REPRESENTAÇÕES CULTURAIS: O ESPAÇO FESTIVO DO BOI

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REPRESENTAÇÕES CULTURAIS: O ESPAÇO FESTIVO DO BOIÀ-SERRA EM SANTO ANTÔNIO DE LEVERGER/MT
Maisa França Teixeira
Doutoranda em Geografia pela Universidade Federal do Paraná – UFPR
[email protected]
Salete Kozel
Docente da Universidade Federal do Paraná- UFPR
[email protected]
RESUMO
As manifestações culturais são tradições que constituem a resistência dos povos em
defesa de sua cultura e de seus costumes. Assim, este estudo deve ser entendido como
uma forma de reconhecer e obter o significado da manifestação Cultural do Boi-à-Serra
como Patrimônio Imaterial Matogrossense. Abranger tal relação possibilita uma análise
teórica dos estudos culturais, do patrimônio imaterial, bem como, entender as diferentes
representações dessa manifestação na tradição popular do município de Santo Antônio
do Leverger/MT. Desta feita, o presente artigo nos permite refletir sobre os seguintes
fenômenos: Qual o significado da manifestação do Boi-à-Serra na cultura brasileira?
Quais as memórias e narrativas identitárias encobrem esse patrimônio imaterial
matogrossente? Como integrar a festividade do folguedo na cultura do estado de Mato
Grosso? Os procedimentos metodológicos compõem-se em um conjunto de fontes e
dados obtido por meio de pesquisas bibliográficas e de trabalho de campo com a
aplicação dos mapas mentais. Como parte dos resultados, torna-se possível reconhecer
que a manifestação cultural analisada promove a construção de representações festivas
no espaço turístico de Santo Antônio de Leverger/MT.
Palavras-Chave: Patrimônio, Representações, Boi-à-Serra e Santo Antônio do
Leverger/MT.
INTRODUÇÃO
O presente estudo compreende o debate de conceitos que subsidiarão a
construção teórico-conceitual acerca da hipótese da Festa do Boi-à-Serra como
elemento da identidade territorial do município de Santo Antônio do Leverger/MT e
apresentará argumentos para a hipótese. A ciência geográfica, sobretudo com a
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abordagem da Geografia Cultural com seu amplo campo metodológico, consente a
análise das formas que vinculam a identidade a uma base territorial.
A identidade territorial dá-se por uma construção de elementos simbólicos rurais
que se cumprem por relações de afetividade e de pertença. Reconhece-se, nessa
construção, que a forma espacial pode ser variável e os processos que os grupos
constroem, por meio de marcas ou raízes, conferem ao território o sentido maior, o qual
se liga a esse pertencimento do sujeito com seu espaço. Os locais e as relações de
vivência, de idealização das práticas sociais e culturais e os processos de enraizamento
concedem ao espaço o caráter de território, em que se criam territorialidades culturais
rurais: no caso da festa do Boi-à-serra.
Neste estudo sobre o Boi-à-Serra, a discussão sobre o território e a formação das
identidades territoriais rurais iniciarão o tema; a partir deles as territorialidades da Festa
do Boi-à-Serra serão apresentadas e posteriormente, suas representações marcadas pelos
símbolos e simbolismos rurais, buscando identificar e descrever o Boi-à-Serra como
produtor de uma identidade territorial perante uma tradição popular.
O Boi-à-Serra, como possível promotor de uma identidade territorial, reporta-se
à impossibilidade de arrazoá-la como algo estático, descontínuo e isolado, uma vez que
estabelece uma interface entre o passado, o presente e o futuro.
Território e Identidades Territoriais: pressupostos conceituais
Diversos autores abordam sobre território, territorialidades, cultura e identidade
ganharam campo dentro das ciências humanas. Semelhantes discussões têm suscitado
um amplo cenário de investigações de geógrafos nacionais e internacionais, entre os
quais se ressaltam Raffestin (1993), Bonnemaison (2002), Muñoz (2006), Haesbaert
(2007), Saquet (2007), Almeida (2009). No bojo das contribuições desses autores para o
estudo das manifestações culturais, analisa-se a identidade em seu elo com o território,
destacando-se as chamadas identidades territoriais.
O Boi-à-Serra é um acontecimento carnavalesco coletivo voltado para a reunião
de parentes e pessoas conhecidas ligados pela manifestação, em especial, as crianças,
sendo que a coletividade é expressa quando se observam os períodos de ensaios, as
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montagens dos “boizinhos”, as escolhas de repertórios e os desfiles, dentre outros. Ela é
uma expressão cultural formada no tempo e no espaço simbólico por intermédio de
relações mediadas por símbolos (o boi, o desfile, os mitos, os animais, as músicas). Para
os praticantes mais velhos, ele é parte da bagagem da vivência; torna-se um laço
identitário com a população levergense.
Para Haesbaert (2007), na contemporaneidade emerge a relevância dada à
abordagem geográfica da identidade. Na perspectiva do autor, a identidade constitui-se
de formas múltiplas que envolvem relações temporais ligadas ao passado e ao presente,
além de relacionar-se diretamente com os sentidos da memória e da imaginação: ela
estabelece-se numa dimensão geográfica, ou melhor, numa dimensão territorial. Ainda
apoiada na reflexão do autor mencionado, a formação de identidade constitui-se por
processos (2007, p. 34) “múltiplos, híbridos e flexíveis”. A ideia central é a de que tanto
os territórios quanto as identidades — sejam elas as mais fechadas ou ressignificadas —
espacializam-se por processos que dão formas também múltiplas e flexíveis à
composição cultural presente nos lugares.
Os conceitos de identidade e de território inseridos nos estudos das
manifestações culturais — em especial do boi-a-serra — autorizam-nos notar a criação
de elementos constituintes da formação de uma identidade territorial. E o território, na
análise proposta, passa a ser entendido como produto de relações sociais organizadas
tanto em nível político quanto espacial. Sob tal prisma, Almeida (2005) compreende o
território como produto social, lugar de vida, de relações e de representações
simbólicas. Território, na Geografia, esteve, inicialmente, ligado ao sentido de poder,
apropriação/dominação em termos econômicos e políticos, todavia, após a década de
1960, estudos passam a valorizar as dimensões sociais e simbólicas do território.
Para Raffestin (1993), o território forma-se a partir do espaço, sendo o resultado
de uma ação conduzida por um ator sintagmático. O autor ainda coopera com a temática
ao relacionar a formação desse território a partir do espaço. Para ele, o território é
resultante da ação conduzida por esse ator sintagmático (ator que realiza um programa)
em qualquer nível; ao apropriar-se do espaço, de forma concreta ou abstrata, o ator o
territorializa. Esse ator é designado pelas próprias representações espaciais que
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significam controle, domínio e revelam a imagem do território. Consoante o autor, a
apropriação resulta da própria territorialização do espaço. Nesse sentido, ele distingue o
espaço e o território como sendo, respectivamente, o “trunfo” e o “campo de ação dos
trunfos”.
Outra concepção de território e identidade advém de Almeida (2009 p. 166)
quando diz que o território é “relacional, no sentido de incluir pessoas sociais e espaço
material, mas também é movimento e fluidez”. Ela acrescenta que o território possui
especificidade que garante a permanência e a reprodução dos grupos humanos. Tal
concepção de território relacional é aplicada ao estudo do Boi-à-Serra, como uma
prática cultural e esta demarca, no espaço, a identidade daqueles (as) que a praticam.
Nesse sentido, o Boi-à-Serra pode ser considerado como produtor de uma
dimensionalidade espacial que abrange as relações subjetivas representadas por paixões
e poderes, e as relações que constituem e determinam as forças e as fraquezas da
humanidade em suas práticas existenciais. Para ilustrar, os (as) brincantes (as) do Boi-à-
Serra — sobretudo aqueles que a praticam no entendimento tradicional — demarcam no
território valores e sentimentos que simbolizam as relações de pertença ao espaço. O
território efetiva-se, então, como locus das ações dos grupos político-simbólico. O
território é o espaço de relações de indivíduos estabelecido pelas relações de poder e de
pertencimento,
além
de
ser
uma
dimensionalidade
vivida
e
representada
simbolicamente, tratando-se do espaço utilizado para experiência humana. Como base
material e imaterial/simbólica das práticas humanas, o território é formado e partilhado
por ações que conformam os desejos, os sonhos, a imaginação e as manifestações que se
incorporam ao espaço, constituindo referenciais territorializados por meio de símbolos,
ritos, expressões e outros.
Territorialidade e identidade são conceitos que, ligados aos símbolos, imagens e
aspectos culturais, conectam-se com o sentido de pertencimento aos lugares. As
heranças do passado e suas ressignificações no presente criam identidades incorporadas
não somente por processos cotidianos, mas aos territórios, gerando laços de pertença e
de valores pessoais e grupais. A ligação é possível dadas as relações de parentesco,
amizade e irmandade entre os praticantes da brincadeira. Nas conversas com os
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brincantes, ocorrem exposições de que são esses laços que ainda sustentam suas
ligações com o lugar e os grupos dos bairros (desfiles).
Podem-se vincular as identidades como representações marcadas pelo indivíduo
ou pelo coletivo, por meio do confronto, do contato, da dominação, enfim, da liberdade.
Elas demarcam-se no espaço, territorializam-se de forma a definir as pessoas
pertencentes àquele território.
Os grupos do boi-à-serra associam-se e demarcam os seus territórios por via dos
seus símbolos e significados ao longo dos tempos. Brandão (1986, p. 42) enfatiza isso
ao dizer que “o poder é das pessoas de construir o seu próprio mundo, os seus próprios
símbolos e significados”. Essas construções conduzem-nos, segundo o autor, ao
entendimento de que a identidade não é apenas o produto inevitável da oposição por
contraste, mas o próprio reconhecimento social da diferença.
Para o estudo das festas, temos aportes teóricos no campo da sociologia,
antropologia, história e geografia. Citam-se os trabalhos de Amaral (1998), Brandão
(1989), Del Priore (1994), Di Méo (2001), Guarinello (2001), Maia (1999) e Pessoa
(2007). Sobressaem-se, também, as expressivas contribuições científicas de autores
como DaMatta (1997), Duvignaud (1983) e Bakhtin (2008), que retratam a importância
das festas como acontecimentos únicos. Outros autores influentes para o estudo
proposto são Kozel (2012), Farias (2005), Braga (2002) e Rodrigues (2006), que
analisam a festa do boi no contexto brasileiro.
Segundo Pessoa (2007), a festa é um momento de aprendizagem, é o texto
escrito pela memória, constituída pelos valores, é transmissão oral do conhecimento.
Festa não é só uma ocasião de descanso, é um momento de aprendizado, de
reconstituição ou fortalecimento de laços sociais e da prática do turismo2.
Almeida (2011, p. 1) retrata o turismo como “um fenômeno social que manifesta um crescimento
constante. É considerada uma importante fonte de riqueza econômica e oportunidade para impulsionar
áreas deprimidas nos aspectos econômicos e sociais, por isso, ele tem sua importância como fator
econômico”. Para a autora, o turismo associa-se à economia e torna-se um importante vetor para o
desenvolvimento local. A atividade turística apropria-se dos símbolos e significados oriundos das
territorialidades dos indivíduos e dos grupos que podem se transformar em atrações turísticas.
2
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Para Brandão (1989), as festividades esboçam a constituição do sentido da vida e
da ordem do mundo, vivenciada mediante festejos e símbolos, o que se liga o boi-à-
serra ao revelar a possibilidade de ser ela demarcadora de um território em seus
símbolos, compondo o que se designa como território identitário. Nesse contexto, essa
festa é a mediadora dos anseios individuais e dos coletivos, visto que revela as
contradições impostas à vida humana pela dicotomia natureza/cultura e pelas formas
festivas que surgem devido aos encontros culturais.
Sob esse aspecto, Maia (1999) ressalta que a festa é uma concepção de mundo,
uma possibilidade de estar copresente fundada na tradição e na compreensão do mundo
festivo. Assim, analisa-se a festa e o boi-à-serra como representações de identidade
festiva no território de Santo Antônio de Leverger/MT.
AS FESTIVIDADES NO BRASIL: Cultura e Representações no
espaço festivo do Boi-à-Serra
Tendo como suporte a geografia das representações, salienta-se que o termo
“representação” é compreendido por Kozel (2005, p. 140-141) “como o processo pelo
qual são produzidas formas concretas ou idealizadas, dotadas de particularidades que
possa também se referir a outro objeto, fenômeno relevante ou realidade”. Nesse
contexto, as representações, dentro da Geografia Cultural-Humanista, são um
importante aporte para o entendimento do espaço construído socialmente e da ação dos
agentes que o produzem.
A pesquisa sobre as representações festivas converge para a experiência vivida
pelos agentes sociais a partir dos processos culturais ocorridos nas localidades
selecionadas, tendo em vista o entendimento das representações simbólicas.
De acordo com Kozel (2005), toda representação é considerada uma forma de
linguagem, ressaltando-se a importância da linguagem quando nos referimos às
representações. A linguagem, segundo Gil Filho (2005), pode ser entendida como
função do pensamento que reapresenta o mundo concreto imediato como outro, um
mundo de ressignificações. Portanto, nesse caso, a linguagem coloca-se como “a
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mediação necessária entre as coisas e seus significados mais ocultos” (GIL FILHO,
2005, p. 75).
As festas tornam-se um dos principais componentes da cultura, no âmbito da
Geografia Cultural. A Geografia Cultural passa a ser entendida como um ramo da
Geografia preocupada com a distribuição espacial das diversas manifestações culturais.
O espaço torna-se produtor de atividades humanas valorizadas e caracterizadas por
atributos funcionais estruturais e efetivos. O espaço torna-se visível a partir da instância
social, evidenciando os aspectos simbólicos e afetivos atribuídos aos grupos. Propomo-
nos relacionar as manifestações culturais inerentes às festividades do boi no contexto da
Geografia Cultural.
Os signos presentes nas festividades são destacados por Kozel (2008) como
construídos por intermédio das imagens, dos sons, formas, odores e sabores. Para a
autora, o caráter significativo dos signos “prescinde de uma forma de linguagem para
ser comunicado”.
A Geografia passa a privilegiar a subjetividade, a intuição, os sentimentos, as
experiências e os simbolismos, acentuando, assim, as particularidades e as
singularidades, visando à compreensão do mundo e do ser humano. O espaço, antes
visto como homogêneo, passa a ser interpretado como “espaço vivido pelas experiências
humanas, cada ser humano em sua individualidade”. Por isso, ele ressignifica categorias
como a “paisagem” e o “lugar”, que passam a fazer parte dos debates sobre a
objetividade e a subjetividade na Geografia (TUAN, 1983).
Quando nos propomos a estudar a festividade do boi como formadora de
representações, é importante considerar a realidade cultural de cada povo, seus hábitos e
costumes que são construções históricas. E, nessa perspectiva, refletimos sobre as festas
e os signos produzidos nas paisagens onde ocorrem.
As festas são importantes elementos da cultura e de um determinado povo, pois
são por meio desse território festivo que os grupos sociais apresentam sua história, seus
ritmos, sua identidade, seus estilos de vida, enfim, seus festejos.
As festas constituem um dos mais variados elementos da dimensão simbólica
geográfica reproduzida com base nas relações. Para Brandão (1989) a festa está
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intimamente relacionada às únicas, raras e repetidas situações da vida, permitindo
assim, o conhecimento de variados universos de festas populares transformadas em
“uma fala, uma memória e uma mensagem” (p. 8).
O Boi-à-Serra representa um espaço grande na vida cultural dos levergenses,
principalmente devido sua associação com a diversidade cultural no município. As
danças populares associadas ao folclore regional e a cultura popular ganham forças no
território e buscam a sua valorização. Assim, faz-se necessário conhecê-la para
entendermos o modo de ser e de agir das pessoas que ali se encontram mesmo
posteriormente as recriações e readaptações postas.
Em sua espacialização, o Boi-à-Serra está presente nas festas populares,
folclóricas, em especial no Carnaval, principalmente pela grande quantidade de
“foliões” que participam e observam o desfile do Boi-à-Serra.
O Boi-à-Serra como uma manifestação cultural entende o corpo como essencial
para a sua realização (Figura 1). O corpo em seus aspectos físicos e biológicos, tais
como, o movimento realizado pelo condutor do boi, remete-se a construção do
conhecimento repassado e a sobrevivência das manifestações. A festa hoje constitui
uma diversidade em todo o país. Elas estão impregnadas na vida da população, cada
uma em seu território; são legítimas expressões de vida e alma de cada indivíduo. É
uma manifestação coletiva e está presente em todo o território nacional brasileiro, cada
local com suas especificidades e significações diversificadas.
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Figura 01: Festa do Boi-à-Serra em Santo Antônio do Leverger/MT.
Organização: TEIXEIRA, Maisa (2014).
Fonte de Dados: Banco de Imagens da Festa do Boi-à-Serra em Santo Antônio do Leverger/MT.
Considerações Finais
Decorre, portanto, o entendimento de que a Geografia Cultural, fez do homem o
centro de suas análises, primando por três eixos necessários e complementares: o
primeiro, partindo das sensações e das percepções; o segundo tratando a cultura por
meio da ótica da comunicação e o terceiro, a cultura apreendida na construção de
identidades aprimorando o papel do indivíduo nas dimensões simbólicas da vida. Corrêa
(2003) relata a “[...] importância da geografia cultural renovada, centrada na perspectiva
dos significados”.
No tocante das principais características dessa abordagem, (ALMEIDA, 2008,
p.50) considera que “uma das mais marcantes características da Geografia Cultural
contemporânea é a percepção de que o conhecimento é múltiplo e situacional, de que
existem muitas maneiras de ver e ler a paisagem”.
O estudo proposto estabelece um diálogo entre a cultura local de Mato Grosso
em especial, do município de Santo Antônio do Leverger e as festividades do Boi-à36
Serra, por meio da construção de um conhecimento que valorize o conjunto dos rituais
em suas semelhanças e diversidades espaciais, além da atividade turística.
As festas, em especial a do Boi-à-Serra, são importantes elementos da cultura e
de um determinado povo, pois é por meio desse território festivo que os grupos sociais
apresentam sua história, seus ritmos, sua identidade, seus estilos de vida, enfim, suas
danças. Elas constituem um dos mais variados elementos da dimensão simbólica
geográfica reproduzida com base nas relações afetivas/simbólicas, religiosas/culturais,
sociais/políticas e intermeações turísticas. Segundo Brandão (1989), a festa está
intimamente relacionada às únicas, raras e repetidas situações da vida, permitindo
assim, o conhecimento de variados universos de festas populares transformadas em
“uma fala, uma memória e uma mensagem” (p. 8).
Enfim, é por meio das festas que se pode conhecer de uma maneira diferente, as
histórias contadas em cantos, danças, e manifestações distintas. Elas servem para
analisar e comparar as diferentes sociedades e estilos de vida de determinadas épocas.
Diante disso, defende-se que em Santo Antônio do Leverger, Mato Grosso há a
existência de um território compartilhado por paisagens simbólicas que passam a
representar uma cultura singular da Festa do Boi-à-Serra.
Assim, a Festa do Boi se espacializa territorialmente em Mato Grosso e se
diversifica originando as territorialidades em que se pretende compreender uma análise
que
considere
o
território-espaço,
representação permeado pelo turismo.
representação-cultura
e
território-cultura-
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