882 ESTUDO DE LEDS E LÂMPADAS PARA APLICAÇÃO EM ENERGIA SOLAR Rafaela Teixeira Alves (1), Germano Pinto Guedes (2) 1. Estudante de Iniciação Voluntária, Graduando em Física, Universidade Estadual de Feira de Santana, e-mail: [email protected] 2. Orientador, Departamento de Física, Universidade Estadual de Feira de Santana, e-mail: [email protected] INTRODUÇÃO A resistência elétrica é uma propriedade dos materiais e pode ser deduzida a partir da lei de Ohm (V=RI). Tomando-se a curva corrente versus tensão, a inclinação da mesma nos fornece a relação dI/dV=1/R, que é a Lei de Ohm na sua forma diferencial. Dispositivos onde a curva corrente versus tensão é uma reta, o valor da resistência é constante. Em outros materiais a corrente varia com a tensão aplicada de uma forma não-linear, o que resulta em uma resistência que também varia com a tensão, ou seja, R(V) =1/(dI/dV). Um caso especial são os semicondutores, cuja condução só se dá a partir de um valor mínimo de tensão correspondente à energia entre as bandas de valência e de condução, ou gap de energia. Voltagens crescentes acima destes valores críticos, provocam correntes também crescentes de forma exponencial, I=Is [e (eV/kT)-1], onde Is é a corrente de saturação reversa e permite calcular a corrente I na junção em função da tensão V aplicada. Esta equação foi deduzida por W. Shockley em 1954 (Sergio M. Rezende) e mostra claramente que a resistência elétrica do diodo é não linear com a voltagem aplicada. Os diodos emissores de luz (Light Emitting Diode), ou LEDs, além das características elétricas similares às do diodo, emitem fótons com comprimento de onda característicos determinado pelo gap de energia (Eg), através da relação λ=hc/Eg , onde h é a constante de Planck e c é a velocidade da luz. Outros dispositivos não ôhmicos são as lâmpadas incandescentes, pois o metal aquecido altera a resistividade do material de uma maneira não linear. Neste trabalho avaliamos propriedades elétricas e ópticas de dispositivos de estado sólido, comprovando seu comportamento não-linear de condução. Mostraremos espectros de emissão de diferentes LEDs (distintos gaps) que resultam em fótons de diferentes energias (cores). Finalizando, analisamos o comportamento de uma lâmpada incandescente operando em diferentes potências e pudemos verificar a lei de deslocamento de Wien onde é possível estimar a temperatura de uma fonte a partir do conhecimento do seu espectro de emissão. MATERIAIS E METODOS O trabalho foi dividido em quatro etapas, onde foram utilizados LEDs de diferentes tamanhos e diferentes cores e uma lâmpada do tipo incandescente. Para obter as características ópticas de cada LED, ou seja, seus espectros de emissão, realizamos o experimento com o programa Spectra Suíte controlando o espectrômetro Red Tide (Ocean Optics) e para os dados elétricos utilizamos multímetros adaptados como voltímetros e amperímetros. RESULTADOS E DISCUSSÕES Na primeira etapa do trabalho foram avaliadas as propriedades elétricas de um diodo retificador e de um resistor ôhmico. Nesse experimento foi construída a curva da corrente versus tensão do diodo e analisada a resistência do dispositivo. 883 (a) (b) 200 Y=A+BX A 0,74 V -3 B 8,83x10 200 150 Corrente (mA) Corrente ( mA ) Y=A+BX A -3979,22 V -3 B 5343,07x10 100 50 Y=A+BX A -12,00 V -3 B 25,22x10 0 0,45 150 100 50 0 0,50 0,55 0,60 0,65 0,70 0,75 0,80 0 5 Tensão no diodo ( V ) 10 15 20 25 Tensão no Resistor ( V ) Figura 1: gráfico da curva corrente versus tensão (a) para o diodo; (b) para o resistor No gráfico da curva corrente versus tensão no diodo (figura (a)), é possível observar que inicialmente a resistência é grande (1/R pequeno), e a partir de 0,64V a resistência diminui, quando então a corrente começa a conduzir. Seguindo a analise da Lei de Ohm, podemos concluir que a resistência nesta curva varia de 39,65Ω para a região inicial que está entre 0,48V e 0,64V, caindo para 0,187Ω em 0,77V. O experimento seguinte foi realizado para avaliar as propriedades elétricas de quatro LEDs e seu gap de energia. Nesse experimento foi possível compreender a resistência dos LEDs sendo análogo ao experimento anterior. A partir daí, temos as seguintes curvas: (a) 24 24 VERDE VERMELHO AMARELO AZUL 20 (b) 4000 3500 20 AMARELO AZUL VERDE VERMELHO 16 12 12 8 8 4 4 Intensidade (U.A.) Corrente (mA) 3000 16 2500 2000 1500 1000 0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 Tensão no LED (V) 3,0 0 3,5 500 0 400 450 500 550 600 650 700 Comprimento de onda (nm) Figura 2: Propriedades elétricas e ópticas de diferentes LEDs: (a) curva corrente versus tensão nos LEDs, mostrando diferentes voltagens de trabalho; (b) espectro de emissão de diferentes LEDs. Com a obtenção dessas curvas é possível visualizar a relação entre as propriedades ópticas e elétricas dos LEDs. No gráfico (a) o LED azul encontra-se na direita. Já no gráfico (b) o mesmo encontra-se à esquerda. Podemos concluir, a partir daí, que quanto maior a tensão de condução do LED menor a sua faixa espectral. Em outras palavras, quanto mais quente estiver o corpo, menor será o seu comprimento de onda. Para comparar as propriedades elétricas e ópticas entre LEDs comerciais de cor vermelha de diferentes modelos e tamanhos, medindo as curva corrente versus tensão de cada LED e os seus espectros de emissão, a partir dos quais calculamos o respectivo gap de energia. 884 100 (a) (b) 3500 LED 1 LED 2 LED 3 LED 4 80 LED 1 LED 2 LED 3 LED 4 3000 Intensidade (U.A.) Corrente (mA) 2500 60 40 20 2000 1500 1000 500 0 0 1,0 1,2 1,4 1,6 1,8 550 2,0 600 650 700 750 Comprimento de onda (nm) Tensão no LED (V) Figura 3: Estudo comparativo de LEDs vermelhos de diferentes modelos: (a) curvas corrente versus tensão e (b) espectros de emissão É possível observar que os comprimentos de onda dos LEDs vermelhos estão dentro da faixa da cor vermelha, que está entre 625nm e 700nm, com pequenas variações de tonalidades. Em outro experimento, usamos uma lâmpada do tipo incandescente para medir o seu espectro de emissão e compara-lo com o espectro de um corpo negro. (a) (b) 4000 1000 T= 4.306K = 673nm P = 1120 W 3500 800 Intensidade (U.A.) Potência (W) 3000 600 400 T= 4.255K = 681nm P = 910 W 2500 2000 T= 4.236K = 684nm P = 720 W 1500 1000 T= 3.937K = 736nm P = 550W 200 500 0 T= 3.926K = 738nm P = 400W 0 10 20 30 40 50 60 Tensão (V) 70 400 500 600 700 800 900 1000 Comprimento de onda () Figura 4: Estudo da Lâmpada incandescente: (a) curva de potência versus tensão; (b) espectros de emissão para diferentes potências elétricas. Percebe-se aqui o deslocamento do espectro para o azul com o aumento da potência. A curva potência versus tensão da lâmpada não é linear. Sendo assim, não é considerado um sistema ôhmico. Depois de encontrar o comprimento de onda na faixa espectral, calculamos a temperatura em cada pico máximo. CONCLUSÃO Com a realização do estudo foi possível compreender as propriedades ópticas e elétricas dos materiais utilizados, relacionando-as de maneira sucinta. Os LEDs diferem-se das lâmpadas pelo baixo consumo de energia como foi mostrado ao longo do estudo e assim foi possível alcançar o objetivo. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS [1] REZENDE, SERGIO. Materiais e Dispositivos Eletrônicos – Editora Livraria da Física; [2] SERWAY, RAYMOND A., Princípios de Física 4 – Ópticas e Física Moderna – Editora Thomson; [3] SERWAY, RAYMOND A., Princípios de Física 3 – Eletromagnetismo – Editora Thomson; [4] http://www.sustentabilidade.org.br/info_det.asp?codigo=1040 / acesso 27/04/2011;