O USO DE FERRAMENTAS DE GEOPROCESSAMENTO NO MAPEAMENTO DE REGIÕES DE PAISAGEM DO LITORAL LESTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Bárbara Figueiredo de Oliveira1 Walace Cordeiro de Moura Braga¹ Karla Carolina Pinto Frota1 Vinicius da Silva Seabra1 1 - Universidade do Estado do Rio de Janeiro - Faculdade de Formação de Professores Departamento de Geografia ([email protected], [email protected], [email protected], [email protected]) RESUMO A análise geoecológica dos diferentes elementos abióticos, bióticos e socioeconômicos presentes no espaço geográfico contribui profundamente com as questões ambientais e socioambientais relacionadas ao planejamento ambiental. Nesse contexto, o objetivo do presente trabalho consiste em desenvolver metodologias capazes de oferecer os subsídios necessários para a elaboração do Mapeamento de Regiões de Paisagem no Litoral Leste do Estado do Rio de Janeiro, em escala de 1:100.000, através de levantamentos e análises de variáveis bióticas, abióticas e socioeconômicas e a construção de uma Matriz Geoecológica. Os procedimentos adotados para a elaboração da matriz consistiram na construção do mapa de variáveis geomorfológicas, em alguns ajustes na classificação do Mapa Geológico do Estado do Rio de Janeiro elaborado em 2001 pela CPRM (Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais) e na construção dos mapas de pluviosidade e faixa térmica a partir da aquisição dos dados metereológicos disponibilizados gratuitamente pelo WorldClim (Global Climate Data). A identificação das regiões de paisagem existentes na área de estudo através da matriz geoecológica permitiu a construção do Mapa de Regiões de Paisagem do Litoral Leste Fluminense. Os resultados deste trabalho revelam que na área mapeada foram identificadas 36 regiões de paisagem sendo perceptível a localização da maioria dessas regiões na faixa térmica quente com valores superiores a 23º e índice pluviométrico acima de 1000 mm. A área apresenta o predomínio de planícies costeiras e fluvio-lagunares, com presença de morros e morrotes isolados, e ainda maciços costeiros cristalinos. As regiões mais baixas (leste) apresentam valores pluviométricos de até 1000 mm enquanto nas regiões mais elevadas (oeste) esse valor é superior. Palavra-chave: Geoecologia, Regiões de Paisagem, Geoprocessamento. INTRODUÇÃO Os estudos voltados para a Análise da Paisagem, sobretudo aqueles desenvolvidos pela escola Russo-Siberiana de Geoecologia (TROLL, 1950; RIÁBCHICOV, 1976; SOTCHAVA, 1978), objetivam a realização de investigações que fornecem importantes subsídios para a compreensão das mudanças que ocorrem na superfície terrestre. Estes estudos envolvem a análise dos diferentes fatores abióticos (ex: clima, relevo, geologia, etc.), bióticos (vegetação, fauna, etc.) e socioeconômicos (ex: população, uso e cobertura do solo, etc.) presentes no espaço geográfico, além de avaliar as interações existentes entre cada um destes componentes. De acordo com Rodriguez et. al. (2007) a regionalização da paisagem consiste na delimitação de áreas que possuam uma relevante interação entre seus componentes naturais, sendo desta forma inseparáveis do ponto de vista analítico. Ainda que a região de paisagem possua uma homogeinidade relativa em suas propriedades naturais, e uma determinada semelhança em suas inter-relações estruturais, o que a caracteriza de fato é a sua "irreptibilidade" no espaço e seu desenvolvimento histórico. Significa dizer que mais que agrupar áreas com mesmas características naturais, o processo de regionalização da paisagem objetiva a diferenciação de espaços com distintos históricos de formação, diferentes composições e processos predominantes. A região mapeada localiza-se no leste do Estado do Rio de Janeiro compreendendo 8 municípios distribuídos entre as cidades de Maricá (22º55‘10" de latitude sul e 42º49'07" de longitude oeste) e Cabo Frio (22º52'46" de latitude sul e 42º01'07” de longitude oeste) possuindo uma área total de aproximadamente 2.024 Km². O objetivo do trabalho é desenvolver metodologias capazes de oferecer os subsídios necessários para a elaboração do Mapeamento de Regiões de Paisagem no Litoral Leste Fluminense, em escala de 1:100.000, através de levantamento e análise de variáveis bióticas, abióticas e socioeconômicas. e a construção de uma Matriz Geoecológica da Paisagem. METODOLOGIA Para a elaboração do Mapa de Regiões de Paisagem torna-se necessária a construção da matriz geoecológica da paisagem do litoral leste fluminense. Esta matriz considera os fatores morfoestruturais e climáticos bem como a interação entre esses elementos, para a determinação das regiões de paisagem existentes no Litoral Leste do Estado do Rio de Janeiro. Os dados necessários para a construção da matriz consistiram no mapeamento morfométrico, geológico, de faixa térmica e de pluviosidade da área de análise. Os procedimentos adotados para a construção do mapa de variáveis geomorfológicas consistiram em adaptações no método empregado pelo IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas), no ano de 1981, ao realizar o Mapeamento Geomorfológico do Estado de São Paulo. O cálculo das variáveis geomorfológicas foram extraídas do MDE/ ASTER para a geração do mapa de declividade das encostas e amplitude do relevo. O produto gerado a partir do cruzamento dos mapas temáticos considerou as classes do sistema de relevo do Leste Fluminense como: Relevo Plano ou Suavemente Colinoso tendo declividade entre 0 e 5% sendo a amplitude menor que 40m, Colinoso com declividade entre 5 e 15% e amplitude menor que 40m, as classes Morrotes, Morros e Montanhoso com declividade maior que 15% tendo os Morrotes amplitude entre 40 e 100m, os Morros entre 100 e 300 e por fim o montanhoso com amplitude acima de 300m. A elaboração do mapeamento geológico baseou-se em alguns ajustes na classificação do Mapa Geológico do Estado do Rio de Janeiro elaborado em 2001 pela CPRM (Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais). Esse processo consistiu no agrupamento de classes como os Complexos Búzios, Paraíba do Sul, Região dos Lagos, as Unidades Cassorotiba, Maricá, Região dos Lagos, São Fidélis e Tingui, os Diques e por fim os Granitos Suíte Rio de Janeiro e Caju em uma única classe denominada Rochas Cristalinas. As demais classes foram mantidas de acordo com a classificação estabelecida pela CPRM. A construção dos mapas de pluviosidade e faixa térmica consistiram, primeiramente, na aquisição dos dados metereológicos disponibilizados gratuitamente pelo WorldClim (Global Climate Data) que é um portal que oferece dados climáticos de todo o mundo a partir de grades regulares com resolução espacial de 1km2. Os índices de pluviosidade são importantes, pois identificam áreas com maior ou menor índice pluviométrico em que se pode analisar a influência dessas médias nos índices de umidade dos locais de mapeamento. Para o mapa de faixa térmica foram consideradas as classes; moderado, com valores entre 18º e 23º; e quente, com valores acima dos 23º. Para o mapa de pluviosidade foram consideradas duas classes: Acima de 1000 mm e abaixo de 1000 mm. RESULTADOS A construção da matriz geoecológica (figura 1) permitiu a identificação de 36 regiões de paisagem (figura 2) na área mapeada que apresenta o predomínio de planícies costeiras e fluvio-lagunares, com presença de morros e morrotes isolados, e ainda maciços costeiros cristalinos. As regiões mais baixas (leste) apresentam valores pluviométricos de até 1000 mm enquanto nas regiões mais altas (oeste) esse valor é superior. A faixa térmica que compete à região mapeada é em sua maioria enquadrada nas faixas moderada e quente, de acordo com as classes convencionadas pelo WorldClim, sendo perceptível a localização de 17 regiões de paisagem na faixa térmica moderada (18ºC – 23ºC) e 19 regiões de paisagem localizadas da faixa térmica quente (< 23ºC). Figura 1: Matriz Geoecológica para o Leste Fluminense Figura 2: Mapa de Regiões de Paisagem do Leste Fluminense CONCLUSÕES O uso de ferramentas de geoprocessamento associado às metodologias empregadas geraram resultados compatíveis com a realidade observada na área de estudo onde foi possível a identificação das regiões de paisagem constituídas predominantemente de planícies fluviais e\ou lagunares com elevadas temperaturas. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CPRM - Serviço Geológico do Brasil. Programa de Levantamentos Geológicos Básicos do Brasil. Geologia do Estado do Rio de Janeiro. Orgs. Silva, L.C. & Cunha, H.C.S. Brasília, 2001. RIÁBCHICOV, A.M. Estructura y Dinámica de La Esfera Geográfica: Sudesarollo natural y transformación por el hombre. Traducido del Ruso para Español por Isabel Alvarez Moran. Editorial MIR.Moscou. 1976. RODRIGUEZ, J. M. M., SILVA, E.V., CAVALCANTI, A.P.B. Geoecologia das Paisagens: uma visão geossistêmica da análise ambiental. 222p. Fortaleza: Editora UFC, 2007. SOCHAVA.V.B. Introducción a la doctrina sobre los geosistemas (en ruso). Tradución José Manuel Mateo Rodriguez. Editorial Nauka, Filial de Siberia, Novosibirsk, p. 318. 1978. TROLL, C. A paisagem geográfica. Hamburg: Stadium Generale, v.2, p. 163-181. 1950