APRENDIZAGEM SIGNIFICATIVA NO ENSINO DE BIOLOGIA Alessandra Vidmontas Juliana Mori Manoelly Gondro Andrea Cecília1 Reginaldo Rodrigues da Costa2 RESUMO Este artigo apresenta uma proposta de pesquisa que pretende investigar elementos contidos no ensino de Biologia e que se refere à transmissão e aplicação dos seus conteúdos. Para que se possa desenvolver um processo de aprendizagem significativa, envolvendo todos os seus aspectos relacionados à interação entre professores e alunos, e entre o aluno e o objeto de estudo, é necessário que os educadores estejam atentos à realidade que vos cerca. Muitos fatores externos influem no processo de absorção de conhecimento, tanto de maneira positiva como negativa. De frente a estes fatores deve haver uma reação por parte dos professores que contribua ativamente para que ocorram mudanças. Na escola, o professor é mais que um mero informante, é o articulador de situações de aprendizagem e seus parceiros são informantes menos experientes mas indispensáveis. Porém, nada substitui a atuação do próprio aluno na construção de significados sobre os conteúdos. Este processo de aprendizagem envolve muitos aspectos. Primeiramente, deve estar claro para o professor a importância de seu papel. Tendo isto consigo, o restante vem de acordo com sua motivação, força de vontade e disponibilidade à mudanças. Além disso, outros fatores são apresentados, como a disponibilidade e recursos nas escolas que vem a contribuir ou atrapalhar o desenvolvimento da aprendizagem. Vários são os objetivos desta pesquisa, dentre eles observar se os alunos apresentam uma aprendizagem significativa diante dos conteúdos apresentados, apresentam-se mais motivados e interessados nas aulas. Observar se a pedagogia por Projetos, que tem como base este tipo de metodologia, vem sendo realmente aplicada. Palavras-chave: Aprendizagem significativa, ensino de Biologia, conhecimento. 1 2 Alunas do Curso de Licenciatura em Ciências Biológicas da PUCPR. Professor da PUCPR e orientador do projeto. 1649 INTRODUÇÃO Ao se iniciar os conteúdos de Biologia, o professor deve antes de mais nada verificar com que tipo de aluno ele vai lidar, qual o ambiente em que ele vive, quais suas condições de vida- se é precária, se tem poucos recurso, se é um aluno que passa necessidades. Todas essas observações são muito importantes pois é através delas que o professor conhece mais seus alunos. Se a maioria deles passa por algum tipo de dificuldade deve se levar em conta que eles estarão mais propensos a ter algum tipo de dificuldade em aprender, em se concentrar, em ver importância nos estudos. Atualmente a maioria das escolas opta por utilizar a metodologia por Projetos, a qual baseia-se fundamentalmente na aprendizagem significativa. Com isso o professor tem mais liberdade em fazer suas escolhas, em escolher qual a melhor forma de disponibilizar os conteúdos para estes alunos. É ele quem cria e programa suas aulas, sempre indo de acordo com as possibilidades que a escola oferece. Por exemplo: de nada adianta o professor elaborar uma pesquisa de campo com seus alunos se a escola não fornece transporte e material para que ela possa ser realizada. Fica claro que o currículo deve ser seguido, mas a ordem e a forma como ele dará as aulas é por sua conta. Se a escola em que este professor atua trabalha com esta metodologia de Projetos, é cobrado atitudes coerentes a ele. Faz-se extremamente necessária a observação de como os alunos de hoje vêem o ato de estudar. Cada dia que passa eles demonstram menos interesse pelas aulas, não conseguem se concentrar em aprender, dificultando ainda mais o desempenho dos professores. A disponibilização dos conteúdos pelos professores deve ocorrer de maneira interativa, proporcionando ao 1650 aluno realizar ligação do que se aprende àquilo que se evidencia em seu cotidiano. Sendo assim esta pesquisa pretende verificar se o ensino de Biologia é desenvolvido com o intuito de ser aplicativo e significativo. A aprendizagem significativa propriamente dita É necessário que os professores estejam atentos à realidade que vos cerca pois muitos são os problemas da nossa sociedade, dentre eles a fome, a pobreza, violência, desemprego, desentendimento familiar e a explícita carência de nossos alunos. Não é possível ignorar o fato de que sua aprendizagem se vê extremamente comprometida por esses acontecimentos. Em vista disso a forma como os conteúdos serão veiculados deve prender a atenção dos mesmos fazendo com que eles se interessem e consigam achar um sentido para o que estão aprendendo. Para tanto necessita-se desenvolver nos ambientes de aprendizagem a autonomia das crianças e também dos professores. Isso significa ter condições de refletir, analisar e tomar consciência do que se sabe e estar disposto a mudanças e a adquirir novos conhecimentos. Para nós, que estamos começando a conhecer e entender todo este universo, fica claro quais são as necessidades dos alunos, pois vemos as diferenças entre o que era quando estávamos no lugar dos alunos de hoje com o que é agora. As médias das escolas ao invés de aumentarem e se tornarem mais exigentes fazem o caminho contrário, diminuem, acomodando ainda mais os alunos e também os professores que apenas se conformam. Não faz muito tempo, mas já conseguimos perceber as mudanças que ocorrem com o passar do tempo. Cada vez mais os alunos mostram-se alienados à questões 1651 importantes como valores da sociedade, cidadania, à acontecimentos recentes do nosso mundo, entre outros. Frente a isso vemos a necessidade de uma intensa dedicação por parte dos educadores, pois é neles que está focada a esperança de mudança, da criação de uma maior consciência nas pessoas. Os parâmetros Curriculares Nacionais( PCN´s,1997 ) propõe que as escolas construam um currículo baseado no domínio da competência e não no acumulo de informações, enfatizando ainda que o que se ensina deve ter vinculo com os diversos contextos de vida do aluno, portanto ele deve ter conectado o que se aprende a problemas, fatos e circunstancias de sua vida, capacitando-se assim a realizar o verdadeiro exercício da cidadania e contexto social. Um dos assuntos mais discutidos e visados atualmente está relacionado à falta de interesse dos alunos, à má vontade de fazer as tarefas a respeito da disciplina, etc por mais que o discurso seja contra a educação formal, àquele professor que se restringe a deter o conhecimento e repassálo ao aluno, essa realidade ainda é vista em muitas salas de aula. A falta de interação do aprendiz com o objeto de conhecimento e com os demais ainda parece ser um grande problema dentro das escolas, já que os alunos ainda permanecem sentados um atrás do outro. A mesma falta de interação é refletida diretamente nos conteúdos. Como estabelecer uma maior fixação e entendimento dos conteúdos quando os mesmos são apresentados apenas de forma conceitual? Como interagir com um professor que transmite seus conteúdos apenas ditando e escrevendo no quadro? Se não se repensar na maneira como os professores trabalham, de nada ou pouco adiantara para fazer a interação entre o aluno e a construção do conhecimento. Faz-se necessário rever a didática, as formas alternativas de se trabalhar, os processos 1652 de interação que tire esses alunos e professores da comodidade e passividade, da desmotivação e desinteresse. A forma como os PCN´s tratam a questão da didática é muito relevante. As múltiplas interações são predominantes em seus parâmetros enfatizando que não há receitas mágicas para uma aprendizagem prefeita. O que se sabe, teorias, conteúdos, métodos, parecem ser suficientes para se dar conta do processo de ensino- aprendizagem; mas o grande problema é a falta de prática baseada nessas teorias. Exemplos simples e eficazes podem ser realizados, de tal forma a tirar o aluno das monótonas carteiras enfileiradas e desta forma propiciar interações. Diante de todas estas questões, problemáticas e evidencias é que se constata a real importância e necessidade de uma aprendizagem significativa. Mas o que é aprendizagem significativa? Entende-se que através dela o aluno encontra um sentido real e palpável aos conteúdos que aprendem. É uma pratica que explicita e esclarece dúvidas relacionadas ao cotidiano dos mesmos. Eles passam a compreender que o mundo que os cerca é passível e “legal” de ser estudado. Ao olhar para a natureza, para as pessoas, para seu próprio corpo (mudanças, doenças, etc) ele percebe que o que seu professor ensinou realmente existe. A partir desta descoberta, aflora ainda mais sua curiosidade, motivação e interesse pelo que irá ver nas próximas aulas. Existem vários meios para que o professor exerça esta aprendizagem como suporte de ensino. Basta ser criativo, empenhado, disposto a mudanças e força de vontade para sair do comodismo e voar para novos horizontes. Neste caso entra também o valor que este profissional dá para seu papel, se ele realmente coloca amor no que está fazendo, se ele reconhece sua importância na vida dos alunos. O professor que opta por trabalhar com este tipo de aprendizagem, dispõe de várias alternativas para desempenhar com competência um ensino significativo. 1653 Exercícios alternativos, aulas práticas, jogos lúdicos e principalmente problematização auxiliam na aprendizagem pois diversificam as aulas antes conceituais. Meirieu ( 1998, p. 192 ) define assim problematização: É uma situação didática na qual se propõe ao sujeito uma tarefa que ele não pode efetuar sem uma aprendizagem precisa. E essa aprendizagem que constitui o verdadeiro da situação-problema, se dá ao vencer o obstáculo na realização da tarefa. Assim, a produção supõe aquisição, um e outro perdendo seu objeto de avaliações distintas. Educar, resolver situações problemas é dar competências e desenvolver habilidades, tão necessárias para o mundo de hoje. A gente não educa só dando ensino e conteúdos. Porém, não podemos esquecer das dificuldades que os professores enfrentam tais como a falta de recursos, pouco tempo disponível para ciências, a falta de conhecimento para o desenvolvimento de aulas práticas, a falta de formação continuada- cursos, estudos, leituras, debates periódicos. Vale lembrar que o professor não baseie suas aulas somente em livros didáticos. O bom livro didático é aquele elaborado pelo próprio professor frente a realidade de seus alunos. Pela abrangência e pela natureza dos projetos de estudo de ciências, é possível desenvolver a área de forma muito dinâmica, orientando o trabalho escolar para o conhecimento sobre fenômenos da natureza, incluindo o ser humano e as tecnologias mais próximas e mais distantes, no espaço e no tempo. Estabelecer relações entre o que é conhecido e as novas idéias, entre o comum e o diferente, definir contrapontos entre os muitos elementos no universo de conhecimentos são processos essenciais à estruturação do pensamento, particularmente do conhecimento especifico. Se a intenção é que os alunos se apropriem do conhecimento cientifico e desenvolvam uma autonomia no pensar e no agir, é importante conceber a relação do ensino 1654 aprendizagem como uma relação entre sujeitos, em que cada um ao seu modo e com determinado papel, está envolvido na construção de uma compreensão dos fenômenos naturais e suas transformações, na formação de atitudes e valores humanos. Os alunos têm idéia acerca de seu corpo, dos fenômenos naturais e dos modos de realizar transformações no meio; são modelos de lógica interna, carregados de símbolos da sua cultura. Convidados a expor suas idéias para explicar determinados fenômenos e a confrontá-las com outras explicações, eles podem perceber os limites de seus modelos e necessidades de novas informações; estarão em movimento de ressignificação. Mas esse processo não é instantâneo, é construído com a intervenção do professor. É o professor que tem condições de orientar o caminhar do aluno, criando situações interessantes e significativas, fornecendo informações que permitam a reelaboração de conhecimentos prévios. Ao professor cabe também selecionar e problematizar conteúdos de modo a promover um avanço no desenvolvimento intelectual do aluno em sua construção como ser social. No contexto da aprendizagem ativa, os alunos são convidados à pratica de tais procedimentos, no inicio imitando o professor, e aos poucos tornando-se autônomos. No planejamento e desenvolvimento dos temas de Ciências em sala, cada uma das dimensões dos conteúdos deve ser explicitamente tratada. É também essencial que sejam levadas em conta por ocasião das avaliações, de forma compatível com o sentido amplo que se adotou para os conteúdos do aprendizado. Na questão da avaliação deve-se considerar o desenvolvimento das capacidades dos alunos com relação à aprendizagem de conceitos, de procedimento e de atitudes. Desta forma, tanto a evolução conceitual quanto a aprendizagem de procedimentos e atitudes estão sendo avaliadas. A partir de pesquisas atuais em ensino de Ciências; 1655 didática, psicologia e tantas outras que contribuem para a educação. Pode-se então sistematizar algumas perspectivas orientadoras do trabalho do professor. Dentre elas estão: entender a pratica cotidiana como objeto de pesquisa; conhecer estudos e pesquisa sobre o ensino de ciências; encaminhar atividades sem se apresentar como uma fonte inesgotável de conhecimento; propiciar oportunidades de troca de idéias com os alunos; procurar princípios e aplicações em contextos diversos; utilizar terminologia científica de forma correta; utilizar livros didáticos de forma critica; realizar experimentos com os alunos; desenvolver projeto de ciências, entre outros. Professores e alunos podem explorar suas idéias nas aulas de ciências, desenvolvendo seus conceitos, suas atitudes e maneira de agir. Observando o que existe de comum nessas atividades praticas sugeridas, percebe-se que foi necessário propor um problema, depois foi necessário encontrar explicações que pudessem ser testadas, pensar, refletir, trocar idéias, até que uma nova explicação pudesse aparecer. Nesse momento é muito provável que o professor se pergunte se não seria mais fácil simplesmente dizer aos estudantes quais são as explicações corretas. Sem duvida seria mais simples e de certa forma isso deverá ser feito em alguns momentos. A didática utilizada pelos professores são fatores delimitantes para a personalidade dos aprendizes. As formas como os conteúdos são aplicados podem fazer com que eles amem o que estão estudando ou também o contrário. Em um mundo tão contraditório que não nos dá o sentido do humano com tantas exclusões e violência, é necessário ajudar os alunos a encontrar um sentido fundamental para suas vidas e a partir do momento em que o professor opta por utilizar instrumentos que possibilitem uma aprendizagem significativa é que os alunos passam 1656 a entender e dar valor para os estudos pois fazem suas próprias deduções e descobertas. METODOLOGIA DE PESQUISA Pesquisa será realizada em uma escola de ensino Fundamental, Médio e Profissionalizante, focado no Ensino Fundamental e Médio. Serão utilizadas observações de aulas de Biologia com um professor em diferentes turmas pois não seria adequado julgar seu desempenho com apenas uma aula, uma vez que ele tem que adaptar seus métodos as às turmas. Também será aplicado um questionário com o intuito de verificar como os alunos vêem o estudo de Ciências e sua relação com a vida, para que com isso possamos entender e diagnosticar uma maneira mais apropriada de ensinar Biologia. Após a coleta de dados, será feita a análise dos mesmos frente ao referencial teórico disponível sobre o tema. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BIZZO, Nélio. Ciências: fácil ou difícil. São Paulo- SP. Editora Ática. 2ª edição, 2002 BORUSCHI, Odir. Ensino de Ciência e qualidade de vida: inquietações de um professor. Passo Fundo- RS. 5ª edição, 2002 NOGUEIRA, Nilbo Ribeiro. Pedagogia dos Projetos. Uma jornada interdisciplinar rumo ao desenvolvimento das múltiplas inteligências. Tatuapé- SP. 5ª edição, 2001