NOTA TÉCNICA Nº 002/2013 Prezado profissional de saúde: A Secretaria Estadual de Saúde do Paraná vem através deste, solicitar uma atenção ao Tétano Acidental, no que diz respeito à situação vacinal (visto ser um agravo imunoprevenível) e a assistência adequada e oportuna, visando reduzir a incidência e morbimortalidade. Agradecemos antecipadamente sua contribuição e ficamos à disposição para quaisquer esclarecimentos. RESUMO TÉCNICO SOBRE TETANO ACIDENTAL CID 10: A35 Doença infecciosa aguda não contagiosa, causada pela ação de exotoxinas produzidas pelo CLOSTRIDIUM TETANI (bacilo gram-positivo esporulado, anaeróbico), as quais provocam um estado de hiperexcitabilidade do sistema nervoso central. Reservatório C. tetani é normalmente encontrado na natureza, sob forma de esporo, podendo ser identificado em: pele, fezes, terra, arbustos, poeira das ruas, trato intestinal dos animais. Período de incubação e transmissibilidade Varia de 1 dia a meses, geralmente de 3 a 21 dias. Quanto menor for o tempo de incubação, maior a gravidade e pior o prognóstico. Não há transmissão direta de um individuo para outro Suscetibilidade e imunidade A suscetibilidade é universal, independendo de sexo ou idade. A imunidade permanente é conferida pela situação vacinal atualizada. Devem ser aplicadas 3 doses e 1 reforço a cada 10 anos, ou cada 5 anos quando gestante, ou em ferimentos graves, sempre que necessário. A doença não confere imunidade. Mesmo tendo tido a doença não significa que a pessoa esteja protegida do Tétano! Há possibilidade de que ela venha a contrair o tétano novamente. Fique atento ao estado vacinal de pacientes que tenham profissões ou ocupações de maior risco de adoecer de tétano, tais como: trabalhadores do campo,da construção e da industria, jardineiros, coletadores de resíduos, marceneiro, motoboy, vítimas de acidentes de trânsito e pessoas que tenham como lazer lidar com a terra Manifestações clínicas Hipertonia dos músculos: masseteres (trismo e riso sardônico); pescoço (rigidez de nuca); faringe (disfagia); contratura progressiva dos mmss e mmii (hiperextensão de membros); retoabdominais (abdômen em tabua); paravertebrais (opistótono); diafragma (insuficiência respiratória). Os espasmos são desencadeados espontaneamente ou aos estímulos. Período de infecção – dura, em média, de 2 a 5 dias e não apresenta período de remissão. SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE DO PARANÁ SUPERINTENDÊNCIA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE - SVS CENTRO ESTADUAL DE VIGILANCIA EPIDEMIOLÓGICA - CEPI DIVISÃO DE VIGILÂNCIA DE DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS - DVVTR Rua Piquiri, 170 - Curitiba – Paraná – CEP 80230-140 - Fone (41)3330-4559 / 3330-4561 Período toxêmico – sudorese pronunciada; retenção urinária por bexiga neurogênica.Inicialmente, as contrações tônico-clônicas ocorrem sob estímulos externos e, com a evolução da doença ocorrem espontaneamente. É uma característica da doença a lucidez do paciente, ausência de febre ou febre baixa.A febre acima de 38°C é indicativa de infecção secundária ou maior gravidade do tétano. Diagnóstico diferencial Intoxicação por estricnina, Meningites, Tetania, Raiva, Histeria, Intoxicação pela metoclopramida e neuroleptico, entre outros. Diagnóstico laboratorial e exames complementares O diagnóstico é clinico – epidemiológico. O laboratório é usado para controle de complicações. Tratamento Os princípios básicos do tratamento do tétano são: Sedação do paciente; neutralização da toxina tetânica; eliminação do C. tetani no paciente; debridamento do foco infeccioso; medidas gerais de suporte. O doente deve ser internado em local com o mínimo de ruído e luminosidade e temperatura estável. Casos graves têm indicação de UTI. Medidas gerais Manipular o paciente somente o necessário Garantir assistência multiprofissional e especializada Realizar punção venosa profunda ou dissecção de veia Sedar o paciente antes de qualquer procedimento Manter as vias aéreas permeáveis (se necessário, entubar, para facilitar aspiração de secreção) Prevenir escaras, mudando o paciente de decúbito de 2/2 horas Notificar o caso ao serviço de vigilância epidemiológica da secretaria municipal de saúde Debridamento do foco Limpar os ferimentos com soro fisiológico ou água e sabão Realizar debridamento retirando tecidos desvitalizados e corpos estranhos. Fazer limpeza com água oxigenada ou solução de permanganato de potássio a 1: 5.000 Os ferimentos puntiformes e profundos devem, ser abertos em cruz e lavados generosamente com soluções oxidantes (H²O²) Sedação do paciente Recomenda-se administração de benzodiazepínico e miorrelaxantes. A posologia pode ser individualizada e a critério médico. SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE DO PARANÁ SUPERINTENDÊNCIA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE - SVS CENTRO ESTADUAL DE VIGILANCIA EPIDEMIOLÓGICA - CEPI DIVISÃO DE VIGILÂNCIA DE DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS - DVVTR Rua Piquiri, 170 - Curitiba – Paraná – CEP 80230-140 - Fone (41)3330-4559 / 3330-4561 QUADRO 1 Sedativos Miorrelaxantes Doses Adulto 0,1 a 0,2mg/kg/dose (até 20 mg/kg/dose ) Via de Administração De 12/12h ou 6/6h Criança 0,1 a 0,2 mg/kg/dose Clorpromazina (indicada quando não houver resposta com Diazepan) Adultos 0,07 a 0,1 mg/kg/dia Crianças 0,15 a 0,20mg/kg/dia Adultos 25 a 50mg/kg/dia (ate1g/dia) Crianças acima de 6 meses (0,55mg/kg/dia) Duração Em crianças não exceder 0,25mg/kg/dose Até controlar as contraturas. Atenção quanto ao risco de depressão respiratória 1 hora ou mais Usar em bomba de infusão EV Diazepan Midazolan (em substituição ao diazepam) Esquema EV 8/8h ou ate de 6/6h EV Até controlar as crises de contraturas Neutralização da toxina tetânica: Utiliza-se a imunoglobulina antitetânica (IGHAT) ou soro antitetânico (SAT) QUADRO 2 Dosagem Via de Administração Observação IGHAT 1000 a 3000UI (até 6000UI) Somente IM, por conter conservante. SAT 10.000 a 20.000 UI IM ou EV (preferencial) Administrar em duas massas musculares diferentes Se IM administrar em duas massas musculares diferentes Se EV diluir em soro glicosado a 5%,com gotejamento lento. Erradicação do C. tetani A Penicilina G Cristalina é a medicação de escolha. O Metronidazol como alternativa.(A posologia deve ser individualizada e a critério médico) QUADRO 3 Antibioticoterapia Adultos Penicilina G Cristalina 200.000 UI/dose Crianças 50.000 a 100.000 UI/kg/dia Adultos Metronidazol 500mg/dose Crianças 7,5mg/kg/dia EV De 4/4h 7 a 10 dias EV De 8/8h 7 a 10 dias SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE DO PARANÁ SUPERINTENDÊNCIA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE - SVS CENTRO ESTADUAL DE VIGILANCIA EPIDEMIOLÓGICA - CEPI DIVISÃO DE VIGILÂNCIA DE DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS - DVVTR Rua Piquiri, 170 - Curitiba – Paraná – CEP 80230-140 - Fone (41)3330-4559 / 3330-4561 Júlia V. F. Cordellini Chefia da Divisão de Vigilância de Doenças Transmissíveis Cleide Aparecida de Oliveira Chefe do Centro Estadual de Epidemiologia Sezifredo Paulo Alves Paz Superintendente de Vigilância em Saúde SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE DO PARANÁ SUPERINTENDÊNCIA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE - SVS CENTRO ESTADUAL DE VIGILANCIA EPIDEMIOLÓGICA - CEPI DIVISÃO DE VIGILÂNCIA DE DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS - DVVTR Rua Piquiri, 170 - Curitiba – Paraná – CEP 80230-140 - Fone (41)3330-4559 / 3330-4561