Volume 3 Número 17 12 de junho de 2005 GBETH Newsletter de Tumores Hereditários de Estudos o r i e l i s Uma o Bra publicação semanal do Grup CÂNCER GBETH Newsletter é uma publicação semanal distribuída aos sócios do Grupo Brasileiro de Estudos de Tumores Hereditários. Sede R José Getúlio, 579 cjs 42/43 Aclimação São Paulo - SP CEP 01503-001 E-mail [email protected] Editor Erika Maria M Santos Diretoria Presidente Benedito Mauro Rossi Vice-Presidente Gilles Landman Diretor Científico André Vettore Secretário Geral Fábio de Oliveira Ferreira Primeira Secretária Erika Maria M Santos Tesoureiro Wilson T Nakagawa Conselho Científico Beatriz de Camargo José Claúdio C Rocha Maria Aparecida Nagai Maria Isabel W Achatz Samuel Aguiar Jr Conselho Fiscal Titulares André Lopes Carvalho Gustavo Cardoso Guimarães Stênio de Cássio Zequi Suplentes Fábio José Hadad Mariana Morais C Tiossi Milena J S F L Santos DE MAMA EM JUDEUS Fabiana Baroni Makdissi Departamento de Mastologia - Hospital do Câncer A.C. Camargo RUBINSTEIN WS. HEREDITARY BREAST CANCER IN JEWS. FAM CANCER 2004;3:249-57. Uma das estratégias para reduzir o impacto do câncer de mama é a identificação de mulheres com alto risco para intervir ativamente. O reconhecimento de três mutações fundadoras nos genes BRCA1 e BRCA2 altamente prevalentes entre os judeus Ashkenazi gerou uma série de estudos que avaliam o risco de câncer de mama nesta população. Cerca de 2,5% dos judeus Ashkenazi carregam uma das três mutações fundadoras: BRCA1187delAG, BRCA1 5385insC, BRCA2 6174delT. Aproximadamente 78% a 96% dos judeus Ashkenazi com mutações nos genes BRCA1 e BRCA2 apresentam mutações fundadoras. Este artigo discute se o risco de câncer de mama é mais elevado em judeus; se há uma proporção mais elevada de câncer de mama relacionado a mutações nos genes BRCA1 e BRCA2; a contribuição de mutações do BRCA no câncer de mama precoce e tardio; risco associado a mutações fundadoras. O CÂNCER DE MAMA É MAIS COMUM EM MULHERES JUDIAS? Há poucos dados disponíveis sobre a incidência de câncer de mama em judeus. Egan et al. estudou a associação entre religião e câncer de mama em estudo caso controle com 6.611 mulheres com câncer de mama e 9.026 controles. A história familiar positiva de câncer de mama foi associada a aumento no risco relativo em Catolicos, Protestantes e Judeus, mas o efeito foi duas vezes maior em mulheres judias. Mulheres judias com história familiar têm risco relativo de 3,7 comparado ao risco de mulheres judiais sem história familiar. O CÂNCER DE MAMA É MAIS COMUM EM HOMENS JUDEUS? Cerca de 0,8% dos tumores de mama ocorrem em homens. Os fatores de risco incluem idade, doença testicular, doença benigna das mamas, ginecomastia, doenças hepáticas, estado civil, ascendência judaica (exposure odds ratio 2,1), ascendência africana, história familiar de câncer de mama (exposure odds ratio 2,5), síndrome de Klinefelter, síndrome de insensibilidade ao androgênio, e mutações nos genes Câncer de mama em judeus BRCA1 e BRCA2. Poucos estudos indicam que homens judeus têm taxas mais elevadas de câncer de mama. Um estudo do Israel Cance Registry indicou uma taxa mais elevada de câncer de mama masculino em Israel ao comparar com a taxa dos EUA. QUAL A CONTRIBUIÇÃO DAS MUTAÇÕES EM BRCA1 E BRCA2 EM TUMORES DE MAMA DIAGNÓSTICADOS EM IDADE PRECOCE E TARDIA? A freqüência de portadores de mutação entre mulheres judias diagnosticadas com câncer de mama aos 40 anos foi 10% em estudo populacional. Em estudo israelense, 30% das mulheres judias HÁ UMA ALTA PROPORÇÃO DE CÂNCER DE MAMA EM JUDEUS ATRIBUÍVEL A MUTAÇÕES NO BRCA1 e BRCA2? Um estudo populacional com 94 casos de câncer de mama em homens no Reino Unido, encontrou mutações germinativas em 8% dos casos e todos apresentavam história familiar positiva. Em um amplo estudo dos EUA, pacientes judeus Ashkenazi com câncer de mama masculino apresentaram uma freqüência de portadores de mutação (39%), maior do que não-judeus (21%), mas a diferença não foi significativa. A taxa de portadores de mutação nos genes BRCA1 e BRCA2 é estimada em cerca de 1 em 345 ou 1 em 1.000 na população geral, bem mais baixa do que em judeus Ashkenazi. com tumores de mama diagnosticados antes dos 40 anos apresentam uma das três mutações fundadoras, enquanto que entre as mulheres com tumores diagnosticados após os 40 anos, a freqüência de mutação foi de 10%. O RISCO DE CÂNCER DE MAMA EM JUDIAS COM MUTAÇÕES FUNDADORAS É MAIOR DO QUE NÃO-JUDIAS? Excluindo o New York Breast Cancer Study, a penetrância para o câncer de mama na população judia variou de 36% a 60% para o BRCA1, e de 21% a 56% para BRCA2. A penetrância para a população não-judia variou de 40% a 73% para o BRCA1, e de 37% a 74% para BRCA2. O New York Breast Cancer Study observou penetrância de 81% para o BRCA1, e 85% para o BRCA2. Este estudo diferenciou dos demais, pois a penetrância foi calculada nos indivíduos genotipados diretamente. GBETH Newsletter 2005; v 3 n 17