Pontos importantes O Império Universal Romano

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Escola Secundária de Felgueiras
 Pontos importantes
o O Império Universal Romano-Cristão
1. A igreja e a transmissão do legado político-cultural clássico;
2. O triunfo do Cristianismo;
3. Sinais de uma nova geografia política: presença dos Bárbaros no império;
o A identidade civilizacional da Europa Ocidental
4. Poderes e crenças – multiplicidade e unidade;
5. Nova geografia política diversificada: impérios, reinos, senhorio e comunas;
6. Sociedade Feudal; Relações Feudo-Vassálicas;
7. A organização das crenças: o poder do bispo de Roma na Igreja ocidental;
8. O reforço da coesão interna face a Bizâncio e ao Islão.
o O Império Universal Romano-Cristão
1. A igreja e a transmissão do legado político-cultural clássico
 Os hebreus, povo originário da Palestina, eram monoteístas e
acreditavam na vinda de um messias. Na época do imperador Octávio
César Augusto nasceu em Belém Jesus Cristo, considerado pelos hebreus
como o Messias, aquele que os viria libertar do domínio romano.
 Este homem, que mudaria o curso da História no Ocidente deu início a
uma nova religião, o Cristianismo.
 Esta corrente religiosas deu a conhecer aos seguidores um novo conjunto
de valores pelos quais os seres humanos deveriam reger as suas vidas,
defendendo a:
 Igualdade entre os homens
 Caridade e fraternidade
 Humildade
 Condenação de todo e qualquer tipo de opressão, injustiça e
violência
 Paz
 O Cristianismo teve uma rápida difusão por todo o Império Romano.
 A expansão desta religião deveu-se a um conjunto de quatro factores:
1. A rede de estradas e a unidade linguística romanas, que
facilitaram a circulação dos ideais cristãos;
2. A existência de comunidades judaicas, um pouco por todo o
Império, que acolhiam bem esta religião por ser também
monoteísta;
3. O descontentamento e a insatisfação da população romana que
tinha conhecimento das desigualdades sociais existentes;
4. Os valores defendidos pelo Cristianismo eram sinónimos de
esperança para os povos oprimidos;
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Os cristãos nunca aceitaram o culto imperial, rejeitavam os deuses
romanos e não se identificavam com os comportamentos imorais em que
a sociedade romana estava mergulhada.
No entanto, o Cristianismo começou a ser fortemente perseguido pelo
poder político devido:
 Ao seu sentido totalitário e universalidade da sua doutrina, que
defendia a existência de um Deus Único e em que todos eram
considerados iguais, independentemente do sexo, raça ou classe;
 O carácter exclusivo e messiânico, isto é, anunciador de uma nova
ordem espiritual, em que todos tinham de ser seus crentes;
 A tendência para a não-integração social das suas comunidades de
fiéis;
 A recusa total quanto a prestar culto a qualquer outra divindade,
incluindo o culto ao Estado e ao Imperador.
A partir do séc. II, as perseguições aos cristãos atingiram grande
violência. Aqueles que não abandonassem a sua crença seriam punidos,
lançados às feras no coliseu.
As catacumbas eram o único local de refúgio dos cristãos. Aí praticavam
as cerimónias de culto e de enterramento dos mortos.
2. O triunfo do Cristianismo
o O número de seguidores do Cristianismo foi aumentando e atingindo pessoas
de camadas sociais superiores.
o Consciente desta situação, o Imperador Constantino publicou, no ano 313, o
Édito de Milão, que decretava a liberdade religiosa em todo o Império.
o No entanto, ainda na época do Imperador Constantino, iniciou-se uma
polémica em torno das questões doutrinais do Cristianismo. Ario, pai de
Alexandria, negava a Cristo, a condição de filho de Deus. Esta doutrina de Ario
ficou conhecida como Arianismo e deu origem à primeira dificuldade
doutrinal, após a legalização do Cristianismo.
o Constantino, querendo resolver este problema [e receando uma ruptura entre
Cristãos no Império], convocou em 325, o I Concílio Ecuménico, que teve uma
importância especial, uma vez que, recentemente, a perseguição aos cristãos
havia sido terminada.
o Em 380, Teodósio I através do Édito de Tessalónica, impôs o Cristianismo
como religião oficial e única do Estado Romano. Mas, foi no Concílio de
Constantinopla, em 381, que a questão do Arianismo foi ultrapassada.
o Verificamos que o poder espiritual da igreja sobrepôs-se e substituiu o poder
imperial desfeito e deu continuidade ao seu legado político-cultural no
império fragmentado pelos Bárbaros.
3. Sinais de uma nova geografia política: presença dos Bárbaros1 no império
o O império Romano começou a dar sinais de enfraquecimento do séc. II.
o A corrupção e a dissolução dos costumes eram notórias nas elites. Entre os
magistrados, eram constantes as rivalidades e ambição pelo poder. Como a
sucessão dos imperadores não estava legislada na sua hereditariedade, era
motivo para assassinatos, golpes de Estado, revolta de generais e anarquia
militar, desde o séc. I.
o Esta instabilidade foi aproveitada para tentativas de independência das
províncias mais rebeldes e por parte dos povos bárbaros, que tentavam
pequenas investidas de saque e razia nas terras do império. Estes problemas
associados a outros, descontentavam a plebe.
o A tetrarquia militar, marcava o inicio das reunificações e divisões
administrativas do império que haveriam de terminar com a divisão definitiva
do império, em 395, em Império Romano do Ocidente, com capital em Roma e
Império Romano do Oriente, com capital em Constantinopla.
o Contudo, estas divisões, não evitaram os ataques bárbaros.
1
Bárbaros: Termo originário do grego, que significa estrangeiro.
o A partir do ano 476, pressionados pelos Hunos, os germanos são forçados a
transpor as fronteiras romanas, dando início a vagas de invasões que se
prolongaram por vários séculos, atingindo toda a Europa – era o fim do Império
Romano do Ocidente.
o Novo Mapa Político
Após a vaga de invasões, os germanos
organizaram-se em reinos, que alteraram por
completo o mapa político da Europa. Surgem
assim:

Reino franco – (actual França)

Reino visigodo e suevo – (Península
Ibérica)

Reino ostrogodo – (Península Itálica)

Reino anglo-saxão – (Grã-Bretanha).
o A queda do Império Romano do Ocidente e o aparecimento dos reinos
bárbaros marcaram o fim da Antiguidade Clássica e o início de uma nova fase
da História europeia – a Idade Média.
o A identidade civilizacional da Europa Ocidental
 Apesar de os diferentes reinos apresentarem uma organização do poder
diversa e frágil e uma multiplicidade de crenças, o Cristianismo constituiu um
factor de unidade desta diversidade de povos.
 No século XI, deu-se uma separação na Igreja, dando origem à Igreja Católica e
Igreja Ortodoxa. Esta cisão contribuiu para a divisão entre a Europa Ocidental e
a Europa Oriental. Na margem SUL do Mediterrâneo, o Islão dominava devido
às conquistas árabes.
4. Poderes e crenças – multiplicidade e unidade

A multiplicidade de poderes e crenças no espaço europeu teve origem nas
profundas mudanças políticas sociais e económicas e que deram origem a três
grandes conjuntos civilizacionais:
 Império Romano do Ocidente e dos reinos bárbaros que lhe sucederam;
 Império Bizantino [Oriente] – Antigo Império Romano o Ocidente
 Islão.

Depois da queda do Império Romano do Ocidente, nas antigas províncias
romanas, foram-se instalando diversos povos, sobretudo de origem germânica.

Da introdução desses povos no mundo romano nasceu uma sociedade
original, onde se misturavam com as populações romanas e romanizadas.

Sob a acção evangelizadora de bispos e monges, o Cristianismo e o legado da
cultura Greco-Romana penetraram nos reinos bárbaros, originando uma nova
civilização europeia cristã.

O Império Bizantino permanecera uma importante referência política e cultural
para a cristandade ocidental. O imperador Justiniano, no séc. VI, tentou
reconstituir a antiga unidade imperial, reconquistando a Itália, o Norte de
África, avançando até à Península Ibéria, para aí restabelecer a pax romana, no
entanto fora atacado sucessivamente por vários povos. A cultura Bizantina,
além de referência para a Europa Ocidental, influenciou o Islão e teve grande
importância na integração dos Eslavos e povos da Rússia na civilização helénica
e cristã.

Quanto ao Islão, os Árabes, sob a direcção de Maomé pregara uma nova
religião, o Islamismo. Conquistaram a África do Norte e ilhas mediterrâneas, de
onde o império bizantino foi afastado. Muitos dos habitantes converteram-se
ao Islamismo e passaram a integrar o exército, contribuindo para o
alargamento do mundo muçulmano.

Assim, o contributo greco-romano, germano e cristão, fundindo-se em graus
diversos, constituíram o fundo comum da civilização da Europa Ocidental.
5. Nova geografia política diversificada: impérios, reinos, senhorio e comunas
o Impérios e reinos2
 Os primeiros estados “bárbaros” eram monarquias. O poder político
dos reis “bárbaros”, tinha como missão conduzir a guerra, não se
apoiava na noção de Estado3, usual no direito público romano.
 Quando os soberanos morriam, as partilhas dos reinos levavam a
conflitos entre os herdeiros, que contribuíam para a fragilidade dos
reinos e para a instabilidade de fronteiras.
 No inicio do séc. IX houve uma primeira tentativa de restauração do
Império Romano do Ocidente. A união territorial partiu de um dos mais
fortes reinos da Europa Ocidental, o reino franco, chefiado por Carlos
Magno. Depois da morte de seu filho, o Império Carolíngio foi, segundo
o costume, partilhado pelos herdeiros.
Carlos Magno, após a conquista e vários
territórios e da intervenção na Itália
para defender o papado [ameaçado
pelos Lombardos], fez-se coroar em Roma,
pelo Papa, como imperador o Ocidente
[800].

As disputas territoriais entre os herdeiros das zonas do antigo Império
Carolíngio e novas investidas sobre a Europa (dos Normandos, Árabes e
Húngaros), tornaram evidentes as dificuldades do poder central,
entrando-se num período de instabilidade.
2
3
Reinos: Estado ou nação onde o poder central é desempenhado por um rei ou por um monarca.
Estado: Instituição organizada politicamente, socialmente e juridicamente, ocupando um território
definido, normalmente onde a lei máxima é uma Constituição escrita e é dirigida por um governo.

O enfraquecimento do poder central permitiu que os poderes públicos
fossem transferidos para os grandes senhores locais.

Na Germânia, no séc. X, teve lugar uma nova tentativa de restaurar o
Império do Ocidente, designando-se Sacro Império Romano-Germânico.

Em meados do século XIII, o prestígio do título imperial era grande,
embora pouco eficaz.

A Europa cristã era constituída sobretudo por um conjunto de reinos
autónomos, em que as relações de poder entre os reis, os grandes
senhores nobres e o clero variavam conforme as circunstâncias
históricas de cada região.
o Senhorios4
 O proprietário (o senhor) concedia parcelas de terreno aos camponeses,
os quais, em troca, lhe pagavam prestações em dinheiro, alimento ou
trabalho.
 O poder de mando do senhor – poder de Ban – traduzia-se
essencialmente no poder militar e no de julgar e punir.
 O senhorio enquadrava, assim, politicamente as populações que nele
viviam.
 O poder régio diminuiu face ao desenvolvimento do poder senhorial. O
senhor substituiu-se ao rei no exercício de alguns poder soberanos.
 O castelo era um centro de poder militar e económico, e também de
poder político. Este exercia-se não só sobre os camponeses e artesãos
que trabalhavam no domínio senhorial, mas também sobre as
populações e pequena nobreza que viviam no senhorio.
 A actividade económica predominante era a agricultura sendo por isso
uma economia ruralizada.
 O domínio senhorial era constituído:
 Pela Reserva – Explorada directamente pelo senhor;
 Pelos Mansos – Pequenas parcelas de terras distribuídas aos
camponeses.
4
Senhorios: Área jurídica, fiscal e administrativa na qual um senhor, nobre ou eclesiástico, exerce o
poder banal sobre todos os homens (livres ou servos) aí residentes.
o Comunas5
 Beneficiando da prosperidade económica dos séculos XI a XIII, as
cidades foram as primeiras a reivindicar autonomia em relação a poder
dos senhores das terras.
 Como o poder pertencia aos grandes senhores, os habitantes das
cidades procuraram obter dos senhores ou dos reis mais liberdade e os
poderes necessários ao exercício das suas actividades.
6. Sociedade Feudal

Sociedade ruralizada com economia de subsistência onde a terra era a
principal fonte de riqueza e de poder.

Os senhores (Nobres e Eclesiásticos) possuem a terra, têm poder militar
e gozam de direitos senhoriais sobre a terra e os camponeses. Estes
estavam ligados por RELAÇÕES DE VASSALAGEM.

Os camponeses (Livres e Servos) trabalham a terra, tinham obrigações
para com o senhor e estavam sujeitos à justiça senhorial. Estes estavam
sob a DEPENDEÊNCIA dos SENHORES.

Obrigações dos Colonos e Servos:
 Renda – Imposto sobre a terra;
 Corveia – Trabalhar para o senhor [2 a 3 dias por semana, da
sementeira à colheita].
 Banalidades – Imposto pelo uso obrigatório do forno, lagar e
moinho do senhor.
 Aposentadoria – Alojar e alimentar o senhor e comitiva, quando
se deslocam.
o Nobreza

Defendia a sociedade e participava no governo.

Surgiram guerras entre senhores [guerras privadas].

Privilégios:
 Detentora de muitas terras;
5
Comuna: Associação de habitantes que obteve o direito de se administrar livremente. A carta de
liberdade e de privilégios, carta comunal, é o estatuto jurídico da comuna que consagra a fora de
organização colectiva.
 Não pagava impostos;
 Tinha tribunais próprios.
o Clero
 A igreja desempenhou um papel fundamental nesta época:
 Símbolo de unidade num mundo dividido e em guerra;
 Definiu muitas das regras seguidas pela sociedade civil;
 Dominava a cultura e o ensino;
 Dirigia a assistência [os hospitais estavam a seu cargo];
 Privilégios:
 As suas riquezas davam-lhe poder;
 Detentor de muitas terras;
 No séc. X surgiu a Ordem Beneditina de Cluny e, no século
seguinte a de Cister.
 Recebia muitos impostos, tais como a dízima.
o Relações Feudo-Vassálicas
Senhor Feudal





Vilãos
Servos
Trabalhavam nos
Mansos
Trabalhavam
nas Reservas
A partir do séc. X, desenvolveu-se na Europa, uma prática antiga: a
concessão dos feudos.
Feudalismo – Conjunto de laços pessoais que unem
hierarquicamente os membros da camada dominante da
sociedade.
O senhor tornava-se suserano, ao conceder um feudo a outro
senhor, vassalo, em troca de certos serviços e de um juramento de
fidelidade.
Obrigações do Suserano:
 Conceder o feudo;
 Dar protecção militar e administrativa da justiça;
 Proporcionar sustento.
Obrigações do Vassalo:
 Ajuda militar e pecuniária (dinheiro)
 Participar quando solicitado nas reuniões da Corte, a fim
de prestar conselho.
7. A organização das crenças: o poder do bispo de Roma na Igreja ocidental
o A Igreja desempenhara um papel extremamente importante junto das
populações.
o O Cristianismo iniciava um papel unificador da Europa Ocidental,
levando a cidade de Roma um lugar privilegiado no que respeita à
missionação.
o O Bispo de Roma procurou impor-se como Chefe da Cristandade.
o O papado6 encontrou diversas dificuldades tal como a divisão da Igreja
em Igreja Ortodoxa e Igreja Católica.
o O Papa Gregório VII afirmou que apenas o Papa, em nome de Cristo,
tinha um poder absoluto e universal, estando este acima dos príncipes e
que podia demitir quem não respeitasse os direitos de Deus e da Igreja.
A estes princípios opuseram-se muitos reis e príncipes e, sobretudo os
imperadores do Sacro Império Romano-Germânico.
o Este conflito evidenciou diversas divergências entre os imperadores e os
papas. Estava em causa a definição da hierarquia entre os dois poderes.
o No séc. XIII, o Papa Inocêncio III ordenou que todas as igrejas nacionais
estavam submetidas à Santa Sé. Iniciou a centralização romana com o
desenvolvimento da administração eclesiástica e da fiscalidade.
9. O reforço da coesão interna face a Bizâncio e ao Islão
o Diversos factores aliados ao crescimento da influência do papado,
originou a afirmação da Cristandade ocidental, tanto perante o mundo
bizantino como perante o mundo muçulmano.
o Até à Idade Média, as Cruzadas deram aos Cristãos uma razão acrescida
para a união, no combate contra os “inimigos da fé”.
6
Papado: Honra do papa.
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