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FILOSOFIA
Prof. Raphael Reis – Aula 01
apresentar o resultado de sua análise através de um diálogo (linguagem) ou da
escrita, terá que ter um caráter universal, aplicada a outras pessoas e lugares.
Portanto, podemos concluir que filosofar não é pensar de qualquer maneira.
Cuidado, na filosofia não existem respostas definitivas, é um fazer
contínuo através da conversação.
Há mais de 25 séculos era preocupação da filosofia a felicidade, pois esta
era o objetivo supremo da vida humana. Felicidade, em sua origem quer dizer
um estado de fecundidade que gera vida e vitaliza nossa existência.
Eram questões dos gregos da Antiguidade:
- Se o que nos move é, em última instância, o desejo de ser feliz, mas
nem todo ato traz felicidade, como alcançar nosso objetivo?
- Como devemos agir para levar uma vida feliz ou menos infeliz?
- Quais são as fontes da felicidade?
Note que essas questões de muito tempo atrás continuam atualizadas nos
tempos atuais, afinal, quem não quer ser feliz?!
Vários sistemas filosóficos, isto é, o conjunto de elementos em que um
depende do outro, compondo um todo orgânico, coerente e organizado, surgiram
para abordar o tema felicidade – iremos analisar alguns adiante.
De maneira geral, os textos da Antiguidade apontavam que os elementos
mais desejados pelas pessoas em geral – muito semelhante aos de hoje -, são:

Bens materiais e riqueza;

Status social, poder e glória;

Prazeres da mesa e da cama;

Saúde;

Amor e amizade.
Os filósofos gregos propuseram caminhos comportamentais e intelectuais
para obtenção da felicidade verdadeira que, para a maioria deles, passava por
uma concepção do coletivo, o bem da comunidade.
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1.1 Platão
Até então a felicidade estava a mercê das divindades, isto é, um caminho
para a felicidade era não se indispor com os deuses e agradá-los. Neste sentido,
era algo instável. Contra esta instabilidade, Platão junto com Sócrates foi um dos
primeiros a pensar numa busca da felicidade estável.
Sabemos que Platão entendia o mundo material (percebido pelos cinco
sentidos) como enganoso, ou seja, por meio dele não se obteria a felicidade. A
forma de se conquistar a felicidade é abandonar a ilusão dos sentidos e ir
em direção ao mundo das ideias, até alcançar o conhecimento supremo da
realidade, correspondente à ideia de bem.
Essa ideia de bem está associada a sua doutrina sobre a alma
humana, que dizia que o ser humano é essencialmente alma, sendo imortal e
que ela existe previamente ao corpo, e o seu lugar não era o mundo visível, mas
o mundo inteligível (apreendido somente pelo intelecto). Para ele a alma se
dividia em 3 partes:

alma concupiscente: situada no ventre e ligada aos desejos carnais;

alma irascível: situada no peito e vinculada às paixões;

alma racional: situada na cabeça e relacionada ao conhecimento.
A harmonização dos 3 tipos de alma levaria a felicidade, sendo que a alma
racional subordinaria as demais. Para apoiar esta tarefa, Platão propunha 2
práticas:
Ginástica: exercícios físicos para cuidar do corpo, com o objetivo de
proporcionar disciplina e domínio das inclinações negativas.
Dialética: método praticado por Sócrates como caminho para ascender
do visível ao inteligível.
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Estas duas formas, ginástica e dialética, levariam a contemplação
das ideias perfeitas, a ideia do bem. O bem seria a causa de todas as coisas
justas e belas que existem. Assim, seu pensamento sobre a felicidade poderia
ser sintetizado num processo de busca contínua e progressiva: conhecimento
= bondade = felicidade. Aquele que alcança o conhecimento verdadeiro, que
culmina na ideia de bem, torna-se um ser melhor em sua essência.
Este bem precisa ser entendido dentro do contexto da pólis, da política,
que era a atividade mais nobre, mais importante, porque através dela se buscava
o bem de todos, da construção de uma sociedade justa. Esta sociedade teria 3
pilares: produção de alimentos e de bens materiais, defesa da cidade e
administração da pólis. Cada cidadão teria uma função social (produtor,
guerreiro ou sábio) dependendo de sua aptidão natural. Dessa forma, é mais
um caminho para a felicidade, porque cada um cumprindo sua função
social já seria feliz.
1.2 Aristóteles
Embora tenha sido discípulo de Platão, refutou a doutrina do mundo
das ideias. Valorizava também a atividade intelectual e contemplativa, mas
resgatava o papel dos bens humanos (materiais), para alcançar uma vida
boa.
Defendia que um ser humano só alcança o seu fim quando cumpre a
função que lhe é própria e distingue dos demais seres, isto é, sua virtude lhe traz
prazer. Essa virtude que a distingue de outros seres é pensar de forma
racional, ou seja, só terá felicidade atuando com a razão. Isto se traduz numa
contemplação intelectual da observação da beleza e da ordem do cosmo,
mantendo essa prática a vida inteira. Além disso, propunha também que não se
pode abandonar a companhia da família e dos amigos, da busca da riqueza e do
poder. Estes resultam em prazer seja ele material ou social, indispensáveis à
vida contemplativa, porém, antes de se passar à vida contemplativa, é
preciso estar alimentado e a cidade em paz.
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Somado a atividade intelectual e a outros prazeres, dizia que era preciso
cultivar outras virtudes, tais como: coragem, generosidade e justiça. Isso tudo
contribuiria com a felicidade humana.
1.3 Epicuro
Deu uma resposta diferente da de Platão e da de Aristóteles para a
questão da felicidade.
Epicuro (341 a.C a 271 a.C) recomendava o caminho do prazer,
valorizando menos o papel do intelecto. Felicidade, para ele, é satisfação dos
desejos. Em seu entendimento, tudo no mundo é matéria e refutava a
doutrina do mundo das ideias. Portanto, se tudo é matéria, o ser humano é
sensação e para ser feliz precisa do prazer e evitar a dor.
Uma das principais causas da angústia e infelicidade são as
preocupações religiosas e superstições, pois impõe crenças que, na época,
incutiam o temor às divindades e o medo da morte.
Afirmava que quem espera muito de alguém ou de alguma coisa corre-se
o risco de se decepcionar. Portanto, é preciso eliminar os desejos
desnecessários e se permitir somente ao que é necessário, com
moderação. Ele fez a seguinte classificação dos desejos:

Naturais e necessários: comer, beber e dormir;

Não naturais e desnecessários: riqueza, fama e poder;

Contentar-se com o pouco: seria o principal elemento para a
felicidade. Com a expectativa reduzida não haveria decepção, e um
grande prazer pode vir de coisas simples.
Nem todos os prazeres geram felicidade e há alguns que são superiores
a outros, por isso, o filósofo Epicuro recomenda agir com prudência racional.
Desse modo teríamos condições de governar a própria vida, sem depender de
elementos externos, conquistando o estado de imperturbabilidade da alma ou
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ataraxia - esse é o objetivo principal para se chegar à felicidade conforme os
epicuristas.
1.4 Estoicos
Zenão de Cício (335 a.C a 264 a.C) é considerado o primeiro filósofo desta
corrente. Para os estoicos são felizes aqueles que vivem de acordo com a ordem
cósmica, aceitando o seu próprio destino nele inscrito.
Esta corrente concebe o universo como um cosmos, ordenado e
harmonioso, composto de um princípio passivo (a matéria) e de um princípio
ativo (logos), que permeia, anima e conecta todas as suas partes.
Tudo que existe e que acontece tem um objetivo de ser, pois faz parte
da inteligência divina. Os acontecimentos estariam pré-determinados e são
necessários, nos cabendo simplesmente aceitar o destino definido. Tudo
que acontece deve ser bom, pois é animado pelo bem contido nos princípios
racionais que governam o universo. O importante é a ordem do todo, da
totalidade do universo, isto quer dizer, o bem do todo é melhor do que o bem
individual.
Em resumo, se acharmos que felicidade é tudo aquilo que desejamos
inevitavelmente vamos topar com a infelicidade, já que basta fracassar em
alcançar um desejo e nos tornaremos infelizes. Se não depende de nós, e sim
de uma ordem cósmica, o que para o estoicismo poderia ser feito para o ser
humano, dentro dessa pouca liberdade, contribuir com sua felicidade?
A vontade. Ela nos permite querer ou não querer as coisas. Usando-a
posso optar em querer apenas aquilo sobre o que tenho poder de escolher que
me faz verdadeiramente feliz. Neste sentido, a vontade vai em direção a
dominar as paixões e controlar os pensamentos, pois estes geram as
condições do afloramento das paixões.
Enfim, a pessoa deve não apenas aceitar o seu destino, mas também
querê-lo, ou seja, amar o que é, o que tem e o que vive.
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Observe a pintura abaixo de Antônio Zachi, intitulada “O Bom
Samaritano”. Siga os 3 passos da reflexão filosófica (estranhamento,
questionamento
e
resposta)
e
tente
responder
filosoficamente
essa
representação.
Finalizamos aqui mais um capítulo de nossa aula. Qual dos pensamentos
filosóficos sobre felicidade mais lhe agradou e por quê? Como você faz para
buscar a felicidade?
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2 A Dúvida
Uma das atitudes considerada como “ferramenta” do filosofar, é a dúvida.
Ela nos abre a possibilidade de desenvolver uma percepção mais profunda, clara
e abrangente sobre nossa existência.
Uma das maneiras de aprender é quando levantamos indagações sobre
as coisas. Isso se dá através de perguntas. Porém, não são quaisquer perguntas.
Tanto a filosofia como as ciências elaboram problemáticas para a partir disso
procurarem respostas.
Se observamos ao nosso redor vamos ver que as crianças são “mestres”
na arte de perguntar, pois estão abertas à curiosidade e à novas descobertas. A
dúvida é um caminho para a construção do conhecimento.
No caso da filosofia nem todas perguntas são essencialmente filosóficas,
assim como nem todas as dúvidas são filosóficas. Querer saber se o seu time
irá ganhar o campeonato brasileiro ou quando vai se casar, são meramente
questões especulativas. A dúvida filosófica propriamente dita surge de uma
necessidade de explicação racional para algo de nossa existência ou para
alguma explicação que já não satisfaz mais. Exemplo: visto tantas coisas
ruins acontecendo no mundo, podemos indagar: “o homem é mal?”, “o que difere
os homens bons dos maus?”, “O que é maldade e bondade”, “Se Deus existe e
ele é bom, porque permite o mal?”.
Para começar a pensar filosoficamente e procurar respostas é importante
ter consciência de seus pré-conceitos, isto é, suspender possíveis julgamentos
de concepções que você traz consigo. A partir disso podemos estruturar nossa
reflexão através do raciocínio ou argumento. Os argumentos (justificativas
racionais) devem estar articulados de maneira coerente, não contraditório,
para demonstrar aquilo que se pretende afirmar. Veja, essa é uma das
exigências do texto dissertativo-argumentativo da redação para o ENEM.
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O filósofo francês René Descartes (1596-1650)
criou um método conhecido como “dúvida metódica”. Este era conduzido de
duas maneiras:

Metódica: ampliação da dúvida em passo a passo, de modo ordenado
e lógico.

Radical: chega a um ponto extremo que se duvida da própria
existência (dúvida hiperbólica).
Que estranho, não?! Descartes estava descontente com tudo que
aprendeu, principalmente com a tradição (pensadores medievais principalmente)
e resolveu construir um caminho (método) que garantisse o conhecimento
verdadeiro. Para isso, precisou descontruir suas antigas ideias que fossem
duvidosas. Utilizou o critério da evidência, a qual requer clareza e distinção
ao intelecto.
Sua primeira indagação é sobre os sentidos, pois para ele o
conhecimento originado pelas percepções sensoriais não é confiável,
porque não poderiam ser universalizados, aplicável a tudo que existe. Mas não
poderia ignorá-los.
Veja, você poderia duvidar que está lendo esta aula no computador ou
outro meio? O que poderia abalar essa impressão? Simplesmente se você
considerar que está sonhando, porém com este argumento volta-se à estaca
zero, porque tudo que você percebe, na verdade, faria parte de uma ilusão.
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Assim, Descartes deixa de lado sua investigação que nasce através do
sentido e passa para aquelas que advém da razão.
Encontra um tipo de ideia que incialmente parece não lhe despertar
dúvidas: a matemática. Ela não dependeria de coisas externas, apenas da razão.
Sua evidência de maneira clara e distinta mostra que não é possível contestar o
resultado correto de uma operação. Todavia, se o Deus que tudo criou e que
tudo pode, quiser enganar, fazendo com que se pense que 2 + 2 = 4, enquanto
isso poderia ser uma ilusão. Trata-se do argumento do Deus enganador. E ele
vai mais longe: se houvesse um gênio maligno, ardiloso e poderoso, que
quisesse iludir e enganar as pessoas? Isso não quer dizer que Descartes
acreditasse na existência de algum ser assim, mas como artifício psicológico
e metodológico de alerta.
Você pode estar se perguntando: “mas que cara doido?”. Pois bem, eu
também já pensei isso. No entanto, olha que interessante: essas dúvidas eram
para não sucumbir à tentação de aceitar qualquer ideia como verdadeira, buscar
conhecimento através da evidência e que este fosse indubitável (irrefutável). Ele
conseguiu?
Olha que sacada de René Descartes: ele percebeu que se poderia existir
um ser que o enganava, ele tinha quer ser algo enquanto era enganado. E se
duvidava deveria ser algo que existia enquanto duvidava, mesmo que
porventura não tivesse corpo. Essa reflexão é resumida na frase célebre:
“eu penso, logo existo”. Se você duvida é porque está pensando, logo se
você pensa deve haver algo que é você, que produz esse pensamento.
Se você ficou curioso e quer saber mais sobre os desdobramentos das
reflexões de Descartes pode acessar a obra “Meditações”.
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A obra “Discurso sobre o Método” é uma das
principais do filósofo René Descartes.
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3 O Diálogo
Creio que você já se convenceu que filosofar, isto é, produzir uma reflexão
filosófica é uma maneira diferente de pensar sobre o nosso cotidiano e as coisas
que nos cercam. Mas quem produz reflexões filosóficas quer conversar com
outras pessoas, aprender coisas novas. Colocar seus pensamentos em
“confronto” com os de outras pessoas. Para isso, temos o diálogo filosófico.
O diálogo está estruturado na linguagem, que é um dos principais
instrumentos junto à razão para o exercício filosófico. Vamos pensar em nosso
cotidiano: provavelmente você já observou ou vivenciou aquela famosa “DR”,
discussão de relacionamento, que nos irrita bastante na maioria das vezes. Por
que isso acontece? Ao invés de utilizarmos nossa capacidade de buscar a
entender e ouvir o outro, queremos impor que aquilo que estamos falando é o
correto e que o outro precisa ter o mesmo entendimento que você. Além disso,
há variações na tonalidade da voz. Resultado: aquilo que era para se chegar a
um acordo pode produzir mais desavenças. Usamos muitas palavras
acreditando conhecer plenamente o que elas querem dizer e acreditamos que
todos têm o mesmo entendimento.
Embora existam várias reflexões filosóficas possíveis na letra da música
“Sonho de uma Flauta”, do grupo “O Teatro Mágico”, quero chamar a atenção
especificamente para a questão da linguagem apontada na letra:
“Nem toda palavra é...
Aquilo que o dicionário diz
Nem todo pedaço de pedra
Se parece com tijolo ou com pedra de giz
Avião parece passarinho
Que não sabe bater asa
Passarinho voando longe
Parece borboleta que fugiu de casa
Borboleta parece flor
Que o vento tirou pra dançar
Flor parece a gente
Pois somos semente do que ainda virá
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A gente parece formiga
Lá de cima do avião
O céu parece um chão de areia
Parece descanso pra minha oração
A nuvem parece fumaça
Tem gente que acha que ela é algodão
Algodão às vezes é doce
Mas às vezes é doce não
Sonho parece verdade
Quando a gente esquece de acordar
O dia parece metade
Quando a gente acorda e esquece de levantar
Hum... E o mundo é perfeito
E o mundo é perfeito
E o mundo é perfeito
Eu não pareço meu pai
Nem pareço com meu irmão
Sei que toda mãe é santa
Sei que incerteza traz inspiração
Tem beijo que parece mordida
Tem mordida que parece carinho
Tem carinho que parece briga
Tem briga que aparece pra trazer sorriso
Tem riso que parece choro
Tem choro que é pura alegria
Tem dia que parece noite
E a tristeza parece poesia
Tem motivo pra viver de novo
Tem o novo que quer ter motivo
Tem a sede que morre no seio
Nota que fermata quando desafino
Descobrir o verdadeiro sentido das coisas
É querer saber demais
Querer saber demais
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Sonho parece verdade
Quando a gente esquece de acordar
O dia parece metade
Quando a gente acorda e esquece de levantar
Mas sonho parece verdade
Quando a gente esquece de acordar
E o dia parece metade
Quando a gente acorda e esquece de levantar
E o mundo é perfeito
Mas o mundo é perfeito
O mundo é perfeito”
Conclusão: será que quando dialogamos com alguém estamos pensando
exatamente na mesma coisa ao dizer “amor”, “ciência”, “justiça”, “política”, etc.?
Será que sabemos o que é bom para nós e para os outros?
Estamos todos os instantes afirmando por meio de palavras e ações
nossas crenças, compartilhando-as com mais pessoas. Temos consciência
delas? Elas são válidas só para mim ou para mais pessoas? Vamos ver como
alguns filósofos pensaram sobre isso.
3.1 Método Dialógico: Sócrates e Platão
Será que podemos, verdadeiramente, acreditar no que acreditamos
conhecer? Sócrates e Platão foram os primeiros a se debruçarem sobre isso. A
arte de perguntar empregada por Sócrates em seus diálogos mostra que ele
acreditava no poder da conversação. Para isso, estabeleceu seu método
dialógico ou maiêutica composto pelos seguintes aspectos:

Diálogo amigável: os inícios dos diálogos de Sócrates são sempre
aproximativos; ele mostra curiosidade em saber o que e como o seu
interlocutor pensa sobre algo;

Perguntas penetrantes: sabia formular perguntas adequadas para
ajudar as pessoas a conceber, por elas mesmas, a verdade sobre
diversos temas;
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
Conhecimento progressivo: essas verdades só eram, digamos
conhecidas, após o avanço paulatino e pormenorizado das questões
levantadas;

Prática constante: criticava aqueles que mesmo sendo discípulo
dele, acreditava que conseguiram atingir o conhecimento verdadeiro
de forma rápida. Para ele, a prática é constante e requer avanços.

Dor das descobertas: a atividade filosófica está vinculada a certa dor,
a certo grau de incerteza, inquietude. É a dor da dúvida. Isso pode ser
gerado porque é difícil admitir um erro e assumir consequências.

Dificuldades do percurso: sabia que suas perguntas geravam
incômodos e que muitos não compreenderiam.
O método dialógico ficou conhecido como dialética, isto é, a arte da
discussão. Esta apresenta dois momentos importantes: a refutação ou ironia e
a maiêutica propriamente dita.
A ironia, que tem significado e uso bem diferente em nossos dias atuais,
era o primeiro momento de Sócrates, aquele de aproximação. Começava a fazer
perguntas “fingindo” ignorância, curiosidade. Após evidenciar as contradições
argumentativas, apresentava perguntas a cada resposta de seu interlocutor,
fazendo-o a pensar em suas definições e argumentações. Passava à refutação
que o outro tinha sobre determinado assunto. Em seguida, ele passa a
maiêutica, isto é, novas questões que iniciava o caminho da reconstrução das
ideias do seu interlocutor, ajudando-o a trazer luz aos seus pensamentos e
posições.
Vamos conhecer um dos diálogos de Sócrates – há vários no livro já
mencionado “A República”, de Platão. O diálogo é com Eutífron - o texto na
íntegra pode ser acessado clicando no link. Por ser um diálogo bem extenso, fica
aqui a possibilidade de acessar um fragmento da adaptação do diálogo para as
telas do cinema:
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4 A Consciência
Já podemos dizer que a filosofia nos auxilia a desfazer as “amarras que
nos prende”. Faz pensar sobre nós mesmos, sobre a vida e sobre as coisas.
Enfim, nos ajuda a viver com mais consciência. Mas, o que é consciência?
A consciência é estudada por várias áreas do saber. De forma geral está
associada aos processos psíquicos (pensamento, imaginação, emoção,
memória, aprendizado, etc.). Para os pesquisadores, a consciência é uma das
principais características dos seres humanos, pois ela possibilita estar e sentir o
mundo com algum saber.
Os animais sabem, mas certamente não sabem que sabem. Só sabendo
que sabe é possível criar invenções e desenvolver um sistema de construções
internas. Devido a essas diferenças entre os seres humanos e os animais, além
do uso da linguagem, é que os primeiros foram classificados como homo sapiens
sapiens (o ser que sabe que sabe).
Para o neurocientista, António Damásio, “estar consciente envolve não
apenas um ato de conhecer o que acontece, mas, sobretudo, implica
basicamente como primeiro estágio, um sentir”. Essa sensação (self) relacionase com aqui e agora, no presente. Por exemplo, neste exato momento ao ler
esse texto na tela de seu aparelho você tem a sensação de que é você quem vê
e lê, e não outra pessoa.
Indo mais adiante, a nossa capacidade de estabelecer conexões entre
passado, presente e futuro faz gerar uma sensação mais elaborada, o que
se chama de consciência do eu, isto é, da própria identidade, por oposição a
existência de outro ser. Outro aspecto relacionado à consciência são as
condutas, cujas observações são exteriores e outros seres podem nos observar.
Isto quer dizer que pelo que diz e faz podemos inferir que as outras pessoas,
assim como nós, têm ideias, pensamentos, sensações e sentimentos.
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4.1 Consciente e Inconsciente
Até o momento falamos mais sobre a consciência do ponto de vista
neurofisiológico. Vamos conhecer agora um pouco outras ideias advindas da
psicanálise, que é uma disciplina da mente vinculada a uma técnica
terapêutica, baseada na interpretação pelo psicanalista dos conteúdos
considerados inconscientes encontrados nas palavras, sonhos e fantasias
do paciente.
Você já observou que em algumas situações parece que uma parte de
seu ser esconde algo da outra parte de seu ser? Que de repente você se lembra
de coisas do passado que estavam adormecidas? Diz ou faz alguma coisa sem
querer ou não sabe justificar? Foi a partir dessas e muitas outras questões que
surgiram a observação sistematizada para compreender a mente humana e os
comportamentos.
Sigmund Freud (1856-1939) concebeu uma teoria da
mente, a psicanálise, que revolucionou a história do pensamento e influencia
até hoje diversas áreas do saber.
Em sua teoria está o pressuposto de que a maior parte de nossa vida é
dominada pelo inconsciente. A outra parte, consciente, teria atuação reduzida.
O inconsciente é parte integrante de nossa personalidade, na qual acontecem
“coisas” sem que percebemos. Ainda, para ele, a sexualidade (libido)
constituiria o elemento principal do inconsciente, bem como toda a dinâmica da
vida psíquica. Essa teoria escandalizou a sociedade de seu tempo por enfatizar
a questão da sexualidade e dizer inclusive que as crianças possuíam atividade
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sexual, bem como dar importância a traumas sexuais infantis uma determinação
do comportamento das pessoas durante sua vida adulta.
Uma de suas associações é de que esses traumas estariam vinculados a
uma etapa do desenvolvimento infantil em que as crianças se sentiriam atraídas
pelo progenitor de sexo oposto, conceito que ficou denominado como
Complexo de Édipo, em referência a uma das mitologias gregas.
De acordo com a teoria freudiana o aparelho psíquico humano se
estrutura em 3 instâncias ou esferas: id, superego e ego.
Id: está presente deste o nascimento. Nele dominam as pulsões, isto é,
impulsos corporais e instintivos associados à libido. Empurra o indivíduo àquilo
que lhe traz prazer e nega as insatisfações. Atua de maneira ilógica e
contraditória e tem nos sonhos seu principal meio de expressão. É o principal
motor oculto das condutas humanas.
Superego:
se
forma
através
do
processo
de
socialização,
especificamente familiar, a partir das negações de seus genitores. Esse conjunto
de regras absorvidos na infância freiam as pulsões do id, geram regras de
conduta e estabelece uma consciência moral.
Ego: é uma instância consciente e pré-consciente. Ele interage com o
mundo externo recebendo influência das outras duas esferas. Precisa lidar com
as exigências da realidade, isto é, resolver os seus conflitos entre seus desejos
internos (id) e o seu senso moral (superego).
Freud afirmou que quando o ego não consegue lidar com esses conflitos
ele cria mecanismos de defesa, pelos quais os conteúdos censurados pelo
superego são reprimidos (recalque), expressando-se de forma indireta na vida
da pessoa através de atos falhos (ação de dizer ou fazer alguma coisa sem
intenção), sonhos e projeções (algo projetado em outra pessoa que ele não
aceita ou reprime em si mesmo). Portanto, para a psicanálise, trazer à
consciência esses conteúdos reprimidos e ajudar o paciente a enfrenta-los e a
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lidar com seus medos e inibições ajudaria adaptá-lo melhor a sua realidade
concreta no presente.
Outro
pensador
que
se
dedicou
ao
inconsciente é Carl Gustav Jung (18775-1961). Podemos dizer que foi discípulo
de Freud, no entanto, discordava em diversos aspectos, especificamente sobre
as determinações dos traumas ligados à repressão na infância e a importância
que seu colega dava ao impulso sexual, o que fez criar uma teoria diferente a de
Freud, a psicologia analítica.
Para Jung a vida psíquica envolveria muitos outros elementos e seria uma
forma de reducionismo interpretar a maioria de seus acontecimentos como
manifestação do caráter sexual. Para ele, a libido é importante, mas como
energia vital mais ampla e associada à outras coisas, não somente ao sexo.
Ao estudar os sonhos percebeu que nestes apareciam imagens estranhas
que não estavam relacionadas as experiências de seus pacientes. Conclui que
se tratava de imagens primordiais, isto é, as origens da criação mais antiga.
Formulou a tese de que existe uma linguagem comum a todos os seres humanos
de todos os tempos e lugares da Terra. Ela está formada por essas imagens ou
conteúdos simbólicos primitivos denominados arquétipos. Estes são vividos de
maneira não consciente por todas as pessoas, é o chamado inconsciente
coletivo.
Os arquétipos estabeleceriam um conjunto de predisposições para o
indivíduo pensar, sentir e agir no mundo sobre determinada maneira,
constituindo também a base sobre a qual se criam grandes pensamentos e obras
da humanidade.
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Para Jung os principais arquétipos seriam: o nascimento, a morte, a
criança, a mãe, o velho sábio, o herói e Deus. Como você pode perceber estes
estão associados a todas as culturas e sociedades. O principal arquétipo para
ele, é o self (si mesmo). Este corresponde a imagem da totalidade do ser, a
conexão com uma dimensão maior (família, coletividade, cosmos, etc.).
4.2 Consciência e Cultura
Freud disse que muito dos conteúdos da consciência são absorvidos na
mais tenra infância (constituição do superego), moldando nossa consciência
moral. Trata-se de valores e visões de mundo geradas através da socialização
que, inicialmente acontece na família. Em seu conjunto esses valores sociais
constituiria a consciência coletiva, para aquele que é considerado o “pai da
sociologia”, Émile Durkheim (vamos ver muito de suas ideias no Curso de
Sociologia).
A Consciência Coletiva para Durkheim é uma realidade distinta do
indivíduo e que existe anterior ao indivíduo, ou seja, não está vinculada ao
pertencimento de uma pessoa, e sim à coletividade. No entanto, como ela
é absorvida por todos nós, ela passa a ser nossa consciência também. De
acordo com ele, a coesão social (ordem, a estabilidade) depende da
conformidade entre a consciência individual e coletiva, expressando-se através
de normas morais e jurídicas. Exemplificando: se um indivíduo comete um ato
contrário ao que está estabelecido nas normas, sofrerá uma pressão moral
advinda do grupo social no qual ele pertence. Em resumo, a consciência
individual tem estreita relação com a consciência coletiva.
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4.3 Modos de Consciência para Hegel
O filósofo alemão Hegel (1770-1831) defendia que
há 3 formas de compreender o mundo:
a) Consciência religiosa: experiência baseada na fé, crença inabalável
nas verdades reveladas.
b) Consciência intuitiva: uma percepção mais imediata, que não
perpassa por uma meditação racional, fundamentada em insights.
Aqui estariam as artes (literatura, escultura, pintura, etc.)
c) Consciência racional: modo de entender a realidade baseada em
certos princípios estabelecidos pela razão, como o de causa e efeito.
Pretende alcançar uma adequação entre pensamento e realidade.
Esse objetivo requer abstração e análise para explicar o que quer ser
explicado, portanto, é o modo próprio da filosofia.
4.4 Consciência e Filosofia
A Filosofia pretende romper o senso comum e chegar à sabedoria,
através da consciência crítica (julgamento e avaliação de uma ideia através
da reflexão filosófica). Esta consciência mais crítica nos afasta das
armadilhas das opiniões e das aparências.
O desenvolvimento da consciência crítica requer atenção com o
mundo e reflexão sobre si mesmo.
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Podemos analisar que embora a filosofia seja um saber separado das
ciências (processo este que se iniciou no século XVIII), pois antes os saberes
estavam praticamente integrados na filosofia sem ser uma disciplina
específica, ela encontra um intercâmbio com as ciências, já que estas se
ramificam a partir da filosofia. As questões científicas são sobretudo
problemáticas filosóficas. Através de um ramo da filosofia conhecida como
epistemologia, a filosofia faz reflexões sobre os conhecimentos alcançados
pelas diversas áreas científicas, questionando a validade de seus métodos,
critérios e resultados.
Para finalizarmos nossa aula vamos abordar mais um aspecto do
filosofar: o argumento.
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5 O Argumento
Uma das práticas fundamentais da reflexão filosófica é saber raciocinar e
argumentar de forma ordenada o desenvolvimento das ideias para se chegar a
conclusões válidas e justificadas do ponto de vista da lógica.
Pensa num problema de matemática que envolve o cálculo da área
geométrica do quadrado ou numa questão de História que solicita uma análise
das consequências da Revolução Industrial.
Bem, para isso, você precisou desenvolver internamente um processo
mental, que fez você selecionar determinados conhecimentos aprendidos para
chegar a alguma conclusão, isto é, raciocínio ou inferência.
Assim, para aqueles que estuda a lógica o que lhe interessa é saber se a
conclusão do raciocínio constitui uma sequência das informações ou hipóteses
levantadas, de tal maneira que possa ser justificada.
O nosso dia a dia é repleto de atos que nos requer raciocínio e
argumentação. Ao ir para a escola é necessário escolher a roupa. A partir disso
começa a movimentação do processo de raciocínio: usar o uniforme, mas se ele
estiver sujo, qual outra roupa seria possível? Uma camiseta e chinelo? Não,
porque provavelmente o regimento escolar não permite tal vestimenta. Talvez
uma calça jeans e uma blusa de malha... Dessa forma, é possível argumentar
que o uniforme sujou no café e como alternativa foi utilizada a opção da calça
jeans e blusa de malha neutra. Pode ser que a diretora aceite e só dê uma
advertência...
Veja que nesta hipotética situação foi utilizada uma sentença: o uniforme
sujou no café. A solução foi optar pela roupa temporária que não vai de encontro
com o estabelecido pelo regimento da escola. Os argumentos são formados
por sentenças, que é a parte visível do argumento (de quando expressamos
através da fala ou da escrita).
Em resumo, o argumento é formado por suas sentenças (premissas)
mais a conclusão. Veja o exemplo:
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Existem dois tipos de argumentação, a dedutiva e a indutiva:
Dedução: é a busca de a partir de proposições verdadeiras obter
conclusões verdadeiras. Parte do maior para o menor, ou do geral para o
particular.
Exemplo: Aconteceu um assassinato no shopping entre às 14:00 e 16:00.
P1: Todas as pessoas que estiveram no shopping entre às 14:00 e 16:00
são suspeitas.
P2: Maria saiu do shopping às 13:30.
Logo, Maria não é assassina.
Intuição: vai do menor para o maior, portanto, suas conclusões vão além
das premissas.
P1: Um dia meu joelho doeu e depois choveu.
P2: Repetidas vezes meu joelho doeu e depois choveu.
Logo, sempre que o meu joelho doer vai chover.
A indução é utilizada de forma frequente nas ciências de maneira
criteriosa e controlada. Um cientista que observa a ebulição da água sob
determinas condições (100º C ao nível do mar) vai dizer que sempre,
independente do lugar e sob determinadas condições, a água entrará em
ebulição. Ou seja, isso foi produzido por observação, e não por dedução lógica.
Prepare a pipoca e o guaraná. Chame o (a) namorado (a).
Convide algum amigo (a). Reúna a família. Assista ao filme Doze Homens e
uma sentença. Este filme retrata bem os aspectos do filosofar (dúvida, diálogo,
consciência e lógica) que abordamos nesta aula. Sinopse: Doze jurados se
reúnem para decidir se consideram culpado um jovem porto-riquenho acusado
de ter assassinado seu próprio pai. Todos têm certeza da culpa, menos um, mas
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a decisão deve ser unânime. Há duas versões, uma de 1957 do diretor Sidney
Lumet e outra de 1997, de William Friedkin. Boa sessão!
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6 EXERCÍCIOS
1 ENEM 2016:
Nunca nos tornaremos matemáticos, por exemplo, embora nossa memória
possua todas as demonstrações feitas por outros, se nosso espírito não for
capaz de resolver toda espécie de problemas; não nos tornaríamos filósofos por
ter lido todos os raciocínios de Platão e Aristóteles, sem poder formular um juízo
sólido sobre o que nos é proposto. Assim, de fato, pareceríamos ter aprendido,
não ciências, mas histórias.
DESCARTES, R. Regras para a orientação do espírito. São Paulo: Martins
Fontes, 1999.
Em sua busca pelo saber verdadeiro, o autor considera o conhecimento de modo
crítico como resultado da
A) investigação de natureza empírica.
B) retomada da tradição intelectual.
C) imposição de valores ortodoxos.
D) autonomia do sujeito pensante.
E) liberdade do agente moral.
Análise: o filósofo René Descartes está inserido no século XVI. Como visto, ele
tinha preocupação de duvidar para se chegar ao conhecimento verdadeiro
utilizando a razão. Em sua obra “Meditações”, chegou à conclusão de que o
sujeito é algo que pensa, logo, tem sua expressão famosa: “penso, logo existo”.
Alternativa A: o pensamento de Descartes não trata de experimentos, mas a
busca da verdade pela razão
Alternativa B: o texto não faz referência a uma tomada da tradição intelectual,
pelo contrário, Descartes tece críticas a tradição intelectual (medieval).
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Alternativa C: usar a razão e a dúvida está longe de aceitar imposições de
valores ortodoxos.
Alternativa D: está é a alternativa correta, pois através do ato de pensar, duvidar
e usar a razão haverá como resultado a autonomia do sujeito pensante.
Alternativa E: o agente moral ele não pensaria por si próprio, portanto, não
utilizaria a razão e o juízo próprio.
2 ENEM 2015
Suponha homens numa morada subterrânea, em forma de caverna, cuja
entrada, aberta à luz, se estende sobre todo o comprimento da fachada; eles
estão lá desde a infância, as pernas e o pescoço presos por correntes, de tal
sorte que não podem trocar de lugar e só podem olhar para frente, pois os
grilhões os impedem de voltar a cabeça; a luz de uma fogueira acesa ao longe,
numa elevada do terreno, brilha por detrás deles; entre a fogueira e os
prisioneiros, há um caminho ascendente; ao longo do caminho, imagine um
pequeno muro, semelhante aos tapumes que os manipuladores de marionetes
armam entre eles e o público e sobre os quais exibem seus prestígios.
PLATÃO. A República. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2007.
Essa narrativa de Platão é uma importante manifestação cultural do pensamento
grego antigo, cuja ideia central, manifesta:
A) caráter antropológico, descrevendo as origens do homem primitivo.
B) sistema penal da época, criticando o sistema carcerário da sociedade
ateniense.
C) vida cultural e artística, expressa por dramaturgos trágicos e cômicos gregos.
D) sistema político elitista, provindo do surgimento da pólis e da democracia
ateniense.
E) teoria do conhecimento, expondo a passagem do mundo ilusório para o
mundo das ideias.
Análise: se observamos atentamente o texto concluiremos que é uma passagem
do “Mito da Caverna”, o qual está inserido na obra “A República”, de Platão.
Como já estudamos tanto na aula 00 como na aula 01, o mundo das ideias é
defendido por Platão como o verdadeiro, sendo acessado pela razão. Assim, se
sairia do visível (ilusório) para o conhecimento (inteligível). Dessa forma, a
alternativa correta é a E.
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3 ENEM 2015
A utilidade do escravo é semelhante à do animal. Ambos prestam serviços
corporais para atender às necessidades da vida. A natureza faz o corpo do
escravo e do homem livre de forma diferente. O escravo tem corpo forte,
adaptado naturalmente ao trabalho servil. Já o homem livre tem corpo ereto,
inadequado ao trabalho braçal, porém apto à vida do cidadão.
ARISTÓTELES. Política. Brasília: UnB, 1985.
O trabalho braçal é considerado, na filosofia aristotélica, como
A) indicador da imagem do homem no estado de natureza.
B) condição necessária para a realização da virtude humana.
C) atividade que exige força física e uso limitado da racionalidade.
D) referencial que o homem deve seguir para viver uma vida ativa.
E) mecanismo de aperfeiçoamento do trabalho por meio da experiência.
Análise: é importante lembrar que na Grécia Antiga a mão de obra escrava era
responsável pela produção e por permitir aos cidadãos a exercerem suas
atividades intelectuais e políticas na pólis. Aristóteles defendia que o grupo
responsável pela defesa e administração da pólis era superior, já que usavam a
razão e buscavam o conhecimento verdadeiro. O grupo que exercia o trabalho
braçal não tinha condição de pensar e nem participar dos rumos da pólis.
Alternativa A: a concepção da natureza do homem é cumprir sua essência, isto
é, o uso da razão, do intelecto, do exercício da política. A atividade braçal
limitaria o potencial da racionalidade.
Alternativa B: para a realização da virtude humana é preciso pensar de forma
racional, o que não seria possível trabalhando. Além disso, apregoava que outras
formas da realização da virtude (felicidade) é ter a companhia da família, dos
amigos, a riqueza e o poder.
Alternativa C: esta é a alternativa correta, porque associa a força física ao uso
limitado da racionalidade. Para exercer o intelecto e a vida política é necessário
se dedicar e ter tempo livre.
Alternativa D: o trabalho braçal não era defendido por Aristóteles como caminho
para a vida ativa.
Alternativa E: também não condiz com o pensamento de Aristóteles.
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4 ENEM 2014
Alguns dos desejos são naturais e necessários; outros, naturais e não
necessários; outros, nem naturais nem necessários, mas nascidos de vã opinião.
Os desejos que não nos trazem dor se não satisfeitos não são necessários, mas
o seu impulso pode ser facilmente desfeito, quando é difícil obter sua satisfação
ou parecem geradores de dano.
EPICURO DE SAMOS. Doutrinas principais. In: SANSON, V. F. Textos de
Filosofia. Rio de Janeiro. Eduff, 1974.
No Fragmento da obra filosófica de Epicuro, o Homem tem como fim
A) alcançar o prazer moderado e a felicidade.
B) valorizar os deveres e as obrigações sociais.
C) aceitar o sofrimento e o rigorismo da vida com resignação.
D) refletir sobre os valores e normas da divindade.
E) defender a indiferença e a impossibilidade de se atingir o saber.
Análise: Epicuro, diferente de Platão e Sócrates, defende que tudo é matéria,
inclusive a alma. Defende a satisfação dos desejos em busca do prazer. No
entanto, para ele, é preciso moderar os prazeres, agir com prudência racional,
contentar-se com pouco, pois assim não haveria dor, decepção, fontes da
infelicidade. Neste sentido, fica claro que a alternativa correta é a A. Aproveito
para destacar que a alternativa C está associada aos Estoicos.
5 ENEM 2014
É o caráter radical do que se procura que exige a radicalização do próprio
processo de busca. Se todo o espaço for ocupado pela dúvida, qualquer certeza
que aparecer a partir daí terá sido de alguma forma gerada pela própria dúvida,
e não será seguramente nenhuma daquelas que foram anteriormente varridas
por essa mesma dúvida.
SILVA, F. L. Descartes: a metafísica da modernidade.
São Paulo: Moderna, 2001 (adaptado).
Apesar de questionar os conceitos da tradição, a dúvida radical da filosofia
cartesiana tem caráter positivo por contribuir para o(a)
A) dissolução do saber científico
B) recuperação dos antigos juízos.
C) exaltação do pensamento clássico.
D) surgimento do conhecimento inabalável.
E) fortalecimento dos preconceitos religiosos.
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Análise: alerto os estudantes para o fato de que o ENEM 2014, 2015 E 2016
trouxe questões sobre Descartes. Descartes procura construir um sistema
científico de bases firmes e indubitáveis. Pretendia aplicar o modelo matemático
ou da física, já que esse tipo de modelo só poderia ser levado ao erro por “um
Deus enganador ou por um gênio enganador”. Para ele, o conhecimento
tradicional estava baseado em estruturas frágeis, porque não tinha organização
e sistematização, muito menos se colocava à prova. Descartes defendia que a
ciência precisava de evidências (claras e distintas), da qual o pensamento não
possa duvidar. A partir da explicação não restam dúvidas que a alternativa
correta é a D.
6 ENEM 2013
A felicidade é, portanto, a melhor, a mais nobre e a mais aprazível coisa do
mundo, e esses atributos não devem estar separados como na inscrição
existente em Delfos “das coisas, a mais nobre é a mais justa, e a melhor é a
saúde; porém a mais doce é ter o que amamos”. Todos estes atributos estão
presentes nas mais excelentes atividades, e entre essas a melhor, nós a
identificamos como felicidade.
ARISTÓTELES. A Política. São Paulo: Cia. das Letras, 2010.
Ao reconhecer na felicidade a reunião dos mais excelentes atributos, Aristóteles
a identifica como
A)
B)
C)
D)
E)
busca por bens materiais e títulos de nobreza.
plenitude espiritual e ascese pessoal.
finalidade das ações e condutas humanas.
conhecimento de verdades imutáveis e perfeitas.
expressão do sucesso individual e reconhecimento público
Análise: diferente de Platão, a felicidade para Aristóteles não estaria no
mundo ideal (inteligível), mas também no mundo concreto, no mundo
sensível. Obviamente não descarta o intelecto, a razão como forma de
acessar à felicidade. Embora, a felicidade estivesse como uma de suas fontes
a riqueza e o poder, não identificava a felicidade como busca dos bens
materiais e títulos de nobreza ou do sucesso individual, até mesmo porque a
política (o bem da coletividade) era o mais importante. Assim descartamos as
alternativas A, B e E. A alternativa D também não procede, porque não
concebia o conhecimento como verdade imutável. A felicidade era a
finalidade das ações e condutas humanas (alternativa C como correta),
dedicada à vida contemplativa e a prática de outras virtudes sustentadas no
bem-estar material e social.
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7 ENEM 2014
TEXTO I
Há já algum tempo eu me apercebi de que, desde meus primeiros anos, recebera
muitas falsas opiniões como verdadeiras, e de que aquilo que depois eu fundei
em princípios tão mal assegurados não podia ser senão mui duvidoso e incerto.
Era necessário tentar seriamente, uma vez em minha vida, desfazer-me de todas
as opiniões a que até então dera crédito, e começar tudo novamente a fim de
estabelecer um saber firme e inabalável.
DESCARTES, R. Meditações concernentes à Primeira Filosofia. São Paulo: Abril
Cultural, 1973 (adaptado).
TEXTO II
É o caráter radical do que se procura que exige a radicalização do próprio
processo de busca. Se todo o espaço for ocupado pela dúvida, qualquer certeza
que aparecer a partir daí terá sido de alguma forma gerada pela própria dúvida,
e não será seguramente nenhuma daquelas que foram anteriormente varridas
por essa mesma dúvida.
SILVA, F. L. Descartes: a metafísica da modernidade. São Paulo: Moderna, 2001
(adaptado).
A exposição e a análise do projeto cartesiano indicam que, para viabilizar a
reconstrução radical do conhecimento, deve-se
A) retomar o método da tradição para edificar a ciência com legitimidade.
B) questionar de forma ampla e profunda as antigas ideias e concepções.
C) investigar os conteúdos da consciência dos homens menos esclarecidos.
D) buscar uma via para eliminar da memória saberes antigos e ultrapassados.
E) encontrar ideias e pensamentos evidentes que dispensam ser questionados.
Análise: vamos lembrar que Descartes defende a regra da evidência (clara e
distinta), para garantir a característica indubitável; guarde isso! A dúvida é o
caminho para libertar a razão dos falsos princípios e ela é tão rigorosa que ganha
o caráter hiperbólico.
Alternativa A: ele critica a tradição (principalmente a Escolástica, que ainda
vamos ver), porque essa não colocava em dúvida seus princípios e não buscava
a evidência. Era confusa e desordenada.
Alternativa B: esta é alternativa correta, pois ele questiona as antigas ideias e
concepções, através de um método racional.
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Alternativa C: esta não faz o menor sentido, porque ele não investiga a
consciência, mas a validação do conhecimento racional.
Alternativa D: não faz o menor sentido, porque em nenhum momento ele trata
de memória e de apaga-la.
Alternativa E: pretendia através da evidência chegar a uma conclusão racional,
mas é importante lembrar que tudo pode e dever ser colocado em dúvida.
8 ENEM 2014
Os produtos e seu consumo constituem a meta declarada do empreendimento
tecnológico. Essa meta foi proposta pela primeira vez no início da Modernidade,
como expectativa de que o homem poderia dominar a natureza. No entanto, essa
expectativa, convertida em programa anunciado por pensadores como
Descartes e Bacon e impulsionado pelo Iluminismo, não surgiu “de um prazer de
poder”, “de um mero imperialismo humano”, mas da aspiração de libertar o
homem e de enriquecer sua vida, física e culturalmente.
CUPANI, A. A tecnologia como problema filosófico: três enfoques. Scientiae
Studia, São Paulo, v. 2, n. 4, 2004 (adaptado).
Autores da filosofia moderna, notadamente Descartes e Bacon, e o projeto
iluminista concebem a ciência como uma forma de saber que almeja libertar o
homem das intempéries da natureza. Nesse contexto, a investigação científica
consiste em
A) expor a essência da verdade e resolver definitivamente as disputas teóricas
ainda existentes.
B) oferecer a última palavra acerca das coisas que existem e ocupar o lugar que
outrora foi da filosofia.
C) ser a expressão da razão e servir de modelo para outras áreas do saber que
almejam o progresso.
D) explicitar as leis gerais que permitem interpretar a natureza e eliminar os
discursos éticos e religiosos.
E) explicar a dinâmica presente entre os fenômenos naturais e impor limites aos
debates acadêmicos.
Análise: uma leitura atenta da questão faz com que possamos chegar
rapidamente a alternativa correta. Tanto Descartes como Bacon (que ainda
vamos ver) estão no período conhecido como iluminista, isto é, a era da razão,
da luz do saber. A ciência é para compreender a natureza de forma racional e
libertar o homem de suas intempéries. Não tinha como objetivo o que pressupõe
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as alternativas A, B, D e E, porque são contraditórias aos objetivos da
investigação científica. Portanto, a alternativa correta é a C.
9 ENEM (2012)
Para Platão, o que havia de verdadeiro em Parmênides era que o objeto de
conhecimento é um objeto de razão e não de sensação, e era preciso
estabelecer uma relação entre objeto racional e objeto sensível ou material que
privilegiasse o primeiro em detrimento do segundo. Lenta, mas irresistivelmente,
a Doutrina das Ideias formava-se em sua mente.
ZINGANO, M. Platão e Aristóteles: o fascínio da filosofia. São Paulo: Odysseus,
2012 (adaptado).
O texto faz referência à relação entre razão e sensação, um aspecto essencial
da Doutrina das Ideias de Platão (427 a.C.-346 a.C.). De acordo com o texto,
como Platão se situa diante dessa relação?
A) Estabelecendo um abismo intransponível entre as duas.
B) Privilegiando os sentidos e subordinando o conhecimento a eles.
C) Atendo-se à posição de Parmênides de que razão e sensação são
inseparáveis.
D) Afirmando que a razão é capaz de gerar conhecimento, mas a sensação não.
E) Rejeitando a posição de Parmênides de que a sensação é superior à razão.
Análise: Platão concorda com o filósofo cosmólogo Parmênides de que o
conhecimento é objeto da razão e não da sensação. Podemos definir a teoria
das Ideias dizendo que o mundo sensível é apenas uma cópia imperfeita do
mundo ideal, e que o objeto da ciência é o mundo real das Ideias. O mundo
inteligível (intelecto) é estudado na dialética, e o mundo sensível é o domínio da
opinião (doxa).
A: não havia para Platão um abismo intransponível entre razão e sensação, mas
acreditava que o mundo ideal era o verdadeiro, e para se conhecer este não
seria através do sensível.
B: completamente errada, porque era exatamente isso que ele refutava.
C: não era inseparável, mas que se devia privilegiar a razão do que o sensorial.
D: é a alternativa correta, já que a razão gera o conhecimento para explicar o
inteligível, e os sentidos não - estes ficam presos as aparências e não a essência
das coisas.
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E: Platão concordava com Parmênides de que o conhecimento é objeto da razão
e não da sensação.
10 PUC-Paraná 2010
Partindo da afirmação metafísica de que todo ser caminha para a realização de
sua natureza, Aristóteles defende que o fim do homem é a sua realização plena.
De acordo com as ideias do autor sobre esse assunto, é CORRETO afirmar que:
I. O fim do ser humano é a conquista do Bem, o qual está associado à ideia de
felicidade.
II. A felicidade seria alcançada pelo seguimento dos instintos e impulsos naturais,
já que a razão seria incapaz de conduzir o homem para o Bem.
III. O Bem humano seria alcançado pela prática da virtude, o que pressuporia o
uso da racionalidade, já que só as ações conscientes em direção à virtude
garantiriam a felicidade.
IV. A virtude seria um justo meio, ou seja, uma medida de equilíbrio entre a falta
e o excesso, e a conquista dessa medida poderia variar em cada situação moral,
já que, para Aristóteles, a ética é uma ciência prática.
A) Apenas as assertivas I e II estão corretas.
B) Apenas a assertiva I está correta.
C) Todas as assertivas estão corretas.
D) Apenas a assertiva IV está correta.
E) Apenas as assertivas I, III, IV estão corretas.
Análise: a sentença II está equivocada, porque Aristóteles não defendia os
instintos ou impulsos, e sim a razão. As demais sentenças I, III e IV estão
corretas, porque a conquista do bem é associada a ideia de felicidade, uso da
racionalidade e prática das virtudes, garantindo assim o equilíbrio. Portanto, a
alternativa correta é E.
11 UEL-2009
Nos rituais indígenas, a ingestão do cauim evoca a busca de um estado de
prazer e de felicidade. Na tradição filosófica, a idéia de felicidade foi abordada
por Aristóteles, na obra “Ética a Nicômacos”. Considerando o pensamento ético
de Aristóteles, assinale a alternativa correta.
a) O interesse pessoal constitui o bem supremo a que visam todas as ações
humanas, acima das escolhas racionais.
b) A felicidade é o bem supremo a que aspira todo indivíduo pela experiência
sensível do prazer que se busca por ele mesmo.
c) Todos os seres humanos aspiram ao bem e à felicidade, que só podem ser
alcançados pela conduta virtuosa, aliada à vontade e à escolha racional.
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d) Fim último da existência humana, a felicidade refere-se à vida solitária do
indivíduo, desvinculada da convivência social na polis.
e) A felicidade do indivíduo não pode ser alcançada pelo discernimento racional,
mas tão-somente pelo exercício da sensibilidade.
Alternativa A: a alternativa está errada porque coloca o interesse pessoal e não
o interesse coletivo como felicidade, além disso exclui a racionalidade.
Alternativa B: embora defenda que a felicidade esteja também no mundo
sensível, diferente da concepção de Platão, Aristóteles acredita também no
intelecto, ou seja, a felicidade não estaria somente no que é sensível.
Alternativa C: a alternativa C está correta porque reúne os vários aspectos da
reflexão aristotélica sobre felicidade, como a escolha racional e a prática das
virtudes.
Alternativa D: está equivocada porque Aristóteles defendia que a felicidade
estava, sobretudo, relacionada ao bem-estar coletivo, isto é, o bem-estar social
da pólis, do exercício da política, que garantiria a paz social, além de estar na
companhia dos familiares e amigos.
Alternativa E: o uso da racionalidade é um dos pontos mais importantes para se
chegar a felicidade, portanto, a alternativa está errada.
12 UEL-2011
O principal problema de Descartes pode ser formulado do seguinte modo: “Como
poderemos garantir que o nosso conhecimento é absolutamente seguro?” Como
o cético, ele parte da dúvida; mas, ao contrário do cético, não permanece nela.
Na Meditação Terceira, Descartes afirma: “[...] engane-me quem puder, ainda
assim jamais poderá fazer que eu nada seja enquanto eu pensar que sou algo;
ou que algum dia seja verdade eu não tenha jamais existido, sendo verdade
agora que eu existo [...]”
Com base no enunciado e considerando o itinerário seguido por Descartes para
fundamentar o conhecimento, é correto afirmar:
a) Todas as coisas se equivalem, não podendo ser discerníveis pelos sentidos
nem pela razão, já que ambos são falhos e limitados, portanto o conhecimento
seguro detém-se nas opiniões que se apresentam certas e indubitáveis.
b) O conhecimento seguro que resiste à dúvida apresenta-se como algo relativo,
tanto ao sujeito como às próprias coisas que são percebidas de acordo com as
circunstâncias em que ocorrem os fenômenos observados.
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c) Pela dúvida metódica, reconhece-se a contingência do conhecimento, uma
vez que somente as coisas percebidas por meio da experiência sensível
possuem existência real.
d) A dúvida manifesta a infinita confusão de opiniões que se pode observar no
debate perpétuo e universal sobre o conhecimento das coisas, sendo a
existência de Deus a única certeza que se pode alcançar.
e) A condição necessária para alcançar o conhecimento seguro consiste em
submetê-lo sistematicamente a todas as possibilidades de erro, de modo que ele
resista à dúvida mais obstinada.
Alternativa A: descarta o uso da razão, então podemos eliminá-la.
Alternativa B: o conhecimento seguro, para Descartes, não pode ser algo
relativo, então podemos descartar essa alternativa.
Alternativa C: Descartes não defendia que somente pela experiência sensível as
coisas poderia ser percebidas e ter existência real, pelo contrário, é necessário
desconfiar dos sentidos.
Alternativa D: a dúvida não manifesta confusão de ideias, já que visa a
organização e a sistematização. Tampouco somente a existência de Deus seria
a única certeza, já que ele chegou à conclusão de que se “alguém” nos engana
é porque somos algo. Se somos capazes de duvidar e pensar, portanto,
existimos enquanto algo.
Alternativa E: nos restou somente está alternativa como a correta. De fato, o
conhecimento seguro consiste em submetê-lo à dúvida mais obstinada, até
resisti-la.
13 Fundação Carlos Chagas
O termo ataraxia designa o ideal da imperturbabilidade ou da serenidade da
alma, em decorrência do domínio sobre as paixões ou da extirpação destas.
(Abbagnano, N. Dicionário de filosofia)
O termo ataraxia está fortemente ligado ao
(A) epicurismo e estoicismo.
(B) hermetismo e ao congruísmo.
(C) jansenismo e ao laxismo.
(D) idealismo transcendental.
(E) materialismo.
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Análise: o Epicurismo afirmava que para a imperturbabilidade era necessário
moderar os prazeres e viver com o pouco. Já o estoicismo defendia a aceitação
e a resignação da providência, do seu destino. Assim, ao evitar a decepção e
aceitar as dores, se alcançaria a serenidade. Portanto, a alternativa correta é a
A.
14 Fundação Carlos Chargas
É INCORRETO afirmar que um dos principais fatos que define a atividade
filosófica na época de seu nascimento entre os gregos é
(A) a tendência à racionalidade.
(B) o orientalismo religioso.
(C) a recusa de explicações pré-estabelecidas.
(D) a tendência à argumentação.
(E) a capacidade de generalização.
Análise: como vimos em nossas aulas, a racionalidade, a recusa das explicações
pré-estabelecidas, o uso da argumentação e a capacidade de universalização
das explicações fazem parte da atividade filosófica em seu nascimento. Portanto,
a única alternativa incorreta é o orientalismo religioso (alternativa B).
15 CESAGRINO
“[...]quem consideras que seja melhor do que aquele que tem uma veneranda
opinião sobre os deuses; e passando por tudo se mantém destemido diante da
morte; que refletiu sobre a meta da natureza e que, de um lado, o limite dos bens
é simples de alcançar e fácil de obter, enquanto, dos males, ou é curto o tempo
ou o sofrimento?”
Epicuro, citado por Diógenes Laércio (Vidas e Doutrinas dos Filósofos ilustres,
X, 133).
Aponte, entre as frases abaixo, a que NÃO corresponde à filosofia de Epicuro.
(A) A filosofia deve ter por objetivo a realização da felicidade.
(B) Temer a morte é um mal que resulta de um preconceito sobre o valor da
mesma.
(C) Visto que a felicidade é constituída pelos prazeres, todos eles devem ser
buscados sempre.
(D) Os deuses são indiferentes aos apelos e reclamações dos homens.
(E) O conhecimento da natureza livra os homens de preconceitos e temores.
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FILOSOFIA
Prof. Raphael Reis – Aula 01
Análise: a única alternativa que não corresponde ao epicurismo é a D. Esta
corrente acreditava que a religião e as superstições faziam os seres humanos
sofrerem, por causa de suas crenças que levavam o temor à morte e as
divindades, por exemplo.
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