VARIABILIDADE PLUVIOMÉTRICA NA BACIA DO RIO IVAÍ (1976-2012) Denis Anderson Vieira de Moura (Bolsista Fundação Araucária/Iniciação Cientifica); Deise Fabiana Ely, e-mail: [email protected]. Universidade Estadual de Londrina/Departamento de Geociências. Área e sub-área Geográfica. do conhecimento: Geografia Física/Climatologia Palavras-chave: Variabilidade; chuvas; bacia hidrográfica. Resumo Esta pesquisa objetivou analisar a variabilidade pluviométrica na Bacia do Rio Ivaí (PR) com o intuito de verificar se há padrões na ocorrência de períodos secos e/ou chuvosos, de modo que os resultados possam ser úteis para possíveis planejamentos hídricos (abastecimento de municípios) e, também, para outros setores econômicos, dentre eles o agrícola que é um dos principais responsáveis pela economia dos municípios pertencentes a esta bacia. A pesquisa foi realizada a partir de dados pluviométricos de estações meteorológicas e postos pluviométricos distribuídos ao longo da Bacia do Rio Ivaí para um período de 36 anos (1976-2012). A área de estudo possui um total de 33 postos e estações que pertencem aos órgãos ANA (Agência Nacional de Águas), IAPAR (Instituto Agronômico do Paraná) e INMET (Instituto Nacional de Meteorologia). Introdução e objetivo A chuva é um fenômeno que apresenta uma ampla variabilidade espacial e temporal. Esta variabilidade é intrínseca ao fenômeno climático. [...] o clima muito dinâmico, torna-se necessária à observação de seus principais elementos, como a temperatura, a umidade e a pluviosidade, por um longo período de tempo, para verificar-se as variações de seu comportamento. (BALDO, 2006, p.1) A chuva configura-se como um dos principais elementos do clima, havendo também a necessidade de observar e analisar sua ocorrência para verificar possíveis variações e tendências. Devido o expressivo aumento populacional, seja em escala regional, continental ou global, a demanda por serviços como produção de energia elétrica (usinas hidrelétricas), abastecimento de reservatórios para uso industrial e doméstico e, é claro, a produção agrícola vem crescendo 1 gradativamente, sendo todos esses setores da economia dependentes do clico de renovação natural da água, ou seja, a chuva. Deste modo, este trabalho objetivou analisar a dinâmica climática e a variabilidade das chuvas com o intuito de identificar padrões na variabilidade das precipitações na área de estudo. A bacia hidrográfica do rio Ivaí possui uma intensa atividade agrícola que é desenvolvida no território de 102 municípios, ou seja, a água enquanto recurso possui importância social (abastecimento doméstico) e econômica (atividades agrícolas e industriais) fundamental. Procedimentos metodológicos Ao longo da extensão da bacia do Rio Ivaí estão distribuídas estações hidrológicas, meteorológicas e agrometeorológicas pertencentes à Agência Nacional de Águas (ANA), ao Instituto Agronômico do Paraná (IAPAR) e ao Instituto Nacional de Meteorologia (INMET). Após serem coletados, os dados diários foram tabulados em valores mensais para, posteriormente, integralizarem os totais anuais. Este procedimento foi realizado para os dados de 33 estações para o período 1976 a 2012 (36 anos). Com as informações de latitude, longitude e altitude de cada estação, em conjunto com seus respectivos dados pluviométricos, foi possível produzir uma espacialização da precipitação na área em estudo e gerar gráficos para a representação dos resultados do cálculo de regressão entre as médias das precipitações e os fatores climáticos citados para o período analisado. Tais procedimentos foram executados por meio do software IDRISI© (1987-2012 Clark University, versão Selva 17.00), com a finalidade de realizar uma espacialização com as características topográficas do estado do Paraná e, consequentemente, da área da bacia em estudo. Para fundamentar a análise da variabilidade dos totais anuais foram aplicadas as fórmulas do Desvio Padrão, o Índice Padronizado e o Percentil por meio da planilha eletrônica do Windows Office Excel® 2007. (NASCIMENTO JÚNIOR, 2013) Resultados e discussão Por meio das espacializações do software IDRISI©, de forma geral, foi verificado que a chuva na bacia ocorre em maior volume em sua porção sudeste e as maiores médias pluviométricas ocorrem nas áreas de maiores altitudes da bacia hidrográfica, situadas em sua porção Sul. Enquanto que a classificação dos anos em: extremamente chuvoso, chuvoso, habitual, seco e extremamente seco, obtidos pelos testes estatísticos no Excel®, nota-se que não há uma predominância de anos secos ou chuvosos, mas é possível identificar períodos chuvosos que ocorreram de modo mais expressivo nos anos de 1982, 1983, 1990, 1997, 1998 e 2009. 2 Enquanto que os anos secos foram: 1978, 1985, 1988 e 1991. Os anos habituais foram os anos de 1979, 1985, 1988, 1994, 1995, 1996, 2002, 2010 e 2011. Em média, mais de 20 estações registraram totais pluviométricos dentro da média histórica. Para os anos que foram caracterizados como habituais foram verificadas condições de El Niño fraco ou moderado, exceto para o ano de 1996 quando ocorreu um La Niña fraco, mas que sucedeu um El Niño moderado (1995) e antecedeu um El Niño forte (1997). (CPTEC, 2015) Os demais anos apresentam uma irregularidade das chuvas, que apresentaram padrões diversos de um posto para outro; ocorrendo anos chuvosos, secos e habituais. As ocorrências extremas foram registradas em anos de eventos climáticos El Niño ou La Niña. Conclusão A partir da primeira análise (interpolação e aplicação do teste de regressão aos dados pluviométricos) foi possível constatar que a chuva se distribui com certa regularidade na bacia; menores valores pluviométricos em sua porção norte e maiores volumes na porção sul. Deste modo pode-se dizer que o fator latitudinal é o mais relevante para relacionar os totais pluviométricos. Ao verificar a distribuição espacial da pluviosidade identificada pela metodologia dos anos padrões, observa-se que não há uma homogeneização das chuvas na bacia, sendo todos os anos secos ou chuvosos distribuídos aleatoriamente, seja na escala espacial e temporal e, ainda que a variabilidade interanual das chuvas na bacia do rio Ivaí pode apresentar influência dos eventos El Niño e La Niña. Destaca-se que os volumes pluviométricos são distribuídos em virtude da latitude, demonstrando uma relação com a atuação de frentes frias, principalmente, que merece ser abordada em estudos de maiores detalhes sobre a dinâmica atmosférica na bacia. Agradecimentos Agradeço a professora Dra. Deise Fabiana Ely, pelo auxílio, orientação e paciência demonstrados nessa experiência de pesquisa acadêmica realizada ao longo deste projeto. Agradeço também a Fundação Araucária pelo fomento à pesquisa. Referências BALDO, Maria Cleide. 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