VARIABILIDADE E SUSCEPTIBILIDADE CLIMÁTICA: Implicações Ecossistêmicas e Sociais de 25 a 29 de outubro de 2016 Goiânia (GO)/UFG A INFLUÊNCIA DO CLIMA NA DINAMICA DA PAISAGEM AGRÍCOLA NA REGIÃO DE CAMPO MOURÃO – PR. ENTRE OS ANOS DE 2005 A 2014 JEREMIAS ALÉCIO LEPERES DE MARINS1 NAIR GLORIA MASSOQUIM 2 VICTOR DA ASSUNÇÃO BORSATO3 RESUMO: Esta pesquisa tem como recorte espacial o município de Campo Mourão localizado na Mesorregião Centro Ocidental Paranaense, região de significativa diversificação na paisagem. O objetivo da pesquisa foi analisar a influencia e interferência dos fenômenos e anomalias climáticas na organização da paisagem agrícola (soja e milho safrinha). Nos aspectos socioambientais, apresenta estrutura geológica composta de rochas basálticas e geomorfologia pertinente ao planalto interiorano de Campo Mourão, relevos planos a suave ondulados com pequena área a leste em relevo dissecado. O clima é do tipo Cfb, transição para Cfa. O método de pesquisa foi o sistêmico, análise integrada da paisagem, e empírico, com estudo de campo e coleta de dados de clima e agricultura em órgãos públicos estaduais, a análise dos mesmos permitiram avaliar a interferência do clima na produtividade agrícola. Palavras-chave: Clima. Agricultura. Paisagem. ABSTRACT: This research has as spatial area, the municipality of Campo Mourão, located in the western central region of Parana, a region with significant diversification in its landscape. The main aim of this research is to analyze the influence and interference phenomena and climate anomalies in the organization of the agricultural landscape (soybeans and winter maize). As regards to the environmental aspects, it presents a geological structure composed of basaltic rocks and geomorphology relevant to the rural plateau of Campo Mourão, flat reliefs and soft wavy reliefs with small area in the east with dissected relief. The climate is Cfb, transition to Cfa. The research method used was the systemic; integrated landscape analysis and empirical, with field study and collection of climate and agriculture data in public and state agencies. Their analysis allowed it to evaluate the effect of climate on agricultural productivity. Keywords: Climate. Agriculture. Landscape. Acadêmico de Iniciação Cientifica no curso de Geografia. UNESPAR – Universidade Estadual do Paraná – Campus de Campo Mourão – [email protected] 2 Doutora em geografia - UNESPAR –UNIVERSIDADE Estadual do Paraná Campo Mourão [email protected] 3 Professor Associado, UNESPAR – Universidade Estadual do Paraná – Campus de Campo Mourão – [email protected] ou [email protected] 1 1772 VARIABILIDADE E SUSCEPTIBILIDADE CLIMÁTICA: Implicações Ecossistêmicas e Sociais de 25 a 29 de outubro de 2016 Goiânia (GO)/UFG 1 – Introdução O município de Campo Mourão se situa na Mesorregião Centro Ocidental Paranaense, entre as coordenadas geográficas de, 24º 17’ 47’’ e 23º 57’ 05’’ de latitude Sul e 52º 32’ 36’’ e 52º 11’ 11’’ de longitude Oeste, ocupando uma área de 757,875 km² (IBGE, 2010), com altitude de até 630 m. O grupo climático e de origem Subtropical, do tipo Cfb, transição para Cfa (ITCG/SIMEPAR, 2006). Geograficamente o município é limitado pelos municípios de Peabiru, Araruna, Farol, área de transição de solos e clima, consecutivamente com temperaturas mais elevadas nos municípios localizados a Oeste e, de temperaturas amenas, equiparadas a de Campo Mourão, ou mais fria nos municípios localizados a centro leste. A constituição da paisagem natural do município de Campo Mourão tem grande diversidade, contando desde a litologia/geologia, geomorfologia, pedologia, hidrografia e a vegetação, esta com significativa repercussão no tipo de uso da terra. Dentro das grandes paisagens naturais, o município esta situado dentro da Bacia Sedimentar do Paraná, no Terceiro Planalto, e faz parte de duas formações geológicas: A formação Serra Geral, do grupo São Bento, litologia constituída por sucessivos derrames magmáticos no período Cretáceo, que se estendeu por significativa porção do Sul do Brasil, o que foi denominado de “derrame de trapp”. A formação Caiua, do grupo Bauru, também se constituiu nos últimos 65 milhões de anos do período Cretáceo formando desertos arenosos que deu origem posteriormente, aos arenitos e formações de estrutura cruzada (MASSOQUIM, 2010). Para Colavite (2009) 88% do território do município está inserido na formação Serra Geral e apenas 12% está inserido na formação Caiua. Mesmo sendo, o território já conhecido desde o século XVI por colonizadores espanhóis, só foi ocupado em fins do século XIX. Mas, o que chamou a atenção na fase de ocupação foram as paisagens naturais, com áreas de campos entremeadas a de matas florestadas. Neste sentido a paisagem de campos se distinguia de outras áreas, pela vegetação de cerrado, encravada na mata pluvial tropical, ou como no dizer de Rodejan (2000), na Floresta Estacional Semidecidual. Sendo o encrave, testemunho de um clima passado (de condições áridas), modificado por condições climáticas em períodos recentes, propícia ao desenvolvimento agropecuário. A posição geográfica do território, a influencia da hidrografia regional e a facilidade do avanço por ocasião das frentes de colonização, fizeram de Campo Mourão uma região promissora. 1773 VARIABILIDADE E SUSCEPTIBILIDADE CLIMÁTICA: Implicações Ecossistêmicas e Sociais de 25 a 29 de outubro de 2016 Goiânia (GO)/UFG Ao longo dos anos toda a mesorregião ganhou destaque na produção agrícola, motivando o desenvolvimento de uma das maiores cooperativas agrícolas da America Latina (A COAMO), em razão da referência, destaca-se o desenvolvimento da agricultura e a importância da economia agrícola para a região. Como ponto fundamental da diversidade da paisagem tem a influencia do clima, o município está localizado (50 Km) ao Sul do tropico de Capricórnio. Neste contexto, considera-se que Campo Mourão está situado em área subtropical e possui influência das massas de ar tropicais e polares. Esporadicamente no período mais quente (especialmente, verão) temos a influência da Massa Equatorial Continental e da Tropical Continental. Essas massas de ar quando atuam na região vão auxiliar no desenvolvimento agrícola das culturas temporárias da soja, do trigo e do milho safrinha. Contudo a dinâmica das massas de ar desempenham papel de mediadoras das temperaturas e das condições do tempo, sendo ora quente, ora frio, seco, ou úmido, deixando tanto a paisagem natural, quanto a cultural, suscetível a variação dos fenômenos meteorológicos. 2 – Material e métodos Para o desenvolvimento da pesquisa no primeiro momento foi feito o reconhecimento da área de estudo e passou-se ao desenvolvimento da pesquisa, em que fazemos uso de uma abordagem analítico teórico e empírico, dentro do método sistêmico com a análise integrada da paisagem. Na abordagem teórica o referencial foi elaborado a partir da leitura das várias literaturas conceituais de clima, paisagem, agricultura e uso da terra. Dentre os autores, que abordam a temática discutiu-se Ayoade (1986), Ab Sáber (2003); Corrêa (1998); Bertrand (1972 e 2007); Maack (2002); Borsato (2006); Monteiro (2002); Mendonça (1996); Sant’ Anna Neto (2004); Colavite (2009); Massoquim (2010). Para a influência do clima a abordagem foi por meio de uma análise comportamental relacionando clima e agricultura regional entre os anos de 2005 a 2014. No segundo momento elaborou-se a parte prática, no qual elaborou-se o mapa de distribuição dos tipos climáticos no município de Campo Mourão, com fonte do ITCG/SIMEPAR (2006), organizado por Marins (2014). Estudo de campo (in loco), no qual fez-se uso de levantamento e análise de dados quantitativos e qualitativos a partir da coleta de dados de clima e da produção agrícola da soja e do milho safrinha. Os dados foram obtidos a partir do banco de dados de produção agrícola em órgãos públicos como: 1774 VARIABILIDADE E SUSCEPTIBILIDADE CLIMÁTICA: Implicações Ecossistêmicas e Sociais de 25 a 29 de outubro de 2016 Goiânia (GO)/UFG IPARDES, IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), SEAB/DERAL (Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Paraná e Departamento de Economia Rural), IAP (Instituto Ambiental do Paraná), EMATER e EMPRAPA. Outros materiais foram disponibilizados a partir de mapas meteorológicos 1010”A”, e dos BMs (Boletins Meteorológicos), especialmente as coleta de dados mensais de precipitação e de temperaturas obtidas nas estações: ECPCM (Estação Climatológica Principal de Campo Mourão) em convenio com o INMET (Instituto Nacional de Meteorologia), SIMEPAR, (Sistema Meteorológico Paranaense) em que analisou-se um período temporal de 10 anos, 2005 a 2014. Esses dados ainda foram comparados com os coletados em estação ordinárias efetivada em entrepostos da COAMO (Cooperativa Agrícola de Campo Mourão), dentre outras. A partir dos dados coletados elaboraram-se tabelas, das quais foram selecionadas para a análise as tabelas, 1 - Dados pluviométricos da Estação Climatológica Principal de Campo Mourão; Tabela 2: Área colhida, produção por tonelada e rendimento médio da cultura da soja e Tabela 3: Culturas de inverno do milho safrinha, ambas referentes ao período temporal dos anos de 2005 a 2014. no qual se analisou a influência dos eventos climáticos na dinâmica da paisagem e da produtividade agrícola. Neste contexto, foram selecionados os totais mensais de chuvas dos meses de janeiro a dezembro (2005 a 2014), comparou-se com os dados de produtividade das culturas do milho safrinha e da soja deste mesmo período, em que se analisou área colhida, produção por tonelada e rendimento médio, verificando-se a interferência positiva ou negativa do clima sobre a produtividade agrícola. 3 – Resultados e Discussões A paisagem se define como um método de estudo e por meio dela se possibilita a analise do espaço com todos os seus elementos. Para Mendonça (1996, p. 46) [...]“o estudo da paisagem se constitui num dos mais antigos métodos de estudo do meio natural pertencente à Geografia, à Geografia física, portanto”. Contudo, a paisagem não é só um método de estudo do espaço natural, este conceito também pode ser utilizado no espaço cultural e humanista, podendo ser interpretada nas paisagens urbanas, rurais, agrícolas e outras. 1775 VARIABILIDADE E SUSCEPTIBILIDADE CLIMÁTICA: Implicações Ecossistêmicas e Sociais de 25 a 29 de outubro de 2016 Goiânia (GO)/UFG Para Massoquim, (2010, p. 37) Entre os geógrafos há um consenso do que é paisagem embora tenha sido estudada sob diferentes ênfases, resulta, conforme (BERTRAN, 1971) da relação dos elementos físicos, biológicos e antrópicos, porque a paisagem não é apenas natural, mas é total, com todas as implicações da participação humana, inclusive mudanças. As mudanças na paisagem rural foram mais recorrentes após meados da década de 70 (1970), considerando que o processo produtivo passa a ser intensivo, com a introdução das culturas temporárias, voltadas a exportação, sob o novo modelo produtivo criado pelo modo capitalista de produção. Os tipos de cultivo que se destacaram neste novo modelo produtivo foram a soja, o milho, e o trigo. Mas, especialmente a soja, seguida do milho safrinha, que se adaptara melhor às condições geofisiologica da região. Inclusive com as melhorias genéticas, uma serie de variedades da soja foram adaptadas à região no sentido de melhorar a produtividade, dentre elas destaca-se: a soja Glycinemax (L.) Merrill sendo uma das mais importantes culturas na economia mundial. Seus grãos são muito usados pela agroindústria (produção de óleo vegetal e rações para alimentação animal), indústria química e de alimentos. Recentemente, vem crescendo também o uso como fonte alternativa de bicombustível (COSTA NETO & ROSSI, 2000). Segundo Yokoo (2007. p.30). “Para a obtenção de produções econômicas da soja, devem ser atendidas as exigências bioclimáticas básicas: térmicas fotoperiódicas e hídricas”. Portanto considera-se que, conforme já enfatizado, as culturas agrícolas são dependentes das condições climáticas de elementos como a precipitação e a temperatura, pois a soja apesar de ser considerada uma cultura resistente, também tem que se considerar suas exigências mínimas para uma boa produtividade. Segundo o ITCG/Simepar (2006), com base na distribuição climática de Kooppen (1918, 1936), em Campo Mourão há a influência de três tipos climáticos e mais três em zona de transição conforme pode ser observado na Figura, 1. O clima predominante no município é o Cfb, ao compararmos com o mapa de hipsometria verifica-se que há uma similaridade em áreas mais elevadas em que o clima se caracteriza pelos tipos climáticos Cfb, seguida em menor proporção pelo Cfa. Mas, os dois tipos climáticos se caracterizam por chuvas bem distribuídas, apesar de um ser de verões brandos (Cfb) e invernos mais frios e o outro (Cfa) de verões quentes e invernos amenos. 1776 VARIABILIDADE E SUSCEPTIBILIDADE CLIMÁTICA: Implicações Ecossistêmicas e Sociais de 25 a 29 de outubro de 2016 Goiânia (GO)/UFG Figura1- Distribuição dos tipos Climáticos no Município de Campo Mourão Fonte: ITCG/SIMEPAR, 2006. Org. Marins, 2014. Os tipos de clima são favoráveis, para agricultura, já que os índices pluviométricos (1400 mm a 1600 mm anuais) o caracterizam como uma região úmida com pouco períodos de estiagem prolongada. Contudo, está suscetível a anomalias climáticas e meteorológicas causados por vários fenômenos e sistemas de circulação atmosférico como os ENOS (El Niño Oscilação Sul) – a La Niña, as ASAS (Alta Subtropical do Atlântico Sul), as ZCAS (Zona de Convergência do Atlântico Sul), Alta da Bolívia, e as VCAN (vórtices ciclônicos em altos níveis), alem de outras. Por meio dos dados meteorológicos, analisados a partir da tabela 1, onde a precipitação pluviométrica esta distribuída nos meses de janeiro podemos verificar, em que alguns meses, a quantidade de chuva foi abaixo da normalidade, com isso interpreta-se como meses de deficiência hídrica, sendo muito prejudicial aos cultivos. Em vários meses as chuvas ficaram abaixo da média climatológica, porém alguns vão demonstra chuva muito abaixo da média que são ele os meses de fevereiro de 2005, junho de 2007, agosto de 2010 e 2012 e maio de 2011; estes meses tiveram índices inferiores a 10 mm. Por outro lado verifica-se que em outros meses tive chuvas acima de sua média climatológica, com destaque para janeiro de 2005, fevereiro de 2013, maio de 2013, junho de 2013 e 2014, 1777 VARIABILIDADE E SUSCEPTIBILIDADE CLIMÁTICA: Implicações Ecossistêmicas e Sociais de 25 a 29 de outubro de 2016 Goiânia (GO)/UFG outubro de 2009, e dezembro de 2010, nestes 2 meses a quantidade de chuva foi superior aos 300 mm. Quando esses dados são analisados junto aos dados de produção agrícola compreende-se como a precipitação pluviométrica vai influenciar na mesma, na qual a umidade do solo vai ser importante para todo o ciclo de desenvolvimento do cultivo, com isso a observação também foi feita no mês que antecede o plantio, como também a necessidade que cada tipo de planta precisa para seu desenvolvimento. Tabela 1- Dados pluviométricos da Estação Climatológica Principal de Campo Mourão ANO Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Total 2005 319.1 0 64.4 84.5 101.5 141.6 62.8 35.5 141 371 68.3 50.5 1389 2006 144.4 196.0 137.7 119 19.7 48.5 59.7 40 174.6 100.2 148.6 190.5 1709 2007 231.5 214.5 165.2 158.9 106.1 0.9 113.8 14.8 23 66.8 269.9 130.2 1324 2008 2009 2010 2011 154.2 205.3 276.4 130.9 78.5 121.2 189.9 225.6 174.3 114.3 156.4 176.5 92.3 51.7 155 100.5 109.3 243.6 101.9 9.1 94.6 123.3 26.8 160.8 32.7 229.6 43.6 208.3 285.2 88.1 8.1 167 73.3 197.5 87.1 43.5 94.6 334.4 186.6 231.4 138.9 193.1 133.4 148.9 100.9 91.2 346.4 71.9 2038 1711 1674 1419 Fonte: ECPCM/INMET (2015) 2012 208.2 82.5 68 263 85.1 225 40.8 4.1 32.3 111.2 49.1 250.4 2111 2013 286.3 356.2 308.1 77.8 180.5 348.6 71.5 10.4 112.9 162.2 94.9 101.8 2163 2014 219.7 171.5 195.3 146 205.4 325.5 110.5 30 240.7 96.9 187.5 234.0 1659 MÉDIA 204.5 163.6 156.0 124.9 116.2 149.6 97.3 68.3 113.1 165.8 143.3 156.8 2163 Analisando as tabelas com os dados agrícolas fornecido pela SEAB/DERAL, podese avaliar que em alguns anos o rendimento médio da soja, ficou bem acima em relação a outros, um dos exemplos pode-se verificar na primeira safra da soja, Tabela 2, em que o rendimento médio de 2009/10 e 2010/2011 foram superiores aos dos demais anos, se comparar o período de plantio e colheita verifica-se que no mês de outubro de 2009, mês de plantio, choveu mais de 300 mm, embora parecesse demasiada, a distribuição favoreceu o desenvolvimento e germinação da cultura da soja, percebeu-se ainda, que a altura da precipitação está de acordo como o ideal para uma boa germinação e granulação, por sua vez, o ano de 2008/09, não teve o mesmo desempenho, neste caso verificou-se índices pluviométrico bem abaixo do esperado principalmente no período de germinação, outubro de 2008, no qual choveu apenas 94.6mm, contando ainda que o índice foi bem inferior (73.3) no mês de setembro. Igualmente o ano de 2005/2006, com a estiagem de primavera/verão nos meses de novembro e dezembro. 1778 VARIABILIDADE E SUSCEPTIBILIDADE CLIMÁTICA: Implicações Ecossistêmicas e Sociais de 25 a 29 de outubro de 2016 Goiânia (GO)/UFG Tabela 2: Área colhida produção por tonelada e rendimento médio da cultura da soja SOJA SAFRA NORMAL ANO AREA COLHIDA (há.) PRODUÇÃO (ton.) RENDIMENTO (Kg/ há.) 2005/06 2006/07 45.500 45.700 124.078,5 145.326 2.727 3.180 2007/08 2008/09 2009/10 2010/11 2011/12 2012/13 45.000 45.500 47.000 49.500 48.000 48.200 139.500 113.750 155.100 168.300 124.800 155.348,6 Fonte: SEAB/DERAL 3.100 2.500 3.300 3.400 2.600 3.223 Segundo um estudo feito pela EMBRAPA (2001), em que 79% do territorio de Campo Mourão, tinha aptidão pedoclimática para plantação da soja. No mapa 2, pode-se observar as areas onde é recomendavel a se plantar a oleaginosa . Mapa 2- Zoneamento pedoclimático da soja. Mas, ao contrário da soja o trigo não foi tão promissor, isso se deve a eventos climáticos, especialmente às geadas, esse fato levou a região,em meados da década de 1990, desviar grande proporção da área de cultivo, com o trigo, para introdução do milho safrinha, também de risco, porem com maior rentabilidade e melhores preços de mercado. Contudo, a cultura do milho safrinha também e suscetível a deficiência hídrica, boa parte deste cultivo é plantado nos meses de fevereiro a março, como se pode verificar, nos 1779 VARIABILIDADE E SUSCEPTIBILIDADE CLIMÁTICA: Implicações Ecossistêmicas e Sociais de 25 a 29 de outubro de 2016 Goiânia (GO)/UFG dados da Tabela 3, no ano de 2005, durante o final do verão e outono, época de plantio, germinação e granulação do milho safrinha, a precipitação esteve abaixo do esperado, inclusive com mmm de precipitação em fevereiro. Já parra o trigo, os anos subseqüentes 2006/ 2007, foram acometido por uma forte La Niña (MASSOQUIM, 2010), alem da estiagem nos meses de abril, maio e junho, época de plantio, contribuindo também para diminuição da área plantada. No ano de 2013, tivemos fortes geadas no mês de julho, época na florada e granação do trigo e consecutivamente, novamente a produção teve uma das menores rendimentyos Kg/hectare. Tabela 3: Área Plantada e Produção por Tonelada da Cultura do Milho Safrinha 2005 a 2013 CULURA DO MILHO SAFRINHA CULTURA DO TRIGO ANO 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 AREA COLHIDA (ha.) 5.400 6.000 9.000 11.000 12.000 5.500 6.600 12.000 12.000 PRODUÇÃO (ton.) 10.044 22.320 36.000 44.000 25.200 24.475 23.760 44.640 48.000 RENDIMENTO (Kg/ ha.) ANO AREA COLHIDA (ha.) 1.860 2005 10.000 3.720 2006 8.000 4.000 2007 6.500 4.000 2008 10.000 2.100 2009 12.000 4.450 2010 11.000 3.600 2011 12.500 3.720 2012 12.000 4.000 2013 4.200 Fonte: SEAB/DERAL PRODUÇÃO (ton.) RENDIMENTO (Kg/ ha.) 22.310 11.200 11.277 29.800 28.656 33.000 27.500 31.200 5.208 2.231 1.400 1.735 2.980 2.388 3.000 2.200 2.600 1.240 4 – Considerações Finais Constatou-se que a influência climática na produção agrícola no município de Campo Mourão tem demonstrado suscetibilidade, aos agentes pluviométricos. Períodos de estiagem de primavera/verão, têm interferido na produtividade da soja, especialmente quando esse ocorre no mês de outubro que esta relacionado com a época de plantio. Neste sentido verificou-se que em 3 dos 8 anos verificados, a produtividade da soja foi afetada. Verificou-se ainda que na época de plantio e durante todo o período fonológico o milho safrinha esta mais propicia aos longos períodos de estiagens de outono/inverno, resultando em pouca umidade no solo. Observou-se como conseqüências, diminuição da área cultivada com o milho safrinha, atraso no período de plantio o que pode prejudicar o desenvolvimento da planta por conta do frio de junho e julho, acarretando a quebra na produtividade, em 5 dos anos analisados entre 2005 a 2013. Observou-se que tanto o milho safrinha quanto o trigo estão muito mais sujeitos a sofrer baixas em razão das anomalias climáticas, especialmente com os baixos índices pluviométricos e as geadas, já que no período outono/inverno, puderam-se verificar meses 1780 VARIABILIDADE E SUSCEPTIBILIDADE CLIMÁTICA: Implicações Ecossistêmicas e Sociais de 25 a 29 de outubro de 2016 Goiânia (GO)/UFG com os menores medias pluviométrica. Verificou-se conforme tabela 1, que no primeiro ano analisado (2005), no mês de fevereiro não houve precipitação pluviométrica, ficando em 0,0 mm. Considerando que este é o mês do plantio do milho, e como também nos meses posteriores não houve uma recuperação das chuvas, meses com precipitação pluviométrica abaixo da média, no período da pesquisa, observou-se quebra no rendimento médio da produção. Como o milho safrinha nessa época do ano (outono/inverno), em alguns locais do entorno, pode chegar até 4.000Kg por há. Considera-se que as condições climáticas interferem no desempenho e produtividade da cultura. Neste sentido, fica constatado que as anormalidades climáticas interferem tanto negativa quanto positivamente, no plantio, ou na colheita, em praticamente todos os anos, testificando a vulnerabilidade da agricultura mediante ao clima. 5 – Referências AB’ SABER, A. N. Os Domínios de Natureza no Brasil - potencialidades paisagísticas. São Paulo Ateliê Editorial, 2003. AYOADE, J, O. Introdução à climatologia para os trópicos. 5º edição, Rio de Janeiro: Bertrand Brasil,1998. BERTRAND, G. 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