Notícias PERSPECTIVA MUNDO: Mudança no rating do EFSF não afetará países resgatados São Paulo, 7 de novembro de 2014 - As mudanças no rating do mecanismo de resgate da eurozona, o Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (EFSF, na sigla em inglês), ou mesmo um possível rebaixamento de sua nota de crédito, não prejudicará o socorro financeiro aos países europeus endividados, segundo analistas entrevistados pela Agência CMA. O EFSF foi criado em 2010 com o objetivo de emitir títulos no mercado de capitais com custos de financiamento mais baixos e repassar os recursos obtidos aos países europeus em crise. Desta forma, o Fundo servia como um mecanismo de resgate aos países necessitados. No mês passado, a Standard & Poor (S&P) alterou a perspectiva do rating da França - segundo maior garantidor do EFSF, depois da Alemanha - de estável para negativa, desencadeando automaticamente a mesma ação para o rating do EFSF. A ação gerou dúvidas sobre a capacidade do fundo de ajudar os países europeus. "Basicamente, ratings menores significam menor credibilidade e devem ser refletidos em custos mais altos de financiamento, reduzindo o montante de recursos disponíveis para ajudar os países da periferia do euro em dificuldades", afirmou Kathrin Muelbronner, economista da Moody's. Para os analistas, no entanto, o aumento nos custos de financiamento do EFSF não afetará o socorro financeiro aos países endividados por um motivo simples: o EFSF está saindo de cena e dando lugar ao fundo permanente, o Mecanismo de Estabilidade Financeira (ESM, na sigla em inglês). "Os custos de financiamento do EFSF devem subir, mas só há uma pequena quantia restante disponível de transferência de recursos deste fundo para a Grécia. O EFSF não é mais o fiador da infraestrutura fiscal da eurozona. Agora é o ESM", afirmou Ulrich Kater, economista do Deka Bank. Embora o EFSF continue emitindo títulos no mercado para administrar a duração dos papéis até os empréstimos serem pagos, o Fundo já completou seu programa de ajuda para Irlanda, com 17,7 bilhões de euros, e para Portugal, com 26 bilhões de euros. Para a Grécia, só resta uma pequena parcela restante de 1,8 bilhão de euros que deverá ser paga até o final do ano, quando a avaliação da Troika sobre o país for divulgada. "Portanto, o EFSF não estará mais envolvido nos novos programas. Os novos programas de assistência financeira serão conduzidos pelo fundo ESM (como a ajuda para o Chipre e para a capitalização dos bancos da Espanha)", comentou Rainer Guntermann. ESM O ESM passou a substituir o EFSF em setembro de 2012 como mecanismo de resgate permanente e com capacidade de empréstimos de 700 bilhões de euros. Todos os novos programas de ajuda para os membros da eurozona com dificuldades financeiras serão administrados por ele. Segundo Guntermann, a diferença do ESM para o EFSF é que o rating do primeiro é mais resistente às mudanças de crédito dos países participantes. O capital do ESM - de 700 bilhões de euros - é formado por contribuições predefinidas dos países, totalizando 80 bilhões de euros, e por empréstimos captáveis no mercado, somando 620 bilhões de euros. "Por tanto, os pagamentos do ESM são cobertos com dinheiro e não apenas com garantias dos países", explica. As mudanças de rating do EFSF também não têm impacto sobre o rating do ESM, segundo Ansgar Belke, professor do instituto alemão BES. "São instituições separadas com recursos separados. O ESM também será avaliado pelas agências de classificação de risco, mas o gatilho para seu rebaixamento não será o rating do EFSF". REBAIXAMENTO DA FRANÇA E EFSF Após a mudança nas perspectivas do rating da França, a S&P estudará agora a nota de crédito do país para uma futura classificação, que deverá ser divulgada em 12 de dezembro. Um rebaixamento no rating da França também resultaria numa piora da nota do EFSF, aumentando ainda mais seus custos de financiamento. Para Belke, no entanto, a decisão de rebaixamento da França já vem sendo esperada há um bom tempo e já foi incorporada nos preços dos empréstimos. "Isso explica a reação relativamente calma dos mercados financeiros a um potencial rebaixamento do país". CMA - Consultoria, Métodos, Assessoria e Mercantil S/A - www.cma.com.br - [email protected] Página 01 November 14 2014 17:07 Notícias "O impacto de um rebaixamento da França nas condições de financiamento será modesto, uma vez que vários participantes de mercado já o esperam de alguma forma, dada a deterioração da dívida e do déficit da França", completou Guntermann. Para ele, o verdadeiro impacto para o EFSF e sua capacidade de financiamento seria, na verdade, a deterioração econômica do cenário financeiro da França. Além disso, há incertezas sobre se o país conseguirá ou não implementar as reformas estruturais e metas de déficit de acordo com as regras da União Europeia. No pior dos cenários, Belke acredita que se a tendência dos ratings dos fundos fiadores aos países da eurozona continuar piorando no longo prazo, algumas medidas terão que ser tomadas. "Existem duas possibilidades: ou a França faz reformas para melhorar suas perspectivas econômicas ou o próprio Banco Central Europeu (BCE) terá que garantir novamente os empréstimos aos países, no lugar dos fundos". Paula Selmi / Agência CMA Edição: Pâmela Reis ([email protected]) Copyright 2014 - Grupo CMA 07/11 11:01 CMA (CMA) Nr. 1313800109 (INT) CMA - Consultoria, Métodos, Assessoria e Mercantil S/A - www.cma.com.br - [email protected] Página 02 November 14 2014 17:07