O EU COMO PRINCÍPIO: A ESTÉTICA DE AUGUSTO DOS

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O EU COMO PRINCÍPIO: A ESTÉTICA DE AUGUSTO DOS ANJOS
Dr. Luiz Alberto Cerqueira/ UFRJ
Resumo: Queremos mostrar que a poética de Augusto dos Anjos pressupõe uma
compreensão filosófica da natureza humana inerente à história da filosofia no Brasil e que dessa
compreensão da natureza humana — na medida em que ela se opõe à concepção científica que,
pelo método experimental da filosofia moderna, fez da psicologia uma psicologia “sem alma” —
resulta a percepção estética de uma necessidade de horroroso.
Palavras-chave: Filosofia brasileira, Filosofia e arte, Filosofia e poesia.
P
rimeiramente, queremos mostrar que a poética de Augusto dos Anjos
pressupõe uma compreensão filosófica da natureza humana e que essa compreensão é
inerente à história da filosofia no Brasil enquanto uma exigência do conhecimento de si
como espírito; em segundo lugar, que dessa compreensão da natureza humana — na
medida em que ela se opõe à concepção científica que, pelo método experimental da
filosofia moderna, fez da psicologia uma psicologia sem alma — resulta a percepção
estética de uma necessidade de horroroso no “Eu” para mostrar que, uma vez despojado
do seu destino espiritual, o homem se reduz a algo repulsivo porque então ele já está
morto, não simbolicamente ou “em certo sentido” ou “como se estivesse”, mas
literalmente morto.
O eu como princípio
[...] entendo por espírito a energia que sente e conhece, e se manifesta,
em nós mesmos, como consciência1.
Súbito, arrebentando a horrenda calma,
Grito, e se grito é para que meu grito
Seja a revelação deste Infinito
Que eu trago encarcerado na minh’alma!2
Por amor da vida teórica e da aspiração a uma vida regida por normas universais, a
filosofia estabeleceu-se na Antiguidade grega, especialmente a partir do “conhece-te a ti
mesmo” socrático, como uma espécie de ciência cujo objeto é o conhecimento de si
como espírito3. Desde então, o marco da fundação de cada nova época da história da
filosofia, por oposição à decadência da vida teórica e ao ceticismo superveniente, é a
1
BRITO, Raimundo de Farias. O mundo interior. Introdução de Luiz Alberto Cerqueira. Lisboa: INCM, 2003,
p. 60.
2
ANJOS, Augusto dos. Gemidos de arte. In: Eu e outras poesias (02 vols.). Belo Horizonte: Itatiaia, 1982, vol.
1, p. 101.
3
Depois de ressaltar a necessidade de buscar-se o “si mesmo” absoluto que confere o caráter ontológico à
consciência, Sócrates explica que “ao prescrever-se o conhecimento de si mesmo, o que se ordena é o
conhecimento de nossa alma”, no sentido de que o “si mesmo” consiste na parte da alma “em que nela se
encontra sua faculdade própria, a inteligência”. PLATÃO, Alcebíades, ou da natureza do homem, 134a.
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reafirmação do conhecimento de si como espírito. Assim foi com Agostinho4, em relação
ao ceticismo que sobreveio à devastação de Roma por Alarico; assim foi com o cogito
cartesiano, em relação ao ceticismo que sobreveio à Reforma e ao antiaristotelismo no
século XVI. No âmbito da modernização da cultura ocidental, o pensamento brasileiro
passou por experiência histórica similar. Após a reforma pombalina da universidade
(1772), e a supressão oficial do aristotelismo, foi Gonçalves de Magalhães (1811-1882)
quem melhor soube reconhecer em Descartes o fundador da filosofia moderna, não só
porque o autor das Meditationes de prima philosophia adotou o “processo cético [...] em
atenção ao tempo e às circunstâncias5”, como também, e principalmente, porque ele
“tirou a filosofia dos bancos da escola e a emancipou, restituindo-lhe o seu verdadeiro
método, o psicológico, e a sua única autoridade, a da razão6”. Sem dúvida, este seu
reconhecimento teve por base a vivência dos mesmos problemas — ceticismo e
necessidade de emancipação da filosofia — no Brasil, onde o ensino filosófico
permaneceu dependente da teologia e ao serviço da fé durante dois séculos, e teve como
conseqüência sua condenação da atitude humana meramente contemplativa e indiferente
à verdade estabelecida pela razão:
Não é por falta de inteligência que deixamos às vezes de reconhecer a
verdade, mas por deficiência de atenção, o que depende da vontade; e
muitas vezes por um falso preconceito, que nos faz duvidar da evidência
só por parecer contrária ao nosso modo habitual de entender [...] Custanos muito no meio, ou no fim da vida, renovar as nossas idéias, como o
mudar de linguagem, e reformar os nossos costumes. Assim, não há
verdade em ciência alguma, não há fato novo [...] que não fosse, e não
seja combatido por mil juízos antecipados. Outras vezes, não podendo
conciliar fatos que nos parecem contrários ao que sabemos, negamos
hoje o que afirmamos ontem, damos agora como causa o que antes
reconhecemos ser efeito, ou desacoroçoados duvidamos de tudo; o que
também é um erro, porque infalivelmente alguma coisa é verdade sem a
4
Em diálogo com a Razão (R), Agostinho (A) restabeleceu o conhecimento de si como princípio ontológico:
“R - Tu, que desejas conhecer-te, sabes que és?
A - Sei.
R - Por onde o sabes?
A - Não sei.
R - Sabes que és movido?
A - Não sei.
R - Sabes que pensas?
A - Sei.
R - Logo, é verdade que pensas?
A - Sim!
[...]
R - [...] só é bem-aventurado aquele que vive, e ninguém vive se não é; tu queres ser, viver,
entender, e ser para viver, e viver para entender. Logo, sabes que és, sabes que vives,
sabes que entendes” (AGOSTINHO, Solilóquios II, I-III).
5
MAGALHÃES, Domingos José Gonçalves de. Fatos do espírito humano. Petrópolis: Vozes/ABL, 2004, p.
78.
6
Ibidem.
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menor dúvida para o espírito humano, a começar pela sua própria
existência7.
Podia Deus sem dúvida criar uma sociedade de espíritos puros, não
obrigados a coisa alguma, não sujeitos à menor dor, seres angélicos que
vivessem em uma eterna bem-aventurança, só contemplando as
maravilhas do seu criador. Mas qual seria o mérito desses espíritos para
tanta ventura? Necessita Deus de admiradores inúteis?8.
[O homem procura] A verdade por amor da verdade! [...] e nem pode
deixar de o fazer; porque essa aspiração, essa percepção, essa reflexão
da verdade em sua alma é o que o constitui inteligente; e daí nascem
todas as ciências [...] Ele escolhe, prefere e pratica a verdade [...] esse
9
poder o constitui livre .
Ressalte-se, entretanto, que este conceito da liberdade de arbítrio como princípio de ação
— que “consiste somente em que podemos fazer uma coisa ou deixar de fazer [de
maneira que] agimos de tal maneira que não sentimos absolutamente que alguma força
exterior nos obrigue a tanto10” — pressupõe uma tradição filosófica, o aristotelismo, no
interior do qual o luso-brasileiro Antonio Vieira (1608-1697), já postulara a liberdade dos
filhos de Deus pelo conhecimento de si:
[...] neste mundo racional do homem, o primeiro móbil de todas as
nossas ações é o conhecimento de nós mesmos [...] Todos comumente
cuidam, que as obras são filhas do pensamento ou idéias, com que se
concebem e conhecem as mesmas obras: eu digo que são filhas do
pensamento e da idéia, com que cada um se concebe, e conhece a si
mesmo11.
Vieira distingue no homem dois modos do ser: o homem natural e o homem moral.
Aquele se compõe de alma e corpo; este se constitui ou consiste só na alma. De maneira
que, para formar ou reformar o homem moral é necessário separar a alma do corpo12.
Resultaria dessa separação uma perda ou prejuízo, como se assim ele passasse a ter
“menos” ser? Ao contrário, pois sendo “o conhecimento de si mesmo, e o conceito que
cada um faz de si uma força tão poderosa sobre as próprias ações13”, é tal separação
que lhe acrescenta ao ser o dever, permitindo-lhe deixar de obedecer cegamente à
natureza para agir como deve14. Neste sentido, os dois modos do ser não se excluem:
“Há de servir o corpo ao próprio conhecimento [...] de maneira que o mesmo que impede
7
Idem, p. 348.
Idem, p. 355.
9
Idem, p. 57.
10
DESCARTES, Meditações, IV.
11
VIEIRA, Antonio. As Cinco Pedras da Funda de Davi, parte III. In: Sermões (02 vols.). Organização de Alcir
Pécora. São Paulo: Hedra, 2003, vol. 2.
12
Ibidem.
13
Idem, parte II.
14
VIEIRA, Antonio. Sermão de Santo Antonio (1654), parte V. In: Sermões. Organização de Alcir Pécora. São
Paulo: Hedra, 2003, vol. 2.
8
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o conhecimento direto, serve ao conhecimento reflexo15”. Mas, se pelo primeiro modo a
morte, que é a separação natural, nos causa horror e desespero, pelo segundo a
separação promovida pela razão excede o mecanismo natural, tornando-se a alma na
essência mesma do bom e do belo:
Separemos logo o precioso do vil; e vivamos como almas separadas [...]
Este segundo estado é muito mais perfeito; porque, livre a alma dos
embaraços e dependências do corpo, obra com outras espécies, com
outra luz, com outra liberdade [...] se a morte há de fazer por força esta
separação, por que a não faremos nós por vontade? Por que não fará a
razão desde logo, o que a morte há de fazer depois? Oh que vida! Oh
que obras seriam as nossas tão outras do que são! [...] Almas, almas,
vivei como almas: se conheceis que a alma é racional, governe a razão,
16
e não o apetite .
Voltemos a Gonçalves de Magalhães. Ele renova o conceito vieiriano de um
conhecimento da alma em si como um absoluto, porém dá um passo adiante, ao
distinguir no caráter escolástico do ensino filosófico brasileiro o principal empecilho à
assimilação do moderno conceito de liberdade, a qual deve ser entendida como princípio
de ação, e não como indiferença na vontade17. Vieira ensinava que “assim como Deus
nesta vida se conhece por fé, assim se conhece por fé também a alma18”.
Diferentemente, Gonçalves de Magalhães fala de um saber filosófico estrito, de uma
psicologia enquanto ciência do espírito ou alma livre:
Nesse mundo da razão [...] reconhece o espírito como primeira
necessidade refletir sobre si mesmo, distinguir-se do que não é ele,
estudar essa faculdade ativa aberta à verdade, descobrir as suas leis [...]
e com o testemunho irrecusável e imprescritível de sua consciência, a
inteligência [...] cria a psicologia, acha as leis da lógica, os fundamentos
da estética, da moral e da legislação, e, por conseguinte, de todas as
ciências que se originam da liberdade humana, e que seriam vãs, ou não
existiriam sem a liberdade19.
Depois de Gonçalves de Magalhães, Tobias Barreto retomou a idéia de uma ciência do
espírito no Brasil, mas já agora como problema: “desde Sócrates até os nossos dias, a
consciência humana tem sido interpelada, e todavia as suas respostas ainda não enchem
15
VIEIRA, Antonio. As Cinco Pedras da Funda de Davi, parte II. In: Sermões. Organização de Alcir Pécora.
São Paulo: Hedra, 2003, vol 2.
16
Idem, parte V.
17
Neste sentido ele acompanhou a Descartes, quando este afirma que “para que eu seja livre, não é
necessário que eu seja indiferente na escolha de um ou de outro dos dois contrários; mas antes, quanto mais
eu pender para um, seja porque eu conheça evidentemente que o bom e o verdadeiro aí se encontrem, seja
porque Deus disponha assim o interior do meu pensamento, tanto mais livremente o escolherei e o abraçarei
[...] De maneira que esta indiferença que sinto, quando não sou absolutamente impelido para um lado mais
do que para outro pelo peso de alguma razão, é o mais baixo grau da liberdade, e faz parecer mais uma
carência no conhecimento do que uma perfeição na vontade”. DESCARTES, Meditações, IV.
18
VIEIRA, Antonio. As Cinco Pedras da Funda de Davi, parte V.
19
MAGALHÃES, Domingos José Gonçalves de. Fatos do espírito humano. Petrópolis: Vozes/ABL, 2004, p.
60.
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meia folha de verdades. Não basta reconhecer e alegar a existência dos fatos internos20”.
Embora preocupado em combater os defensores da psicologia de feição racionalista, na
linha do espiritualismo de Cousin e Jouffroy, então em voga no Brasil, o mestre do Recife
também não encontrou nas objeções empiristas ao espiritualismo uma idéia convincente
de psicologia como ciência, observando que a “psicologia empírica, a despeito de todas
as suas descrições e pinturas do mundo subjetivo, ainda nada pôde levantar que seja
traduzível em forma científica21”. Contra racionalistas e empiristas, ele chama a atenção
para a psicologia dos artistas:
Se não se admite que, em face desses painéis do mundo interno, o que
nos impressiona é ainda o ideal, a força criadora do artista, o nosso
entusiasmo não tem senso [...] desde Homero até o maior poeta dos
nossos dias, o que distingue as criações do verdadeiro artista é o
característico da impersonalidade [...] o que existe, por exemplo, de mais
impessoal do que o teatro de Shakespeare? [...] Entretanto se diz que
ninguém ainda se mostrou tão conhecedor do coração humano [...] O
autor de Père Goriot, por exemplo, era mais que um psicólogo, era um
grande fisiologista, que andava sempre em dia com a dinâmica mimosa
do organismo feminino, cujos movimentos mais imperceptíveis ele sabia
detalhar na figura das suas personagens22.
Tendo em vista a possibilidade de previsão científica dos fatos em função de dados a
priori, Tobias Barreto observa na psicologia “a falta absoluta de dados para se formarem
exatas e profundas previsões23”; tendo em vista o conhecimento científico das coisas em
função das leis universais que definem a “natureza” dessas mesmas coisas, Tobias
Barreto observa que “a psicologia não descobre uma só das leis que determinam a
formação do indivíduo24”; finalmente, ele conclui:
Não canso de repeti-lo: a ciência do eu implica contradição. Abstraído da
pessoa, e do caráter que a constitui, o eu é coisa nenhuma, nada
significa. Mas onde estão as induções científicas, feitas de modo que
possam garantir nossos juízos sobre a marcha normal da personalidade
alheia?
Eu disse alheia; e pudera dizer própria. Todos nós sabemos, por
experiência, que as mais das vezes, o que nos desarranja e nos
perturba, no curso ordinário da vida é a ignorância de nós mesmos, da
força de nossas paixões, ou da fraqueza de nossa vontade25.
Na mesma medida, Farias Brito manifestou-se contra a psicologia experimental e
enveredou pelo conhecimento de si na perspectiva metafísica da “coisa em si” kantiana.
20
BARRETO, Tobias. Estudos de Filosofia. Introdução e notas de Paulo Mercadante e Antonio Paim. In:
Obras completas. Rio de Janeiro: INL/Record, 1990, p. 138.
21
Idem, p. 145.
22
Idem, pp. 149-152.
23
Idem, 153.
24
Ibidem.
25
Ibidem.
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Isto deveu-se, com certeza, ao magistério de Tobias Barreto na Escola de Direito do
Recife, especialmente do ponto de vista da inadequabilidade do método experimental no
âmbito da ação moral, onde predomina a intencionalidade. Farias Brito propõe uma
“psicologia transcendente” para dar conta do espírito que, para além dos fenômenos
físicos, não se circunscreve dentro dos limites da previsibilidade e não se deixa
apreender pelos critérios de medida e repetição. O espírito, cuja presença desperta
sempre admiração, mas nunca se experimenta em laboratório, tem, por isso mesmo, o
seu ser fora de alcance dos métodos da experiência. Desse modo, ele se coloca, sem
saber, ao lado de um Husserl, para quem a “experiência não pode dizer-nos o que “é” o
ser psíquico, no mesmo sentido válido para o físico. O psíquico não se experimenta como
aparente; é o vivido contemplado na reflexão26”. O eu analisado em laboratório existe
decerto, mas é despojado da vivência e da intencionalidade, da consciência enfim, e, por
isso mesmo, é para a morte pela decomposição, como o eu descrito na poesia de
Augusto dos Anjos em termos de carbono e amoníaco; contrariamente, a personagem de
ficção não existe, mas é para a vida pela criação, pela composição que resiste ao tempo,
como a Capitu de Machado de Assis. Farias Brito, como que completando o pensamento
de Tobias Barreto, diz o seguinte contra a “psicologia sem alma” dos psicólogos
modernos:
Muito mais instrutiva é, de certo, a psicologia dos poetas e dos
romancistas, que jogam, é verdade, com personagens fantásticos, mas
inspirados na observação dos fatos e criados pela imaginação sob a
pressão mesma da vida, senão reais, pelo menos possíveis, sendo de
notar que é sempre das próprias paixões, das próprias lutas e
sofrimentos, dos próprios sonhos e aspirações, que nos dá o artista, em
seus personagens, a descrição viva e palpitante [...] um Hamlet, um rei
Lear, o Tartufo de Molière, o Fausto de Goethe, têm mais vida e
realidade que muitas figuras históricas de valor aliás não secundário [e
agora citando argumento de Raul de Brugeilles] ‘O pai Goriot de Balzac é
tão real quanto tal egípcio que vivia no tempo de Sesóstris [...] hoje sua
existência não é mais real que a do egípcio?’27.
Assim sendo, que é, para Farias Brito, o espírito como objeto de estudo?
[...] um princípio vivo de ação, capaz de modificar, embora em
proporções infinitamente pequenas, compreende-se, a ordem da
natureza, capaz de dominar-se, capaz de exercer domínio sobre as
coisas: uma força criadora, que não só tem a faculdade de emocionar-se
em face do poder soberano da natureza, como ainda de criar alguma
coisa de novo, aumentando sob certo ponto de vista, e relativamente, as
proporções da realidade pelas produções e pelas maravilhas da arte.
26
HUSSERL, Edmund. La filosofía como ciencia estricta. Trad. de Elsa Tabernig, com estudo introdutório de
Eugenio Pucciarelli. Buenos Aires: Nova, 1969, p. 72.
27
BRITO, Raimundo de Farias. O mundo interior. Introdução de Luiz Alberto Cerqueira. Lisboa: INCM, 2003,
pp. 51-52.
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Ora, esse poder agente e real, esse princípio vivo de ação, essa força
criadora, não poderá deixar de ser objeto de ciência, e é o que mais
interessa ao nosso conhecimento. Há, pois, uma ciência [...] dessa força
criadora, uma ciência do espírito. E essa ciência, tendo o seu objeto
próprio e essencialmente distinto do objeto de todas as outras ciências, é
única em seu gênero, com seus princípios e com seu método próprio [...]
estuda a realidade em si mesma, o ser em seu mistério interior, em sua
significação mais íntima e profunda, numa palavra, o ser consciente de si
mesmo28.
Trata-se, portanto, de refletir criticamente sobre o espírito inerente ao cogito cartesiano:
Eu penso — eis para mim a primeira verdade [...] Não se deve, porém,
dizer como Descartes: eu penso, logo existo — cogito, ergo sum. Devese ao contrário dizer: eu penso, logo existe meu pensamento. E se
existo, é porque sou capaz de pensar, e minha existência não consiste
em outra coisa, senão em meu pensamento. E se me tornar incapaz de
pensar, perdendo totalmente a consciência, cessarei de existir29.
Tal observação tem como alvo a interpretação material da forma condicional “se... então”
pertinente ao “penso, logo existo”. Do ponto de vista desta interpretação, o cogito implica
a percepção de uma existência: se penso, necessariamente existo e, neste sentido, a
verdade se fundamenta no sujeito como fenômeno objetivo, isto é como fato
fisiologicamente observável, e não no conhecimento de si como espírito ou pensamento.
Contrariamente, para Farias Brito uma “ciência do espírito” deve ter uma dimensão
metafísica, para além da mera constatação no âmbito da experiência, segundo a qual a
verdade se fundamenta no ato de pensar, de modo que se se perde a consciência de si o
sujeito pode manter-se fisiologicamente vivo, mas psiquicamente morto. E é justamente
em função dessa dimensão metafísica do conhecimento de si que vive o eu, de modo
que, para enfatizarmos o sentido da “psicologia transcendente” em Farias Brito, bem
como o da “expressão da dor estética” em Augusto dos Anjos, não parecerá extravagante
se dissermos que o eu está realmente morto, não simbolicamente ou “em certo sentido”
ou “como se estivesse”, mas literalmente morto, se ele perde a consciência de si como
espírito:
[Do ponto de vista físico] sempre que um corpo se move, é impelido por
algum corpo anterior em movimento, quer dizer: obedece à ação de uma
força estranha [...] só conhecemos a força em seus efeitos exteriores, ou
por outra, como movimento. E isto significa que só conhecemos a força
em sua aparência material, como movimento ou como corpo deslocandose no espaço: o que quer dizer precisamente que só conhecemos a força
como fenômeno, jamais como “coisa em si”. [Mas do ponto de vista
metafísico, há] uma força que conhecemos por outra forma, que,
conhecemos, por assim dizer, diretamente e face a face, ou mais
28
29
Idem, pp. 60-61.
Idem, pp. 354-355.
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precisamente, que conhecemos em sua significação interna. É a que
reside em nós. E esta é de natureza intelectual, pois o que nos
determina a agir, são necessidades de que temos consciência, são fins
que temos em vista realizar; logo, idéias. E a força que reside em nós e
pela qual nos movemos é, de fato, o pensamento30.
A essência do belo
Somente a Arte, esculpindo a humana mágoa,
Abranda as rochas rígidas, torna água
Todo o fogo telúrico profundo
E reduz, sem que, entanto, a desintegre,
À condição de uma planície alegre,
31
A aspereza orográfica do mundo!
Coube a Farias Brito distinguir e proclamar entre nós a necessidade de estudo do espírito
enquanto fundamento do sentido da vida, denunciando, entretanto, o perigo de uma
exacerbada exigência de verdade acerca desse sentido. Assim, temos a ciência, que nos
permite realizar o ideal de uma vida em bases racionais; e a arte, que nos fornece este
ideal como
a expressão de uma necessidade [...] se bem que dela não tenhamos a
clara percepção, nem o sentido exato [...] E como o ideal é o sonho da
perfeição, e este sonho envolve toda a verdade e toda a justiça e toda a
virtude e todo o amor [...] segue-se evidentemente daí que, de todas as
produções do espírito, a arte é a mais humana e a mais essencialmente
espiritual32.
Por isso, diz ele, é um “absurdo de certos sistemas estéticos [a proposta de] descrever a
realidade nua e crua. É uma espécie de reprodução, à maneira de caricatura, da obra
mesma da ciência33”.
Evidentemente, não é esta a proposta de Augusto dos Anjos. Pelo contrário, belo é o
soneto onde se lê “Escarra nessa boca que te beija!”, mas não o significado literal de tal
exortação. Augusto dos Anjos faz uso da linguagem científica, é verdade, mas somente
para exprimir a sua percepção estética da feiúra do eu representado pelo filósofo
moderno, o qual reduziu a natureza à causalidade mecânica e chegou a conceber uma
psicologia sem alma:
30
Idem, pp. 367-368.
ANJOS, Augusto dos. Monólogo de uma Sombra. In: Eu e outras poesias. Belo Horizonte: Itatiaia, 1982,
vol. 1, p. 49.
32
BRITO, Raimundo de Farias. O mundo interior. Introdução de Luiz Alberto Cerqueira. Lisboa: INCM, 2003,
pp. 65-66.
33
Idem, p. 71.
31
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Aí vem sujo, a coçar chagas plebéias,
Trazendo no deserto das idéias
O desespero endêmico do inferno,
Com a cara hirta, tatuada de fuligens
Esse mineiro doido das origens,
Que se chama o Filósofo Moderno!
Quis compreender, quebrando estéreis normas,
A vida fenomênica das Formas,
Que, iguais a fogos passageiros, luzem...
E apenas encontrou na idéia gasta,
O horror dessa mecânica nefasta,
34
A que todas as coisas se reduzem!
***
Cansada de observar-se na corrente
Que os acontecimentos refletia,
Reconcentrando-se em si mesma, um dia,
A Natureza olhou-se interiormente!
Baldada introspecção! Noumenalmente
O que Ela, em realidade, ainda sentia
Era a mesma imortal monotonia
De sua face externa indiferente!
E a Natureza disse com desgosto:
“Terei somente, por ventura, rosto?!
“Serei apenas mera crusta espessa?!
“Pois é possível que Eu, causa do Mundo,
“Quanto mais em mim mesma me aprofundo,
“Menos interiormente me conheça?!”35
Voltemos a Farias Brito. O método introspectivo, por ele defendido como método próprio
da filosofia, tem a ver com a sua idéia de que um saber estrito acerca do espírito “não se
aprende nos livros, mas na luta mesma da vida: é uma ciência que, por assim dizer, não
se aprende, mas vive-se; ciência [...] em que o objeto do conhecimento é consubstancial
com o sujeito36”, razão pela qual “A ‘coisa em si’ ou o espírito [...] só pode ser conhecido
por observação interior37”. Contrariamente às objeções kantianas de que esse método só
fornece ao observador a matéria de um jornal autobiográfico, Farias Brito não só observa
que “Kant confunde introspecção com imaginação38”, como ressalta que “Kant não
admitia ciência senão como sistematização no sentido da causalidade mecânica. Mas há
34
ANJOS, Augusto dos. Monólogo de uma Sombra. In: Eu e outras poesias. Belo Horizonte: Itatiaia, 1982,
vol. 1, p. 49.
35
Idem, vol. 2, p. 41: Natureza Íntima, soneto dedicado a Farias Brito.
36
BRITO, Raimundo de Farias. O mundo interior. Introdução de Luiz Alberto Cerqueira. Lisboa: INCM, 2003,
p. 70.
37
Idem, p. 408.
38
Idem, p. 410.
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também a causalidade psíquica [...] a causalidade mecânica não é talvez senão uma
sombra da causalidade psíquica”39.
Contrariamente ao conhecimento científico com o qual conquistamos à natureza o direito
de viver pelo trabalho e pelo sacrifício, a percepção estética torna a vida desejável e
promove um comprometimento do eu com a sua rotina através das sensações e das
emoções: “Somente a Arte, esculpindo a humana mágoa [...] reduz, sem que entanto, a
desintegre, /À condição de uma planície alegre, / A aspereza orográfica do mundo!”.
Filhos de um eu epistêmico, o realismo e o naturalismo supõem a mesma concepção
mecânica da natureza, no sentido de que o artista deve acercar-se das coisas e dos fatos
impessoalmente, isto é, apenas em função das leis universais que regem a existência.
Neste sentido, o cientificismo no Brasil oitocentista, cuja irrisão foi a “poesia científica”,
deve ser entendido como uma necessidade histórico-cultural. Afinal, que é o cientificismo
senão o uso político-ideológico do valor científico do conhecimento?
Do ponto de vista de uma realidade sem graça, onde tudo se explica segundo uma
causalidade mecânica estritamente dentro dos limites da experiência, a atividade poética
tem um caráter transcendente, como uma viagem extraordinária ao mundo da idealidade
do pensamento, ao país da fantasia, onde tudo é calma, perfeição e beleza; de onde,
entretanto, o eu retorna kafkanianamente condenado a uma existência absurda, sem
sentido nem esperança, para viver à sombra de si mesmo, numa realidade onde a vida
pode transformar-se, subitamente, em pesadelo e revolta:
Recife. Ponte Buarque de Macedo.
Eu, indo em direção à casa do Agra40,
Assombrado com a minha sombra magra,
Pensava no destino, e tinha medo!
[...]
Ah! Com certeza, Deus me castigava!
Por toda a parte, como um réu confesso,
Havia um juiz que lia o meu processo
E uma forca especial que me esperava!
[...]
Escarrar de um abismo noutro abismo,
Mandando ao Céu o fumo de um cigarro,
Há mais filosofia neste escarro
Do que em toda a moral do Cristianismo!
[...]
Homem! Por mais que a Idéia desintegres,
Nessas perquisições que não têm pausa,
Jamais, magro homem, saberás a causa
De todos os fenômenos alegres!41
39
40
Idem, p. 411.
A casa do Agra, ao fim da Ponte Buarque de Macedo, era o necrotério.
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Universidade Federal de São João Del-Rei - Ano III - Número III – janeiro a dezembro de 2007
O EU COMO PRINCÍPIO: A ESTÉTICA DE AUGUSTO DOS ANJOS
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***
Vêm-me à imaginação sonhos dementes.
Acho-me, por exemplo, numa festa...
Tomba uma torre sobre a minha testa,
Caem-me de uma só vez todos os dentes! 42
***
E esfregando as mãos magras, eu, inquieto,
Sentia, na craniana caixa tosca,
A racionalidade dessa mosca,
43
A consciência terrível desse inseto!
***
Estou sozinho! A estrada se desdobra
Como uma imensa e rutilante cobra
De epiderme finíssima de areia...
E por essa finíssima epiderme
Eis-me passeando como um grande verme
Que, ao sol, em plena podridão, passeia!
[...]
Lembro-me bem. Nesse maldito dia
O gênio singular da Fantasia
Convidou-me a sorrir para um passeio...
Iríamos a um país de eternas pazes
Onde em cada deserto há mil oásis
E em cada rocha um cristalino veio.
Gozei numa hora séculos de afagos,
Banhei-me na água de risonhos lagos,
E finalmente me cobri de flores...
Mas veio o vento que a Desgraça espalha
E cobriu-me com o pano da mortalha,
Que estou cosendo para os meus amores!
Desde então para cá fiquei sombrio!
Um penetrante e corrosivo frio
Anestesiou-me a sensibilidade
E a grandes golpes arrancou as raízes
Que prendiam meus dias infelizes
44
A um sonho antigo de felicidade!
Referências Bibliográficas:
ANJOS, Augusto dos. Eu e outras poesias. Rio de Janeiro: Bertrand, 2001.
BARRETO, Tobias. Estudos de filosofia. Introd. e notas de Paulo Mercadante e Antônio Paim. In:
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p.1-428.
41
ANJOS, Augusto dos. As Cismas do Destino. In: Eu e outras poesias. Belo Horizonte: Itatiaia, 1982, vol. 1,
p. 60.
42
. Idem, p. 135: Tristezas de um Quarto Minguante.
43
Idem, p. 80: Os Doentes.
44
Idem, 118: A Ilha de Cipango.
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Fortaleza: Tipografia Universal, 1895; segunda parte: A filosofia moderna. Fortaleza: Tipografia
Universal, 1899; terceira parte: O mundo como atividade intelectual, livro I: Evolução e relatividade
(um segundo livro, previsto sob o título Força e pensamento ou solução do problema da existência
pela concepção de mundo como atividade intelectual, jamais foi publicado). Belém: Livraria
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