Faculdade Eniac Bacharel em Administração Luciana Aparecida Tódero UMA ANÁLISE REFLEXIVA DA ADAPTABILIDADE DOS DEFICIENTES AUDITIVOS NAS EMPRESAS FARMACÊUTICAS: DIFICULDADES VIVENCIADAS PELOS TRABALHADORES Guarulhos 2011 UMA ANÁLISE REFLEXIVA DA ADAPTABILIDADE DOS DEFICIENTES AUDITIVOS NAS EMPRESAS FARMACÊUTICAS: DIFICULDADES VIVENCIADAS PELOS TRABALHADORES Trabalho apresentado de Conclusão à Faculdade de Curso Eniac, como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Administração. Orientadora: Profª. Ms. Maria Helena Veloso Salgado. Guarulhos 2011 ATA de Avaliação de Trabalhos de Conclusão de Curso - TCC DATA: ____/_____/2011 Sala: _______________ Horário: _____________ ATA A comissão julgadora dos Trabalhos de Conclusão de Curso - TCC do Curso de Graduação em Administração certifica que: Aluno: Luciana Aparecida Tódero______________________ RA _732308_____ Autor do trabalho cujo tema é: Uma Análise Reflexiva da Adaptabilidade dos Deficientes Auditivos nas Empresas Farmacêuticas: Dificuldades Vivenciadas Pelos Trabalhadores _________ foi: ( ) APROVADOS ( ) REPROVADOS - Nota ( ) ___________ Comissão Julgadora PROFESSORES: (nome e assinatura) 1)________________________________________________________________ 2)________________________________________________________________ 3)________________________________________________________________ “Dedico este trabalho à minha família que são minha vida, essência, sinônimos de amor e amizade”. Agradeço primeiramente a Deus, que me concedeu vida e me agraciou com uma família maravilhosa. A professora Maria Helena Veloso Salgado, orientadora, pela dedicação, compreensão e paciência nas orientações. A Ana Paula, professora de Libras, que com boa vontade se dispôs em me auxiliar ao longo deste trabalho. Enfim, agradeço a todos que de alguma forma colaboraram para que esse sonho se torne realidade. “Suba o primeiro degrau com fé. Não é necessário que você veja toda a escada. Apenas de o primeiro passo”. Martin Luther King Resumo A presente pesquisa teve como intuito analisar as dificuldades dos deficientes auditivos na adaptação e no convívio com as pessoas em seu ambiente de trabalho. A pesquisa se deu em algumas empresas do segmento farmacêutico. Foi analisado o conteúdo dos dados coletados. A competência e habilidade dos profissionais de uma empresa que contrata deficientes auditivos, as adaptações dos ambientes e mudanças no comportamento daqueles que passaram a conviver diariamente com deficientes auditivos, a maneira que os colegas de trabalho lidam com as diferenças, as dificuldades e preconceitos vividos na profissão exercida e as necessidades de mudanças na cultura da empresa para atender as necessidades dos funcionários deficientes auditivos. Os resultados apontam a existência de falhas e preconceito no comportamento de profissionais que exigem uma qualificação adequada para o processo de inclusão e integração do deficiente auditivo com os demais trabalhadores da empresa. Palavras-chaves Deficiente auditivo, preconceito, lei, comunicação, libras, isolamento, descaso, treinamento, conscientização, superação. Sumário Introdução......................................................................................................01 1. Deficientes auditivos..................................................................................03 1.1. Causas da deficiência auditiva.....................................................04 1.2. Grau da perda auditiva.................................................................04 2. Mercado de trabalho..................................................................................06 2.1. Lei nº 8.213, de 24/07/1991..........................................................07 2.2. Inclusão do deficiente auditivo nas industrias farmacêuticas.......08 2.3. Processo seletivo..........................................................................10 2.4. Comunicação com os deficientes auditivos...................................11 2.5. Convívio com os colegas de trabalho............................................13 2.6. Dificuldades enfrentadas...............................................................14 3. Superando as diferenças.............................................................................16 3.1. Capacitando os profissionais que convivem com os surdos..........16 3.1.1. Recursos Humanos.....................................................................17 3.1.2. Superiores...................................................................................19 3.1.3. Programas de conscientização...................................................20 Considerações.................................................................................................22 Referências......................................................................................................24 Termo de compromisso e responsabilidade....................................................27 Introdução Com o intuito de analisar as dificuldades que enfrentam os deficientes auditivos no ambiente de trabalho, foi realizada uma pesquisa de campo, especificamente no que diz respeito à adaptação no convívio com o grupo de trabalho. Essas dificuldades vivenciadas ocorrem principalmente pela falta de conscientização de muitas empresas atualmente no que diz respeito ao ambiente de trabalho inadequado aos deficientes auditivos, na carência de profissionais habilitados na forma de se comunicarem com esses deficientes, dentre outros fatores. A falta de assistência às necessidades desses trabalhadores, bem como a mão de obra qualificada no atendimento aos deficientes auditivos é uma realidade encontrada nas empresas do segmento farmacêutico. A assistência necessária que deveria ocorrer dos profissionais dos departamentos responsáveis no acompanhamento do desenvolvimento das atividades dos deficientes auditivos, durante a sua produção, em um treinamento específico, esclarecimentos de dúvidas e integração com os demais funcionários não ocorrem de maneira correta. O que se vivencia muito nas empresas do segmento farmacêutico é o isolamento e a falta de assistência dos profissionais que ocupam cargos de chefia, administradores e recursos humanos para com deficientes auditivos. Muitas empresas contratam esses profissionais somente para cumprir a Lei nº 8.213, de 24/07/1991, a Lei de cotas, que impõe a obrigatoriedade na contratação para aquelas empresas que possuem em seu quadro de funcionários mais de cem trabalhadores. As dificuldades de relacionamento vividas pelos deficientes auditivos no mercado de trabalho ocorrem somente pela falta de informações daqueles que convivem com esses. A limitação em um dos seus sentidos é vista pela grande maioria das pessoas como um motivo de menosprezar a sua capacidade, que pode ser demonstrada de diversas formas. 1 A habilidade que esses profissionais desempenham suas funções já prova a sua capacidade mediante a sociedade, que não é abalada pela sua perda auditiva. Os impedimentos impostos pela sociedade impossibilitam uma convivência harmoniosa, com respeito e de igualdade entre todos. Para mudar esse quadro de descaso com esses profissionais, que buscam no mercado de trabalho não só a sua independência financeira, mas diferentes formas de se relacionarem com a sociedade, devem partir de uma iniciativa das empresas. O reconhecimento profissional dos deficientes auditivos, oportunidades de desenvolverem suas atividades com a mesma assistência que é dispensada aos demais funcionários, são iniciativas básicas que todas as empresas devem adotar. Disponibilizar profissionais que ocupam cargos de chefia com habilidades na comunicação com os deficientes auditivos, o departamento de recursos humanos deve ser atuante com esses profissionais e com programas de conscientização com os demais, promovendo reuniões, eventos em que haja a integração entre todos, programas de treinamento principalmente com aqueles que trabalham no mesmo departamento, promovendo a comunicação entre eles, buscando amenizar de forma significante as dificuldades e discriminação sofrida por essas pessoas. Muitos deficientes auditivos, devido ao quadro de isolamento sofrido ao longo de suas vidas, têm prejudicada a sua capacidade de agir com independência perante a sociedade, tornando esses dissociados de um grupo. Os obstáculos culturais e físicos impostos pela sociedade excluem uma minoria que possuem os mesmos direitos, básicos e fundamentais. A partir da contratação desses profissionais, a ideia não é somente cumprir a Lei de cotas nas empresas e sim praticar a inclusão social, removendo as barreiras impostas, assegurando aos deficientes auditivos o pleno gozo e exercício de seu trabalho, amparados em Lei pelos seus direitos. 2 1. DEFICIENTES AUDITIVOS Deficientes auditivos são pessoas que possuem a perda da audição, seja uma perda total ou parcial. Os termos utilizados com mais freqüência são: audição e deficiência auditiva. Assim como a visão, o olfato, o tato e o paladar, a audição é um dos nossos sentidos e através dela somos capazes de ouvir os sons ao nosso redor. A audição também é o meio principal pelo desenvolvimento da fala e da linguagem. A audição é um dos quatro sentidos que permite as pessoas entrarem em contato com o mundo, possibilitando uma comunicação mais efetiva com os outros. (TERRA; DORNELLES, 2003, p. 297). Segundo o Art. 3º do Decreto Federal nº 3.298, de 20 de dezembro de 1999, que regulamenta a Lei nº 7.853, de 24 de outubro de 1989, que dispõe sobre a Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência, que consolida as normas de proteção e dá outras providências, afirma que: Deficiência é toda a perda ou anormalidade de uma estrutura ou função psicológica ou anatômica que gere incapacidade para o desempenho de atividade, dentro do padrão considerado normal para o ser humano. (Fonte: PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA CASA CIVIL SUBCHEFIA PARA ASSUNTOS JURÍDICOS - decreto nº 3.298, de 20 de dezembro de 1999.) As causas da deficiência auditiva são determinadas por diversos fatores, cada qual tem seu procedimento adequado para reabilitação desse quadro, bem como a adaptação na busca de melhorias, sendo necessária uma avaliação específica com um médico otorrinolaringologista e com um fonoaudiólogo. De acordo com Timby et al. (2005), a capacidade de proteção pessoal e de comunicação interpessoal fica extremamente comprometida com a perda auditiva, além de outras conseqüências profundas que ocorrem na vida dessa pessoa, podendo levar a depressão e ao isolamento social. 3 Classificar o deficiente auditivo como uma pessoa anormal é uma discussão que sempre esteve presente nas questões sociais. Ser deficiente por questões biológicas, sempre foi alvo de discriminação, fato esse que age com impacto na vida do deficiente auditivo, bem como na sua estrutura familiar. De acordo com os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2000), aproximadamente 24,6 milhões de pessoas apresentam algum tipo de deficiência ou incapacidade, sendo 5,7 milhões de brasileiros com algum grau de deficiência auditiva e pouco menos de 170 mil se declararam surdos. 1.1. Causas da deficiência auditiva São várias as causas da deficiência auditiva, como fator genético, exposição freqüente em ambientes com muito barulho e algumas doenças que são causadas por infecções virais e bacterianas, que podem ser transmitidas para o feto durante a gestação ou acomete o recém nascido no momento do parto, como: rubéola, toxoplasmose, sífilis e outras infecções. Outras patologias como meningite, caxumba, sarampo, otites, ototoxico entre outras há tempos têm sido reconhecidas como causas de perda auditiva em graus e padrões variáveis. Outro fator que é considerado uma das principais causas da perda auditiva nos adultos é a exposição a ruídos prejudiciais, dentro ou fora do ambiente de trabalho e outra causa que também provoca a alteração auditiva é o fator idade. Com o aumento da idade, em torno de 60 ou 65 anos, a percepção dos sons começa a ser afetada e as dificuldades de entendimento do que as pessoas falam passam a ser freqüente. Segundo JESUS (2009, p.21), havia dito que “devemos estar sempre alerta, pois a deficiência auditiva é o problema sensorial de maior incidência na população brasileira”. 1.2. Grau da perda auditiva 4 O grau de comprometimento da perda auditiva, que é a redução ou ausência da capacidade de ouvir determinados sons, em diferentes graus de intensidade, é classificada em níveis, podendo ser: moderada, severa ou profunda. O grau da perda auditiva é geralmente expresso pela média dos limiares tonais (MLT), que é o nível auditivo médio dos limiares de CA em 500 Hz, 1000 Hz e 2000 Hz. A amplitude da freqüência entre os 500 Hz e os 2000 Hz é chamada de freqüência da fala. (HERDMAN, 2002,p. 214). É importante a avaliação e o acompanhamento de um médico profissional na área para detectar a localização e a gravidade da lesão que originou a perda auditiva. Também existe o grau de comprometimento, ou seja, quanto foi a perda auditiva deste individuo. E para saber isto, é necessário a realização de testes com o uso de um instrumento chamado audiômetro. (JESUS, 2009 p.19). Os fatores que causam a ausência ou a redução da capacidade de ouvir podem afetar a orelha externa, média ou interna e as causas determinantes dessa alteração requer adequações e procedimentos que se façam necessários. 5 2. MERCADO DE TRABALHO No processo de inclusão dos deficientes auditivos no mercado de trabalho, as empresas devem adotar procedimentos adequados, como programas e ações comportamentais voltadas aos demais funcionários, integrando e estimulando a interação de todos. Muitas empresas desconhecem as possibilidades e desempenho dos deficientes auditivos, dificultando o seu acesso e oportunidade às vagas disponíveis no mercado de trabalho. Essas devem identificar os fatores semelhantes de sua necessidade e das habilidades dos deficientes auditivos. Uma das razões para contratar profissionais com algum tipo de deficiência auditiva é a eficiência do trabalho que realizam. (PONCE, BURIM, FLORISSI 2002, p. 141). As dificuldades de conquistar uma vaga atualmente no mercado de trabalho é uma realidade vivida por muitos e essa discussão é mais relevante à dificuldade do deficiente auditivo que é marginalizado nesta questão. Como a diferença influência no mercado de trabalho, já que estamos inseridos em uma sociedade marjoritária, ouvinte, alheia as diferenças, não encontrando apoio dos governantes, que por desconhecimento, indiferença ou preconceito deixam a educação especial excluída. (DANESI, 2007, p. 133). As profissões deveriam ser analisadas e a descrição do exercício de cada uma delas, como atribuições, características, entre outros, a fim de facilitar na identificação dos candidatos aptos a ocupar as vagas, identificando dessa forma as potencialidades do deficiente auditivo e as dificuldades enfrentadas. As empresas que possuem deficientes auditivos em seu quadro de funcionários devem buscar informações com profissionais indicados na área, como fonoaudiólogos e assistentes sociais, para esclarecimentos dos problemas enfrentados, beneficiando os surdos e aqueles que convivem com eles. 6 2.1. Lei nº 8.213, de 24/07/1991. A Lei de cotas refere-se à contratação e inclusão de pessoas com deficiências nas empresas, conforme o Art. 93 da Lei 8.213, de 24 de Julho de 1991. As cotas para deficientes é proporcional a quantidade de funcionários de uma determinada empresa, ou seja, empresas com até 200 funcionários, 2% das vagas é destinada aos deficientes; de 201 a 500 funcionários, 3%; de 501 a 1000 funcionários, 4% e acima de 1001, 5%. A obrigatoriedade estabelecida pela Lei na contratação confere o direito de inserção de pessoas com deficiência no mercado de trabalho, onde até então as dificuldades encontradas por essas pessoas de se relacionarem neste ramo social, passou a ter um respaldo para fins de proteção legal. Desde a regulamentação da Lei e a exigência de seu cumprimento pelos entes responsáveis pela fiscalização, o debate sobre a importância do dispositivo legal (Lei 8.213/91, art. 93), sua constitucionalidade, eficácia e os meios disponíveis para o seu cumprimento tomou lugar no cenário nacional, por meio de matérias jornalísticas, artigos, estudos científicos e palestras a respeito do tema. (GOLDFARB 2007, p. 20). Apesar das normas estabelecidas na Lei, boa parte das empresas não cumprem com o que está determinado, e muitas dessas consideram um desafio a inserção dessas pessoas no mercado do que uma oportunidade de fato. As empresas deveriam estar cientes que a diversidade de profissionais promove inovação e criatividade, trazendo benefícios através de visões diferentes sobre um mesmo problema, e a troca de experiência e opiniões é enriquecedor, ampliando assim a sua visão global e integrada no segmento em que atuam. 7 2.2. Inclusão do deficiente auditivo nas indústrias farmacêuticas Muitas são as normas e ações governamentais e institucionais que visam garantir a acessibilidade das pessoas com deficiências no mercado de trabalho, mais especificamente nas empresas do segmento farmacêutico. Considerando que os dispositivos legais garantidores da inclusão da pessoa com deficiência no mundo do trabalho inspiram-se nos preceitos constitucionais que preconizam a dignidade da pessoa humana e o valor social do trabalho, a não-discriminação, a igualdade, a liberdade de exercício profissional e no dispositivo que proíbe qualquer forma de discriminação no tocante a salário e critérios de admissão do trabalhador com deficiência (artigo 1º, incisos III e IV, artigo 3º, inciso IV, artigo 5º, “caput” e inciso XII e artigo 7º, inciso XXXI, da Constituição Federal) e, também, na Convenção nº 159/1993, da Organização Internacional do Trabalho – OIT, ratificada pelo Brasil por meio do Decreto Legislativo nº 51, de 28 de agosto de 1989. (PACTO TRIPARTITE PARA INCLUSÃO DE PESSOAS COM DEFICIÊNCIA NO MERCADO DE TRABALHO - 2011/2013). A contração dos deficientes nas empresas farmacêuticas objetiva não somente as contratações, mas oferecer condições dignas de trabalho, reconhecimento dos direitos e possibilidade de ascensão profissional, promovendo as mudanças necessárias para a valorização da diversidade e eliminar qualquer tipo de discriminação dentro das empresas. Buscando a formalidade e cumprimento do processo de inclusão dos deficientes no mercado de trabalho, foi firmado um acordo entre representantes de entidades sindicais do segmento farmacêutico, o Ministério do Trabalho e Emprego, por meio da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego no Estado de São Paulo e as empresas aderentes, a fim de evitar conflitos ou divergências entre as partes, no processo de inclusão de pessoas com deficiência e de definição e aplicação de indicadores da qualidade desse processo. Segundo o Art. 3º do Pacto Tripartite para Inclusão de Pessoas com Deficiência no Mercado de Trabalho (2011/2013), o objetivo é combater a 8 discriminação, proporcionar o desenvolvimento e o reconhecimento profissional bem como a conscientização entre os patrões e os demais empregados. A pessoa com deficiência, em foco o deficiente auditivo, necessita de ambientes e ações inclusivas, dentro e fora das empresas, sendo uma das formas de demonstração de respeito pelas diferenças pessoais. Os deficientes auditivos, que faz parte do grupo de trabalhadores nas empresas farmacêuticas, devem ser integrados de maneira formal, com procedimentos que facilitem a ampliação de oportunidades. As empresas devem estar conscientes das ações para eliminar barreiras e promover acessibilidade a esses. A conscientização de todos os seus empregados, bem como treinamentos que deverão ser ministrados desde àqueles que ocupam cargos de chefia e que estão na linha de frente de setores que contam com colaboradores que possuem deficiência auditiva, como também para os demais funcionários que convivem diariamente e dependem da comunicação direta entre todos para o desenvolvimento de suas atividades. A fim de assegurar segurança e eficiência à todos, a empresa deve planejar um ambiente de trabalho apropriado, com informações disponíveis, claras e objetivas, para os deficientes auditivos, através do quadro de avisos, placas informativas e treinamentos para eventuais momentos de emergência. Permitir a adaptação e condições apropriadas no ambiente de trabalho, proporcionando os mesmos direitos, conforto e segurança, o Acordo de Inclusão de Pessoas com Deficiência (2011/2013), estabelece em seu art. 3º: Artigo 3° - As empresas aderentes viabilizarão a Inclusão da Pessoa com Deficiência no mercado de trabalho, combatendo a discriminação e proporcionando seu desenvolvimento, por meio dos seguintes procedimentos: [...] (PACTO TRIPARTITE PARA INCLUSÃO DE PESSOAS COM DEFICIÊNCIA NO MERCADO DE TRABALHO - 2011/2013). f ) As empresas aderentes responsabilizar-se-ão pelo processo de comunicação e educação de suas lideranças para a completa integração e inclusão das pessoas com deficiência. Ficam as mesmas também responsáveis em definir pelo menos uma pessoa de seu quadro de funcionários como facilitador do processo de educação interna. [...] (PACTO TRIPARTITE PARA INCLUSÃO DE 9 PESSOAS COM DEFICIÊNCIA NO MERCADO DE TRABALHO 2011/2013). i) As empresas aderentes se comprometem a facilitar o acesso às suas instalações e aos trabalhadores com deficiência contratado. (PACTO TRIPARTITE PARA INCLUSÃO DE PESSOAS COM DEFICIÊNCIA NO MERCADO DE TRABALHO - 2011/2013). 2.3. Processo seletivo A falta de treinamento daqueles que estão à frente do processo seletivo de uma empresa dificulta o recrutamento do deficiente auditivo, principalmente na falta de conhecimento da capacidade e potencial desse, que pode desenvolver diversas atividades dentro de uma empresa. A atividade de gestão de recursos humanos, na organização empresarial, é sem dúvida a mais determinante. Impõe-se recrutar os mais aptos, selecionar os mais adequados em termos de valores altruístas em face da organização empresarial e bom caráter no trabalho de equipe. (CARVALHO 2008, p. 77). Foi realizada uma pesquisa em duas empresas do segmento farmacêutico no que diz respeito ao processo seletivo e contratação dos deficientes auditivos e o problema identificado foi o mesmo em todas elas: profissionais despreparados para lidar com as dificuldades que os deficientes auditivos encontram em muitas situações, a comunicação. A realidade da gestão de recursos humanos é a mesma da gestão como um todo: gerenciamos por atributo, não por circunstância. (NOBREGA, 2004, p. 149). As vagas disponíveis para esses profissionais eram para o setor de estoque e ajudante geral. O processo seletivo se deu através de indicação desses profissionais por empregados efetivos das empresas e essas alegam as dificuldades enfrentadas 10 para encontrar mão-de-obra qualificada, sendo um grande desafio, que buscam superar com a localização e a contratação desses. A entrevista é a técnica de avaliação mais amplamente usada. Parece fácil e todos acreditam que sabem como colocá-la em prática. (MULLINS, 2001, p. 279). No momento da entrevista, o recrutador se depara com a principal dificuldade dos deficientes auditivos, a comunicação. O que está sendo falado pelo recrutador muitas vezes é entendido pelo entrevistado através da leitura labial, porém a falta de conhecimento do entrevistador impossibilita o entendimento das respostas. Nesses casos, no momento da entrevista foi solicitada aos deficientes auditivos a presença de um membro da família que intermediou a entrevista. O processo de recrutamento e seleção do deficiente auditivo não deve se diferenciar dos demais candidatos que concorrem às mesmas vagas, o que é preciso é a empresa dar condições a esse processo, demonstrando de inicio a sua postura de igualdade mediante as diferenças. A partir da sua contratação, deve haver um treinamento adequado, respeitando sua limitação e ressaltando as qualidades profissionais. Foi constatado que o treinamento das atividades a serem desenvolvidas ocorre através de mímicas e a escrita. 2.4. Comunicação com os deficientes auditivos A maneira dos deficientes auditivos se expressarem era considerada pela sociedade um comportamento estranho, devido a falta de compreensão do que estava sendo dito. A falta de conhecimento e de informações da população e profissionais de vários segmentos, em relação ao atendimento aos deficientes auditivos demonstra a falta de organização e preparo da sociedade ouvinte. CASTRO (2009), afirma que um dos aspectos que fortalece o relacionamento humano, sem sombra de duvida, é a boa e clara comunicação. 11 A falta de acesso a uma educação especializada, tanto nas escolas públicas quanto particulares, é uma realidade enfrentada por muitos que freqüentam escolas com condições precárias no atendimento. Busca-se muito o desenvolvimento da língua oral dos deficientes auditivos, com profissionais da área, porém as necessidades desses vai além da busca do desenvolvimento da língua oral, muitos outros aspectos importantes desde a infância e seu desenvolvimento são deixados de lado. Em abril de 2002, foi sancionada a Lei nº 10.436, que reconhece como meio legal de comunicação e expressão a Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS, uma forma de comunicação e expressão oriunda de comunidades de pessoas surdas do Brasil, realizada por meio de um sistema lingüístico de natureza visual-motora, com estrutura gramatical própria para transmitir idéias e fatos. (CASTRO 2009, p. 3). A comunicação em libras é possível expor as emoções, sensações e sentimentos de forma clara e precisa. No momento que a língua de sinais passou a ser mais difundida, os surdos tiveram maiores condições de desenvolvimento intelectual, profissional e social.(GOLDFELD 2002, p. 38). Através da língua de sinais é possível divulgar de forma sistematizada um pouco do mundo dos surdos. Aprender a divulgar a Língua Brasileira de Sinais pode ser um bom começo para desenvolver a comunicação e colaborar com a qualidade de vida de muitos deficientes auditivos. (CASTRO 2009, p. 3). Ao se conhecer a estrutura da Linguagem Brasileira de Sinais – Libras, inicia-se o processo de compreensão daqueles que possuem deveres e direitos que devem ser respeitados e fazer-se compreender as informações para os que buscam, assegurando o bem estar social como cidadão. 12 2.5. Convívio com os colegas de trabalho Trabalhar com a diversidade não é fácil, mas os profissionais devem ter competência para lidar com essa realidade. A convivência entre as pessoas no ambiente de trabalho estabelecem relações de grande importância, profissionais e pessoais. Em conversa com dois funcionários deficientes auditivos de duas empresas diferentes do segmento farmacêutico, ambos desenvolvem suas atividades na linha de produção. Observou-se que a interação com os demais funcionários ocorre de forma gradativa, de acordo com as necessidades de contato que eventualmente ocorre por conta de suas atividades. As diferenças na maioria das vezes não afetam o bom relacionamento entre eles. A habilidade de cada um é respeitada pelo grupo, não afetando o desenvolvimento do coletivo. Depoimento da Sra. Andréia (nome fictício), funcionaria a três anos, em entrevista cedida em 19 de outubro de 2011, em Guarulhos / São Paulo: Não imaginava que seria aceita entre as colegas com quem trabalho atualmente. O fato delas não terem conhecimento em Libras dificultou no início o nosso entendimento, mas com a convivência encontramos a nossa maneira de nos comunicar. Além da leitura labial, também nos entendemos através de mímicas. Depoimento do Sr. Wagner (nome fictício), funcionário a quatro anos, em entrevista cedida em 20 de outubro de 2011, em Guarulhos / São Paulo: O relacionamento entre meus colegas de trabalho e eu é de cooperação. Nunca senti preconceito comigo da parte deles, as dificuldades maiores que sinto está na comunicação com o chefe do setor e da pessoa responsável do departamento de recursos humanos, que na maioria das 13 vezes pede para os colegas me passarem os assuntos de trabalho ou me perguntarem algo que precisam saber, não demonstrando nenhum tipo de interesse em melhorar a maneira de se dirigirem a mim. Pouco se notou a diferença de tratamento entre o grupo, uma realidade diferente de muitos que sofrem situações de isolamento e desprezo em muitas circunstâncias do dia a dia. A dificuldade de convivência ocorre de fato com aqueles que ocupam cargos de chefia e que não tem estrutura e habilidade para lidar com profissionais que exigem uma assistência diferenciada dos demais funcionários. Podemos sentir que, apesar do bom relacionamento relatado pelos entrevistados, esses se demonstraram pessoas fechadas, com comportamento de esquiva, se limitando nas respostas, de forma objetiva, sem abertura de um diálogo maior. 2.6. Dificuldades enfrentadas O número de pessoas com deficiência auditiva inserida no mercado de trabalho é muito pequeno diante do número de deficientes auditivos existentes no país. Apesar do cumprimento da Lei de cotas em muitas empresas, o número de vagas geradas não é suficiente para atender a demanda. GOLDFARB (2007 p. 19) afirma que: Entre a promulgação da Lei e a respectiva regulamentação, pouco se discutiu e se fez para atender ao sistema de cotas introduzido no ordenamento jurídico brasileiro, de maneira que tanto os dispositivos constitucionais como a inovadora legislação não pareciam trazer qualquer avanço de ordem prática na vida empresarial, no direito do trabalho e na vida das pessoas portadoras de deficiência aptas ao trabalho. Na pesquisa realizada nas empresas do segmento farmacêutico, podemos constatar que os profissionais que possuem alguma deficiência, independente de 14 quais sejam, enfrentam uma mesma realidade: a falta de avaliação de mão de obra que defina a atividade que esses possam executar com exatidão, não usufruindo o potencial desses trabalhadores de forma produtiva. No caso dos deficientes auditivos, a agravante está no descaso e na maneira de como são tratados pelas empresas. Podemos verificar a pressão interna sobre esses trabalhadores. Primeiramente a falta de um profissional qualificado na área que poderia intermediar na comunicação e na identificação das necessidades desses profissionais. Após a contratação, o treinamento desses trabalhadores acontece de forma inadequada. Os entrevistados relataram que suas atividades foram explicadas com mímicas e escrita. A produção de cada um foi informada de maneira imposta, frisando as ameaças de demissão que ocorre caso a produção não seja feita de acordo ao determinado, gerando pressão psicológica nesses funcionários. Podemos constatar a falta de conhecimento dos deficientes auditivos entrevistados em relação aos direitos e obrigações trabalhistas. Como exemplo podemos citar os descontos efetuados em folha de pagamento, como INSS, o entendimento do que se refere essa contribuição não é informada pela empresa, causando descontentamento desses trabalhadores, que acreditam que estão sendo lesados pela empresa e essa não tem a preocupação de prestar esclarecimento dessa e outras dúvidas que surgem. De acordo com a Lei nº 7.853, de 24 de outubro de 1989, na área da formação profissional e do trabalho, deve haver a orientação profissional, bem como a garantia de acesso aos serviços concernentes que atendam à demanda e as necessidades reais das pessoas com deficiência. Ainda no Art. 9º da referida Lei, a Administração Publica Federal conferirá aos assuntos relativos as pessoas deficientes um tratamento prioritário e apropriado, no exercício de seus direitos individuais e sociais, bem como a sua integração social. 15 3. SUPERANDO AS DIFERENÇAS A conscientização e o respeito às diferenças são ações que deveriam fazer parte do exercício diário de cada um. A questão social latente no Brasil está diretamente ligada à compreensão do relacionamento entre diferença e igualdade, ponto primordial da questão da deficiência e da construção da democracia. Qualquer que seja a diferença, só a democracia pode respeitá-la. E é impossível construir uma democracia sem respeitar as diferenças. (SENAC RIO 2003, p. 35). 3.1. Capacitando os Profissionais que Convivem com os Surdos As empresas que se dispõe contratar deficientes auditivos devem estar cientes do remanejamento das competências e habilidades daqueles que terão contato direito com esses trabalhadores. Os pensamentos equivocados e tendências comportamentais deverão ser trabalhados a fim de evitar a rejeição e as dificuldades do grupo na convivência com a diversidade. A intolerância com a limitação daqueles que convivem em nosso meio geralmente são resistidas e aceitas pelos deficientes auditivos, que ao longo de suas vidas se depararam com esses comportamentos, mas uma nova conduta e novos padrões devem ser adotados. A Língua de Sinais, que trata de um direito do surdo, e não um problema, como é na visão oralista. (DANESI 2007, p. 112). A capacitação inicia com treinamento dos profissionais que ocupam cargos de chefia, inserindo esses no curso Libras – Linguagem Brasileira de Sinais, habilitando esses na principal dificuldade vivida pelos deficientes auditivos, a comunicação. 16 Devemos estabelecer uma parceria com o surdo para trabalhar, e o ponto inicial é reconhecermos a língua como um direito. (DANESI 2007, p. 112). Dessa forma, a possibilidade de uma convivência dos deficientes auditivos com os demais trabalhadores se iguala na maneira de agir e de sentirem se iguais em situações e tratamentos entre esses e de seus superiores hierárquicos. A empresa tem como obrigação moral incluir os deficientes auditivos em todas as atividades oferecidas aos demais trabalhadores, cultivando uma cultura de igualdade, esclarecimentos, um ambiente de trabalho saudável, eliminando qualquer atitude discriminatória. Os trabalhadores deficientes auditivos colaboram com o desenvolvimento e crescimento da empresa que trabalham da mesma forma que os demais funcionários, que apesar de suas limitações, não são prejudicados em sua capacidade física e manual. Podemos dizer que ao termos uma convivência maior com os deficientes auditivos, passamos a entender melhor suas necessidades, tanto pessoal quanto do meio onde vivem, que buscam ser aceitos e maneiras de se socializarem no ambiente em que vivem. Um processo de sensibilização deve ocorrer com aqueles que passarão a conviver com os deficientes auditivos, superando atitudes de exclusão, prestando o apoio que esses necessitam, colaborando e contribuindo com o seu desempenho, de forma que esses possam superar suas dificuldades, estimulando e incentivando a atuação de cada um. 3.1.1. Recursos Humanos Um departamento atuante nas necessidades dos funcionários, buscando melhorias e qualidade de vida no trabalho é o departamento de Recursos Humanos, que deve estar preparado para receber e oportunizar a integração dos deficientes auditivos dentro da empresa. 17 Os profissionais do departamento de Recursos Humanos devem estabelecer procedimentos adequados no processo de recrutamento e seleção dos deficientes auditivos. Iniciando na forma de divulgação das vagas direcionadas à esses profissionais, bem como o perfil adequado desses candidatos. De acordo com Zoltners et al. (2004) “o perfil é um parâmetro, não uma exigência”. A divulgação das vagas destinadas aos deficientes auditivos podem ser feitas em sites exclusivos de profissionais com deficiência, que disponibilizam um banco de currículos de deficientes para as empresas que buscam mão de obra qualificada. O recrutamento pessoal pode ser definido como o método de uma organização para preencher um cargo, ou seja, a forma usada para atrair e cadastrar candidatos capazes de preencher os requisitos da vaga. (CRUZ, PONTELHO 2006, p. 23). De acordo com a Federação Brasileira de Bancos (FEBRABAN), que disponibiliza a cartilha de orientações para a inclusão efetiva da pessoa com deficiência no mercado de trabalho, durante uma entrevista com o deficiente auditivo, a visão é primordial, e o contato visual deve ser sempre mantido, bem como o posicionamento diante do candidato, de forma que a boca e as expressões faciais sejam visíveis, e a escrita também facilita na comunicação, os gestos e as mímicas promovem uma melhor compreensão. Buscar eliminar barreiras, sejam organizacionais ou sociais, como: acesso às informações, treinamentos, integração, cumprimento das Leis e conscientização. A elaboração de projetos que visam ajustar programa que atendam as necessidades de todos, inclusive dos deficientes auditivos, é um processo de qualificação e disponibilização de bens e serviços. 18 Em um mercado altamente competitivo, as empresas devem fazer a diferença ao contarem com profissionais capacitados e envolvidos em projetos voltados no atendimento e resolução de assuntos de aspectos sociais. A organização social que assume como dever a inclusão da pessoa com deficiência tem, em seu quadro, profissionais que velam e respondem pela sua contratação e manutenção. (GUELFFI, MOLINA, SANTOS 2009, p. 96). Um profissional indicado para mediar os interesses da empresa e os direitos dos funcionários deficientes auditivos é a contratação de um profissional de serviço social, garantindo que os direitos dos trabalhadores não sejam violados bem como a garantia que os direitos das empresas sejam respeitados, intercedendo nos relacionamentos, desenvolvendo atividades com senso crítico, buscando alcançar os objetivos traçados. Dessa forma, informações adequadas da missão e visão da empresa poderão ser transmitidas para os deficientes auditivos, bem com treinamentos adequados para o desenvolvimento de suas atividades, avaliação das funções que tenham condições de desempenhar de forma satisfatória, esclarecimentos de dúvidas, das Leis vigentes pela qual estão amparados e no direito de exercer suas funções de maneira digna. 3.1.2. Superiores Valorizar e reconhecer a mão de obra de seus subordinados é uma virtude que aqueles que ocupam um cargo de chefia devem ter, bem como as qualidades: iniciativa, integridade, encorajamento, habilidade nas relações humanas, estabilidade emocional, justiça, objetividade e cooperação. É grande a influência de um superior para com seu subordinado, seja no processo produtivo ou no relacionamento interpessoal, contribuindo ou não para o bem estar geral do coletivo. 19 Desta forma, um tratamento baseado em respeito é o início de regras que devem ser estabelecidas para a boa ordem dentro de uma empresa, e por ocuparem uma posição de destaque, os superiores devem servir de exemplo para os demais empregados. As pessoas com deficiência auditiva são as que ocupam a segunda colocação no mercado formal. (LANCILLOTTI 2003, p. 34). Para lidar com esta demanda, as empresas dependem de profissionais preparados para administrar diversas situações do dia-a-dia, apresentando resultados positivos, respeitando a limitação de cada funcionário, em especial dos deficientes auditivos, contribuindo com a amenização das diversas formas de discriminação. 3.1.3. Programas de conscientização O preconceito e a falta de informação é o maior problema enfrentado pelos deficientes auditivos que trabalham nas empresas do segmento farmacêutico. A garantia da inclusão dos deficientes auditivos no mercado de trabalho através da Lei nº 8.231/91 não viabiliza todos os problemas enfrentados por eles. O relacionamento interpessoal dentro de uma empresa deve ser livre de preconceitos e deve ser valorizado. O desenvolvimento da solidariedade e do espírito de equipe são necessários para a superação das adversidades diárias. As adaptações no ambiente de trabalho visa contribuir no processo de humanizar as relações, buscando melhorar o clima organizacional. O objetivo de conscientizar aqueles que convivem com os deficientes auditivos diariamente, sobre as necessidades e as dificuldades enfrentadas por esses, por meio de programas de interação, como palestras relacionadas a realidade vivida pelos deficientes auditivos, que muitas vezes o problema de relacionamento inicia no convívio familiar, através da falta de comunicação, buscando sensibilizar os colegas do grupo de trabalho. 20 A Lei por si só não garante a inclusão. É necessário que o processo de inclusão faça parte dos projetos da empresa e a qualificação em instituições ou escolas inclusivas estejam ajustadas às necessidades do mercado de trabalho. (GUELFFI, MOLINA, SANTOS 2011, p. 95). Programas de capacitação profissional para os deficientes auditivos também poderão fazer parte do projeto de uma empresa, pois a falta de acesso a escolas especializadas em formação profissional desses deficientes é uma realidade enfrentada por muitos, bem como treinamentos que visam aprimorar o desenvolvimento das atividades em que atuam. A implantação de um programa motivacional, de desenvolvimento de aptidões e remanejamento de cargos cujo perfil se adapte melhor as qualificações profissionais. Para possibilitar a realização de projetos que visam melhorar o bom relacionamento entre os deficientes auditivos com os demais trabalhadores dentro de uma empresa, esta deverá colocar a disposição um profissional hábil e capaz de realizar as tarefas necessárias, bem como a manutenção das mudanças propostas, direcionando as mudanças em prol dos deficientes auditivos, permitindo desenvolver um trabalho de profissionalização de acordo com as suas necessidades. O administrador deve estar envolvido neste projeto, visando a questão social que o deficiente auditivo representa, se responsabilizando pelos profissionais que atuam no departamento de recursos humanos, que devem estar ativos nesse processo. O estabelecimento de normas internas sobre relacionamento entre empregados, baseado em respeito, sob possíveis punições àqueles que prejudicarem a boa ordem do ambiente de trabalho em caso de descumprimento ao que foi atribuído, também deverá ser adotada junto aos demais procedimentos. 21 CONSIDERAÇÕES A pesquisa realizada e as informações coletadas possibilitaram uma analise dos dados obtidos, permitindo expor as seguintes conclusões: Considerando diferentes tipos de deficiências encontradas dentro das empresas do segmento farmacêutico, focando no deficiente auditivo, foi possível notar as dificuldades e formas de preconceitos enfrentadas por esses, todos os dias. A necessidade acompanhamento, de desde um o profissional momento da assistente sua social contratação, para um treinamento, identificação das eventuais necessidades, sejam elas de caráter profissional ou pessoal, de forma que busque um encaminhamento de soluções visando a não interferência no seu desempenho profissional. A capacidade do deficiente auditivo no exercício de suas atividades se fez presente entre os entrevistados, porém a falta de recursos em programas de adaptabilidade no ambiente de trabalho gera descontentamento em vários aspectos, como treinamentos adequados nas funções desenvolvidas, dúvidas trabalhistas imperam entre esses profissionais e falta de estrutura no departamento responsável para sanar questões e fornecer instruções que se façam necessárias, ainda é uma barreira que se faz presente. A falta de habilidade dos profissionais em lidar com os deficientes auditivos, parte daqueles que ocupam a linha de frente dentro da empresa. O descaso e a falta de preparo para receber esses, dificulta a integração, a aceitação das diferenças, impossibilitando a igualdade entre todos como funcionários. A limitação das informações do administrador no processo de inclusão do deficiente auditivo, desde o reconhecimento das necessidades desses, como a comunicação adequada, é possível identificar o despreparo para os que ocupam um cargo de tanta responsabilidade. As obrigações de uma empresa que são determinadas em Lei, devem ser estruturadas com as adaptações necessárias, estando preparadas para receber os deficientes auditivos. 22 A necessidade de mudança nas atitudes do empregador em se conscientizar no processo de inclusão, de integração e geração de oportunidades de contratação, desenvolvimento e reconhecimento profissional dos deficientes auditivos, ações que refletem no comportamento dos demais empregados dentro da empresa. Portanto, é possível concluir que não basta apenas empregar os deficientes auditivos, mas dispor um ambiente adequado as suas necessidades, programas de conscientização, sensibilização, treinamento que se fazem necessários para facilitar a convivência e a comunicação entre seus funcionários ouvintes, buscando um convívio saudável, proporcionando a realização pessoal e crescimento profissional de todos. 23 Referências CARVALHO, Gilberto de Abreu Sodré; A Organização Andróide. 1 ed. Rio de Janeiro. FGV. 2008. CASTRO, Alberto Rainha de; Carvalho, Ilza Silva de; Comunicação Por Língua de Sinais. 3 ed. Brasília. Senac. 2009. DANESI, Marlene Canarim; O Admirável Mundo dos Surdos. 2 ed. Porto Alegre. Edipucrs. 2007. GOLDFARB, Cibele Linero; Pessoas Portadoras de Deficiência e a Relação de Emprego: o sistema de cotas no Brasil. Curitiba. Juruá. 2007. GOLDFELD, Márcia; A Criança Surda: a linguagem e cognição numa perspectiva sócio-interacionista. 2 ed. Rio de Janeiro. Plexus. 2002. GUELFFI, Denise Cristina; Molina, Vera Lúia Ignácio; Santos, Mariângela Faggionato dos; Caderno de Pesquisa em Serviço Social. 1 ed. São Paulo. Biblioteca24Horas. 2011. HERDMAN, Susan J.; Reabilitação Vestibular. 2 ed. Barueri. Manole. 2002. JESUS, Lisiane Nunes de; Inclusão do Deficiente Auditivo – Alicerce: família, escola e sociedade. Rio de Janeiro. E-papers. 2009. LANCILLOTTI, Samira Saad Pulchério; Deficiência e Trabalho: redimensionando o singular no contexto universal. São Paulo. Autores Associados. 2003. MULLINS, Laurie J.; Gesta da Hospitalidade e Comportamento Organizacional. 4 ed. Porto Alegre. Bookman.2001. NOBREGA, Clemente; A Ciência da Gestão. 2 ed. Rio de Janeiro. Senac Rio. 2004. PONCE, Maria Harumi Otuki de; Burim, Silvia R. B. Andrade; Florissi, Susanna; Tudo Bem? Português para a nova geração. São Paulo. SBS. 2002. PONTELHO, Juliana; Cruz, Lucineide; Gestão de Pessoas: manual de rotinas trabalhistas. Brasília. Senac DF. 2006. 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Luciana Aparecida Tódero