1 ENSINO APRENDIZAGEM DE QUÍMICA: RELATO DAS PRINCIPAIS DIFICULDADES Elber Ricardo Alves dos Santos* Alinne Oliveira Nunes** Janelane de Jesus Santos*** Josevânia Teixeira Guedes**** Lenalda Dias dos Santos GT1- Espaços educativos, currículos e formação docente (saberes e práticas). RESUMO Este artigo relata o levantamento das principais dificuldades enfrentadas no processo de ensino aprendizagem em Química, em turmas do Ensino Médio do Instituto de Educação Rui Barbosa, mediante dados coletados pela aplicação de questionários. Pesquisas desse tipo contribuem de forma significativa para a formação de professores, visto que iniciativas capazes de promover a contextualização e interdisciplinaridade são meios eficazes para a realização de uma prática pedagógica comprometida com a formação crítica do cidadão. PALAVRAS-CHAVE: Formação de Professores. Ensino de Química. Ensino aprendizagem. RESUMEN Este artículo presenta un estudio de las principales dificultades en el proceso de enseñanza y aprendizaje en las clases de química en la escuela secundaria en el Instituto de Educación Rui Barbosa, a través de los datos recogidos por la aplicación de cuestionarios. Este tipo de investigación contribuyen significativamente a la formación de los profesores, así como iniciativas para promover el contexto interdisciplinario y como medio eficaz para llevar a cabo una práctica docente comprometida con la formación crítica del ciudadano. PALABRAS CLAVE: Formación del profesorado. Enseñanza de la química. Enseñanza Aprendizaje. * Licenciado em Química e Pós-graduando em Metodologia e Didática do Ensino Superior. E-mail: [email protected] ** Graduanda em Biologia Bacharelado e Técnica em Química. E-mail: [email protected] *** Licenciada em Química. E-mail: [email protected] **** Mestranda em Educação pela Universidade Tiradentes (UNIT), especialista em Metodologia do Ensino, graduada em Pedagogia e Direito. Docente da Faculdade Pio Décimo (Aracaju-SE). Membro do Grupo de Pesquisa GPGFOP/UNIT. E-mail: [email protected] Mestre em Educação pela Universidade Federal da Paraíba. Diretora acadêmica da Faculdade Pio Décimo e Coordenadora do Curso de Licenciatura em Química da Faculdade Pio Décimo.. Email: [email protected] 2 1 INTRODUÇÃO O conhecimento científico se encontra organizado e dividido em diversas formas. Dentre elas, podem-se destacar as disciplinas lecionadas em sala de aula que apresentam relação entre si. A Química é um ramo desse conhecimento responsável por estudar a matéria, sua composição e estrutura, as transformações que ela sofre, bem como a energia envolvida nesses processos. A aplicabilidade dos conceitos abordados em Química é de extrema importância para a vida dos cidadãos. Ela está presente na fabricação de fogos de artifício, produção de energia, confecção de fármacos e perfumaria, indústria de bens alimentícios, remediação ambiental, entre outros. Enquanto disciplina, incorpora a matriz curricular do ensino fundamental e médio e sua aprendizagem deve proporcionar o entendimento dos fenômenos e transformações a fim de que o educando, de maneira fundamentada, possa utilizar esse conhecimento em sua tomada de decisão e interação com o meio social. A Química é uma ciência que constantemente passa por mudanças devido à descoberta de novos conceitos. Por conseguinte, tentativas de diagnosticar os possíveis problemas de ensino aprendizagem dessa matéria tem ganhado espaço ultimamente. O ensino da Química deve ocorrer de forma que facilite o aprendizado. Entretanto, as temáticas têm sido trabalhadas de maneira distante e sem ligações diretas com os conteúdos vistos anteriormente, o que possivelmente causa desmotivação nos alunos, pois dessa forma, a aprendizagem não se torna significativa, que no dizer de Moreira (1999, p. 14) é “um processo pelo qual uma nova informação se relaciona, de maneira substantiva (não literal) e não arbitrária, a um aspecto relevante da estrutura cognitiva do individuo”. Percebe-se que não há uma preocupação em desenvolver o raciocínio lógico, em consonância com a problematização dos conteúdos. O estudante, portanto, 3 responde a exercícios e questionamentos, utilizando o senso comum. Não há mudanças ou reflexões em sua forma de compreensão. Esse processo pode ser decorrente de alguns fatores, tais como: desmotivação do professor, infra-estrutura inadequada para a realização de atividades que envolvam os mais diversos recursos didáticos, ausência de laboratório para efetivação de atividades práticas, entre outros. Diante disto, o processo educativo contemporâneo tem exigido cada vez mais qualificação e mudança de postura do professor, a fim de que, gradativamente, abandone as abordagens tradicionais e possa desenvolver seu trabalho, de forma tal, que os educandos sejam inseridos no contexto social. Além disso, deve possuir a habilidade de realizar análises e reflexões sobre sua prática educativa, para não se tornar um mero transmissor de conhecimentos e entender o contexto daquilo que estuda, analisando criticamente o que é veiculado pela mídia e agindo com cidadania, efetivando a educação química. O docente necessita ter clareza sobre os principais problemas de ensino aprendizagem que possam estar se tornando obstáculos para a compreensão dos conteúdos abordados por ele. A simples compreensão de um conceito científico por parte do professor, não garante que este será assimilado da melhor forma por seus alunos, que necessitam realizar conexões com temas abordados em outras disciplinas, enxergar sua utilização e agir de forma crítica frente aos problemas do cotidiano. Entretanto, grande parte dos estudantes não consegue realizar as abstrações necessárias para a compreensão do conteúdo, não efetiva as conexões mencionadas anteriormente, pois, na maioria das vezes, os temas estudados são ministrados de forma que valorizam, tão somente, a memorização dos conceitos, símbolos e fórmulas sem significação ou preocupação com a análise reflexiva do que está sendo estudado. O que tem sido observado, atualmente, é que os discentes, frequentemente, levantam questionamentos acerca da importância do estudo da Química. Percebe- 4 se, com isso, que existe uma dificuldade em relacionar a Química abordada no contexto escolar, com aquela vivenciada em seu cotidiano. Diante da percepção apontada anteriormente, faz-se relevante realizar um estudo que seja capaz de diagnosticar os principais problemas no processo de ensino aprendizagem da Química. Isso pode ser de grande valia para o docente interessado em fazer de sua prática pedagógica um meio eficaz no auxílio aos alunos para o exercício da cidadania, implicando numa participação mais efetiva na democracia e tomada de decisão. Em vistas disso, esse trabalho objetivou, portanto, valendo-se de aplicação de questionários, realizar um levantamento sobre as principais dificuldades no processo de ensino aprendizagem da Química, enfrentadas por alunos e professor do Instituto de Educação Rui Barbosa (IERB), cuja prática educativa não é centrada na aprovação maciça do vestibular, o que possibilitou detectar carências no processo educativo e propor ações que, possivelmente, minimizem as dificuldades encontradas na construção do conhecimento Químico. 2 METODOLOGIA A pesquisa contou com a participação de 93 alunos e 1 professor de Química. Dessa maneira, fez-se possível analisar as reflexões sobre a aprendizagem e identificar os fatores que causam desmotivação, a fim de que a Química possa ser entendida como ciência presente no cotidiano, capaz de contribuir significativamente para a formação pessoal e profissional do indivíduo. O Ensino Médio vigente na instituição partícipe do projeto é de modalidade “Normal”, ou seja, o foco é voltado para a formação de professores capacitados a atuar nas primeiras séries do Ensino Fundamental e conta com quatro séries, que vão do Primeiro ao Quarto ano Normal. As mesmas possuem em sua matriz curricular, além das disciplinas já exigidas pela legislação, aquelas que dizem respeito ao fazer pedagógico, tais como: Libras, Psicologia, entre outras. O IERB 5 dispõe também de laboratório de química, informática e biblioteca, meios eficazes para a utilização de recursos didáticos na explanação dos conteúdos. Dessa maneira, a escola assume o compromisso de possibilitar que ao término do Ensino Médio, o aluno possa realizar conexões entre os saberes escolares e sociais, entender parte dos fenômenos e processos que o cerca, bem como atuar de forma crítica frente aos acontecimentos do dia a dia, visto que está apto a lecionar para as primeiras séries do Ensino Fundamental. É nessa fase do aprendizado que as crianças necessitam ser estimuladas de forma correta, para que vivenciem valores de solidariedade e respeito às diferenças, situações de aprendizagens que proporcionem a construção do conhecimento, levando em consideração o mundo que as cerca, trabalhar a responsabilidade e desenvolver seu universo cultural e pessoal. Portanto, é de extrema importância que os alunos do IERB, futuros professores, sejam motivados de forma adequada, possibilitando assim, que realizem um trabalho consciente em suas salas de aula. Para que o levantamento das principais dificuldades no processo de ensino aprendizagem da Química fosse concretizado com sucesso, optou-se por uma pesquisa do tipo descritiva, mediante aplicação de questionários, objetivando conhecer e interpretar a realidade, sem interferência que possa modificá-la. 3 DESENVOLVIMENTO O processo educativo atual tem superado as barreiras das abordagens tradicionais, contribuindo para a dinamização do fazer pedagógico e o exercício crescente da prática reflexiva. O professor responsável pela formação dos profissionais da área de educação está inserido nessa problemática como mediador capaz de auxiliar na aquisição da autonomia por parte dos estudantes, que por sua vez tornam-se o centro do processo de ensino aprendizagem e se inserem no contexto social de forma ativa e consciente, exercendo sua cidadania. Entretanto, Francisco Júnior (2010, p. 32) sustenta que 6 O primeiro ponto é o cuidado que se deve ter quando se remete ao ensino para a cidadania, de modo a não reduzi-lo simplesmente a uma educação que prepare e adapte o indivíduo para a sociedade. [...] Formar um cidadão não é ajudá-lo a viver melhor nesta sociedade. É fazê-lo querer uma nova sociedade, mais justa economicamente, menos discriminatória, verdadeiramente democrática. Logo, o simples fato de tomar decisões e participar da sociedade, não implica dizer que o indivíduo esteja inserido nela a partir de ideais claros de mundo, não se conformando com a situação social atual. Os cursos de formação de professores devem prepará-los para ensinar ciências de modo que os estudantes não apenas interajam, mas intervenham criticamente nesse mundo. Atualmente, no Brasil, ainda há editais de concursos, que ofertam vagas para os alunos egressos das Escolas Normais. Esses trabalham diretamente com a formação de crianças, preparando-as para a fase adulta, atuando diretamente na construção do caráter. Visto que a Química contribui de maneira significativa para a formação desses professores, realizou-se um levantamento sobre as principais dificuldades enfrentadas por eles, acerca do processo de ensino aprendizagem de Química. Segundo as informações coletadas através da aplicação de questionários, o primeiro obstáculo relacionado ao aprendizado da Química no Instituto de Educação Rui Barbosa é a carência de conceitos matemáticos por parte dos alunos. Como pode ser percebido adiante em algumas de suas respostas. “Quando se fala em dificuldades em química, também tem dificuldades em matemática e física. Temos que aprender de uma forma que todos acabem com a dificuldade de aprender ”. “Porque eu sou fraca em matemática”. Apenas uma aluna demonstrou não possuir dificuldades em Química, assim ela afirmou: “Para muitos alunos a maior dificuldade vem realmente da matemática no meu caso não tenho dificuldade não”. 7 O professor responsável pelas turmas em que as perguntas foram aplicadas se manifestou, afirmando que não somente a ferramenta Matemática, mas também, conhecimentos básicos de Português e a grande extensão do conteúdo programático curricular de Química, tem se tornado empecilhos a uma aprendizagem mais eficiente. Para ele, essa situação poderia ser contornada se fossem ofertadas aulas de reforço em turno contrário. Schnetzler (2010) afirma que ao invés de tentar transmitir todos os conteúdos presentes em livros didáticos tradicionais, induzindo os alunos a memorizarem uma enorme quantidade de informações químicas, o professor deveria selecionar e organizar o conteúdo do seu ensino enfatizando o tratamento de temas e de conceitos fundamentais desta Ciência para expressar o seu objeto de estudo e de investigação, abordando a identidade e importância da Química. No entanto, a maioria dos estudantes afirma estar motivada por possuir a consciência de que é necessário aprender e obter aprovação nos exames, sendo que alguns deles não informam qual fator responsável por essa motivação. “Por não gostar muito da matéria desmotivado. Por ter necessidade de aprender motivado”. “Tenho vontade de me aprofundar na matéria pois gosto de alguns assuntos”. Vale ressaltar que o educador deve trabalhar nos estudantes essa concepção equivocada de que é necessário estudar Química apenas para obter êxito escolar, desenvolvendo neles a consciência de que a Química não é apenas mais uma matéria que compõe a matriz curricular. Mais adiante, percebeu-se uma inquietação quando o tema proposto foi a realização de práticas experimentais no laboratório de Química. A grande maioria dos estudantes nunca foi a um laboratório e afirmam: “O laboratório daqui não funciona. Desde quando passei a estudar aqui nunca fui nem pra conhecer”. “Nunca fui ao laboratório de Química”. “Nunca fui mas tenho vontade de ir”. “Nunca fui pois no IERB tem um laboratório, porém não é utilizado”. 8 “Nenhuma vez. Nosso laboratório está fechado por falta de materiais para seu funcionamento”. “Nenhuma vez porque na escola os professores não tem motivação”. Percebe-se que os alunos possuem vontade de frequentar um laboratório de Química. Isso dinamiza a aula, possibilita novas descobertas, troca de informações e trabalha a cooperação entre os indivíduos, pois para Silva et al. (2010) estudos realizados mostram que os jovens possuem interesse em se deslocar para o laboratório, porque este espaço promove maior movimentação, indo de encontro à rigidez encontrada em sala de aula. Além disso, a realização das práticas facilita a compreensão dos conteúdos, pois os alunos concretizam as formulações teóricas. O professor responsável pela disciplina afirma que solicitou a reabertura do laboratório junto à Secretaria de Educação, porém seu pedido foi negado, com a justificativa de que não haveria um professor de Química disponível para realizar a manutenção do laboratório. Fica evidente o descaso dos órgãos responsáveis, visto que o próprio professor colocou-se à disposição para essa tarefa, confeccionou jalecos e fez limpezas nas instalações enquanto aguardava a autorização para iniciar os trabalhos. Silva et al. (2010, p. 233) justifica esse descaso afirmando que Na atualidade os programas institucionais não têm um foco específico em atividades experimentais, mas buscam uma melhoria geral no sistema de ensino com ações coordenadas em diversas frentes, abarcando: materiais didáticos por meio do Programa Nacional do Livro Didático para o Ensino Médio – PNLDEM; processo de formação inicial de professores com o Programa Institucional de Bolsas com Iniciação à Docência – Pibid; cursos de especialização para professores dos Ensinos Fundamental e Médio da rede pública, etc. Porém, a presença de um laboratório inativo não deve constituir empecilho para a motivação do professor, visto que é possível confeccionar experimentos com materiais alternativos, encontrados em casa e de baixo custo, utilizando-se de limão, sabão, amoníaco, vela, palitos de fósforo, vinagre, extrato de beterraba, leite, bexigas, entre outros, é possível levar para sala de aula a possibilidade de instigar a pesquisa e observação, bem como promover um aumento na aprendizagem dos educandos. De acordo com Mortimer et al. (2001), dessa maneira é possível explorar as propriedades, constituição e transformações dos compostos, considerando os três 9 níveis do conhecimento químico: o fenomenológico, que corresponde às observações; o representacional, que aborda a linguagem da Química, símbolos e fórmulas; e o teórico conceitual, com teorias e modelos. Apesar disso, os alunos afirmam que presenciaram apenas uma vez a realização de práticas desse tipo, em que a parcela mínima restante assegura nunca ter presenciado. “Nunca presenciei experimentos em sala de aula”. “Nunca cheguei a ver algum experimento de química em sala de aula”. “Teve um dia em que o professor fez uma rápida demonstração em sala de aula” . O docente referido no comentário acima julga ser relevante a realização de atividades de cunho laboratorial ou alternativo. Ele afirma ainda que leva materiais alternativos para a sala de aula, ao menos uma vez por semana, o que não condiz com o que foi informado pelos estudantes. Além disso, observou-se através das respostas que as aulas expositivas do professor são de linguagem que varia entre o razoavelmente clara a clara. “O professor explica bem mas podia facilitar explicando de uma maneira mais explícita e detalhada”. Ainda houve respostas que fizeram menção a uma maior necessidade de aproximação entre alunos e professores, outras mostraram estar cientes sobre a necessidade da motivação para um bom andamento das aulas. “Ele explica mas é muito fechado para os alunos”. “Algumas coisas dá para entender”. “Se o professor explicar umas duas vezes eu até entendo”. “Se estivermos com motivação de aprender, se torna clara”. Conforme Piaget (1996), a motivação constitui-se na mola propulsora da relação ensino aprendizagem, tendo em vista que desperta o interesse dos aprendizes e acaba por envolvê-los em algo que possua significado para si. Essa motivação possui origem na afetividade e, muito provavelmente, no fato dos alunos 10 estarem cientes da importância da Química em seu cotidiano, visto que o professor trabalha constantemente a contextualização em sala de aula. A grande maioria diz que enxerga os conhecimentos químicos como algo importante, presente no dia a dia, citam exemplos disso e também mencionam a participação da Química em concursos e exames em geral. “Tudo tem química e isso é importante”. “Está presente em quase tudo. Ex: gasolina, acetona, etc.”. “Importante porque quando vamos fazer alguma prova para concurso ou fazer algum curso, temos que saber química”. Além de visualizar a importância da Química no cotidiano, os estudantes afirmam enxergar relação entre a Química e outras disciplinas, tais como Matemática, Física e Biologia. Contudo, percebe-se que a ideia deles está restrita às disciplinas exatas, não mencionando outras disciplinas além destas. O conceito de interdisciplinaridade levado do professor aos alunos não contribuiu de forma significativa para isso, pois pôde ser percebido que o mesmo não relaciona de forma direta os conhecimentos afins, apenas citando exemplos isolados. Japiassú (1976) contrapõe essa visão de interdisciplinaridade, pois afirma que a mesma pode ser considerada a solução para a fragmentação do conhecimento como hoje é percebido, contribuindo diretamente para a melhoria da qualidade de vida e do ensino. Santos e Mól (2005, p. 8) destacam que entendem o papel da contextualização e da abordagem interdisciplinar, considerando que vivemos em um mundo complexo que não pode ser explicado a partir de uma única visão de área do conhecimento, mas de uma visão multifacetada, construída conjuntamente pelas visões das diversas áreas do conhecimento. Dessa forma, percebe-se que trabalhar de maneira interdisciplinar, muitas vezes, diz respeito a acompanhar aspectos relacionados à contextualização e ao cotidiano, sendo contextualização, a pois interdisciplinaridade contextualizar uma fenômenos consequência cotidianos complexidade proveniente de inter-relações entre diferentes saberes. natural implica da numa 11 Além da importância da interdisciplinaridade, contextualização e realização de atividades experimentais, os alunos afirmam que nunca foram indagados sobre os principais problemas enfrentados por eles em sala de aula. Atualmente, o diálogo tem sido ferramenta importante nas relações interpessoais, norteando também estratégias pedagógicas. Os estudantes comentam entre si sobre os problemas enfrentados na aprendizagem da matéria, mas que não há iniciativa da gestão escolar em discutir com eles esses empecilhos. Francisco Júnior (2010, pp. 36-37) defende que há a necessidade de comunicação entre os indivíduos, comunicação essa que se realiza no diálogo. O saber emerge na comunicação e na intercomunicação entre os indivíduos com o mundo. A aprendizagem é um processo de busca e, para que essa busca aconteça, não é possível o conhecimento chegar aos aprendizes sem que esses reflitam e atuem no processo. Se a educação é um processo social e comunicativo, o diálogo não pode se infundir de discursos autoritários, de uns sobre os outros. A falta dessas discussões, muito provavelmente, compromete a eficácia da aprendizagem dos estudantes, pois estes sentem que seus interesses não são levados em consideração, o que acaba por comprometer sua motivação para estudar Química. 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS O ensino de Química, nas mais diversas instituições, tem sido ministrado de forma dicotomizada, em que não há relação direta entre os conhecimentos teóricos e aqueles adquiridos no cotidiano. Estratégias de ensino, tais como, a contextualização, interdisciplinaridade e uso de recursos didáticos podem contribuir para minimizar os déficits no processo de ensino aprendizagem. No caso particular do Instituto de Educação Rui Barbosa, a contextualização é trabalhada de forma tal que apresenta resultados satisfatórios, aproximando os conceitos químicos da vivência dos alunos. Porém, a maneira com que o professor assimila a interdisciplinaridade e a passa adiante, pode comprometer a aprendizagem dos educandos. 12 A ausência de experimentação é outro fator que compromete a aprendizagem, visto que os alunos se mostraram interessados em realizar atividades práticas de cunho laboratorial. O que não pôde ser solucionado devido à falta de comprometimento apresentada pelos órgãos responsáveis. É possível minimizar essa carência com a realização de experimentos alternativos, elaborados com materiais de baixo custo e encontrados nas residências domésticas. No entanto, o docente responsável pelas turmas que participaram do estudo, não se utiliza desse viés para obter melhora significativa no rendimento de suas aulas. Pede-se, atualmente, uma nova prática pedagógica, que seja capaz de motivar os estudantes e levá-los a aprendizagens significativas. Um estudo voltado para o entendimento das contribuições advindas da evolução científico tecnológica pode fornecer subsídios para efetivação dessa prática. O professor, então, entra em cena, como mediador do conhecimento, veiculando-o como seu porta-voz, transmitindo para os alunos os conteúdos necessários para sua formação cidadã e realização pessoal e profissional. 5 REFERÊNCIAS JAPIASSU, H. Interdisciplinaridade e patologia do saber. Rio de janeiro: Ed. Imago, 1976. JÚNIOR, W. E. F. Analogias e situações problematizadoras em aulas de ciências. São Carlos: Pedro e João Editores, 2010. MOREIRA, M.A. Aprendizagem significativa. Brasília: Ed. UnB, 1999. MORTIMER, E. F. Recursos Multimídia para o ensino de química e ciências: ampliação e consolidação de um programa nacional de formação inicial e continuada de professores de educação básica. Projeto submetido ao CNPQ, 2001. PIAGET, J. Biologia e conhecimento: ensaio sobre as relações entre as regulações orgânicas e os processos cognoscitivos. 3.ed. Petrópolis: Ed. Vozes, 1996. 13 SANTOS, W. L. P.; MÓL, G. S. (Coord.). Química e Sociedade. Manual do professor. São Paulo: Ed. Nova Geração, 2005. SCHNETZLER, R. P. Apontamentos sobre a história do ensino de química no Brasil. In: SANTOS, W. L. P.; MALDANER, O. A. (Orgs.). Ensino de química em foco. Ijuí: Ed. Unijuí, 2010, p. 51-75. SILVA, R. R.; MACHADO, P. F. L.; TUNES, E. Experimentar sem medo de errar. In: SANTOS, W. L. P.; MALDANER, O. A. (Orgs.). Ensino de química em foco. Ijuí: Ed. Unijuí, 2010, p. 231-261.