anomalia magnética do atlântico sul : origem interna e visão espacial

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ANOMALIA MAGNÉTICA DO ATLÂNTICO SUL : ORIGEM INTERNA E
VISÃO ESPACIAL
Ricardo Calixto Guimarães ¹
Cláudio Elias da Silva ²
Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ ¹ ²
Bolsista e Graduando do Depto. de Engenharia Cartográfica da Fac. de Engenharia ¹
Prof.Dr.do Instituto de Física do Depto. de Eletrônica Quântica ²
Email – [email protected] ¹
Email – [email protected] ²
RESUMO
Quando o ambiente espacial é perturbado pelas variações provenientes do Sol, todo equipamento tecnológico no espaço
constituído de componentes eletrônicos podem sofrer danos pela incidência de partículas eletricamente carregadas em sua estrutura.
Alguns dos mais dramáticos efeitos do clima espacial ocorrem devido a erupções de materiais da atmosfera solar dentro do
espaço interplanetário. O estudo de alguns fenômenos na conexão Sol-Terra, tem sido fonte de grande conhecimento e
proporcionado grandes avanços científicos e tecnológicos. Fenômenos como Vento Solar, Tempestades Magnéticas, Cinturão de
Radiação, Auroras, Anomalia Magnética do Atlântico Sul e outros, são focos desta nova linha de estudos.
Nossa proposta neste trabalho é estudar o fenômeno da Anomalia Magnética observada na região sul do Brasil, tanto na sua
estrutura interna quanto do ponto de vista espacial. Através de dados de satélites e magnetômetros localizados na superfície
terrestre, é possível observar em mapas as depressões nas linhas de campo e analisar a sua estrutura. Este estudo poderá trazer
grandes contribuições para o avanço da ciência e tecnologia espacial.
ABSTRACT
When the space atmosphere is disturbed by the coming variations of the Sun, whole technological equipment in the constituted
space of electronic components can suffer damages for the incidence of electrically charged particles in its structure.
Some of the most dramatic effects of the space climate happen due to eruptions of solar atmosphere materials inside
interplanetary space. The study of some phenomenons in the Sun-earth connection, it has been source of great knowledge and
proportionated great scientific and technological progresses. Phenomenon as Solar Wind, Magnetic Storms, Radiation Belt,
Aurora, South Atlantic Magnetic Anomaly and other, they are focuses of this new line of studies.
Our proposal in this work is to study the Magnetic Anomaly observed in the south area of Brazil, so much in its internal
structure as spatial point of view. Through data of satellites and magnetometers in the terrestrial surface, it is possible to observe in
the map the field line depressions and analysing its structure. This study can bring great contributions for the science progress and
space technology.
1 FÍSICA DE PLASMA ESPACIAL
No espaço, plasma são gases extremamente tênues de
partículas ionizadas, que em média não possuem carga
líquida. Pelo fato de existir pouquíssimas colisões em um gás
de baixa densidade, precisamos apenas considerar a resposta
do campo de forças das partículas carregadas no qual elas se
movem. O cálculo do campo de força pode ser complicado,
porque na presença de interações de Coulomb uma partícula
específica sente os efeitos mesmo de partículas muito
remotas. Felizmente, as demais partículas necessitam ser
consideradas somente de modo comum, tornando-se
importante apenas as “interações coletivas” das mesmas.
Porque as interações coletivas impõem alguma ordem de
longo alcance, e porque no plasma magnetizado o campo
magnético cria importantes vínculos entre regiões espaciais
remotas, também é possível discutir plasma espacial em
termos de física dos fluidos. O plasma de fluido é um
condutor, e isso determina sua resposta de forma importante.
A maioria dos resultados importantes segue leis de
conservação, incluindo a conservação de massa, energia, e
carga. É também essencial incluir a relação entre forças e
variação de momento, assim como as relações da teoria
eletromagnética.
2 ORIGENS DO CLIMA ESPACIAL - SOL
No contexto do clima espacial terrestre, apenas o Sol tem
influência significativa como fonte de todos os fenômenos
constatados no clima espacial.
O Sol é uma estrela ordinária de médio tamanho e
temperatura com uma magnitude absoluta de 4.8. Está bem
próximo da terra o que nos permite estudar com detalhes a
estrutura e a dinâmica solar, o que já não é possível com
outras estrelas. O tempo de vida do Sol é estimado em 4.6
bilhões de anos e sua expectativa de vida é de cerca de 5
bilhões de anos. Estas características são tipicamente de uma
estrela anã que está em sua meia idade. O Sol é
aproximadamente composto de 90% de hidrogênio, 10% de
hélio, e 0.1% de outros constituintes menores tal como
carbono, nitrogênio, e oxigênio. Estes constituintes são
ionizados devido às reações nucleares e interações
eletrodinâmicas criando temperaturas que excedem a energia
de ligação dos átomos. A temperatura bem no centro do Sol é
estimada estar acima de quinze milhões de kelvins (
15.710.000 K).
O processo de fusão nuclear que rege o Sol ocorre ao
fundir núcleos de átomos leves, ocorrendo uma enorme
liberação de energia. No caso do Sol, são isótopos do
hidrogênio. No produto da reação forma o núcleo de hélio e
liberação de outras partículas.
Como já dito anteriormente o plasma representa o quarto
estado da matéria e, quase que a totalidade do universo se
apresenta no estado denominado plasma. O Sol encontra-se
neste estado. Então pelas características, o papel das forças
elétricas e magnéticas são críticas no comportamento do
plasma e, além do plasma obedecer a leis físicas de
conservação (massa, carga e energia), relação de forças e
variação do momento. Como o Sol tem uma dinâmica de
reações nucleares, interações eletrodinâmicas e altíssimas
temperaturas; seu estado já descreve o próprio plasma.
A atmosfera do Sol é dividida em fotosfera, cromosfera e
a corona ou coroa solar. A fotosfera tem uma camada em
torno de 500km de espessura. A cromosfera estende-se a uma
altura da ordem de 2.500km acima da fotosfera e a corona
estende-se além da cromosfera dentro do espaço
interplanetário. A temperatura da fotosfera é da ordem de
6.000 K; após um decréscimo inicial exatamente acima da
fotosfera a temperatura ultrapassa 1.000.000 K na base da
corona. A temperatura diminui subseqüentemente quando a
corona se expande dentro do espaço interplanetário.
A corona solar expande no espaço porque a atmosfera
solar não está em equilíbrio. Esta expansão coronal se chama
vento solar e foi detectada por sondas espaciais. Esta
importante descoberta dispersou a interpretação de que o
espaço era um vácuo. A corona solar se expande a regiões
Fig.1 – Camadas do Sol
mais distantes do espaço e o nosso sistema solar é
predominantemente permeado pelo vento solar.
As atividades solares variam com picos a cada 11 anos
de acordo com a observação das manchas solares. A mancha
solar é escura porque é mais fria do que a região em volta da
mancha. O resfriamento local ocorre porque o campo de
dipolo magnético da mancha solar com uma outra inibe a
convecção local fazendo com que a temperatura decaia.
Os flares solares são indicativos do período de alta
atividade solar. Esses flares produzem partículas de alta
energia. Um flare é um repentino brilho em uma pequena
região solar que é observada por raios x, linhas de emissão e
ocasionalmente emissão contínua da superfície do Sol. Esta
emissão repentina de radiação é resultado do abrupto e
extremo calor de material no lugar do flare. As partículas
solares de alta energia bombardeiam atmosferas de planetas
e podem até causar na Terra, por exemplo, black-out em
sistemas de potência elétrica, localizados em regiões
propícias a entrada destas partículas (regiões polares ou de
grande latitude em geral). Outro exemplo de atividade solar
é a ejeção de massa coronal proveniente de uma grande
explosão solar (é o momento de maior distúrbios na corona
solar), se projetando a uma velocidade de aproximadamente
300Km/s ou mais, caracterizando forte tempestade solar.
Eventos residuais de fenômenos indicativos de
tempestades magnéticas são chamados de sub tempestades.
Uma sub tempestade é uma seqüência ordenada de eventos
que ocorrem na magnetosfera e ionosfera terrestre. A mais
óbvia manifestação de uma sub tempestade são as Auroras.
Durante uma tempestade magnética, correntes aurorais são
quase continuamente deturpadas. Uma típica tempestade
magnética dura de 1 a 5 dias.
Tempestades da ordem de 50-150nT ocorrem quase
todos os meses. Algumas vezes por ano o distúrbio pode
marcar de 150-300nT. Somente poucas vezes por ciclo solar
excede 500nT.
3 O VENTO SOLAR
O Vento Solar é um fluxo de plasma solar ionizado e
parte do campo magnético solar que preenche o espaço
interplanetário. Contém elétrons, prótons e He
2+
. Com a
2+
percentagem aproximada de densidade em 1,8% de He ,
50,9% de elétron, e 47,3% de prótons. Nas proximidades da
Terra o vento solar tem uma velocidade da ordem de 40km/s ,
chamada de velocidade de Alfvén, e o tempo de trajeto médio
do Sol a Terra é de 4 dias.
Na expansão de gás coronal ou vento solar que preenche
o espaço interplanetário, a velocidade de expansão é
supersônica (400 a 1000 km/s). Esta é similar ao choque que
se desenvolve quando um jato supersônico ultrapassa a
barreira do som na atmosfera terrestre.
A densidade do vento solar é muito baixa (da ordem de
106 partículas por metro cúbico). A trilha livre do vento solar
é muito longa, cerca de 1,5×108 km, que é equivalente à
distância do Sol a Terra, esta distância como sabemos é
conhecida como uma unidade astronômica (1 UA) para todas
as práticas de propósito; então, o vento solar-plasma pode ser
considerado não colisional pelo fato da densidade das
partículas envolvidas ser muito baixa (baixa probabilidade de
colisão entre partículas).
Hannes Alfvén em 1957, postulou que o vento solar era
magnetizado e que o fluxo vestia este campo magnético sobre
o cometa, formando uma longa calda magnética em direção
oposta ao Sol. Os íons comentários são confinados por essa
calda numa estreita tira entre dois "lóbulos" das caldas.
As expansões do vento solar que ocorrem no Sol são
direcionadas basicamente pelas características da dinâmica do
campo magnético solar.
O passo da hélice solar que descreve a propagação do
vento solar e campo magnético solar é o período de rotação do
Sol em relação a Terra que é de 27 dias. E o ângulo das linhas
de campo solar em relação à direção radial é de 45°.
4 MAGNETOSFERA E CAMPOMAGNÉTICO
O vento solar encontrando com a Magnetosfera, irá
deforma-la, contornando todo o planeta. Esta deformação é
conferida por diversos sensores na terra que medem o campo
magnético terrestre.
O momento de dipolo magnético terrestre está inclinado
em 11° em relação ao eixo de rotação terrestre. As equações
básicas para a intensidade o campo magnético são :
B
B
B
x
= 3 xzM z r −5
y
= 3 yzM z r −5
z
= (3z 2 − r 2 ) M z r −5
(1)
,onde M é o momento de dipolo magnético e r é o raio
atribuído.
O maior efeito do Vento Solar magnetizado é exercer
pressão, ou stress normal, na magnetosfera. As forças são
exercidas por gradiente de pressão. Na Magnetopausa há um
gradiente de pressão pelo campo magnético da magnetosfera
e outra força devido ao plasma, uma outra força pelo
gradiente de pressão do plasma e o campo magnético.
Há também o stress tangencial que arrasta a
magnetosfera deformando-a e criando a calda magnética.
Equação para a pressão exercida na Magnetosfera pelo
Vento Solar obedece basicamente a ρu em que ρ é
densidade de massa e u é a velocidade do Vento Solar.
Os Planetas, algumas luas, e cometas estão imersos no
Vento Solar magnetizado. Corpos magnetizados tal qual
Mercúrio, Júpiter, Terra, Saturno, Urano e Netuno, a
interação induz corrente de grande escala que pode quase
confinar o campo magnético planetário. A maior estrutura
magnética chama-se magnetosfera e é formada em torno de
cada um desses corpos. Nos corpos desmagnetizados tal qual
Marte, Vênus e cometas, o vento solar interage com
partículas ionizadas de suas atmosferas e induz corrente a
campos magnéticos, desviando-o em volta deles. A cavidade
magnética formada em volta de um corpo desmagnetizado é
chamada de indução magnetosférica.
Planetas desmagnetizados e luas sem uma atmosfera
ativamente ionizada, muito se parecem como um obstáculo
dielétrico localizado na condução do vento solar. Por
instantes nossa lua é não magnetizada e não condutora.
Quando partículas do vento solar chocam com a superfície
lunar, elas são neutralizadas e absorvidas.
De acordo com geometria local da magnetosfera (pólos)
ou a intensidade (anomalias magnéticas), pode ocorrer a
precipitação de partículas provenientes do vento solar o que
poderia causar diversas interferências em satélites, e
2
B
ow
k
oc
sh
eath
etosh
M a gn
a
Magneto paus
Magnetotail
Cusp
Vento solar
10
20
Para o Sol
Vento solar
30
40 Raios
Terrestres
Zona
Neutra
Cusp
Magnetotail
Radiação
capturada
Zona de
plasma
Bo
w
sh
oc
k
Mag
neto
she
Fig – 4 Composição da Magnetosfera
equipamentos eletrônicos em terra que dependam de
camadas da alta atmosfera e da magnetosfera para que operem
com precisão (desconsiderando localidades com anomalias
magnéticas crustais que interferem nos equipamentos).
Os elementos básicos do estado estável no sistema vento
solar-magnetosfera, deduzido de muitos anos de observação,
são mostrados na fig.4.
A fronteira chamada frente de choque ou “bow shock”,
separa o domínio do campo magnético planetário do vento
solar. A fronteira interna localizada na base da ionosfera,
separando a condução da atmosfera neutra. O tamanho da
magnetosfera é determinado pelo balanço da energia
magnética planetária e do fluxo de energia de interação do
vento solar com a magnetosfera. Ela é comprimida no lado em
que o vento solar a encontra e estendida na direção oposta ao
Sol, formando a calda magnética. A magnetopausa na direção
do Sol no equador terrestre é localizado tipicamente a 10
Raios terrestres(1Rt ≈ 6.375 km).
Como os cometas no sistema solar, magnetosferas têm
longas caldas de direção oposta ao sol. A calda magnética é
produzida pela interação do vento solar magnetizado com os
campos magnéticos dos planetas através destas interações não
colisionais, transferindo uma parte do momento do vento
Magnetopausa
ath
solar, energia do campo magnético planetário e "massas" na
direção do fluido do vento solar. Uma grande fração desta
energia armazenada na calda é dissipada dentro da atmosfera
durante o surgimento de auroras (precipitação de partículas).
O comprimento da calda depende da força do momento
magnético do planeta. Para a Terra, a calda foi observada a
extensões acima de 200 Rt (Raios terrestres).
Sobre a origem do campo magnético terrestre, sua
formação é de origem interna da Terra. No núcleo externo da
Terra interações geológicas tênues (altíssimas temperaturas)
do magma (local onde basicamente é composto de Níquel e
Ferro na forma líquida) em que basicamente dois tipos de
movimento são diretores deste sistema fluido :
(1)
Movimento de tendência vertical provocado pelo
gradiente de temperatura na camada do núcleo externo. Este
mecanismo fluido faz com que a massa líquida suba ao topo
da camada, resfrie, fique mais densa, tenda a descer. A
massa desce porque esta região não sofre influência
gravitacional. Completando o ciclo.
(2)
Movimento de tendência no deslocamento
horizontal é cíclica e provocada pela rotação da Terra. Esta
força geradora de movimentos cíclicos é conhecida e
chamada de força de Coriolis.
Complementado a teoria do dínamo eu tenho a parte
mecânica do sistema e a parte elétrica do sistema:
L(
dI
) + RI = MϖI
dt
(2)
, parte elétrica em que L é a auto indutância, M é
indutância mutua.
C(
Núcleo
Manto
Crosta
Correntes
Interno
Externo
Elétricas
dϖ
) =τ
dt
(3)
, parte mecânica em que C é o momento de inércia e
é o torque.
Fig – 5 Linhas de campo magnético terrestre e seção
paralela do planeta que mostra o local das correntes
elétricas geradoras do campo.
τ
O sistema fluido normalmente é um sistema caótico,
assim o conjunto de todas estas correntes térmicas no meio
níquel-ferro (correntes de convecção térmicas)com a
tendência maior de giro no mesmo sentido (de otação da
Terra) geram uma corrente principal que dá origem ao
campo magnético terrestre compondo a base da
magnetosfera. Os valores de campo são aproximadamente de
0,6 Gauss nos Pólos e 0,3 no Equador. Vale ressaltar que
como este sistema de geração de campo é um sistema
caótico, eu posso ter pólos isolados de menor intensidade de
convecção térmica do que em outras regiões. O que gera as
anomalias magnéticas locais.
5 COMPOSIÇÃO DA MAGNETOSFERA
Então, a partir desses mecanismos, há correntes térmicas
fluidas no sentido de rotação terrestre que modeladas
matematicamente
são
dínamos
(nomenclatura
de
transformação de energia mecânica em energia elétrica) que
recebe o nome de “Teoria do Dínamo Auto-Excitado” e
estruturados por modelos de campos poloidais e toroidais.
B
B
B
B
1
B
1
i
B
ω
ω
ω
Quando há o encontro do Vento Solar com o nosso
planeta as partículas carregadas de composição do Vento
Solar podem tomar diversos caminhos chegando ou não até
na baixa atmosfera.
i
1
B
1
B
2
B
2
1
B
i
2
B
i
2
B
2
(b)
(a)
S 01
+
Campo Magnético
T 01
Campo de Velocidade
Fig.6 – Movimento das partículas energéticas ao encontrarem com o
campo magnético terrestre.
Poloidal
Toroidal
Existem alguns fenômenos espaciais muito importantes
que formam esta interface magnetosférica. Um fenômeno
Fig – 4 Mecanismo do Dínamo Auto-Excitado e
Campos Poloidal e Toroidal.
significativo na compreensão da Magnetosfera, é a formação
do cinturão de radiação de Van Allen, que são regiões
ocupadas por partículas carregadas na magnetosfera. Essas
regiões são formadas pelas partículas que ao se aproximarem
das regiões polares segundo dinâmica eletromagnética são
redirecionadas para o outro pólo, caracterizando um
movimento de “vai e vem” as tornando confinadas e formando
o cinturão. Há duas fontes primárias para a formação desse
cinturão: do vento solar e da ionosfera planetária. Há dois
cinturões propriamente ditos, um interno situado em torno de
1,5 raios terrestres e constituído basicamente por prótons (por
serem mais energéticas,mais pesadas, conseguem se
aproximar mais da Terra em conjunto) e outro externo,
localizado em torno de 4,5 raios terrestres e constituído
basicamente por elétrons(menos energéticos, mais afastado).
A faixa de energia dessas partículas variam entre um eV (1
elétron volt) até milhões de eV (Fig – 8).
Há lugares mais propícios para entrada de partículas no
planeta. Simplificadamente, há duas maneiras básicas de
ocorrer a facilitação da precipitação de partículas ligadas a
estrutura do campo magnético terrestre local. Uma é tipo de
interação do campo magnético nos pólos com o vento solar e a
outra é o enfraquecimento das linhas de campo terrestre em
uma parte pequena da superfície magnetosférica em baixa
latitude.
A tendência de movimentação natural das partículas é
obedecer ao sentido das linhas de campo da Terra
possibilitando a entrada de partículas na atmosfera através
dos pólos. Se a partícula tem energia suficiente para
atravessar o aumento da densidade de campo magnético nos
pólos causado pelo encontro das linhas de campo magnético,
a partícula entra na atmosfera. E atingindo a baixa atmosfera,
nas regiões polares, devido a maior densidade de partículas a
altitudes mais baixas (possibilitando choques entre as
partículas precipitando e camadas mais densas de H e O2,
ocorre o fenômeno auroral visível).
Para o caso de haver depressão das linhas de campo
magnético eu tenho as anomalias magnéticas de origem
interna do planeta que facilitam a entrada de partículas pelo
enfraquecimento do campo. Essa depressão pode ser em
qualquer lugar do planeta.
6 PRECIPITAÇÃO DE PARTÍCULAS
Fig – 8 Cinturão de radiação de Van Allen
O perigo de uma alta entrada de partículas é a possível
interferência eletromagnética em equipamentos que elétricos e
eletromagnéticos. Quando há movimentação de partículas
carregadas gera-se corrente e de acordo com a intensidade
desse fluxo de partículas energéticas a corrente aumenta
gerando um campo magnético intenso, este campo pode
interagir com qualquer outro campo magnético interferindo
nos circuitos eletrônicos produzindo ruídos, interferências e
curtos. Satélites, sondas espaciais, redes de energia elétrica,
torres de transmissão, qualquer equipamento elétrico ou
eletromagnético dos quais dependemos hoje em dia,
submetidos a uma forte precipitação de partículas corre o
risco de sofrerem danos. E também de maneira indireta, a
ionosfera aumentará o grau de ionização ao interagir com
essas partículas causando interferência em sistema terrestres e
espaciais que dependem de propriedades elétricas mais
estáveis da ionosfera.
7 ANOMALIA MAGNÉTICA DO ATLÂNTICO
SUL
A Anomalia Magnética do Atlântico Sul é um fenômeno
que enfraquece o campo magnético na região. Esta anomalia é
única no planeta por se concentrar sobre em uma região
pequena porção planetária e ter uma grande intensidade de
anomalia (Fig – 9).
Seu centro atual é em torno de Santa Catarina (Brasil) se
estendendo longitudinalmente como na figura 9. A origem da
anomalia está no mesmo local de formação do campo
magnético terrestre e é formada pela existência de pólos
enfraquecidos no sistema líquido caótico de compreensão
ainda distante de ser desvendada, mas que seque a lógica da
variação secular que de acordo com observações e dados, todo
o sistema geomagnético terrestre está derivando para oeste
devido a diferença de velocidade entre o Manto e o Núcleo
Externo da Terra. Então esta anomalia tem dinâmica temporal
geológica que chega a ordem de 1000 anos.
O conjunto de fatores mencionados faz com que a
anomalia gere localmente um campo magnético de sentido
oposto ao da Terra. Enfraquecendo-o, o que é provado pela
depressão das linhas do campo magnético terrestre medidas
localmente ou de satélites.
A anomalia provoca uma extensão local no cinturão de
prótons do Cinturão de Radiação de Van Allen que invade a
região de satélites de órbita baixa projetados para esta órbita
(bem amena em relação a região do cinturão)e auxilia na
precipitação de partículas (prótons) na atmosfera. A
precipitação de partículas nesta região passa dos 10 milhões
de eV e 3000 colisões por centímetro quadrado. A altitude da
anomalia onde ela é mais intensa, varia de 1000km a 2000
km de altitude, mas a precipitação de partículas e
turbulências na ionosfera pode se estender a alturas
menores.
A importância de estudo desta anomalia pela sua
localidade, é uma particularidade para o Brasil, e as
conseqüências da possibilidade da intensa entrada de
partículas na alta atmosfera em períodos merece toda
atenção.
8 DADOS E CONSEQÜÊNCIAS DO CLIMA
ESPACIAL E DA ANOMALIA MAGNÉTICA
DO ATLÂNTICO SUL
Há um vasto histórico de interferências e panes causas
por tempestades solares. Satélites mesmo com todas as
proteções que lhe é projetado, a alguns poucos anos atrás
foram atingidos. Normalmente os satélites são freados em
sua órbita quando passam pela Anomalia do Atlântico Sul
porque existe uma forte densidade de partículas energéticas
na região e altitude que se encontra a anomalia. O telescópio
Hublle quando tem a órbita passando pela região da
anomalia, ele gasta 15 % do seu tempo de órbita para
atravessar.
Fig – 9 Anomalia Magnética do Atlântico Sul
A sonda MOPITT(Meansurements of Pollution in the
Troposphere), sonda medidora de poluição troposférica, tem
entre outros dispositivos o Dispositivo de Eventos
Singulares(DSE) que é causado pelo ambiente de radiação
devido a presença de partículas energéticas. Esta sonda só
registra este tipo de evento nos pólos e na anomalia do
atlântico sul.O satélite ROSAT PSPC da NASA em na década
de 90 ao passar pela anomalia apagou , e descobriram que ele
tina sofrido severos danos eletrônicos, e o ROSAT HRI
perdeu seus dados ao passar.
Satélites de geofísica da NOOA(National Oceanic and
Atmospheric Administration)de órbita baixa, monitoram dês
da década de 90 níveis de energia de prótons e elétrons nesta
altitude, segundo sensores diferentes e em todo planeta.
A NOOA (National Oceanic and Atmospheric
Administration), estabeleceu uma tabela de escalas para
tempestades geomagnéticas, classificando em níveis de
tempestade e as possíveis conseqüências em sistemas de
potência, operações no espaço incluindo satélites, outros
sistemas (http://sec.noaa.gov/NOAAscales/index.html).
No mês de março de 1989 ( momento de máximo do ciclo
das manchas solares) o Canadá sofreu uma pane
eletromagnética que causou “apagões”, pifou equipamentos,
diversos sistemas de algumas cidades sensivelmente
danificados. Neste caso foi uma explosão solar seguido de
ejeção de massa coronal forte, da qual o vento solar atingiu
regiões naturalmente aurorais. Então, cidades do Canadá
estavam na direção apropriada
tendo essa incidência
fortíssima.
O estudo da Anomalia do Atlântico Sul tem nos
mostrado dois aspectos distintos. Primeiro da sua origem no
interior da Terra, mais propriamente dito, no seu núcleo
externo, com mecanismo de campos poloidais e toroidais
específicos, além de sua natureza espacial devido a
depressão nas linhas do campo geomagnético,
enfraquecendo-o, e possibilitando a entrada de partículas
carregadas provenientes da região do cinturão de radiação e
possivelmente de raios cósmicos, contribuindo para
possíveis processos de interferência eletromagnética.
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9 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A importância preventiva no clima espacial tem o seu
foco nos possíveis danos e interferências causados pelas
tempestades solares. As relações de fatores espaciais com os
do planeta na tentativa de modular as interações Sol-Terra
com fins de auxiliar a tomada de decisão a assuntos
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