ENEM 2015 – Caderno Amarelo Resolução da Prova de Filosofia e Sociologia 02. Alternativa (A) - Sociologia O texto-base da questão enfatiza o uso contemporâneo da imagem individual em sua veiculação através das redes sociais, fenômeno ancorado no atual desenvolvimento tecnológico em termos da ampla circulação de informações e dados. Subjaz a crítica ao consequente aumento do individualismo, não obstante o aparente aumento da democratização por meio do maior uso de instrumentos midiáticos – fomento à identidade individual em detrimento da coletividade. 03. Alternativa (D) - Sociologia Considerado um dos “fundadores” da Sociologia Clássica, o pensador alemão Max Weber (1864-1920) analisa o contexto em que vive – Europa do século XIX, marcada pelo cientificismo e pelos efeitos sociais da Revolução Industrial –, constatando a predominância do discurso científico na construção do conhecimento. Esse discurso gera o que Weber chama de “desencantamento do mundo”, isto é, antigas crenças dando lugar a novas formas de entendimento da realidade, baseadas em critérios mais racionais. Todavia, essa racionalização não necessariamente amplia o conhecimento, porquanto origine novas crenças, até mesmo relativas à própria capacidade racional humana. 04. Alternativa (C) – Sociologia/Filosofia Os chamados “mecanismos de acautelamento”, de acordo com o texto que embasa a questão, têm por origem determinados grupos da sociedade civil. A questão é permeada por elementos de reflexão ética, ao demonstrar que a preocupação – coletiva – concernente a possíveis danos ocasionados por novas tecnologias pode ir de encontro a interesses de ganho econômico imediato, embora tal preocupação não necessariamente almeje embargar o desenvolvimento tecnológico. 06. Alternativa (A) – Sociologia Na obra de que foi extraído o fragmento para a questão – Ideologia e Utopia -, o sociólogo judeu-húngaro Karl Mannheim (1893-1947) segue a mesma tendência perceptível entre os sociólogos “clássicos” Karl Marx, Émile Durkheim e Max Weber, qual seja: a de diagnosticar uma espécie de “antinomia” entre sociedade e indivíduo, com o inevitável domínio (quase) total daquela sobre este. Mannheim inova ao se voltar para o problema específico do “ajuste” do indivíduo pela sociedade quanto à elaboração de conhecimento, sustentando que a autonomia individual nesse processo é quase insignificante. 11. Alternativa (C) – Filosofia Os primeiros filósofos gregos (séc. VII-V A.C.), classificados como pré-socráticos, caracterizam-se por, em geral, investigar a origem da realidade a partir de algum elemento natural – chamado de arché. Dessa forma, diz-se que esses filósofos buscavam compreender o mundo através do estabelecimento racional de relações de causa e efeito, explicando-se a multiplicidade do real por meio de elementos unitários, perceptíveis, não sobrenaturais. 20. Alternativa (A) – Filosofia Vivendo em meio à guerra civil ocasionada pela Revolução Puritana (1640) inglesa, o filósofo político Thomas Hobbes (1588-1679) tem por objetivo defender o absolutismo monárquico como o melhor dos regimes políticos. Para tanto, em sua mais conhecida obra – Leviatã, publicada em 1651 -, sustenta a igualdade natural entre os seres humanos, fator que levaria ao conflito generalizado, uma vez que essa igualdade natural conduziria os indivíduos aos mesmos objetos de desejo. Para dar fim a uma situação de “guerra de todos contra todos”, originando e ordenando a vida social, emergiria o Estado absoluto. 23. Alternativa (C) – Filosofia/História Os gregos da Antiguidade foram os “inventores” da democracia ao criar o conceito e a prática do “espaço público” – a ágora -, onde questões de interesse coletivo pudessem ser debatidas e votadas. Contudo, cabe salientar que nem todos os habitantes da pólis tomavam parte no processo político, já que os critérios para a condição de “cidadão” eram bastante restritivos; ademais, a democracia praticada era direta, quer dizer, sem representação política. 29. Alternativa (C) – Filosofia São Tomás de Aquino (1225-1274), em seu pensamento escolástico, recupera o princípio aristotélico da eudaimonia, que atribui à felicidade a causa final da vida humana. Adaptando Aristóteles (384-322 A.C.) aos interesses da religião católica, São Tomás define a felicidade coletiva como consequência do governo da sociedade por um indivíduo – monarquia – capaz de equilibrar e dirigir para o mesmo fim (felicidade) as ações dos indivíduos em sociedade. A monarquia seria a reprodução terrena da ordem divina do Universo, reflexo da concepção monoteísta cristã. 34. Alternativa (D) – Filosofia Instrutores de retórica combatidos por Sócrates (469-399 A.C.), os sofistas alegavam que as normas, os princípios de conduta, as instituições políticas e a ordem social em geral estabelecida não passavam de meras convenções humanas, momentâneas, passíveis de modificação a partir de interesses individuais. Trasímaco é mais um dentre os sofistas a se indispor com Sócrates, pois este filósofo defendia a universalidade de valores humanos – ética -, contrastando com o relativismo moral dos sofistas. 35. Alternativa (B) – Sociologia Sérgio Buarque de Holanda (1902-1982) publicou, em 1936, a conhecida obra Raízes do Brasil, que consiste numa tentativa sociológica de compreender os defeitos de formação sociopolítica do País. Sérgio Buarque atribui ao traço psicossocial marcante dos brasileiros – a “cordialidade” – duas consequências negativas: o patrimonialismo, que significa incapacidade de separar a esfera pública da esfera privada, ou mesmo de reconhecer a existência de interesse público; e o personalismo, que consiste em negarse a tratar o Estado e as instituições públicas em geral de modo impessoal, buscandose sempre algum tipo de favorecimento particular. Dessa forma, interesses privados tendem a prevalecer na sociedade brasileira, em detrimento das demandas públicas. 37. Alternativa (A) – Filosofia O escocês David Hume (1711-1776) faz parte da corrente filosófica do século XVII conhecida como empirismo. De acordo com o empirismo, o conhecimento verdadeiro só é possível a partir das impressões sobre o mundo captadas pelos sentidos. Consequentemente, a produção de ideias apenas se dá quando a mente humana relaciona os dados recolhidos nos atos de percepção, não existindo, portanto, ideias inatas. 40. Alternativa (A) – Filosofia/Sociologia Paulo Freire (1921-1997) foi um educador brasileiro engajado na crítica para reformulação dos parâmetros da educação no País. Segundo ele, os modelos formais de educação, reproduzindo padrões sociais opressivos, não são capazes de promover o pensamento crítico, autônomo, capaz de levar os indivíduos à luta e à consecução de formas mais dignas de existência – somente o pensamento autônomo poderia corrigir as mazelas sociais experimentadas pelas massas, emancipando os indivíduos das precárias condições socioeconômicas, ideológicas, morais, espirituais.