sintomas respiratórios + sintomas sistêmicos: tratamento precoce e 3. Incentivar a adoção de medidas preventivas. Curso virtual sobre manejo da gripe http: //unasus.gov.br/influenza 17