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FORMAÇÃO DO SUJEITO ECOLÓGICO CRÍTICO
Edilson Siqueira Loureiro1
Graduado em Tecnólogo em Gestão Ambiental
email:[email protected]
Erika Carolina dos Santos Vieira Rios 2
Graduada em Engenharia Agronômica
Mestre em Engenharia Ambiental,
Especialista em Gestão e Educação Ambiental
email:[email protected]
Patrícia Gonçalves Oliveira3
Graduada em Economia
Mestre em Economia Empresarial,
email:[email protected]
RESUMO
É muito estreita a relação que o homem mantém com o meio ambiente. Por outro lado, a agressão aos
recursos naturais de forma desordenada e quase sem controle indica a falta de formação ecológica dos
sujeitos ao longo de seu processo de evolução humana e educacional. Embora a base da relação
homem-meio ambiente seja pautada pela necessidade de exploração dos recursos naturais,
principalmente a água e o solo, promovem danos em algumas situações irreversíveis. O descuido e o
descaso com as questões ambientais tem levado a situação limites, como por exemplo, o aquecimento
global que põe em risco a vida no alenta terra. Este paper discutiu questões relacionadas a degradação
ambiental, desenvolvimento sustentável, educação ambiente e a formação do sujeito ecológico crítico,
cujo processo para ser desenvolvido e efetivado se respalda proposta da educação ambiental e em uma
pedagogia centrada no desenvolvimento das potencialidades e habilidades crítica do ser humano. Podese concluir, a partir da metodologia aplicada é possível formar sujeito ecológico crítico a partir da
pedagogia educação ambiental crítica em sala de aula.
Palavras-chave: Degradação ambiental. Consciência ecológica. Educação ambiental. Formação.
1 INTRODUÇÃO
O meio ambiente tem sido objeto de diferentes estudos e pesquisas de âmbito
nacional e internacional em função da gravidade das ações e exploração dos recursos
naturais, cujas atividades ameaçam a vida do ser humano, da fauna e da flora. Os
recursos naturais, principalmente a água e o solo são explorados de forma agressiva, e
embora o homem e as empresas saibam dos impactos e consequências de suas ações,
o que se observa é constante necessidade de técnicas e meios que sejam sustentáveis.
Meio ambiente é um tema em foco nos contextos social, organizacional e
acadêmico. Como resultado desse processo em ‘moda’, estimulado em grande parte
pelos meios de comunicação, há um fator positivo que é a demonstração de
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preocupação e a exposição sensacionalista ou não dos inúmeros problemas ambientais
e os impactos que causam. A educação ambiental é um dos fatores mais importantes
na atualidade na perspectiva do alerta e da conscientização acerca dos problemas e da
necessidade de preservação dos recursos naturais.
Se há um meio ou caminho que possa mudar a relação do homem com o meio
ambiente é a sua formação ecológica cuja proposta é a conscientização sobre o meio
ambiente, recursos e utilização da água, solo, redução da poluição do ar. Nesse
sentido, a educação ambiental configura uma das mais estratégias para a formação do
sujeito ecológico crítico. Para abordar a questão da consciência ecológica e a formação
do sujeito ecológico crítico é preciso destacar um dos principais aspectos relacionados
ao meio ambiente que é a degradação ambiental como destacado na literatura de
Sanchez (2008).
A industrialização chegou com a descoberta do petróleo, no ano de 1857, nos
Estados Unidos da América do Norte, acontecimento que trouxe desenvolvimento,
crescimento e poluição em nível mundial levando em consideração seu processo de
evolução. Esse cenário representa, bibliograficamente, um histórico dos problemas
ambientais que teve início com a destruição causada pela agricultura com a derrubada
e queima que contribuiu significativamente para o desparecimento de florestas e
alteração climática. Em seguida vieram os problemas gerados pela criação de gado. O
salto do homem para a industrialização, na visão de Portugal (2002) contribuiu para a
destruição das reservas naturais e os poluentes trataram de sobrecarregar o meio
ambiente.
A necessidade de desenvolver a consciência ecológica, de conhecer como
formar o sujeito ecologicamente crítico em relação às ameaças e problemas que afetam
o meio ambiente tais como aquecimento global, desmatamento e poluição e a ação
pouco eficaz de controle e conscientização, além da importância da relação sustentável
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entre homem e meio ambiente são os fatores que justificam a relevância social e
acadêmica deste tema destacando os principais aspectos da degradação ambiental.
Quanto a metodologia aplicada, trata-se de um estudo descritivo e bibliográfico.
Descritivo por pretender buscar mais informações sobre a formação do sujeito crítico
ecológico e o caminho que contribui para esse processo. De acordo com Gil (2005) a
característica da pesquisa descritiva aborda quatro aspectos: descrição, registro,
análise e interpretação de fenômenos atuais, objetivando o seu funcionamento no
presente. Bibliográfico por se basear em material já publicado, livros, revistas, jornais,
redes eletrônicas. Nessa perspectiva, este paper tem como objetivo geral verificar como
se processa e que caminho possibilita a formação do sujeito ecológico crítico.
2 MEIO AMBIENTE: A DEGRADAÇÃO AMBIENTAL É UM DESAFIO A VENCER
A preocupação com a degradação ambiental está expressa na Constituição
Federal Brasileira (CF) de 1988 que determina ser dever do Estado, da União, do
Distrito Federal e dos Municípios, conforme reza o art. 23, Incisos VI (“[...] proteger o
meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas [...]”); VII (“[...]
preservar as florestas, a fauna e a flora [...]”) e XI (registrar acompanhar e fiscalizar as
concessões de direito de pesquisa e exploração de recursos hídricos e minerais em seu
território [...])”.
A degradação dos recursos ambientais naturais, agressão atmosférica com o
efeito estufa, aquecimento global, poluição da água, desertificação resultante da
degradação do solo preocupa e requer ações mais rígidas. A Figura 1 dá uma visão
geral desse processo.
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Figura
1
–
Visão
geral
da
degradação
ambiental
(Fonte:
http://meioambientetecnico.com.br(2013).
Na proposta de proteção ambiental apresentada pela Constituição Federal
brasileira, o principal objetivo promover a descentralização da política ambiental e
conceder autonomia municípios. Nesse sentido “é no município que os cidadãos vivem
e que o dia-a-dia da vida nacional acontece, e, portanto nada mais coerente que gerir
diretamente os recursos necessários à melhoria da qualidade de vida do povo que ali
reside” (SCHENINI, 2002, p. 15).
O homem em seu processo de evolução e as empresas em sua caminhada rumo
ao crescimento econômico e industrial, a degradação ambiental afeta a terra, o ar, a
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água recursos naturais indispensáveis à vida na Terra. Os problemas ambientais estão
tomando proporções difíceis de serem controladas com adoção de medidas paliativas
ou de efeito imediato (SCHENINI, 2002).
2.1.1 Degradação ambiental: concepções
Qualquer alteração ao meio ambiente e que afetam seus recursos naturais pode
ser considerado agressão, no entanto o impacto destrutivo que exige reparação podese chamar de degradação. Cada vez mais crescendo e de formas diferencias e mais
impactantes, a questão relacionada à degradação ambiental – erosão, assoreamento,
desertificação, aquecimento global – chama a sociedade, empresas e lideranças
mundiais a refletir acerca das consequências que todo esse processo representa para a
humanidade (ARAÚJO, 2008).
O art. 3º, Inciso II, da lei de Política Nacional do Meio Ambiente diz que a
“degradação da qualidade ambiental, a alteração adversa das características do meio
ambiente”. Inseridos nesse conceito estão as questões associadas aos danos gerados
na saúde, bem-estar das pessoas, atividades sociais e econômicas, biosfera, etc. Mas,
quando avalia essa definição, Sánchez (2008, p. 27) ressalta que não há evidencias de
que se o “homem é o causador evidencia se o causador da degradação, uma
consequência de atividade antrópica ou de um fenômeno natural [...]. O que fica
explícito neste conceito é que a degradação ambiental caracteriza-se como um impacto
ambiental negativo”.
Consumo, crescimento industrial, urbanização são elementos que se processam
de forma desordenada contribuem significativamente para o esgotamento dos recursos
naturais. Muitos dos acidentes e desastres naturais de grande impacto resultam da
ação humana contra o meio, o que coloca em evidencia e reforça a necessidade e
importância de se promover o desenvolvimento sustentável e tornar o homem um
agente participativo e sustentável. A participação e contribuição do homem ao processo
de degradação ambiental podem ser observadas pelo índice de consumo e por parte
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das organizações pelo acelerado ritmo de produção e
crescimento industrial
(SÁNCHEZ, 2008).
Para melhor compreender a degradação do meio ambiente é preciso considerar
que esse processo parte da interação entre as ecologias natural e humana, como
mostra a Figura 2.
Figura 2 – Interação das ecologias natural e humana (Fonte: Adaptado de Schenini
(2002).
A discussão dos temas relacionados ao meio ambiente colocou em evidencia um
novo foco de discussão e análise: a biosfera que sobressaltou o homem dos demais
seres vivos baseado em seu potencial de aprendizagem e capacidade de
engenhosidade.
Nessa perspectiva, toda e qualquer alteração causada no processo, funções ou
componentes ambientais, ou uma alteração adversa da qualidade ambiental é
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classificada como degradação ambiental, levando em conta que os
danos e/ou
modificações corresponde a impacto ambiental negativo (SANCHEZ, 2008).
Em se tratando da degradação ambiental produzida pelas organizações, na
avaliação
de
Schenini
(2002)
adotar
medidas
responsáveis tem como principal causa
com
caráter
ambientalmente
razões internas e externas, cujas
características são apresentadas no Quadro 1.
Meio ambiente e organização – Razões que motivam a ação ambiental
Internas
Externas
 Tendência à prevenção de acidentes
Diminuição de custos;
ecológicos por parte da sociedade;
Atualização tecnológica;
Otimização nos processos produtivos;
 Demandas das partes interessadas,
principalmente
Desenvolvimento
de
uma
cultura
de
agências
financiadoras, comunidade local;
interna ecologicamente correta.
 - Organizações da sociedade civil e
governo.
Quadro 1 – Razões que motivam a ação ambiental nas empresas(Fonte: Schenini (2002)
Interna ou externa, as empresas embora sejam conscientes dos problemas que
seu processo produtivo causa ao meio ambiente, ainda assim, as ações voltadas para o
meio ambiente não atendem às necessidades e expectativas.
Em se tratando de
degradação ambiental, entre as diferentes questões que levam a esse problema, temos
a degradação do solo. De acordo com Araújo, Almeida e Guerra (2008), os problemas
ambientais, a maior parte deles, atingem o solo que é um dos três recursos naturais do
meio ambiente.
2.2 UM OLHAR SOBRE A DEGRADAÇÃO AMBIENTAL NO ESPÍRITO SANTO
No estado do Espírito Santo Cerca de 600 mil hectares de terras são afetados
pela degradação ambiental segundo dados
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da Pesquisa de Informações Básicas
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Municipais do Instituo Brasileiro de Geografia e Estatística, realizada em 2008, que
também
apontou os
municípios capixabas registraram problemas ambientais, tais
como assoreamento do corpo d'água em 64 municípios e poluição da água em 58
cidades. Outros problemas também foram identificados pela pesquisa, tais como:
contaminação do solo e escassez de água (IBGE, 2008).
2.2.1 Assoreamento
Uma questão preocupante em se tratando da degradação ambiental no Espírito
Santo é o assoreamento no Rio Doce, a mais importante bacia hidrográfica na Região
Sudeste, com uma extensão de 853 km, que drena os estados do Espírito Santo e
Minas Gerais. A contaminação química causada por indústrias e propriedade rurais em
função do uso de pesticidas e herbicidas, ameaçando a saúde dos moradores de
cidades a sua margem é a responsável pela degradação atual. A gravidade dessa
questão pode ser observada na Figura 1 que mostra as condições atuais do Rio Doce,
um retrato real do que ocorre em inúmeras bacias hidrográficas do Brasil (VITÓRIA,
2008).
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Figura 1: Rio Doce – assoreamento (Fonte: Wordpress (2012)
Para que os municípios possam tratar questões geradas pela degradação
ambiental, bem como tentar solucionar problemas ambientais requer a ação e apoio de
órgãos de maiores instancias e com recursos que permitam enfrentar tais questões.
Entre os dez estados brasileiros, o Espírito Santo ocupou a primeira posição no ranking
do assoreamento, como mostra a Tabela 1.
Tabela 1 – Assoreamento: posição do ES no ranking.
Estado/Posição
% do município afetado
1º: Espírito Santo
82,1%
2º: Sergipe
76,0%
3º: Mato Grosso do Sul
75,6%
4º: Rio de Janeiro
68,5%
5º: Rondônia
65,4%
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6º: Acre
63,6%
7º: Mato Grosso
63,1%
8º: Pará
62,1%
9º: Tocantins
61,9%
10º: Ceará
60,9%
Fonte: Fonte: IBGE - Pesquisa de Informações Básicas (2008)
2.2.2 Escassez e poluição da água
A poluição da água é uma das maiores preocupações do mundo, pois a
degradação desse recurso é tão intensa que indica já indica a possibilidade de
escassez devido o consumo, poluição e contaminação. Dados da FAO sinaliza que em
2025 uma população “de 7,851 bilhões, com 58% (4,579 bilhões) vivendo nas
cidades e 3,272 bilhões (42%) nos campos. Nos países desenvolvidos a população
será de 1,380 bilhões (17,58% do total) e no resto do mundo
7,556 bilhões
(84,7%)” (SCOLARI, 2006, p. 4).
De acordo com a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e
a Cultura - UNESCO (2005, p. 27) não há mudança no volume de água, ou seja, ele
não cresce e nem diminui, ou seja, a água compõe 70% do planeta Terra, e deste
percentual 97,5% é água salgada e do volume que representa a água doce, “68,9% ,
nas geleiras, calotas polares ou regiões montanhosas; 29,9% são subterrâneas; 0,9%
compõe a umidade do solo e dos pântanos; 0,3% para a superfície, encontrada em
lagos e rios”.
A poluição doméstica da água tem como uma de suas principais fontes a matéria
orgânica formada por detritos presentes na rede de esgoto das residências, haja vista
que a população produz, diariamente, diversos tipos de resíduos sólidos em
residências, estabelecimentos comerciais e de saúde, indústrias, ruas, parques, praças,
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e o resíduo que resulta da fritura de alimentos, ou seja, o óleo de cozinha (BARROS,
2003).
De acordo com a NBR 10004/1987 da Associação Brasileira de Normas
Técnicas – ABNT resíduos sólidos são aqueles em estados sólido e semissólido que
resultam de atividades da “comunidade de origem: industrial, doméstica, hospitalar,
comercial, agrícola, de serviços e de varrição provenientes de sistemas de tratamento
de água, de líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede
pública de esgotos ou corpos d’água [...]” (BARROS, 2003, p. 3).
Para evitar poluição ambiental, é importante ressaltar que o lixo é classificado de
acordo com as características de cada tipo de resíduos e da fonte geradora ou local de
produção. Assim os resíduos produzidos nas residências é o local de origem, a fonte
geradora e tipo de material que denominado lixo doméstico (FERNANDES et al., 2002).
O Espírito Santo também ocupa a primeira posição entre os dez estados em se
tratando da poluição das águas como mostra a Tabela 2.
Tabela 2 - Posição do ES no ranking da poluição da água.
Estado/Posição
% do município afetado
1º: Espírito Santo
74,4%
2º: Acre
63,6%
3º: Pernambuco
63,6%
4º: Rio de Janeiro
63,0%
5º: Ceará
53,8%
6º: Santa Catarina
53,2%
7º: Pará
50,3%
8º: Sergipe
49,3%
9º: Minas Gerais
45,3%
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10º: Bahia
44,6%
Fonte: Fonte: IBGE - Pesquisa de Informações Básicas (2008)
Dados mais recentes do Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica
apontaram que entre 2010 e 2011, entre os dez estados pesquisados, o Espírito Santo
alcançou um resultado ainda pior: passou da 7ª para a 5ª colocação, ou seja, o
desmatamento capixaba cresce ao contrário de diminuir (BARBOSA, 2011).
2.2.3 Poluição do ar, feito estufa e aquecimento global: ameaça à vida no planeta
terra
A poluição do ar tem sido uma preocupação de abrangência mundial, em função
dos impactos gerados pela exploração dos recursos naturais decorrentes dos
processos produtivos desprovidos de sustentabilidade que tem levado ao aumento das
emissões de gases de efeito estufa na atmosfera (MAY, 2003).
O efeito estufa leva a um problema maior que é o aquecimento global. Em seus
estudos, May (2003, p. 222) afirma que “[...] a intensificação do efeito estufa natural e o
aquecimento global poderão resultar em graves perturbações do sistema climático da
Terra, com graves consequências para as sociedades humanas e os ecossistemas do
planeta [...]”.
Entre as consequência, May (2003) destaca a elevação do nível dos oceanos;
derretimento das geleiras, glaciares e calotas polares; mudança dos regimes de chuvas
e ventos, com intensificação de fenômenos extremos tais como furacões, tufões,
ciclones; tempestades tropicais e inundações;
intensificação do processo de
desertificação e de acesso à água potável; perda da biodiversidade; perda de áreas
agricultáveis; aumento da incidência de algumas doenças transmissíveis por alguns
vetores; aumento do risco de incêndios, dentre outras.
A Figura 2 representa os elementos envolvidos no efeito estufa.
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Figura
2
–
Efeito
Estufa
(Fonte:
http://ecologia.ib.usp.br/lepac/conservacao/ensino/imagens/esquema_efeitoestufa.jpg
Efeito estufa e aquecimento global são resultados da poluição do ar causada
principalmente pela emissão de gases que alteram a temperatura média da terra.
No artigo, ‘Mudanças climáticas e ambientais e as doenças infecciosas: cenários
e incertezas para o Brasil’, publicado em 2008 pela Organização Pan-Americana da
Saúde/Organização Mundial de Saúde em parceria com a Secretaria de Vigilância em
Saúde/Ministério da Saúde e Fundação Oswaldo Cruz, Barcellos et al. (2008, p. 2)
destaca que “a ocorrência do processo de mudanças climática, principalmente aquelas
devidas ao aquecimento global induzido pela ação humana, foi pela primeira vez
alertada na década de 1950”.
Na realidade, os problemas relacionados ao aquecimento global, ou seja,
alterações climáticas datam proporcionalmente ao desenvolvimento industrial, que
mudou todo o cenário organizacional. De acordo com o Barcellos et al. (2008, p. 3) “[...]
no final do século XIX o pesquisador sueco Svante Arrherius havia levantado a
possibilidade de aumento de temperatura devido a emissões de dióxido de carbono”.
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Uma forma de controlar e minimizar danos ao meio ambiente está na proposta de
desenvolvimento sustentável por sua ação estar voltada para o desenvolvimento
econômico e populacional que ocorre de forma desordenada.
3 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
Com a forma desordenada como ocorre o desenvolvimento populacional e
industrial, em algumas áreas capixabas, o uso sustentável do solo capixaba está se
tornando um desafio administrativo. A questão do desenvolvimento sustentável ainda é
um dos problemas a ser solucionado, pois em sua concepção trata-se de uma utopia do
século XXI, embora o autor defenda ser prioritário identificar um novo paradigma
científico que elimine e/ou substitua paradigmas do ‘globalismo’ (VEIGA, 2005).
Com a evidência de que a poluição ambiental se tratava de um problema real e
crescente, surgiu a necessidade de providências, o que deu origem ao Plano Nacional
de Desenvolvimento (PND) para definir as prioridades do controle normativo da
emissão de poluentes industriais. De acordo com Milaré (2007, p.16):
Os estados de São Paulo e Rio de Janeiro editaram leis e estabeleceram
órgãos para controlar a poluição das águas e do ar levando até a interdição de
fábricas importantes, logo extintas pelo Governo Federal que alegou que esse
direito caberia ao Presidente da República. No entanto, os estados mais
industrializados assumiram essa responsabilidade e estabeleceram normas
próprias. A partir desta época foram criadas a Lei Federal n. º 6.803 de 1980, a
Lei n.º 6938 de 1981 e o Decreto de Execução n.º 88.351, que resultam na
criação de diversos agentes de controle ambiental, tanto em nível federal,
quanto no nível estadual e municipal.
Os problemas decorrentes da exploração indevida e inadequada dos recursos
naturais, o desenvolvimento sustentável faz referência às “consequências da relação
qualidade de vida e bem-estar da sociedade, presente tanto presente quanto futura.
Atividade econômica, meio ambiente e bem-estar da sociedade formam o tripé básico
no qual se apoia a ideia de desenvolvimento sustentável” (ASSIS, 2000, p. 59).
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Consequência do desenvolvimento social, econômico e da preservação
ambiental, o desenvolvimento sustentável para alcançar seus propósitos deve integrar
esses elementos, bem como justiça socioambiental, ecoeficiência e, inclusão social,
como representado na Figura 3, levando em conta que esses elementos são as suas
bases de sustentação. Nessa perspectiva, em qualquer segmento econômico, a gestão
ambiental se torna um instrumento gerencial para capacitação e criação de condições
de competitividade para as empresas (VEIGA, 2005).
Figura 1 – Bases do desenvolvimento sustentável (Fonte: Veiga (2005)
Na análise de Singer (2011) a questão ambiental é o principal problema do
século XXI e isso está cada vez mais claro para a sociedade, apesar da resistência de
alguns países aderirem ao Protocolo de Kyoto, o que coloca a questão ambiental como
uma das grandes preocupações organizacionais e administrativas em relação ao uso
do solo, recursos hídricos e da poluição atmosférica provocados pela industrialização e
o controle dos fenômenos naturais. Esse entendimento tem expressão nos princípios
que norteiam o desenvolvimento sustentável, como descrito no Quadro 2.
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Princípios que regem o desenvolvimento sustentável
Princípio 1
O desenvolvimento sustentável (DS) é um processo de pensamento, análise e
integração em termos de sistemas que exige que a empresa seja entendida e
administrada como um sistema.
Princípio 2
O desenvolvimento sustentável é um processo de interdependência ecológica e
exige que tosos os processos, produtos e serviços da empresa sejam revistos ou
substituídos de modo a assegurar a incompatibilidade.
Princípio 3
O desenvolvimento sustentável é um processo orientado para resultados e exige
claro compromisso dos líderes com resultados específicos e mensuráveis.
Princípio 4
O desenvolvimento sustentável é um processo de construção de um censo
comunitário.
Princípio 5
O desenvolvimento sustentável é um processo aberto e exige que as empresas
comuniquem por completo todos os aspectos de seu desempenho sustentável real
e planejado a todas as partes nelas interessadas.
Princípio 6
O desenvolvimento sustentável é um processo de melhoria contínua de cada
aspecto do desempenho da empresa e exige o pleno envolvimento de cada um
dos membros de sua força de trabalho.
Quadro 2 - Princípios do desenvolvimento sustentável. (Fonte: Singer (2011).
3.1 DESENVOLVIMENTO E CRESCIMENTO DO ESPÍRITO SANTO
Em pleno crescimento e desenvolvimento econômico e industrial, um
levantamento feito pela Secretaria de Estado e Desenvolvimento Econômico e Turismo
(Sedetur), em 2006, apontou as potencialidades econômicas do Espírito Santo,
caracterizando, assim, o terceiro ciclo do processo de desenvolvimento capixaba
(ROCHA, 2002).
No Espírito Santo, entre as alternativas de desenvolvimento e crescimento,
considerando a estrutura econômica atual e seus desdobramentos imediatos, Rocha
(2002, p.69) aponta seis conjuntos distintos:
- Indústrias satélites derivadas das grandes empresas exportadoras,
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- Indústrias dos setores tradicionais,
- Indústrias de bens duráveis de consumo e de equipamentos eletro/eletrônicos;
- Empresas de softwares e de serviços de telecomunicações;
- Turismo;
- Modernização e diversificação da pequena propriedade.
Para Rocha (2002), a viabilização de uma estrutura econômica competitiva e
mais diversificada a nível regional não será uma consequência natural do
funcionamento do mercado, no caso do Espírito Santo esse desenvolvimento se deve a
estratégicas claras e eficazes decorrente da articulação entre as lideranças políticas e
empresariais.
4 CONSCIÊNCIA ECOLÓGICA
Os problemas ambientais decorrem do uso do meio ambiente como fonte de
resíduos da produção, consumo e são agravados pelo modo como os humanos
concebem sua relação com a natureza. Para que haja solução efetiva dos problemas
ambientais surge à necessidade de envolver o conceito de gestão ambiental em
diferentes dimensões.
Devido ao histórico do problema ambiental vir se agravando
aumenta-se a preocupação da falta de conscientização da sociedade e dos países que
buscam crescimento econômico. O “excesso de degradação ambiental e a redução dos
recursos naturais chamam a atenção mundialmente e com isso o meio ambiente atrai
mais atenção e interesse” (TINOCO, 2004, p. 45).
A compreensão e ação humana ainda prevalecente nas sociedades ocidentais
são frutos da relação desarmônica entre os indivíduos e a natureza, como se ambos
estivessem separados e em situação oposta e não de complementação e integração. O
conjunto de práticas sociais voltadas para o meio ambiente tem se instituído tanto no
âmbito das legislações e dos programas de governo quanto nas diversas iniciativas de
grupos, empresas, associações e movimentos ecológicos (FONSECA, 2009).
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Ao longo do século XX, o relacionamento entre o homem e o planeta passou por
uma profunda transformação e foram presenciados grandes fatos e transformações
nesta relação, focados na percepção que havia entre eles, relacionados com os
problemas ambientais.
A consciência ambiental se constrói de modo gradual e de
acordo com Viterbo (1998, p.480) apresenta quatro etapas distintas, como mostra o
Quadro 3.
Etapas
Características
Conscientização
Preocupação com os recursos hídricos.
(1960)
Controle da poluição
Com o aumento das indústrias, cresce a preocupação os efeitos e
(1970)
danos causados pela poluição. Em Estocolmo, em 1972, acontece o
movimento mundial em busca da responsabilidade nas questões
ambientais. De acordo com Martini e Gusmão (2003, p.28), esse
movimento reconheceu “a soberania de cada país para decidir a melhor
forma de atuação, sem afetar os países vizinhos”.
Planejamento
Já se vislumbrava que o planejamento adequado os impactos ao meio
ambiental (1970)
ambiente poderiam ser minimizados, mas como indica D’Avignon (1996,
p.10) não foi possível evitar “os acidentes de Bophal (Índia); Chernobil
(ex-Rússia) e o de Three Miles Island (EUA) que mostram a
necessidade de maiores cuidados com o meio ambiente”.
Gerenciamento
Com o advento da globalização, ocorre a ampliação do conceito de
ambienta (1990)
gestão e a preocupação com o meio ambiente se torna mais evidente.
No cenário brasileiro registra-se a ECO 92, que propôs, segundo
D’Avignon (1996, p.39), a criação de um “grupo especial para estudar a
confecção de normas ambientais e cria o Tratado da Biodiversidade e o
acordo para a eliminação dos CFC’s”.
Quadro 3 – Etapas da conscientização ambiental (Fonte: Viterbo (1998).
Conhecimento em Destaque, Serra, ES, v. 04, n. 11, set./dez. 2015.
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Essas etapas representam o despertar das gerações em direção a valores
ecológicos: conscientização ecológica ou ambiental, percepção ecológica ou ambiental,
sustentabilidade. Com o fim da Segunda Guerra Mundial, um novo elemento desponta
no cenário organizacional: a preocupação com os problemas ambientais.
Assim, a
“consciência ecologia era ainda incipiente, sendo priorizada a construção de novas
indústrias” (VITERBO, 1998, p. 48).
A consciência ecológica, em função das graves ameaças e problemas causados
pelo aquecimento global, desmatamento e poluição está se tornando maior entre os
cidadãos, mas ainda é preciso desenvolver ações mais efetivas quando se trata da
relação homem e o meio ambiente. Mas, o ser humano precisa compreender que a “sua
capacidade de intervir na situação está na dependência do grau de consciência que
possui da situação” (SAVIANI, 2004, p. 64).
4.1 QUESTÕES AMBIENTAIS NO ESPÍRITO SANTO
São inúmeros os problemas ambientais que afetam o Espírito Santo e a mídia
capixaba divulgou em 2007, que no período de 1995 a 2000 já havia sido perdido
1,19% de sua Mata Atlântica, que restavam apenas 7% da área original e que a
fragmentação faz matas afetava significativamente a conservação da flora e fauna
JORNAL SÉCULO DIÁRIO, 2007).
Esse processo destrutivo ainda continua e a preservação da Mata Atlântica, pois
a ação que pode reverter essa situação, ou seja, Projeto de Lei ainda tramita no
Senado, depois de uma espera de mais de 11 anos na Câmara dos Deputados. Estão
na fila de espera do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) mais de
6.000 pedidos para a exploração de mármore e granito, atividade cuja participação na
destruição ambiental capixaba já degradou mais de 5.000 áreas (JORNAL SÉCULO
DIÁRIO, 2007).
A destruição da Mata Atlântica é um dos problemas ambientais presente na
sociedade capixaba, mas ainda existem aqueles relacionados com o abastecimento
Conhecimento em Destaque, Serra, ES, v. 04, n. 11, set./dez. 2015.
19
domiciliar e industrial (que estão no limite), nos rios e litoral marinho capixaba os
cardumes estão em processo rápido de extinção.
“Os recursos são desprezados e destruídos, funcionam como lixeiras dos
capixabas, pois há contaminação por agrotóxicos e esgotos domésticos e industriais.
Os cursos d'água estão assoreados”. A situação é uma das piores levando em conta
que na região da Grande Vitória, o ar apresenta elevado grau de contaminação
causada pó poluentes que causam danos à saúde dos capixabas (JORNAL SÉCULO
DIÁRIO, 2007, p. 5).
5 EDUCAÇÃO AMBIENTAL – CAMINHO PARA FORMAR O SUJEITO ECOLÓGICO
CRÍTICO
A educação ambiental é um conceito mais amplo, haja vista que tem relação com
o formar, conscientizar e desenvolver as potencialidades do sujeito, haja vista no prisma
da educação “que visa o homem; na verdade, que sentido terá a educação se ela não
estiver voltada para a promoção do homem? (SAVIANI, 2004, p. 35).
5.1 CARACTERÍSTICAS DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL
A Educação Ambiental como proposta transformadora e emancipatória visa
promover a compreensão: do ambiente, a autonomia e liberdades humanas em
sociedade, a ação crítica diante dos desafios da crise civilizatória, da democracia como
condição para a construção da sustentabilidade, a separar o entendimento do que seja
o processo de produção e o de consumo; da ética, instrumentos técnicos e contexto
sócio-histórico; romper e transformar os valores e práticas sociais contrários ao bemestar público, à equidade e à solidariedade (LIMA, 2002).
A relação da educação ambiental com o desenvolvimento sustentável a coloca
como referência para a construção de sociedades ecologicamente equilibradas, quando
em 2002, o MEC junto com a Coordenação Geral de Educação Ambiental (COEA)
realizou pesquisa junto as Secretarias Estaduais de Educação para identificar o
percentual de participação das instituições públicas de ensino em relação a Educação
Conhecimento em Destaque, Serra, ES, v. 04, n. 11, set./dez. 2015.
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Ambiental e os dados apurados mostram crescimento na implementação da Política
Nacional de Educação Ambiental (PNEA) sendo que: 59% das secretarias não
possuíam orçamento específico, para a educação ambiental. Na esfera municipal, 62%
não possuíam; 71% trabalhavam a partir do programa estadual de educação ambiental;
22% estavam elaborando e 7% não possuíam programa estadual de educação
ambiental (BRASIL, 2002).
Os dados da pesquisa do MEC (2002) citados acima mostram avanços da
Educação Ambiental no país. A escola enquanto espaço de aprendizagens deve
promover e desenvolver atitudes e comportamentos críticos em relação ao meio
ambiente, cabendo aos gestores da educação e aos professores criarem oportunidades
para que seja desenvolvido o conhecimento ambiental das crianças e dos jovens e,
assim, quem sabe, efetivar de modo eficaz a prática futura do desenvolvimento
sustentável
através
da
educação.
Mas,
a
relação
Educação
Ambiental
e
Desenvolvimento Sustentável se trata de uma questão que deve ser debatida mais
profundamente e com todos os segmentos da sociedade (GRÜN, 2000).
Muitas vezes, os professores se deparam com dificuldades em desenvolver
projetos interdisciplinares em função de sua formação ser fundamentada na visão
positivista e fragmentada do conhecimento. Em se tratando de projetos para a
educação
ambiental,
nas
escolas
estaduais
brasileiras,
57,5%
dos
projetos
desenvolvidos estão no município de Alegre, no Estado do Espírito Santo, no entanto,
nesse percentual não consta características interdisciplinares. É importante ressaltar
que 46,43% dos projetos apresentam a definição de metas que asseguram a busca
pela visão holística do conhecimento (SILVA; AMARAL; SANT’ANA, 2006).
Enquanto processo de aprendizagem, a Educação Ambiental tem como
propósito formar uma consciência voltada para o comportamento do homem em relação
ao meio ambiente, fator que reforça a importância e necessidade se trabalhar a
Conhecimento em Destaque, Serra, ES, v. 04, n. 11, set./dez. 2015.
21
temática no contexto formal da educação integrando-a a grade curricular (KLEIMAN;
MORAES, 2002).
5.1.1 Educação ambiental no contexto brasileiro
No Brasil, a trajetória histórica da educação ambiental apresenta um processo
significativo de evolução entre os anos de 1970 e 2000. Na década de 1970 surgiram
diferentes órgãos associados às questões ambientais, sendo o principal deles a
Secretaria Especial do Meio Ambiente (SEMA). Nos anos 1980 foram estabelecidas as
diretrizes para a Educação Ambiental. No período de 1990 a 2000 um dos eventos
marcantes foi a aprovação do Programa Nacional de Educação Ambiental – PRONEA
(BRASIL, 2005).
Em 1995, no Rio de Janeiro, o Fórum Internacional das Organizações Não
Governamentais consolidou o Tratado da Educação Ambiental para Sociedades
Sustentáveis e Responsabilidade Global como sendo um de seus principais
documentos reconhecendo, inclusive, a educação como direito dos cidadãos e devido a
sua capacidade de promover mudanças sociais e também comportamentais em relação
ao meio ambiente (LIMA, 2002).
Em 1998 o Ministério da Educação e Cultura (MEC) disponibilizou os Parâmetros
Curriculares Nacionais (PCNs) referenciando o Ensino Fundamental e o Ensino Médio
como recurso de apoio aos professores para as discussões pedagógicas, projetos
educacionais, planejamento de aulas, reflexões da prática educativa, de análise do
material didático e Educação Ambiental (BRASIL, 1998).
A Educação Ambiental apresenta, em seu conceito, variações e interpretações
de acordo com o contexto, com a influência e a com vivência de cada um, mas cabe ao
professor buscar mudanças de caráter teórico-pedagógicas a partir da união e
integração dos objetivos da pedagogia crítica e o pensamento da complexidade que
como resultado dá origem à pedagogia ambiental. A Educação Ambiental tem como
principais características conceber as questões ambientais a partir da compreensão
Conhecimento em Destaque, Serra, ES, v. 04, n. 11, set./dez. 2015.
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naturalista e conservacionista que decorre da crise ambiental, sobrevalorizando
respostas oriundas dos recursos tecnológicos em se tratando dos inúmeros desafios
ambientais e no Brasil a educação ambiental é concebida como ação educativa (LEFF,
2003).
5.1.1.1 Princípios da educação ambiental
No ambiente escolar entende-se a educação ambiental como pedagogia
ambiental. A proposta de educação ambiental consiste em uma ação transformadora,
com conteúdo emancipatório, em que a dialética entre forma e conteúdo promova de
acordo com Loureiro (2004, p.89) “as alterações da atividade humana, vinculadas ao
fazer educativo, impliquem em mudanças individuais e coletivas, locais, globais,
estruturais e conjunturais, econômicas e culturais”.
O fazer educativo ambiental tem princípios indispensáveis mediadores dos
interesses entre atores sociais que agem, usam e se apropriam dos recursos naturais;
os problemas ambientais são medidos pelas dimensões naturais econômicas, políticas,
simbólicas e ideológicas que ocorrem em um dado contexto histórico e que determinam
a apreensão cognitiva de tais problemas; perceber as relações existentes entre
educação, sociedade, trabalho e natureza, em um processo global de aprendizagem
permanente em todas as esferas da vida; preparar os sujeitos da ação educativa para
intervirem em processos decisórios (LOUREIRO, 2004).
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB, 1996), no art. 36, Inciso
I, prevê a Educação Ambiental nos conteúdos curriculares da educação básica de
forma multidisciplinar e integrada em todos os níveis de ensino. É uma forma de
desestimular o estudo e a pesquisa dos temas relacionados ao meio ambiente em sala
de aula envolvendo aluno, professor. Por outro lado, na expressão dos PCNs (1998) ao
trabalhar as questões voltadas para o meio ambiente o objetivo é contribuir para a
formação de cidadãos conscientes, mas a escola precisa trabalhar com atitudes, com
formação de valores (BRASIL, 2006; BRASIL, 2008).
Conhecimento em Destaque, Serra, ES, v. 04, n. 11, set./dez. 2015.
23
A proposta de trabalhar as questões ambientais com atitude e formação de
valores pode não ter alcançado seus objetivos, mas mostra a preocupação dos órgãos
oficiais com as questões ambientais e a necessidade de se trabalhar esse tema no
âmbito escolar. Nessa perspectiva, o professor em seu posicionamento quanto a
educação ambiental deve buscar e promover mudanças em sua prática pedagógica e
técnicas de ensino (LEFF, 2003).
Os conceitos de Educação Ambiental estão vinculados ao conceito de meio
ambiente, assim, refletir essa requer compreender a relação que existe entre educação,
escola e sociedade para que o trabalho educativo constitua um ato de produção
individual (SAVIANI, 2003).
5.2 FORMAÇÃO DO SUJEITO ECOLÓGICO CRÍTICO
Pensar dessa forma impõe ao educador maior responsabilidade ao conduzir no
tema em sala de aula. Para Leff é destaque a necessidade de ‘aprender a aprender’
através do dialógico autorreflexivo e emancipatório que permite alcançar o
conhecimento ambiental construído com o outro e acrescenta,
A crise ecológica atual é uma transformação da natureza induzida pelas
concepções metafísica, filosófica, ética, científica e tecnológica do mundo [...] e
nos leva a interrogar o conhecimento do mundo, a questionar esse projeto
epistemológico que busca a unidade, a uniformidade e a homogeneidade;
anunciando um futuro comum, negando o limite, o tempo, a história; a
diferença, a diversidade, a outridade [...]. (LEFF, 2003, p. 19).
Essa análise leva ao entendimento de em relação à educação ambiental o
professor deve buscar e proporcionar mudanças em sua prática teórico-pedagógica,
levando em conta que o fundamento da pedagogia é fusão entre a pedagogia crítica e
transformadora como suporte formativo quando se trata da construção e formação do
sujeito ecológico crítico pois “é preciso levar em conta que a preservação do meio
ambiente depende de uma consciência ecológica, e a formação da consciência
depende da educação” (GADOTTI, 2004, p. 405).
Conhecimento em Destaque, Serra, ES, v. 04, n. 11, set./dez. 2015.
24
A junção pedagogia crítica e pensamento da complexidade origina a educação
ambiental transformadora que para Loureiro (2004, p.66) consiste em um conjunto
homogêneo, distinto da educação que tem como princípio educação ambiental “como
perspectiva que se inscreve e se dinamiza na própria educação, formada nas relações
estabelecidas entre as múltiplas tendências pedagógicas e do ambientalismo”.
A educação é o caminho e o meio para formar cidadãos críticos e conscientes.
Em relação ao meio ambiente é na proposta de educação ambiental. Nesse contexto, o
“educador precisa estar capacitado para entender e se inserir nesse contexto, sabendo
que o que capacita o homem a tornar-se histórico é, antes e acima de tudo, sua
condição de sujeito” (PARO, 2010, p. 24).
As relações homem e meio ambiente constituem a base da proposta da
educação ambiental que para Loureiro (2004, p.89), busca se desenvolver dentro de
uma proposta transformadora, com conteúdo emancipatório que se realiza de tal
“maneira que as alterações da atividade humana, vinculadas ao fazer educativo,
impliquem em mudanças individuais e coletivas, locais, globais, estruturais e
conjunturais, econômicas e culturais”.
Está nas mãos do homem mudar seu comportamento e repensar suas ações em
relação ao meio ambiente. Daí, a necessidade de ser um sujeito ecologicamente
crítico.Nesse contexto, o fazer educativo ambiental tem seu processo de concretização
por meio de princípios que são indispensáveis o entendimento da escoação como
instrumento mediador de interesses e conflitos entre atores sociais que agem no
ambiente, a percepção de que os problemas ambientais são medidos pelas dimensões
“naturais”, econômicas, políticas, simbólicas e ideológicas. É antiga a discussão sobre
o que o consenso construído “camufla em torno de uma identidade chamada educação
ambiental, uma diversidade de posturas educacionais, metodológicas e conceituais,
políticas e ideológicas de diversos matizes” (AVANZI, 2007, p. 171).
Conhecimento em Destaque, Serra, ES, v. 04, n. 11, set./dez. 2015.
25
Concebendo-a mais uma educação temática e disciplina, a educação ambiental
é uma dimensão fundamental do processo pedagógico estando situada no centro do
projeto educativo de desenvolvimento, expressando que comunga os princípios
fundamentais do ser humano que são a participação, cidadania, autonomia, cultura e
sustentabilidade. Nesse sentido, “o projeto político-pedagógico de uma educação
ambiental crítica seria o de contribuir para uma mudança de valores e atitudes,
contribuindo para a formação de um sujeito ecológico” (DIAS, 2004, p.25).
O meio ambiente é, ainda, uma preocupação no meio acadêmico, que por meio
de pesquisas busca estudar e avaliar as consequências dos danos ambientais, a fim de
propor soluções e/ou alternativas que as empresas e a sociedade tenham e usufruam
de desenvolvimento com práticas autossustentáveis. No entanto, cabe à educação
“desenvolver e potencializar a prática da análise e da reflexão, pois somente a
educação que parte da reflexão, do crescimento em consciência, pode ser uma
educação verdadeiramente libertadora” (GUARESCHI, 2005, p. 26).
Enriquecer, ampliar a formação do sujeito ecológico crítico a partir dos propósitos
da educação ambiental é um processo que requer uma abordagem e reflexões acerca
das categorias que foram aplicadas por esse educador, pois elas podem ser valiosas
na aplicabilidade dessa proposta (GUARESCHI, 2005).
O crescimento industrial é responsável pelos problemas ambientais relacionados
à poluição do ar, da água, degradação dos recursos naturais, fauna, flora,
assoreamento, desmatamento, aquecimento global e também por danos à saúde do
homem e redução da qualidade de vida. Movimentos, encontros e eventos diversos
reúnem países e pessoas de todas as nações para discutir os danos ambientais e seus
impactos, é um chamado mundial de conscientização acerca da necessidade de
preservar, recuperar e manter os recursos naturais (VASCONCELOS, BRITO, 2010).
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Conhecimento em Destaque, Serra, ES, v. 04, n. 11, set./dez. 2015.
26
A urbanização, a industrialização e o plantio inadequado nas áreas rurais estão
entre os principais fatores que levam à degradação do solo e os impactos gerados
causam a erosão, destroem a cobertura que protege as propriedades do solo, tornam
áreas férteis em improdutivas. A má gestão e qualidade ambiental degrada a qualidade
de vida, reduz a atratividade da comunidade para investimentos e aumenta o custo
social dos possíveis investimentos. Esses fatores implica em desenvolvimento e
crescimento sem planejamento e com utilização inadequada dos recursos naturais. O
uso sustentável do solo está relacionado, diretamente, com essas questões. A atuação
conjunta entre os órgãos oficiais e os diferentes segmentos privados da economia
possibilita conquistar a excelência da qualidade nas relações e a sustentabilidade
econômica, social e ambiental.
Nas últimas décadas são notáveis algumas mudanças de comportamento e de
atitudes por parte das pessoas, da sociedade e das organizações que estudam,
definem e traçam metas, objetivos relacionados ao meio ambiente e, acima de tudo, e
desenvolvem sistemas de gestão ambiental em busca do desenvolvimento e
crescimento sustentável. Pode-se concluir a partir do desenvolvimento deste paper que
o uso sustentável do solo e o manejo adequado na exploração de seus recursos
naturais implica em preservação e proteção do meio ambiente e, porque não, da via do
ser humano.
São inegáveis e evidentes os avanços ocorridos na área ambiental nas últimas
décadas, em termos de em instrumentos técnicos, políticos e legais, sendo os principais
atributos para a construção da estrutura de uma política eficaz de meio ambiente. A
preservação do meio ambiente desempenha um importante no contexto social e requer
o desenvolvimento de ações protetoras e punitivas. Contudo, mesmo com medidas de
proteção fundamentada em dispositivos legais, reuniões e eventos de caráter mundial,
os problemas ambientais se agravam e, em função disso, aumenta a preocupação em
relação à falta de conscientização da sociedade e dos países que buscam o
crescimento econômico desordenado e sem uma proposta efetiva de sustentabilidade.
Conhecimento em Destaque, Serra, ES, v. 04, n. 11, set./dez. 2015.
27
O desenvolvimento deste estudo mostrou a posição do Espírito Santo na questão
da degradação ambiental na questão do assoreamento, desmatamento e poluição da
água não é das melhores. Isso indica que os mecanismos de proteção para serem
eficazes necessitam de maior fiscalização.
Assim, conclui-se que em termos de
degradação ambiental há mito ainda que fazer em relação as áreas ambientais
capixabas.
Mudança de comportamento e de atitudes por parte das pessoas, da sociedade
e das organizações que estudam, definem e traçam metas, objetivos relacionados ao
meio ambiente e, acima de tudo, e desenvolvem sistemas de gestão ambiental em
busca do desenvolvimento e crescimento sustentável. Em se tratando da educação
ambiental e a formação do sujeito ecológico crítico, este estudo destaca que a
preservação do meio ambiente é um dos principais elementos para a sobrevivência
humana e por isso exige que as organizações cumpram seu papel social e assuam
compromissos de desenvolver ações que protejam o meio ambiente.
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