Aula_02

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ESCREVER...
COMO?
Fernanda Fonseca Pessoa Rossoni
e-Tec Brasil – Redação e Expressão Oral
Meta
Apresentar os tipos e as possíveis estruturas de construção
de textos e seus elementos imprescindíveis.
Objetivos
Ao final desta aula, você deverá ser capaz de:
1. identificar diferentes tipos de textos;
2. reconhecer e utilizar as propriedades de clareza, coesão
e coerência textuais.
Pré-requisito
Para se ter um bom aproveitamento desta aula, é
importante você reconhecer os componentes do processo
comunicativo discutidos na aula anterior: emissor, receptor,
mensagem, código, referente e canal.
Pra começar...
AULA 2 – Escrever... Como?
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Quando você vai escrever um texto, em que você pensa primeiro?
Normalmente, pensa na sua intenção, não é? Tudo bem... Mas, depois,
você precisa pensar no leitor do seu texto. A partir daí, define-se a função da
linguagem, assim como a própria linguagem e o tipo de redação que se vai
escrever.
Há três tipos de redação: a narração, a descrição e a dissertação. Sendo
assim, mostraremos a definição de cada uma, estabelecendo a diferença entre
elas.
Além disso, para que o texto possa ser considerado um texto, ele precisa
possuir algumas características. São elas: clareza, coesão e coerência. Tais
atributos dão sentido ao conjunto de palavras e frases da redação, tornando-o
INTELIGÍVEL.
INTELIGÍVEL
Iniciaremos esta aula falando sobre os tipos de textos.
Palavra derivada de
inteligência, significa aquilo
Os tipos de textos
Agora, você vai conhecer os tipos de textos e as diferenças (que não são
poucas) existentes entre eles.
Narração
Misael, funcionário da Fazenda, com 63 anos de idade, conheceu Maria
Elvira na Lapa – prostituída com sífilis, dermite nos dedos, uma aliança
empenhada e os dentes em petição de miséria.
Misael tirou Maria Elvira da vida, instalou-a num sobrado no Estácio,
pagou médico, dentista, manicura... Dava tudo quanto ela queria.
Quando Maria Elvira se apanhou de boca bonita, arranjou logo um
namorado.
que se compreende bem.
Consiste no que está
inserido em um sistema de
significações ou relações
lógicas já conhecidas.
e-Tec Brasil – Redação e Expressão Oral
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Misael não queria escândalo. Podia dar uma surra, um tiro, uma facada.
Não fez nada disso: mudou de casa.
Viveram três anos assim.
Toda vez que Maria Elvira arranjava namorado, Misael mudava de casa.
Os amantes moraram no Estácio, Rocha, Catete, Rua General Pedra,
Olaria, Ramos, Bom Sucesso, Vila Isabel, Rua Marquês de Sapucaí,
Niterói, Encantado, Rua Clapp, outra vez no Estácio, Todos os Santos,
Catumbi, Lavradio, Boca do Mato, Inválidos...
Por fim na Rua da Constituição, onde Misael, privado de sentidos e
inteligência, matou-a com seis tiros, e a polícia foi encontrá-la caída em
decúbito dorsal, vestida de organdi azul.
(“Tragédia Brasileira”, de Manuel Bandeira)
O texto de Manuel Bandeira é um bom exemplo de narração. Narrar implica
relatar um fato ou um acontecimento. Há personagens atuando e um narrador
que relata as ações. O encadeamento das ações constitui o enredo.
Uma narração possui, normalmente:
– o que narramos (o fato);
– com quem ocorreu ou ocorre (o protagonista);
– quando ocorreu;
– onde ocorreu;
– como ocorreu;
– por que ocorreu;
– o que ocorre a partir disto (a conseqüência deste fato).
Manuel Bandeira
O poeta modernista Manuel Carneiro de Souza Bandeira Filho nasceu no
Recife, no dia 19 de abril de 1886, e morreu no Rio de Janeiro, em 13
de outubro de 1968. Foi um poeta, crítico literário e de arte, professor de
literatura e tradutor brasileiro.
A trajetória poética de Bandeira revela a busca constante de novas formas
de expressão.
A cinza das horas”, primeiro livro do poeta, traz poemas parnasianosimbolistas. Carnaval marca o início da libertação das formas fixas e a
opção pela liberdade formal, que se tornaria uma das marcas registradas
de sua poesia. Nesse livro, está o poema “Os Sapos”, verdadeiro manifesto
de um poeta inconformado e rebelde diante das limitações da estética
parnasiana. O ritmo dissoluto, cujo título já indica tratar-se de um livro
integrado ao espírito modernista, mostra a opção definitiva de Bandeira
pelo corriqueiro, pelo cotidiano, como matéria poética.
Bandeira é considerado o mais hábil poeta brasileiro no manejo do verso
livre. “Libertinagem” apresenta alguns poemas fundamentais para se
entender a poesia de Bandeira: “Vou-me Embora
pra Pasárgada”, “Poética”, “Evocação do Recife”,
entre outros. No mesmo livro, começam a aparecer
assuntos que se tornariam freqüentes, entre eles o
amor, a lembrança de vultos familiares e da infância,
o folclore. Estrela da tarde atesta a inquietação do
poeta, sempre procurando novos recursos formais
para expressar sua visão de mundo.
Quando a pessoa que conta a história é também personagem, usando a
primeira pessoa, dizemos que se trata de um narrador-personagem.
Se o narrador apenas narra o que viu ou ficou sabendo, estando fora dos
acontecimentos, usa a terceira pessoa. Nesse caso, dizemos que se trata de
um narrador onisciente.
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AULA 2 – Escrever... Como?
SAIBA MAIS...
Descrição
e-Tec Brasil – Redação e Expressão Oral
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Deu por si na calçada, ao pé da porta; disse ao cocheiro que esperasse,
e rápido enfiou pelo corredor, e subiu a escada. A luz era pouca, os
degraus comidos dos pés, o corrimão pegajoso; mas ele não viu, nem
sentiu nada. Trepou e bateu. Não aparecendo ninguém, teve idéia de
descer; mas era tarde, a curiosidade fustigava-lhe o sangue, as fontes
latejavam-lhe; ele tornou a bater uma, duas, três pancadas. Veio uma
mulher; era a cartomante. Camilo disse que ia consultá-la, ela fê-lo entrar.
Dali subiram ao sótão, por uma escada ainda pior que a primeira e mais
escura. Em cima, havia uma salinha, mal alumiada por uma janela, que
dava para o telhado dos fundos. Velhos trastes, paredes sombrias, um ar
de pobreza, que antes aumentava do que destruía o prestígio.
(Fragmento de “A Cartomante”, de Machado de Assis)
Esse fragmento de “A Cartomante” descreve ações, ambientes e o
comportamento de pessoas, configurando-se em um texto descritivo. A
METÁFORA
Figura de linguagem que
consiste no emprego de
palavras fora do seu sentido
normal, por analogia.
É um tipo de comparação
implícita, sem termo
comparativo. Exemplos:
A Amazônia é o pulmão
descrição pode ser comparada a uma “fotografia”, pois faz uma representação
(um retrato) verbal de um objeto (lugar, situação ou coisa), destacando seus
traços mais particulares. Nesses textos encontramos riqueza de detalhes, por
meio da observação aguda da realidade pelo autor.
A descrição pode ser feita com base em um personagem (aspectos físicos,
comportamentais e psicológicos), em um objeto (cores, formas, sons, gestos,
odores), em uma paisagem, em determinadas situações ou em tudo isso.
do mundo.
Desta forma, notamos o uso acentuado dos cinco sentidos: audição, olfato,
Encontrei a chave do
tato, visão e paladar. Outros recursos largamente utilizados na descrição
problema.
“Veja bem, nosso caso /
É uma porta entreaberta.”
(Luís Gonzaga Jr.)
PROSOPOPÉIA
Figura de linguagem
baseada na atribuição de
qualidades e sentimentos
humanos a seres irracionais
e inanimados. Exemplo:
“A lua, (...) Pedia a cada
estrela fria / Um brilho de
aluguel...” (Jõao Bosco/
Aldir Blanc)
são os adjetivos, verbos que indicam estado, advérbios de lugar,
METAFÓRICA,
LINGUAGEM
comparações e PROSOPOPÉIA.
Mas lembre: para não confundirmos a descrição com a narração, basta
observarmos que a descrição não é centrada no dinamismo das ações, mas
sim nas características.
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Machado de Assis
Joaquim Maria Machado de Assis era filho do mulato Francisco José de
Assis, pintor de paredes e descendente de escravos alforriados, e de Maria
Leopoldina Machado, uma lavadeira portuguesa da Ilha de São Miguel. Ele
nasceu no Rio de Janeiro, em 21 de junho de 1839, e morreu na mesma
cidade, em 29 de setembro de 1908.
Foi romancista, contista, poeta e teatrólogo brasileiro, considerado um dos
mais importantes nomes da literatura deste país e identificado, pelo crítico
Harold Bloom, como “o mais supremo literário negro de todos os tempos”.
É considerado um dos criadores da crônica no país, além de ser importante
tradutor e crítico literário. Foi também um dos fundadores da Academia
Brasileira de Letras, também chamada de Casa de Machado de Assis, e
seu primeiro presidente.
Machado não freqüentou escola regular, mas, em 1851, com a morte do
pai, sua madrasta Maria Inês empregou-se como doceira num colégio, e
Machadinho, como era chamado, tornou-se vendedor de doces. Neste
colégio, teve contato com professores e alunos e, provavelmente, assistiu
às aulas quando não estava trabalhando.
Quando pôde se dedicar com mais comodidade à carreira literária, escreveu
uma série de livros de caráter romântico. É a chamada primeira fase de sua
carreira, marcada pelas obras Ressurreição, A mão e a luva, Helena e Iaiá
Garcia, além das coletâneas Contos Fluminenses e Histórias da Meia-Noite.
Em 1881, abandona, definitivamente, o romantismo da primeira fase de
sua obra e publica Memórias póstumas de Brás Cubas, que marca o início
do realismo no Brasil. Tanto essa obra como as demais de sua segunda
fase vão muito além dos limites do realismo, apesar de serem normalmente
classificadas nessa escola.
Machado não possuía traços nacionalistas e ambientou
suas histórias sempre no Rio de Janeiro. As narrações e os
personagens que criou revelam o autor como um mestre da
observação psicológica. O humor pessimista e a complexidade
do pensamento, além da desconfiança na razão, fazem com que
se afaste de seus contemporâneos.
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Dissertação
Ao contrário de algumas teses predominantes até bem pouco tempo,
a maioria das sociedades de hoje já começam a reconhecer a não
existência de distinção alguma entre homens e mulheres. Não há
diferença de caráter intelectual ou de qualquer outro tipo que permita
considerar aqueles superiores a estas.
Com efeito, o passar do tempo está a mostrar a participação ativa das
mulheres em inúmeras atividades. Até nas áreas antes exclusivamente
masculinas elas estão presentes, inclusive em posições de comando.
Estão no comércio, nas indústrias, predominam no magistério e
destacam-se nas artes. No tocante à economia e à política, a cada dia
que passa, estão vencendo obstáculos, preconceitos e ocupando mais
espaços.
Cabe ressaltar que essa participação não pode nem deve ser analisada
apenas pelo prisma quantitativo. Convém observar o progressivo
crescimento da participação feminina em detrimento aos muitos anos
em que não tinham espaço na sociedade brasileira e mundial.
Muitos preconceitos foram ultrapassados, mas muitos ainda perduram e
emperram essa revolução de costumes. A igualdade de oportunidades
ainda não se efetivou por completo, sobretudo no mercado de trabalho.
Tomando-se por base o crescimento qualitativo da representatividade
feminina, é uma questão de tempo a conquista da real equiparação entre
os seres humanos, sem distinções de sexo.
(“A posição social da mulher de hoje”. Fonte: http://www.graudez.com.br/redacao/ch05.html.)
A dissertação é caracterizada pela defesa de uma idéia, de um ponto
de vista, assim como no texto anterior, que, como vimos, defende a
representatividade feminina na sociedade. O texto dissertativo também pode
se basear num questionamento acerca de determinado assunto.
A persuasão
acontece quando o emissor
da mensagem consegue ser
convincente em suas idéias em
relação ao receptor. Para isso, o
texto deve ser claro e adequado
ao “público-alvo” (receptor a quem
se destina a mensagem). O verbo
persuadir significa levar ou induzir
a fazer, a aceitar, ou a crer;
aconselhar, convencer.
O que um texto deve ter?
Você já deve ter ouvido falar muitas vezes da fórmula que é ensinada na
escola, sobretudo para textos dissertativos:
– introdução: trecho inicial que apresenta a idéia a ser desenvolvida de
modo a despertar o interesse do leitor;
– desenvolvimento: trecho mais extenso que apresenta e desenvolve mais
as particularidades dos argumentos utilizados na introdução;
– conclusão: trecho que fecha o texto, retomando ou reafirmando todas as
idéias apresentadas e discutidas no desenvolvimento, de forma a tomar uma
posição acerca do problema, da tese.
Neste caso, é importante você perceber que cada parte possui um papel
importante no “todo”. Ou seja, as idéias devem ser organizadas de modo a dar
sentido ao conjunto (texto completo).
AULA 2 – Escrever... Como?
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e-Tec Brasil – Redação e Expressão Oral
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Há também outros modos de estruturar um texto (e que podem ser usados
concomitantemente ao esquema já apresentado). As recomendações são as
seguintes:
1. Estabeleça sua tese, isto é, o que você pretende desenvolver. É hora de
restringir o assunto: passar de um tema geral para um mais específico.
Entretanto, tome cuidado para não restringir demais, pois podem faltar
idéias!
2. Faça um esquema com os pontos a serem desenvolvidos, estabelecendo o que você deseja apresentar, assim como alguns exemplos,
se for o caso.
3. Escreva o primeiro rascunho. Fazer várias correções (ler e reescrever) é
essencial para se obter um bom texto.
4. Faça a revisão do texto, com as alterações necessárias: elimine o que
for inútil, acrescente as novas idéias que forem surgindo e substitua esta
ou aquela palavra por outra melhor. Assim você vai se aperfeiçoando até
chegar ao texto final.
ATENÇÃO!
Um texto bem escrito faz toda a diferença em nossa vida pessoal
e profissional, mas cuidado: escrever bem não significa escrever
“difícil”! É fundamental que o redator, ou seja, quem escreve, tenha
o foco no leitor.
O comportamento humano é complexo e, para usufruir positivamente
dele, precisamos imaginar de que forma nossa mensagem será
recebida e qual será a ação ou reação do receptor.
ATIVIDADE 1 – ATENDE AO OBJETIVO 1
Indique se os fragmentos adiante são narrativos, descritivos ou
dissertativos:
a. “Era noite de inverno, uma daquelas não muito frias, a ocasião ideal
para ouvir uma boa música. Pensando nisso, o casal se arrumou
e foi ao teatro para ouvir o concerto da Banda.” (Elcio Fernandes)
_________________________
b. Nos dias de enchente, quando a maré crescia, nas luas novas, a
água verde subia até a figueira gigante. _______________________
c. A televisão mostra uma realidade idealizada porque oculta os
problemas sociais realmente graves. _________________________
d. “Se pudesse economizar durante alguns meses, levantaria a cabeça.
Forjaria planos. Tolice, quem é do chão não se trepa.” (Graciliano
Ramos) _________________________
Como fazer a separação em parágrafos?
Em primeiro lugar, você deve se lembrar de que é preciso iniciar a primeira
linha do parágrafo em margem especial, mais recuada em relação ao restante
do texto.
Não há uma regra fixa para a construção de parágrafos, mas um conselho é
válido: o ideal é que cada um possua dois ou três períodos, de modo que eles
produzam seqüência de idéias.
No texto dissertativo-argumentativo, os parágrafos devem estar todos
relacionados com a tese ou a idéia principal do texto, que, geralmente, é
apresentada na introdução.
Escolha um tema. Formule você mesmo perguntas sobre o assunto
e responda a cada uma delas – isto gera idéias. Liste e organize seus
argumentos, o que ajuda a não se desviar da idéia central. Inicie os parágrafos
com sentenças importantes, que indiquem o que virá em seguida. Desenvolva
os argumentos. Depois, é só concluir, reafirmando ou retomando suas idéias.
AULA 2 – Escrever... Como?
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Para que um texto não seja
um amontoado de palavras e frases
Como já dissemos, um texto constitui uma unidade estruturada. Chamamos
de textualidade o conjunto de características que fazem com que a escrita seja
um “texto” e não apenas uma seqüência de frases.
Em função disso, nossos textos devem ser dotados de clareza, coerência e
coesão. São essas as propriedades que distinguem um texto de um amontoado
de palavras e frases.
Sigurd Decroos
Oleksiy Petrenko
e-Tec Brasil – Redação e Expressão Oral
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Fontes: www.sxc.hu
A clareza decorre de uma “clara” formulação mental, de modo que o autor
se faça entender pelo receptor da mensagem. Para isso, é necessário que o
vocabulário seja adequado para o receptor – sempre seguindo a linguagem
culta – e para a finalidade da mensagem, e que haja harmonia na composição
do texto.
A clareza interna corresponde à formulação do pensamento; a clareza
externa é a que resulta do uso correto da língua. Veja um erro cometido contra
a clareza:
– Ambigüidade do sujeito: Ouviram as crianças os pais com atenção.
(As crianças ouviram os pais ou os pais ouviram as crianças?)
Por esse exemplo, podemos ver que, usando a clareza, um texto pode ser
interpretado corretamente, evitando assim um equívoco. No entanto, essa
propriedade, como veremos, também depende da ocorrência da coesão e da
coerência.
Coesão
A coesão implica ligação, relação, conexão entre as palavras de um
texto por meio de elementos formais, que assinalam o vínculo entre os seus
componentes. Quando há ligação lógica entre os termos que formam uma
oração e entre as orações que formam um período, dizemos que o texto
está coeso. Ou seja, se há relação (associação consistente) entre os termos
da oração e entre o conjunto de orações de forma a estabelecer nexo, há
coesão.
Elementos que atuam na coesão de um texto: conjunções (coorde-nativas
e subordinativas) e orações coordenadas.
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AULA 2 – Escrever... Como?
Clareza
e-Tec Brasil – Redação e Expressão Oral
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Conjunção é a
palavra invariável que liga duas orações
ou dois termos semelhantes da mesma
oração. Exemplos: e, nem, mas, porém,
contudo, todavia, ou, ou... ou, ora... ora,
já... já, quer... quer, porque, pois, que, do
que, qual, quanto, assim como, embora,
conquanto, ainda que, posto que, mesmo
que, se, caso, contanto que, salvo se,
dado que, logo, portanto, por conseguinte,
entretanto, no entanto, daí, além
disso, para que, a fim de que.
ATENÇÃO!
• Coordenação de idéias: relacionamento entre orações em
que não há dependência sintática (ou seja, no âmbito da
frase). Pode haver a presença de conectivos (conjunções)
ou não. Elas dão idéia de adição, oposição, alternância,
conclusão, explicação ou condição.
Ex.: Acordou bem cedo, vestiu-se rapidamente e saiu para
o trabalho. (O “e” funciona como conjunção coordenativa de
adição.)
• Subordinação de idéias: neste caso, a relação entre as
orações é mais íntima devido ao fato de haver dependência
de sentido entre elas. Elas não têm sentido se ocorrerem
isoladas.
Ex.: Era necessário que todos comparecessem à reunião.
A coerência é resultante da não-contradição entre os diversos segmentos
textuais que devem estar encadeados logicamente. Consiste em uma relação
lógica entre as idéias, de modo que elas se completem, evitando a contradição
entre as partes do texto. Cada segmento textual é pressuposto do segmento
seguinte, que por sua vez será pressuposto para o que vier a seguir, formando,
assim, uma cadeia em que todos eles estejam conectados harmonicamente.
Quando há quebra nessa conexão, ou quando um segmento atual está
em contradição com um anterior, perde-se a coerência textual. Ou seja, existe
coerência quando há adequação entre o que se diz e o conhecimento do
receptor.
Exemplos:
“No verão passado, quando estivemos na capital do Ceará, Fortaleza, não
pudemos aproveitar a praia, pois o frio era tanto que chegou a nevar.”
(A frase é incoerente devido à incompatibilidade entre o que está escrito e
um conhecimento prévio que temos da realidade. Sabemos que, considerando
a realidade “normal”, em Fortaleza não neva, ainda mais no verão!)
A incoerência também se manifesta nas frases:
“As crianças estão morrendo de fome por causa da riqueza do país.”
(A riqueza do país causa fome?)
“Zélia Cardoso de Mello decidiu amanhã oficializar sua união com Chico
Anysio.” (Jornal A Tarde, Salvador, 16/9/1994)
(Decidiu é passado e amanhã é futuro. Seria “decidiu oficializar
amanhã”?)
As frases anteriores são contraditórias, não apresentam informações
lógicas; portanto, são incoerentes.
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AULA 2 – Escrever... Como?
Coerência
e-Tec Brasil – Redação e Expressão Oral
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ATIVIDADE 2 – ATENDE AO OBJETIVO 2
Reescreva as frases de modo a deixá-las claras, coesas e coerentes:
a. Pretende-se combater eficazmente a poluição do ar nas grandes
cidades discutindo muito a respeito.
b. Com saudade e emoção, lembra a figura de dona Marocas nessa
passagem de sua obra.
c. O instituto, que atende a doentes incuráveis, não tem recursos
para, com a hemodiálise, que custa menos, a manutenção, vivos, de
outros pacientes.
d. Dois modelos para a arte de dizer as coisas sem o parecer, arte
preciosa e rara – é melhor a não-resistência – apresento-as.
RESUMINDO...
•
A narração consiste em relatar um fato ou um acontecimento.
Há personagens atuando e um narrador que relata as ações,
formando um enredo.
•
A descrição, como o próprio nome diz, faz uma representação
(um retrato) verbal das características de um objeto (lugar,
situação ou coisa), destacando detalhadamente seus traços
mais particulares.
•
A dissertação é caracterizada pela exposição de argumentos
com a defesa de uma idéia, de um ponto de vista, ou mesmo
pelo questionamento acerca de determinado assunto.
•
Chamamos de textualidade o conjunto de características que
fazem com que a escrita seja um “texto” e não apenas uma
seqüência de palavras e frases, ou seja, trata-se de clareza,
coesão e coerência.
•
Quando o texto é dotado de clareza, ele pode ser interpretado
corretamente, evitando, assim, um equívoco. Essa propriedade
também depende da ocorrência da coesão e da coerência.
•
A coesão depende da associação consistente entre os termos
da oração e entre o conjunto de orações do texto de forma a
esta-belecer nexo.
•
A coerência consiste em uma relação lógica entre as idéias, de
modo que elas se completem, evitando a contradição entre as
partes do texto.
AULA 2 – Escrever... Como?
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e-Tec Brasil – Redação e Expressão Oral
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Informação sobre a próxima aula
Agora que já sabemos escrever um texto, quanto à estrutura e às
características do conteúdo, vamos, na próxima aula, estudar a redação
técnica (correspondências comerciais e oficiais).
RESPOSTAS DAS ATIVIDADES
Atividade 1
a. “Era noite de inverno, uma daquelas não muito frias, a ocasião ideal
para ouvir uma boa música. Pensando nisso, o casal se arrumou
e foi ao teatro para ouvir o concerto da Banda.” (Elcio Fernandes)
Narração
b. Nos dias de enchente, quando a maré crescia, nas luas novas, a
água verde subia até a figueira gigante. Descrição
c. A televisão mostra uma realidade idealizada porque oculta os
problemas sociais realmente graves. Dissertação
d. “Se pudesse economizar durante alguns meses, levantaria a cabeça.
Forjaria planos. Tolice, quem é do chão não se trepa.” (Graciliano
Ramos) Narração
Atividade 2
a. A poluição do ar nas grandes cidades é, atualmente, objeto de muitas
discussões, que visam encontrar meios eficazes de combatê-la.
b. A figura de dona Marocas é, por ele, com muita saudade e emoção,
lembrada nessa passagem de sua obra.
c. O instituto atende a doentes incuráveis; no entanto, não tem
recursos para a hemodiálise, que custa menos e permitiria manter a
vida de outros pacientes.
d. A arte de dizer as coisas sem parecer dizê-las é tão preciosa e rara
que não resisto ao desejo de recomendar dois modelos.
A POSIÇÃO social da mulher de hoje. In: REDAÇÃO ONLINE: dissertação.
Disponível em: <http://www.graudez.com.br/redacao/ch05.html>. Acesso
em: 06 nov. 2008.
COSTA VAL, M. G. Redação e textualidade. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes,
1999.
SARGENTIM, H. G. Expressão e comunicação lingüística. São Paulo: IBEP.
TERRA, E.; NICOLA, J. N. Redação para o segundo grau: pensando, lendo e
escrevendo. São Paulo: Scipione, 1996.
VESTERGAARR, T. A linguagem da propaganda. 2. ed. São Paulo: Martins
Fontes, 1994.
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AULA 2 – Escrever... Como?
Referências bibliográficas
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