INTRODUÇÃO A AR é uma das mais importantes doenças reumáticas por suas características epidemiológicas e clínicas. É uma moléstia inflamatória crônica, comprometendo basicamente as articulações, de uma forma generalizada, simétrica, aditiva e habitualmente evolutiva. É uma doença auto-imune de etiologia desconhecida e pode acometer outros órgãos e sistemas. Os primeiros eventos da AR são lesões microvasculares, edema de tecidos e proliferação das células sinoviais. O processo continua com destruição da cartilagem articular, ligamentos, tendões e osso. Ocorre um espessamento edematoso inflamatório inespecífico da sinóvia (pannus) que tem um grande poder destrutivo e invasivo na articulação. O curso clínico da AR é muito variável, desde uma doença leve atingindo poucas articulações, até uma poliartrite rapidamente destrutiva e progressiva. A AR pode afetar qualquer articulação diartrodial. Aquelas acometidas mais comumente são as pequenas articulações das mãos, radiocarpais, joelhos e pés (O’Dell, 2005; Zvaifler, 1998). Na literatura, é possível encontrar estudos laboratoriais, e em animais, a favor da terapia por LBI na inflamação articular. No entanto, poucos estudos clínicos mostram a indicação do uso do laser na AR. No que se refere a estudos laboratoriais, podemos encontrar: A avaliação histológica da membrana sinovial reumatóide, após irradiação com LBI, mostra que estão presentes mudanças no processo inflamatório e que danos da membrana sinovial podem ser revertidos. A exposição a esse método terapêutico tem mostrado: aumento da síntese de proteína nas células sinoviais reumatóide, normalização da permeabilidade da membrana sinovial, aumento da microcirculação regional (Goldman et al, 1980). Estudos “in vitro” demonstraram que a mudança, no metabolismo das culturas celulares, indica a possibilidade de um efeito imuno-modulador do LBI (Karu, 1989). A estimulação dos macrófagos, junto com a excitação de células sinoviais inflamadas, induzida pelo laser, pode resultar na remoção de imuno-complexos (Palmgren et al, 1989). Young et al (1989) realizaram um estudo “in vitro” com LBI, analisando seu efeito nos macrófagos. As células foram expostas à irradiação laser de 660nm, 18 INTRODUÇÃO 820nm, 870nm e 880nm. Os resultados indicaram que essa irradiação pode modificar sua habilidade de afetar a proliferação dos fibroblastos. Amano et al (1994) estudaram a histologia da membrana sinovial, previamente tratada com LBI, de pacientes com AR. Irradiaram, com LBI AsGaAl de 790nm e 10mW de potência, joelhos de pacientes que iriam passar por cirurgia e, durante o procedimento cirúrgico, retiraram amostras de membrana sinovial irradiadas e não irradiadas. O tratamento foi feito por 6 dias antes da cirurgia. Os resultados encontrados foram: 1 – achatamento, afrouxamento intercelular e pcnose (degeneração do núcleo celular) das células epiteliais; 2 – diminuição da proliferação do vilo sinovial; 3 – compactação do estroma; 4 - espessamento da parede dos vasos sangüíneos e estreitameno dos lúmens; 5 - diminuição da infiltração de células inflamatórias e folículos linfóides. Os avaliadores das amostras foram cegos e estes autores concluíram que houve diferença, estatisticamente significante, entre as análises das membranas sinoviais, sugerindo que esta terapia tem efeitos antiinflamatórios. Barberis et al (1996) analisaram a síntese de prostaglandina E2 (PGE2) ¨in vitro¨ em 12 amostras (por biópsia) de tecido sinovial de joelhos afetados pela AR. Os joelhos tinham sido irradiados com LBI do tipo HeNe de 632,8nm e 5mW de potência. Esses autores concluíram que houve a redução da síntese de PGE2 e que esse fato poderia estar associado a uma possível redução da dor nesses pacientes. Bjordal et al (2003) também comentam que estudos “in vitro” têm demonstrado diminuição da inflamação através da redução da síntese de prostaglandinas em culturas celulares irradiadas com LBI. Alguns autores descrevem também estudos feitos em animais: Schultz et al (1985) notaram que a cartilagem de porco, quando em exposição ao LBI, inicia o processo de regeneração articular apenas 4 semanas depois da irradiação, e inferiram que o controle do mecanismo mitótico está envolvido. O LBI aumentou os proteoglicanos da cartilagem, colágeno, proteínas não colágenas e síntese do ácido desoxirribonucleico (DNA) em estudos animais (Herman et al, 1989). 19 INTRODUÇÃO Honmura et al (1992) estudaram o efeito antiinflamatório do LBI em ratos. A inflamação foi induzida por carragenina e os ratos foram tratados com LBI AsGaAl de 780nm ou indometacina. Os resultados mostraram que os ratos tratados com LBI tiveram melhores resultados do que os tratados com medicamento. Esses autores relataram que, em menos de 10 minutos, a inflamação diminuiu de 20 a 30%. Ulugöl et al (1997) realizaram um estudo em ratos com o objetivo de comprovar a ação antiinflamatória do LBI. Induziram a inflamação em 40 patas de animais e dividiram as cobaias em 4 grupos: GC (sem tratamento), grupo que utilizou tenoxicam, grupo que usou LBI e grupo que foi tratado com LBI e tenoxicam. Os ratos foram tratados por 10 dias e o LBI usado foi o HeNe com 4mW de potência. Esses autores concluíram ter havido uma redução significante do edema nos 3 grupos experimentais, quando comparados ao controle e que o melhor resultado ocorreu no grupo tratado com LBI e tenoxicam. Os autores sugerem que o LBI pode auxiliar em tratamentos antiinflamatórios. Usuba et al (1998) realizaram um estudo em ratos com o objetivo de comparar o efeito do LBI com um tratamento em um turbilhão para a diminuição de rigidez articular. Vinte e oito ratos foram operados e foi feita uma sutura subcutânea femorotibial, mantendo o joelho a 150 graus. Após uma semana, os ratos foram divididos em 4 grupos e tratados com LBI de 810nm com 40mW de potência, com LBI com 60mW de potência, com turbilhão e um GC sem tratamento. No turbilhão, os ratos nadavam em água quente por 7 minutos. O LBI não teve resultados superiores aos exercícios em água quente. No entanto, os resultados foram superiores quando comparados ao grupo sem tratamento. Guerino et al (2000) aplicaram LBI em 19 cobaias e constataram melhora do processo de reparo da cartilagem lesada através da redução das células inflamatórias e danos teciduais. Castano et al (2007) realizaram um experimento em joelhos de ratos para verificar a efetividade do LBI na inflamação induzida. O laser usado foi de 810nm. Esses autores testaram vários tempos de aplicação do laser e concluíram que tempos maiores e menores diminuíram a circunferência dos joelhos tratados; no entanto tempos maiores (doses maiores) foram mais efetivos. 20 INTRODUÇÃO Alguns estudos também foram feitos em humanos: Minor et al (1999) publicaram um artigo de revisão, discutindo as principais modalidades físicas para reduzir a dor na artrite e referiram que os estudos sobre laser são feitos principalmente em AR e OA, geralmente nas mãos e com resultados controversos. Brosseau et al (2005) relatam que a terapia com LBI foi introduzida, como tratamento não invasivo da AR, há mais de 10 anos, porém sua efetividade continua duvidosa. Bliddal et al (1987) analisaram 17 pacientes com AR com o objetivo de comprovar a efetividade do LBI nas mãos afetadas. A dor melhorou, em ambas as mãos, sem diferença estatisticamente significante. Os autores concluem que, apesar de os pacientes terem referido algum alívio na dor, o LBI não é efetivo para a AR. Walker et al (1987) avaliaram 72 pacientes com AR para verificar a efetividade do LBI nesta doença. Os pacientes tiveram alívio na dor no GE, com diferença, estatisticamente significante, quando comparados ao GC; daí a conclusão dos autores de que o LBI auxilia no tratamento da AR. Palmgren et al (1989) estudaram 35 pacientes, apresentando AR com as metacarpofalângicas (MCFs) e interfalângicas proximais (IFPs) afetadas para provar a efetividade do LBI. No grupo laser, a força e a flexibilidade melhoraram; o inchaço, a rigidez matinal e a dor diminuíram. Os autores concluíram que o LBI é um tratamento efetivo para pacientes com AR nas mãos. Heussler et al (1993) analisaram 28 pacientes com AR, com comprometimento de MCFs e IFPs em fase ativa da doença tratados com LBI ou placebo. A maioria dos pacientes, reportou alívio na dor, mas não houve diferença, estatisticamente significante, entre os grupos placebo e laser. Gam et al (1993) realizaram um levantamento bibliográfico sobre laser nas doenças musculoesqueléticas. Os resultados apontaram 23 estudos, entre os quais, 2 eram sobre OA e 5, sobre AR. Os autores detectaram diversas falhas metodológicas nesses estudos, porém, em 95% deles, havia um índice para medir dor, 21 INTRODUÇÃO tendo a maioria indicado que a terapia com o laser não diminuiu a dor desses pacientes. Os autores confirmam a controvérsia sobre o assunto. Hall et al (1994) analisaram 40 pacientes com AR classes funcional de Steinbrocker II e III, que apresentavam acometimento de MCFs ou IFPs em fase ativa (sinovite aguda). Os autores queriam provar a efetividade do LBI nesses pacientes. O laser usado foi o AsGaAl. Não houve diferença, estatisticamente significante, entre os grupos experimental e controle. Johannsen et al (1994) avaliaram 22 pacientes com AR, que foram randomizados em 2 grupos: laser e laser placebo. O estudo mostrou que não houve diferença, estatisticamente significante, entre os grupos. Os autores inferiram que a terapia com o LBI não é indicada para o tratamento de pacientes com AR nas mãos. Goats et al (1996) estudaram 35 pacientes com AR e com as articulações dos membros inferiores afetadas com o objetivo de testar a efetividade do LBI. O estudo foi randomizado, controlado e duplo-cego. Para essas articulações, os autores concluem que o LBI não foi efetivo. Ottawa Panel (2004) publicou um guideline sobre meios físicos em AR. No que diz respeito ao LBI, encontraram cinco trabalhos controlados randomizados. A recomendação clínica foi que o laser poderá ser aplicado no pé, joelho e mão, na AR, para diminuir a dor. Os resultados do guideline foram encaminhados a 5 especialistas e 2 deles concordaram com a recomendação; 1 não concordou e 2 não responderam. Os autores desse estudo sugerem que este resultado está de acordo com revisões sistemáticas prévias e estudos sobre fisiologia (humana e animal). Ottawa Panel (2004) também comentou que o laser é uma intervenção rápida e modelos portáteis estão disponíveis oferecendo vantagens. Sugere, ainda, que mais estudos devam ser feitos para determinar o comprimento de onda, dosagem, técnica de aplicação e durações ótimas para essa intervenção e, também, para identificar resultados a longo prazo para pacientes com AR. Brosseau et al (2005) realizaram uma revisão sistemática para avaliar a efetividade da terapia por LBI em pacientes com AR principalmente no que se refere a dor. Os objetivos secundários desta pesquisa foram determinar a maior efetividade e 22 INTRODUÇÃO administração do LBI, incluindo as melhores dosagens, comprimentos de onda, técnica de aplicação e tempo de tratamento. Cento e noventa e um estudos foram selecionados e apenas 6 preencheram os critérios de inclusão desse estudo. Esta revisão mostrou diferenças, estatisticamente significantes, na dor (70% menor no GE), para flexibilidade dos dedos e rigidez matinal (27 minutos a menos no GE). Tal estudo sugere que a terapia por LBI, a curto prazo, minimiza a dor nos pacientes com AR, diminui a rigidez matinal e nenhum efeito colateral foi citado. Os autores relatam que, apesar da indicação do uso do LBI, os dados do estudo não são consistentes para conclusões sólidas. Christie et al (2007) apresentaram uma panorâmica das revisões sistemáticas sobre intervenções não medicamentosas em pacientes com AR. Entre outros achados, o LBI foi apontado como um tratamento de qualidade de evidência moderada para essa doença. Apesar de a literatura científica ser limitada em quantidade e evidências de boa qualidade, existe a recomendação para o uso do laser. A principal dificuldade em determinar a efetividade das intervenções em reabilitação é a falta de ECRs prospectivos bem desenhados com métodos mais rigorosos como grupo placebo, duplo-cegos, randomização, grupos homogêneos e adequado tamanho de amostra. A maioria dos autores pesquisados afirmaram que mais ECRs devem ser feitos para comprovar a efetividade do LBI na AR (Brosseau et al, 2005; Ottawa Panel, 2004; Brosseau et al, 2000; Goats et al, 1996; Hall et al, 1994; Johannsen et al, 1994; Heussler et al, 1993; Gam et al, 1993; Palmgren et al, 1989; Bliddal et al, 1987; Walker et al,1987). 23 2. Objetivo OBJETIVO Avaliar a efetividade do laser de baixa intensidade no tratamento das mãos de pacientes com artrite reumatóide, em relação à diminuição da dor e melhora da capacidade funcional. 25 3. Material e Métodos MATERIAL E MÉTODOS Esse estudo é do tipo ensaio clínico controlado randomizado duplocego. Foram estudados 82 pacientes com o diagnóstico de AR, segundo os critérios de classificação do Colégio Americano de Reumatologia (ACR) (Arnett et al,1988), selecionados dos ambulatórios da Disciplina de Reumatologia da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). O estudo foi aprovado pelo comitê de ética da UNIFESP (Anexo 1) e todos os pacientes assinaram um termo de consentimento livre e esclarecido para participar da pesquisa (Anexo 2). Os pacientes foram randomizados em 2 grupos: GE (laser) e GC (laser placebo). A randomização foi realizada a partir de uma seleção aleatória feita no programa Excel e, para cada paciente, foi atribuído um envelope opaco e lacrado que continha o grupo participante. Os pacientes e o terapeuta, que selecionou os componentes do estudo, desconheciam o conteúdo do envelope (sigilo de alocação). Para o cálculo do tamanho da amostra, foi usada a variável dor (parâmetro principal do estudo). Foi considerado o nível de significância de 1%, o poder do teste de 95% e a variância da dor igual a 5, como apresentado no artigo de Hall et al (1994). Para se detectarem diferenças significativas de 2 pontos na escala visual analógica (EVA) de dor, o número da amostra (n) foi estabelecido em, no mínimo, 32 pacientes em cada grupo (Sokal et al, 1969; Bussab et al, 2002). Considerando possíveis perdas, participaram do estudo 41 pacientes em cada grupo. Os critérios de inclusão foram: pacientes com AR há pelo menos 1 ano, acometimento inflamatório de pelo menos duas articulações das mãos entre radiocarpal, IFP e MCF, EVA para dor entre 3 e 8 cm durante as atividades de vida diária, classe funcional de Steinbrocker II e ambos os gêneros. Os critérios de exclusão foram: apresentar lesões de pele no local da aplicação, apresentar outra doença afetando as mãos, tratamento fisioterapêutico para as mãos nos últimos 3 meses, infiltração nos últimos 3 meses, alteração de drogas anti-reumáticas modificadoras da doença nos últimos 3 meses e alteração do corticoesteróides no último mês. 27 MATERIAL E MÉTODOS O laser utilizado para o tratamento dos pacientes no GE foi de baixa intensidade tipo AsGaAl com comprimento de onda de 785nm (infravermelho), dosagem de 3J/cm2 , potência média de 70mW e área do feixe de 0,06cm2 da marca BIOSET (Indústria de Tecnologia Eletrônica Ltda – Rio Claro - Brasil) (figura 8). A técnica de aplicação realizada foi "em contato com a pele". Figura 8. Laser de baixa intensidade O GC realizou o tratamento com o mesmo laser simulado (placebo). Para o laser placebo, foi utilizado o mesmo aparelho com um bloqueio na passagem da luz laser. Terapeuta e pacientes foram cegos. O aparelho apresenta uma luz-guia que é um feixe que aponta com precisão o local a ser irradiado quando se usa a técnica de aplicação "sem contato com a pele". Quando utilizávamos o aparelho sem o bloqueio da luz laser, a luz-guia poderia ser vista. Para garantir que terapeuta e pacientes não vissem essa luz e não soubessem que tipo de laser estava sendo aplicado (experimental ou placebo), utilizamos, em todas as aplicações, um pano cobrindo a mão do paciente e a caneta laser no momento do disparo do laser (figura 9). 28 MATERIAL E MÉTODOS Figura 9. Aplicação do laser Foram estabelecidos 6 pontos de aplicação para as radiocarpais na altura das pregas destas, sendo 3 pontos dorsalmente e 3 pontos ventralmente, 4 pontos de aplicação nas MCFs sobre as pregas dígitopalmares nas margens ulnar, radial, ventral e dorsal e 4 pontos nas IFPs e interfalângicas (IFs) dos polegares sobre as pregas IFPs nas margens ulnar, radial, ventral e dorsal (figura 10). 29 MATERIAL E MÉTODOS Figura 10. Pontos de aplicação O tratamento foi feito por um fisioterapeuta treinado para a aplicação da técnica. Pacientes e terapeuta usaram óculos protetores específicos. Os pacientes foram orientados por um reumatologista a usar diclofenaco e/ou paracetamol para dor, quando necessário, tendo sido o número de comprimidos ingeridos anotados em uma folha trocada mês a mês (Anexo 3). O tratamento teve a duração de dois meses e foi realizado duas vezes por semana (16 sessões). O tempo de aplicação variou conforme o número de articulações tratadas. Nesta dose e potência, cada ponto é irradiado por 2,57 segundos. O tempo de aplicação foi calculado automaticamente pela máquina. No entanto, podemos nos certificar desse número através do cálculo: 30 MATERIAL E MÉTODOS t(s) = D(J/cm2) X A (cm2) P(W) t(s) = 3 X 0,06 0,07 O laser foi calibrado no início e meio do tratamento, através do aparelho FieldMaster Power and Energy Meter com termossensor da marca Coherent (Coherent Inc – Santa Clara - USA), no laboratório do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (USP) - São Carlos (laboratório independente). Através do mesmo aparelho de calibração, pudemos verificar a efetividade do placebo que, quando acionado, demonstrou potência real de 0W em várias tentativas. Os pacientes foram avaliados por um avaliador cego através dos seguintes instrumentos: No início do tratamento: Ficha de identificação na qual foram coletadas características e dados demográficos dos pacientes (Anexo 4). No início e no final do tratamento: Variáveis principais do estudo: Para avaliação da dor, o paciente indicou uma nota em uma EVA horizontal que marca de 0 a 10 cm na qual 0 representa sem dor e 10, a máxima dor (insuportável). Essa escala foi realizada globalmente e para cada articulação afetada da mão em repouso e em atividade (Ferraz et al, 1990A). Para avaliar a capacidade funcional dos pacientes, aplicamos o Health Assessment Questionary (HAQ), que é um questionário validado para a língua portuguesa, de vinte questões avaliando situações das atividades de vida diária, e o paciente indica se consegue realizar a tarefa sem dificuldade, com alguma dificuldade, com muita dificuldade ou se não consegue realizar. O resultado é obtido em forma de uma nota calculada por grupos de perguntas. No escore final, quanto maior o valor, menor a capacidade funcional do indivíduo (Ferraz et al, 1990B) (Anexo 5). 31 MATERIAL E MÉTODOS Ainda, no que diz respeito à função, utilizamos o questionário Disabilities of the Arm, Shoulder, and Hand (DASH), também validado para a língua portuguesa, que mede alterações da extremidade superior. É constituído por três módulos de perguntas: o primeiro para atletas e músicos, o segundo para trabalhadores e o terceiro módulo apresenta trinta questões que são designadas para medir função física e sintomas nas atividades de vida diária (AVDs). Caso o paciente não trabalhe, não seja atleta e não toque instrumento musical, os dois primeiros módulos deixarão de ser aplicados (Orfale et al, 2005) (Anexo 6). Variáveis secundárias do estudo: Para avaliação da inflamação, foi usada uma escala do tipo Likert (1932) na qual o avaliador deu uma nota: (1) sem inflamação, (2) inflamação leve (fria com sinovite leve), (3) inflamação moderada (fria com sinovite importante), (4) inflamação forte (com calor e sinovite), (5) inflamação muito forte (com calor, rubor e sinovite). A rigidez matinal foi avaliada através de uma EVA variando de 0 a 10 cm sendo que o paciente deu uma nota para a rigidez matinal global da mão referente à última semana, sendo que 0 significou sem rigidez e 10, rigidez extrema. A rigidez matinal foi também medida em minutos. Para avaliação da força de preensão palmar, utilizamos o dinamômetro hidráulico de preensão palmar North Coast (North Coast Medical, Inc – USA). O paciente foi posicionado sentado com o cotovelo a 90 graus de flexão e a radiocarpal em posição neutra. Foram realizadas 3 medidas e a média em Kgf foi considerada (Mathiowetz et al, 1984) (figura 11). 32 MATERIAL E MÉTODOS Figura 11. Dinamômetro hidráulico de força de preensão palmar Para a avaliação da força de pinça, usamos o Pinch Gauge North Coast (North Coast Medical, Inc – USA) e o paciente foi posicionado sentado e com o cotovelo a 90 graus de flexão e a radiocarpal em posição neutra. Foram realizadas 3 medidas em cada tipo de pinça: polpa-polpa, trípode e chave. A média da medida de cada tipo de pinça foi considerada em Kgf (Mathiowetz et al, 1984) (figura 12). Figura 12. Dinamômetro de força de pinça 33 MATERIAL E MÉTODOS A avaliação da destreza foi realizada pelo teste O’Connor (Lafayette Instrument Company – USA), que é composto por um tabuleiro de plástico que contém 100 furos distribuídos em 10 fileiras com 10 furos em cada. O paciente sentou-se em uma cadeira e o tabuleiro foi colocado sobre uma mesa a sua frente. O paciente foi orientado a pegar, com a mão testada, 3 peças de metal localizadas na parte superior côncava do tabuleiro, realizando uma pinça com o polegar e o segundo e/ou terceiro dedo da mesma mão, e encaixou-as nos furos do tabuleiro. Foi solicitado que o paciente fizesse o teste o mais rápido possível. O tempo foi cronometrado em segundos da primeira até a quinta fileira (tempo 1) e depois da sexta até a décima fileira (tempo 2). Obtidos os 2 tempos, então foi feito o cálculo para o escore final: tempo 1 + (tempo 2 x 1,1) 2 O paciente realizou um treino antes de começar o teste (O'Connor et al, 1999; Hung et al, 1999) (figura 13). Figura 13. Teste de destreza O’Connor 34 MATERIAL E MÉTODOS A avaliação das amplitudes de movimento (ADMs) foi realizada através da goniometria ativa das articulações tratadas por um goniômetro manual de punho e dedos da marca North Coast (North Coast Medical, Inc – USA). As ADMs testadas foram pronação e supinação de antebraço; flexão, extensão, desvio ulnar e radial da radiocarpal; flexão e extensão das MCFs; flexão e extensão das IFPs; flexão, extensão, abdução lateral, abdução ventral da MCF do polegar e flexão e extensão da IF do polegar; ainda, medimos a oponência do polegar em cm (Marques, 1997; Hoppenfeld, 1987). Na medida de pronação do antebraço, o paciente posicionou-se sentado e o cotovelo manteve-se na posição de 90 graus de flexão, antebraço em posição neutra, a mão fechada e o polegar em abdução lateral. O braço fixo do goniômetro foi colocado sobre a margem dorsal dos metacarpeanos perpendicularmente ao eixo do úmero; o braço móvel foi alinhado paralelamente ao eixo do polegar e acompanhou o movimento de pronação. Partindo da mesma posição inicial, foi medida a supinação no movimento contrário. Para a flexão e extensão da radiocarpal, o paciente posicionou-se sentado com o antebraço em supinação, cotovelo fletido a 90 graus e dedos estendidos. O braço fixo do goniômetro foi posicionado sobre a margem ulnar; o braço móvel na margem medial do quinto metacarpo e o eixo na margem medial da radiocarpal. Quando medimos o desvio ulnar e radial da radiocarpal, o paciente posicionou-se com o cotovelo fletido e o antebraço em pronação. O braço fixo do goniômetro foi posicionado sobre a região posterior do antebraço, o braço móvel sobre a margem dorsal do terceiro metacarpo e o eixo sobre a articulação radiocárpica. Para a flexão e extensão da articulação MCF, o paciente posicionou-se com o cotovelo fletido a 90 graus, antebraço em pronação e dedos estendidos. O braço fixo do goniômetro foi posicionado sobre a margem dorsal do metacarpo, o braço móvel sobre a margem dorsal da falange proximal e o eixo sobre a articulação MCF. Na flexão e extensão da articulação IFP, o paciente posicionou-se com o cotovelo fletido a 90 graus, antebraço em pronação e dedos estendidos. O braço fixo 35 MATERIAL E MÉTODOS do goniômetro foi posicionado sobre a margem dorsal da falange proximal; o braço móvel sobre a margem dorsal da falange medial e o eixo sobre a articulação IFP. Para a articulação do polegar, em todas as medidas, o paciente posicionou-se sentado, com o antebraço em supinação e cotovelo a 90 graus: na flexão e extensão da MCF do polegar, o braço fixo do goniômetro foi posicionado sobre a margem do metacarpo; o braço móvel sobre a falange proximal e o eixo sobre a articulação MCF. Para abdução ventral ou palmar do polegar, o paciente afastou o polegar anteriormente à palma e realizou abdução ventral completa. Para a abdução lateral, o braço fixo foi alinhado paralelamente à margem lateral do segundo metacarpo; o braço móvel na margem dorsal do primeiro metacarpo, o eixo na linha articular da articulação carpometacárpica do polegar. Para a flexão e extensão da IF do polegar, o braço fixo do goniômetro foi posicionado sobre a margem da falange proximal; o móvel sobre a falange distal e o eixo sobre a articulação IF e a oponência do polegar foi medida em centímetros, tendo sido o paciente orientado a encostar a ponta do polegar na prega dígitopalmar do quinto dedo (Marques, 1997; Hoppenfeld, 1987). A perimetria da radiocarpal, da MCF global, MCF do polegar e IFP de cada dedo foi feita com fita métrica específica North Coast (North Coast Medical, Inc – USA) (Heussler et al, 1993). Na radiocarpal, a fita foi posicionada sobre a prega da radiocarpal, na MCF global sobre essas articulações do 2º ao 5º dedo; na MCF do polegar sobre a prega dígitopalmar do polegar, e na IFP sobre a prega IFP do 1º ao 5º dedo (em cada dedo). O estado global (incluindo: rigidez, deformidades, inflamação, função e dor) das mãos dos pacientes foi relatado pelo avaliador que utilizou uma EVA que variou de 0 a 10 cm na qual 0 significou normal e 10 extremamente comprometida. No final do tratamento: A satisfação do paciente foi medida através de uma escala do tipo Likert (1932) que apresentou as opções: muito melhor, pouco melhor, inalterado, pouco pior e muito pior. O avaliador também seguiu esta escala para avaliar a evolução do paciente. 36 MATERIAL E MÉTODOS Nas medidas inflamação, goniometria, dor e perimetria, apenas foram avaliadas as articulações afetadas de cada paciente, o que significa que, para cada paciente, o número de articulações avaliadas nesses parâmetros poderia ser diferente. Análise estatística: A comparação entre os grupos experimental e controle foi feita com o uso do teste t de Student para amostras não relacionadas para as variáveis numéricas e do teste exato de Fisher para variáveis categóricas (Winer, 1971). Para a comparação do comportamento dos grupos ao longo do tempo, considerando-se a associação existente entre as medidas tomadas no mesmo indivíduo, empregou-se o modelo de análise de variância com medidas repetidas (Winer, 1971). Para o estudo das variáveis obtidas através de uma escala visual analógica, foi empregado o método não-paramétrico para medidas repetidas em dados longitudinais (Brunner et al, 2000). Nos casos de interrupções no tratamento, foi realizada a análise intention to treat. As normas para estrutura e referências desse trabalho basearam-se no livro de Rother et al (2001). 37 4. Resultados RESULTADOS Foram estudados 82 pacientes, 41 no GE e 41 no GC. Quatro pacientes do GC não concluíram o tratamento; 3 deles por motivos alheios aos efeitos da intervenção e 1 paciente por referir piora após ter iniciado o tratamento placebo. No entanto, a análise intention to treat foi realizada e esses pacientes foram reavaliados após 2 meses do início do tratamento, como os outros participantes do estudo (figura 14). Na tabela 1, observamos as características dos pacientes. Não houve diferença, estatisticamente significante, entre os grupos com exceção da raça (p=0,021). Observamos, nesse parâmetro, 7 pacientes da raça negra no GC e nenhum no GE. Conforme mostram as tabelas a seguir, avaliamos no total 163 parâmetros ao longo do tempo em cada grupo (experimental e controle). Os grupos experimental e controle foram homogêneos em 98% das variáveis estudadas no início do tratamento (baseline) com p>0,05. Não houve homogeneidade no baseline em apenas 3 variáveis secundárias do estudo: perimetria da IF do polegar à esquerda (p=0,019), perimetria da terceira IFP à direita (p=0,038) e força de preensão palmar à esquerda (p=0,036). Na tabela 2, podemos verificar as médias das medidas de inflamação por uma escala do tipo Likert (1932). Observamos melhora do início para o final do tratamento em diversas articulações em ambos os grupos com diferença estatística (intragrupos) (p<0,05). Entre os grupos, houve diferença, estatisticamente significante, com vantagem para o GE apenas na IF do polegar à direita (p=0,012). Nas tabelas 3 e 4, observamos as médias de dor em atividade e repouso. Para EVA em atividade, todas as articulações apresentaram diminuição de dor com diferença, estatisticamente significante, no intragrupos (p<0,05). As médias de dor no início eram 5 e 6 cm e, no final, diminuíram para 3 e 2 cm. Na análise intergrupos, não houve diferenças estatísticas. Para EVA ao repouso, os resultados também apresentaram melhora em ambos os grupos no final do tratamento com diferença, estatisticamente significante, para todas as articulações no intragrupos (p<0,05). Da mesma forma que para EVA em atividade, não encontramos diferenças, estatisticamente significantes, entre os grupos experimental e controle. 39 RESULTADOS 400 pacientes foram contactados 318 não fecharam critérios de inclusão ou não quiseram participar 82 pacientes foram randomizados 41 participaram do GE laser 41 participaram do GE laser placebo Nenhum paciente interrompeu o tratamento. Não houve perdas Descontinuaram o tratamento: 1 por doença na família, 1 por falta de tempo, 1 por dificuldade em chegar à terapia, 1 por sensação de desconforto 41 pacientes concluíram o estudo no GE 37 pacientes concluíram o estudo do GC 78 pacientes concluíram o estudo 82 pacientes foram analisados – intention to treat Figura 14. Representação esquemática do estudo TABELA 1. Características clínicas e demográficas dos grupos Grupo experimental Grupo controle média (DP) média (DP) Média de idade (anos) 52,44 (8,38) 53,17 (10,34) 0,726 Média do tempo de doença (anos) 11,90 (7,38) 11,78 (7,34) 0,940 Média de escolaridade (anos) 5,95 (3,58) 6,22 (3,66) 0,738 3 : 24 : 14 : 0 1: 23 : 10 : 7 0,021 Sexo – feminino : masculino 40 : 1 40 : 1 1,000 Classe Funcional Steinbrocker 41 II 41 II 1,000 Mão Dominante – D : E 37 : 4 41 : 0 0,116 Raça – A : B : P : N p p < 0,05 significante, DP = desvio padrão, A = amarela, B = branca, P = parda, N = negra, D = direita, E = esquerda 40 RESULTADOS TABELA 2. Medidas de inflamação por uma escala tipo Likert MÃO DIREITA MÃO ESQUERDA média (DP) média (DP) Grupo experimental Grupo controle p Grupo experimental Grupo controle p inicial final inicial final Intergrupos inicial final inicial final Intergrupos Radiocarpal 2,94 (0,66) 2,52* (0,80) 2,91 (0,71) 2,35* (0,77) 0,557 2,94 (0,68) 2,66* (0,80) 2,73 (0,64) 2,33* (0,71) 0,069 MCF polegar 2,75 (0,68) 2,21* (0,59) 2,68 (0,72) 2,07* (0,66) 0,530 2,67 (0,76) 2,29* (0,69) 2,44 (0,65) 2,08 (0,64) 0,206 2ª MCF 2,77 (0,59) 2,31* (0,62) 2,88 (0,54) 2,21* (0,78) 0,983 2,60 (0,65) 2,16* (0,75) 2,64 (0,49) 2,18* (0,59) 0,845 3ª MCF 2,56 (0,51) 2,16* (0,75) 2,91 (0,60) 2,35* (0,93) 0,118 2,54 (0,76) 2,19* (0,63) 2,50 (0,76) 1,75* (0,64) 0,115 4ª MCF 2,57 (0,65) 2,07* (0,73) 2,67 (0,72) 2,00* (0,76) 0,959 2,07 (0,62) 2,14 (0,86) 2,17 (0,72) 1,83 (0,58) 0,633 5ª MCF 2,58 (0,67) 2,08* (0,79) 2,75 (0,58) 2,06* (0,57) 0.730 2,33 (0,98) 2,00 (0,95) 2,11 (0,60) 1,89 (0,60) 0,546 IF polegar 2,19 (0,40) 1,56* (0,51) 2,50 (0,52) 2,00* (0,55) 0,012 2,38 (0,62) 1,63* (0,50) 2,19 (0,54) 1,81* (0,54) 1,000 2ª IFP 2,39 (0,61) 1,89* (0,68) 2,30* (0,56) 1,83* (0,49) 0,639 2,32 (0,75) 1,74* (0,73) 2,27 (0,46) 1,67* (0,49) 0,759 3ª IFP 2,38 (0,58) 2,04* (0,55) 2,67 (0,58) 2,10* (0,54) 0,224 2,33 (0,76) 1,83* (0,64) 2,43 (0,76) 1,71* (0,61) 0,950 4ª IFP 2,44 (0,73) 2,00* (0,63) 2,47 (0,74) 1,80* (0,56) 0,684 2,17 (0,83) 2,00 (0,74) 2,22 (0,67) 1,89 (0,60) 0,927 5ª IFP 2,31 (0,63) 1,77* (0,60) 2,50 (0,76) 2,00* (0,55) 0,313 2,27 (1,01) 1,64 (0,67) 1,80 (0,45) 1,60 (0,55) 0,484 p < 0,05 significante, MCF = metacarpofalângica, IF = interfalângica, IFP = interfalângica proximal, DP = desvio padrão * = diferença estatisticamente significante intragrupos (p<0,05) 41 RESULTADOS TABELA 3. EVA (em cm) para dor nas mãos durante as atividades de vida diária MÃO DIREITA MÃO ESQUERDA média (DP) média (DP) Grupo experimental Grupo controle p Grupo experimental Grupo controle p inicial final inicial final Intergrupos inicial final inicial final Intergrupos Global 6,08 (1,87) 4,20* (2,50) 5,85 (1,76) 3,21* (2,82) 0,163 6,30 (1,80) 4,28* (2,89) 5,90 (1,76) 3,44* (2,58) 0,154 Radiocarpal 6,06 (1,85) 4,15* (2,45) 6,18 (1,78) 3,44* (2,61) 0,488 6,26 (1,54) 4,31* (2,72) 6,19 (1,56) 3,13* (2,43) 0,145 MCF polegar 5,92 (1,47) 4,29* (2,54) 5,21 (2,13) 3,21* (2,78) 0,097 5,83 (1,61) 3,33* (2,01) 5,65 (1,67 2,73* (2,32) 0,390 2ª MCF 6,27 (1,48) 3,31* (2,51) 5,38 (1,64) 3,38* (2,72) 0,400 6,08 (1,61) 3,38* (2,90) 5,43 (1,65) 3,00* (2,45) 0,304 3ª MCF 6,16 (1,57) 3,68* (2,44) 5,52 (1,75) 3,26* (3,05) 0,303 5,60 (1,58) 3,18* (2,79) 5,35 (1,76) 2,55* (2,31) 0,407 4ª MCF 6.07 (1,64) 3,14* (2,28) 5,57 (1,87) 3,64* (2,73) 1,000 6,62 (1,33) 2,96* (2,52) 5,00 (1,91) 2,92* (2,78) 0,266 5ª MCF 5,92 (1,93) 3,75* (2,09) 5,00 (1,97) 2,75* (3,07) 0,222 6,82 (1,33) 4,00* (2,28) 5,44 (1,81) 2,78* (2,54) 0,093 IF polegar 6,19 (1,42) 3,72* (2,66) 5,50 (2,14) 2,57* (2,41) 0,154 6,13 (1,73) 3,37* (3,03) 6,06 (1,20) 2,65* (2,45) 0,508 2ª IFP 6,06 (1,39) 3,11* (2,14) 5,39 (1,67) 2,52* (2,25) 0,227 6,22 (1,59) 2,47* (1,96) 5,40 (1,45) 3,20* (2,48) 0,933 3ª IFP 5,96 (1,57) 3,19* (2,67) 5,76 (1,37) 2,76* (2,10) 0,512 5,70 (1,61) 2,72* (2,67) 5,79 (1,93) 2,79* (2,39) 0,895 4ª IFP 6,06 (1,53) 2,81* (2,17) 5,53 (1,55) 2,80* (1,90) 0,604 6,36 (1,75) 2,70* (2,87) 6,11 (2,20) 2,33* (1,94) 0,821 5ª IFP 6,21 (1,63) 3,00* (1,92) 5,71 (1,54) 2,07* (2,30) 0,247 6,50 (1,51) 3,60* (1,26) 6,20 (2,28) 2,60* (2,19) 0,337 p < 0,05 significante, MCF = metacarpofalângica, IF = interfalângica, IFP = interfalângica proximal, DP = desvio padrão, EVA = escala visual analógica * = diferença estatisticamente significante intragrupos (p<0,05) 42 RESULTADOS TABELA 4. EVA (em cm) para dor nas mãos durante o repouso MÃO DIREITA MÃO ESQUERDA média (DP) média (DP) Grupo experimental Grupo controle p Grupo experimental Grupo controle p inicial final inicial final Intergrupos inicial final inicial final Intergrupos Global 4,24 (2,14) 3,08* (2,44) 3,97 (2,02) 2,31* (2,31) 0,214 4,25 (2,37) 2,89* (2,98) 3,61 (2,65) 2,21* (2,35) 0,176 Radiocarpal 4,03 (2,64) 2,76* (2,63) 3,59 (2,49) 2,12* (2,21) 0,282 3,97 (2,65) 2,62* (2,82) 3,77 (2,57) 1,97* (2,25) 0,433 MCF polegar 4,21 (2,87) 2,83* (2,55) 3,43 (2,36) 1,64* (2,20) 0,098 3,79 (2,36) 1,71* (2,35) 3,24 (2,49) 1,16* (1,65) 0,312 2ª MCF 4,12 (2,21) 2,15* (2,24) 3,75 (2,09) 2,04* (2,14) 0,651 3,96 (2,47) 2,56* (2,66) 3,18 (2,67) 2,05* (2,10) 0,292 3ª MCF 3,96 (2,67) 2,28* (2,21) 3,83 (2,17) 2,22* (2,47) 0,864 3,56 (2,24) 2,42* (2,54) 2,85 (2,58) 1,60* (1.90) 0.164 4ª MCF 4,36 (2,73) 2,29* (2,37) 3,87 (2,07) 1,93* (2,25) 0,548 4,00 (2,20) 2,08* (2,50) 2,75 (1,82) 1,75* (2,45) 0,296 5ª MCF 4,42 (2,75) 2,58* (2,43) 3,88 (2,06) 1,81* (2,56) 0,393 4,45 (2,66) 2,91* (2,66) 3,33 (1,80) 2,00* (2,40) 0,259 IF polegar 4,25 (2,89) 2,75* (2,44) 3,57 (2,14) 1,36* (2,02) 0,131 4,53 (2,23) 2,13* (2,61) 3,75 (2,54) 1,38* (2,03) 0,303 2ª IFP 3,56 (2,38) 2,22* (2,02) 3,39 (2,04) 1,50* (1,74) 0,470 4,35 (2,64) 1,67* (1,97) 3,20 (2,81) 1,73* (1,87) 0,455 3ª IFP 3,92 (2,69) 2,21* (2,04) 3,81 (1,86) 1,60* (1,67) 0,560 4,00 (2,45) 1,83* (2,31) 3,07 (2,59) 1,36* (1,95) 0,323 4ª IFP 3,94 (2,91) 1,94* (1,69) 3,80 (1,78) 1,47* (1,68) 0,628 5,09 (2,07) 1,55* (2,07) 3,44 (2,83) 1,33* (1,80) 0,240 5ª IFP 4,71 (2,33) 2,14* (1,66) 4,14 (2,03) 1,36* (1,78) 0,257 4,90 (2,42) 2,30* (1,83) 4,80 (2,77) 1,60* (2,19) 0,679 p < 0,05 significante, MCF = metacarpofalângica, IF = interfalângica, IFP = interfalângica proximal, DP = desvio padrão, EVA = escala visual analógica * = diferença estatisticamente significante intragrupos (p<0,05) 43 RESULTADOS Nas tabelas 5, 6 e 7, são apresentadas as goniometrias das mãos dos pacientes estudados. Muitas vezes, as médias de goniometria melhoraram do início para o final do tratamento com diferença, estatisticamente significante, tanto no GE, quanto no GC (intragrupos) (p < 0,05). Encontramos diferença, estatisticamente significante, entre os grupos apenas na flexão da IFP do quinto dedo à direita (p = 0,021) no entanto, a favor do GC (tabela 7). A tabela 8 mostra a perimetria das mãos dos pacientes. Podemos observar que as médias se mantiveram, na maioria das vezes, em ambos os grupos no final do tratamento sem diferenças estatísticas (intragrupos). Não houve diferença, estatisticamente significante, também entre os grupos, salvo na IF do polegar à esquerda (p = 0,013), apontando melhora para o GE e na terceira IFP à direita (p = 0,044), mas com melhora maior no GC. As tabelas 9 e 10 apresentam os resultados da rigidez matinal avaliada em minutos e através de uma EVA; estado global das mãos sob o ponto de vista do terapeuta por meio de uma EVA; os resultados da força de preensão palmar e de pinça; o teste de destreza O’Connor e os questionários DASH e HAQ. Verificamos melhora, em ambos os grupos, do início para o fim do tratamento em diversas variáveis com diferença estatística (intragrupos) (p < 0,05). Não encontramos para esses parâmetros diferenças, estatisticamente significantes, entre os grupos, com exceção da força de preensão palmar à esquerda (p = 0,010) e do questionário DASH no domínio trabalho (p = 0,010) com vantagem para o GC. 44 RESULTADOS TABELA 5. Goniometrias (em graus) das radiocarpais, polegares e oponência (em cm) MÃO DIREITA MÃO ESQUERDA média (DP) média (DP) Grupo experimental inicial final Grupo controle p Grupo experimental inicial final Intergrupos inicial final Grupo controle inicial final p Intergrupos Flexão da RC 63,48 68,94* (18,43) (16,14) 69,41 (21,17) 71,62* (24,55) 0,370 62,43 (20,98) 66,86* (20,22) 70,69 75,17* (15,68) (16,93) 0,065 Extensão da RC 56,52 (22,52) 57,73 (20,04) 51,32 (23,91) 51.18 (25,08) 0,241 51,71 (23,26) 61,71* (17,94) 53,97 55,17* (20,41) (22,74) 0,657 Desvio Ulnar da RC Desvio Radial da RC 35,91 39,70* (11,21) (12,31) 33,38 (9,98) 37,50* (12,14) 0,297 33,14 (12,84) 34,14 (12,57) 33,62 (10,08) 37,93 (10,98) 0,415 18,18 21,67* (12,55) (10,73) 18,48 (9,56) 19,12* (9,81) 0,709 25,43 (11,27) 27,57* (11,72) 22,93 (10,05) 27,07* (8,92) 0,528 Pronação 80,00 (14,42) 81,82 (14,41) 81,62 (17.91) 80,88 (20,98) 0,928 81,00 (17,31) 84,86 (14,58) 82,76 (12,22) 82,83 (14,24) 0,981 Supinação 77,27 85,76* (19,17) (10,91) 76.18 (21,14) 78,24* (21,14) 0,299 78,00 (16,50) 84,57* (10,74) 79,14 84,31* (18,42) (14,50) 0,898 Abdução Lateral do pol Abdução Ventral do pol 62,50 (10,83) 63,75* (7,11) 56,96 (8,09) 61,07* (9,27) 0,056 63,70 (10,47) 66,96 (7,19) 65,00 (6,43) 66,88 (9,07) 0,760 65,42 (10,52) 66,67 (9,29) 59,64 (11,05) 66,25* (9,78) 0,228 61,52 (9,82) 64,78 (8,72) 64,79 (10,88) 65,42 (8,46) 0,420 Oponência do pol 0,06 (0,31) 0,02 (0,10) 0,04 (0,19) 0,00 (0,00) 0,508 0,00 (0,00) 0,00 (0,00) 0,00 (0,00) 0,00 (0,00) n/a p < 0,05 significante, DP = desvio padrão, n/a = não se aplica, RC = radiocarpal, pol = polegar * = diferença estatisticamente significante intragrupos (p<0,05) 45