UNINOVE – ECONOMIA I – SEMANA 5 – PROF. OSMIR. ECONOMIA A TRÊS SETORES: O SETOR PÚBLICO 0 setor público refere-se às três esferas de governo: União, Estados e Municípios e inclui as transações realizadas pelos respectivos Tesouros. Não inclui as operações do Banco Central (depósitos, empréstimos) e mesmo a taxa de juros e a taxa de câmbio, que são consideradas à parte, dentro do Sistema Monetário. Receita fiscal do governo A arrecadação fiscal do governo constitui-se das seguintes receitas: impostos indiretos (Ti): incidem sobre bens e serviços. Exemplos: ICMS, IPI; impostos diretos (Td): incidem sobre as pessoas (físicas e jurídicas). Exemplo: imposto de Renda, IPTU; contribuições à Previdência Social: encargos trabalhistas recolhidos de empregados e empregadores; outras receitas do governo: taxas (por exemplo, pedágios), multas, aluguéis etc. Gastos do governo Nas contas Nacionais, são considerados três tipos de gastos governamentais: 1. Gastos dos ministérios, secretarias e autarquias, cujas receitas provêm de dotações orçamentárias. São os gastos do Governo propriamente ditos, que aparecem nas Contas Nacionais e na Teoria Macroeconômica. Como os serviços do governo (bens públicos, como justiça, segurança, diplomacia, planejamento) não têm preço de venda, o produto gerado pelo governo é medido por suas despesas correntes ou de custeio (salários, compras de materiais) para a manutenção da máquina administrativa e despesas de capital (aquisição de equipamentos, construção de estradas, hospitais, escolas, prisões). 2. Gastos das empresas públicas e sociedades de economia mista: como suas receitas provêm da venda de bens e serviços no mercado, atuando como empresas privadas, são consideradas, nas Contas Nacionais, dentro do Setor de Produção junto com as empresas privadas). Exemplo: Cesp, Petrobrás etc. Isso porque as Contas Nacionais consideram o tipo de atividade econômica, e não a propriedade da empresa. 3. Gastos com transferências e subsídios: considerados nas Contas Nacionais como transferências. Representam apenas uma transferência financeira do setor público ao setor privado, não tendo correspondência com a renda corrente (não são uma remuneração a fator de produção). São os pagamentos a aposentados, a ex-pracinhas, bolsas de estudos às famílias, além dos subsídios ao setor privado, com o objetivo de baratear o preço de algum produto básico (trigo, leite) ao consumidor final. Se os gastos superarem a arrecadação, temos o conceito de déficit primário ou fiscal; se a arrecadação superar os gastos públicos, temos um superávit primário ou fiscal. Conceitos de Produto Nacional a preços de mercado e Produto Nacional a custo dos fatores Vamos apresentar agora uma segunda distinção no conceito de Produto Nacional: PN a preços de mercado e PN a custo de fatores: PN a preços de mercado (PNpm): é o PN medido a partir dos valores transacionados no mercado (ou seja, medido pelo preço pago pelo consumidor final); PN a custo de fatores (PNcf): PN medido a partir dos valores que refletem os custos de produção, a remuneração aos fatores (w + j + a + l). É um preço de fábrica, antes dos impostos, e não considerando preços dos insumos intermediários. Como é medido pela ótica dos rendimentos, rigorosamente é a Renda Nacional a custo de fatores (RNcf) A diferença entre ambos está nos impostos indiretos (Ti) e nos subsídios (Sub), isto é: PNpm = RNcf + Ti - Sub Nessa diferenciação, consideramos apenas os impostos indiretos (Ti), uma vez que os impostos diretos (Td) serão descontados dos proprietários dos fatores de produção (e não pelas empresas), após receberem a remuneração. Os impostos diretos não são encargos das empresas, mas das famílias, e nada têm a ver com a diferença entre custos dos fatores e preços praticados no mercado. Quanto aos subsídios, representam uma diminuição do preço pago pelos consumidores. Por exemplo: se o governo subsidiar o preço do leite em 30%, com o objetivo de diminuir o custo para os consumidores, e supondo que o custo efetivo para os produtores (custo dos fatores) é 100, o preço de mercado será 70, sendo 30 o montante de subsídio pago pelo governo aos produtores. Genericamente, é usual associar-se o "Produto Nacional" ao PNpm, e "Renda Nacional" à RNcf. A utilização dos conceitos de PNcf, ou RNpm, não é muito correta, embora apareçam com freqüência (mesmo porque o resultado numérico é o mesmo), pois, rigorosamente, custo de fatores está associado à ótica de renda (RN) e preços de mercado, à ótica de produção (PN). Conceito de carga tributária bruta e carga tributária líquida A carga tributária bruta refere-se ao total da arrecadação fiscal do governo, que corresponde à soma dos impostos diretos e indiretos e outras receitas correntes. A carga tributária líquida é a diferença entre a carga tributária bruta e as transferências e subsídios ao setor privado. A partir desses conceitos, pode-se construir índices de carga tributária bruta e líquida, em relação ao Produto Interno Bruto (PIB), conceito que definiremos no próximo item. Assim: índice de Carga Tributária Bruta = Impostos indiretos + Impostos Diretos . 100 PIBpm Impostos indiretos + Impostos Diretos - Transferências índice de Carga Tributária Líquida = e Subsídios do Governo ao setor privado . 100 PIBpm ECONOMIA A QUATRO SETORES: O SETOR EXTERNO Finalizando, vamos incluir nas Contas Nacionais as variáveis relativas a uma economia "aberta" para o resto do mundo. Conceitos de exportações (X) e importações (M) exportações (X): são as compras dos estrangeiros de nossos bens e serviços; ou seja, os gastos do setor externo com nossas empresas; importações (M): são nossas compras com bens do exterior, quanto gastamos com o resto do mundo. Parte da renda gerada no país que "vaza" para fora. sendo X e M as notações utilizadas internacionalmente. Conceitos de Renda Líquida de Fatores Externos (RLFE), Produto Nacional Bruto (PNB) e Produto Interno Bruto (PIB) Precisamos incluir, nas Contas Nacionais, a renda recebida da atividade de nossas empresas no estrangeiro; da mesma forma, para termos uma idéia do que efetivamente nos pertence, devemos excluir a renda remetida às matrizes das multinacionais aqui localizadas. Isso leva aos conceitos de PM e PIB (ou RNB e RIB) Produto Interno Bruto (PIB): é a renda devida à produção dentro dos limites territoriais do país. Renda Líquida de Fatores Externos (RLFE): é a remuneração dos ativos pertencentes a estrangeiros. Divide-se em: Renda Enviada ao Exterior (RE): parte do que foi produzido internamente não pertence aos nacionais, principalmente o capital e a tecnologia. A remuneração desses fatores vai para fora do país, na forma de remessa de lucros, royalties, juros, assistência técnica. Renda Recebida do Exterior (RR): recebemos renda devido à produção de nossas empresas operando no exterior. Assim: RLFE = RR - RE Com base no PIB e na RLFE, temos o conceito de: Produto Nacional Bruto (PNB): renda que pertence efetivamente aos nacionais, incluindo a renda recebida de nossas empresas no exterior, e excluindo a renda enviada para o exterior pelas empresas estrangeiras localizadas no Brasil. Portanto: PNB = PIB + RLFE Se: RE > RR => RLFE < 0 => PNB < PIB Se: RE < RR => RLFE > 0 => PNB > PIB 0 Brasil, bem como a quase totalidade dos países emergentes, inclui-se no primeiro caso, em que o PIB supera o PNB, devido às altas remessas de juros, a lucros e royalties aos estrangeiros. Aqui, como a RLFE é negativa, ela é chamada de Renda Líquida Enviada ao Exterior. A RLFE não deve ser confundida com a diferença entre Exportações (X) e Importações (M). Os lucros recebidos pela Petrobrás do exterior não representam importações; a remessa de lucros da Fiat não constitui exportações. A RLFE representa parte da renda gerada por essas empresas, e não suas vendas ou compras. A fórmula final da Despesa Nacional (DN) Uma vez apresentados os agregados macroeconômicos correspondentes aos quatro setores (família, empresas, governo e setor externo), pode-se apresentar a fórmula final da Despesa Nacional: DN = C + I + G + X - M onde: C é a despesa das famílias com bens de consumo, I é a despesa com bens de capital e a variação de estoques, G os gastos do governo, X as exportações e M as importações (sendo a diferença X - M as despesas líquidas do setor externo). Rigorosamente, com relação ao setor externo, deveriam aparecer como componente da despesa agregada apenas as exportações. Deduzem-se, entretanto, as importações, devido ao fato de que elas estão embutidas nas demais despesas agregadas (C, I, G, X) e pela dificuldade prática de calcular o componente importado para cada um desses agregados (seja como bem de capital, seja como bem de consumo). Por isso, corrige-se a fórmula, deduzindo-se as importações pelo seu total global. 0 conceito de despesa agregada, assim como o de produto, é apresentado a preços de mercado, já que são valores finais. Como no Brasil utiliza-se mais o conceito de Despesa Interna e não o de Despesa Nacional, e não é calculada a depreciação (com o que são utilizados os conceitos agregados em termos brutos), tem-se, então: DIBpm = C + I + G + X -M Fluxo Circular de Renda para uma Economia a Quatro Setores 0 processo de formação de renda, considerando os quatro agentes macroeconômicos, pode ser sintetizado no diagrama a seguir - Copiar da Louza. Vale lembrar que o sistema de contas nacionais refere-se às variáveis reais, isto é, que representam alterações no produto real da economia. Não estão explicitadas as transações que envolvem o Sistema Financeiro (depósitos, empréstimos, ações etc.), que têm como principal função captar recursos dos poupadores para transferi-los aos investidores. As transações relativas ao setor financeiro são detalhadas à parte do sistema de contas nacionais.