Cadeira de Biofísica Molecular Capítulo 5 Sistema Visual Paula Tavares, FCUL (2012-2013) 1 A luz A radiação electromagnética propaga-se no espaço como uma onda. As partículas portadoras são os fotões. Possui componentes eléctricas e magnéticas, que oscilam perpendicularmente e em fase entre si. • As ondas electromagnéticas são caracterizadas pela frequência (f, hertz, 1 Hz = 1 oscilação por s). http://www.astronomynotes.com • f . λ=ν; λ - comprimento de onda, ν velocidade de propagação da onda. • f . h = E; h - constante de Planck (6.626 × 10-34 J s-1); E - energia do fotão. A luz compreende ondas de rádio, microondas, radiação infravermelha, radiação visível, radiação ultravioleta, raios X e raios Gama. Os seres humanos são capazes de “ver” radiação electromagnética entre os 400 e os 700 nm: luz visível. http://extension.missouri.edu/ 2 Interacção da luz com a superfície dos objectos Para os nossos propósitos considera-se que a luz viaja em linha recta. Quando atinge um corpo a luz pode ser reflectida, absorvida e/ou transmitida. Luz reflectida Diz-se da luz que após incidir numa superfície, dum meio diferente daquele onde se encontrava a propagar, retorna (é reflectida) a esse meio, mas com uma nova direcção de propagação (ângulo da luz incidente = ângulo da luz reflectida). Os objectos opacos não luminosos são visíveis devido à luz que é reflectida na sua superfície. 3 Interacção da luz com a superfície dos objectos Luz absorvida Diz-se da luz que ao incidir numa superfície, dum meio diferente daquele onde se encontrava a propagar, é absorvida pelas partículas que compõem a superfície (no caso de objectos opacos) ou pelas partículas do novo meio (no caso de objectos transparentes e de objectos translúcidos). http://ocw.mit.edu/ Toda a luz não absorvida que atravessa o novo meio (objecto) e que saia pelas suas extremidades designa-se por luz transmitida. Opacos – São não luminosos e não transmitem luz. A luz que incide nestes objectos é reflectida e/ou absorvida numa proporção particular para cada comprimento de onda. Objectos Transparentes e translúcidos – São não luminosos mas transmitem parte da luz incidente. Nestes objectos: Luz incidente = Luz reflectida + Luz transmitida + Luz absorvida 4 A luz transmitida pode ser refractada Luz refractada Diz-se da luz que altera a sua direcção de propagação na superfície de contacto de dois meios com índices de refracção diferentes. Se o ângulo de incidência da luz for perpendicular à superfície não se dá refracção. Passagem de luz do ar para vidro transparente (http://micro.magnet.fsu.edu/). O índice de refracção da luz num meio (n) é o quociente n = c/v, onde c é a velocidade da luz no vácuo e v é a velocidade de propagação da luz no meio em causa. 5 Lei de Snell Lei de Snell n1.senθ1 = n2 .senθ 2 n1 e n2 – índices de refracção da luz no meio 1 e meio 2, respectivamente (dependem da densidade do material, aumentando com a densidade). A Lei de Snell aplica-se para os comprimentos de onda de luz para os quais o novo meio se comporta como sendo transparente (não absorvendo esse comprimento de onda). 6 Curiosidade A dispersão cromática deve-se à variação do índice de refracção com o comprimento de onda. Como regra geral, o índice de refracção diminui com o aumento do comprimento de onda, e o ângulo de refracção aumenta com o aumento do comprimento de onda. Este fenómeno está na base da separação da luz num prisma de vidro. 7 Interacção da luz com a superfície dos objectos Objectos coloridos Os objectos coloridos removem selectivamente certos comprimentos de onda da luz incidente. A luz ao penetrar no material é absorvida pelos cromóforos que o compõem. Exemplos: componentes de moléculas orgânicas com orbitais moleculares cuja diferença de energia se encontra no espectro do visível, complexos com metais de transição com electrões livres. Os fotões não absorvidos são reflectidos ou transmitidos pelo objecto. Transições π → π*, n → π* em moléculas orgânicas Transições d-d nos metais de transição 8 Fontes de luz As fontes de luz diferem na potência a que emitem os vários comprimentos de onda. Os gráficos que indicam a energia relativa emitida em cada comprimento de onda designam-se por curvas da distribuição espectral da potência de luz. http://micro.magnet.fsu.edu/primer/lightandcolor/lightsourcesintro.html 9 Função de reflectância As superfícies podem variar na proporção de luz incidente que reflectem (as superfícies escuras reflectem menos luz que as superfícies claras) e na composição espectral da luz reflectida. Estas propriedades são descritas por uma função de reflectância, que específica a fracção de luz incidente que é reflectida pela superfície em cada comprimento de onda. A função de reflectância é um atributo estável da superfície dum objecto – não varia com a composição espectral ou com a intensidade da luz incidente. http://hyperphysics.phy-astr.gsu.edu/ 10 Olho O olho é constituído pelo globo ocular e respectivos anexos: músculos extraoculares (rectos: superior, inferior, medial e lateral; e oblíquos: superior e inferior), a bainha do globo ocular, as sobrancelhas, as pálpebras e a conjuntiva. O globo ocular tem um revestimento exterior resistente, constituído pela esclerótica (sclera) (branco do olho) e pela córnea. A córnea é a lente principal do olho, cabendo-lhe a maior parte da potência refractiva: grande parte da curvatura da luz necessária à focagem tem lugar na interface ar-córnea, onde a luz entra no olho. Por detrás dela situa-se a câmara anterior cheia de humor aquoso, a íris e a pupila. A pupila permite que a luz entre no olho. Por detrás da íris fica o cristalino (lens), lente suspensa por fibras de um anel muscular, o músculo ciliar. 11 Olho Por detrás do cristalino situa-se a cavidade principal do globo ocular, cheia de uma substância gelatinosa transparente, o humor vítreo. A revestir o fundo do olho encontra-se a retina, estrutura complexa de tecido nervoso sobre a qual incide a imagem focada pela córnea e pelo cristalino. http://webvision.med.utah.edu/ A retina exige um fornecimento constante de oxigénio e nutrientes, papel realizado pela artéria central da retina e também pelos vasos sanguíneos da coroideia. Atrás da retina encontra-se a camada pigmentar, cujas células estão cheias de melanina. A melanina, como é um pigmento escuro, absorve a luz que não foi captada pelos fotorreceptores. Isto evita com que a luz seja reflectida de novo na direcção dos fotorreceptores, degradando a imagem. 12 Superfícies refractivas do olho O sistema de lentes do olho apresenta as seguintes superfícies refractivas: (1) a interface entre o ar e a superfície anterior da córnea; (2) a interface entre a superfície posterior da córnea e o humor aquoso; (3) a interface entre o humor aquoso e a superfície anterior do cristalino; (4) a interface entre o cristalino e o humor vítreo. Este sistema inverte horizontalmente e verticalmente a imagem dum corpo iluminado no campo visual do observador. http://hyperphysics.phy-astr.gsu.edu/ 13 Mecanismo de acomodação Os olhos focam a imagem que incide na retina alterando o formato do cristalino, por contracção ou relaxamento dos músculos ciliares. As lentes alternam entre o formato esférico para objectos muito próximos e formato quase plano para objectos distantes, a isto se chama mecanismo de acomodação. http://www.sapdesignguild.org/ 14 Visão Normal e Erros de Refracção • Emetropia (visão normal): estado normal de refracção do olho. Nesta situação raios de luz paralelos provenientes de objectos distantes estão focados na retina, quando o músculo ciliar se encontra completamente relaxado. • Hipermetropia: Nesta situação raios de luz paralelos provenientes de objectos distantes não são suficientemente curvados. Pode-se dever ao facto do globo ocular ser demasiado curto ou a deficiência no sistema de lentes do olho (pouco refractivo). • Miopia: Nesta situação raios de luz paralelos provenientes de objectos distantes são focados antes da retina. Pode-se dever ao facto do globo ocular ser demasiado longo ou a deficiência no sistema de lentes do olho (demasiado refractivo). Guyton & Hall, 2005, Textbook of Medical Physiology, Pennsylvania: Elsevier. 15 Erros de Refracção • Astigmatismo: Nesta situação, os raios de luz que se encontram num plano (Ex. BD) convergem num ponto diferente dos raios de luz que se encontram num plano perpendicular a este (Ex. AC). Isto deve-se ao facto da córnea não ter a mesma curvatura em ambos os planos. Guyton & Hall, 2005, Textbook of Medical Physiology, Pennsylvania: Elsevier. 16 Erros de Refracção - Astigmatismo Córnea normal – fatia superfície esférica. Refracta os feixes de luz paralelos com o mesmo ângulo. Corte da Córnea Plano G Corte da Córnea Plano Perpendicular a G Córnea astigmática – fatia duma superfície com o formato bola de rudby. Refracta os feixes de luz paralelos com diferentes ângulos nos seus diferentes planos. Corte da Córnea Plano G Corte da Córnea Plano Perpendicular a G 17 Correcção da Hipermetropia e da Miopia • Raios de luz que passam através de lentes côncavas divergem (correcção da miopia). • Raios de luz que passam através de lentes convexas convergem (correcção da hipermetropia). • Quanto mais a lente curvar os raios de luz, maior o seu poder refractivo. O poder refractivo da lente é medido em dioptrias. • Para lentes convexas esféricas , dioptria = (1 m/ponto de focagem em metros). Exemplo: 10 dioptrias = (1 metro/ 0.1 metros) = 10. Guyton & Hall, 2005, Textbook of Medical Physiology, Pennsylvania: Elsevier. • Para lentes côncavas esféricas, se a lente divergir os raios de luz à mesma taxa que uma lente convexa de X dioptrias os converge, diz-se que a lente côncava tem – X dioptrias. 18 E afinal quantas dioptrias são necessárias? Depende do olho, quanto mais míope, maior terá de ser o poder refractivo da lente côncava de correcção. As lentes convexas (que têm dioptrias positivas) corrigem a hipermetropia. As lentes côncavas (que têm dioptrias negativas) corrigem a miopia. Comentários à Figura A primeira lente é convexa. A lente tem 1/f dioptrias. Se f = 1 m, tem 1 dioptria, se f = 0.5 m, tem 2 dioptrias, etc... As últimas duas lentes são côncavas. Para calcular as dioptrias de lentes côncavas tem de se encontrar o ponto F. O ponto F é o ponto de intersecção das linhas de divergência dos raios de luz. Uma vez conhecido F, mede-se f . A lente tem -1/f dioptrias. 19 Correcção do astigmatismo • Pode-se considerar que o olho astigmático é constituído por duas lentes cilíndricas com diferentes potências, e colocadas em ângulo recto entre si (convexas ou côncavas). • Na imagem do lado pode-se observar a diferença duma lente convexa esférica (A) e duma lente convexa cilíndrica (B). A lente cilíndrica curva os raios de luz num único plano (plano que contém a linha de curvatura máxima da lente). Em vez de existir um ponto de focagem, existe uma linha de focagem. Guyton & Hall, 2005, Textbook of Medical Physiology, Pennsylvania: Elsevier. • A correcção do astigmatismo é feita por tentativa erro. Primeiro, encontra-se uma lente esférica ou convexa que foque correctamente a imagem dum dos planos (determina-se as dioptrias desta lente). Segundo, encontra-se uma lente cilíndrica que foque o restante plano (torna-se necessário determinar o eixo e as dioptrias desta segunda lente). 20 Correcção do astigmatismo Corte da Córnea Plano G Corte da Córnea Plano Perpendicular a G Retina Retina Hipermetropia Lente convexa – converge raios de luz Retina Retina 21 Correcção do astigmatismo Lente côncava cilíndrica Retina O astigmatismo também se pode dever a deformações no cristalino, quando as zónulas não o esticam igualmente no plano. 22 Um olho míope vê mal ao longe mas bem ao perto... Porquê? Para responder à questão, analise o que o olho precisa de fazer para focar pontos próximos e pontos distantes... 23 Um olho míope vê mal ao longe mas bem ao perto... Porquê? Já descobriram? Mais uma pista, os raios de luz provenientes de pontos distantes estão quase paralelos entre si, enquanto que os raios de luz provenientes de pontos próximos divergem muito mais... 24 Um olho míope vê mal ao longe mas bem ao perto... Porquê? E finalmente, o problema do olho míope é que foca os objectos antes da retina (é como se fosse mais “refractivo” que o olho saudável). Ora para objectos próximos (desde que a pessoa não tenha –20 dioptrias!) isto não é um problema. A luz proveniente de objectos próximos diverge bastante pelo que tem de ser muito convergida (refractada) antes de atingir a retina. O olho míope, por ser demasiado “refractivo” , já faz por defeito parte desta convergência. A restante convergência é feita pelo cristalino (quando necessário). Mas com os objectos distantes isto já não é assim. Os raios de luz provenientes destes objectos precisam de ser muito pouco convergidos porque estão quase paralelos à entrada do olho... Como o olho é demasiado “refractivo”, a luz de objectos distantes converge antes da retina. 25 A lente do olho humano Image Guyton & Hall, 2005, Textbook of Medical Physiology, Pennsylvania: Elsevier. • Na imagem ao lado encontram-se indicados os índices de refracção dos meios que são atravessados pela luz reflectida ou transmitida pelos objectos, até esta atingir a retina. • O efeito total das superfícies refractivas do olho corresponde a uma lente a 17 mm da retina com um poder refractivo total de 59 dioptrias. • Cerca de 2/3 do poder refractivo total do olho é providenciado pela superfície entre o ar e a córnea. Quanto maior for a diferença entre os índices de refracção dos dois meios que entram em contacto, maior a curvatura dos raios de luz quando passam do primeiro meio para o segundo. • O cristalino só tem cerca de 1/3 do poder refractivo total do olho (correspondendo a uma lente de 20 dioptrias). Nas crianças, o mecanismo de acomodação permite uma variação no poder refractivo do cristalino de 20 a 34 dioptrias. 26 A lente do olho humano • O cristalino é constituído por uma cápsula elástica cheia de um fluído viscoso transparente proteico. • Quando o cristalino está relaxado, fica com um formato esférico (maior poder refractivo – foca objectos mais próximos). • O cristalino é mantido na sua Guyton & Hall, 2005, Textbook of Medical Physiology, posição normal por pequenas Pennsylvania: Elsevier. fibras chamadas zónulas ou ligamentos suspensórios (cerca de 70). Estas zónulas ligam radialmente o cristalino (em todo o seu perímetro) ao corpo ciliar, mantendo o cristalino relativamente plano. • O corpo ciliar é constituído por processos ciliares que segregam o humor aquoso e pelo músculo ciliar. Quando as fibras do músculo ciliar contraem, as zónulas são empurradas na direcção do cristalino, libertando a tensão exercida sobre este (fica mais esférico). O músculo ciliar é controlado pelos nervos parasimpáticos do 3º nervo 27 craniano, cujo núcleo se encontra no tronco cerebral. Controlo da acomodação • Os olhos demoram menos de 1 s a mudar o seu ponto de focagem, de um objecto distante para um objecto próximo. Guyton & Hall, 2005, Textbook of Medical Physiology, Pennsylvania: Elsevier, Cap 51. • Diferentes tipos de pistas parecem ajudar os olhos a alterarem o formato do cristalino no sentido pretendido: 1) Aberração cromática. Deve-se ao facto dos raios de luz vermelha serem focados ligeiramente depois dos raios de luz azul, pelo facto das lentes curvarem mais os raios de luz azul que os de luz vermelha. O córtex visual analisa qual dos dois raios se encontra mais focado e decide em que direcção é que deve alterar o formato do cristalino. 2) Nível de convergência dos olhos. Quanto maior a convergência, mais perto está o objecto e portanto mais esférico deve estar o cristalino. 3) Como a retina se encontra numa superfície côncava, só uma determinada parte da retina se encontrará no ponto de focagem (mais nítido). Esta informação pode ser usada para promover alterações no cristalino que aumentem a nitidez da imagem na zona central do olho (a fóvea). 4) O grau de acomodação das lentes encontra-se sempre a oscilar ligeiramente a uma frequência até 2 vezes por segundo. A imagem visual torna-se mais clara quando a lente está a oscilar na direcção apropriada. 28 Acuidade visual http://webvision.med.utah.edu/KallSpatial.html • Teoricamente, um ponto de luz, quando focado na retina deveria ser infinitamente pequeno. Guyton & Hall, 2005, Textbook of Medical Physiology, Pennsylvania: Elsevier, Cap 49. • Na prática, devido às superfícies que a luz tem de atravessar quando entra no olho, o menor ponto de luz que chega ao olho tem um diâmetro de 11 µm. O ponto de luz é mais brilhante no interior do que na periferia. • O diâmetro médio dos cones na fóvea (a zona de maior acuidade visual) é de 1.5 µm. No entanto, como os pontos de luz têm um centro mais brilhante que a periferia, uma pessoa consegue distinguir pontos de luz cujos centros estão separados de somente 2 µm na retina. 29 Campo visual http://fourier.eng.hmc.edu/ O campo visual é a porção do mundo exterior vista pelos dois olhos, quando a cabeça não se move e a pessoa observa um ponto fixo no espaço. O hemicampo visual direito é a porção de espaço à direita desse ponto. O hemicampo visual esquerdo é a porção de espaço à esquerda desse ponto. Por razões clínicas e experimentais foi útil dividir a retina em quatro quadrantes. O ponto de referência central é a fóvea. Através dela passam duas linhas, uma vertical e outra horizontal. A linha vertical divide a retina em duas metades: a retina nasal que compreende a zona da retina mais próxima do nariz, e a retina temporal que contém a porção da retina mais afastada do nariz. A linha horizontal divide a retina em duas metades: a retina superior (dorsal) e a retina inferior (ventral). 30 Campo visual O hemicampo visual esquerdo projecta para a retina nasal do olho esquerdo e para a retina temporal do olho direito. O hemicampo visual direito projecta para a retina nasal do olho direito e para a retina temporal do olho esquerdo. Porção do campo visual observada pelo olho esquerdo Porção do campo visual que é binocular Porção do campo visual observada pelo olho direito Retina temporal ou Hemirretina temporal Retina nasal ou Hemirretina nasal As zonas mais laterais dos campos visuais esquerdo e direito são zonas monoculares, ou seja, a imagem visual que lá se encontra só é captada por uma das retinas. A zona central do campo visual é binocular. A informação visual é captada e processada pelas duas retinas. Isto significa que porções binoculares da retina nasal do olho direito processam a mesma informação visual que as porções binoculares da retina temporal do olho esquerdo (o mesmo raciocínio para a retina nasal do olho esquerdo e retina temporal do olho direito). 31 Retina O circuito vertical ou directo de células na retina: Parte traseira do globo ocular Bastonete Cone Camada plexiforme externa Célula horizontal Célula bipolar Célula amácrina • Fotorreceptores, responsáveis pela captação dos fotões. • Células bipolares recebem informação dos fotorreceptores. • Células ganglionares recebem informação das células bipolares. Os seus axónios saem da retina, constituindo o nervo óptico. Camada plexiforme interna O circuito horizontal ou lateral é mediado: Célula ganglionar • Células horizontais recebem e enviam informação aos fotorreceptores. Em direcção nervo óptico Luz Trindade J. (1998). “Magnetoencefalografia do Córtex Visual”. Tese de Doutoramento pela FCUL. • As células amácrinas recebem informação das células bipolares e enviam informação para as células ganglionares e bipolares (Wässle, 2004). 32 Retina • Na retina os fotorreceptores distribuem-se formando uma espécie de tapete bidimensional. • . Os axónios dos neurónios das camadas proximais da retina não têm mielina. • A densidade em fotorreceptores varia, sendo máxima na mácula lútea ou simplesmente mácula, a zona de maior acuidade visual. sal mporal • No centro da mácula lútea, denominado fóvea, os http://webvision.med.utah.edu/ corpos celulares dos neurónios da retina estão desviados para o lado, permitindo que os fotorreceptores desta zona recebam luz menos distorcida. Este desvio é ainda mais pronunciado na fovéola, o centro da fóvea. • A retina contém também uma zona chamada disco óptico, onde as fibras nervosas saem do olho. Esta região não tem fotorreceptores, pelo que é conhecida como o ponto cego do olho. 33 Ponto Cego do Olho 1. Feche o olho respectivo (pense qual é que será)... 2. Fixe a cruz. 3. Avance ligeiramente para a frente e para trás até ao ponto desaparecer. Trata-se, neste caso, de encontrar o ponto cego do olho direito, pelo que deve fechar o olho esquerdo. 34 O sistema oculomotor Apesar dos olhos poderem detectar objectos que se encontrem em qualquer ponto do campo visual, o olho tem maior acuidade visual na fóvea. O sistema oculomotor é responsável por manter o objecto de interesse na fóvea, movendo os globos oculares nas órbitas por controlo dos seis músculos extraoculares. Existem cinco tipos de movimentos do oculomotor: • Movimentos sacádicos dos olhos Os olhos exploram o mundo numa série de fixações activas ligadas por sacadas. O objectivo da sacada é mover os olhos o mais rapidamente possível. Uma sacada pode atingir uma velocidade de 900o/s. 35 O sistema oculomotor • Movimentos de perseguição nos quais a imagem de um alvo em movimento é mantida fixa na fóvea. Calcula quão rápido está o alvo a mover-se e move os olhos de acordo com esse cálculo (Kandel et al, 2000, Principles of Neuroscience, Cap 39). • Movimentos de vergência são movimentos oculares desconjugados. Quando observamos um objecto que está próximo de nós, os olhos tendem a rodar para dentro, ou seja, a convergir. E quando olhamos um objecto que está mais distante os olhos tendem a rodar para fora, ou seja, a divergir. 36 O sistema oculomotor • Os reflexos óculo-vestibular e optocinético estabilizam as imagens na retina durante o movimento da cabeça e/ou do campo visual, ao produzirem movimentos dos olhos na direcção oposta ao movimento. Quando a cabeça roda, o sistema vestibular detecta a rotação, e envia informação correctiva, via reflexo óculovestibular, para os músculos extraoculares. Quando o campo visual se move como um todo, ou porque a cabeça roda, ou porque todo o indivíduo está em movimento (andar, num automóvel, etc), o reflexo optocinético utiliza a informação visual que chega a toda a retina para detectar se a imagem (como um todo) está a mover-se ao longo da retina. São gerados movimentos correctivos no sentido do fluxo óptico (os olhos rodam para trás mantendo-se no alvo). 37