ANÁLISE FITOQUÍMICA DAS FOLHAS DE Cosmos Sulphureus (ASTERACEAE) VISANDO O ISOLAMENTO DE TERPENÓIDES Cassio Carvalho Ribeiro (Bolsista Fundação Araucária/IC-UEL)1, Fernando de Macedo Junior2, Nilton Syogo Arakawa1,2, [email protected] 1Universidade Estadual de Londrina/Departamento Farmacêuticas/CCS, 2Departamento de Química/CCE. de Ciências Área e sub-área do conhecimento: Farmácia/Farmacognosia Palavras-chave: Cromatografia; terpenos; diterpenos Resumo Plantas da espécie Cosmos sulphureus (Asteraceae) têm sido descritas na literatura como agentes antimaláricos e também conhecidas para o tratamento de picadas de escorpião. Estudos prévios com a família Asteraceae revelaram a presença de compostos diterpênicos resultantes de seus metabólitos secundários, fato que impulsiona cada vez mais a pesquisa científica nessa área, uma vez que o número de enfermidades é crescente ao redor do mundo e necessitam de tratamentos com substâncias alternativas em relação já disponíveis no mercado. Utilizando-se do processo de maceração por esgotamento com diclorometano das folhas de Cosmos sulphureus, visa-se a obtenção do extrato bruto e suas respectivas partições em diferentes fases como hidroalcóolica, diclorometânica e hexânica para que a análise de cada uma seja feita, e estas sejam submetidas a diferentes métodos cromatográficos e posteriormente seus metabólitos secundários terpênicos (diterpenos e/ou lactonas sesquiterpênicas) sejam isolados e caracterizados, com a finalidade de e identificar os principais componentes e o rendimento das frações. A partir dos resultados obtidos neste trabalho, pode-se inferir que o extrato diclorometânico, o qual também indicou a presença de variados compostos de média polaridade, com possibilidade da presença de componentes terpênicos (diterpenos, triterpenos ou lactonas sesquiterênicas) devido à coloração roxa rosada observada na cromatografia em camada delgada comparativa, na qual será sanada a partir de análises de Ressonância Magnética Nuclear. Introdução e objetivo Cosmos sulphureus é uma espécie arbustiva pertencente à família Asteraceae, popularmente conhecida como picão de flor grande, picão grande, beijo de 1 moça ou cosmo amarelo (MOLDER & OWENS, 1985, BOTSARIS, 2007), oriunda das regiões subtropicais quentes do centro e do sul do México. Atualmente encontra-se adaptada ao território brasileiro, principalmente no estado do Paraná e seu tamanho pode chegar até 2 metros de altura (DUPIN et al.,2009, SENA et al., 2010). Suas folhas possuem até 20 cm de comprimento, incluindo o pecíolo, com um contorno geral triangular divididos em 7 a 11 segmentos (CONABIO). A principal característica encontrada em estudos relativos à Cosmos sulphureus é a sua atividade antimalárica, fato que desperta o interesse de estudiosos da área (BOSTARIS, 2007), outras utilizações desta planta, podem ser listadas, tais como: icterícia, febre intermitente, esplenomegalia e hepatite, às partes aéreas desta planta, também é atribuído seu uso contra a forma infectante no sangue do Trypanosoma cruzi, o agente causador da doença de Chagas (ZANI et al., 1995, BOTSARIS, 2007). Estudos realizados na Tailândia com diversas plantas comestíveis, dentre elas Cosmos sulphureus, demonstraram a atividade antioxidante destas a partir de seus compostos fenólicos, principalmente dos flavonóides. A flor é uma parte importante da planta que contém uma grande variedade de antioxidantes naturais, tais como os ácidos fenólicos, flavonoides, antocianinas, os principais compostos fenólicos identificados foram: ácido protecatequico, ácido siringico, ácido p-cumarico, ácido ferulico e ácido sináptico, enquanto que os flavonóides quercetina e rutina foram predominantes. Flores amarelas, tais como algumas variedades de Cosmos sulphureus, apresentam maior teor de flavonóides, o que está associado ao seu potencial antioxidante (KAISOON et al. 2011b). Portanto o presente trabalho tem como objetivo a coleta das folhas de Cosmos sulphureus, e a partir de métodos cromatográficos realizar o isolamento e caracterização das possíveis substâncias de interesse farmacêutico. Procedimentos metodológicos A espécie Cosmos sulphureus foi coletada no horto de plantas medicinais do Centro de Ciências Agrárias (CCA), localizada no campus Universitário da Universidade Estadual de Londrina (Londrina – PR). O material testemunho foi identificado pela Profa. Dra. A.O.S. Vieira e depositado no Herbário da Universidade Estadual de Londrina (FUEL). As folhas foram previamente secas em estufa de ar circulante, até a sua total estabilização. Após estabilizadas foram submetidas ao processo de maceração com diclorometano por um período de 24 horas, após este período foram filtradas e este mesmo procedimento foi repetido até o total esgotamento do material vegetal, com posterior secagem do solvente através de evaporador rotativo. 2 Foi realizada a partição do extrato bruto diclorometânico com solução de metanol/água 4:1 seguido de partição sucessiva com hexano e diclorometano (DCM), visando-se a separação das substâncias mais polares, como os sais orgânicos, açúcares e heterosídeos presentes na fase hidroalcoólica, das substâncias mais apolares separadas na fase hexânica e na fase diclorometânica, todas as fases obtidas foram concentradas em rotaevaporador. O resíduo seco em DCM foi fracionados a partir de CLV (CLV, PELLETIER, CHOKSHI & DESAI, 1986), originando 13 frações, as frações 4 e 5 foram reunidas e posteriormente submetidas à cromatografia clássica, utilizando-se como adsorventes: sílica gel de diferentes especificações e como eluentes solventes orgânicos de diferentes polaridades. O monitoramento e agrupamento das frações resultantes foram efetuados através de cromatografia de camada delgada comparativa, sendo utilizada como revelador o anisaldeido sulfúrico, um revelador especifico para a detecção de compostos terpênicos, selecionando-se as frações de interesse para o prosseguimento do estudo. Resultados e discussão Após coleta e secagem das folhas de Cosmos sulphureus foram obtidos 915g em peso seco, o que rendeu um extrato bruto diclorometanico de 39,868g. O extrato foi ainda particionado nas frações hexano, diclorometano e hidroalcoolica com rendimento de respectivamente 2,3224g, 7,3151g e 1,0201g. A partição com diclorometano foi a de primeiro interesse para a pesquisa. Com a análise dos resultados e sucessivos procedimentos cromatográficos, foram determinadas, de acordo com a polaridade, as frações que poderiam conter as referidas substâncias de interesse. Ao todo foram obtidas 73 frações e analisadas por cromatografia camada delgada comparativa (CCDC), apenas a junção de algumas delas apresentou resultado satisfatório, sendo elas a junção das amostras 42, 43 e 44 (com rendimento de 21 mg – Figura 1), junção das amostras 49 a 58 (com rendimento de 84 mg) e junção das amostras 65 e 66 (com rendimento de 31 mg). A junção em 42 foi submetida a análise de Ressonância Magnética Nuclear de 1H e 13C, e espectrometria de massas, porém até o momento os espectros não foram obtidos. Figura 1 – CCDC em hexano/acetato (1:1) das junções das subfrações. 3 Conclusões De acordo com os resultados obtidos até o momento, podemos concluir que os principais componentes presentes nas folhas de Cosmos sulphureus, indicam a presença de compostos de media polaridade devido ao alto rendimento do extrato diclorometânico. Ao extrato diclorometânico observa-se a presença de componentes terpênicos podendo-se indicar a presença de diterpenos, triterpenos ou lactonas sesquiterênicas devido à coloração roxa rosada formada numa única mancha apresentada na cromatografia em camada delgada comparativa (Wagner e Bladt, 1996), a dúvida na identificação deste composto será sanada após a interpretação dos espectros obtidos. Agradecimentos À Fundação Araucária e Universidade Estadual de Londrina (pelas bolsas concedidas), ao Laboratório de Espectroscopia e Ressonância Magnética nuclear da UEL, pelos espectros a serem obtidos. Referências BOTSARIS, A.S.; Plants used traditionally to treat malaria in Brazil: the archives of Flora Medicinal. J Ethnobiol Ethnomedicine, v. 3, p.18-26, 2007. DUPIN et al., Resposta de Apis mellifera (Apidae) a manipulação da simetria floral em Cosmos sulphureus (Asteraceae). Anais do IX Congresso de Ecologia do Brasil, resumo 420, 2009. KAISOON et al., Phenolic compounds and antioxidant activities of edible flowers from Tailand. v.3, p. 88-99, 2011b. MOLDER, M., OWENS, J.N., Cosmos. In: Halevy, A.H. (Eds.), CRC Handbook of flowering. CRC Press, Boca Raton, FL, 1985. PELLETIER, S.W.; CHOKSHI, H.P.; DESAI, H.K. Separation of diterpenoid alkaloid mixtures using vacuum liquid chromatography. J. Nat. Prod. v.49, p.892 – 900, 1986. http://www.conabio.gob.mx/malezasdemexico/asteraceae/cosmossulphureus/fic has/ficha.htm, acesso em 22/05, às 21h29min. 4