Iluminação como estratégia do seu negócio Julho/2015 1 Iluminação como estratégia do seu negócio Tanira Muszkat Menezes [email protected] Iluminação e Design de Interiores Florianópolis – SC – 4 de agosto de 2014 Instituto de Pós Graduação - IPOG Resumo A visão do homem é uma das principais formas de se perceber o mundo, de modo que o projeto de iluminação pode ser um aliado importante nas vendas e no sucesso do seu negócio. Por meio de entrevistas estruturadas, pode-se comprovar que esta ferramenta já está sendo utilizada cada vez mais por empreendedores catarinenses. Mas como utilizar a iluminação a favor da sua empresa? A iluminação pode influenciar o bem-estar dos seus clientes? A iluminação pode interferir no faturamento do seu negócio? O presente trabalho apresentou um embasamento teórico de vários autores, sobre os conceitos e indagações relacionados ao assunto iluminação e estratégia do seu negócio. Com o resultado das entrevistas, foi possível concluir que os empreendedores pretendem dar maior importância para a iluminação de suas empresas, pois sabem dos benefícios que um projeto luminotécnico adequado aos seus interesses pode gerar. Palavras-chave: Iluminação; Estratégia; Negócio; Marketing; Luz. 1 Introdução A iluminação desempenha papel fundamental na concepção de espaços, embora não seja facilmente percebida. As diretrizes de um projeto arquitetônico para estabelecimentos comerciais exigem a análise de diversos fatores, tais como a iluminação, o marketing experiencial, a psicologia ambiental, a imagem da empresa, o perfil do público-alvo entre outros fatores que buscam a valorização das relações usuário/ambiente/produto. Iluminar adequadamente um ambiente comercial, obedecendo sempre a orientações técnicas, é essencial em qualquer ponto de venda. Segundo Costa (2003), a maior parte das decisões de compra ocorre dentro do ponto de venda e, assim sendo, a atmosfera constitui-se importante ferramenta promocional do negócio em referência. A iluminação pode ser justamente o instrumento que fará com que o cliente preste maior atenção a determinados produtos, atendendo às expectativas e objetivos da empresa. A elaboração de um projeto de iluminação buscará, quando necessário, destacar a vitrine, a arquitetura da fachada, os produtos, os expositores, a decoração dos espaços internos, enfim, todos os detalhes que tornem a loja mais atraente aos olhos do público. Os diversos efeitos de luzes são capazes de realçar os pontos importantes do estabelecimento, conseqüentemente, chamar a atenção do consumidor, o que, por conseguinte trará um incremento nas vendas. Na primeira parte, o presente trabalho tem como objetivo principal estabelecer relações entre iluminação, conforto, ambientação, vendas e as percepções dos consumidores, visando a conscientização da importância que a iluminação tem sobre os estabelecimentos comerciais. Após a introdução, na segunda parte do trabalho será analisada a percepção da luz pelo ser humano. Na terceira seção, serão apresentadas algumas das principais características da luz. Em seguida, a quarta seção demonstrará os poderes da iluminação. Na quinta seção, será destacado o papel desenvolvido pela iluminação nas políticas de marketing das empresas. E ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 9ª Edição nº 010 Vol.01/2015 julho/2015 Iluminação como estratégia do seu negócio Julho/2015 2 finalmente, na sexta seção, com a intenção de correlacionar a teoria à prática, serão analisadas quatro empresas destinadas aos serviços de alimentação, especificamente cafeterias, conhecidas, e com destaque na mídia, da cidade de Florianópolis. 2 Luz e Percepção Nossos sentidos nos conectam com o mundo e a percepção deste mundo é construída através de estímulos que recebemos diariamente. Os nossos sentidos atuam em conjunto para perceber o que está a nossa volta e a percepção visual desempenha um papel fundamental nesse processo. Millet (1996), ao tratar das revelações da luz, ensina que “a luz revela a edificação, suas intenções, seus espaços, suas formas e seus significados. Luz revela a arquitetura e, no melhor dos casos, arquitetura revela a luz”. A capacidade de distinguir objetos e detalhes que estão muito próximos entre si ou em função da distância do objeto e do observador é chamada de acuidade visual, a acuidade visual depende do brilho do objeto e, portanto da quantidade de luz. Nossas sensações, boas ou más, costumam ser filtradas e armazenadas, de forma a possibilitar que no futuro julguemos o que nos é agradável ou não. Por esse motivo nos sentimos melhor em determinados lugares em detrimento de outros. Nessa avaliação todos os elementos deste lugar são levados em conta como, cor, textura, dimensões, odores, temperatura, iluminação, dentre outros. (CYPRIANO, 2013). Dados apresentados por Santaella (1998) indicam que 75% da percepção humana, no estágio atual da evolução, é visual. Isto é, a orientação do ser humano no espaço é em grande parte responsável por seu poder de defesa e sobrevivência no ambiente em que vive, dependendo majoritariamente da visão. Os outros 20% são relativos à percepção sonora e os 5% restantes a todos os outros sentidos, ou seja, tato, olfato e paladar. A dependência visual do homem para organizar o espaço, de acordo com Gerhard (1970), é impar. Os outros sentidos ampliam e enriquecem o espaço visual. Assim, por exemplo, o som aumenta a nossa consciência, incluindo áreas que não estão no campo visual e nunca podem ser vistas. Deve-se levar em conta que o ser humano analisa o entorno por meio do órgão sensitivo e também da cognição. Trata-se do processo de informação, sob o qual o indivíduo capta as informações do ambiente. O esquema da Figura abaixo sintetiza o que se entende por processo da informação: Figura 1 – Representação esquemática identificando o cérebro como processador ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 9ª Edição nº 010 Vol.01/2015 julho/2015 Iluminação como estratégia do seu negócio Julho/2015 3 Fonte: (GIBSON, 1979) Assim, na criação de projetos para estabelecimentos comerciais, é importante considerar os aspectos relativos à psicologia ambiental, os quais irão traduzir a satisfação do usuário no ambiente projetado. Neste sentido, destaca-se Le Corbusier que relacionava a arquitetura com o homem e o modo como este percebe o seu espaço. Ressalta que “a arquitetura é um fato de arte, um fenômeno de emoção, fora das questões da construção, além delas. A construção é para sustentar, a arquitetura é para emocionar”. São diferentes as sensações que a utilização da luz artificial causa aos observadores. As propostas luminotécnicas criadas para cada ambiente, muitas vezes, são inadequadas, causando desconforto e insatisfação aos usuários, efeitos contrários aos que foram esperados, chegando até mesmo a causar a inviabilidade da proposta. Na relação do homem com seus ambientes construídos, diversas são as formas de perceber o espaço. Godoy e Stiller (2000), na sua abordagem referente à iluminação cênica em ambientes comerciais, relatam que uma das áreas da economia que mais se desenvolvem mundialmente é a do entretenimento, onde cada vez mais são oferecidos ambientes diferenciados, não somente em casas noturnas, mas em lojas, restaurantes, hotéis, parques temáticos e afins. Asseveram os autores que a busca por divertimento decorre da necessidade de aproveitar os momentos de lazer, de maneira diferenciada, em ambientes que levem seus freqüentadores a novas realidades, com experiências visuais, sensitivas e estimulantes. Vale citar as palavras dos autores: Um ramo da iluminação que segue a velocidade desse desenvolvimento é a iluminação cênica aplicada à arquitetura, a qual utiliza técnicas visuais elaboradas, com focos, ângulos, texturas, cores e efeitos muito diferentes das técnicas de iluminação tradicionais. O termo “iluminação cênica” poderia também ser substituído por “iluminação de efeitos”, pois objetiva provocar respostas visuais e sensitivas das pessoas, não somente buscando iluminar algo, mas criando uma atmosfera propícia. A aplicação de técnicas teatrais na iluminação de arquitetura é um processo natural do desenvolvimento visual dos empreendimentos, pois soluções mais elaboradas são cada vez mais utilizadas com materiais e cores diferenciados. Um paralelo entre o teatro e esses ambientes é a perfeita integração entre o sistema de iluminação utilizado e a “cena” a ser mostrada, pois somente se justificam se plenamente integrados. A “afinação” entre os elementos e o trabalho do lighting designer deve ser perfeita, pois muitas vezes uma solução pode simplesmente tornarse inútil se a cena for alterada. Além das cenas definidas, uma função primordial da iluminação é a determinação do “clima” de um ambiente específico. Tal clima pode variar do aconchegante, relaxante, confortável até o dinâmico, excitante e estimulante, dependendo da iluminação utilizada. Fato é que na iluminação cênica aplicada na arquitetura, ou “iluminação de efeitos”, busca-se a utilização das técnicas teatrais nos ambientes, porém, com o diferencial de não contar com a flexibilidade encontrada nos teatros. Aí é que começa o grande desafio do lighting designer no projeto de ambientes cênicos, porém não teatrais. Sem a existência da luz nada poderia ser visto. É através da luz que as coisas ganham sua forma material. Contudo, a percepção da luz só ocorre na presença de elementos passíveis de causarem reflexão, assim como os volumes, texturas e formas só se revelam na presença da luz. Portanto, não há como desassociar luz da arquitetura, uma vez que aquela para ser percebida ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 9ª Edição nº 010 Vol.01/2015 julho/2015 Iluminação como estratégia do seu negócio Julho/2015 4 necessita de objetos para a sua reflexão. A iluminação deveria estar integrada à arquitetura e ao design de interior, sendo incluída desde o início do projeto como um item importante na composição do espaço, junto com a escolha de sua forma, de suas cores e materiais. 3 Características da Luz A luz é entendida sob os parâmetros de suas grandezas, por isso alguns fundamentos e conceitos de iluminação precisam ser expostos no presente trabalho, de modo a explicar, por exemplo, como a luz interfere diretamente na nossa percepção espacial. Ressalta-se, entretanto que o objetivo aqui é esclarecer, de forma simples, alguns fatores que influenciam bastante no resultado final de projetos, e não uma explicação completa sobre todos os conceitos e grandezas luminotécnicas. As sensações de bem estar e de conforto estão ligadas à maneira como a iluminação dos ambientes foi projetada e executada. As alterações na forma e quantidade da luz de um espaço podem mudar a compreensão e entendimento que se tem sobre o mesmo. Pode também alterar a ambientação, tornando-a mais ou menos acolhedora. Certamente a imagem final de uma organização leva em conta outros aspectos que contribuem para essas sensações na composição do ambiente, mas uma grande parcela da percepção espacial está relacionada diretamente à iluminação. Uma grandeza luminotécnica que interfere nestas sensações é a temperatura de cor das lâmpadas utilizadas no espaço. O que usualmente as pessoas chamam de lâmpada branca fria ou lâmpada quente amarela, cumpre esclarecer que se refere na realidade à temperatura de cor da lâmpada. As amarelas são lâmpadas que possuem temperatura de cor na faixa de 2700K – 3000K e são ótimas para oferecer um ambiente de aconchego e relaxamento. As lâmpadas neutras, por sua vez, possuem temperatura de cor na faixa de 4000K-5000K e trazem uma luz confortável para trabalhar; são muito utilizadas em locais de trabalho, tais como escritórios, cozinhas. Já as lâmpadas brancas, com temperatura de cor de 6500K, são estimulantes; são usadas quando se pretende um maior nível de concentração ou maior rapidez na execução de tarefas. Compreendendo as características das temperaturas de cor das lâmpadas é possível estabelecer, por exemplo, uma composição luminotécnica de modo a quebrar a monotonia no espaço e a criar pontos de interesse. Ademais, dependendo da localização geográfica e do clima onde se encontra o espaço, a utilização de uma temperatura de cor, pode muitas vezes apresentar-se de forma diferente. Vale ressaltar que a utilização de forma inadequada das lâmpadas pode gerar um efeito oposto ao desejado, alterando totalmente o resultado pretendido. No interior dos espaços comerciais, por exemplo, um ambiente com uma iluminação inadequada tende a afastar o público, trazendo desconforto e a sensação de incômodo. Nesse sentido, colhe-se dos ensinamentos de Coelho (2008): É desagradável entrar numa loja que se encontra em ambiente de autêntica penumbra. É, certamente, uma péssima primeira impressão. Também o será se, ao entrar, o cliente tiver a sensação que levou com um flash nos olhos, tal a intensidade da luz. No equilíbrio está a virtude, e esse equilíbrio será diferente em cada caso e para cada tipo de produtos ou serviços que se pretende vender. Além disso, um dos fatores que influencia o sucesso de uma organização consiste na sensação ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 9ª Edição nº 010 Vol.01/2015 julho/2015 Iluminação como estratégia do seu negócio Julho/2015 5 de felicidade vivenciada pelos próprios funcionários no ambiente de trabalho; considerando que o rendimento dos empregados é proporcional ao seu bem estar. Outro fator muito importante é o Índice de Reprodução de Cor – IRC que quantifica a fidelidade com que as cores são reproduzidas sob uma determinada fonte de luz. O IRC independe da temperatura de cor da lâmpada. Em estabelecimentos comerciais que trabalhem com alimentação, a reprodução de cor 100% é de extrema importância para permitir que os clientes percebam a cor real dos alimentos, caso contrário, corre-se o risco de tornar os alimentos desinteressantes e sem graça. Iluminação com baixo IRC em áreas de alimentação pode induzir à diminuição do apetite perante a alteração da cor dos alimentos, e diante da influência na percepção subconsciente quanto às condições de consumo do alimento. Cabe citar Vargas (2009): Além de criar uma ambiência que se ajuste à gastronomia, a iluminação tem papel preponderante na apresentação dos produtos a serem consumidos. As fontes de luz especificadas devem possuir alto Índice de Reprodução de Cores (IRC) para fornecer aos clientes uma visualização realista e honesta do produto a ser consumido. Caso contrário, pode tanto propiciar um mau juízo sobre a qualidade e procedência do serviço, como aferir a um determinado alimento um status de qualidade que ele não possui, o que seria ainda mais inaceitável e comprometeria a seriedade do serviço. A sombra, como a luz, também deve ser planejada. Uma luz difusa e a ausência de sombras deixam todos os objetos com aparência plana e sem definição de formas. O contrário de uma iluminação difusa acontece com a combinação de luz e sombras, que intensifica a plasticidade dos objetos e da arquitetura. Uma boa iluminação não significa luz distribuída por igual. Um ambiente bem projetado deve transparecer a relação fundamental entre a luz, sombra e cor. A iluminação artificial abre um mundo de situações possíveis. Mas, para poder criar todas essas situações é necessário entender como é que através do processo de visão e da modelação da luz, chega-se aos resultados pretendidos. A visão humana é estimulada através de contrastes. Quanto maior for o contraste, maior será a definição do objeto ou do espaço; quanto menor for o contraste, maior será a dissimulação do objeto no próprio espaço. Este contraste pode ser apresentado através de diferentes luminâncias ou por diferentes cores, conforme se verifica na Figura 2. Figura 2 – Representação e exemplos de diferentes contrastes Fonte: (NEGRAO,2013) Assim, através de jogos de cor, ou de luz e sombra, é possível criar profundidade e textura do contexto visual, enriquecer e transformar a aparência estética de uma superfície, alterar o reconhecimento facial e a interação social, aumentar ou reduzir a capacidade visual, e ainda, influenciar a percepção espacial. TORRES (2014) diz que é preciso entender as funções da luz enquanto suporte de valorização e desempenho, tirando partido de suas qualidades como intensidade, cor, forma e movimento. Com a luz é possível influenciar a percepção de um espaço, atrair a atenção para certos pontos ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 9ª Edição nº 010 Vol.01/2015 julho/2015 Iluminação como estratégia do seu negócio Julho/2015 6 específicos e camuflar determinados aspectos menos positivos num espaço ou objeto. Um projeto luminotécnico de qualidade, além de atender os níveis técnicos de iluminância, também se preocupa com outras questões objetivas e subjetivas que interferem no bem estar do usuário. Brandston (2010) fala que a iluminação é principalmente uma arte, uma arte apoiada pela ciência. Saliento as palavras do autor: “Aprender a “ver” tem um enorme componente subjetivo.” Isto é, em um projeto de iluminação devem-se considerar aspectos emocionais, como ambientar cenicamente o ambiente, e ainda, aspectos fisiológicos, com intuito de evitar o ofuscamento direto ou refletido, bem como a fadiga visual por contraste excessivo. Interessante notar que há normas técnicas a serem observadas na elaboração de projetos lumintécnicos. A NBR 8995-1, por exemplo, é direcionada para ambientes de trabalho internos, e apresenta critérios e requisitos qualitativos ao projeto, tais como controle de ofuscamento (nível de UGR), índice de reprodução da cor, iluminação de tarefas e critérios quantitativos, como o atendimento aos níveis de iluminância (ASSOCIAÇÃO..., 2013). Vale registrar ainda que o domínio das opções de produtos oferecidos no mercado é outro fator essencial em um bom projeto luminotécnico, visando conhecer as características e performances dos produtos para que possam ser utilizados de forma apropriada. Os sistemas de iluminação disponíveis são compostos basicamente pelos diversos tipos de luminárias, lâmpadas e controles de iluminação, que devem ser combinadas de forma eficiente e consciente em busca de resultados planejados. Caso contrário, como destaca Silva (apud FERREIRA,2012), colocar lâmpadas halógenas para iluminar uma vitrine com artigos de chocolate será catastrófico: o calor derreterá os produtos. Por isso, conhecendo as características de cada lâmpada, evitaremos esses equívocos. Dadas as características inerentes da luz e suas inúmeras aplicações e efeitos, fica evidente que o desafio de iluminar corretamente o ambiente exige conhecimentos técnicos. Não se pode deixar de citar Silva (2009) quando diz que “iluminar bem é iluminar certo”. Assim, ao projetar um espaço comercial, o empreendedor deve buscar a orientação de um especialista na área: o lighting designer. 4 Os poderes da Iluminação A partir do momento em que se tem adequada compreensão das funções e características da luz, torna-se possível aplicá-las atendendo às necessidades do ambiente. Passa a ser possível tirar proveito de todo o potencial da luz, direcioná-la para o que realmente se deseja valorizar e esconder ou deixar despercebido o que não interessa ou o que se pretende isolar. Godoy e Stiller (2000) ressaltam bem a importância da correta aplicação do conhecimento luminotécnico aos interesses do ambiente planejado. Nas suas palavras: Um bom projeto deve aproveitar as oportunidades da arquitetura e decoração para potencializá-las e valorizá-las visualmente, prevendo pontos, cargas, circuitos e controles dedicados a cada solução. Assim, com as informações definidas, inicia-se o desenvolvimento das soluções, elegendo os objetivos visuais, compondo os ambientes, criando efeitos. O projeto deve ser intensamente discutido com os gerenciadores do negócio, que conhecem o tipo de cliente a ser atendido e os objetivos do empreendimento. ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 9ª Edição nº 010 Vol.01/2015 julho/2015 Iluminação como estratégia do seu negócio Julho/2015 7 Cada tipo de estabelecimento comercial requer uma abordagem que considere o perfil do público-alvo e características dos produtos comercializados, além da ambientação e conceito do estabelecimento em questão. Conforme Gasper (2009), “sempre dá para colocar emoção em lugares frequentados por pessoas.” Para compor um clima, deve ser trabalhado e estudado o nicho de mercado que o empreendimento quer atingir. Godoy e Stiller (2000) exemplificam que determinados espaços destinados à diversão de adolescentes e jovens, onde efeitos de luz e som são utilizados de maneira a criar excitação e vibração, com o auxílio de cores e movimentos, texturas e brilhos, favorecem e induzem a um consumo rápido e ágil. Diferente condição é apresentada para a ocupação de um espaço com um público adulto, onde prevalece um domínio para sofisticação e o conforto. Exigem focos de luz definidos, dramáticos, salientando o aconchego do ambiente e por conseqüência uma apreciação mais lenta do consumo. De acordo com Godoy e Stiller (2000): A utilização de técnicas visuais cênicas, em maior ou menor intensidade, contribui para destacar as novas, diferenciadas e criativas soluções arquitetônicas de ambientes comerciais e de entretenimento. O mercado tem entendido essa tendência, o que torna a função de iluminar expressão criativa e artística. Torres (2014) salienta que nos bares e restaurantes, a atmosfera criada pela iluminação é tão importante quanto o cardápio. Além de sua função principal, que é mostrar com clareza alimentos e cores, ela invariavelmente contribui com a impressão que as pessoas têm sobre o lugar, seja ela positiva ou não, ao criar ambientações diversas: dramática, convidativa, relaxante, depressiva, interessante ou mesmo aborrecida. A iluminação pode promover orientação, estabelece limites e cria focos de atenção. As principais funções da luz, conforme Torres (2014), são: a) destacar objetos, atraindo a atenção dos seres humanos para determinados pontos; b) separar ambientes em um mesmo espaço; c) interligar espaços, mediante a similaridade de tratamento da iluminação; d) definir hierarquias, possibilitando aos receptores de informações orientações de acesso e circulação; e) sugerir direções, uma vez que os indivíduos possuem a tendência de seguir a luz. Leão (2010), nessa linha, ainda destaca o brilho entre os recursos de iluminação que podem ser explorados. Ressalta também que este recurso influencia diretamente na composição hierárquica dos elementos, tanto aqueles em destaque (produtos à venda) quanto os arquitetônicos (formas, planos, volumes etc.). Um dos desafios da iluminação comercial é a conciliação dos aspectos funcionais e cenográficos em um único projeto. Além disso, não se pode desprezar que as propostas devem ser flexíveis, já que as estratégias e tendências mercadológicas mudam constantemente e a iluminação pode ter que se adequar a isso. Como dito nos tópicos anteriores, a luz no espaço tanto pode oferecer sensações de bem-estar quanto de desconforto. A luz tem o poder inclusive de influenciar nos níveis de ruídos de ambientes. Segundo Torres (2014), níveis mais baixos de iluminação provocam uma redução de ruídos, pois as pessoas tendem a falar mais baixo em baixas iluminâncias e falar mais alto em ambientes de maior claridade. A autora ainda salienta que o tempo de permanência dos clientes pode ser influenciado pelo tipo de iluminação. Para locais onde se espera que o cliente fique pouco tempo, como ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 9ª Edição nº 010 Vol.01/2015 julho/2015 Iluminação como estratégia do seu negócio Julho/2015 8 lanchonetes e restaurantes self-services, as iluminâncias devem ser bastante altas, pois estimulam a refeição de curta duração. Para as casas que oferecem serviços à la carte, e, portanto, requerem uma permanência prolongada dos clientes, os tratamentos do espaço e da iluminação deverão propiciar relaxamento e conforto. Aqueles que apresentam apenas iluminação difusa são, muitas vezes, considerados desinteressantes ao contrário daqueles que usam lâmpadas focadas. O poder da iluminação está diretamente relacionado ao conhecimento que se tem dela. É fundamental que se saiba exatamente o que se pretende com cada efeito de luz. É essencial saber distinguir boa iluminação de muita iluminação. A quantidade de luz está longe de ser tão importante quanto a sua qualidade. Nos processos que impulsionam à compra, observa-se que muita luz não é solução de venda. Na verdade, muitas vezes, o excesso de iluminação confunde o sistema ótico humano. Muita luz não deve ser entendida como sinônimo de qualidade. A sua utilização correta com níveis de iluminação satisfatórios, contrastes e uniformidade equilibrados, a temperatura de cor apropriada, um alto IRC, controle de ofuscamento e integração da luz natural à artificial determina uma boa iluminação, distanciando-a de uma iluminação rica em quantidade e pobre em conforto e qualidade. Entendendo este conceito de qualidade da luz, consequentemente, torna-se possível buscar soluções para que o projeto luminotécnico seja eficiente, ou seja, procurando manter a qualidade e a quantidade de iluminação necessária, utilizando equipamentos mais eficientes, e assim obtendo um menor consumo de energia possível. Millet (1996) sintetiza bem o poder da luz ao ressaltar que “quando manipulamos a luz, manipulamos a nossa percepção de espaço arquitetônico”. O conhecimento luminotécnico permite criar ambientes de indução, manipulando a atenção do observador. Ao criar espaços comerciais, para não errar no resultado final do ponto de venda é de extrema importância ter um projeto de iluminação personalizado. Segundo Coelho (2008), “o objetivo do projeto deve ser vender, não ganhar prêmios”. O autor ainda ressalta aos empresários que o projeto deve ser visto como um investimento e não apenas como mais uma despesa para embelezar o local. Vale reforçar a opinião de Leão (2010) quanto à relevância da flexibilidade na iluminação, já que o mercado atual demanda uma constante atualização e inovação de produtos e de serviços. Diante disto, o sistema de iluminação projetado deve ser o mais flexível possível para permitir a liberdade na apresentação eficaz de um produto. Para alcançar todos os poderes que a iluminação oferece, o projeto luminotécnico deve contemplar o máximo de características já citadas anteriormente e buscar a integração em todos os seus aspectos, com a elaboração de uma imagem comum da sua empresa, e contribuindo para a interação entre as pessoas e o ambiente comercial. 5 Marketing x Iluminação O marketing pode ser entendido como uma forma de persuasão. De acordo com Kotler (1998), “marketing é a arte de descobrir oportunidades, desenvolvê-las e lucrar com elas”. O marketing busca tornar atraente, impulsionar o produto em que trabalha, impressionando, comovendo, emocionando, enfim, agregando valor, sendo muitas vezes utilizados recursos de sugestão, de alusão, de amplificação, da repetição, que amenizam ou exageram determinada expressão ou característica. ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 9ª Edição nº 010 Vol.01/2015 julho/2015 Iluminação como estratégia do seu negócio Julho/2015 9 Pela necessidade de se impor no mercado globalizado e altamente competitivo, hoje em dia, o marketing ganhou importância vital não só nas empresas, mas em diversos aspectos da vida cotidiana (KOTLER, 2000). A percepção que o consumidor tem do produto comercializado, com seus benefícios e características passou a ser estudada e as técnicas de marketing encontraram métodos de controlá-la. Nesse sentido, Shimp (2002) propõe que “a persuasão é a essência da comunicação de marketing" e o que realmente importa é a percepção do produto pelo consumidor. Estudos realizados por Petty e Cacioppo (apud SHIMP, 2002) afirmam que o objetivo da propaganda é influenciar o comportamento das pessoas. Segundo as últimas teorias de Marketing, conforme Bigoni, Szabo e Roisenblatt (2002), não é suficiente ter um produto diferenciado e preços convidativos. É necessário também fazer o tratamento do ambiente e do espaço. A elaboração de uma ambientação correta, onde o consumidor se sinta atraído, vem sendo bastante utilizada como parte da estratégia de marketing das lojas. A iluminação, portanto, tem um caráter decisivo, possibilitando a criação de um ambiente que tenha relação com a imagem do estabelecimento. Os clientes querem a experiência de um produto, de um serviço e de uma marca. Não se limitando a buscar apenas soluções, ou a alimentar-se, mas buscando também emoções. Bigoni, Szabo e Roisenblatt (2002), afirmam que de acordo com as modernas técnicas de marketing, o lojista, seja ele de qual ramo for, tem algumas considerações que podem favorecer o incremento das vendas quando atendidas. São elas: melhoria da imagem como fator de diferenciação; criação de um ambiente adequado; despertar o interesse pelos produtos comercializados; atrair os clientes; criar disposição de permanecer no ambiente; e criar a disposição para o consumo na loja. Nessa linha, a iluminação de um estabelecimento comercial mostra-se extremamente importante, pois define como a mercadoria será percebida pelo consumidor e pode valorizá-la ou depreciá-la, dependendo do sistema de iluminação definido e implantado. O poder dramatúrgico da luz estende-se muito além da visibilidade do ambiente. Nas palavras de Motta (2000), “as luzes se acendem e se apagam, mas também exaltam e particularizam. Criam efeitos e executam leves terapias”. Motta (2000) ainda enfatiza que “com a cor, pela direção, pelo movimento da iluminação, criam-se climas, desenvolvem-se atmosferas e alterase o humor das pessoas”. Como visto anteriormente, sem a luz, o espaço simplesmente não existe. Levando em consideração que, de acordo com Bigoni (2007), 80% da percepção de mundo do ser humano ocorre pela visão, o projeto de iluminação se torna um aliado importante nas vendas e que vem sendo largamente utilizado pelos empresários dos grandes centros, onde o conhecimento de seus benefícios já é sabido. De acordo com Camargo (2006), a iluminação é capaz de obter aproximação de consumidores. Para alguns consumidores, a luz pode ser o único fator ambiental responsável pela atração a uma loja de serviços. Administrar sistemas de iluminação de forma a gerar aproximação de consumidores e/ou criar uma experiência de consumo satisfatória pode ser um uma alternativa rápida, pouco dispendiosa e eficiente para o aumento das vendas da empresa. Um projeto luminotécnico adequado ajuda a mercadoria a ser valorizada, o que atrai os olhares dos clientes, e consequentemente aumenta as vendas. Sem a iluminação correta, a mercadoria não ganha atenção, desperta pouco interesse e simplesmente não vende. Com uma boa iluminação a mercadoria se torna mais desejável e vende com mais facilidade, sendo ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 9ª Edição nº 010 Vol.01/2015 julho/2015 Iluminação como estratégia do seu negócio Julho/2015 10 assim, a iluminação é um fator fundamental na comercialização. Silva (apud FERREIRA,2012), costuma ensinar em suas aulas e palestras que o melhor vendedor de uma loja não consta da folha de pagamento, pois é a iluminação. O poder de vendas da iluminação é fantástico e visível nos números do faturamento”. Trata-se do poder de marketing da iluminação, desenvolvendo oportunidades para aumentar o lucro das empresa. Para Silva (apud FERREIRA,2012), quando a iluminação é adequada as vantagens são muitas, “há economia de energia, economia na reposição de lâmpadas, crescimento de vendas e atração de clientes, que sempre voltarão à loja por terem se sentido bem”. Com base nos estudos do marketing experiencial, muitos recursos sensoriais vem sendo incorporados ao ambiente dos pontos de venda, que cada vez mais se tornam verdadeiros cenários (CARVALHO; LIMA; MOTTA 2003). Blossom (2002), por meio de sua pesquisa sobre a experiência emocional do consumidor, verificou que os clientes mudam seu comportamento de consumo por conta do grau de interação com o ambiente. O consumidor é conquistado não apenas pela aparência, mas também atingido pelas sensações. Não se pode afirmar, portanto, que a iluminação terá uma influência decisiva na fidelização dos clientes, uma vez que existem diversos condicionantes que irão compor este processo. Contudo, pode-se deduzir que um projeto de iluminação ruim, ou seja, aquele que, conforme Vargas (2009), não cumpre com o seu objetivo por estar em desacordo com os gostos e pretensões do público-alvo e com o serviço oferecido, desqualifica a arquitetura e contribui para o não retorno do usuário. As variações de ambiência provocadas pela luz, nos espaços comerciais, promovem alterações nas relações que o usuário tem com o ambiente e estas vão interferir na sua qualificação do lugar e, provavelmente, no seu possível retorno. Nos últimos anos, administradores de marketing vêm realizando esforços ingentes para projetar ambientes cada vez mais agradáveis à experiência do consumidor. Sabe-se que a maior parte das decisões de compra ocorre dentro do ponto de venda e, assim sendo, a atmosfera da loja constitui-se importante ferramenta promocional do negócio (COSTA, 2003). Isso significa que a arquitetura do espaço e as soluções de iluminação escolhidas devem complementar-se para responder as expectativas das estratégias de venda do estabelecimento. Assim, para fidelizar um cliente, que é o que todo estabelecimento comercial almeja, não se pode esquecer do poder da iluminação na composição de uma marca, na medida em que contribui para atrair o consumidor para o interior da loja; age como um instrumento positivo de vendas; atua como um silencioso vendedor; indica e orienta os caminhos a serem percorridos; estimula a compra por impulso; aumenta a visibilidade e a atratividade dos produtos e incrementa a probabilidade de venda. Dessa forma, corrobora-se com os autores que a iluminação consiste em uma excelente ferramenta de marketing, capaz de influenciar clientes e funcionários e, consequentemente, trazer inúmeros benefícios às empresas. 6 Estudos de Caso Nas seções anteriores, analisamos os aspectos teóricos do presente trabalho inferindo as qualidades da iluminação em ambientes comerciais, bem como as vantagens que as organizações podem obter com a adequada utilização da luz. Nesta seção, procura-se referendar as informações técnicas acima transcritas com alguns ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 9ª Edição nº 010 Vol.01/2015 julho/2015 Iluminação como estratégia do seu negócio Julho/2015 11 exemplos práticos, colhidos mediante estudo de caso, com análise in loco e entrevista pessoal com quatro empresários donos de estabelecimentos comerciais, especificamente de cafeterias. Foram escolhidas quatro empresas de prestígio na cidade de Florianópolis – Santa Catarina, as quais tiveram destaques na mídia, sendo três delas premiadas pelo Veja Santa Catarina Comer & Beber, edições de 2012, 2013 e 2014. As entrevistas foram realizadas com base em um questionário estruturado contendo 19 perguntas abertas, relacionadas à iluminação, visando a obtenção, processamento e validação dos dados pertinentes à problemática investigada. Constatou-se que todos os quatro estabelecimentos foram projetados por um arquiteto ou designer de interiores. Essa questão já indica uma nova realidade na cidade, pois revela que os empresários têm percebido que um projeto arquitetônico é fundamental para o bom aproveitamento, estética e funcionamento do negócio. Questionados sobre o projeto específico de iluminação, apenas um dos proprietários respondeu ter contratado tal projeto. Contudo, este projeto foi desenvolvido pelo próprio arquiteto responsável pela obra, sem que este tivesse conhecimentos especializados em iluminação. Dessa forma, constatou-se que em nenhum dos estabelecimentos um lighting designer foi procurado. Dos quatro empreendedores entrevistados, todos eles consideram e enfatizam a importância que a iluminação tem para sua empresa, concordando que ela pode mudar o ambiente, interferir no humor, na sensação de conforto e bem-estar dos clientes, além de os produtos ficarem mais atraentes e visíveis, e o espaço mais acolhedor. Todos os entrevistados afirmaram que a iluminação ajuda a atrair o cliente para a loja, e três deles tinham uma visão de como esta ferramenta poderia ser poderosa. Em um dos casos, o empresário utilizou lâmpadas com temperatura de cor bem baixa justamente para destacar sua loja do entorno, e afirmou que isto funciona como um chamariz para as pessoas que passam pela SC-401 – rodovia de grande movimento na cidade de Florianópolis. Outro dado interessante foi a estratégia usada por uma destas empresas no dia da inauguração da loja: foram utilizados canhões de luz rosa para atrair os clientes desta mesma rodovia – SC-401, e os clientes confirmaram que foi esta luz que os instigou e os levou até o novo local. Três entrevistados, após esta entrevista, passaram a concordar que a melhoria da qualidade da iluminação pode, consequentemente, aumentar o lucro da empresa. Inclusive, um dos empreendedores apresentou dados concretos, segundo as palavras dele: “nas mesas que ficam bem embaixo do pisca-pisca, o consumo chegou a ser 30% maior do que nas mesas do lado interno.” Afirmaram também que não necessariamente quanto maior o tempo de permanência do cliente no estabelecimento, maior será o consumo. Entretanto, a longo prazo eles tem um lucro maior com esse tipo de cliente que permanece bastante tempo no espaço, pois justamente por se sentirem muito bem no local, eles voltam várias vezes, valendo a pena o investimento que privilegia o conforto e ambientação da empresa. A importancia de utilizar diferentes tipos de iluminação para cada área do seu estabelecimento também foi um assunto de pleno acordo. Todos afirmaram a necessidade de uma iluminação específica, tanto nas mesas e demais lugares de estar, quanto nos espaços de serviços, nas vitrines de exposição, na fachada, nas áreas de produção. Todos mostraram tomar maior consciência das funções que um bom projeto luminotécnico pode apresentar e a diferença que isso pode gerar na percepção dos clientes. Um dos entrevistados demonstrou preocupação a respeito da economia de energia e disse ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 9ª Edição nº 010 Vol.01/2015 julho/2015 Iluminação como estratégia do seu negócio Julho/2015 12 estar sempre em busca de novas tecnologias para melhorar a qualidade da iluminação dos seus dois estabelecimentos comerciais. Revelou inclusive que optou por ter uma despesa maior em energia elétrica para poder manter a iluminação da área externa de seu estabelecimento, que segundo ele, tem um faturamento 20% superior ao da área interna, devido à iluminação desta área. Outros fatores foram citados como importantes para o sucesso dos seus negócios, como o próprio produto de venda sendo o principal, e salientaram a textura dos materiais e o som ambiente. Confrontado os dois temas – Iluminação x Arquitetura – três dos quatro empresários consideram a iluminação tão importante quanto o projeto arquitetônico, concordando com a afirmação de que a arquitetura não acontece sem a iluminação, e a iluminação não acontece sem a arquitetura. Ante o exposto, pela presente pesquisa, pode-se afirmar que, nos estabelecimentos comerciais visitados, os empreendedores pretendem passar a conferir maior importância para a iluminação de seus negócios, pois sabem dos benefícios que um projeto luminotécnico adequado aos seus interesses pode gerar. 7 Conclusão As sensações de bem estar e de conforto possuem relação direta com a maneira com que a iluminação dos ambientes foi projetada. A luz é um elemento essencial no desenvolvimento do ambiente comercial, permitindo a distinção entre objetos e detalhes. Ela determina formas, cores, texturas, volumes e ainda cria uma ambientação que pode enriquecer ou diminuir o valor do merchandising. Um projeto de iluminação pode fazer com que um objeto desejado fique ainda mais desejável, seja em um balcão, vitrine, ou em um expositor. Na criação de projetos arquitetônicos e luminotécnicos, é importante considerar os aspectos relativos à psicologia ambiental que irá traduzir a satisfação do usuário do ambiente projetado. As propostas criadas para cada ambiente devem ser adequadas, buscando o conforto e a satisfação das pessoas que utilizam e circulam pelo ambiente. É importante que a arquitetura esteja sempre associada à iluminação, uma vez que esta poderá realçar os objetos e pontos específicos que se pretenda enfatizar no ambiente. Como visto, a luz é capaz de influenciar a percepção de um espaço, atrair a atenção para certos pontos específicos e camuflar determinados aspectos menos positivos num espaço ou objeto. A iluminação pode tornar atraente o produto comercializado, emocionando os consumidores. A luz tem o poder de agregar valor às marcas. Não é suficiente ter um produto diferenciado e preços convidativos. É necessário também fazer o tratamento do ambiente e do espaço, isto é, elaborar uma ambientação correta, onde o consumidor se sinta atraído. A sensibilidade do arquiteto e do lighting designer irão garantir os efeitos criativos e próprios à tipologia e à linguagem de cada estabelecimento comercial, mediante a escolha de um sistema de iluminação que se enquadre exatamente nas necessidades específicas de cada empresa. É necessário conhecimentos luminotécnicos para projetar ambientes confortáveis e acolhedores. Além disso, é necessário conhecimentos técnicos para possibilitar resultados satisfatórios, estabelecendo contrastes e uniformidade equilibrados, temperatura de cor apropriada, um adequado índice de reprodução de cores, controle de ofuscamento, escolha de equipamentos eficientes, e potencializando e valorizando os objetivos do empreendimento. Esses são fatores que determinam uma boa iluminação, distanciando-a de uma iluminação rica ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 9ª Edição nº 010 Vol.01/2015 julho/2015 Iluminação como estratégia do seu negócio Julho/2015 13 em quantidade e pobre em conforto e qualidade. Em entrevista realizada com empreendedores do ramo de cafeterias de Florianópolis, foi possível perceber que os projetos luminotécnicos já estão conquistando maior relevância, diante da crescente conscientização dos empreendedores quanto aos benefícios que um projeto adequado aos seus interesses pode gerar. Cada vez mais a iluminação está sendo usada como estratégia do seu negócio. Referências ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 8995-1: Iluminação de ambientes de trabalho. Rio de janeiro, 2013. BIGONI, Silvia. A importância da iluminação como suporte de vendas. Artigo disponível em:< http://paulooliveira.wordpress.com/2007/04/11/a-importancia-da-iluminacao-como-suporte-de-vendas/>. Acesso em 10 jul. 2013. BIGONI, S. A.; SZABO, L.; ROISENBLATT, I. Iluminação de lojas: Destacar uma vitrine, a arquitetura da fachada, os produtos e a decoração dos espaços internos tornando as lojas atraentes aos olhos do público, já não é possível sem a elaboração de um bom projeto de iluminação. Revista Lumiere, Sao Paulo, ano 5, V53, p.86-90, set. 2002. BLOSSOM, D. Unfolding the emotional experience of consumption. European Conference on Research Methodology for Business and Management Studies, Reading: UK, 2002. BRANDSTON, Howard M. Aprender a ver: a essência do design da iluminação; tradução de Paulo Sergio Scarazzato. São Paulo: De Maio, 2010. CAMARGO, Roberto Abdelnur. Luz e cena. Processos de comunicação co-evolutivos. 2006. 181p. Tese (Doutorado em Comunicação e Semiótica). Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2006. CARVALHO, J. L. F. dos S. de; LIMA, T. R. de; MOTTA, P. C. As experiências interativas sócio-técnicas com a iluminação nos cenários de serviços. In: ENCONTRO NACIONAL DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO, 2003, Atibaia, SP. Anais eletrônicos... Atibaia: ANPAD, 2003. Disponível em: <http://www.anpad.org.br/diversos/trabalhos/EnANPAD/enanpad_2003/MKT/2003_MKT1017.pdf> Acesso em: 10 de junho de 2014. COELHO, André. 10 Erros em um ponto de venda. Artigo. 19/11/2008. Disponível em: <http://empreendedorismoms.wordpress.com/2008/11/19/10-erros-em-um-ponto-de-venda/>. Acesso em 05 jun. 2014. COSTA, F. C .X. Influências ambientais e o comportamento da compra por impulso: um estudo em lojas físicas virtuais. 2003. 215 f. Tese (Doutorado em Administração). Universidade de São Paulo-USP, São Paulo, 2003. CYPRIANO, A. Iluminação artificial na percepção da arquitetura: considerações sobre aspectos quantitativos e qualitativos no processo de projeto. 2013. 203 f. Dissertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo) – Universidade de São Paulo FAUUSP, São Paulo, 2013. ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 9ª Edição nº 010 Vol.01/2015 julho/2015 Iluminação como estratégia do seu negócio Julho/2015 14 FERREIRA, Y. V. Iluminação da loja é valiosa ferramenta para atrair os consumidores e aumentar as vendas. Revista Super Varejo, maio, 2012. Disponivel em: <http://www.supervarejo.com.br/?p=57> Acesso em: 30 maio 2013. GASPER, P. Um dos pioneiros do lighting design brasileiro, peter gasper iniciou sua vida profissional como cenógrafo de teatro, televisão e cinema. Disponível em: <http://arcoweb.com.br/projetodesign/lighting_design/peter-gasper-um-dos-20-07-2009> Acesso em: 31 fev. 2014. GÉRHARD, R. W. Psicobiologia. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo: Editora Polígono, 1970. GIBSON, J. J. The ecological approach to visual perception. USA: Houghton Mifflin Company, 1979. 332p. GODOY, P.; STILLER, E. Técnica, experiência e criatividade interagem no design da iluminação. São Paulo: Projeto Design, 2000. KOTLER, P. Administração de marketing: análise, planejamento, implementação e controle. São Paulo: Atlas, 1998. KOTLER, P. Administração de marketing: a edição do novo milênio. São Paulo: Prentice Hall, 2000. LEÃO, R. A alma do negócio. Revista AU – Arquitetura e Urbanismo. Disponível em: < http://au.pini.com.br/arquitetura-urbanismo/196/tecnologia-materiais-178688-1.aspx> Acesso em: jan. 2014. MILLET, M. Light revealing architecture. New York: Van Nostrand Reinhold, 1996. MOTTA, P. Servir com alma: um novo conceito em relacionamento com o cliente. São Paulo: Prentice Hall, 2000. NEGRAO, A. T. L. O impacto da luz artificial nos espaços arquitectónicos para uma metodologia de projecto de iluminação integrada na concepção arquitectónica. 2013. 93 f. Dissertação (Mestrado em Arquitetura) – Universidade Técnica de Lisboa, Lisboa, 2013. SANTAELLA, L. A percepção: uma teoria semiótica. 2. ed., São Paulo: Experimento,1998. 120p. SHIMP, Terence A. Propaganda e promoção: aspectos complementares da comunicação integrada de marketing. Porto Alegre: Bookman, 2002. SILVA, M. L. Iluminação: Simplificando o projeto. Rio de Janeiro: Editora Ciência Moderna, 2009. TORRES, Claudia. Bares e restaurantes: sensações e estimulos provocados pela luz. Artigo disponível em:<http://www.lumearquitetura.com.br/pdf/ed31/ed_31_Bares_e_Restaurantes.pdf>. Acesso em 10 jan. 2014. VARGAS, Cláudia Rioja de Aragão. A influência da iluminação em projetos de arquitetura destinados aos serviços de alimentação. 2009. 109 f. Dissertação (Mestrado em Arquitetura) – Universidade federal do Rio de Janeiro UFRJ/FAU, Rio de Janeiro, 2009. ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 9ª Edição nº 010 Vol.01/2015 julho/2015 Iluminação como estratégia do seu negócio Julho/2015 15 ANEXO Anexo 1 - Entrevista estruturada: 1. Você acha que a luz pode mudar o ambiente? 2. Você acha que a luz pode interferir no humor e bem-estar dos seus clientes? 3. A iluminação tem importância para a sua empresa? 4. A que você deve o sucesso do seu estabelecimento? 5. Você está satisfeito com a iluminação de sua loja? 6. Você fez um projeto Luminotécnico? 7. Você acha que a sensação de conforto e bem-estar da sua empresa tem a ver com iluminação? 8. Foram utilizados diferentes tipos de iluminação para cada área do seu estabelecimento? Se sim, porque e quais áreas? 9. Você já recebeu algum comentário – bom ou ruim – referente à iluminação do seu estabelecimento? Qual? 10. Você acredita que a iluminação pode ajudar a atrair o cliente? 11. Você acha que melhorando a qualidade da iluminação pode aumentar o lucro da sua empresa? 12. Quanto maior o tempo de permanência do cliente, mais ele consome? 13. O que é importante para que o cliente permaneça mais tempo? Que fatores influenciam? 14. Que ferramentas você utiliza para atrair seus clientes? 15. Qual o objetivo do seu estabelecimento? 16. Quando você iniciou o projeto do seu estabelecimento, qual a atmosfera (ambientação) que você decidiu criar para sua marca? 17. Você contratou um arquiteto para fazer o projeto arquit. do seu estabelecimento? 18. Você acha que a iluminação tem a mesma importância que o projeto arquitetônico? ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 9ª Edição nº 010 Vol.01/2015 julho/2015 Iluminação como estratégia do seu negócio Julho/2015 16 19. Você contratou um profissional especializado para fazer o projeto luminotécnico? ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 9ª Edição nº 010 Vol.01/2015 julho/2015