UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA PROGRAMA CURSO DE GRADUAÇÃO EM GEOLOGIA ÁDILA FERNANDES COSTA CARACTERIZAÇÃO PETROGRÁFICA E LITOGEOQUÍMICA DAS ROCHAS ENCAIXANTES E DO MINÉRIODE FERRO DA REGIÃO DE CURRAL NOVO, PIAUÍ Salvador - BA 2010 ii2 ÁDILA FERNANDES COSTA CARACTERIZAÇÃO PETROGRÁFICA E LITOGEOQUÍMICA DAS ROCHAS ENCAIXANTES E DO MINÉRIODE FERRO DA REGIÃO DE CURRAL NOVO, PIAUÍ Monografia elaborada para obtenção de título de Bacharel em Geologia, do Instituto de Geociências, Universidade Federal da Bahia. Orientador: Profa. MARIA DA GLÓRIA DA SILVA Co-orientador: Prof. JOSÉ HAROLDO DA SILVA SÁ Salvador - BA 2010 3 iii TERMO DE APROVAÇÃO ÁDILA FERNANDES COSTA CARACTERIZAÇÃO PETROGRÁFICA E LITOGEOQUÍMICA DAS ROCHAS ENCAIXANTES E DO MINÉRIODE FERRO DA REGIÃO DE CURRAL NOVO, PIAUÍ TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO PARA OBTENÇÃO DO GRAU DE BACHAREL EM GEOLOGIA, UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA, PELA SEGUINTE BANCA EXAMINADORA: 1º Examinador - Profa. Dra. Maria da Glória da Silva - Orientadora Doutora em Geologia pela Universidade de Freiburg, Alemanha Profa. Associada do IGEO/UFBA e Assessora da Diretoria de Geologia e Recursos Minerais do Serviço Geológico do Brasil-CPRM. 2º Examinador - Prof. Dr. Aroldo Misi - UFBA Livre-Docente em Geologia Econômica-Metalogênese pela Universidade Federal da Bahia. Pós-doutorado na Universidade do Texas em Austin, EUA. Prof. Titular IGEO/UFBA. 3º Examinador - Dr. Adalberto de Figueiredo Ribeiro Geólogo, Mestre em Geologia pela Universidade Federal da Bahia. . Salvador, 03 de dezembro de 2010 4iv Dedico este trabalho, com muito carinho, aos meus maravilhosos pais e irmão. 5v AGRADECIMENTOS A realização deste trabalho final de graduação só foi possível graças ao apoio dos meus familiares e de várias pessoas, as quais, expresso os meus mais sinceros agradecimentos. Primeiramente, agradeço a toda minha família pelo incentivo, exclusivamente aos meus pais gloriosos, Antônio e Ana Paula, pelos esforços realizados durante todos estes anos, além do amor, dedicação e educação, e ao meu irmão querido, Átila, pela mais sincera amizade, apoio e alegria. Não posso esquecer-me dos meus animais de estimação, que sempre proporcionaram alegria e alívio nos meus momentos de preocupação. A Profa. Dra. Maria da Glória da Silva pela sua orientação, paciência e dedicação ao meu trabalho e pelos momentos enriquecedores em que transmitiu os seus valiosos conhecimentos e ensinamentos de vida. À Diretoria da GME4 do Brasil Participações e Empreendimentos S. A., na figura do dos geólogos Adalberto Ribeiro e Washington Rydz Santana, que prontamente acolheram a proposta de realização desse trabalho e criaram todas as condições logísticas e financeiras necessárias para execução do mesmo. Ao corpo técnico da GME4/PI4, em especial ao geólogo Vilson Marques Dias, chefe do Projeto Ferro do Piauí, que afetuosamente nos acolheu e colocou todo seu conhecimento sobre a área a nosso serviço. Aos profissionais da CPRM (SUREG/SA) pela ajuda e apoio, em especial aos geólogos Maisa Abram (e toda DIARMI), Cristina Burgos, Ritinha, Adriano, Léo Teixeira, Nelson Custódio, Paulo Varão, Violeta, Campelo, Ioná, e aos profissionais, Madalena (cuja admiração é imensurável), Isabel e Gisélia (biblioteca), Val, Miguel, Pedro (da lâmina) e todos da turma do apoio (Ritinha, Eliana, Pati e os meninos). Aos professores da UFBA: Maria José, Débora Rios, Osmário, Ângela Leal, Flávio, João Batista, Amalvina, Telésforo, Misi, Haroldo Sá, Olívia, Carlson, Hebert, pelos ensinamentos, apoio e críticas construtivas durante a minha qualificação como aluna. Além de Mércia, Dera, Joel, os seguranças e do apoio. Aos amigos da UFBA: minha crocó equipe (“Dira”, “Pri”, “Ed” e “duinha”), Tonha, Sâmia, Judiron, Thiago, Amanda, Leidiane, Danilo, Jana, Bruno, Valter, Alita, deco, AJ, Joel, Jonatas, Michel, Decrepto, Verônica, Anderson, Michele, Cleiton, Tassi e etc. Aos amigos: Lud, Beth, Carmel, Lys, Nanda, Scarlet (cunha), Jack Iung (prima), Aline, Família Cersosimo (Rodrigo, especialmente), Elci, Clovis, Samira, Sabrina, Sandra Regina (e Família), Nanda, July, Bela, Taís, Nati... 6vi RESUMO As mineralizações de ferro do Alvo Massapê-Manga Velha, Distrito Ferrífero de Curral Novo, localizam-se na Província da Borborema, sudeste do Estado do Piauí, a norte do Lineamento de Pernambuco, na Subprovíncia Setentrional. Nessa área afloram rochas metamáficas de provável idade arqueana do Complexo Granjeiro, cujos protólitos foram caracterizados como ígneos, de natureza gabróica e basáltica, de afinidade toleítica compatível com ambiente de subducção (arco vulcânico ou de bacia back-arc). Essas rochas encontram-se intrudidas por granitóides cedo, sin- e pós tectônicos, em sua maioria de idade neoproterozóica. Os metagabros e metabasaltos foram metamorfisados na fácies anfibolito e heterogeneamente afetados pela deformação cisalhante neoproterozóica. As rochas mais intensamente deformadas foram posteriormente modificadas por fluidos hidrotermais de provável assinatura granítica, ricos em H2O, CO2, K, Si, Fe, Zn, Ca, ETRL, Zr, Th, Ta, P, B, dentre outros, tendo desenvolvido uma mineralogia hidrotermal rica em Ca-anfibólios, Fe-anfibólios, biotita, quartzo, granada, carbonato, turmalina, apatita e allanita. Tais rochas foram caracterizadas como Hidrotermalitos. Os estudos de campo, petrográficos e litogeoquímicos mostram a existência de dois tipos de minério de ferro na área: (i) Tipo I, uma Formação Ferrífera Bandada (BIF) do tipo Algoma, que ocorre intercalada no pacote de metagabros e metabasaltos, metamorfisada na fácies anfibolito, constituída por bandas de magnetita e bandas de quartzo e anfibólio da série grunerita-cummingtonita; e (ii) Tipo II, tectono-controlado, que ocorre disseminado, lenticular, laminado, venular, brechóide, associado aos hidrotermalitos, ao longo de um trend de cerca de 30 km da zona de cisalhamento dextral Itainzinho-Baixio. Esse minério, ao qual se associam sulfetos de Cu e teores anômalos de Au, foi caracterizado como um Ironstone Hidrotermal. O conjunto de dados, com destaque para a associação Fe-Cu-Au do minério Tipo II, permite que se sugira para este minério um modelo do tipo IOCG (Iron Oxide Copper Gold Deposits). Palavras-chave: Província da Borborema, Complexo Granjeiro, Formações Ferríferas, Metamáficas, Hidrotermalismo. 7vii ABSTRACT The iron mineralizations of the Massapê-Manga Velha Target, in the Curral Novo Iron District, are located in the Borborema Province, southeastern portion of state of Piaui. The target lies north to the Pernambuco lineament. In this area there are metamafic rocks of probable Archean age, wich belong to the Granjeiro Unit. The protoliths were characterized as gabbros and basalts of tholeiitic affinity, generated in a subduction environment (volcanic arc or back-arc basin). These rocks were intruded by early, syn- and post-tectonic granites, mostly of neoproterozoic age. The metagabbros and metabasalts were metamorphosed in amphibolite facies and heterogeneously affected by Neoproterozoic shear deformation. The most strongly deformed rocks have been subsequently modified by hydrothermal fluids rich in H2O, CO2, K, Si, Fe, Zn, Ca, LREE, Zr, Th, Ta, P, B, among others elements, of probable granitic signature. Consequently, they developed a hydrothermal mineralogy, rich in Ca-amphibole, Fe-amphibole, biotite, quartz, garnet, carbonate, tourmaline, apatite and allanite. These rocks are characterized as hydrotermalites. The field work added to the petrographic and lithogeochemical studies point to the existence of two types of iron ore in the area. Type I, Algoma type banded iron formation (BIF) that occurs intercalated between metabasalts and metagabbros and is metamorphosed in the amphibolite facies. It consists of bands of magnetite alternating with bands of quartz and Fe-amphibole of the the grunerite-cummingtonite series. Type II, tectonic-controlled ore, which occurs disseminated, lenticular, laminated, venular, brecciated, in association with the hydrothermalites, along a trend of about 30 km in the Itainzinho-Baixio dextral shear zone. This ore, which is associated with Cu sulfides and anomalous concentrations of Au, was characterized as a Hydrothermal Ironstone. The data set, in particular the association Fe-Cu-Au of the Type II ore, allows suggest a genetic model similar to IOCG (Iron Oxide Copper Gold Deposits) for this type of ore. Key Words: Borborema Province, Granjeiro Unit, Iron Formations, Metamafic rocks, Hydrothermal ore, IOCG. 8 viii SUMÁRIO AGRADECIMENTOS.............................................................................................................v RESUMO..................................................................................................................................vi ABSTRACT.............................................................................................................................vii LISTA DE FIGURAS..............................................................................................................xi LISTA DE TABELAS............................................................................................................xv CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO 1.1 OBJETIVOS.......................................................................................................................16 1.1.1Objetivo Geral.......................................................................................................16 1.1.2 Objetivos Específicos...........................................................................................17 1.2 JUSTIFICATIVA...............................................................................................................17 1.3 MÉTODOS DE TRABALHO............................................................................................17 1.3.1 Levantamento bibliográfico.................................................................................17 1.3.2 Trabalhos de campo.............................................................................................17 1.3.3 Análises petrográficas..........................................................................................18 1.3.4 Análises litogeoquímicas......................................................................................18 1.3.5 Tratamento e Interpretação dos dados litogeoquímicos.......................................19 1.3.6 Elaboração do relatório do trabalho final de curso (TFG)...................................19 1.4 LOCALIZAÇÃO E ACESSO DA ÁREA DE ESTUDO...................................................19 CAPÍTULO 2 - GEOLOGIA REGIONAL 2.1 INTRODUÇÃO..................................................................................................................21 2.2 CONTEXTUALIZAÇÃO GEOTECTÔNICA...................................................................21 2.3 DOMÍNIO CEARENSE.....................................................................................................24 2.3.1 Terreno Granjeiro.................................................................................................24 2.3.1.1 Complexo Granjeiro..............................................................................25 2.3.1.2 Granitóides............................................................................................26 CAPÍTULO 3 - GEOLOGIA LOCAL 3.1 INTRODUÇÃO..................................................................................................................28 9ix 3.2 GEOLOGIA DO ALVO MASSAPÊ-MANGA VELHA...................................................29 CAPÍTULO 4 – CARACTERIZAÇÃO PETROGRÁFICA DAS ROCHAS ENCAIXANTES IMEDIATAS DO MINÉRIO DE FERRO 4.1 INTRODUÇÃO..................................................................................................................34 4.2 ROCHAS METAMÁFICAS ENCAIXANTES.................................................................35 4.2.1 Rochas Metamáficas Menos Modificadas.................................................................35 4.2.2 Rochas Metamáficas Moderadamente Modificadas..................................................36 4.2.3 Rochas Metamáficas com Maior Grau de Modificação............................................38 4.3 GRANITÓIDES.................................................................................................................40 4.4 DISCUSSÕES PARCIAIS.................................................................................................44 CAPÍTULO 5 – CARACTERIZAÇÃO MACROSCÓPICA E MICROSCÓPICA DO MINÉRIO DE FERRO 5.1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................45 5.2 FORMAÇÕES FERRÍFERAS..........................................................................................45 5.2.1 Aspectos Conceituais Relativos a Formações Ferríferas.......................................45 5.2.2 Caracterização Macroscópica das Formações Ferríferas do Alvo Massapê MangaVelha.........................................................................................................................................47 5.2.3 Caracterização Microscópica das Formações Ferríferas do Alvo Massapê- Manga Velha.........................................................................................................................................53 5.3 SULFETOS.........................................................................................................................57 5.4 DISCUSSÕES PARCIAIS.................................................................................................59 CAPÍTULO 6 - CARACTERIZAÇÃO LITOGEOQUÍMICA DAS ROCHAS E DO MINÉRIO 6.1 INTRODUÇÃO..................................................................................................................60 6.2 METODOLOGIA...............................................................................................................61 6.2.1 Preparação de Amostras.......................................................................................61 6.2.2 Técnicas Analíticas Instrumentais.......................................................................62 6.2.1.1 ICP-AES (Inductively Coupled Plasma Atomic Emission Spectroscopy)..62 6.2.1.2 ICP-MS (Inductively Coupled Plasma Mass Spectrometry)…...…….......62 6.3 RESULTADOS..................................................................................................................62 6.3.1 Rochas Encaixantes.............................................................................................62 10 x 6.3.1.1 Definição da Linhagem Petrogenética e Ambiente Geotectônico dos Metagabros e Metabasaltos............................................................................................................63 6.3.1.2 Aspectos Litogeoquímicos dos Hidrotermalitos........................................65 6.3.2 Minério de Ferro................................................................................................68 CAPÍTULO 7 - DISCUSSÕES E RECOMENDAÇÕES 7.1 DISCUSSÕES.....................................................................................................................72 7.2 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS..............................................................75 REFERÊNCIAS......................................................................................................................77 ANEXOS Anexo-1 Tabela de Amostras.................................................................................................83 Anexo-2 Tabelas de Análises Químicas.................................................................................86 Anexo-3 Descrições Petrográficas - Seções Delgadas............................................................89 Anexo-4 Descrições Petrográficas - Seções Delgadas-Polidas...........................................110 11 xi LISTA DE FIGURAS Figura 1.1 Mapa de localização do Distrito Ferrífero de Curral Novo com destaque para o Alvo Massapê-Manga Velha.....................................................................................................20 Figura 2.1 Localização do Distrito Ferrífero de Curral Novo na Província Borborema (quadrado vermelho). Zonas de cisalhamento: Sobral-Pedro II (SO), Senador Pompeu (SP), Orós-Aiuaba (OR), Porto Alegre (PO), São Vicente (SV), Piauí-João Câmara (JC), Malta (MA), Serra do Caboclo (SC), Congo-Cruzeiro do Nordeste (CC), Serra da Jabitaca (SJ), Jatobá-Itaíba (JI), Macururé-Riacho Seco (MR), Belo Monte-Jeremoabo (BJ), São Miguel do Aleixo (AS) e Itaporanga (IA); Lineamentos: Patos (PA) e Pernambuco (PE); Nappes da Faixa Riacho do Pontal................................................................................................................23 Figura 2.2 Localização e compartimentação da Província Borborema em domínios e terrenos tectono-estratigráficos.................................................................................................................24 Figura 2.3. Proposta de subdivisão tectono-estratigráfica da porção sudoeste da província da Borborema, de acordo com Gomes et al (2000), Folha Jaguaribe-SW (1:500.000), PLGBCPRM. LPE (Lineamento Pernambuco)...................................................................................25 Figura 2.4. Recorte da Folha Jaguaribe-SW (1:500.000) mapeada pela CPRM (Gomes et al 2000) destacando o Terreno Granjeiro, na Província Borborema. Cenozóico: Coberturas Colúvio-Eluvionares (TQc); Cretáceo: Grupo Araripe, Fm. Exu (Ke) e Fm. Santana (Ks); Siluriano: Grupo Serra Grande, Fm. Jaicós; Neoproterozóico: Granitóides (Ny3c, Ny2a, Ny2b, Ny1b); Paleoproterozóico: Complexo Metaplutônico (Pgr) e Complexo São Nicolau (Psn); Arqueano: Metaplutônicas (Ay) e Complexo Granjeiro (Ag). Os polígonos em amarelo são os alvos ricos em ferro do Distrito Ferrífero de Curral Novo. A área destacada em vermelho é o alvo Massapê-Manga Velha................................................................................27 Figura 3.1 Mapa de localização do Sistema Ferrífero Massapê-Manga Velha, com destaque para o Alvo Massapê-Manga Velha, a nordeste de Paulistana. Fonte: Material Técnico da GME4/PI4, modificado.............................................................................................................30 Figura 3.2 Mapa mostrando a localização dos Alvos de pesquisa do Projeto Planalto Piauí. Fonte: Material Técnico da GME4/PI4, modificado......................................................................31 Figura 3.3 Cartograma ASA (Amplitude do Sinal Analítico) resultante do levantamento geofísico terrestre realizado pela GME4, mostrando os trends mineralizados em ferro. Fonte: Material Técnico da GME4/PI4, modificado.................................................................................31 Figura 3.4 Cartograma ternário K-Th-U, resultante do levantamento geofísico terrestre realizado pela GME4, mostrando os corpos sienograníticos intrudidos na área de estudo. Fonte: Material Técnico da GME4/PI4, modificado................................................................32 Figura 3.5 Fotografias: (A) Morro Massapê (Alvo Massapê-Manga Velha); (B) vista geral, mostrando o aspecto morfológico da área. Fonte: Corpo Técnico da GME4/PI4....................32 Figura 3.6 Cartograma do Sinal Analítico resultante do levantamento geofísico magnetrométrico terrestre realizado na área pela GME4. Observar o posicionamento do 12 xii Massapê-Manga Velha com os traços de localização dos furos de sondagem realizados. Fonte: modificado do Material Técnico da GME4/PI4........................................................................33 Figura 4.1. Fotomicrografias das encaixantes menos alteradas. (A) o anfibólio e a biotita orientados e o plagioclásio saussuritizado (LP, 10x). (B) clorita relacionada à biotita, sugerindo processo de cloritização (NX, 10x)..........................................................................36 Figura 4.2 Aspectos macro e mesoscópicos das rochas encaixantes do minério de ferro do Alvo Massapê-Manga Velha. (A) e (C) gabro, (B) metabasalto e (D) feições texturais do metabasalto e gabro...................................................................................................................37 Figura 4.3 Características da rocha moderamente modificada vistas em furo de sondagem. Notar a intensa biotitização destas rochas.................................................................................37 Figura 4.4 Fotomicrografias dos aspectos microscópicos da biotita. (A) Contato da rocha granítica com a metamáficas, notar o tamanho dos cristais de biotita que são maiores nas zonas de contato (LP, 2,5x). (B) Presença de minerais radioativos formando halos pleocróicos em cristais também de anfibólio (LP, 20x)...............................................................................39 Figura 4.5 Aspectos mesoscópico e microscópico das rochas encaixantes mais alteradas. (A) Injeção de fluido na metamáfica carregado em grandes cristais de granada. (B) Injeção de fluido com bastante biotita. Fotomicrografias: (C) Granada (Grd) poiquiloblástica com inclusões de minerais opacos (Op), anfibólio verde azulado (Anf) e biotita (LP, 2,5x) (D) Granada porfiroblástica com textura helicítica imersa numa matriz com textura granonematoblástica e granolepidoblástica (LP, 2,5x) (E) Bitotia (Bt) e anfibólio orientado e cristais de apatita (Ap), titanita (Ttn) e granada (Grd) (LP, 10x) (F) Halos pleocróicos nos cristais de biotita (LP, 10x)................................................................................................................41 Figura 4.6 Aspecto mesoscópico e microscópico de um dos minerais hidrotermais. (A) Aspecto textural do fluido carregado em cristais de turmalina; (B) Aspecto textural do fluido, com cristais maiores de turmalina; Fotomicrografias: (C) Turmalina em conjunto com processos de epidotização e carbonatação (NX, 10x); (D) Formas basais e longitudinais das turmalinas, de coloração azul escuro (LP, 10x); (E) Turmalina mostrando seu hábito e zoneamento característico (LP, 2,5x); e (F) Turmalina em seção longitudinal (LP, 2,5x).......42 Figura 4.7 Fotomicrografias do aspecto microscópico da milonitização no granitóide, mostrando textura porfiroclástica (NX, 2,5x). Notar os fenocristais de K-feldspato (Mc = microclina)..................................................................................................................................43 Figura 4.8 Fotografias da apófise granítica de coloração avermelhada, fortemente milonitizada na rocha metamáfica. Furo de sondagem DD 031 do Projeto Planalto Piauí da GME4/PI4....43 Figura 5.1 Diagrama esquemático mostrando a abundância relativa de BIF’s precambrianos ao longo do tempo, tomando como base alguns dos maiores depósitos de formações ferríferas mundiais. Observar a concentração da maior parte das formações ferríferas no intervalo entre 3.5 e 1.8 Ga......................................................................................................................................46 Figura 5.2 Aspectos de campo e de furo de sondagem do minério de ferro Tipo I (Formação Ferrífera Bandada): (A) Foto do afloramento na encosta do Morro Massapê. (B) Foto do afloramento no topo do Morro Massapê; (C) Foto de detalhe da Formação Ferrífera Bandada 13 xiii vista no topo do Morro Massapé; e (D) Testemunho de sondagem da Formação Ferrífera Bandada.....................................................................................................................................48 Figura 5.3 Cartograma ASA (Amplitude do Sinal Analítico), mostrando a mineralização de ferro controlada pela zona de cisalhamento principal Itaizinho-Baixio e por seus ramos sintéticos: o trend Itaizinho-Abelão e o trend Serra Vermelha-Alto Alegre, no qual se encontra o Alvo Massapê-Manga Velha, área desse estudo....................................................................49 Figura 5.4 Aspectos macroscópicos do minério de ferro tipo II Alvo Massapê-Manga Velha. (A) Foto comparativa, mostrando os dois tipos de minério de ferro; (B) Testemunho de sondagem mostrando brecha mineralizada a magnetita; (C) Foto do furo de sondagem mostrando com mais detalhe, a relação encaixante e minério; (D) Detalhe das injeções de magnetita nos planos de foliação do hidrotermalito; (E) Porfiroblastos de magnetita no hidrotermalito; e (F) Veios de quartzo com magnetita maciça (e por vezes com sulfetos), que cortam o hidrotermalito.............................................................................................................50 Figura 5.5 Relações de contato do minério Tipo II com o processo de biotitização: (A) faixas estreitas de biotita em pacotes de magnetita maciça; (B) bandas expressivas de magnetita e carbonato em contato com bandas de magnetitito; (C) zonas ricas em biotita em contato reentrante com o magnetitito.............................................................................................................51 Figura 5.6 (A e B) Injeções sienograníticas, pegmatóidais, nos planos de foliação das encaixantes metamáficas do minério de ferro do Alvo Massapé-Manga Velha; (C) Sienogranito foliado, com fenocristais de magnetita................................................................52 Figura 5.7 Diferentes formas de ocorrência, em furos de sondagem, dos sulfetos no Alvo Massapê-Manga Velha: (A) Disseminações de pirita anédrica nos planos de foliação dos metabasitos; (B) Veios de quartzo com magnetita e pirita; (C) Pirrotita, com calcopirita subordinada, “cimentando” planos de brechação; (D) Sulfetos (pirrotita e calcopirita) nos planos de foliação da rocha anfibolítica; (E) Brecha hidrotermal com sulfetos disseminados e em injeções finas; (F) Stockwork de calcopirita no hidrotermalito rico em magnetita; (G) Hidrotermalito brechado e injetado por calcopirita e pirrotita..................................................52 Figura 5.8 Fotomicrografias mostrando os diferentes aspectos texturais do minério de ferro Tipo I, do Alvo Massapê-Manga Velha. (A) BIF com contatos gradacionais (LP, 2,5x); (B) BIF com bandas definidas, com muita magnetita disseminada nos níveis esbranquiçados, fazendo com que o quartzo apresente um aspecto sujo (LP, 2,5x); (C) BIF com bandas apresentando contatos bruscos e leitos esverdeados ricos em anfibólios (LP, 2,5x); (D) BIF rico em grunerita (LP, 2,5X); (E) Detalhe dos Fe-anfibólios geminados no BIF (NX, 2,5X).........................................................................................................................................55 Figura 5.9 Fotomicrografias mostrando aspectos texturais do minério de ferro do tipo II (tectono-controlado e associado aos hidrotermalitos) do Alvo Massapê-Manga Velha. (A) magnetita orientada em rochas hidrotermalizadas (LP, 2,5x); (B) magnetita anédrica acompanhada de anfibólio azul da série cummingtonita-grunerita (LP, 10x); e (C) porfiroblastos euhédrico de magnetita no hidrotermalito rico em biotita (LP, 2,5x)................56 Figura 5.10 Fotomicrografias mostrando variadas feições do minério Tipo II: (A) magnetita (Mt) inequigranular nos planos de foliação (LP, 2,5x); (B) magnetita levemente alongada nos planos de foliação e inclusa no grão de granada (Grd) (LP, 2,5x); (C) magnetita acompanhada xiv 14 por processos de biotitização (LP, 2,5x); (D) (LP, 10x), (E) (LP, 2,5x) e (F) (LP, 20x): magnetita disseminada e sulfeto (em E, pirrotita) em rochas hidrotermalizadas com biotita (Biot), apatita (Ap), granada, anfibólio (Anf), Titanita (Ttn), diopsídio (Di) e allanita...........57 Figura 5.11 Fotomicrografias dos minerais de minério do Alvo Massapê-Manga Velha observados em luz refletida. (A) grãos de subhédricos de magnetita-Mt (LP, 2,5x); (B) grão de pirita (Py) envolvendo grãos de magnetita (LP, 10x); (C) pirita injetada em plano de foliação da rocha (LP, 2,5x); (D) mosaico de grãos de pirrotita (Po), com exsoluções de calcopirita (Ccpy) (LP, 10x).....................................................................................................58 Figura 6.1 Diagrama TAS (Na2O+K2O x Si2O) discriminando as séries subalcalina e alcalina, segundo Irvine & Baragar, 1971...............................................................................................63 Figura 6.2 (A) Diagrama AFM (Na2O+K2O x FeOt x MgO) mostrando os trends evolutivos de suítes toleíticas e cálcio-alcalinas, segundo Irvine & Baragar, 1971; (B) Diagrama de TAS (Na2O+K2O x Si2O), segundo Cox et al., 1979.............................................................................63 Figura 6.3 (A) Metagabros e metabasaltos no diagrama (TiO2 x MnO*10 x P2O5*10) de Mullen, 1983; (B) Metagabros e Metabasaltos no diagrama (Ti/100 x Zr x Y*3) de Pearce & Cann, 1973. O campo B é de basaltos de arcos de ilha e Morbs...............................................64 Figura 6.4 (A) Metagabros e metabasaltos no diagrama (Ti/1000 x V) de Shervais (1982); (B) Metagabros e metabasaltos no diagrama (Nb*2 x Zr/4 x Y) de Meschede (1986). Os campos C e D são de rochas de arcos vulcânicos....................................................................................64 Figura 6.5 Metagabros e metabasaltos no diagrama (Nb/Yb x Th/Yb) de Pearce (1983)........65 Figura 6.6 Diagrama multi-elementar das rochas mais intensamente hidrotermalizadas (hidrotermalitos), normalizadas em relação à amostra AF-036 (um metagabro muito pouco afetado pelos fluidos hidrotermais)...........................................................................................66 Figura 6.7 Diagrama multi-elementar das rochas mais intensamente hidrotermalizadas (hidrotermalitos), normalizadas em relação à amostra AF-036 (um metagabro muito pouco afetado pelos fluidos hidrotermais)...........................................................................................67 Figura 6.8 Diagramas rocha/condrito das rochas máficas mais preservadas (A) e dos hidrotermalitos (B)....................................................................................................................67 Figura 6.9 Diagramas de ETR do minério de ferro, normalizados em relação à NASC (North American Shale Composite). BIF’s (em azul) e Hidrotermalitos (em cinza)...........................69 Figura 6.10 Diagramas de elementos terras-raras, normalizados em relação à NASC. (A) formações ferríferas da Kuruman Iron Formation (África do Sul); (B) formações ferríferas do Quadrilátero Ferrífero, Brasil....................................................................................................70 Figura 6.11 Variação da razão (La/Yb)N das formações ferríferas bandadas do Alvo MassapêManga Velha.............................................................................................................................71 15 xv LISTA DE TABELAS Tabela 3.1 Características dos Alvos de pesquisa do Sistema Ferrífero Massapê-Manga Velha do Projeto Planalto Piauí. Fonte: Corpo Técnico da GME4/PI4..............................................29 16 CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO 1.1 OBJETIVOS 1.1.1 Objetivo Geral A caracterização das rochas encaixantes imediatas e regionais das mineralizações fornece informações essenciais que auxiliam na compreensão de questionamentos sobre a gênese, o controle da mineralização e na elaboração de um modelo metalogenético para o minério. Estas informações são de suma importância para o sucesso de um programa de exploração mineral. Com base nessa premissa foi proposta a realização de estudos petrográficos e litogeoquímicos das rochas encaixantes imediatas do minério de ferro do Alvo MassapêManga Velha, situado no Distrito Ferrífero de Curral Novo, porção sudoeste da Província da Borborema, Estado Piauí. Tais estudos objetivam a caracterização dessas rochas quanto a sua natureza original (definição dos protólitos) e quanto aos processos que as modificaram (metamorfismo e ação de fluidos hidrotermais). Os resultados obtidos neste trabalho de pesquisa contribuirão para o avanço do conhecimento sobre o Distrito Ferrífero de Curral Novo, principalmente no que diz respeito à definição da natureza e ambiência tectônica de formação das encaixantes do minério, bem como sobre os processos de transformação sofridos por essas rochas e suas possíveis relações com a mineralização. Vale ressaltar que se trata de um trabalho inédito, uma vez que não 17 existe até o momento, nenhuma abordagem na área dessa natureza. Os resultados obtidos contribuirão também na definição de trabalhos futuros na área. 1.1.2 Objetivos Específicos O trabalho teve como objetivos específicos: (1) a caracterização petrográfica das encaixantes do minério, com ênfase para o reconhecimento das diferentes paragêneses de alteração hidrotermal; (2) estudos litogeoquímicos das rochas menos alteradas hidrotermalmente, visando definir a natureza dos protólitos e do ambiente geotectônico de formação; (3) descrição da mineralogia e das texturas do minério. 1.2 JUSTIFICATIVA As encaixantes meta-máficas do minério de ferro do Distrito Ferrífero de Curral Novo apresentam-se deformadas e modificadas hidrotermalmente, dificultando o reconhecimento de suas características texturais e composicionais originais. A caracterização destas rochas com base em estudos petrográficos e litogeoquímicos contribuirá para a definição da natureza e do ambiente de formação do(s) protólito(s). Por outro lado, o estudo do metamorfismo e das alterações hidrotermais permitirá que se tenha um melhor entendimento a cerca dos processos de transformação que atuaram sobre essas rochas e suas possíveis relações genéticas com o minério. Tais estudos auxiliarão nas discussões a respeito do(s) processo(s) de geração do minério e, eventualmente, na proposição de um modelo genético preliminar. 1.3 MÉTODOS DE TRABALHO A metodologia empregada visando alcançar os objetivos traçados consistiu: 1.3.1 Levantamento bibliográfico: artigos de revistas científicas nacionais e estrangeiras, capítulos de livros e dissertações de mestrado a respeito da geologia e evolução geodinâmica da Província da Borborema; trabalhos publicados sobre aspectos relativos à composição, classificação, tipologia e gênese de Formações Ferríferas; 1.3.2 Trabalho de campo: as atividades de campo no Alvo Massapê-Manga Velha foram concentrados em 5 dias, nos quais foram realizados perfis regionais para o reconhecimento e coletas de amostras das unidades litoestratigráficas aflorantes no entorno da área mineralizada; ainda nessa etapa foram descritos e amostrados 12 furos de sondagem (Furos 008, 009, 022, 024, 028, 031, 050, 057, 060, 061, 064, 065) pré-selecionados feitos no alvo pela empresa GME4/PI4. Em cada um desses furos, com cerca de 300 a 400m de 18 profundidade cada, foi feita uma criteriosa observação macroscópica das encaixantes e do minério, com ênfase para as relações geométricas entre o minério e as encaixantes, para as alterações hidrotermais nas proximidades das zonas mais intensamente mineralizadas, para as diferentes formas e controles do minério. Dessa observação resultou a seleção criteriosa de 199 amostras, tanto das encaixantes quanto do minério, que somadas a 16 amostras coletadas em superfície perfazem um total de 215 amostras; 1.3.3 Análise petrográfica: dentre as 215 amostras coletadas, foram escolhidas aquelas mais adequadas para o alcance dos objetivos propostos, ou seja: (a) amostras menos deformadas e menos hidrotermalizadas para fins de estudos dos protólitos; (b) amostras com diferentes paragêneses de alteração hidrotermal para definição da natureza e intensidade do processo; (c) amostras com diferentes feições da mineralização para definição da natureza e tipologia do minério e suas relações com os processos transformadores das encaixantes. Dentre essas amostras foram selecionadas 67 para confecção de seções delgadas para fins de estudos petrográficos. As lâminas delgadas foram confeccionadas no Laboratório de Laminação da CPRM (SUREG - Salvador). Visando a observação microscópica do minério e suas relações com as encaixantes foram selecionadas também 25 amostras para confecção de seções delgadas-polidas para estudo em luz refletida. Tais seções foram confeccionadas no Instituto de Geociências da USP. Os estudos petrográficos foram realizados tanto na CPRM (SUREG - Salvador), quanto no Laboratório de Metalogênese do IGEO/UFBA. Em ambos os laboratórios foram utilizados microscópios petrográficos equipados, com sistema de luz transmitida e de luz refletida e com sistema de captura de imagens. Na CPRM utilizou-se um equipamento da marca Olympus modelo BX-41 e no Laboratório de Metalogênese da UFBA um equipamento da marca Nikon modelo Japan Opthiphot-Pol; 1.3.4 Análise Litoquímica: com base na descrição petrográfica das rochas, foram selecionadas 31 amostras para realização de análises químicas de elementos maiores, traços e terras raras. Foram selecionadas 10 amostras dos principais tipos de minério de ferro observados para efeito de comparação. As análises foram realizadas no Laboratório Acme Analytical Laboratories, sendo os elementos maiores analisados por ICP-AES e os elementos traços e ETR por ICP-MS. A limpeza dos blocos de amostras enviados para o laboratório foi feito na CPRM (SUREG - Salvador). A britagem e a pulverização foram feitas no laboratório ACME. As amostras pulverizadas foram submetidas a fusão com metaborato de lítio e posterior abertura com água régia; 1.3.5 Tratamento e Interpretação dos dados litogeoquímicos: os resultados foram organizados numa planilha Excel e importados para o ambiente do software MINPET para 19 fins de confecção de diagramas litogeoquímicos. A interpretação desses diagramas foi feita à luz da combinação dos dados de campo e petrográficos; 1.3.6 Elaboração do relatório do trabalho final de curso (TFG): nesta etapa, foram integrados os dados geológicos, petrográficos e litogeoquímicos para elaboração do trabalho final de graduação. 1.4 LOCALIZAÇÃO E ACESSO DA ÁREA DE ESTUDO O Alvo Massapê-Manga Velha, pertencente ao Distrito Ferrífero de Curral Novo, situa-se na porção sudoeste da Província da Borborema, sudeste do Estado do Piauí (Figura 1.1). O Alvo Massapê-Manga Velha é o mais importante dentre os vários alvos que fazem parte do Projeto Planalto Piauí, pertencente à PI4 Participações e Empreendimentos S.A., uma empresa do grupo GME4. O Projeto Planalto Piauí desenvolve na área trabalhos de exploração, prospecção e pesquisa para depósitos de ferro. A área de trabalho fica a nordeste da sede do município de Paulistana (PI) e engloba parte dos municípios de Simões e de Curral Novo do Piauí. A cidade de Paulistana está a 170 km a NW de Petrolina. Saindo de Salvador, o acesso a Paulistana pode ser feito por via aérea ou terrestre até Petrolina e, posteriormente, pela BR-407 de Petrolina a Paulistana, percorrendo-se uma distância de 170 km. De Paulistana até o Alvo Massapê-Manga Velha percorre-se cerca de 60 km em estradas municipais carroçáveis. 20 Figura 1.1 Mapa de localização do Distrito Ferrífero de Curral Novo mostrando os vários blocos de direitos minerários da GME4 nessa porção do Estado do Piauí, com destaque para o Alvo Massapê-Manga Velha. Fonte: Corpo Técnico da GME4/PI4 21 CAPÍTULO 2 - GEOLOGIA REGIONAL 2.1 INTRODUÇÃO O Distrito Ferrífero de Curral Novo situa-se na porção sudoeste da Província Borborema (Figura 2.1), a norte do Lineamento de Pernambuco, na Subprovíncia Setentrional, conforme divisão tectono-estratigráfica dessa Província proposta por Santos (1996). Neste contexto, destaca-se o Terreno Granjeiro, de provável idade neoarquena, no qual os trabalhos de mapeamento regional realizados pela CPRM no âmbito do PLGB Programa de Levantamentos Geológicos Básicos (Gomes et al., 2000) definiram a unidade Complexo Granjeiro, que reúne características de uma associação metavulcanossedimentar. 2.2 CONTEXTUALIZAÇÃO GEOTECTÔNICA Embora não exista um consenso a respeito da evolução crustal da Província Borborema, definida inicialmente por Almeida (1977), muitos autores atualmente a interpretam como uma entidade geotectônica originada pela convergência de placas no Neoproterozóico, durante a amalgamação do Gondwana Ocidental (convergência e colisão dos crátons São Luís-Oeste da África e São Francisco-Congo-Kasai), conforme bem documentado por diferentes autores (Fetter, 1999; Brito Neves et al., 1999; Brito Neves et al., 2000; Brito Neves et al., 2001; dentre outros). Dessa forma, a Província da Borborema faz parte do grande cinturão orogenético Pan-Africano-Brasiliano. 22 A província consiste numa colagem de faixas supracrustais (metassedimentares e metavulcanossedimentares) e blocos e microplacas gnáissico-migmatíticas-graníticas, arqueanas a mesoproterozóicas, que durante a tectônica brasiliana foram intensamente retrabalhadas, deformadas e intrudidas por granitóides, em decorrência dos eventos tectonotermais da orogênese (Santos & Brito Neves, 1984; Jardim de Sá, 1994). Essa tectônica neoproterozóica foi marcada pelo desenvolvimento de uma rede de megazonas de cisalhamento, reativada no fanerozóico (Reativação Wealdeniana da Plataforma Sul-Americana), tendo como consequência a geração de bacias mesozóicas costeiras e interioranas (Matos, 1992 a, b; Jardim de Sá, 1994). Dentro desse contexto da Borborema, destacam os importantes Lineamentos de Patos e de Pernambuco, que regem os trends estruturais em toda a província, com direções gerais ENE-WSW e E-W (Figura 2.1). Estas zonas compartimentam a província em três segmentos tectônicos, de acordo com Santos (1996), com base na integração de vários modelos de compartimentação previamente descritos (Jardim de Sá, 1994; Van Schmus et al., 1995a; Brito Neves et al., 2000; Santos et al., 2000): Subprovíncia Setentrional, a norte do Lineamento de Patos; Subprovíncia da Zona Transversal ou Central, entre os Lineamentos de Patos e de Pernambuco; e a Subprovíncia Externa ou Meridional, a sul do Lineamento de Pernambuco. Essas subprovíncias, por sua vez, encontram-se subdivididas em domínios, terrenos ou faixas, com base no conjunto de dados litoestratigráficos, feições estruturais, dados geocronológicos e assinaturas geofísicas. De acordo com as compartimentações tectônicas propostas por diferentes autores para a Província da Borborema, a área de estudo pode estar tanto na Subprovíncia Setentrional quanto na Província Central. Se considerarmos a proposta assumida por Gomes et al (2000), nos trabalhos de mapeamento realizados na área pela CPRM, a área dfe estudo estaria inserida na Província Setentrional. Essa província, por sua vez, está compartimentada, de oeste para leste, nos domínios Médio Coreaú indiviso, Cearense e Rio Grande do Norte (Figura 2.2), conforme discutido por Santos (1996) e Delgado et al (2003). O Terreno Granjeiro, onde se encontra área de trabalho, de acordo com os autores supracitados, encontra-se no Domínio Rio Grande do Norte. No entanto, os autores dos levantamentos geológicos realizados na área pela CPRM, no âmbito do PLGB (Programa de Levantamentos Geológicos Básicos), compilados na Folha Jaguaribe SW (na escala 1.500.000), inserem o Terreno Granjeiro no Domínio Cearense (Figura 2.3). Neste trabalho 23 será adotada a compartimentação tectônica e os dados geológicos mais recentes levantados na área pelo PLGB na Folha Jaguaribe SW (SB.24-Y). Figura 2.1 Localização do Distrito Ferrífero de Curral Novo na Província Borborema (quadrado vermelho). Zonas de cisalhamento: Sobral-Pedro II (SO), Senador Pompeu (SP), Orós-Aiuaba (OR), Porto Alegre (PO), São Vicente (SV), Piauí-João Câmara (JC), Malta (MA), Serra do Caboclo (SC), Congo-Cruzeiro do Nordeste (CC), Serra da Jabitaca (SJ), Jatobá-Itaíba (JI), Macururé-Riacho Seco (MR), Belo Monte-Jeremoabo (BJ), São Miguel do Aleixo (AS) e Itaporanga (IA); Lineamentos: Patos (PA) e Pernambuco (PE); Nappes da Faixa Riacho do Pontal. Fonte: Bizzi et al., 2003 24 Figura 2.2 Localização e compartimentação da Província Borborema em domínios e terrenos tectonoestratigráficos, segundo Santos (1996) 2.3 DOMÍNIO CEARENSE 2.3.1 Terreno Granjeiro No Terreno Granjeiro, de acordo com Gomes et al., (2000), observa-se o registro de deformações policíclicas, decorrentes de no mínimo dois grandes eventos tectônicos (um evento Paleoproterozóico e outro Neoproterozóico-Brasiliano). Estes eventos, ainda de acordo com os autores citados, são evidenciados pela tectônica tangencial e metamorfismo de alto grau (possivelmente decorrentes da orogenia paleoproterozóica), e pelas estruturas geradas em regime de cisalhamento transcorrente, acompanhadas de volumoso plutonismo granítico, decorrentes da orogenia Brasiliana (Neoproterozóica). No âmbito da Folha Jaguaribe SW, o terreno possui duas principais áreas aflorantes (Figura 2.3), estando à continuidade entre as duas, recoberta por sedimentos mesozóicos da bacia do Araripe (Gomes et al., 2000). Do ponto de vista litoestratigráfico, este compartimento tectono-estratigráfico é formado por unidades metavulcanossedimentares, fortemente afetadas pela orogênese Brasiliana, principalmente Neoproterozóico) (Figura 2.4). pela volumosa granitogênese (marco deste evento 25 2.3.1.1 Complexo Granjeiro No Domínio Cearense, o Terreno Granjeiro ocorre ao longo de uma faixa contínua e relativamente estreita, de direção predominantemente E-W, que se inflete para SW-NE (Figura 2.3). Gomes et al. (2000) caracterizaram neste terreno a unidade Complexo Granjeiro (Figura 2.4), constituída de rochas metavulcanossedimentares (metamáficas anfibolitizadas, tufos máficos e félsicos, rochas metaultramáficas, paragnaisses, rochas calcissilicáticas, metacalcários, quartzitos, formações ferríferas bandadas e metacherts). LPE Figura 2.3. Proposta de subdivisão tectono-estratigráfica da porção sudoeste da província da Borborema, de acordo com Gomes et al., (2000), Folha Jaguaribe-SW (1:500.000), PLGB-CPRM. LPE (Lineamento Pernambuco). Retângulo vermelho: área de estudo As supracrustais estão localmente intrudidas e assimiladas por ortognaisses tonalíticos a granodioríticos, raramente trondhjemíticos (suíte TTG), que foram datados U-Pb SHRIMP por Silva et al. (1997), gerando uma idade 2,54 Ga. Além desses, também intrudem as supracrustais, granitóides paleoproterozóicos, sintectônicos, de composição granítica a 26 granodiorítica, sin a tardi-colisionais. De acordo com Gomes et al, (2000) ocorrem ainda granitóides paleoproterozóicos, em formato batolítico e também em sheets, com xenólitos de TTG e das supracrustais. Tais rochas foram datadas por Vasconcelos et al. (1997), pelo método Pb/Pb por evaporação em zircão, tendo sido obtida a idade de 2.080 ± 16Ma. Dias & Silva (2009) descrevem a associação metavulcanossedimentar do Complexo Granjeiro como remanescente de ambiente de arco e/ou de retro-arco, fortemente afetada pelos eventos tectonotermais do Neoproterozóico. Gomes et al. (2000) descreve ainda próximo da área, o Grupo Cachoeirinha, uma sequência metavulcano-sedimentar de provável idade mesoproterozóica, metamorfizada na fácies xisto-verde. Esta unidade com o histórico de três fases de deformação é constituída de xistos variados, alguns de origem vulcânica, incluindo lentes de quartzitos, quartzitos ferríferos, metacherts e metamáficas. A unidade, Complexo Granjeiro, é cortada por granitóides neoproterozóicos cedo a sin- e tardi a pós-tectônicos (Gomes et al., 2000). 2.3.1.2 Granitóides Gomes et al. (2000) descrevem a granitogênese da área individualizando: (a) corpos cedo a sin-tectônicos formando batólitos ortognáissicos alongados, de composição granítica, granodiorítica, monzonítica, tonalítica e sienítica, além de granodioritos porfiríticos a hornblenda, com idades em torno de 650 Ma; (b) corpos tardi a pós-tectônicos formando batólitos e stocks circulares a alongados, de composição biotita-granito, granodiorita e quartzo sienito, com idades em torno de 570 a 620 Ma.; (c) corpos pós tectônicos formando stocks isotrópicos, de composição biotita granito, biotita granodiorito, hornblenda monzodiorito, monzonito, granito e sienitos vermelhos, com idades entre 520 e 550 Ma. 27 350 9100 9150 300 Figura 2.4. Recorte da Folha Jaguaribe-SW (1:500.000) mapeada pela CPRM (Gomes et al., 2000) destacando o Terreno Granjeiro, na Província Borborema. Cenozóico: Coberturas Colúvio-Eluvionares (TQc); Cretáceo: Grupo Araripe, Fm. Exu (Ke) e Fm. Santana (Ks); Siluriano: Grupo Serra Grande, Fm. Jaicós; Neoproterozóico: Granitóides (Ny3c, Ny2a, Ny2b, Ny1b); Paleoproterozóico: Complexo Metaplutônico (Pgr) e Complexo São Nicolau (Psn); Arqueano: Metaplutônicas (Ay) e Complexo Granjeiro (Ag). Os polígonos em amarelo são os alvos ricos em ferro do Distrito Ferrífero de Curral Novo. A área destacada em vermelho é o alvo MassapêManga Velha 28 CAPÍTULO 3 - GEOLOGIA LOCAL Inicialmente, é importante salientar que não foi realizado um trabalho de mapeamento, visto que o objetivo do presente trabalho foi de definir a natureza dos protólitos das hospedeiras imediatas das mineralizações de ferro do Alvo Massapê-Manga Velha e dos processos de transformação (metamorfismo e/ou alteração hidrotermal) aos quais essas rochas foram submetidas. Deste modo, a composição deste capítulo foi feita com base em dados extraídos de trabalhos anteriores realizados na área (Dias & Silva, 2009; Gomes et al., 2000), dados extraídos dos relatórios do Projeto Planalto Piauí (PLT), desenvolvido nos alvos mineralizados da GME4 (Global Mining Exploration), cartogramas temáticos resultantes dos levantamentos geofísicos feitos na área, além das observações de campo e das descrições de rochas encaixantes e do minério, feitas em cerca de 12 furos de sondagem (com profundidades da ordem de 300 a 400 mts cada), realizadas no âmbito deste TFG. 3.1 INTRODUÇÃO O Projeto Planalto Piauí consiste em vários blocos de direitos minerários, distribuídos entre os estados do Piauí e Pernambuco, de propriedade da PI4 Participações e Empreendimentos S.A., uma empresa do GME4 (Global Mining Exploration). A empresa vem desenvolvendo na área trabalhos de exploração, prospecção e pesquisa, visando à descoberta de novos depósitos de ferro e a delimitação dos recursos nos depósitos já 29 conhecidos. O minério está condicionado aos ramos sintéticos da Zona de Cisalhamento Itainzinho-Baixio-ZCIB (que por sua vez está relacionada ao sistema de falhas do Lineamento Pernambuco). Nesse contexto, a empresa delimitou seis alvos (Tabela 3.1) com expressivas anomalias magnéticas, sendo que quatro deles (Alto Alegre, Massapé-Manga Velha, Manga Velha-NE e Serra Vermelha) integram o Sistema Ferrífero Massapê-Manga Velha (SFMV), orientados SW/NE (Figuras 3.1 e 3.2). Tabela 3.1 Características dos Alvos de pesquisa do Sistema Ferrífero Massapê-Manga Velha do Projeto Planalto Piauí. Fonte: Corpo Técnico da GME4/PI4 3.2 GEOLOGIA DO ALVO MASSAPÊ-MANGA VELHA Devido à presença de um espesso manto de intemperismo, os afloramentos, da unidade Complexo Granjeiro, no contexto do Alvo Massapê-Manga Velha, são muito raros e restritos aos leitos de algumas drenagens. As formações ferríferas, ao contrário, possuem boas exposições no topo de morrotes alinhados. Diante desse quadro, a maior parte das descrições de rochas e minérios da área foi feita com base nos furos de sondagem realizados pela 30 GME4/PI4. Nesse estudo, tais descrições permitiram reconhecer a presença de rochas metamáficas (metagabros e metabasaltos) da unidade Complexo Granjeiro, com diferentes graus de deformação, metamorfisadas na fácies anfibolito. Estas rochas estão intrudidas por granitóides deformados e não deformados, ricos em potássio e, parcial a totalmente transformadas em hidrotermalitos, pela ação de fluidos hidrotermais. As mineralizações de ferro presentes na área são Formações Ferríferas Bandadas (BIF) intercaladas nessas rochas e são também corpos tectono-controlados, que formam lentes, veios, vênulas, brechas e bolsões ricos em magnetita, hospedados nas metamáficas mais intensamente deformadas e hidrotermalizadas. No Capítulo 4 e 5 encontra-se uma descrição detalhada, dos aspectos macroscópicos e petrográficos, das encaixantes e do minério de ferro. Levantamentos geofísicos magnetométricos e gamaespectrométricos, aéreos e terrestres realizados, respectivamente, pelo DNPM e pela CPRM, nas décadas de 70 e 80, e pela GME4/PI4 em 2008, permitiram identificar na região, anomalias magnéticas compatíveis com a presença de mineralizações de ferro (Figura 3.3) e anomalias gamaespectrométricas que mostram a associação da zona mineralizada com granitóides ricos em K, Th e U (Figura 3.4). Dentre essas, destaca-se o Alvo Massapê-Manga Velha. 31 Figura 3.1 Mapa de localização do Sistema Ferrífero Massapê-Manga Velha, com destaque para o Alvo Massapê-Manga Velha, a nordeste de Paulistana. Fonte: Material Técnico da GME4/PI4, modificado Figura 3.2 Mapa mostrando a localização dos Alvos de pesquisa do Projeto Planalto Piauí. Fonte: Material Técnico da GME4/PI4, modificado 32 Figura 3.3 Cartograma ASA (Amplitude do Sinal Analítico) resultante do levantamento geofísico terrestre realizado pela GME4, mostrando os trends mineralizados em ferro. Fonte: Material Técnico da GME4/PI4, modificado Figura 3.4 Cartograma ternário K-Th-U, resultante do levantamento geofísico terrestre realizado pela GME4, mostrando os corpos sienograníticos intrudidos na área de estudo. Fonte: Material Técnico da GME4/PI4, modificado A mineralização de ferro do Alvo Massapê-Manga Velha é tectono-controlada (Figura 3.6) e está condicionada ao longo de 8 km de extensão, no trend Serra Vermelha-Alto Alegre, um ramo sintético da ZCIB (PLT-2009). 33 Os corpos de minério são alinhados em decorrência do rígido controle estrutural e destacam-se na paisagem arrasada da região pela morfologia, uma vez que formam conjuntos de morrotes (Figura 3.5). A B Figura 3.5 Fotografias: (A) Morro Massapê (Alvo Massapê-Manga Velha); (B) vista geral, mostrando o aspecto morfológico da área. Fonte: Corpo Técnico da GME4/PI4 Figura 3.6 Cartograma do Sinal Analítico resultante do levantamento geofísico magnetrométrico terrestre realizado na área pela GME4. Observar o posicionamento do Massapê-Manga Velha com os traços de localização dos furos de sondagem realizados. Fonte: modificado do Material Técnico da GME4/PI4 34 CAPÍTULO 4 - CARACTERIZAÇÃO PETROGRÁFICA DAS ROCHAS ENCAIXANTES IMEDIATAS DO MINÉRIO DE FERRO 4.1 INTRODUÇÃO Nesta seção, serão apresentados os estudos petrográficos realizados nas rochas encaixantes imediatas das mineralizações de ferro do Distrito Ferrífero de Curral Novo. Tais encaixantes são rochas metamáficas que apresentam características texturais e composicionais variadas, com diferentes graus de alteração hidrotermal. A caracterização petrográfica dos litotipos estudados foi complementada pelas observações de campo e descrições macroscópicas e mesoscópicas, principalmente de furos de sondagem. Foram coletadas 215 amostras do Alvo Massapê-Manga Velha. Destas, 16 foram amostras de mão, coletadas durante os trabalhos de campo e 199 coletadas a partir de 12 furos de sondagens selecionados (Furos 008, 009, 022, 024, 028, 031, 050, 057, 060, 061, 064, 065), os quais foram cedidos pela empresa PI4 Participações e Empreendimentos S.A. do grupo GME4. Dentre as amostras coletadas, foram escolhidas 67 amostras para estudos petrográficos em seções delgadas. As seções delgadas selecionadas para o objetivo proposto foram agrupadas de acordo com o grau de deformação e com o tipo de alteração das rochas vistas em lâmina durante o estudo petrográfico. Esta separação permitiu o reconhecimento do 35 protólito das encaixantes do minério de ferro e identificação dos processos de alteração que modificaram estas rochas. 4.2 ROCHAS METAMÁFICAS ENCAIXANTES 4.2.1 Rochas Metamáficas Menos Modificadas Tendo em vista que a deformação na área é heterogênea, algumas áreas ficaram mais preservadas, formando pods nos quais ainda é possível reconhecer feições mais próximas daquelas exibidas pelos protólitos. Nesses pods, além do menor grau de deformação, as rochas mostram também que sofreram muito menos interação com os fluidos hidrotermais, tendo como consequência a isso uma preservação da mineralogia pré-alteração hidrotermal. Dois conjuntos de rochas são observados nesses pods (Figura 4.2): (A) rochas com coloração em tons de cinza e verde escuro e granulação média a grossa, por vezes com fantasmas de texturas reliquiares, sugestivas de um protólito gabróico; (B) rochas com coloração verde escura, granulação muito fina, com aspecto sugestivo de protólito basáltico. Rochas do conjunto A são compostas principalmente por anfibólio cálcico e plagioclásio, além de quartzo, biotita, epídoto, clorita, leucoxênio e titanita que ocorrem de forma subordinada. Trata-se de rochas orientadas, com textura granonematoblástica (Figura 4.1-A), e também, por vezes sem orientação, com fenocristais de anfibólio, numa matriz de textura granular composta por plagioclásio com aspecto límpido a levemente saussuritizado. O anfibólio é do tipo hornblenda, representado por grãos subédricos e porfiroclastos de coloração verde, por vezes, cortados por vênulas finas de quartzo e parcialmente substituídos por biotita. Os cristais de plagioclásio formam um arranjo granular com grãos subédricos que ora estão saussuritizados (Figura 4.1-A), ora límpidos, e com contatos sinuosos e regulares. Alguns grãos apresentam geminação do tipo albita. O epídoto, resultado da alteração do plagioclásio, ocorre distribuído espaçadamente por toda a rocha, às vezes quase sem expressão, em cristais anédricos. O quartzo é claramente injetado na rocha e ocorre formando uma textura granular com grãos que apresentam extinção ondulatória. Seus contatos são poligonais e regulares com os cristais de anfibólio e plagioclásio. Encontra-se presente também em finas venulações descontínuas que cortam a rocha. 36 A biotita ocorre em percentuais muito baixos, em forma de finas palhetas nas bordas dos anfibólios. Por vezes, observam-se as palhetas sendo substituídas por cloritas (Figura 4.1B). Figura 4.1. Fotomicrografias das encaixantes menos alteradas. (A) o anfibólio e a biotita orientados e o plagioclásio saussuritizado (AF 001C-LP, 10x); e (B) clorita relacionada à biotita, sugerindo processo de cloritização (AF 027-NX, 10x) Os minerais opacos (magnetita e titano-magnetita) ocorrem disseminados, associados à hornblenda, sob a forma de grãos subédricos a anédricos. São observados nas lâminas, cristais de titanita, em grãos anédricos, muito deles transformados em leucoxênio, formando aglomerados de cristais que bordejam o anfibólio. O leucoxênio mostra-se, às vezes, alongado e orientado nos planos de foliação da rocha. As rochas do conjunto B apresentam feições petrográficas muito similares, com a diferença de que a granulometria é mais fina. 4.2.2 Rochas Metamáficas Moderadamente Modificadas Estas rochas apresentam-se intensamente foliadas, de coloração cinza esverdeada com granulação média a fina, com presença de injeções contínuas e descontínuas de quartzo e carbonato. Observa-se uma alteração potássica expressiva com o desenvolvimento de biotita, formando bandas finas e largas, crescendo nos planos de foliação (Figura 4.3), além de processos de silicificação (injeções de quartzo), carbonatização (injeções e manchas de carbonato de cálcio), epidotização e desenvolvimento expressivo de magnetita, tanto injetada nos planos de foliação da rocha, como formando cristais na trama silicática. Além da magnetita observa-se também presença de sulfetos (pirita, pirrotita e calcopirita). 37 A B C D Figura 4.2 Aspectos macro e mesoscópicos das rochas encaixantes do minério de ferro do Alvo Massapê-Manga Velha. (A) e (C) gabro; (B) metabasalto; e (D) feições texturais do metabasalto e gabro Figura 4.3 Características da rocha metamáfica moderamente modificada vistas em furo de sondagem. Notar a intensa biotitização destas rochas Ao microscópio, observa-se o predomínio de texturas granonematoblástica e granolepidoblástica. 38 O anfibólio é do tipo hornblenda e ocorre distribuído em toda a rocha, com orientação, muitas vezes em grãos subédricos cominuídos ou em restos de grãos, parcialmente substituídos por biotita. A biotita distribui-se por toda lâmina, sob a forma de grandes palhetas orientadas associadas às bordas de venulações de quartzo e carbonato. O plagioclásio ocorre em grãos subédricos a anédricos, formando arranjos granulares. Muitas vezes, os grãos apresentam aspecto turvo, sem maclas de geminação e com manchas de saussuritização. Observam-se também grãos límpidos, com aparência típica de plagioclásio albítico. O epídoto, resultante da alteração do plagioclásio, ocorre em grãos anédricos e inequigranulares, formando aglomerações que estão dispersas na rocha. Os minerais opacos ocorrem em grãos subédricos a anédricos que variam entre 0,05mm e 0,15mm. Ocorre também, sob a forma de injeções que cortam a rocha. Nas venulações, o quartzo e carbonato ocorrem em cristais grandes inequigranulares, com contatos poligonais e sinuosos. 4.2.3 Rochas Metamáficas com Maior Grau de Modificação As rochas anteriormente descritas evoluem, em decorrência provavelmente de uma maior interação com os fluidos, para rochas com uma mineralogia de origem hidrotermal mais expressiva e predominante. Observa-se nestas rochas o desenvolvimento de grande quantidade de cristais finos e grosseiros de turmalina preta (schorlita), porfiroblastos de granada, de palhetas orientadas de biotita, injeções de quartzo, injeções de quartzo com granada, injeções de K-feldspato, injeções e grandes manchas de carbonato. Além dos anfibólios verde-escuros descritos nas demais rochas, nestas observa-se, também, o desenvolvimento de anfibólios com uma coloração ainda mais escura. Paralelamente, estas rochas estão intensamente injetadas por magnetita e por vezes observa-se o desenvolvimento de porfiroblastos euédricos de magnetita. A magnetita ocorre maciça em veios de quartzo. Na condição de uma fase tardia, que corta silicatos e óxidos de ferro, ocorrem injeções de sulfetos (pirita, pirrotita e calcopirita). Os sulfetos ocorrem também formando aglomerados de cristais, em formato stockwork e cimentando brecha. Em lâmina, essas rochas mostram texturas granolepidoblástica, granonematoblástica e porfiroblásticas. 39 Os grãos de granada ocorrem como porfiroblastos, em geral poiquiloblásticos, com inclusões de quartzo, de magnetita, plagioclásio e anfibólio (Figura 4.5-D), ou acompanhando a foliação da rocha ou estão rotacionados em arranjo helicítico (Figura 4.5-C). A biotita ocorre em palhetas fortemente orientadas amplamente distribuídas por toda a rocha. Há uma maior concentração de biotita ao redor da granada, nos contatos com as injeções de pegmatitos graníticos e nas bordas de injeções de quartzo e carbonato. As biotitas são ricas em inclusões de minerais radioativos, que promovem o desenvolvimento de halos pleocróicos, tendo sido reconhecidos petrograficamente finas inclusões de allanita e de zirconita (Figura 4.4 e 4.5-F). É possível observar que parte das biotitas está de forma incipiente substituídas nas bordas por clorita. O anfibólio apresenta variações significativas de coloração. São observados anfibólios verdes a verdes amarronzados e anfibólios verdes azulados. Por vezes, os anfibólios verdes azulados crescem no entorno das granadas e injeções. O plagioclásio é do tipo albita e apresenta-se em grãos anédricos a subédricos, arranjados em um mosaico inequigranular, com contatos sinuosos e irregulares. Os grãos são em geral límpidos e não apresentam maclas de geminação. Grãos de epídoto ocorrem em proporções pequenas. Figura 4.4. Fotomicrografias dos aspectos microscópicos da biotita. (A) Contato da rocha granítica com a metamáficas, notar o tamanho dos cristais de biotita que são maiores nas zonas de contato (AF 072-LP, 2,5x); e (B) Presença de minerais radioativos formando halos pleocróicos em cristais também de anfibólio (AF 165-LP, 20x) As turmalinas (schorlita) ocorrem em cristais grandes, com formas colunares (Figuras 4.5-A e B), de coloração azul escuro, mostrando-se em seções basais e longitudinais (Figura 4.6-D). Os grãos são zonados e subédricos (Figura 4.6-E). Alguns grãos estão cortados por vênulas constituídas por quartzo e carbonato. 40 O leucoxênio ocorre sob a forma de grãos anédricos, equigranulares, na maioria das vezes em cristais individualizados, dispersos em toda a rocha. Em menor proporção, ocorre a titanita apresentando formas anédricas e quase equigranulares (Figura 4.5-E). O carbonato e o quartzo ocorrem contidos em vênulas irregulares que cortam a rocha, em grãos que formam um arranjo granular e que apresentam contatos sinuosos e regulares. Tendo em vista o elevado grau de transformação hidrotermal que essas rochas apresentam, as mesmas estão sendo chamadas nesse trabalho de hidrotermalitos. 4.3 GRANITÓIDES Durante as descrições de furos de sondagem foram verificados zonas com apófises de granitóides em contato com as rochas metamáficas, incluindo os hidrotermalitos (Figura 4.8). Trata-se de rochas milonitizadas, em geral porfiroclásticas, de coloração avermelhada devido ao elevado percentual de fenocristais de K-feldspato (Figura 4.7 e 4.8). São rochas de composição sienítica a quartzo-sienítica, com presença de magnetita (Figura 4.8). Os principais componentes mineralógicos compreendem albita, K-feldspato, quartzo, anfibólio verde azulado e biotita, tendo em menores proporções titanita e minerais opacos (macroscopicamente magnetita). O plagioclásio é representado pela albita em grãos anédricos, por vezes límpidos que comumente mostram textura “tabuleiro de xadrez” caracterizando processos metassomáticos de substituição de microclima (Figura 4.7). Os cristais de K-feldspato são representados por pórfiros de microclina com geminações bem definidas e pertita que exibe lamelas de exsolução de plagioclásio. Em lâmina, o quartzo é representado por grãos subédricos a anédricos distribuídos localmente por toda a rocha formando agregados monominerálicos marcados pela textura granoblástica. Os cristais de anfibólio apresentam uma coloração que varia de verde a verde azulada e ocorrem por toda a rocha, orientados, acompanhando a foliação da rocha. O mesmo ocorre para as palhetas de biotita. A titanita manifesta-se em pequenas proporções, em cristais individualizados e inequigranulares, dispersos pela lâmina. Os minerais opacos ocorrem em grãos subédricos a anédricos acompanhando a foliação da rocha e estão associados preferencialmente ao anfibólio verde azulado. 41 Figura 4.5. Aspectos mesoscópico e microscópico das rochas encaixantes mais alteradas. (A) Injeção de fluido na metamáfica carregado em grandes cristais de granada; e (B) Injeção de fluido com bastante biotita. Fotomicrografias: (C) Granada (Grd) poiquiloblástica com inclusões de minerais opacos (Op), anfibólio verde azulado (Anf) e biotita (AF 176-LP, 2,5x); (D) Granada porfiroblástica com textura helicítica imersa numa matriz com textura granonematoblástica e granolepidoblástica (AF 078-LP, 2,5x); (E) Bitotia (Bt) e anfibólio orientado e cristais de apatita (Ap), titanita (Ttn) e granada (Grd) (AF 165-LP, 10x); e (F) Halos pleocróicos nos cristais de biotita (AF 060B-LP, 10x) 42 Figura 4.6. Aspecto mesoscópico e microscópico de um dos minerais hidrotermais. (A) Aspecto textural do fluido carregado em cristais de turmalina; e (B) Aspecto textural do fluido, com cristais maiores de turmalina; Fotomicrografias: (C) Turmalina em conjunto com processos de epidotização e carbonatação (AF 025-NX, 10x); (D) Formas basais e longitudinais das turmalinas, de coloração azul escuro (AF 025-LP, 10x); (E) Turmalina mostrando seu hábito e zoneamento característico (AF 202-LP, 2,5x); e (F) Turmalina em seção longitudinal (AF 202-LP, 2,5x) 43 Figura 4.7. Fotomicrografias do aspecto microscópico da milonitização no granitóide, mostrando textura porfiroclástica (AF 090 e AF 091-NX, 2,5x). Notar os fenocristais de K-feldspato (Mc = microclina) Figura 4.8 Fotografias da apófise granítica de coloração avermelhada, fortemente milonitizada na rocha metamáfica. Furo de sondagem DD 031 do Projeto Planalto Piauí da GME4/PI4 44 4.4 DISCUSSÕES PARCIAIS O estudo petrográfico realizado para a caracterização das rochas encaixantes imediatas do minério de ferro do Alvo Massapê-Manga Velha mostraram que estas rochas (observando a assembléia mineralógica e a textura de rochas mais preservadas) revelam características próximas de protólitos plutônico (gabro) e vulcânico (basalto), ou seja, rochas que eram originalmente anidras formadas por piroxênio e plagioclásio cálcico. Os dados petrográficos sugerem que estes protólitos foram submetidos a pelo menos um evento metamórfico, que anfibolitizou estas rochas gerando o anfibólio cálcico (hornblenda) e um evento pós-metamorfismo, pirometassomático, com aporte de fluidos hidrotermais que deram origem a biotita, carbonato, albita, granada, turmalina e magnetita. A presença de granadas poiquiloblásticas com textura snowball revela que esse evento hidrotermal foi concomitante a aporte de calor e pressão. Considerando que as encaixantes da mineralização estão intrudidas por rochas graníticas ricas em potássio, é provável que o agente que promoveu o aporte de fluidos, calor e pressão tenha sido esses corpos graníticos sienograníticos intrusivos. As alterações hidrotermais deram origem a rochas muito transformadas (hidrotermalitos) nas quais são reconhecidos processos de metassomatismo potássico com desenvolvimento de biotita e K-feldspato injetado, metassomatismo sódico com desenvolvimento de albita, metassomatismo cálcico com o desenvolvimento de carbonato de cálcio e granada, Fe-metassomatismo com geração de magnetita e de ferro-anfibólio (da série cummingtonita-grunerita), aporte de boro revelado pelo crescimento de turmalina, aporte de elementos terras-raras leves (desenvolvimento de allanita, um mineral rico em Ce), aporte de fósforo (desenvolvimento de apatita) e aporte de Zr (desenvolvimento de zirconita hidrotermal). Atribui-se também a esse evento o desenvolvimento de sulfetos de Fe e Cu (pirita, pirrotita e calcopirita) e a concentração anômala de ouro nos hidrotermalitos. 45 CAPÍTULO 5 - CARACTERIZAÇÃO MACROSCÓPICA E MICROSCÓPICA DO MINÉRIO DE FERRO 5.1 INTRODUÇÃO Nesta seção, serão apresentados os resultados dos estudos de campo, observações mesoscópicas e petrográficas realizados no minério de ferro do Alvo Massapê-Manga Velha, com o objetivo de definir sua tipologia e levantar hipóteses relativas à sua gênese. Para compor este capítulo, foram integrados, além das observações feitas em campo, descrições de 12 furos de sondagem e de estudos petrográficos realizados em 25 amostras selecionadas para a confecção seções delgadas-polidas. 5.2 FORMAÇÕES FERRÍFERAS 5.2.1 Aspectos Conceituais Relativos a Formações Ferríferas Formações Ferríferas Bandadas (BIF) são rochas constituídas por finas camadas alternadas de sílica e óxido de ferro e que constituem a maior fonte de minério de ferro do planeta. O registro mais antigo destas rochas encontra-se no greenstone belt de Isua, Groenlândia, datado de 3.8Ga (Moorbath et al., 1973). De uma maneira geral, BIFs estão presentes em terrenos arqueanos e paleoproterozóicos, embora 90% de todas as formações ferríferas do planeta tenham sido depositadas no intervalo entre 2.5 e 1.8Ga., ou seja, no 46 Paleoproterozóico (James, 1982 e 1966; Klein, 2005). Da interface entre o Paleo e o Mesoproterozóico (1.6Ga) até o final do Neoproterozóico, são raros os registros de formações ferríferas. O reaparecimento destas rochas ocorreu no final do Neoproterozóico (0,8 a 0,6 Ga), geralmente associadas a sucessões sedimentares com influência glacial (Trendall & Blockley, 2004). A figura 5.1 ilustra a distribuição das formações ferríferas no tempo geológico. Figura 5.1 Diagrama esquemático mostrando a abundância relativa de BIFs precambrianos ao longo do tempo, tomando como base alguns dos maiores depósitos de formações ferríferas mundiais. Observar a concentração da maior parte das formações ferríferas no intervalo entre 3.5 e 1.8 Ga. Fonte: Klein, 2005 A inexistência de ambientes modernos de formações de BIFs dificulta a formulação de modelos genéticos, de tal forma que não há consenso sobre os mecanismos de precipitação, gênese do bandamento, influência de processos biológicos assim como a proveniência do ferro (Piacentini et al., 2007). Observa-se, no entanto, diferenças significativas da forma e modo de ocorrência das formações ferríferas ao longo do tempo geológico: (i) em terrenos precambrianos predominam Formações Ferríferas Bandadas ou Banded Iron Formation (BIF) com alternância de finas camadas de sílica microcristalina e de óxidos de ferro, sendo palco de diversas discussões relacionadas à sua gênese e formação; (ii) Ironstones correspondem às formações ferríferas, acamadadas ou não, de idade Fanerozóica (principalmente, do Ordoviciano-Siluriano e Jurássico), com estruturas oolíticas típicas de ambiente marinho raso, resultantes da subida do nível do mar; e (iii) Bog Iron corresponde a formações ferríferas porosas, esponjosas, ricas em hidróxidos de ferro, formadas em situações de águas rasas paradas (pântanos e lagos rasos), em ambientes recentes, de idade Cenozóica. Aos diferentes tipos de formações ferríferas acima descritas, somam-se as concentrações de óxidos de ferro de natureza hidrotermal, em geral tectono-controladas e 47 associadas a sulfetos de Cu e Au do tipo IOCG (Iron Oxide Copper Gold). Tais formações ferríferas, de caráter claramente epigenético, tem sido denominadas na literatura de Hydrothermal Ironstones (ironstones hidrotermais), em associações do tipo Fe-Cu-Au (Hitzman et al., 1992; Hitzman 2000; Barton & Johnson, D.A., 2000; Porter 2000, 2002; Sillitoe & Burrows 2002, dentre outros). No que diz respeito às Formações Ferríferas Bandadas (BIF), estas são classificadas da seguinte forma (Klein, 2005): (i) tipo Superior ou Lago Superior, formando depósitos de grandes dimensões, de idade Paleoproterozóica, em bacias intracratônicas ou em ambiente de plataforma continental (margens continentais passivas), com envolvimento de processos de transgressão e regressão marinha. Associam-se a rochas sedimentares e não apresentam vinculação direta com atividade vulcânica; (ii) tipo Algoma, em geral de idade arqueana, decorrente de atividade vulcano-exalativa em ambiente marinho profundo. Associam-se a grauvacas turbidíticas, folhelhos carbonosos e rochas vulcânicas; (iii) tipo Rapitan, de idade Neoproterozóica, relacionadas a fenômenos de deglaciação e, portanto, associadas sedimentos glaciogênicos tais como tilitos e dropstones. Os depósitos do tipo Fe-Cu-Au (IOCG, Iron Oxide Copper Gold) são em geral depósitos do tipo classe mundial, reconhecidos recentemente, e estão localizados em ambientes cratônicos ou margens continentais sob regimes extensionais (riftes intracratônicos, riftes intra-arcos e bacias de back-arc). Registros destes depósitos são encontrados do Arqueano ao Fanerozóico, com uma maior concentração na interface do Paleo ao Mesoproterozóico. Eles ocorrem em Olympic Dam (Austrália), Kiruna (Suécia), Bayan Obo (China), Depósitos Cu-Au da Província Mineral de Carajás (Brasil), Cloncurry (Austrália), Great Bear (Canadá), dentre outros. São depósitos tectono-controlados, associados geneticamente a magmatismo granítico do tipo A ou I e a magmas que dão origem a suítes alcalino-carbonatíticas. Depósitos do tipo IOCG são formados em níveis crustais intermediários a rasos e se caracterizam por serem polimetálicos, constituídos de óxidos de ferro (magnetita e/ou hematita), aos quais podem estar associados sulfetos de cobre, ouro, além de minerais ricos em urânio e ETR. As concentrações de ferro formam veios, lentes, massas irregulares, disseminações e brechas, associados a rochas encaixantes em geral de natureza máfica e/ou granítica, intensamente alteradas hidrotermalmente (alteração sódica, cálcica, potássica e férrica). 48 5.2.2 Caracterização Macroscópica das Formações Ferríferas do Alvo Massapê-Manga Velha Os dados de campo, somados às descrições dos furos de sondagem e aos estudos petrográficos permitiram reconhecer dois tipos de minério de ferro na área estudada: (i) um minério que ocorre em camadas decimétricas a hectamétricas, intercaladas em rochas anfibolíticas, com características texturais e mineralógicas similares às clássicas Formações Ferríferas Bandadas (BIF), que vamos aqui denominar de Tipo I; e (ii) outro, que ocorre de forma venular, disseminada, brechada, formando bolsões maciços e, também, com aspecto laminado, preenchendo os planos de foliação das rochas anfibolíticas encaixantes, aqui denominado de Tipo II. De uma maneira geral, as encaixantes imediatas do minério de ferro, do Alvo Massapê-Manga Velha, sejam do tipo I ou II, são rochas metamáficas anfibolíticas que se apresentam fortemente orientadas e com diferentes intensidades de alteração, conforme discutido no Capítulo 4. Mineralizações de ferro podem também serem vistas ocorrendo nos planos de foliação dos granitóides, mas em uma proporção menor. Nos termos bandados (Formações Ferríferas Bandadas ou Minério Tipo I), o principal mineral de minério é a magnetita, que ocorre formando bandas (milimétricas a centimétricas) de granulação fina a média, alternadas com bandas de quartzo de espessura e granulação similares (Figura 5.2). Apresentam coloração em tons de cinza e, em superfície, mostram-se avermelhadas devido à alteração intempérica (formação de hidróxidos de ferro). O minério de ferro do Tipo II, que é o mais abundante na área, é tectono-controlado. O controle principal desse minério é a Zona de Cisalhamento Dextral Itaizinho-Baixio e seus ramos sintéticos, ao longo da qual o minério ocorre por cerca de 30 km (Figura 5.3). Suas encaixantes imediatas são rochas anfibolíticas com diferentes graus e tipos de alteração hidrotermal, as quais estão nesse trabalho sendo denominadas de Hidrotermalitos (vide Capítulo 4). A quantidade de magnetita nas rochas anfibolíticas depende diretamente do grau de alteração das mesmas. Observa-se que nas rochas mais preservadas (metagabros e metabasaltos), a magnetita ocorre em percentuais muito baixos, disseminada ou em finos grãos dispersos nos planos de foliação da rocha. Em contrapartida, nas rochas mais alteradas, principalmente naquelas mais intensamente biotitizadas, a presença da magnetita é expressiva, alcançando às vezes em percentuais modais da ordem de 50%. 49 D Figura 5.2 Aspectos de campo e de furo de sondagem do minério de ferro Tipo I (Formação Ferrífera Bandada): (A) Foto do afloramento na encosta do Morro Massapê. (B) Foto do afloramento no topo do Morro Massapê; (C) Foto de detalhe da Formação Ferrífera Bandada vista no topo do Morro Massapé; e (D) Testemunho de sondagem da Formação Ferrífera Bandada Alvo MassapéManga Velha Figura 5.3 Cartograma ASA (Amplitude do Sinal Analítico), mostrando a mineralização de ferro controlada pela zona de cisalhamento principal Itaizinho-Baixio e por seus ramos sintéticos: o trend Itaizinho-Abelão e o trend Serra Vermelha-Alto Alegre, no qual se encontra o Alvo Massapê-Manga Velha, área desse estudo. Fonte Corpo Técnico da GME4/PI4 Como dito anteriormente, esse tipo de minério ocorre em formato venular, bolsões, associado a veios de quartzo, injetado nos planos de foliação da rocha, dando uma falsa 50 aparência de minério bandado e por vezes formando porfiroblastos euhédricos, milimétricos a centimétricos, nos hidrotermalitos (Figura 5.4). A B C E D F Figura 5.4 Aspectos macroscópicos do minério de ferro tipo II Alvo Massapê-Manga Velha. (A) Foto comparativa, mostrando os dois tipos de minério de ferro; (B) Testemunho de sondagem mostrando brecha mineralizada à magnetita; (C) Foto do furo de sondagem mostrando com mais detalhe, a relação encaixante e minério; (D) Detalhe das injeções de magnetita nos planos de foliação do hidrotermalito; (E) Porfiroblastos de magnetita no hidrotermalito; e (F) Veios de quartzo com magnetita maciça (e por vezes com sulfetos), que cortam o hidrotermalito 51 Dentre as transformações hidrotermais sofridas pelas metamáficas encaixantes do minério (biotitização, k-feldspatização, carbonatização, turmalinização, epidotização, albitização, silicificação...) a que mais se associa ao minério é a biotitização (alteração potássica). É comum observar nesse minério Tipo II, zonas estreitas de biotita, intercaladas no interior de intervalos de magnetita maciça, ou faixas mais expressivas intercaladas no interior de intervalos mineralizados e ainda contatos reentrantes com zonas ricas em magnetita (Figura 5.5). Todas essas feições, com destaque para a natureza tectono-controlada, a associação com os hidrotermalitos, o formato venular e injetado nos planos de foliação, o aspecto brechóide, o crescimento porfiroblástico, nos conduzem a propor que o minério do Tipo II seja de natureza hidrotermal. A B C Figura 5.5 Relações de contato do minério Tipo II com o processo de biotitização: (A) faixas estreitas de biotita em pacotes de magnetita maciça; (B) bandas expressivas de magnetita e carbonato em contato com bandas de magnetitito e (C) zonas ricas em biotita em contato reentrante com o magnetitito Vale ressaltar que durante o trabalho de descrição de furos de sondagem, observou-se que no pacote de hidrotermalitos mineralizados ocorrem numerosas injeções sienograníticas pegmatoidais (Figura 5.6). Esses pegmatitos sienograníticos mostram-se às vezes foliados e, por vezes, não deformados, permitindo que se levante a hipótese de que essas rochas entraram tardi a pós deformação. Trata-se, de acordo com dados da literatura geológica da área (Gomes et al., 2000), de um magmatismo granítico neoproterozóico, relacionado à orogenia Brasiliana, com 52 A B C Figura 5.6 (A e B) Injeções sienograníticas, pegmatóidais, nos planos de foliação das encaixantes metamáficas do minério de ferro do Alvo Massapé-Manga Velha; e (C) Sienogranito foliado, com fenocristais de magnetita B A C D F E G Figura 5.7 Diferentes formas de ocorrência, em furos de sondagem, dos sulfetos no Alvo Massapê-Manga Velha: (A) Disseminações de pirita anédrica nos planos de foliação dos metabasitos; (B) Veios de quartzo com magnetita e pirita; (C) Pirrotita, com calcopirita subordinada, “cimentando” planos de brechação; (D) Sulfetos (pirrotita e calcopirita) nos planos de foliação da rocha anfibolítica; (E) Brecha hidrotermal com sulfetos disseminados e em injeções finas; (F) Stockwork de calcopirita no hidrotermalito rico em magnetita; e (G) Hidrotermalito brechado e injetado por calcopirita e pirrotita 53 a geração de granitos oxidados (série da magnetita), ricos em potássio. Nos trabalhos de campo foi observada a presença de pórfiros de magnetita nos granitos (Figura 5.6). Além da magnetita, outros minerais de minério ocorrem no Alvo Massapê-Manga Velha. Trata-se de sulfetos, representados por pirrotita, pirita e calcopirita, que ocorrem disseminados nos planos de foliação dos hidrotermalitos, ou em vênulas finas e veios que cortam a rocha perpendicularmente ou adentram no seu plano de foliação (Figura 5.7). 5.2.3 Caracterização Microscópica das Formações Ferríferas do Alvo Massapê-Manga Velha As observações vistas durante as análises petrográficas no microscópio confirmam com as descritas a nível macroscópico. Foram utilizadas seções delgadas-polidas, confeccionadas no Laboratório de Laminação do IGc-USP. As observações microscópicas foram feitas em microscópios de luz transmitida e refletida (marca Nikon), do Laboratório de Metalogênese do IGEO-UFBA e do Serviço Geológico do Brasil-CPRM (marca Olympus, modelo BX-41). As fotomicrografias foram tiradas no microscópio Olympus, utilizando-se o software Image-Pro Plus. O minério de ferro Tipo I, ou seja, as Formações Ferríferas Bandadas, caracteriza-se pela alternância em leitos escuros (níveis magnetíticos) e leitos mais claros (silicáticos) ricos em quartzo e com maior ou menor presença de anfibólio da série cummingtonita-grunerita (Fe-anfibólios) e carbonato. A presença de grunerita mostra que as formações ferríferas tipo BIF foram submetidas a metamorfismo da fácies anfibolito, da mesma forma que os metagabros e metabasaltos. A grunerita pode ter sido formada por uma reação metamórfica progressiva entre magnetita e quartzo, numa reação do tipo: 7FeO + 8SiO2 + H2O = Fe7Si8O22(OH)2 As bandas se apresentam de forma contínua e descontínua, às vezes, deformadas, com limites definidos por contatos bruscos e gradacionais marcados pela presença de magnetita disseminada nos interstícios dos minerais silicáticos nos níveis esbranquiçados (Figura 5.8). Além do quartzo e dos Fe-anfibólios, os BIFs têm também biotita e carbonato que ocorrem como minerais acessórios nestas rochas. Por vezes ocorrem sulfetos associados. Os cristais de magnetita são anédricos a subédricos, inequigranulares e formam uma textura em mosaico com os grãos apresentando contatos poligonais e sinuosos com os minerais de anfibólio e quartzo. Ocorre também hematita, anédrica e inequigranular, em proporções muito pequenas. 54 O quartzo ocorre formando textura em mosaico, em grãos que se apresentam ora límpidos e com extinção ondulante, ora com aspecto sujo (observando na sua superfície pontinhos pretos). Os grãos de anfibólio nos termos bandados aparecem alongados e cominuídos, com formas subédricas a anédricas e inequigranulares. Em nicóis cruzado mostram a geminação polissintética típica dessa série de anfibólios. Encontram-se distribuídos entre os cristais de magnetita e quartzo, nos níveis escuros e claros. A biotita quando ocorre é intersticial. O carbonato ocorre de forma dispersada ou em grãos agrupados e orientados nas bandas claras, lembrando restos de vênulas. O minério de ferro do Tipo II, caracterizado pela ausência de bandamento e com feições de controle estrutural marcante, consiste essencialmente de magnetita, que ocorre tanto pura (maciça), quanto acompanhada de uma assembléia de minerais metamórficos/metassomáticos, a exemplo de Ca-anfibólios, Fe-anfibólios, quartzo, biotita, albita, K-feldspato, carbonato, granada, diopsídio, turmalina, allanita e apatita. Os sulfetos (pirita, pirrotita, calcopirita) estão presentes nesse tipo de minério em percentuais maiores do que no minério Tipo I (bandado). A magnetita ocorre em cristais finos a médios, inequigranulares, com formas anédricas a subédricas, formando mosaicos ou orientados nos planos de foliação da rocha (Figuras 5.9B e 5.10-A, 5.10-B, 5.10-C). Por vezes ocorre formando porfiroblastos (Figura 5.9-C). Os anfibólios são do tipo hornblenda e da série cummingtonita-grunerita (Figuras 5.9A, 5.9-C, 5.9-B, 5.10-A). Ora ocorrem como cristais enormes e subédricos, ora como cristais cominuídos, por vezes com substituição de borda para biotita. Muitas vezes estão envelopados por injeções de magnetita. Os anfibólios do tipo cummingtonita-grunerita apresentam geminações e forma subédrica, com uma cor forte verde-azulada. A biotita ocorre formando grandes placas orientadas, de coloração marrom e marrom avermelhado, subédricas, em geral com halos pleocróicos formados pela presença de finas inclusões de zirconita e/ou allanita (Figuras 5.10-D, e 5.10-F). O quartzo e o carbonato ocorrem nas formas de veios, vênulas e também em grãos em arranjo granoblástico. 55 A B C D E Figura 5.8 Fotomicrografias mostrando os diferentes aspectos texturais do minério de ferro Tipo I, do Alvo Massapê-Manga Velha. (A) BIF com contatos gradacionais (AF 063-LP, 2,5x); (B) BIF com bandas definidas, com muita magnetita disseminada nos níveis esbranquiçados, fazendo com que o quartzo apresente um aspecto sujo (AF 104-LP, 2,5x); (C) BIF com bandas apresentando contatos bruscos e leitos esverdeados ricos em anfibólios (LP, 2,5x); (D) BIF rico em grunerita (LP, 2,5X); e (E) Detalhe dos Fe-anfibólios geminados no BIF (NX, 2,5X) 56 Figura 5.9 Fotomicrografias mostrando aspectos texturais do minério de ferro do tipo II (tectono-controlado e associado aos hidrotermalitos) do Alvo Massapê-Manga Velha. (A) magnetita orientada em rochas hidrotermalizadas (AF 165-LP, 2,5x); (B) magnetita anédrica acompanhada de anfibólio azul da série cummingtonita-grunerita (AF 084-LP, 10x); e (C) porfiroblastos euhédrico de magnetita no hidrotermalito rico em biotita (AF 065A-LP, 2,5x) 57 Figura 5.10 Fotomicrografias mostrando variadas feições do minério Tipo II: (A) magnetita (Mt) inequigranular nos planos de foliação (AF 032-LP, 2,5x); (B) magnetita levemente alongada nos planos de foliação e inclusa no grão de granada (Grd) (AF 078-LP, 2,5x); (C) magnetita acompanhada por processos de biotitização (AF 139LP, 2,5x); (D) (AF 165-LP, 10x), (E) (AF 165-LP, 2,5x) e (F) (AF 165-LP, 20x): magnetita disseminada e sulfeto (em E, pirrotita) em rochas hidrotermalizadas com biotita (Biot), apatita (Ap), granada, anfibólio (Anf), Titanita (Ttn), diopsídio (Di) e allanita 58 5.3 SULFETOS Os sulfetos são claramente tardios em relação à magnetita uma vez que cortam e envolvem o óxido de ferro. Pirrotita e pirita são os sulfetos mais freqüentemente observados, com calcopirita ocorrendo de forma subordinada. Estes minerais são inequigranulares e ocorrem tanto disseminados quanto venulares (Figura 5.3 e 5.6-C). A pirrotita ocorre formando mosaicos de grãos inequigranulares, finos a médios. A maior parte deles injetados nos planos de foliação da rocha e também formando bolsões. A pirita ocorre de forma anédrica e é vista disseminada nos planos de foliação da rocha encaixante, englobando os cristais de magnetita, e em vênulas (Figura 5.11-B e C). A calcopirita ocorre em grãos finos e médios, associados quase sempre com a pirrotita. Línguas de calcopirita são observadas exsolvidas dentro dos grãos de pirrotita (Figura 5.11-D). Associados aos sulfetos são detectados valores anômalos de Ouro (GME4/PI4, com verbal). Figura 5.11 Fotomicrografias dos minerais de minério do Alvo Massapê-Manga Velha observados em luz refletida. (A) grãos de subhédricos de magnetita (Mt) (AF 066-LP, 2,5x); (B) grão de pirita (Py) envolvendo grãos de magnetita (AF 139-LP, 10x); (C) pirita injetada em plano de foliação da rocha (AF 165-LP, 2,5x); e (D) mosaico de grãos de pirrotita (Po), com exsoluções de calcopirita (Ccpy) (AF 020-LP, 10x) 59 5.4 DISCUSSÕES PARCIAIS A caracterização do minério tipo I, submetido ao metamorfismo, evidenciado pela presença de anfibólios, e ao metassomatismo, devido a presença de carbonatos e biotitas, mostra que este minério teve a sua gênese anterior ao minério tipo II e que possivelmente sofreu uma remobilização por ação de fluido hidrotermal. O conjunto de características do minério de ferro Tipo II, ou seja: (i) o controle tectônico do minério; (ii) a associação direta do minério com os hidrotermalitos ricos em potássio, que conforme discutido no Capítulo 4 são rochas metamórficas/metassomáticas que parecem terem sido geradas por meio da interação das metamáficas com fluidos derivados do magmatismo sienogranítico; (iii) a presença de sulfetos tardios, com destaque para calcopirita (sulfeto de cobre); (iv) a presença de minerais ricos em ETRL e HSFE (allanita, zirconita, apatita); (v) a presença de minerais ricos em halógenos (turmalina); (vi) os valores anômalos de Zn; (vii) os teores anômalos de ouro e dentre outros, são sugestivos de uma gênese hidrotermal para essa mineralização, num modelo do tipo FeCu-Au (IOCG-Iron Oxide Copper Gold Deposits). Dessa forma, o minério Tipo II pode ser caracterizado com um ironstone hidrotermal. 60 CAPÍTULO 6 - CARACTERIZAÇÃO LITOGEOQUÍMICA DAS ROCHAS E DO MINÉRIO Neste capítulo serão apresentados e discutidos os resultados das análises litogeoquímicas das rochas encaixantes imediatas e do minério de ferro do Alvo MassapêManga Velha. 6.1 INTRODUÇÃO O estudo litogeoquímico teve como objetivo a caracterização composicional das rochas encaixantes imediatas do minério de ferro, de forma a tornar possível o reconhecimento do(s) protólito(s) e do ambiente geotectônico de formação dessas rochas. Paralelamente, os resultados obtidos auxiliarão na compreensão do comportamento químico dos elementos, em frente aos processos de metamorfismo e alteração hidrotermal aos quais as rochas foram submetidas. Um conjunto de 31 amostras, representativas da situação e adequadas para o objetivo proposto, foi selecionado para análises litogeoquímicas. A seleção destas amostras foi feita com base em estudo petrográfico prévio. Foram selecionadas amostras mais preservadas de metagabros e metabasaltos, texturalmente mais homogêneas, não sulfetadas, com características mineralógicas indicativas de um menor grau de alteração hidrotermal. Além dessas, foram também analisadas algumas amostras mais modificadas hidrotermalmente (hidrotermalitos) com o objetivo de avaliar qualitativamente o 61 comportamento de alguns elementos nestas rochas, face aos processos metamórficosmetassomáticos, as quais foram submetidas. Algumas amostras de minério, tanto das Formações Ferríferas bandadas quanto do minério injetado nos planos de foliação das encaixantes, foram também submetidas a análises químicas. As amostras selecionadas foram analisadas no laboratório ACME Analytical Laboratories, no Canadá. Foram determinados os teores de elementos maiores, traços e elementos terras raras (ETR), com resultados expressos em termos de % em peso (para óxidos de elementos maiores) e em ppm (para os demais elementos traços e terras-raras). O tratamento e a interpretação dos dados litoquímicos foram feitos com ajuda do software MINPET e seus produtos (diagramas petrogenéticos). 6.2 METODOLOGIA Para a preparação das amostras selecionadas, foram solicitados ao laboratório os seguintes procedimentos: (a) britagem de todas as amostras; (b) moagem em moinho de ágata (de baixa contaminação); (c) determinação quantitativa dos óxidos de elementos maiores por ICP-AES, após fusão com metaborato de Li e posterior digestão ácida; (d) determinação de LOI (perda ao fogo); e (e) determinação quantitativa dos metais base, elementos traços e terras-raras por ICP-MS, após fusão com metaborato de Li e posterior disgestão ácida. 6.2.1 Preparação de Amostras Inicialmente, as amostras foram submetidas aos processos de britagem e moagem, e posteriormente pulverizadas a uma fração muito fina (200 mesh). A moagem foi realizada em moinho de ágata, por ser menos contaminante devido a sua dureza alta (dureza do quartzo). Posteriormente, uma fração do pó foi pesada em uma balança de precisão e misturada com o metaborato de lítio (fundente). Essa mistura foi ao forno em alta temperatura (> 1000ºC) para que toda amostra fosse totalmente dissolvida, inclusive os resistatos, gerando um fundido altamente homogêneo (representante da composição global da amostra). O material vitrificado, material solidificado imediatamente ao sair do forno, foi posteriormente dissolvido em água régia. 62 6.2.2 Técnicas Analíticas Instrumentais 6.2.1.1 ICP-AES (Inductively Coupled Plasma Atomic Emission Spectroscopy) A Espectrometria de Emissão Atômica é uma técnica multi-elementar utilizada para determinação quantitativa da maior parte dos elementos da Tabela Periódica, em concentrações maiores (percentagem) e menores (ppm) em uma única operação. O princípio fundamental consiste na ionização dos elementos pelo plasma indutivo de argônio. Uma vez ionizados, os átomos emitem um espectro característico a uma transição eletrônica. As intensidades luminosas também são medidas, pois são diretamente proporcionais à concentração do elemento. 6.2.1.2 ICP-MS (Inductively Coupled Plasma Mass Spectrometry) A Espectrometria de Massa é uma técnica quantitativa utilizada para análise de elementos traços ou menores (ppm ou ppb) e ultratraços (ppt). O método consiste na atomização e ionização dos elementos pelo plasma de argônio. Neste espectrômetro, a identificação dos elementos é dada pelas suas razões massa/carga e a quantidade é determinada pela intensidade do seu pico comparado a padrões estabelecidos. 6.3 RESULTADOS 6.3.1 Rochas Encaixantes As amostras das rochas encaixantes foram separadas em dois grupos: (A) as rochas encaixantes pouco alteradas hidrotermalmente (metagabros e metabasaltos); e (B) as rochas encaixantes mais alteradas hidrotermalmente (hidrotermalitos). Os valores geoquímicos dos dois grupos são compatíveis com os padrões geoquímicos da literatura. Para o grupo das rochas mais preservadas os valores são similares aos padrões geoquímicos estabelecidos para litotipos máficos (Nockolds, 1954 apud Fujimori, 1990; Jakes & White, 1971; Luff, 1982; Foden, 1983; e Le Maitre, 1976 apud Wernick, 2003), e para o grupo B, a nítida variação dos teores é típico de um comportamento geoquímico em sistemas hidrotermais. 63 6.3.1.1 Definição da Linhagem Petrogenética e Ambiente Geotectônico dos Metagabros e Metabasaltos Para definição da filiação geoquímica e ambiente geotectônico foram utilizadas as rochas menos alteradas representadas por círculos em verde nos diagramas. Os dados geoquímicos dos elementos maiores, plotados em diagramas discriminantes, apontam para protólitos de natureza subalcalina (Figura 6.1) e filiação toleítica (Figura 6.2A), com típico enriquecimento em Fe em relação aos álcalis (trend de Fenner), concentrandose no campo dos basaltos. A característica química basáltica destas rochas é confirmada pelo diagrama discriminante de Cox et al., 1979 (Figura 6.2-B). 20 18 N a 2O +K 2O 16 14 12 10 Alkalin e 8 6 4 Su balkaline 2 0 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80 85 Si O2 Figura 6.1 Diagrama TAS (Na2O+K2O x Si2O) discriminando as séries subalcalina e alcalina, segundo Irvine & Baragar, 1971 Figura 6.2 (A) Diagrama AFM (Na2O+K2O x FeOt x MgO) mostrando os trends evolutivos de suítes toleíticas e cálcio-alcalinas, segundo Irvine & Baragar, 1971. (B) Diagrama de TAS (Na2O+K2O x Si2O), segundo Cox et al., 1979 64 Os diagramas discriminantes para ambiente geotectônico (Figuras 6.3-A e B) indicam um cenário do tipo arco insular para estas rochas o que aponta para um ambiente de zona de subducção. Figura 6.3 (A) Metagabros e metabasaltos no diagrama (TiO2 x MnO*10 x P2O5*10) de Mullen, 1983. (B) Metagabros e Metabasaltos no diagrama (Ti/100 x Zr x Y*3) de Pearce & Cann, 1973. O campo B é de basaltos de arcos de ilha e Morbs Além desses, outros diagramas, construídos com base em elementos menos vulneráveis aos processos de transformação sofridos pelas rochas, dão suporte à proposição de um ambiente de arco (Figura 6.4-A e B). Da mesma forma, no diagrama da figura 6.5, podese observar que os metabasaltos e metagabros do Alvo Massapê-Manga Velha plotam no campo de evolução de rochas de arcos vulcânicos. Figura 6.4 (A) Metagabros e metabasaltos no diagrama (Ti/1000 x V) de Shervais (1982); (B) Metagabros e metabasaltos no diagrama (Nb*2 x Zr/4 x Y) de Meschede (1986). Os campos C e D são de rochas de arcos vulcânicos 65 10 ARCO OIB Th/Yb 1 E MORB 0, 1 N MORB DM . 01 .1 NÃO ARCO 1 10 100 Nb/Yb Figura 6.5 Metagabros e metabasaltos no diagrama (Nb/Yb x Th/Yb) de Pearce (1983) 6.3.1.2 Aspectos Litogeoquímicos dos Hidrotermalitos Conforme discutido no Capítulo 4, os metagabros e metabasaltos transformam-se por ação dos fluidos hidrotermais, em rochas ricas em biotita, K-feldspato, carbonato, sílica, granada, turmalina, magnetita, dentre outros, as quais estão sendo denominadas de hidrotermalitos. Todas essas transformações mineralógicas têm impacto significativo no quimismo dessas rochas. Numa tentativa de avaliar qualitativamente o impacto desses fluidos sobre o quimismo das rochas, foi construído um diagrama multi-elementar (Figuras 6.6 e 6.7) dos hidrotermalitos, normalizado em relação a uma amostra de metagabro. A escolha da amostra normalizante foi feita com base nas evidências petrográficas, tendo sido escolhida a amostra AF-36, pertencente a um grupo de amostras muito pouco afetado pelos processos hidrotermais. 66 Figura 6.6 Diagrama multi-elementar das rochas mais intensamente hidrotermalizadas (hidrotermalitos), normalizadas em relação à amostra AF-036 (um metagabro muito pouco afetado pelos fluidos hidrotermais) Na figura 6.6 é possível observar que os hidrotermalitos, quando comparados a amostras do grupo das rochas mais preservadas, mostram-se fortemente enriquecidos em ferro, potássio, sílica, terras-raras leves, zircônio e zinco. Esse quimismo reflete a presença de magnetita (ferro), biotita e K-feldspato (potássio), injeções de quartzo (sílica), desenvolvimento de zirconita (zircônio), presença de allanita (ETRL), dentre outros. Na figura 6.7 observa-se o comportamento de outra bateria de elementos, com destaque para o sódio, que em algumas amostras aparece enriquecido e, em outras, empobrecido. Isso reflete provavelmente o processo de albitização que não está presente em todas as amostras. Observa-se ainda um discreto enriquecimento em fósforo (traduzido na presença de trilhas de apatita), e enriquecimento em Th e Ta, certamente associados à mineralogia acessória da rocha (zircão, allanita, etc.). 67 Figura 6.7 Diagrama multi-elementar das rochas mais intensamente hidrotermalizadas (hidrotermalitos), normalizadas em relação à amostra AF-036 (um metagabro muito pouco afetado pelos fluidos hidrotermais) No que diz respeito exclusivamente aos elementos terras-raras, é nítida a diferença de concentração desses elementos em relação às rochas mais preservadas (Figuras 6.8-A e B). Enquanto nos metagabros e metabasaltos a concentração de ETRL é da ordem de 10 a 50 vezes Condrito, nos hidrotermalitos essa concentração salta para a faixa de 20 a 200 vezes Condrito. A concentração de ETRP sofre um discreto aumento, saído da faixa de 10 a 20 vezes Condrito nos metabagros e metabasaltos para 15 a 30 vezes Condrito nos hidrotermalitos. Esse aumento das ETRP deve estar relacionado ao desenvolvimento de granadas nos hidrotermalitos. Figura 6.8 Diagramas rocha/condrito das rochas máficas mais preservadas (A) e dos hidrotermalitos (B) 68 As modificações acimas relatadas e demonstradas permitem deduzir que o fluido hidrotermal promoveu o aporte de potássio, sílica, ferro, elementos terras-raras leves, Ta, Th, U, Zr, Zn, dentre outros elementos, para os hidrotermalitos. Paralelamente, esse fluido foi também responsável pela quebra parcial a total dos plagioclásios, transformando-os em albita e liberando a molécula de cálcio. A presença marcante de carbonatos nos hidrotermalitos sugere que o fluido, era rico em CO2, que ao se combinar com o cálcio liberado dos plagioclásios formou calcita. A presença de turmalina em grande parte dos hidrotermalitos mostra que o fluido era também rico em boro. O conjunto de elementos envolvidos nas transformações metassomáticas das rochas (Si, K, Zr, Th, Ta, Zn, U, ETRL, B, Cu, etc.) associado ao fato de que os hidrotermalitos encontram-se injetados por numerosas apófises de granitóides sieníticos, permite que se proponha, preliminarmente, que os fluidos hidrotermais tenham sido oriundos do magmatismo granítico. Essa hipótese poderá ser posteriormente testada através de estudos de inclusões fluidas, isotópicos e geocronológicos. 6.3.2 Minério de Ferro As observações feitas durante as descrições dos furos de sondagem e os estudos petrográficos apontam para a existência de dois tipos de mineralização de ferro: um minério do tipo formação ferrífera bandada (BIF) e outro, de natureza hidrotermal, injetado nos planos de foliação das rochas, formando lentes, bolsões e brechas, que está sendo nesse trabalho denominado de tipo ironstone. Seguindo uma tendência global de uso dos elementos terras rara (ETR) como ferramenta auxiliar na caracterização do ambiente deposicional de formações ferríferas bandadas (fácies óxido), precambrianas, os ETR dos BIF’s e dos Ironstones do Alvo Massapé-Manga Velha foram analisados para efeitos comparativos. Nos oceanos modernos as principais fontes de ETR são fluidos hidrotermais (alteração hidrotermal da crosta oceânica) e materiais erosionais (carga dissolvida trazida pelos rios). Na absoluta maioria dos trabalhos encontrados na literatura científica, o comportamento dos ETR nas formações ferríferas bandadas tem sido feito normalizando os resultados obtidos em relação aos padrões NASC (North American Shale Composite), ES 69 (European Shale) ou PAAS (Post-Archean Australian Shale). Estes três padrões, por sua vez, diferem minimamente entre si. De acordo com Derry & Jacobsen (1990) formações ferríferas da fácies óxido, sejam elas do tipo Algoma ou do tipo Lago Superior, quando normalizadas em relação a um dos padrões acima listados, apresentam empobrecimento em ETRL com anomalias positivas de Eu e, eventualmente, anomalias negativas de Ce. Com o objetivo de verificar a existência ou não de diferenças geoquímicas entre os dois tipos de minério apontados, foram construídos diagramas de elementos terras-raras, normalizados em relação ao padrão NASC (North American Shale Composite). O diagrama da figura 6.9 (ETR normalizado em relação à NASC) mostra que as formações ferríferas bandadas (BIF’s) de fácies óxido, representados na cor azul, apresentam um acentuado empobrecimento em terras raras leves (ETRL), razões e pronunciada anomalia positiva de Eu, em conformidade com o postulado por Derry & Jacobsen (1990). Trata-se de um padrão muito similar ao de outras formações ferríferas bandadas precambrianas, a exemplo do Quadrilátero Ferrífero (Figura 6.10). Figura 6.9 Diagramas de ETR do minério de ferro, normalizados em relação à NASC (North American Shale Composite). BIF’s (em azul) e Hidrotermalitos (em cinza) 70 Figura 6.10 Diagramas de elementos terras-raras, normalizados em relação a NASC. (A) formações ferríferas da Kuruman Iron Formation (África do Sul); (B) formações ferríferas do Quadrilátero Ferrífero, Brasil. Fonte: Klein, 2005 Os BIF’s do Alvo Massapé-Manga Velha apresentam também razões (La/Yb)N entre 0,3 e 0,8, típicas de formações ferríferas fácies óxido precambrianas (Figura 6.11). A anomalia positiva de európio em formações ferríferas tem sido interpretada como uma evidência de origem a partir de exalações hidrotermais de fundo oceânico (Michard & Albarede, 1986; Campbell et al., 1988; Bau & Dulski, 1996). A anomalia negativa de Ce, por sua vez é explicada à luz do estado de oxidação da água do mar. Em situações de águas oxidadas, ocorreria a oxidação e consequente remoção do Ce (Elderfield & Greaves, 1982; De Baar et al., 1985). O minério de ferro do tipo ironstone, que ocorre injetado nos planos de foliação das rochas, formando lentes e bolsões, preenchendo brechas, mostra um padrão claramente distinto daquele exibido pelas formações ferríferas bandadas. No diagrama da figura 6.9, o comportamento desse tipo de minério está representado na cor cinza e, muito embora mantenha o padrão “birds wing” (asa de pássaro), apresenta um enriquecimento muito maior em ETR e ausência da anomalia negativa de Ce. 71 Figura 6.11 Variação da razão (La/Yb)N das formações ferríferas bandadas do Alvo Massapê-Manga Velha 72 CAPÍTULO 7 - DISCUSSÕES E RECOMENDAÇÕES 7.1 DISCUSSÕES As descrições petrográficas das rochas encaixantes das mineralizações de ferro mostram a existência de: (1) rochas metamáficas mais preservadas, caracterizadas por proporções modais quase equivalentes de anfibólio + plagioclásio, com percentuais inexpressivos de magnetita, cujos protólitos foram definidos como de caráter plutônico (gabro) e vulcânico (basalto); (2) rochas metamáficas com diferentes graus de transformação hidrotermal, chegando ao estágio máximo caracterizado pela obliteração total das feições texturais e com o desenvolvimento de uma mineralogia rica em biotita, ferro-anfibólio, Kfeldspato, granada, turmalina, minerais radioativos (zirconita e/ou allanita), magnetita e sulfetos (pirrotita, pirita e calcopirita). Os estudos petrográficos revelam que estas rochas foram submetidas a pelo menos um evento metamórfico (da fácies anfibolito) e, posteriormente, a um evento pirometassomático (fluidos associados com calor e pressão) responsável pela atual configuração química, mineralógica e textural das rochas. As paragêneses metamórficas/metassomáticas destas rochas (metagabros e metabasaltos) sinalizam uma interação com fluidos hidrotermais ricos em H2O (reações de hidratação), CO2 (carbonatação), em íons potássio (desenvolvimento de biotita e K-feldspato), sílica (silicificação), ferro (geração de magnetita e de ferro-anfibólios da série cummingtonita/grunerita), zinco, cálcio (desenvolvimento de granada), ETRL 73 (presença de allanita), Zr (presença de zirconita hidrotermal), Th, Ta, P, dentre outros elementos. O desenvolvimento de quantidade expressiva de turmalina revela também a presença de ânions BO33- no fluido. Uma provável fonte destes fluidos seria a atividade magmática granítica, rica em potássio, de idade neoproterozóica, que intrude as rochas do Complexo Granjeiro, encaixantes das mineralizações de ferro. Esse magmatismo é evidenciado na área mineralizada pela presença de inúmeras apófises de granitóides pegmatoidais, de composição quartzo-sienogranítica. Estudos litogeoquímicos de rocha total (elementos maiores e traços, incluindo terrasraras), realizados em amostras criteriosamente selecionadas no grupo dos anfibolitos menos deformados, com textura e mineralogia mais preservadas, ou seja, sem evidências de terem sido significativamente afetados pelos fluidos hidrotermais mostram que: (1) os metagabros e metabasaltos são rochas subalcalinas de afinidade geoquímica toleítica; (2) o comportamento dos elementos terras-raras é compatível com o de toleítos de ambiente de arco (IAT) ou de basaltos de fundo oceânico (OFB); (3) o comportamento de elementos traços, em especial a anomalia negativa de Nb, é compatível com o de toleítos de ambiente geodinâmico relacionado à zona de subducção. Tais dados preliminares, associados aos dados da geologia regional (associação dos metagabros e metabasaltos com sedimentos químicos do tipo cherts, BIFs, rochas calcissilicáticas, dentre outros), permitem propor que as metamáficas do Alvo Massapé-Manga Velha, pertencentes à unidade Complexo Granjeiro, tenham sido geradas num ambiente de arco vulcânico ou de bacia de back-arc. Nas mineralizações de ferro, os estudos petrográficos mostram dois tipos de minério: tipo I (Formações Ferríferas Bandadas) e tipo II (Ironstone hidrotermal) que apresentam aspectos texturais, mineralógicos e químicos distintos. O tipo I trata-se de um sedimento químico, apresentando o clássico bandamento, com níveis escuros constituídos predominantemente de magnetita, alternados com níveis claros, constituídos de quartzo. Por estarem metamorfisados na fácies anfibolito, estas rochas contêm Fe-anfibólios da série cummingtonita-grunerita. O minério tipo II é tectono-controlado, constituído também predominantemente por magnetita, injetada em planos estruturais das rochas cisalhadas e intensamente hidrotermalizadas e, mais raramente, formando brechas. O comportamento dos elementos terras-raras evidencia claramente a existência desses dois tipos de minérios, conforme discutido no Capítulo 6 deste trabalho. Em diagramas do tipo ETR, normalizados em relação à NASC (North American Shale Composite), o minério de ferro do tipo I desenvolve um padrão muito similar ao de Formações Ferríferas Bandadas precambrianas, em geral, com um acentuado empobrecimento de ETRL, pronunciada 74 anomalia positiva de Eu, interpretada como uma evidência de origem a partir de exalações hidrotermais de fundo oceânico (Michard & Albarede, 1986; Campbell et al., 1988; Bau & Dulski, 1996) e anomalia negativa de Ce, interpretada como consequência de remoção desse elemento das águas oxidadas dos oceanos da época (Elderfield & Greaves, 1982; De Baar et al.,1985). O minério tipo II mostra um padrão ETR/NASC distinto, com maior enriquecimento em ETRL e ETRP, discreta anomalia positiva de Eu e ausência da anomalia negativa de Ce. Considerando que os metagabros e metabasaltos foram caracterizados como rochas geradas em ambiente de subducção e que o minério de ferro tipo I é um sedimento químico intercalado nessas rochas, tendo todo pacote sido submetido ao metamorfismo regional da fácies anfibolito, é possível concluir que esse minério (Tipo I) é uma Formação Ferrífera do tipo Algoma. As características descritas para o minério tipo II e tipo I, por outro lado, deixa claro que o minério tipo II foi gerado pela interação de um fluido hidrotermal, que possivelmente remobilizou o minério tipo I, com a rocha metamáfica, ou seja, trata-se de um minério origem hidrotermal. A sua gênese foi concomitante ao metassomatismo das rochas encaixantes, com desenvolvimento de: (i) uma mineralogia potássica (intensa biotitização e menor Kfeldspatização); (ii) presença de minerais com elevadas concentrações de ETRL e HSFE (zirconita, allanita, apatita); (iii) aporte de boro (geração de turmalina); (iv) aporte de cálcio (geração de carbonato, granada e diopsídio); (v) desenvolvimento de sulfetos de ferro e cobre (pirrotita, pirita e calcopirita); e (vi) aporte de outros metais, a exemplo de Zn e ouro. As análises de ouro realizadas em rocha total não detectaram anomalias (Tabela 2C, em anexo), mas as análises químicas feitas pela GME4/PI4, utilizando técnica de préconcentração por Fure Assay, detectaram valores anômalos os quais a empresa não autorizou a divulgação. O conjunto de dados obtidos no minério Tipo II, com destaque para: (i) a ambiência tectônica das encaixantes do minério (ambiente de arco); (ii) a natureza tectono-controlada do minério, formando veios, brechas hidrotermais e zonas de substituição; (iii) a existência na área de uma relação proximal entre esse minério e intrusões graníticas ricas em potássio; (iv) as transformações metassomáticas sofridas pelos hidrotermalitos, com aporte de elementos de grande afinidade com fluidos graníticos (Si, K, B, ETRL, U, Th, Zn, Mo, Au, etc.), permitem que seja sugerido para o mesmo um modelo metalogenético do tipo Fe-Cu-Au (IOCG-Iron Oxide Copper Gold Deposits). 75 Depósitos de ferro similares, de idade fanerozóica, são descritos em Mendoza (Argentina), no Distrito de Vegas Peladas (Pons et al., 2009), no depósito de Fierro Acari, no sul do Peru (Injoque, 2002), no sistema de falhas do Atacama (Chile), a exemplo dos depósitos El Romeral e El Agarrobo (Sillitoe, 2003). Pertencem também a essa categoria os depósitos paleoproterozóicos de ferro de Raajaärvi e de Puro, Finlândia (Niiranen et al., 2003; 2005), o depósito de Kiruna, na Suécia (Romer et al., 1994), dentre outros. 7.2 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS A caracterização petrográfica e litogeoquímica contribuiu para a definição da natureza e do ambiente de formação do(s) protólito(s) das rochas encaixantes do minério de ferro do Alvo Massapê-Manga Velha e para a definição dos tipos de minério presentes na área e seus controles (metalotectos). Entretanto, é necessário que mais trabalhos sejam realizados, de forma a aumentar o nível de conhecimento e entendimento sobre a evolução e o potencial metalogenético da área, contribuindo também para o estudo da evolução da Província Borborema. Com objetivo de dar continuidade ao trabalho apresentado, seguem listadas abaixo, algumas sugestões de estudos metalogenéticos para serem desenvolvidos em trabalhos futuros: Estudos geocronológicos (métodos U-Pb e Sm-Nd) para datar as rochas encaixantes do minério de ferro, já que não existe na literatura nenhum dado geocronológico do Complexo Granjeiro, somente a informação de que é de provável idade arqueana. Esta idade é atribuída devido à intrusão granítica datada em 2.5Ga. Os estudos isotópicos Sm-Nd contribuirão para o reconhecimento da natureza da fonte do magma que deu origem a estas rochas (se foi de um manto depletado, ou um manto enriquecido, se houve contaminação crustal, etc.). Nos estudos petrográficos foram identificados zircões nos metagabros, os quais poderão ser datados pelo método U-Pb SHRIMP ou U-Pb por laser ablation; Estudos de Inclusões Fluidas nos veios de quartzo associados ao minério a fim de verificar a assinatura dos fluidos hidrotermais que deram origem ao minério tipo II, além de ter uma idéia da sua procedência (saber, por exemplo, se os fluidos possuem assinatura granítica); Estudos de isótopos de S nos sulfetos para saber se os mesmos são de origem magmática ou crustal; 76 Estudos de química mineral para caracterizar melhor o metamorfismo (realizar estudos geotermobarométricos, ou seja, descobrir as condições de P e T que atuaram nas reações metamórficas). Pode-se fazer isso usando pares de minerais gerados pelo metamorfismo, a exemplo do par granada-anfibólio; Este estudo irá permitir também a definição da composição dos minerais hidrotermais, com destaque para as biotitas. Datar o evento hidrotermal. Para tanto podem ser feitas análises isotópicas K-Ar ou Ar-Ar nos K-feldspatos que invadem os hidrotermalitos, ou nas biotitas dos hidrotermalitos. Pode-se também fazer U-Pb SHRIMP ou laser ablation nas titanitas dos hidrotermalitos. 77 REFERÊNCIAS ALMEIDA, F. F. M. et al. Províncias Estruturais Brasileiras. In: SIMPÓSIO DE GEOLOGIA DO NORDESTE, 8., 1977, Campona Grande. Atas... Campina Grande: SBG, 1977. p.363391. BARD, J. P. Microtextures of igneous and metamorphic rocks. Dordrecht, Boston: D. Reidel, 1986. 264p. BARTON, M.D.; JOHNSON, D.A. Alternative brine sources for Fe-oxide (Cu-Au) systems: Implications for hydrothermal alteration and metals. PORTER, T.M. (Ed.). Hydrothermal iron oxide copper-gold and related deposits: a global perspective. Adelaide: PGC Publishing, 2000. v. 1, p. 43-60. BAU, M.; DULSKI, P. Distribution of yttrium and rare earth elements in the Penge and Kuruman Iron Formation, Transval Supergroup - South Africa. Precambriam Research, v. 79, p. 37-55, 1996. 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Tabela de amostras 85 Nota: SD = Seção Delgada; SDP = Seção Delgada-Polida; (BA) Anfibolito com baixa alteração hidrotermal; (MA) Anfibolito moderadamente alterado; e (AA) Anfibolito altamente alterado 86 ANEXO-2 TABELAS DE ANÁLISES QUÍMICAS 87 Tabela 2A. Conteúdo em elementos maiores (em %) nas amostras analisadas de rocha encaixante e minério de ferro do Alvo Massapê-Manga Velha Tabela 2B. Conteúdo em elementos terras raras (em ppm) de rochas encaixantes e minério de ferro do Alvo Massapê-Manga Velha 88 Tabela 2C. Conteúdo em elementos menores (em ppm) das amostras analisadas de rochas encaixantes e minério de ferro do Alvo Massapê-Manga Velha 89 ANEXO-3 DESCRIÇÕES PETROGRÁFICAS - SEÇÕES DELGADAS 90 FICHA DE DESCRIÇÃO PETROGRÁFICA Lâmina nº: AF 001C (amostra de mão). Coord. UTM: 304705/9121092 DESCRIÇÃO MACROSCÓPICA Anfibolito. Rocha orientada, de coloração esverdeada e granulação média a fina. DESCRIÇÃO MICROSCÓPICA Rocha orientada, com textura granonematoblástica. Não há mineral opaco. As alterações ocorrem sem expressividade e são registradas nas mudanças mineralógicas. Processos de alteração: epidotização, silicificação e leucoxenização. COMPOSIÇÃO MINERALÓGICA Minerais essenciais: anfibólio (55%) e plagioclásio (20%), epídoto (10%), quartzo (8%), leucoxênio (5%) e titanita (2%). DESCRIÇÃO Anfibólio (do tipo hornblenda): possui coloração verde. Os grãos de anfibólio estão orientados e formam uma textura nematoblástica. São subédricos e inequigranulares. Apresentam-se um pouco cominuídos. Plagioclásio: ocorre em grãos subédricos a anédricos formando uma textura granular. Os grãos se apresentam ora com aspecto límpido, ora saussuritizados. Em alguns grãos é possível ver a geminação albita. Epídoto: é visto em toda a lâmina, principalmente nas bordas da lâmina. Os grãos possuem uma coloração verde amarelada, em tons pálidos, em luz plana. Quartzo: forma textura granular com grãos que apresentam contatos poligonais e regulares com os cristais de anfibólio e plagioclásio. São anédricos. Leucoxênio: os grãos encontram-se agregados nas bordas dos cristais de anfibólio, acompanhado a orientação dos cristais de anfibólio. Apresenta uma cor marrom, relevo alto e um aspecto turvo. Titanita: ocorre em proporções pequenas. Apresenta cor marrom e relevo alto. E forma também agregados de grãos. ROCHA: Anfibolito menos modificado. 91 FICHA DE DESCRIÇÃO PETROGRÁFICA Lâmina nº: AF 002 A (amostra de mão - Morro Massapê). Coord. UTM: 307991/9122936 DESCRIÇÃO MACROSCÓPICA Rocha de coloração avermelhada, finamente bandada, com intercalações de bandas mais claras (quartzo) e mais escuras (magnetita). DESCRIÇÃO MICROSCÓPICA Rocha bandada, com bandamento fino e definido e com textura granoblástica. Caracteriza-se pela alternância de bandas claras (ocorre quartzo e pequenas proporções de magnetita e grunerita) e bandas escuras (ocorre magnetita e pequenas proporções de grunerita e quartzo). COMPOSIÇÃO MINERALÓGICA Quartzo (45%), magnetita (35%) e anfibólio - grunerita (20%). DESCRIÇÃO Quartzo: os grãos formam uma textura granular, em mosaico. Apresentam aspecto límpido e extinção ondulante. São anédricos, mas quase que equidimensionais. Os contatos são sinuosos e poligonais com os minerais opacos e o anfibólio. Minerais Opacos: os grãos são subédricos a euédricos. Além da concentração nas bandas escuras, o mineral opaco pode ser visto nas bandas mais claras de quartzo, mas menores proporções. Anfibólio: o anfibólio é do tipo grunerita, apresenta coloração verde azulada. Encontrase geralmente nas bordas da magnetita. Apresentam tamanhos variados e são subédricos a anédricos. ROCHA: Formação Ferrífera Bandada. 92 FICHA DE DESCRIÇÃO PETROGRÁFICA Lâmina nº: AF 003 (amostra de mão). Coord. UTM: 307589/9122735 DESCRIÇÃO MACROSCÓPICA Formação Ferrífera Bandada. Rocha de coloração escura com bandas grosseiras, alternadas, de quartzo e magnetita. DESCRIÇÃO MICROSCÓPICA Rocha bandada, com bandamento bem definido e grosseiro. Em uma porção da lâmina é possível ver o bandamento deformado. Ocorrem anfibólios distribuídos em todas as bandas. Também ocorre oxi-hidróxidos de ferro (amostra de superfície). COMPOSIÇÃO MINERALÓGICA Quartzo (52%), mineral opaco (30%) e anfibólio – grunerita (18%). DESCRIÇÃO Quartzo: ocorre em grãos que formam textura granular e apresentam contatos poligonais e sinuosos. Apresentam extinção ondulatória e aspecto límpido. Nas bandas claras observa-se entre os cristais de os cristais de quartzo, oxi-hidróxidos de ferro. Mineral Opaco: ocorre em grãos anédricos, subédricos e de forma subordinada euédricos. Apresentam tamanhos variados. Nas bandas mais claras também é possível ver grãos de minerais opacos, só que em menores proporções. Anfibólio: se apresentam em grãos subédricos e inequigranulares, com uma coloração verde mais clara. Estão alongados na direção do bandamento. É do tipo grunerita. ROCHA: Formação Ferrífera Bandada. 93 FICHA DE DESCRIÇÃO PETROGRÁFICA Lâmina nº: AF 025 A (Furo de sondagem DD-009). Coord. UTM: DESCRIÇÃO MACROSCÓPICA Rocha de granulação grossa e cor esverdeada. Apresentam injeções de carbonato, dando uma cor esbranquiçada à rocha, e de turmalina. Ocorre muita turmalina. DESCRIÇÃO MICROSCÓPICA A rocha apresenta um aspecto de injeção de fluido, com vênulas de quartzo e carbonato. As vênulas estão deformadas e são contínuas e descontínuas. A lâmina está carregada em turmalina. Processos de alteração: carbonatização, turmalinização, silicificação, epidotização e leucoxenização. COMPOSIÇÃO MINERALÓGICA Anfibolito: anfibólio (60%); carbonato (17%), epídoto (11%), mineral opaco (5%), quartzo (4%) leucoxênio (2%) e titanita (1%). Injeção: carbonato (26%), turmalina (23%), anfibólio (19%), epídoto (17%), mineral opaco (10%) e quartzo (5%). DESCRIÇÃO Anfibólio: concentra-se mais em uma porção da lâmina. Apresenta cor verde, e está bastante cominuído. Não é possível ver alteração do anfibólio para biotita. Os grãos são inequigranulares e anédricos. Encontram-se algumas vezes fraturados por vênulas constituídas de quartzo e carbonato. Carbonato: ocorre em toda a lâmina, entre os cristais de turmalina e anfibólio, e em venulações. Os grãos são inequigranulares e formam um arranjo granular e contatos sinuosos. Apresenta geminação e cor de interferência forte (tom rosado). Turmalina apresenta-se com uma forte cor preta azulada. Encontra-se em seções basais e longitudinais. Os cristais de turmalina são subédricos a anédricos e inequigranulares. Algumas vezes, são vistos fraturados por venulações de quartzo e carbonato. Epídoto: encontrado em toda a lâmina, de forma dispersiva, em grãos são anédricos. Mineral opaco: ocorre distribuído pela lâmina. São subédricos e apresentam tamanhos entre 0,4mm a 0,8 mm. A maior parte encontra-se na parte da injeção. Quartzo: ocorre entre os outros cristais formando um arranjo granular e também, nas vênulas. Os grãos possuem contatos sinuosos e apresentam extinção ondulante. Leucoxênio: ocorre muito pouco. É reconhecido pelo seu aspecto turvo resultado da alteração da titanita em leucoxênio. São inequigranulares. Titanita: quase que inexiste. Os grãos ocorrem dispersados na lâmina e são anédricos. ROCHA: Anfibolito com maior de grau de diferenciação. 94 FICHA DE DESCRIÇÃO PETROGRÁFICA Lâmina nº: AF 027 (Furo de sondagem DD-009). Coord. UTM: DESCRIÇÃO MACROSCÓPICA Rocha de coloração esverdeada. Apresenta porções brancas devido à alteração em albita. A rocha apresenta sulfetos (pirita e pirrotita). DESCRIÇÃO MICROSCÓPICA Rocha orientada e grosseira com textura granonematoblástica. Rocha intensamente deformada e fraturada, com presença de vênulas descontínuas constituídas de quartzo. COMPOSIÇÃO MINERALÓGICA Anfibólio (37%), plagioclásio (17%), biotita (12%), epídoto (10%), minerais opacos (11%), titanita (8%) e clorita (5%). DESCRIÇÃO Anfibólio: ocorrem em forma de porfiroclastos, de coloração verde e são orientados. Apresentam-se anédricos com contatos irregulares. É possível ver a alteração de anfibólio para biotita. Plagioclásio: os grãos apresentam-se saussuritizados, mas alguns grãos apresentam aspecto límpido. Em alguns grãos, também, é possível ver a geminação albita. Os grãos formam textura granular e possuem contatos sinuosos. Tamanho entre 0,15mm e 0,30mm. Biotita: apresentam cor marrom. São subédricos, inequigranulares, com contatos regulares e apresentam extinção olho de pássaro. Epídoto: encontra-se distribuído por toda a lâmina. São anédricos e apresentam uma pálida coloração verde amarela, quando em luz plana. Ocorre formando agregados. Minerais opacos: ocorrem por toda a lâmina, seguem a orientação da rocha. São euédricos a subédricos e são aproximadamente equigranulares. Titanita: ocorre associado aos minerais opacos. Apresentam coloração marrom e relevo alto. E acompanham a orientação da rocha. O que se ver é titanita ao redor do mineral opaco, algumas vezes, envolvendo ao todo. Clorita: os cristais de clorita são reconhecidos pelo seu deep blue. É possível ver a passagem de biotita para clorita. ROCHA: Anfibolito menos modificado. 95 FICHA DE DESCRIÇÃO PETROGRÁFICA Lâmina nº: AF 032 (Furo de sondagem DD-009). Coord. UTM: DESCRIÇÃO MACROSCÓPICA Rocha de cor cinza e granulação fina, com venulações finas de albita, dando a rocha um aspecto esbranquiçado. DESCRIÇÃO MICROSCÓPICA Rocha orientada com textura granonematoblástica. Há presença de vênulas finas e grossa que cortam toda a lâmina. COMPOSIÇÃO MINERALÓGICA Hornblenda (49%), plagioclásio (27%), minerais opacos (15%), biotita (9%) e clorita (4%). DESCRIÇÃO Anfibólio: é do tipo hornblenda. Apresentam coloração verde. São subédricos e inequigranulares, com contatos ora regulares e ora irregulares (quando cominuídos). Os grãos encontram-se orientados apresentando uma textura nematoblástica. Estão bastante cominuídos, às vezes fragmentados por venulações constituídas por albita. Plagioclásio: os grãos formam uma textura granular. Os grãos são subédricos e apresentam contatos sinuosos e irregulares com outros cristais. Estão límpidos, sem geminação, ocorrendo pouca saussuritização. Minerais Opacos: ocorrem em toda a lâmina, bem dispersado. São subédricos e inequigranulares. Biotita: apresenta coloração marrom. Está cominuída e em contato com os cristais de anfibólio e plagioclásio. Apresenta extinção olho de pássaro. Clorita: ocorre muito pouco. Resultado da alteração da biotita. Sua cor é verde pálida. ROCHA: Anfibolito menos modificado. 96 FICHA DE DESCRIÇÃO PETROGRÁFICA Lâmina nº: AF 037 (Furo de sondagem DD-009). Coord. UTM: DESCRIÇÃO MACROSCÓPICA Rocha de coloração cinza esverdeada e granulação fina a média. Observam-se cristais de anfibólio e de albita. DESCRIÇÃO MICROSCÓPICA Rocha não muito modificada, sem presença de injeções. Apresenta textura caótica e cristais maiores de anfibólio. Possui, também, textura granular dada pelo arranjo dos grãos de plagioclásio. Lembra a AF 027 que está mais biotitizada. COMPOSIÇÃO MINERALÓGICA Anfibólio (53%), plagioclásio (16%), epídoto (10%), mineral opaco (9%), biotita (6%) e titanita (6%). DESCRIÇÃO Anfibólio: é do tipo hornblenda. São pórfiros com formas subédricas e inequigranulares. Apresentam coloração verde. Seus contatos são regulares e irregulares com outros grãos. Plagioclásio: os grãos formam textura granular, com contatos sinuosos. Não apresentam geminações, e pouco se ver processos de saussuritização. Em geral, estão límpidos. Epídoto: ocorre muito pouco na lâmina de forma pontual. Apresenta uma cor verde amarelada, pálida. Mineral opaco: ocorre em menor proporção, dispersado na lâmina. São subédricos a anédricos, e apresentam tamanho em torno de 1mm. Biotita: apresenta cor marrom, com extinção paralela. São subédricos e estão em contato irregular com os outros cristais. Titanita: encontra-se associado ao mineral opaco, mas em menor proporção. Os grãos são anédricos e inequigranulares. ROCHA: Anfibolito menos modificado. 97 FICHA DE DESCRIÇÃO PETROGRÁFICA Lâmina nº: AF 054 (Furo de sondagem DD-009) Coord. UTM: DESCRIÇÃO MACROSCÓPICA Rocha com uma granulação média a grossa, de coloração cinza-esverdeada. Observamse cristais de anfibólio e plagioclásio. DESCRIÇÃO MICROSCÓPICA Rocha orientada, com textura granonematoblástica dada pelo anfibólio e plagioclásio. COMPOSIÇÃO MINERALÓGICA Anfibólio (50%), plagioclásio (35%), minerais opacos (10%) e biotita (5%). DESCRIÇÃO Anfibólio: encontra-se orientado, formando uma textura nematoblástica. São inequigranulares com grãos variando de 0,15mm a 1,5mm. Seus contatos são regulares e irregulares quando as faces não estão bem definidas, devido estarem em alguns momentos cominuídos. Plagioclásio: forma textura granular e os grãos apresentam contatos sinuosos. Não há geminação e nem processos de saussuritização. Os cristais apresentam tamanho em torno de 1 mm. Minerais opacos: ocorre em toda a lâmina, sempre em contato com anfibólio, em grãos anédricos a subédricos, que são quase que equigranulares. Biotita: ocorre em pequena proporção. Reconhecida pela extinção olho de pássaro. Os grãos são subédricos e estão em contato regular com o anfibólio. ROCHA: Anfibolito menos modificado. 98 FICHA DE DESCRIÇÃO PETROGRÁFICA Lâmina nº: AF 060A (Furo de sondagem DD-064). Coord. UTM: DESCRIÇÃO MACROSCÓPICA Rocha hidrotermalizada, com presença de muito carbonato e biotita. Nas descrições do furo, compreende de uma zona não mineralizada entre zonas mineralizadas. DESCRIÇÃO MICROSCÓPICA Rocha orientada, de granulação grossa, com textura granolepidoblástica. Há venulações constituídas de quartzo e carbonato. Estas venulações adentram pelos planos de foliação da rocha. COMPOSIÇÃO MINERALÓGICA Biotita (60%), Minerais Opacos (16%), Anfibólio (14%), Carbonato (6%) e quartzo (5%). DESCRIÇÃO Biotita: os grãos encontram-se orientados formando uma textura lepidoblástica. Seus contatos são regulares e irregulares com os cristais de anfibólio, minerais opacos, carbonato e quartzo. Apresenta cor marrom e extinção paralela. Minerais opacos: ocorrem em toda a lâmina, mas em pequena proporção. São subédricos. Anfibólio: ocorre em menores proporções do que a biotita. São restos de anfibólio, estão bastante cominuídos, apresentando-se de forma anédrica. Carbonato: apresenta-se em grãos grandes que se encontram entre os cristais de biotita ou em venulações associados com o quartzo. Os grãos de carbonato apresentam geminação e cor de interferência forte dada pela cor rosa. Quartzo: ocorre tanto entre os cristais de biotita em um arranjo granoblástico, como nas vênulas junto com carbonato. Apresentam-se límpidos. ROCHA: Anfibolito com grau de alteração maior. 99 FICHA DE DESCRIÇÃO PETROGRÁFICA Lâmina nº: AF 060B (Furo de sondagem DD-064) Coord. UTM: DESCRIÇÃO MACROSCÓPICA Rocha de coloração esverdeada, ora com porções orientadas, ora caóticas, devido ao maior de alteração e deformação nestas rochas. Granulação que varia de fina a média. DESCRIÇÃO MICROSCÓPICA Rocha grosseira com grandes cristais de biotita e restos de anfibólio. Semelhante a AF 060A, só que bem mais alterada. COMPOSIÇÃO MINERALÓGICA Biotita (72%), anfibólio (20%) e zirconita//allanita (3%). DESCRIÇÃO Biotita: o principal mineral da lâmina ocorrendo na forma de grandes cristais, apresentando uma coloração marrom. Os grãos de biotita foram resultantes da alteração do anfibólio. Apresenta extinção olho de pássaro, e os grãos são subédricos e seus contatos são definidos. Apresentam halos pleocróicos reconhecidos pela radiação em tons marrom (zirconita ou allanita). Anfibólio: é do tipo hornblenda. Os grãos representam restos de anfibólio. São anédricos, estando bastante cominuídos, mas em alguns pequenos pedaços do anfibólio é possível ver sua forma subédrica. Apresentam uma coloração verde levemente pálida. Zirconita e/ou allanita: na biotita desta lâmina, ocorre halos pleocróicos de minerais muito pequenos, possivelmente zirconita ou allanita. (Observação, em outras lâminas foi possível ver a allanita). ROCHA: Anfibolito com maior grau de alteração. 100 FICHA DE DESCRIÇÃO PETROGRÁFICA Lâmina nº: AF 072 (Furo de sondagem DD-064) Coord. UTM: DESCRIÇÃO MACROSCÓPICA Rocha orientada, com cristais de anfibólio e biotita orientados. Apresenta uma injeção granítica cortando o anfibolito. DESCRIÇÃO MICROSCÓPICA Contato da rocha metamáfica com a rocha granítica. Na porção metamáfica, a rocha encontra-se orientada com textura granonematoblástica. Na porção granítica, a rocha é constituída por porfiroclastos plagioclásio e K-feldspato. COMPOSIÇÃO MINERALÓGICA Metamáfica: anfibólio (52%), plagioclásio (28%) e biotita (20%). Granitóide: k-feldspato (47%), quartzo (32%) e carbonato (21%). DESCRIÇÃO Anfibólio: é do tipo hornblenda. Os grãos orientados criando uma textura nematoblástica. São inequigranulares, subédricos, mas algumas vezes anédricos, com contatos regulares e irregulares. O anfibólio também é encontrado na porção granítica com a mesma cor verde, mas em menor proporção. Plagioclásio: os grãos formam uma textura granular na porção metamáficas. Formam agregados espalhados nesta porção. São inequigranulares e encontram-se saussuritizados. Na porção granítica, são pórfiros subédricos e apresentam inclusões de biotita. Está em contato com o carbonato. Biotita: de coloração marrom, com extinção olho de pássaro. Ocorre em maiores proporções na porção da rocha metamáfica. Na zona de contato entre estas duas porções (anfibolítica e granítica), é possível ver bastante biotita. Os grãos são subédricos e inequigranulares, com contatos regulares. K-feldspato: é do tipo microclina. Ocorre na porção granítica. É possível ver a geminação do tipo microclina. São cristais grandes entre os de plagioclásio. Quartzo: ocorre somente na porção granítica. Apresentam um aspecto límpido e extinção ondulante. Carbonato: ocorre na porção granítica entre os cristais de feldspato e nas venulações. Os grãos apresentam tamanhos variados e contatos sinuosos. ROCHA: Contato do Anfibolito e Granitóide (sienito). 101 FICHA DE DESCRIÇÃO PETROGRÁFICA Lâmina nº: AF 078 (Furo de sondagem DD-064). Coord. UTM: DESCRIÇÃO MACROSCÓPICA Rocha de coloração esverdeada, com venulações claras e rosadas constituídas de carbonato e granada. Apresentam cristais grandes de granada, mais ou menos arredondados. DESCRIÇÃO MICROSCÓPICA Rocha orientada com textura granonematoblástica e granolepidoblástica. Apresenta grandes cristais de granada helicítica e com textura poiquiloblástica. COMPOSIÇÃO MINERALÓGICA Granada (35%), anfibólio (25%), plagioclásio (15%), minerais opacos (12%), biotita (8%) e quartzo (5%). DESCRIÇÃO Granada: são grãos porfiroblásticos, com textura poiquiloblástica. Apresentam coloração rosada. Há inclusões de anfibólio, minerais opacos e quartzo. É possível ver que o anfibólio está orientado. Ao redor dos cristais de granada ocorre muita biotita. Anfibólio: encontra-se orientado, de forma subédrica a anédrica, inequigranular, com contatos regulares e irregulares. Plagioclásio: os grãos formam textura granular. Não apresentam geminações, e poucas vezes encontram-se saussuritizados. Minerais Opacos: ocorre de forma inclusa na granada. São quase equigranulares, e são subédricos a anédricos. Biotita: os grãos possuem coloração marrom e extinção olho de pássaro. Encontram-se orientados e na maioria das vezes bordejando a granada. Quartzo: ocorre muito pouco e de forma pontual. São anédricos e apresentam extinção ondulante. ROCHA: Anfibolito com maior grau de diferenciação 102 FICHA DE DESCRIÇÃO PETROGRÁFICA Lâmina nº: AF 084 (Furo de sondagem DD-031) Coord. UTM: DESCRIÇÃO MACROSCÓPICA Contato do granitóide milonitizado com a metamáfica e o minério. Presença de sulfetos. DESCRIÇÃO MICROSCÓPICA Rocha com clivagem de crenulação em contato com rocha granítica com porfiroclastos de feldspato. A rocha granítica também está em contato com o minério (minério com feição hidrotermal). COMPOSIÇÃO MINERALÓGICA Porção metamáfica: anfibólio (60%), plagioclásio (20%), biotita (12%), e clorita (5%) e titanita (3%). Porção granítica: plagioclásio (36%), k-feldspato (29%), quartzo (19%) e anfibólio (16%). Minério: quartzo (45%), mineral opaco (35%) e anfibólio azul (20%). DESCRIÇÃO Metamáfica: Anfibólio: do tipo hornblenda. Apresenta-se de forma inequigranular e orientado, formando textura nematoblástica. São subédricos e estão cominuídos. Apresenta coloração verde. Plagioclásio: de coloração cinza, sem geminação, muitas vezes com aspecto límpido. Algumas vezes saussuritizados. Biotita: apresenta cor marrom e extinção olho de pássaro. Está orientada e apresenta-se cominuída. Formam textura lepidoblástica. Clorita: ocorre em menor proporção e é reconhecida pelo seu aspecto fibroso e o seu deep blue. Titanita: ocorre também muito pouco e apresenta uma cor marrom, com grãos em tamanhos variados. Granitóide: Plagioclásio: são porfiroclastos. Alguns com geminação albita. Apresentam uma forma arredondada, com grãos formando uma textura granular, com contatos sinuosos e regulares com outros cristais. K-feldspato: ocorre como porfiroblastos, dispersos, é do tipo microclina. Quartzo: ocorre distribuído, forma uma textura granular, os grãos são límpidos. Anfibólio: apresenta-se orientado. Os grãos são subédricos e cominuídos. Estão em menor quantidade em relação a porção metamáfica. Minério: Quartzo: formam textura granular. São inequigranulares e seus contatos são poligonais e sinuosos. Mineral Opaco: São inequigranulares, subédricos a anédricos, com tamanhos que variam entre 0,5 a 0,25 mm. Anfibólio: de coloração verde azulado. Ocorre em pequenas proporções, em contato com o mineral opaco. ROCHA: Contato anfibolito com o granitóide que está em contato com o minério. 103 FICHA DE DESCRIÇÃO PETROGRÁFICA Lâmina nº: AF 090 (Furo de sondagem DD-031) Coord. UTM: DESCRIÇÃO MACROSCÓPICA Milonito de granitóide. Rocha de composição sienítica, com coloração rosada e granulação fina a média. Há presença de magnetita. DESCRIÇÃO MICROSCÓPICA Rocha milonitizada com porfiroclastos de K-feldspato, amoldados pela foliação da rocha. COMPOSIÇÃO MINERALÓGICA Microclina (45%), anfibólio azul (19%), plagioclásio (13%), quartzo (12%), biotita (10%) e mineral opaco (2%). DESCRIÇÃO Microclina: os grãos de microclina são inequigranulares, e encontram-se amoldados pela foliação da rocha. Apresenta formas alongadas e coloração rosada. Alguns grãos apresentam geminação do tipo microclina bem definida. Plagioclásio: ocorre em grãos menores (em comparação à microclina), apresenta aspecto sujo, poucas vezes, límpidos. São inequigranulares e seus contatos são sinuosos com os cristais de anfibólio, quartzo e biotita. Quartzo: ocorre disperso na lâmina, formando uma textura granular. Apresenta contatos sinuosos e poligonais. Apresenta tamanhos variados, às vezes os grãos são maiores que o do plagioclásio e outras apresentam mesmo tamanho. Anfibólio: é do tipo anfibólio azul. Os grãos de anfibólio estão orientados apresentando textura nematoblástica. São inequigranulares, apresenta forma alongada com grãos subédricos. Biotita: ocorre em menor expressão e ocorre muitas vezes se amoldando nos grãos de microclina. Os grãos estão orientados apresentando uma textura lepidoblástica. Mineral opaco: ocorre disperso, mas é muito expressivo. Ocorre em grãos bem pequenos e adentram nos planos de foliação da rocha. São grãos subédricos a anédricos. ROCHA: Milonito de granitóide 104 FICHA DE DESCRIÇÃO PETROGRÁFICA Lâmina nº: AF 091 (Furo de sondagem DD-031) Coord. UTM: DESCRIÇÃO MACROSCÓPICA Milonito de granitóide. Rocha de coloração rosa a avermelhada de granulação fina a média. Presença de grãos de magnetita. DESCRIÇÃO MICROSCÓPICA Granitóide milonitizado com porfiroclastos de K-feldspato (mas, bem menores que os da lâmina AF 090). Apresenta textura granolepidoblástica e granonematoblástica. COMPOSIÇÃO MINERALÓGICA Microclina (38%), biotita (21%), anfibólio (19%), plagioclásio (13%), minerais opacos (7%) e titanita (2%). DESCRIÇÃO Rocha similar a AF 090, mas os porfiroclastos de K-feldspato (microclina) são menores. A microclina apresenta grãos rosados, alongados, amoldados pela foliação da rocha. A geminação do tipo microclina é bem definida, e é vista tanto nos grãos menores, quanto nos porfiroclastos. Os grãos de anfibólio (hornblenda) estão orientados e estão sendo substituídos por biotita. Apresentam-se alongados, subédricos e às vezes cominuídos. A biotita ocorre em maior expressão nesta lâmina (comparado com a lâmina AF 090). A biotita apresenta cor marrom e textura lepidoblástica. São grãos subédricos. Ocorre substituindo o anfibólio verde. O plagioclásio ocorre formando uma textura granular com grãos inequigranulares entre os cristais de biotita, anfibólio. O mineral opaco ocorre muito disperso nos planos de foliação da rocha. Muitas vezes em contato com o anfibólio ou contornando o K-feldspato. A titanita ocorre dispersa em toda a lâmina, mas em pequena proporção. ROCHA: Milonito de granitóide 105 FICHA DE DESCRIÇÃO PETROGRÁFICA Lâmina nº: AF 130 (Furo de sondagem DD-008). Coord. UTM: DESCRIÇÃO MACROSCÓPICA Granitóide cortando rocha metamáfica rica em magnetita. Há presença de alguns pequenos grãos de sulfeto (pirita). Anfibolito de granulação média a grossa, com biotita no contato em entre o granitóide e metamáfica. DESCRIÇÃO MICROSCÓPICA Rocha granítica cortando a rocha metamáfica. Rocha de granulação grossa, com grandes cristais de anfibólio e microclina. COMPOSIÇÃO MINERALÓGICA Metamáfica: anfibólio (38%), plagioclásio (16%), quartzo (14%), epídoto (10%), biotita (10%), minerais opacos (9%) e titanita (3%). Milonito de Granitóide: microclina (45%), quartzo (22%), anfibólio (16%), biotita (14%) e minerais opacos (4%). DESCRIÇÃO Metamáfica: Anfibólio: de coloração azul esverdeada. São cristais grandes e subédricos com contatos regulares. É possível ver a alteração nas bordas do anfibólio para biotita. Há uma diminuição, lateral, da granulometria do anfibólio da zona de contato para as regiões laterais. Titanita: ocorre entre os cristais de anfibólio ou entre os cristais de microclina. Apresentam coloração marrom e relevo alto. Epídoto: ocorre muito pouco, disperso na lâmina e incluso nos cristais de anfibólio. Biotita: ocorre em menores proporções, em contato com o anfibólio. É visto nas bordas do anfibólio (resultado da alteração do anfibólio). Apresenta cor marrom pálida. Granitóide: Microclina: Encontra-se entre os grãos de anfibólio e principalmente na porção granítica. São inequigranulares, com contatos regulares, embora também não muito definidos. Apresenta geminação do tipo tabuleiro de xadrez. Quartzo: ocorre na porção granítica. Associada com os minerais opacos. Os grãos apresentam um arranjo granular e contatos poligonais e sinuosos. Minerais Opacos: ocorre apenas na porção granítica. São inequigranulares, com tamanho variando entre 0,15mm a 1 mm, apresentam-se em grãos subédricos a anédricos. ROCHA: Contato do anfibolito com o granitóide. 106 FICHA DE DESCRIÇÃO PETROGRÁFICA Lâmina nº: AF 144 (Furo de sondagem DD-022). Coord. UTM: DESCRIÇÃO MACROSCÓPICA Rocha orientada de coloração cinza e granulação fina. Apresenta uma cor esbranquiçada dada pela albita. Há magnetita e biotita. DESCRIÇÃO MICROSCÓPICA Rocha orientada rica em biotita, apresentando uma textura granolepidoblástica. COMPOSIÇÃO MINERALÓGICA Quartzo (31%), biotita (27%), plagioclásio (19%), feldspato (13%) e titanita (10%). DESCRIÇÃO Quartzo: Forma um agregado de grãos. Apresenta textura granular. Os cristais apresentam contatos poligonais e sinuosos. Essas aglomerações estão orientadas na mesma direção dos grãos de biotita. Biotita: os grãos de biotita estão orientados, formando uma textura lepidoblástica. Apresenta cor marrom e extinção olho de pássaro. Os grãos são subédricos e apresentam contatos regulares com cristais de plagioclásio. Plagioclásio: Os grãos formam uma textura granular e seus contatos são sinuosos com os outros cristais. Grãos sem geminação e com aspecto límpido. K-Feldspato: é do tipo microclina. Apresenta geminação do tipo tabuleiro de xadrez. São anédricos e apresentam tamanhos variados. Titanita: ocorre em toda a lâmina, são inequigranulares, com tamanho variando de 0,1mm a 0,5mm. Apresentam relevo alto e cor marrom. ROCHA: Granitóide. 107 FICHA DE DESCRIÇÃO PETROGRÁFICA Lâmina nº: AF 168 (Furo de sondagem DD-028). Coord. UTM: DESCRIÇÃO MACROSCÓPICA Rocha de cor cinza esverdeada e com granulação fina. Ocorre venulações muito finas de coloração branca (carbonato). Há muita biotita. Ocorre sulfeto (pirita) de forma subordinada. DESCRIÇÃO MICROSCÓPICA Rocha com arranjo caótico, com cristais de anfibólio e biotita cominuídos e, de plagioclásio com aspecto sujo e saussuritizado. COMPOSIÇÃO MINERALÓGICA Biotita (35%), anfibólio (25%), plagioclásio (20%), carbonato (15%) e epídoto (5%). DESCRIÇÃO Biotita: apresenta coloração marrom. São grãos subédricos, algumas vezes, anédricos, inequigranulares, com contatos regulares e irregulares nas faces cominuídas. Resultado da alteração do anfibólio em biotita. Anfibólio: apresentam-se como resto de um anfibólio. Estão bastante cominuídos. Observa-se a alteração do anfibólio para biotita. Apresenta cor verde e são subédricos a anédricos. Plagioclásio: ocorre entre os cristais maiores de biotita e anfibólio. Seus contatos não estão bem definidos. Apresentam um aspecto sujo, com inclusões menores de anfibólio. Estão saussuritizados. É possível ver epídoto. Carbonato: apresenta uma cor rosada. São inequigranulares e estão em contato com o plagioclásio e biotita. Epídoto: ocorre em menor proporção, distribuídos por toda a lâmina. São anédricos e apresentam uma cor amarelada pálida. Resultado da alteração do plagioclásio. ROCHA: Anfibolito moderadamente modificado. 108 FICHA DE DESCRIÇÃO PETROGRÁFICA Lâmina nº: AF 176 (Furo de sondagem DD-028) Coord. UTM: DESCRIÇÃO MACROSCÓPICA Rocha com aspecto de injeção, com grandes cristais de granada de coloração rosa. A rocha apresenta também uma coloração esbranquiçada, dada pela alteração pela albita. DESCRIÇÃO MICROSCÓPICA A rocha bandada. Apresenta textura granonematoblástica e granolepidoblástica. Há porfiroblastos de granada. COMPOSIÇÃO MINERALÓGICA Granada (47%), quartzo (18%), anfibólio (16%), biotita (11%), mineral opaco (8%), e carbonato (2%). DESCRIÇÃO Granada: são porfiroblastos que apresentam coloração rosa. Estão cominuídos e são inequigranulares. Possuem inclusão de anfibólio, biotita, mineral opaco e quartzo. Anfibólio: apresenta uma forte cor verde. Encontra-se orientado, formando uma textura nematoblástica. É possível ver o anfibólio alterando para a biotita. O anfibólio ocorre entre os cristais de quartzo e incluso na granada. Biotita: apresenta cor marrom e extinção olho de pássaro. Esta orientada e forma textura lepidoblástica. São subedrais e inequigranulares. Mineral Opaco: ocorre em toda a lâmina. É encontrado mais frequentemente em contato com a biotita ou incluso na granada. São subédricos e inequigranulares, com tamanho em torno de 0,5 mm. Quartzo: ocorre na banda mais clara. Os grãos formam arranjo granular, com grãos quase equidimensionais, apresentando extinção ondulante. Carbonato: ocorre em pequena proporção, e se encontra entre os cristais de granada e quartzo, principalmente os de quartzo dentro da banda clara. ROCHA: Anfibolito com maior grau de alteração. 109 FICHA DE DESCRIÇÃO PETROGRÁFICA Lâmina nº: AF 192 (Furo de sondagem DD-057). Coord. UTM: DESCRIÇÃO MACROSCÓPICA Rocha com cor esverdeada e de granulação fina. Presença de injeções com biotita. DESCRIÇÃO MICROSCÓPICA Rocha orientada, com textura granonematoblástica e granolepidoblástica. Há injeções de quartzo. Há presença também de minerais opacos e biotita. COMPOSIÇÃO MINERALÓGICA Anfibólio (41%), biotita (24%), plagioclásio (21%) e mineral opaco (14%). Injeção: quartzo. DESCRIÇÃO Anfibólio: apresenta uma coloração verde. Encontra-se orientado, formando uma textura nematoblástica. São subédricos a anédricos. E está em contato com o plagioclásio, a biotita e o mineral opaco. Biotita: apresenta cor marrom e extinção olho de pássaro. Ocorre em toda a lâmina e esta orientada formando textura lepidoblástica. São subédricos e inequigranulares. Nas zonas de contato com a injeção, a biotita é encontrada em grãos bem maiores do que o restante da lâmina. Plagioclásio: apresenta cor acinzentada. Encontra-se entre os cristais de anfibólio e biotita. Apresentam aspecto límpido, são inequigranulares e seus contatos são sinuosos e regulares. Mineral Opaco: encontrado em toda a lâmina, predominando na porção da rocha metamáfica. São subédricos a anédricos, variando entre 0,5mm a 0,15mm. São inequigranulares. Quartzo: ocorre nas porções com aspecto de injeção, em bandas grosseiras. Formam arranjo granular. Os grãos são inequigranulares e apresentam um aspecto límpido. ROCHA: Anfibolito moderadamente modificado. 110 ANEXO-4 DESCRIÇÕES PETROGRÁFICAS - SEÇÕES DELGADAS-POLIDAS 111 FICHA DE DESCRIÇÃO PETROGRÁFICA Lâmina nº: AF 020 (Furo de sondagem DD-009) Coord. UTM: DESCRIÇÃO MACROSCÓPICA Rocha de coloração cinza e granulação fina. A rocha apresenta injeções de carbonato, quartzo, pirrotita e calcopirita. DESCRIÇÃO MICROSCÓPICA Rocha com aspecto de injeção. As injeções são constituídas por carbonato, opacos e quartzo. Ocorre resto de rocha metamáfica em uma pequena porção da rocha que está fortemente injetada por minerais opacos. COMPOSIÇÃO MINERALÓGICA Anfibólio (40%), plagioclásio (30%), minerais opacos (25%) e biotita (5%). Minerais opacos: pirrotita (85%), calcopirita (12%) e magnetita (3%). DESCRIÇÃO Em LT, ocorrem cristais de anfibólio em uma pequena porção da lâmina (restos de anfibólio). Os cristais de anfibólio estão cominuídos e os grãos apresentam-se com forma anédrica. É possível ver a substituição do anfibólio por biotita. A biotita ocorre em menor proporção, na forma de palhetas que estão, na sua maior parte, cominuídas. É reconhecida pela extinção paralela e sua cor marrom que está fracamente esverdeada. Alguns grãos apresentam uma cor marrom avermelhada. Ocorrem minerais opacos nesta porção da metamáfica. A metamáfica encontra-se totalmente injetada por minerais opacos. O plagioclásio ocorre de forma anédrica e bastante saussuritizado. Em alguns grãos (muito poucos) é possível ver a geminação do tipo albita. No contato definido da porção metamáfica com a injeção de minerais opacos ocorre vênulas grossas constituídas de quartzo. O quartzo apresenta aspecto límpido, textura granular, com grãos anédricos e inequigranulares. No contato há, também, uma grossa vênula de carbonato. O carbonato apresenta geminações. Os grãos de carbonato são grandes e inequigranulares. O contato é marcado pela presença de muito mineral opaco. Em LR, ocorre em maior quantidade pirrotita, seguido de calcopirita e magnetita. A pirrotita apresenta coloração creme em tom rosado. É inequigranular, e em alguns grãos pode se observar anisotropismo. A calcopirita apresenta uma cor amarelada, relevo alto. A magnetita apresenta uma cor cinza. Estes minerais opacos ocorrem de forma anédrica e inequigranular. ROCHA: Formação Ferrífera (Minério Hidrotermal-Ironstone) Nota: LT = Luz Transmitida e LR = Luz Refletida. 112 FICHA DE DESCRIÇÃO PETROGRÁFICA Lâmina nº: AF 042 (Furo de sondagem DD-009) Coord. UTM: DESCRIÇÃO MACROSCÓPICA Rocha de granulação fina, com injeção de albita e sulfetos (pirita e calcopirita). DESCRIÇÃO MICROSCÓPICA Rocha com textura granonematoblástica, com presença de opacos (magnetita e calcopirita) anédricos injetados no plano de foliação da rocha. Ocorrem fraturas descontínuas e deformadas cortando a rocha perpendicularmente. Também há presença de injeções de sulfetos que cortam a rocha sem está na direção principal de orientação. COMPOSIÇÃO MINERALÓGICA Anfibólio (69%), opacos (17%) e plagioclásio (14%). Minerais opacos: magnetita: (12%) e calcopirita (5%). A pirita ocorre em vênulas. DESCRIÇÃO Em LT, os grãos de anfibólio apresentam coloração verde mais clara (levemente tremolitizados) e textura granonematoblástica. Em geral, são equigranulares, mas com ocorrem alguns grãos maiores representantes de restos de anfibólio. O plagioclásio apresenta cor branca, sem maclas de geminação, mas saussuritizados. Em LR, os sulfetos apresentam-se de forma inequigranular com grãos anédricos. Os sulfetos vistos na lâmina foram: magnetita, calcopirita e pirita (em vênulas). Nas finas injeções descontínuas que cortam a rocha é possível ver calcopirita. A magnetita ocorre é maior quantidade e sempre nos planos de foliação da rocha, apresentando formas, muitas vezes, arredondadas. Nos cristais de magnetita é possível ver exsolução de pirita. A calcopirita ocorre em contato com os restos dos grandes cristais de anfibólio. A pirita é vista nas vênulas que cortam a rocha em ângulos agudos. A pirita apresenta cor amarelada, e alguns grãos apresentam aspecto sujo. ROCHA: Anfibolito moderadamente alterado Nota: LT = Luz Transmitida e LR = Luz Refletida. 113 FICHA DE DESCRIÇÃO PETROGRÁFICA Lâmina nº: AF 058 A (Furo de sondagem DD-009) Coord. UTM: DESCRIÇÃO MACROSCÓPICA Rocha de coloração cinza e granulação fina. Apresenta granadas equigranulares de coloração rosa bem clarinho. DESCRIÇÃO MICROSCÓPICA Rocha intensamente biotitizada com textura lepidoblástica e nematoblástica (subordinadamente). Apresenta também clivagem de crenulação. Apresenta cristais idiomórficos de granada. COMPOSIÇÃO MINERALÓGICA Biotita (70%), granada (17%) e anfibólio (13%). DESCRIÇÃO A biotita encontra-se orientada, em forma de finas palhetas com coloração amarronzada e extinção olho de pássaro. Ocorre em contato com o anfibólio e envolta dos cristais de granada. São grãos subédricos. A granada ocorre em tons claros (rosado) em LP. Apresenta formas aproximadamente arredondadas. Alguns grãos apresentam inclusões menores de anfibólio. Em alguns grãos de granada é possível a orientação das inclusões de anfibólio. O anfibólio (hornblenda) ocorre em menor proporção, de forma anédrica (bastante cominuídos) e inequigranular, entre os cristais de biotita. Apresenta uma coloração verde. ROCHA: Anfibolito moderadamente modificado Nota: LT = Luz Transmitida e LR = Luz Refletida. 114 FICHA DE DESCRIÇÃO PETROGRÁFICA Lâmina nº: AF 062 (Furo de sondagem DD-064) Coord. UTM: DESCRIÇÃO MACROSCÓPICA Minério de ferro com bandas de quartzo e magnetita. DESCRIÇÃO MICROSCÓPICA Rocha com intercalação de bandas (finas e grossas) não muito bem definidas, de quartzo e magnetita. Algumas bandas estão deformadas. Dentro das bandas mais claras (quartzo) é possível ver magnetita, carbonato e anfibólio. Dentro da banda mais escura (magnetita) também é possível observa a mesma associação mineralógica. COMPOSIÇÃO MINERALÓGICA Magnetita (40%), quartzo (32%), anfibólio (20%) e carbonato (8%). DESCRIÇÃO Em LT, o quartzo ocorre de forma anédrica e inequigranular com contatos poligonais com os grãos de carbonato, anfibólio e magnetita. Forma um arranjo granular. Os grãos de quartzo são vistos nas bandas mais escuras constituídas essencialmente de magnetita, o que marca um contato gradacional. A magnetita ocorre de forma subédrica a anédrica. São inequigranulares e apresentam com contatos poligonais e sinuosos com os demais cristais. Anfibólio: possui uma coloração verde e forma anédrica. Os grãos de anfibólio são inequigranulares e estão sempre em contato com a magnetita. O carbonato ocorre muito pouco, tanto nas bandas máficas e félsicas. Apresenta um tom rosado, e sem geminações. Em LR, a lâmina é quase totalmente composta por magnetita. Mas, observa-se a presença de cristal de pirita dentro da magnetita. ROCHA: Formação Ferrífera Bandada (BIF) Nota: LT = Luz Transmitida e LR = Luz Refletida. 115 FICHA DE DESCRIÇÃO PETROGRÁFICA Lâmina nº: AF 063B (Furo de sondagem DD-064) Coord. UTM: DESCRIÇÃO MACROSCÓPICA Minério de ferro com bandas finas e grossas de quartzo e magnetita em contato com a rocha máfica anfibolitizada. No contato é possível ver injeções de carbonato. DESCRIÇÃO MICROSCÓPICA Rocha bandada apresentando bandas finas e grossas de quartzo e magnetita. Algumas bandas estão bem definidas. As bandas bem definidas são grossas. COMPOSIÇÃO MINERALÓGICA Quartzo (49%), opaco - magnetita (35%), anfibólio (14%) e carbonato (2%) DESCRIÇÃO Em LT, o quartzo ocorre nas bandas mais claras, mas também ocorre nas bandas mais escuras, o que marca o contato gradacional. Os grãos são anédricos e apresentam contatos poligonais e sinuosos com os cristais de anfibólio, magnetita e carbonato. O mineral opaco (magnetita) ocorre também nas bandas claras e escuras, registrando e confirmando o contato gradacional. Os grãos de magnetita são anédricos a subédricos, e inequigranulares. Seus contatos são sinuosos e poligonais com os cristais de anfibólio e quartzo. O anfibólio (cummingtonita/grunerita) ocorre em todas as bandas. Os grãos são anédricos, inequigranulares, orientados e apresentam uma forte coloração verde (tendendo ao azul). Os grãos de carbonato ocorrem muito pouco, apresentam tamanhos variados. Não se observam geminações. Está em contato com os cristais de quartzo, anfibólio e magnetita. Em LR, ocorre magnetita, descrita acima. ROCHA: Formação Ferrífera Bandada. (BIF) Nota: LT = Luz Transmitida e LR = Luz Refletida. 116 FICHA DE DESCRIÇÃO PETROGRÁFICA Lâmina nº: AF 065A (Furo de sondagem DD-064) Coord. UTM: DESCRIÇÃO MACROSCÓPICA Rocha anfibolítica magnetizada. Ocorrem magnetitas maiores com formas mais ou menos arredondadas. Há presença de injeções de quartzo com carbonato. DESCRIÇÃO MICROSCÓPICA Rocha bastante biotitizada com textura lepidoblástica e com presença de grãos enormes de minerais opacos (magnetita). Há injeções de carbonato adentrando nos planos de orientação da rocha. COMPOSIÇÃO MINERALÓGICA Biotita (42%), opaco–magnetita (30%), quartzo (18%) e carbonato (10%). DESCRIÇÃO Em LT, biotita: os grãos estão orientados, apresentam coloração marrom, levemente esverdeada, com extinção paralela e olho de pássaro. São subédricos a anédricos (quando cominuídos). Seus contatos são definidos com os cristais de quartzo, opacos e carbonato. Os minerais opacos ocorrem como cristais grandes, com tamanhos maiores que 1,5 mm. Apresentam-se de forma subédrica a anédrica (quando encontrado com forma mais arredondada). Apresenta contato com os grãos de carbonato, quartzo e biotita. O quartzo ocorre formando uma textura granular. Os grãos são límpidos com extinção ondulante. Ocorre entre os cristais de biotita, formando muitas vezes pequenas aglomerações. O carbonato ocorre às vezes em grãos isolados entre os cristais de biotita ou nas injeções que entram nos planos de foliação da rocha. Os grãos de carbonato, em geral, estão sempre em contato com os minerais opacos. Em LR ocorrem cristais de magnetita, descritos anteriormente. Importante chamar atenção para o tamanho destas magnetitas com formas subédricas e arredondadas. ROCHA: Formação Ferrífera (Minério Hidrotermal-Ironstone) Nota: LT = Luz Transmitida e LR = Luz Refletida. 117 FICHA DE DESCRIÇÃO PETROGRÁFICA Lâmina nº: AF 066 (Furo de sondagem DD 064) Coord. UTM: DESCRIÇÃO MACROSCÓPICA Rocha anfibolítica magnetizada e intensamente injetada, com injeções de carbonato, magnetita e quartzo. Apresenta cor branca (resultante do carbonato), com algumas porções pequenas esverdeadas (o que ainda dá para ver da rocha metamáfica). DESCRIÇÃO MICROSCÓPICA Rocha de granulação grosseira, com cristais grandes de anfibólio, magnetita e carbonato. Apresenta injeções grossas e contínuas de quartzo e descontínuas de carbonato. COMPOSIÇÃO MINERALÓGICA Anfibólio (58%), minerais opacos (20%), quarto (11%), biotita (8%) e carbonato (3%). Minerais opacos: magnetita (12%), pirita (5%), calcopirita (3%). DESCRIÇÃO Em LT, anfibólio (hornblenda): são cristais grandes, algumas vezes cominuídos. Observam-se grãos finos apresentando uma granulometria menor. Apresentam coloração verde e estão fracamente transformados para biotita. Em geral são subédricos e inequigranulares. Os minerais opacos ocorrem distribuídos. São grãos subédricos a anédricos com formas mais ou menos arredondadas. O quartzo ocorre distribuído, em grãos individuais ou em agregados (nas injeções, formando textura granular). A biotita substitui o anfibólio. É reconhecida pela leve extinção olho de pássaro e pela sua cor marrom. O carbonato é representado por grãos grandes, às vezes individuais ou nas injeções descontínuas. Apresenta um aspecto sujo e tom rosado. Alguns apresentam geminação. Em LR, ocorre muita magnetita. São inequigranulares, de coloração cinza e com formas mais ou menos arredondadas. A pirita ocorre de forma anédrica e inequigranular e apresenta exsolução de calcopirita. A calcopirita ocorre em grãos bem menores e inequigranulares com formas subédricas a anédricas. A calcopirita está dispersa em toda a lâmina. ROCHA: Formação Ferrífera (Minério Hidrotermal-Ironstone) Nota: LT = Luz Transmitida e LR = Luz Refletida. 118 FICHA DE DESCRIÇÃO PETROGRÁFICA Lâmina nº: AF 068 (furo de sondagem DD-064) Coord. UTM: DESCRIÇÃO MACROSCÓPICA Rocha de coloração esverdeada com injeções de magnetita e carbonato. Primeira manifestação de minério, cheia de sulfetos, antes de entrar na zona mineralizada. DESCRIÇÃO MICROSCÓPICA Rocha orientada de granulação grosseira, com grandes cristais de anfibólio. Apresenta um aspecto de injeção. Ocorre uma porção com minerais opacos (magnetita, pirita e calcopirita) intercalada nas bandas de quartzo, lembrando formações ferríferas bandadas. COMPOSIÇÃO MINERALÓGICA Metamáfica: Anfibólio (50%), biotita (35%), quartzo (15%) e carbonato (1%). Na porção do minério: quartzo (40%), minerais opacos (30%), anfibólio (20%) e carbonato (10%). Minerais opacos: magnetita (20%), pirita (5%) e calcopirita (5%). DESCRIÇÃO Em LT, observa-se claramente uma porção metamáfica, bastante biotitizada (com biotita em forma de finas palhetas), com injeções de quartzo que adentram nos planos de foliação. Esta porção está em contato com uma porção do minério que apresenta feição levemente bandada, com bandas definidas de quartzo. O quartzo apresenta-se límpido e com extinção ondulante. Nesta porção encontram-se anfibólios azuis (cummingtonita/grunerita). O carbonato ocorre em proporção menor, em grãos grandes, individuais ou formando um pequeno agrupamento de grãos. Em LR, a maior parte é magnetita. A magnetita apresenta forma anédrica e inequigranular. A pirita, também ocorre com formas anédricas e aspecto sujo. A calcopirita ocorre de forma subordinada, representada por pequenos grãos anédricos e inequigranulares. ROCHA: Formação Ferrífera (Minério Hidrotermal-Ironstone) Nota: LT = Luz Transmitida e LR = Luz Refletida. 119 FICHA DE DESCRIÇÃO PETROGRÁFICA Lâmina nº: AF 069 (Furo de sondagem DD-064) Coord. UTM: DESCRIÇÃO MACROSCÓPICA Rocha anfibolítica com injeção de magnetita e carbonato, e com presença de sulfetos (pirita). DESCRIÇÃO MICROSCÓPICA Rocha mineralizada com intercalações não definidas de bandas de minerais opacos (magnetita) e quartzo. Presença de anfibólio azul. Ocorrem injeções descontínuas de carbonato. COMPOSIÇÃO MINERALÓGICA Quartzo (42%), minerais opacos (33%), anfibólio (22%) e carbonato (3%). Carbonato ocorre nas injeções descontínuas. Minerais opacos: magnetita (25%), pirita (5%) e calcopirita (3%). DESCRIÇÃO Em LT, o quartzo ocorre formando textura granular em grãos anédricos e inequigranulares. Apresenta extinção ondulante e encontram-se ora límpidos ora com pontinhos pretos. Ocorre muito mineral opaco com forma anédrica a subédrica e tamanhos variados. Há um leve bandamento na lâmina. O anfibólio apresenta uma cor verde azulada e apresenta contato com o mineral opaco. O carbonato ocorre em grãos individuais anédricos ou nas injeções, onde é possível ver geminação. Em LR, ocorre quase totalmente magnetita representada por grãos anédricos e inequigranulares, com presença de exsolução de pirita. Em menores proporções ocorre a pirita anédrica e inequigranular. A pirita está em contato com a magnetita. De forma subordinada ocorre calcopirita, em grãos pequenos e anédricos. A calcopirita está distribuída pela lâmina. ROCHA: Formação Ferrífera (Minério Hidrotermal-Ironstone) Nota: LT = Luz Transmitida e LR = Luz Refletida. 120 FICHA DE DESCRIÇÃO PETROGRÁFICA Lâmina nº: AF 104 (Furo de sondagem DD-031) Coord. UTM: DESCRIÇÃO MACROSCÓPICA Rocha finamente bandada, com intercalações de magnetita e quartzo. DESCRIÇÃO MICROSCÓPICA Rocha bandada, com bandas com espessuras variadas de quartzo e mineral opaco (magnetita). COMPOSIÇÃO MINERALÓGICA Quartzo (58%), minerais opacos - magnetita (30%) e anfibólio azul (12%). DESCRIÇÃO Em LT, o quartzo ocorre formando textura granular, com grãos anédricos e com contatos poligonais e sinuosos. Os grãos de quartzo apresentam aspecto sujo. O mineral opaco (magnetita) ocorre nas bandas escuras, mas há magnetita nas bandas de quartzo o que registra um contato gradacional. São anédricos e inequigranulares. Estão em contato com o anfibólio azul. O anfibólio azul (cummingtonita/grunerita) ocorre mais associado à magnetita. São subédricos a anédricos, predominando a forma anédrica. São inequigranulares. Em LR, ocorre essencialmente magnetita, descrita já anteriormente. ROCHA: Formação Ferrífera Bandada (BIF) Nota: LT = Luz Transmitida e LR = Luz Refletida. 121 FICHA DE DESCRIÇÃO PETROGRÁFICA Lâmina nº: AF 106 (Furo de sondagem DD-031) Coord. UTM: DESCRIÇÃO MACROSCÓPICA Minério de ferro bandado com bandas maiores que a da amostra AF 104 (DD 031). DESCRIÇÃO MICROSCÓPICA Rocha com bandas grossas de mineral opaco (magnetita) e quartzo. Ocorre anfibólio azul, mas em tons mais claros. COMPOSIÇÃO MINERALÓGICA Quartzo (47%), mineral opaco (36%), anfibólio (17%). *Difícil estimativa, pois as bandas são muito grossas, tomando quase toda a lâmina. DESCRIÇÃO Em LT, ocorrem bandas mais grosseiras e definidas de quartzo e mineral opaco (magnetita). Está lâmina marca contatos definidos entre as bandas. O quartzo ocorre formando textura granular e apresenta um aspecto sujo. São inequigranulares e apresentam contatos poligonais e sinuosos com os próprios cristais de quartzo e com os cristais de anfibólio e magnetita. O mineral opaco (magnetita) aparece também na banda do quartzo (lâmina caracterizada também pelo contato gradacional). O anfibólio (hornblenda) aparece distribuído por toda a lâmina. Em comparação com as lâminas anteriores, aparece com granulometria menor. O anfibólio possui tons mais claros de verde. Em LR, ocorre essencialmente magnetita representada por grãos anédricos a subédricos, inequigranulares. Apresenta coloração cinza. Está em contato com os cristais de anfibólio e são vistos também nas bandas mais claras constituídas essencialmente de quartzo. ROCHA: Formação Ferrífera Bandada (BIF) Nota: LT = Luz Transmitida e LR = Luz Refletida. 122 FICHA DE DESCRIÇÃO PETROGRÁFICA Lâmina nº: AF 109 (Furo de sondagem DD-031) Coord. UTM: DESCRIÇÃO MACROSCÓPICA Minério maciço (magnetizado) em contato com uma porção da rocha metamáfica anfibolitizada. Observa-se biotita e injeções de carbonato. DESCRIÇÃO MICROSCÓPICA Minério sem bandas definidas, mas com presença de quartzo e mineral opaco (magnetita). Em uma parte da lâmina observam-se restos de rocha metamáfica, com presença de muita biotita. COMPOSIÇÃO MINERALÓGICA Quartzo (53%), mineral opaco (35%), biotita (12%). DESCRIÇÃO Em LT, ocorrem muito quartzo e mineral opaco, mas sem presença de bandas. O quartzo ocorre formando textura granular, ora com aspecto límpido ora com aspecto sujo. Apresenta contato poligonal com o mineral opaco. O quartzo ocorre nas bandas deformadas e descontínuas. A feição da deformação lembra uma dobra. O mineral opaco (magnetita) aparece também na banda do quartzo. A biotita ocorre distribuída por toda a lâmina de forma subordinada, em palhetas finas e pequenas. Em uma porção da rocha, a biotita aparece bem maior (aporte potássico) apresentando cor marrom, extinção paralela e presença de grãos (zirconita e/ou allanita) inclusos radioativos, reconhecidos pelo aspecto irradiado. Nesta lâmina, os grãos de minerais radioativos estavam pequenos. * Em outras lâminas, é possível distinguir. Em LR, ocorre essencialmente magnetita. Apresenta formas subédricas a anédricas, com inequigranulares. É nítido o caráter de injeção, com grãos de magnetita entre os cristais de quartzo. ROCHA: Formação Ferrífera (Minério Hidrotermal-Ironstone) Nota: LT = Luz Transmitida e LR = Luz Refletida. 123 FICHA DE DESCRIÇÃO PETROGRÁFICA Lâmina nº: AF 114 (Furo de sondagem DD-031) Coord. UTM: DESCRIÇÃO MACROSCÓPICA Minério com feição de injeção. DESCRIÇÃO MICROSCÓPICA Observam minerais opacos (magnetita) e quartzo, onde dentro desse contexto ocorrem “bolsões” ou “agregados” de anfibólio. COMPOSIÇÃO MINERALÓGICA Quartzo (41%), mineral opaco - magnetita (27%), anfibólio - grunerita/cummingtonita (24%) e carbonato (8%). DESCRIÇÃO Em LT, o quartzo ocorre em contato com o mineral opaco (magnetita), formando arranjo granular. Os grãos de quartzo estão límpidos e apresentam extinção ondulante. O mineral opaco (magnetita) ocorre também distribuído por toda a lâmina, com formas subédricas a anédricas, inequigranulares. Uma feição importante desta lâmina é presença de “bolsões” de anfibólio, que sugerem um aspecto de injeção. Estes bolsões são contornados por injeções constituídas de quartzo e magnetita. Os anfibólios (cummingtonita/grunerita) apresentam cores que variam de verde azulado a verde claro, com predomínio da última cor. Nesta lâmina é nítida a presença de geminações no anfibólio (cummingtonita). Em LR, ocorre essencialmente magnetita. A magnetita ocorre distribuída por toda a lâmina, e é representada por grãos inequigranulares, subédricos a anédricos. Apresenta um aspecto límpido e coloração cinza. Forma contatos sinuosos e poligonais. ROCHA: Formação Ferrífera (Minério Hidrotermal-Ironstone) Nota: LT = Luz Transmitida e LR = Luz Refletida. 124 FICHA DE DESCRIÇÃO PETROGRÁFICA Lâmina nº: AF 115 (Furo de sondagem DD-031) Coord. UTM: DESCRIÇÃO MACROSCÓPICA Rocha anfibolítica magnetizada, com presença de biotita e magnetita arredondada. DESCRIÇÃO MICROSCÓPICA Rocha orientada com aspecto de injeção. Ocorrem injeções de minerais opacos. COMPOSIÇÃO MINERALÓGICA Anfibólio (63%), mineral opaco (37%). Minerais opacos: magnetita (30%) e pirita (7%). DESCRIÇÃO Em LT, o anfibólio ocorre em dois tipos (hornblenda e cummingtonita/grunerita). Ocorre com coloração verde azulada, sempre associado ao mineral opaco (magnetita), e verde claro. Os anfibólios do tipo hornblenda (verde claro) ocorrem em menor proporção. O Anfibólio verde azulado ou simplesmente verde predomina mais e corresponde a cummingtonita que apresenta geminação típica. O mineral opaco ocorre nas injeções. Em LR, ocorrem magnetita e pirita. A magnetita ocorre distribuída por toda a lâmina em grãos individuais anédricos e nas injeções adentram na rocha metamáfica. Os grãos de pirita ocorrem também de forma dispersa na lâmina com grãos anédricos e nas injeções. ROCHA: Formação Ferrífera (Minério Hidrotermal-Ironstone) Nota: LT = Luz Transmitida e LR = Luz Refletida. 125 FICHA DE DESCRIÇÃO PETROGRÁFICA Lâmina nº: AF 125 (Furo de sondagem DD-008) Coord. UTM: DESCRIÇÃO MACROSCÓPICA Rocha de coloração cinza esverdeada, com presença de injeções de carbonato. DESCRIÇÃO MICROSCÓPICA Rocha de granulação grossa, com cristais grandes de anfibólio e presença de injeção de carbonato e mineral opaco (pirita). COMPOSIÇÃO MINERALÓGICA Anfibólio (78%), carbonato (17%), quartzo (5%). Injeção de mineral opaco: pirita DESCRIÇÃO Em LT, ocorrem grandes cristais de anfibólio (hornblenda), de forte cor verde, subédricos e inequigranulares. A massa de anfibólio é nitidamente cortada por injeções constituídas por carbonato e mineral opaco. O carbonato além de ocorrer na injeção, também ocorre como grãos individuais dispersos na lâmina. Apresenta geminação e tons rosados. O quartzo ocorre em menor proporção formando agregados de cristais, onde os grãos formam uma textura granular. Apresentam extinção ondulante. Em LR, ocorre essencialmente a pirita. A pirita só é vista na injeção. Apresenta cor amarela, não apresenta aspecto sujo. ROCHA: Anfibolito com maior grau de alteração Nota: LT = Luz Transmitida e LR = Luz Refletida. 126 FICHA DE DESCRIÇÃO PETROGRÁFICA Lâmina nº: AF 128 (Furo de sondagem DD-008) Coord. UTM: DESCRIÇÃO MACROSCÓPICA Granitóide (sienito) em contato com a rocha metamáfica rica em magnetita. DESCRIÇÃO MICROSCÓPICA Basicamente a rocha foi laminada na porção da metamáfica, pois não se observa a porção do granitóide. E sem presença de minerais opacos. COMPOSIÇÃO MINERALÓGICA Quartzo (40%), granada (32%), anfibólio (16%), biotita (11%). Minerais acessórios: allanita (1%). DESCRIÇÃO Em LT, presença de enormes cristais de granada de coloração rosa. Não apresenta inclusão, encontram-se cominuídas e são inequigranulares. Alguns grãos de granada encontram-se arredondados. A biotita ocorre por toda a lâmina, resultado da alteração do anfibólio. Apresenta coloração marrom e extinção olho de pássaro. Apresenta também halos pleocróicos (dado pelos cristais de allanita). O anfibólio (hornblenda) ocorre em toda a lâmina, apresenta cor verde, algumas vezes um verde tendendo ao azul. Tanto a biotita, como o anfibólio são subédricos e inequigranulares. O quartzo ocorre disperso pela lâmina. Apresenta textuta granular. Os grãos são límpidos e apresentam extinção ondulatória. A allanita ocorre formando halos pleocróícos na biotita. Estes halos encontram-se distribuídos por toda a lâmina, nas biotitas. Em um único grão de biotita é possível ver mais de um cristal de allanita. Nesta lâmina não ocorre minerais opacos. ROCHA: Anfibolito com maior grau de alteração. Nota: LT = Luz Transmitida e LR = Luz Refletida. 127 FICHA DE DESCRIÇÃO PETROGRÁFICA Lâmina nº: AF 132 (Furo de sondagem DD-008) Coord. UTM: DESCRIÇÃO MACROSCÓPICA Rocha de coloração esverdeada, magnetizada, com presença de injeções de carbonato e sulfeto (pirita). DESCRIÇÃO MICROSCÓPICA Rocha com maior presença de anfibólio, com bastante mineral opaco, disperso em toda a lâmina. COMPOSIÇÃO MINERALÓGICA Anfibólio (47%), mineral opaco (32%), carbonato (14%) e quartzo (7%). Minerais opacos: magnetita (24%) pirita (6%) e calcopirita (2%). DESCRIÇÃO Em LT, ocorre em maior proporção o anfibólio. O anfibólio (hornblenda) ocorre em grãos com tamanhos variados. Os cristais maiores são subédricos e os menores não apresentam uma forma definida. Apresenta um aspecto sujo e coloração verde, com alguns grãos apresentando uma forte cor verde. O mineral opaco ocorre em grãos inequigranulares, com forma subédrica a anédrica (às vezes arredondadas). O carbonato ocorre disperso por toda a lâmina, em grãos individuais, ou em aglomerados que representam restos de uma injeção. Apresenta tons rosados. O quartzo ocorre distribuído por toda a lâmina, em proporções menores, entre os cristais de anfibólio. Apresentam aspecto límpido e, também, sujo. Em LR, a magnetita ocorre na forma anédrica, com cristais arredondados ou sem formas definidas. A pirita apresenta aspecto sujo, é subédrica, e inequigranular. Apresenta pequenas inclusões de calcopirita que ocorre de forma subordinada e em geral associada à pirita. ROCHA: Formação Ferrífera (Minério Hidrotermal-Ironstone) Nota: LT = Luz Transmitida e LR = Luz Refletida. 128 FICHA DE DESCRIÇÃO PETROGRÁFICA Lâmina nº: AF 138 (Furo de sondagem DD-024) Coord. UTM: DESCRIÇÃO MACROSCÓPICA Formação Ferrífera finamente bandada, com magnetita. DESCRIÇÃO MICROSCÓPICA Rocha constituída por bandas bem definidas de quartzo e magnetita. COMPOSIÇÃO MINERALÓGICA Quartzo (46%), minerais opacos (37%) e anfibólio (18%). Minerais opacos: magnetita (20%) e hematita (17%) DESCRIÇÃO Em LT, ocorrem bandas bem definidas de quartzo e mineral opaco (magnetita). O quartzo apresenta textura granular. Os grãos apresentam aspecto sujo e extinção ondulante. Nas bandas de quartzo, há magnetita (contato gradacional) e anfibólio azul. O mineral opaco ocorre distribuído por toda a lâmina. São inequigranulares, subédricos a anédricos. Nas bandas de mineral opaco é possível ver quartzo (contato gradacional) e anfibólio azul. O anfibólio (cummingtonita/grunerita) ocorre em toda a lâmina. Apresenta cor verde azulada, com alguns tons mais fortes de azul (anfibólio férrico). São inequigranulares, anédricos a subédricos. Em LR, a lâmina é constituída por magnetita (cinza) e hematita (branca e anisotrópica). Predominando a magnetita. Ambos os minerais ocorrem formando um mosaico de grãos, com contatos sinuosos e poligonais com os cristais de quartzo, anfibólio. ROCHA: Formação Ferrífera Bandada (BIF). Nota: LT = Luz Transmitida e LR = Luz Refletida. 129 FICHA DE DESCRIÇÃO PETROGRÁFICA Lâmina nº: AF 139 (Furo de sondagem DD-024) Coord. UTM: DESCRIÇÃO MACROSCÓPICA Minério maciço em contato com a porção metamáfica rica em sulfetos. DESCRIÇÃO MICROSCÓPICA Rocha metamáfica rica em magnetita. Há presença de outros minerais opacos (pirita) e também de microclina. COMPOSIÇÃO MINERALÓGICA Anfibólio (35%), K-feldspato – microclina (25%), minerais opacos (21%), biotita (14%) e quartzo (5%). Minerais opacos: magnetita (11%) e pirita (9%) DESCRIÇÃO Em LT, feição levemente milonitizada, com presença de cristais de anfibólio (hornblenda) orientados, de cor verde, sendo possível ver alteração para biotita. Estão levemente alterados para biotita. O feldspato (microclínio) apresenta coloração acinzentada. Os grãos ocorrem dispersos por toda a lâmina, na maioria das vezes, contornados por grãos de anfibólio e biotita (feição milonítica). A microclina apresenta forma arredondada. Os minerais opacos ocorrem dispersos em toda a lâmina, apresentando formas definidas, muitas vezes, cúbicas. A biotita ocorre substituindo o anfibólio. É reconhecida pela extinção olho de pássaro e mascarada pela cor verde ainda do anfibólio. O quartzo ocorre muito pouco e está disperso na lâmina em grãos individuais. Em LR, ocorre magnetita em tons acinzentados com faces subédricas a anédricas. São inequigranulares. A pirita que está bem definida ocorre em faces cúbicas. Os grãos de pirita são grandes e inequigranulares. ROCHA: Anfibolito com maior grau de alteração Nota: LT = Luz Transmitida e LR = Luz Refletida. 130 FICHA DE DESCRIÇÃO PETROGRÁFICA Lâmina nº: AF 165 (Furo de sondagem DD-060) Coord. UTM: DESCRIÇÃO MACROSCÓPICA Rocha bastante hidrotermalizada, com presença de carbonato, pirrotita e pirita. DESCRIÇÃO MICROSCÓPICA Rocha com textura caótica e de injeção. Apresenta o diopsídio (piroxênio que pode ser encontrado em escarnitos). Presença de injeções de quartzo associado a carbonato e mineral opaco. COMPOSIÇÃO MINERALÓGICA Minerais opacos (34%), biotita (23%), anfibólio (15%), diopsídio (11%), quartzo (9%), carbonato (6%), apatita (1%) e titanita (1%). Minerais opacos: pirrotita (27%) e pirita (17%) DESCRIÇÃO Em LT, presença de minerais opacos dispersos ou nas vênulas. As injeções estão deformadas e descontínuas. A biotita ocorre em uma porção da lâmina. Apresenta cor marrom avermelhada e extinção paralela, e ocorre em formas de palhetas orientadas. É possível ver halos pleocróicos de allanita na biotita. O anfibólio (hornblenda) ocorre às vezes cominuídos ou em grãos grandes subédricos, apresenta cor verde, encontra-se por toda a lâmina, mesmo assim em menor proporção (em relação à biotita). O diopsídio apresenta um tom verde pálido (LP), com uma alta birrefringência. É subédrico e apresenta forma prismática. O quartzo ocorre distribuído pela lâmina, mas em proporção pequena ou nas injeções formando textura granular. O carbonato encontra-se associado ao quartzo. São inequigranulares e não apresentam geminações. Um pequeno grão de apatita foi visto. Apresenta cor branca, e está posicionado no canto da lâmina (difícil observação). Em LR, ocorrem venulações grossas descontínuas (pirita) e contínuas (pirrotita). A pirita tem aspecto sujo e uma cor amarela, enquanto a pirrotita apresenta-se límpida, com uma cor creme rosada. ROCHA: Anfibolito com maior grau de alteração Nota: LT = Luz Transmitida e LR = Luz Refletida. 131 FICHA DE DESCRIÇÃO PETROGRÁFICA Lâmina nº: AF 141 (Furo de sondagem DD 024) Coord. UTM: DESCRIÇÃO MACROSCÓPICA Rocha metamáfica intensamente magnetizada com cristais de anfibólio de granulação média. DESCRIÇÃO MICROSCÓPICA Formação ferrífera com bandas grossas e com presença de anfibólio azul. COMPOSIÇÃO MINERALÓGICA Quartzo (45%), minerais opacos (42%) e anfibólio (13%). Minerais opacos: magnetita (20%) e hematita (17%) DESCRIÇÃO Em LT, bandas grossas de quartzo e mineral opaco (magnetita e hematita). O quartzo ocorre na forma de grãos límpidos que apresentam contatos sinuosos e poligonais com anfibólio e mineral opaco. Apresenta textura granular. A magnetita encontra-se formando um mosaico de grãos. Os grãos são inequigranulares. Estão em contato com o quartzo e o anfibólio. O anfibólio (cummingtonita/grunerita) apresenta coloração verde azulada. São anédricos e inequigranulares. Ocorrem nas bandas claras e escuras. Em LR, ocorre tanto magnetita e hematita. Ambos apresentam-se com formas anédricas a subédricas. Encontram-se distribuídos por toda a lâmina, concentrando-se nas bandas de minerais opacos. ROCHA: Formação Ferrífera Bandada (BIF). Nota: LT = Luz Transmitida e LR = Luz Refletida. 132 FICHA DE DESCRIÇÃO PETROGRÁFICA Lâmina nº: AF 143 (Furo de sondagem DD-024) Coord. UTM: DESCRIÇÃO MACROSCÓPICA Minério bandado cortado por uma injeção de carbonato. DESCRIÇÃO MICROSCÓPICA Minério finamente bandado, com bandas finas de quartzo e magnetita. O minério é cortado por uma injeção grossa de carbonato. COMPOSIÇÃO MINERALÓGICA Quartzo (46%), minerais opacos - magnetita (34%), biotita (12%) e anfibólio (8%). O carbonato ocorre na injeção. DESCRIÇÃO Em LT, ocorrem bandas finas de magnetita e quartzo, com anfibólios (hornblenda) de coloração verde claro. As bandas são finas e definidas. O quartzo forma mosaico de grãos límpidos e inequigranulares. Nas injeções de carbonato ocorrem minerais opacos, mas, em menor proporção. O carbonato ocorre apenas na injeção. O minério está em contato com a injeção de carbonato. Neste contato há finas palhetas grandes de biotita que só é encontrada nesta situação (contato) na lâmina. A biotita apresenta coloração marrom. Em LR, ocorre essencialmente magnetita. Apresenta forma anédrica. Os grãos de magnetita apresentam coloração cinza e são inequigranulares. ROCHA: Formação Ferrífera Bandada (BIF). Nota: LT = Luz Transmitida e LR = Luz Refletida. 133 FICHA DE DESCRIÇÃO PETROGRÁFICA Lâmina nº: AF 188 (Furo de sondagem DD-057) Coord. UTM: DESCRIÇÃO MACROSCÓPICA Rocha anfibolitizada injetada por muita magnetita (minério hidrotermal). DESCRIÇÃO MICROSCÓPICA Rocha com feição hidrotermal, com presença de uma porção pegmatoidal. Ao redor dos minerais opacos há muito anfibólio de coloração esverdeada. COMPOSIÇÃO MINERALÓGICA Quartzo (65%), minerais opacos (12%) e anfibólio (23%). Minerais opacos: magnetita (9%) e pirita (3%) DESCRIÇÃO Em LT, rocha não bandada, mas que concentra uma porção de quartzo. A magnetita aparece mais em uma porção da lâmina (porção representante da rocha metamáficarestos), com aspecto de injeção, mas também ocorre distribuída pela lâmina, em grãos individuais e isolados. O anfibólio (hornblenda) apresenta uma cor verde. Encontra-se por toda a lâmina, são subédricos a anédricos e estão levemente orientados. Estão concentrados na porção (restos de metamáfica) com muita magnetita, e encontram-se de forma inequigranular e em grãos subédricos. Em LR, a magnetita aparece nas porções metamáficas. Os grãos são inequigranulares e estão em contato com os cristais de anfibólio. A pirita ocorre distribuída pela lâmina e às vezes inclusa na magnetita. Os grãos de pirita são subédricos a anédricos e apresentam um aspecto sujo. ROCHA: Formação Ferrífera (Minério Hidrotermal-Ironstone) Nota: LT = Luz Transmitida e LR = Luz Refletida. 134 FICHA DE DESCRIÇÃO PETROGRÁFICA Lâmina nº: AF 207 (Furo de sondagem DD-065) Coord. UTM: DESCRIÇÃO MACROSCÓPICA Rocha anfibolitizada toda injetada por magnetita. DESCRIÇÃO MICROSCÓPICA Contato do minério bandado ou laminado (injetado nos planos de foliação da rocha formando um aspecto laminado) com rocha metamáfica (bastante mobilizada). A porção da metamáfica é constituída por plagioclásio, anfibólio e grãos enormes de magnetita levemente arredondados. Há injeção de magnetita entre os contatos. COMPOSIÇÃO MINERALÓGICA Metamáfica: anfibólio (37%), plagioclásio (22%), mineral opaco (17%), quartzo (10%), K-feldspato (9%) e carbonato (5%). Minério Injetado: Quartzo (45%), mineral opaco (27%), anfibólio (18%) e carbonato (10%). Injeção de minerais opacos (magnetita) e quartzo. DESCRIÇÃO Em LT, a rocha apresenta uma feição de injeção. Ocorre injeção de magnetita e de quartzo. As injeções são contínuas (com magnetita) e descontínuas (com quartzo). Ambas estão deformadas. O anfibólio é de dois tipos: hornblenda (porção metamáfica) e cummingtonita-grunerita (porção do minério). Nas duas porções, o anfibólio ocorre disperso, são inequigranulares e apresentam forma subédrica a anédrica. O plagioclásio apresenta geminação albita. Os grãos de plagioclásio são inequigranulares, e encontramse, muitas vezes, límpidos. O mineral opaco ocorre em toda a lâmina. Na porção metamáfica o mineral opaco encontra-se disperso com formas levemente arredondadas. O quartzo ocorre predominantemente na parte do minério, formando uma textura granoblástica. O feldspato é encontrado próximo às zonas de contato. Apresentam geminação do tipo microclina. Em LR, a lâmina é constituída por magnetita. A magnetita forma uma textura em mosaico com grãos inequigranulares, subédricos a anédricos. Está em contato com o anfibólio. Chama atenção, a porção metamáfica que apresenta cristais de magnetita individuais, inequigranulares e com formas arredondadas e subédricas. ROCHA: Formação Ferrífera (Minério Hidrotermal-Ironstone) Nota: LT = Luz Transmitida e LR = Luz Refletida. 135 FICHA DE DESCRIÇÃO PETROGRÁFICA Lâmina nº: AF 214 (Furo de sondagem DD-065) Coord. UTM: DESCRIÇÃO MACROSCÓPICA Anfibolito intensamente magnetizado, com injeções descontínuas de K-feldspato e carbonato. DESCRIÇÃO MICROSCÓPICA Rocha com aspecto de injeção, apresentado injeções de magnetita, K-feldspato e quartzo. COMPOSIÇÃO MINERALÓGICA Minerais opacos (36%), K- feldspato (22%), anfibólio (18%), quartzo (15%) e biotita (9%). Minerais opacos: magnetita DESCRIÇÃO Em LT, o mineral opaco (magnetita) encontra-se concentrado nas injeções formando uma textura em mosaico. Mas também ocorrem de forma individual com grãos subédricos a anédricos. O tamanho dos grãos individuais é maior do que o dos grãos que formam textura em mosaico. O K-feldspato (microclina) apresenta uma coloração rosa e um aspecto sujo, e está distribuído por toda a lâmina de forma inequigranular. O anfibólio (hornblenda e cummingtonita/grunerita) é inequigranular e ocorre nas porções da lâmina carregada de magnetita. O anfibólio apresenta uma coloração verde e verde azulada. São subédricos a anédricos e encontram-se espalhados por toda lâmina. O quartzo apresenta aspecto sujo com superfície cheia de pontinhos pretos. É visto em toda a lâmina, principalmente nas porções com magnetita formando uma textura granular. A biotita apresenta uma cor marrom avermelhada, está orientada. É vista em uma pequena porção da lâmina entre os cristais de anfibólio. Em LR, a rocha é constituída por magnetita, com feições já descritas em luz transmitida. Apresenta cor cinza e contatos poligonais e sinuosos com os cristais de anfibólio. ROCHA: Formação Ferrífera (Minério Hidrotermal-Ironstone) Nota: LT = Luz Transmitida e LR = Luz Refletida.