UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Faculdade de Ciências Biológicas e de Saúde Curso de Medicina Veterinária Ana Carolina Hoffmann da Costa E Silva TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO (T.C.C.) Curitiba 2007 UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Faculdade de Ciências Biológicas e de Saúde Curso de Medicina Veterinária TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO (T.C.C.) Curitiba 2007 Ana Carolina Hoffmann da Costa e Silva TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO (T.C.C.) Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado ao Curso de Medicina veterinária, da Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde, da Universidade Tuiuti do Paraná, como requisito parcial para a obtenção do Título de Médico Veterinário. Professor Orientador: Profª. Michele Salmon Frehse. Orientador Profissional: M.V. Cristóvão Câmara Pereira. Curitiba 2007 Reitor Profº Luiz Guilherme Rangel Santos Pró-Reitor Administrativo Sr. Carlos Eduardo Rangel Santos Pró-Reitora Acadêmica Profª Carmen Luiza da Silva Pró-Reitor de Planejamento Sr. Afonso Celso Rangel dos Santos Pró-Reitora de Pós-Graduação, Pesquisa e Extensão Profª Elizabeth Tereza Brunini Sbardelini Secretário Geral Profº João Henrique Ribas de Lima Diretor da Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde Profº João Henrique Faryniuk Coordenador do Curso de Medicina Veterinária Profª Neide Mariko Tanaka Coordenador de Estágio Curricular do Curso de Medicina Veterinária Profª Elza Ciffoni Galvão CAMPUS CHAMPAGNAT Rua: Marcelino Champagnat, 505 - Mercês CEP 80.215-090 – Curitiba – PR Fone: (41) 3331-7953 ii TERMO DE APROVAÇÃO Ana Carolina Hoffmann da Costa e Silva TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO Este Trabalho de Conclusão de Curso, o qual é composto por um Relatório de Estágio Curricular e uma Dissertação (Monografia), foi julgado e aprovado para a obtenção do Título de Médico Veterinário, no Programa (Curso) de Medicina Veterinária da Universidade Tuiuti do Paraná. Curitiba, 31 de Maio de 2007. ____________________________________ Curso de Medicina Veterinária Universidade Tuiuti do Paraná Orientadora: Profª. Michele S Frehse Universidade Tuiuti do Paraná Prof. Lourenço Rolando Malucelli Neto Universidade Tuiuti do Paraná Profª. Tais Marchand Rocha Moreira Universidade Tuiuti do Paraná iii APRESENTAÇÃO Este Trabalho de Conclusão de Curso (T.C.C.) apresentado ao Curso de Medicina Veterinária da Faculdade de Ciências Biológicas e de Saúde da Universidade Tuiuti do Paraná, como requisito parcial para a obtenção do título de Médico Veterinário é composto de um Relatório de Estágio, no qual são descritas as atividades realizadas durante o período de 26/02 a 25/04/2007, período este em que estive na Clínica Veterinária Pet Social, localizada na Cidade de Curitiba cumprindo estágio curricular e também de uma Monografia que versa sobre o tema: “Neoplasias das Glândulas Mamárias em Cães”. iv DEDICATÓRIA Dedico meu Trabalho de Conclusão de Curso, à minha família que sempre esteve do meu lado, sempre me deu força e acreditou que eu iria vencer na vida. Aos meus amigos e meu namorado VITOR, que mesmo nas horas que eu estava estudando entenderam minha ausência e sempre permaneceram ao meu lado. Aos meus cães o SPAIK, o ÁTILA, o DRACO, a DALILA, o TOBI e o SHELBY, que sempre foram ótimas cobaias e fontes de estudo, onde tudo que eu aprendia testava neles e eles sempre aceitaram e colaboraram. Ás minhas avós, a VOVÓ RUTH e a VOVÓ LOURDES, que sempre acreditaram na minha dedicação. À minha mãe MARA CRISTINA e ao meu pai GILBERTO, que estiveram sempre presente ao meu lado, me orientando e incentivando, DEDICO v AGRADECIMENTOS Agradeço principalmente aos meus pais, Mara Cristina e Gilberto por terem me proporcionado esta oportunidade, por nunca ter deixado de me incentivar e me orientar, pela dedicação, por terem me tornado essa pessoa que sou hoje e por seu apoio nos momentos difíceis desta difícil e árdua jornada, à minha irmã Gisleine e meu irmão Guilherme Augusto, que sempre estiveram ao meu lado em todos os momentos, que mesmo sem saberem me ajudaram, me apoiaram e me incentivaram a cada vez ser uma pessoa melhor. Ás minhas avós Vovó Ruth e Vovó Lourdes, que sempre estiveram do meu lado, batalharam por mim, que sempre se orgulham de mim e eu delas. Agradeço ao meu namorado Vitor, que sempre esteve do meu lado, me incentivando, me ajudando a enfrentar os desafios da vida, me amando e acima de tudo sempre ao me lado, vivendo comigo todas as minhas batalhas, derrotas e principalmente as vitórias. Agradeço á todos que estiveram ao meu lado todos esses anos que cursei a faculdade, agradeço por terem me agüentado quando eu estava nervosa ou ansiosa nas semanas das provas, por estarem do meu lado quando eu chorava, mas acima de tudo quando eu mais estive precisando, me protegera, me apoiaram e me deram força de continuar batalhando. Aos meus grandes mestres: Ambires, Antônio Carlos do Nascimento, Lucimeris Ruaro, Ana Luisa Palhano Silva, Dirnei Baroni, Elza Galvão Ciffoni, Ítalo Minardi, Ivana Bilotta, João Ari Gualberto Hill, João Batista Padilha Junior, João Luiz Androukovitch, José Mauricio França, Lourenço Rolando Malucelli Neto, Luiz Augusto Gasparetto, Rosária, Maria Aparecida de Alcantara, Maria do Carmo Pessoa da Silva, Mário João Figueiredo, Neide, Paulo Nocera, Ricardo Maia, Ana Laura, Sérgio Bronze, Funayama, Silvana, Tais Moreira, Uriel Vinicius Andrande, Valmir Kowalewski de Souza, Welington Hartmann, Roseli Borges, Pedro Werner, Homero, Dicezar, Marlon Siqueira, Anderson, dentre muitos outros, por partilharem seus conhecimentos, sua amizade e mais que isso, o respeito pela vida, na tentativa vi nobre de formar profissionais, Médicos Veterinários e acima de tudo, grandes cidadãos. Gostaria de agradecer também à minha amiga Priscilla que mesmo no Rio Grande do Sul, sempre está ao meu lado me apoiando e incentivando a vencer os desafios da vida, ao João que sempre está do meu lado me incentivando e apoiando. À Mara, que além de amigona me ensinou pequenas técnicas para trabalhar com cães e gatos, à Vanessa que mesmo quando eu estava triste e nervosa conseguia levantar o meu astral, à Marta e a Grácia, que sempre estiveram do meu lado, me apoiando e auxiliando a nunca desistir. Aos meus companheiros da faculdade principalmente à Amanda que durante toda a faculdade esteve ao meu lado e à Susanlay que sempre me incentivou, me auxiliou nos trabalhos e nos estudos para as provas, “Ah se não fosse a Susan e suas aulinhas trinta minutos antes das provas o que seria de mim?”. À Professora MV. Dra. Michele Frehse, por me auxiliar durante a elaboração desse trabalho, por sua orientação, dedicação e amizade acima de tudo. Ao MV. Dr. Cristóvão Câmara Pereira, meu orientador profissional, que sempre me ensinou e partilhou tudo o que foi possível, sempre foi um grande amigo um grande profissional, sempre me apoiou, me incentivou, me auxiliou a me tornar uma profissional séria e competente. E além de tudo obrigada por todos que estiveram do meu lado, tanto na Vida acadêmica, quanto em toda a minha vida, muito obrigada. vii Vigie seus pensamentos, porque eles se tornarão palavras; Vigie suas palavras, porque elas se tornarão atos; Vigie seus atos, porque eles se tornarão seus hábitos; Vigie seus hábitos, porque eles se tornarão seu caráter; Vigie seu caráter, porque ele se tornará seu destino. (Desconhecido) viii UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Faculdade de Ciências Biológicas e de Saúde Curso de Medicina Veterinária RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR CLÍNICA VETERINÁRIA PET SOCIAL Curitiba 2007 Ana Carolina Hoffmann da Costa e Silva RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR CLÍNICA VETERINÁRIA PET SOCIAL Relatório de Estágio Curricular apresentado ao Curso de Medicina Veterinária da Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade Tuiuti do Paraná, como requisito parcial para obtenção do título de Médico Veterinário. Professor Orientador: Profª. Michele Salmon Frehse. Orientador Profissional: M.V. Cristóvão Câmara Pereira. Curitiba 2007 SUMÁRIO LISTA DE FIGURAS......................................................................................iii LISTA DE ABREVIATURAS.........................................................................iv LISTA DE TABELAS.....................................................................................v RESUMO......................................................................................................vii 1. INTRODUÇÃO........................................................................................... 1 2. LOCAL DO ESTÁGIO................................................................................2 3. ATENDIMENTOS REALIZADOS NA CLINICA PET SOCIAL..................6 4. CASOS CLÍNICOS.................................................................................. 12 4.1 DERMATOLOGIA ..................................................................................12 4.1.1Dermatite Alérgica à Picada de Pulgas................................................12 4.2 DERMATOLOGIA...................................................................................20 4.2.1 Sarna Demodécica/ Demodicose........................................................20 4.3 REPRODUÇÃO ANIMAL........................................................................27 4.3.1 Prolapso Vaginal..................................................................................27 4.4 CARDIOLOGIA.......................................................................................33 4.4.1 Síndrome do Seio Enfermo/ Doente....................................................33 4.5 DERMATOLOGIA...................................................................................40 4.5.1 Hipersensibilidade Alimentar...............................................................40 4.6 OTOLOGIA.............................................................................................47 4.6.1 Otite Media Bacteriana........................................................................47 4.7 ENDOCRINOLOGIA...............................................................................57 4.7.1 Hipotireoidismo....................................................................................57 4.8 ODONTOLOGIA.....................................................................................64 4.8.1 Cálculo Dentário..................................................................................64 5. CONCLUSÃO...........................................................................................72 6. REFERÊNCIAS........................................................................................73 ii LISTA DE FIGURAS FIGURA 1: CLÍNICA VETERINÁRIA PET SOCIAL........................................2 FIGURA 2: PSICOLOGIA ANIMAL.................................................................3 FIGURA 3: FARMÁCIA ..................................................................................3 FIGURA 4: CONSULTÓRIO VETERINÁRIO............................................... .3 FIGURA 5: SALA DE CIRURGIA...................................................................4 FIGURA 6: RECEPÇÃO.................................................................................5 FIGURA 7: SALA DE INTERNAMENTO........................................................5 FIGURA 8: CTENOCEPHALIDES FELIS.....................................................13 FIGURA 9: PULEX SIMULANS....................................................................13 FIGURA 10: PULEX IRRITANS....................................................................13 FIGURA 11: LESÕES CAUSADAS PELA DERMATITE ALÉRGICA À PICADA DE PULGAS.................................................................................. 17 FIGURA 12: DEMODEX CANIS...................................................................22 FIGURA 13: CÃO COM DEMODICOSE (PLACAS PRATEADAS)..............25 FIGURA 14: O PROLAPSO VAGINAL, APÓS QUATRO DIAS DO APARECIMENTO.........................................................................................32 FIGURA 15: DONNA 2, FILA BRASILEIRO COM PROLAPSO VAGINAL .32 FIGURA 16: ESQUEMA DE FUNCIONAMENTO DO MIOCÁRDIO............35 FIGURA 17: MARCA DE RAÇÃO USADA NO MANEJO DA HIPERSENSIBILIDADE ALIMENTAR................................................................................44 FIGURA 18: ANGEL, LHASA APSO COM HIPERSENSIBILIDADE ALIMENTAR.......................................................................................................46 FIGURA 19: ANATOMIA DA ORELHA DE CÃES E GATOS.......................49 FIGURA 20: CÁLCULO DENTÁRIO.............................................................65 FIGURA 21: KATUCHA, DURANTE A RAMOÇÃO DE CÁLCULO DENTÁRIO.................................................................................................. 69 iii LISTA DE ABREVIATURAS BID: duas vezes ao dia bpm: Batidas por Minuto cm: centímetro CHCM:Concentração de Hemoglobina Corpuscular Média DAPP: Dermatite Alérgica à Picada de Pulga HCM: Hemoglobina Corpuscular Média IM: intramuscular IV: intravenoso kg: quilogramas mg: miligramas mg/kg: miligrama por quilogramas ml/kg: mililitros por quilograma ppm: Ondas P por Minuto Ph: Potencial Hidrogeniônico PVPI: Polivinilpirrolidona iodo SC: subcutâneo SID: uma vez ao dia TID: três vezes ao dia TPC: Tempo de Preenchimento Capilar TSH: Hormônio Tireotrófico T3: Tri-iodotironina T4: Tiroxina VCM: Volume Corpuscular Médio VO: via oral ºC: Graus Celcius %: por cento iv LISTA DE TABELAS TABELA 1: CASUÍSTICA DE DERMATOLOGIA NA CLÍNICA VETERINÁRIA PET SOCIAL ENTRE OS DIAS 26/02/07 A 25/04/07...........6 TABELA 2- CASUÍTICA DE GASTROENTEROLOGIA NA CLÍNICA VETERNÁRIA PET SOCIAL ENTRE OS DIAS 26/02 A 25/04......................6 TABELA 3- CASUÍTICA DE CARDIOLOGIA NA CLÍNICA VETERNÁRIA PET SOCIAL ENTRE OS DIAS 26/02 A 25/04..............................................7 TABELA 4- CASUÍTICA DE DOENÇAS INFECCIOSAS NA CLÍNICA VETERNÁRIA PET SOCIAL ENTRE OS DIAS 26/02 A 25/04......................7 TABELA 5- CASUÍTICA DE ENDÓCRINOLOGIA NA CLÍNICA VETERNÁRIA PET SOCIAL ENTRE OS DIAS 26/02 A 25/04......................7 TABELA 6- CASUÍTICA DE DISTÚRBIOS REPRODUTORES E HORMONAIS NA CLÍNICA VETERNÁRIA PET SOCIAL ENTRE OS DIAS 26/02 A 25/04.................................................................................................8 TABELA 7- CASUÍTICA DE OFTALMOLOGIA NA CLÍNICA VETERNÁRIA PET SOCIAL ENTRE OS DIAS 26/02 A 25/04..............................................8 TABELA 8- CASUÍTICA DE NEFROLOGIA NA CLÍNICA VETERNÁRIA PET SOCIAL ENTRE OS DIAS 26/02 A 25/04......................................................8 TABELA 9- CASUÍTICA DE ORTOPEDIA NA CLÍNICA VETERNÁRIA PET SOCIAL ENTRE OS DIAS 26/02 A 25/04......................................................9 TABELA 10- CASUÍTICA DE HEPATOLOGIA NA CLÍNICA VETERNÁRIA PET SOCIAL ENTRE OS DIAS 26/02 A 25/04..............................................9 TABELA 11- CASUÍTICA DE OTOLOGIA NA CLÍNICA VETERNÁRIA PET SOCIAL ENTRE OS DIAS 26/02 A 25/04....................................................10 TABELA 12- CASUÍTICA DE SISTEMA RESPIRATÓRIO NA CLÍNICA VETERNÁRIA PET SOCIAL ENTRE OS DIAS 26/02 A 25/04....................10 TABELA 13- CASUÍTICA DE PROCEDIMENTOS CIRURGICOS NA CLÍNICA VETERNÁRIA PET SOCIAL ENTRE OS DIAS 26/02 A 25/04.....10 v TABELA 14- CASUÍTICA DE PROCEDIMENTOS ODONTOLÓGICOS NA CLÍNICA VETERNÁRIA PET SOCIAL ENTRE OS DIAS 26/02 A 25/04........11 TABELA 15- CASUÍTICA DE EMERGÊNCIAS NA CLÍNICA VETERNÁRIA PET SOCIAL ENTRE OS DIAS 26/02 A 25/04...............................................11 TABELA 16- EXAME OTOLÓGICO PARA LINCOSAMÍDEOS (L).................54 TABELA 17- EXAME OTOLÓGICO PARA INIBIDORES DE FOLATO – SULFAS (S).....................................................................................................54 TABELA 18- EXAME OTOLÓGICO PARA BETA-LACTÂMICOS (B).............55 TABELA 19- EXAME OTOLÓGICO PARA AMINOGLICOSÍDEOS (A)..........55 TABELA 20- EXAME OTOLÓGICO PARA MACROLÍDEOAS (M)................55 TABELA 21- EXAME OTOLÓGICO PARA TETRACICLINAS (T)..................56 TABELA 22- EXAME OTOLÓGICO PARA FENICÓIS (F)..............................56 TALELA 23- EXAME OTOLÓGICO PARA NITROFURANTOÍNAS (N)..........56 TABELA 24- EXAME OTOLÓGICO PARA QUINOLONAS (Q)......................56 TABELA 25- EXAME OTOLÓGICO PARA CARBAPENEMA(C)....................56 vi RESUMO O Estágio Curricular foi realizado na Clínica Veterinária Pet Social, localizada no bairro Alto da Rua XV. Onde foram realizados atendimentos para animais de companhia, principalmente cães e gatos. Na Clínica Veterinária Pet Social são realizadas consultas gerais, consultas dermatológicas e homeopáticas, consultas domiciliares, procedimentos odontológicos, procedimentos cirúrgicos diversos, coleta de material para exames laboratoriais, exames complementares em geral, vacinações, vermifugações, aplicações de antipulgas, dentre outros procedimentos. Sob a Orientação dos Médicos Veterinários Cristóvão Câmara Pereira e a Ângela Almeida C Segui. Palavras-chave: Clínica Veterinária Pet Social; Animais de companhia; Consultas. vii 1 1. INTRODUÇÃO Como determinação do Ministério da Educação e Cultura (MEC), o Curso de Medicina Veterinária da Faculdade de Ciências Biológicas e de Saúde da UTP, criou o Estágio Curricular, que obriga o acadêmico a realizar um estágio supervisionado após concluir todas as disciplinas curriculares e a seguir, defender perante uma banca, o Trabalho de Conclusão de Curso, sendo considerado apto a receber o grau de Médico Veterinário. Como pró determinação, o Estágio Curricular Obrigatório fora realizado na Clínica Veterinária Pet Social. Onde trabalha com animais de companhia, com consultas de clínica geral, clínica dermatológica e homeopática, consultas domiciliares, cirurgias, procedimentos odontológicos, outros procedimentos, exames complementares em geral, etc. No Estágio Curricular foram observados casos clínicos diversos, desde casos de dermatologia veterinária, com tratamentos alopáticos e homeopáticos especial para cada caso particularmente, como por exemplo dermatites bacterianas, sarnas otodécicas e demodécicas, hipersensibilidade alimentar e micoses. Procedimentos odontológicos, desde a consulta até o procedimento cirúrgico odontológico, como por exemplo, as extrações dentárias e extração de cálculos dentários. Até procedimentos cirúrgicos diversos, como por exemplo, a ováriosalpingohisterectomia, a retirada de piometra com ovariosalpingohisterectomia e outros procedimentos como coleta de material para exames laboratoriais e bioquímicos. 2 2. DESCRIÇÃO DO LOCAL DO ESTÁGIO A Clínica Veterinária Pet Social (FIGURA 1), localiza-se na Rua Almirante Tamandaré, número 1293, no bairro Alto da Rua XV. FIGURA 1: CLÍNICA VETERINÁRIA PET SOCIAL FONTE: Clínica Veterinária Pet Social, 2007. Destinada a prestar atendimento para animais de companhia, pensando sempre no bem estar animal e de seus proprietários. A clínica também conta com o atendimento psicológico (FIGURA 2) para animais de companhia. Uma clínica Veterinária composta por um consultório, uma sala de cirurgia, uma sala de internamento, uma sala de radiografia, uma sala de revelação, banho e tosa, uma recepção, serviço de hospedagem, área externa de lazer para cães, canis externos, uma farmácia veterinária (FIGURA 3) e a venda de algumas marcas de rações. A clinica conta com tais aparelhos para auxiliar no diagnóstico, tais como microscópio, raio X, Lâmpada de Wood, lupa dermatológica e Ultrassom. Além das balanças de pesagem, uma pediátrica para animais menores e uma balança 3 específica veterinária digital e negatoscópio, uma no consultório e outro na sala de cirurgia. FIGURA 2: PSICOLOGIA ANIMAL FONTE: Clínica Veterinária Pet Social, 2007 FIGURA 3: FARMÁCIA FONTE: Clínica Veterinária Pet Social, 2007. Sendo eles o Médico Veterinário Cristóvão Câmara Pereira, a Médica Veterinária Ângela Almeida e a Psicóloga de animais de companhia, a Karina Maruo, para tratamento comportamental dos animais e de seus proprietários, onde estuda e trabalha com o relacionamento comportamental dos animais e seus donos, ensinando-os e auxiliando-os para uma convivência melhor para ambos, formada em psicologia e também especialista em adestramento de animais de companhia. FIGURA 4: CONSULTÓRIO VETERINÁRIO FONTE: Clínica Veterinária Pet Social, 2007 4 FIGURA 5: SALA DE CIRURGIA FONTE: Clínica Veterinária Pet Social, 2007. A clínica possui um consultório (FIGURA 4), com mesa para consultas com um colchonete macio para o conforto do paciente, pisos claro e liso para não acumular resíduos, paredes azulejadas até acima da metade da parede para melhor higienização, da mesa e da bancada. Com microscópio, balança pediátrica, pia para lavagem das mãos e utensílios. E computador para demonstrar cada doença específica aos proprietários através de programas, onde os proprietários podem ver a doença, conhece-la melhor, sua progressão se não for tratada e os resultados após o tratamento correto. A sala de cirurgia (FIGURA 5), que contém aparelhos de anestesia, mesa de cirurgia, colchão térmico, cilindro de oxigênio, iluminação especial, uma pia para a higienização, com paredes e chão claros para não haver acúmulo de resíduos e facilitar a higienização. A sala de Internamento (FIGURA 7) para cães e gatos, é toda azulejada, com quatro gaiolas duas pequenas e duas grandes, podendo comportar até quatro animais, podendo ser dois grandes e dois pequenos, cada gaiola. Contendo também uma mesa de procedimentos, papel toalha, antissépticos, dentre outros materiais. 5 FIGURA 6: RECEPÇÃO FONTE: Clínica Veterinária Pet Social, 2007. FIGURA 7: SALA DE INTERNAMENTO FONTE: Clínica Veterinária Pet Social, 2007. A recepção (FIGURA 6) é bem iluminada, toda na cor branca e na cor da clínica, azul. Na sala de espera localizam-se a farmácia e a venda de rações. 6 3. ATENDIMENTOS REALIZADOS NA CLÍNICA PET SOCIAL Atendimentos realizados na Clínica Veterinária Pet Social, durante o período do dia 26 de Fevereiro de 2007 ao dia 25 de Abril de 2007. Atendidos pelos Médicos Veterinários o Dr. Cristóvão Câmara Pereira e a Dra. Ângela Almeida Segui. TABELA 1: CASUÍSTICA DE DERMATOLOGIA NA CLÍNICA VETERINÁRIA PET SOCIAL ENTRE OS DIAS 26/02/07 A 25/04/07. AFECÇÕES/ ACHADOS CLÍNICOS Nº DE CASOS % Hipersensibilidade à Picada de Inseto/ pulgas 08 1,69 Dermatite Bacteriana 15 3,18 Hipersensibilidade Alimentar 15 3,18 Pododermatite 01 0,21 Demodicose 03 0,64 Malassezia 02 0,42 Micose 02 0,42 Lesão Traumática Pós Tosa 01 0,21 TOTAL 47 9,96 TABELA 2: CASUÍSTICA DE GASTROENTEROLOGIA NA CLÍNICA VETERINÁRIA PET SOCIAL ENTRE OS DIAS 26/02/07 A 25/04/07. AFECÇÕES/ ACHADOS CLÍNICOS Nº DE CASOS % Gastroenterite Hemorrágica 01 0,21 TOTAL 04 0,2 7 TABELA 3: CASUÍSTICA DE CARDIOLOGIA NA CLÍNICA VETERINÁRIA PET SOCIAL ENTRE OS DIAS 26/02/07 A 25/04/07. AFECÇÕES/ ACHADOS CLÍNICOS Nº DE CASOS % Insuficiência Mitral 01 0,21 Síndrome do Seio Enfermo/ Doente 01 0,21 TOTAL 02 0,42 TABELA 4: CASUÍSTICA DE DOENÇAS INFECCIOSAS NA CLÍNICA VETERINÁRIA PET SOCIAL ENTRE OS DIAS 26/02/07 A 25/04/07. AFECÇÕES/ ACHADOS CLÍNICOS Nº DE CASOS % Leptospirose 01 0,21 TOTAL 01 0,21 TABELA 5: CASUÍSTICA DE ENDÓCRINOLOGIA NA CLÍNICA VETERINÁRIA PET SOCIAL ENTRE OS DIAS 26/02/07 A 25/04/07. AFECÇÕES/ ACHADOS CLÍNICOS Nº DE CASOS % Hipotireoidismo 03 0,64 Diabete Melito 02 0,42 Hiperestrogenismo 01 0,21 TOTAL 06 1,27 8 TABELA 6: CASUÍSTICA DE DISTÚRBIOS REPRODUTORES E HORMONAIS NA CLÍNICA VETERINÁRIA PET SOCIAL ENTRE OS DIAS 26/02/07 A 25/04/07. AFECÇÕES/ ACHADOS CLÍNICOS Nº DE CASOS % Prolapso Vaginal 01 0,21 Pseudociese 07 1,48 Galactorréia 01 0,21 TOTAL 11 2,33 TABELA 7: CASUÍSTICA DE OFTALMOLOGIA NA CLÍNICA VETERINÁRIA PET SOCIAL ENTRE OS DIAS 26/02/07 A 25/04/07. AFECÇÕES/ ACHADOS CLÍNICOS Nº DE CASOS % Ceratoconjuntivite Seca 07 1,48 TOTAL 07 1,48 TABELA 8: CASUÍSTICA DE NEFROLOGIA NA CLÍNICA VETERINÁRIA PET SOCIAL ENTRE OS DIAS 26/02/07 A 25/04/07. AFECÇÕES/ ACHADOS CLÍNICOS Nº DE CASOS % Insuficiência Renal Aguda 01 0,21 TOTAL 01 0,21 9 TABELA 9: CASUÍSTICA DE ORTOPEDIA NA CLÍNICA VETERINÁRIA PET SOCIAL ENTRE OS DIAS 26/02/07 A 25/04/07. AFECÇÕES/ ACHADOS CLÍNICOS Nº DE CASOS % Luxação de Patela 07 1,48 Distenção Muscular 03 0,64 Torção Articular 03 0,64 Fratura 01 0,21 Artrite 01 0,21 Compressão de Disco Intervertebral 02 0,42 Ruptura de Ligamento Cruzado 01 0,21 Displasia Coxo Femural 04 0,85 Osteoartrite 01 0,21 TOTAL 23 4,87 TABELA 10: CASUÍSTICA DE HEPATOLOGIA NA CLÍNICA VETERINÁRIA PET SOCIAL ENTRE OS DIAS 26/02/07 A 25/04/07. AFECÇÕES/ ACHADOS CLÍNICOS Nº DE CASOS % Insuficiência Hepática Crônica 02 0,42 TOTAL 02 0,42 10 TABELA 11: CASUÍSTICA DE OTOLOGIA NA CLÍNICA VETERINÁRIA PET SOCIAL ENTRE OS DIAS 26/02/07 A 25/04/07. AFECÇÕES/ ACHADOS CLÍNICOS Nº DE CASOS % Otite externa 02 0,42 Otite Média 04 0,85 TOTAL 06 1,27 TABELA 12: CASUÍSTICA DE CASOS DO SISTEMA RESPIRATÓRIO NA CLÍNICA VETERINÁRIA PET SOCIAL ENTRE OS DIAS 26/02/07 A 25/04/07. AFECÇÕES/ ACHADOS CLÍNICOS Nº DE CASOS % Traqueobronquite 04 0,84 Colapso de Traquéia 03 0,63 TOTAL 07 1,48 TABELA 13: CASUÍSTICA DE PROCEDIMENTOS CIRÚRGICOS NA CLÍNICA VETERINÁRIA PET SOCIAL ENTRE OS DIAS 26/02/07 A 25/04/07. PROCEDIMENTOS Nº DE CASOS % Ovariohisterectomia 05 1,06 Orquiectomia 01 0,21 TOTAL 06 1,27 11 TABELA 14: CASUÍSTICA DE PROCEDIMENTOS ODONTOLÓGICOS NA CLÍNICA VETERINÁRIA PET SOCIAL ENTRE OS DIAS 26/02/07 A 25/04/07. PROCEDIMENTOS Nº DE PROCEDIMENTOS % Extração de Cálculo Dentário 11 2,32 Extração Dental 02 0,42 ___________________________________________________________________ TOTAL 13 2,7 TABELA 15: CASUÍSTICA DE EMERGÊNCIAS NA CLÍNICA VETERINÁRIA PET SOCIAL ENTRE OS DIAS 26/02/07 A 25/04/07. AFECÇÕES/ PROCEDIMENTOS Nº DE CASOS % Hemorragias por lesões 02 0,43 Intoxicação por Chocolate 01 0,21 TOTAL 03 0,64 12 4. CASOS CLÍNICOS 4.1 DERMATOLOGIA 4.1.1 Dermatite Alérgica à Picada de Pulga Revisão de Literatura: A Dermatite Alérgica à Picada de Pulga é a desordem cutânea hipersensível mais comum nos cães, ela é uma dermatite pruriginosa e papulocrostosa ocorrente em animais que se tornam sensibilizados a materiais alérgenos da saliva das pulgas (LUCAS, 2006). Podem ocorrer vários tipos de hipersensibilidade como a hipersensibilidade basofílica cutânea, hipersensibilidade imediata mediada pela imunoglobulina E (IgE), a reação de imunoglobulina E de início tardio e a hipersensibilidade do tipo retardado, todos sozinhos ou com combinação (BICHARD et al, 1998). A saliva da pulga e os extratos integrais da pulga possuem diversas substâncias potencialmente antígenas, como polipeptídeos, aminoácidos, compostos aromáticos e materias fluorescentes (LUCAS, 2006). Pesquisas demonstraram que Ctenocephalides felis (FIGURA 8), Pulex irritans (FIGURA 9) e Pulex simulans (FIGURA 10) partilhavam antígenos comuns, e que as cobaias e seres humanos sensibilizados para uma espécie de pulga reagiam a todas as outras espécies (BERSTEIN, 2004). A pulga adulta passa toda a sua vida em um hospedeiro, o cão ou o gato. Ela pode passar de um animal para outro ou mesmo para os humanos, pulando. Para se reproduzir, a fêmea necessita de uma refeição, ou seja, sangue. Após isso, ela depositará seus ovos no cão ou gato. Esses ovos cairão do animal e ficarão no ambiente. Tapetes, móveis, colchões e camas dos próprios animais irão proteger 13 esses ovos. Após três dias, esses ovos eclodirão, de onde sairão pequenas larvas que se alimentarão de debris, fezes de outras pulgas e restos de comida. Depois, essas larvas passarão para o estágio de pupa e finalmente se tornarão adultas. Nessa fase, procurarão algum hospedeiro (BERSTEIN, 2004). FIGURA 8: Ctenocephalides Felis FONTE: extension.missouri.edu FIGURA 9: Pulex simulans FONTE: www.ksu.edu FIGURA 10: Pulex irritans FONTE: www.biol.lu.se O ciclo de vida completo da pulga desde a fase de ovo até se tornar um adulto já em fase de postura é de 16 dias.A temperatura mais favorável para o amadurecimento e eclosão da pulga varia entre 26º e 32º (Celcius) (BERSTEIN, 2004). A maioria dos autores indica que nenhuma predileção por sexo ou raça seja aparente. Entretanto, em um estudo Francês, os Setters, Fox terriers, Pequineses, 14 Spaniels e Chow-chows eram predispostos. Apesar de os cães poderem desenvolver a dermatite alérgica à picada de pulgas em qualquer idade, é raro desenvolver-se sinais, é raro desenvolverem-se sinais clínicos em animais com menos de seis meses deidade. A idade mais comum de estabelecimento é de três a cinco anos (SCOTT et al, 1996). A Dermatite Alérgica à Picada de Pulgas caracteriza-se por dermatite pruriginosa papular. A picada de pulga induz uma erupção ou uma pápula que persiste até 72 horas. Podem desenvolver-se crostas na superfície das papilas. O prurido crônico pode levar a alopecia, liquenificação, formação de crostas e hiperpigmentação. As lesões são tipicamente confinadas à área lombossacra dorsal, coxas caudo mediais, abdômen ventral e flancos. As pápulas crostosas na área umbilical podem ser particularmente sugestivas de hipersensibilidade à picada de pulgas (SCOTT et al, 1996). As lesões se localizam no dorso e em torno de todo o pescoço, devido ao clima no Brasil ser favorável o ano todo, a Dermatite Alérgica à Picada de Pulga pode ocorrer em qualquer época do ano, diferente de países de climas temperados onde os sinais clínicos são mais severos no verão e no outono (LUCAS, 2006). Sinais cutâneos generalizados podem estar presentes em animais gravemente hipersensíveis. A dermatite piotraumática, piodermite bacteriana secundária e seborréia secundária são comuns em casos crônicos. Nódulos fibropruriginosos são observados ocasionalmente em casos crônicos e estão geralmente presentes na área lombar dorsal (SCOTT et al, 1996). O prurido constitui o sinal cínico primário observado pelo proprietário e pode se manifestar como um mordiscamento, fricciona-se, rola ou se coça. As lesões secundárias resultam da inflamação crônica e do traumatismo induzido pelo prurido. Podem ocorrer alopecia, 15 pêlos quebrados, pêlos secos, descamação, hiperpigmentação e liquenificação (FIGURA 11). Os problemas secundários que podem ocorrer podem frequentemente representar locais de infecção focais, focos de traumatismo severo possivelmente originários do ciclo da coceira ou reação patológica diferente (BICHARD et al, 1998). A Dermatite Alérgica à Picada de Pulgas geralmente é distintamente sazonal (verão e outono) nas áreas do mundo com invernos rigorosos. Nos climas moderados, ou onde a infestação persista dentro da residência, a dermatite alérgica à picada de pulgas pode ser não-sazonal, apesar dos sinais clínicos ainda serem mais graves no verão e no outono (SCOTT et al, 1996). Testes cutâneos intradérmicos com extrato de pulga em cães, sugerem que a maioria dos animais, apresentam reações de hipersensibilidade do tipo imediato ou tipo I. Resultados de alguns testes sugeriram que cães continuamente expostos às pulgas, podem vir a se tornarem parcialmente ou completamente tolerantes imunologicamente (LUCAS, 2006). Na anamnese, identificar os padrões típicos de envolvimento e a sazonalidade compatíveis com relação ao número e ao tipo de animais de estimação, o abrigo e o tipo de revestimento do piso, as possíveis fontes de exposição a pulgas, o uso de pesticida atual e as preocupações do cliente com relação ao uso de pesticidas (BICHARD et al, 1998). O diagnóstico diferencial inclui hipersensibilidade alimentar, atopia, reação a drogas, pediculose, queiletielose, hipersensibilidade parasitária intestinal, dermatite por malassezia e foliculite bacteriana (SCOTT et al, 1996). O diagnóstico definitivo baseia-se na história, exame físico, teste intradérmico usando antígeno de pulga e resposta ao tratamento. A morfologia e as lesões cutâneas são muito sugestivas. A 16 presença de pulgas ou sujeira de pulgas também é um achado útil e é encontrado de forma ótima (SCOTT et al, 1996). Geralmente é complicado encontrar pulgas em um animal de pelagem muito espessa. O uso de pentes especiais ajuda a localizar as pulgas. As “fezes” de pulgas, nada mais são do que sangue digerido e também são um indicativo de pulgas. Elas se assemelham à pequenos grânulos pretos de areia que se tornam vermelhos e mancham quando umedecidos ou molhados. A presença de fezes de pulgas indica uma infestação ativa tanto no ambiente quanto no cão (BERSTEIN, 2004). A presença de pulgas ou de seus dejetos é também um achado útil, mas a sua ausência de modo algum impede o diagnóstico, uma vez que banhos recentes podem remover as pulgas e seus dejetos (SCOTT et al, 1996). Em geral, classicamente admitiu-se a dermatite alérgica à picada de pulgas em cães tende a piorar com a idade do animal. Os sinais clínicos começam um pouco precocemente na estação, persistem um pouco mais de tempo e tendem a tornar-se progressivamente mais graves (SCOTT et al, 1996). A biópsia cutânea é diagnóstica, e revela graus variáveis de dermatite perivascular. Achados histopatológicos consistentes, com piodermites secundárias (foliculite supurativa, dermatite pustulosa intradérmica) são comuns. Nos EUA, o teste intradémico é um excelente método para ajudar a confirmar o diagnóstico da dermatite alérgica à picada de pulgas (LUCAS, 2006). O tratamento glicocorticóides deve sistêmicos envolver e/ou o controle das hiposensibilização. pulgas, Deve ser associado a administrada prednizolona ou prednisona por via oral, na dose de 0,5 mg/Kg duas vezes ao dia por 5-7 dias. Sequencialmente o tratamento será feito num regime de dias alternados, conforme a necessidade (SCOTT et al, 1996). A eliminação das pulgas 17 será o tratamento singular mais efetivo, elas devem ser eliminadas tanto do animal (5% das pulgas) como do ambiente (95% das pulgas). A casa pode ser pulverizada com produtos a base de Piretróide, e no animal podem ser usados produtos a base de Fipronil (Frontline), Permetrina (Pulvex), Lufenuron (Program), sendo que este último funciona como controle a longo prazo. A eficiência da hiposensibilização nos casos de Dermatite Alérgica à Picada de Pulga pode ser tentado com qualquer dos extratos de pulga integral, aplicando 0,5-1,0 ml (intradérmico) uma vez por semana até a obtenção dos resultados (9-12 semanas). Quando se atingir o objetivo, devese administrar injeções de reforço quando necessário (a cada 1-3 meses). Não há na literatura nacional um levantamento sobre a freqüência de ocorrência das dermatites alérgicas dos caninos, mas seguramente a dermatite alérgica à picada de pulgas é a mais freqüente em nosso meio e, é responsável por mais que 50% dos casos, segundo o dermatologista Ronaldo Lucas. FIGURA 11: LESÕES CAUSADAS PELA DERMATITE ALÉRGICA À PICADA DE PULGAS FONTE: www.amicinet.com.br 18 Se for constatada a presença de pulgas, estas devem ser eliminadas, com produtos pulicidas de contato, ou seja, deve-se optar por produtos que eliminem as pulgas antes mesmo que estas se alimentem. O Médico Veterinário deve lembrar de controlar a população de pulgas em todos os animais que convivem juntos e no ambiente e após um rigoroso controle das pulgas, os animais vão apresentar melhora do quadro alérgico (LUCAS, 2006). Consegue-se a prevenção através da continuação à longo prazo de um programa de controle de pulgas. A prevenção funciona melhor através da antecipação de aumentos na população de pulgas e do aumento do uso da terapia parasiticida imediatamente interior ao início das condições ambientais que favorecem esses aumentos. Quando os animais domésticos são primariamente internos e não erram livremente, prefere-se o controle ambiental como o principal método de controle de pulgas. Os animais externos / errantes exigem tanto uma terapia dos animais domésticos como uma terapia ambiental, quando o clima tende à atividade das pulgas (BICHARD et al, 1998). RELATO DE CASO: NOME: Joca ESPÉCIE: Canina RAÇA: Schnauzer Miniatura SEXO: Macho IDADE: 2 anos TEMPERAMENTO: Dócil PESO: 9, 200 Kg HISTÓRICO: Peso anterior 9 Kg. Paciente com lesão com pápulas em colarete no abdômen, pescoço e dorso. Pústulas intactas na região lombar, 19 escamação e muito prurido. Dermatite interdigital, principalmente em membro anterior direito. Tratamento com Cefalexina 270 mg/cápsula - 15 cápsulas SID por 15 dias. Prednisona 5 mg – 1 comprimido SID por 10 dias com redução gradual do medicamento. ANAMNESE: Peso de 9,3 Kg. O paciente estava com todas as vacinas em dia. Há dois meses foi aplicado o anti-pulgas, o processo se iniciou há mais ou menos dois meses e há duas semanas a intensidade do prurido aumentou. A proprietária relata que o prurido aumenta em dias mais quentes. O paciente toma banhos mensais e tem mais dois contactantes assintomáticos na residência. EXAME FÍSICO: Temperatura de 38,2º C, mucosas normocoradas, hidratação normal, Tempo de preenchimento Capilar (TPC) de dois segundos. Paciente com melhora acentuada na dermatite, com menos regiões de alopecia, menos prurido, com diminuição no número de pápulas em colarete pelo corpo. Ainda presente algumas pústulas secas em região abdominal, pele um pouco ressecada. Pododermatite interdigital com melhora, mas ainda presente. Com pulgas e fezes de pulgas ainda presentes. DIAGNÓSTICO: Dermatite alérgica à picada de Pulgas, realizado aravés da anamnese e exame físico. TRATAMENTO: Continuar o tratamento com a Cefalexina 270 mg/ cápsula 15 cápsulas SID por 15 dias. Prednisona 5 mg – ½ comprimido SID por 10 dias com redução gradual da medicação. CONCLUSÃO/ DISCUSSÃO: O tratamento está sendo eficaz. Deveria ser aplicado novamente o anti-pulgas e a sua reaplicação deveria ser feita mensalmente, já que o animal já possui uma alergia à pulga. O exame físico 20 deveria ter sido mais completo, sendo medido a freqüência cardíaca e a freqüência respiratória, por exemplo. Todo medicamento dermatológico deve ser administrado por no mínimo 2 vezes por dia e 21 dias no total, o mais indicado seria de 30 dias. Porque é esse o tempo que a pele demora para sofrer suas mudanças e vir a se recuperar, antes desse prazo pode vir a ser melhorado mas à recidiva. 4.2 DERMATOLOGIA 4.2.1 Sarna Demodécica/ Demodicose Revisão de Literatura: A Sarna Demodécica é também conhecida como demodicose, sarna folicular ou sarna vermelha (SCOTT et al, 1996). A demodicose canina é uma enfermidade dermatológica parasitária que ocorre devido à proliferação excessiva de ácaro Demodex canis, um habitante normal da pele do cão, que se encontra em pouca quantidade nos folículos pilosos, glândulas sebáceas, sudoríparas e apócrinas (SOUZA et al, 2001). O ácaro demodex canis (FIGURA 12) é parte da fauna normal da pele canina e está presente em pequenos números na maioria dos cães saudáveis (LEYDIG, 1859). Outro ácaro com características morfológicas diferentes foi identificado em alguns cães com demodicose generalizada. Este ácaro pode ser um mutante do Demodex canis ou uma segunda espécie de ácaro que ainda não foi identificada (SCOTT et al, 1996). A transmissão do ácaro ocorre da cadela para os neonatos lactentes por contato direto durante os dois ou três primeiros dias de vida neonatal (SCOTT et al, 1996). 21 Geralmente são identificados dois tipos de demodicose: localizada e generalizada (SOUZA et al, 2001). E a forma mais rara a pododermatite demodécica crônica (pododemodicose) confinada somente às patas do animal (SCOTT et al, 1996). É muito comum ver filhotes em fase de amamentação serem infectados por este parasita durante os primeiros dias de vida. Os parasitas podem ser passados da mãe para os filhotes porque estes têm sistemas imunológicos fracos e pouco desenvolvidos que permitem a proliferação dos parasitas, causando perdas localizadas de pêlo, vermelhidão e descamação. À medida, entretanto, em que os filhotes crescem e seu sistema imunológico se fortalece, tornam-se geralmente capazes de combater a doença por si mesmos, com pouca ou nenhuma intervenção médica. É possível que cães mais idosos - a partir de quatro anos - desenvolvam demodicose, mas a doença é muito mais grave nestes casos. A infestação pode ficar restrita a algumas áreas ou se generalizar, com parasitas por todo o corpo (BERSTEIN, 2004). A pele dos cães com demodicose é ecologicamente favorável à reprodução e crescimento de ácaros demodécicos. Eles lançam mão desta oportunidade para colonizar os folículos pilosos e raramente nas glândulas sebáceas, onde subsiste alimentando-se de células, sebo e debris epidérmicos. O ácaro habitante parece habitar apenas a ceratina superficial e não os folículos pilosos (SCOTT et al, 1996). O curso e prognóstico dos dois tipos são amplamente diferentes. A demodicose localizada ocorre como uma a diversas áreas de alopecia, pequenas, eritematosas, circunscritas, escamosas, pruriginosas, não pruriginosas, mais comumente na face e nas pernas dianteiras. O curso é benigno e a maioria dos casos resolve-se espontaneamente (BERSTEIN, 2004). 22 FIGURA 12: DEMODEX CANIS FONTE: www.icb.usp.br A demodicose generalizada é a forma mais grave da doença, e se apresenta como uma dermatite crônica com liquenificação, descamação, formação de crostas, hiperpigmentação, piodermatite severa e alopecia, cobrindo grandes áreas do corpo, o estabelecimento dessa patologia é rara em adultos (SOUZA et al, 2001). Na demodicose localizada, uma área de pele desenvolve eritrema e alopecia parcial. O prurido pode estar presente e a área pode estar recoberta de caspas prateadas (FIGURA 13). Podem estar presentes de uma a diversas manchas escamosas. O local mais comum é a face, especialmente a área periocular e as comissuras bucais. A segunda em ordem de ocorrência são a pernas dianteiras. Mais raramente, uma ou mais manchas são vistas no tronco ou nas patas traseiras. A maioria dos casos ocorre de três a seis meses de idade e curam-se espontaneamente sem tratamento. É raro que a demodicose localizada em um cão progrida para demodicose generalizada (SCOTT et al, 1996). Na demodicose generalizada, apesar de a demodicose localizada ser uma doença clínica média, a demodicose localizada é uma das doenças de pele mais graves; pode terminar de modo fatal. A doença pode disseminar-se desde o estabelecimento, mas geralmente começa com múltiplas áreas mal circunscritas da 23 doença, que piora mais do que melhora com o tempo. Numerosas lesões aparecem na cabeça, pernas e tronco. Cada lesão torna-se maior, e algumas covalescem para formar manchas (SCOTT et al, 1996). A pododemodicose pode estar presente nas bases ungueais dos cães com lesões generalizadas. A história do caso revela se o cão alguma vez teve demodicose generalizada que se curou, exceto pelas lesões podais, ou se as patas eram apenas a única parte do corpo acometida. As lesões digitais e interdigitais são especialmente suscetíveis a piodermites secundárias. Em alguns animais, a pododemodicose pode ser crônica e extremamamente resistente ao tratamento. A dor e o edema são especialmente aflitivos para cães grandes como os Dinamarqueses, Newfoundlands, São Bernardos e Sheepdogs ingleses (SCOTT et al, 1996). A pododemodicose em um cão pode progredir para os seguintes estágios, como demodicose razoávelmente localizada, demodicose generalizada, demodicose piogênica generalizada e pododemodicose piogênica crônica. Raramente, os cães podem apresentar-se apenas com otite demodécica externa (SCOTT et al, 1996). Os quatro estágios do Demodex canis podem ser demonstrados nos raspados de pele. Os ovos fusiformes eclodem em larvas pequenas e com seis patas, que mudam para ninfas com oito patas e, em seguida, para adultos de oito patas. Os ácaros podem ser encontrados nos linfonodos, na parede intestinal, no baço, no fígado, no rim, na bexiga, no pulmão, na tireóide, sangue, urina e fezes. Entretanto, os ácaros encontrados nesses locais extracutâneos estão geralmente mortos degenerados, e apresentam a drenagem simples dessas áreas pelo sangue ou pela linfa (SCOTT et al, 1996). 24 No diagnóstico, raspados de pele devem ser propriamente efetuados e interpretados. A pele acometida deve ser pinçada firmemente para colocar fora os ácaros dos folículos pilosos e os raspados cutâneos devem ser profundos e extensos. O diagnóstico é feito ou por demonstração dos grandes números de ácaros adultos ou pelo achado de uma relação aumentada de formas imaturas (ovos, larvas, ninfas) em relação aos adultos. As amostras de biópsia cutânea de cães com demodicose localizada ou generalizada demonstram os folículos contendo ácaros e debris ceratinosos e perifoliculite inflamatória, foliculite ou furunculose supurativa (SCOTT et al, 1996). No diagnóstico, também pode ser feitos swabs e curetas auriculares para avaliação de ácaros (BICHARD et al, 1998). O agente terapêutico ideal para tratamento da demodicose canina e felina deve ser seguro, altamente efetivo, fácil de administrar, com um preço razoável e aprovado pela Food and Drug Administration dos Estados Unidos (BICHARD et al, 1998). O tratamento da demodicose generalizada é considerado difícil, pois, nenhum apresenta uma efetividade de 100%, a maioria obtém cura em 80% dos casos, ainda que alguns apresentam recidiva. Para isso, são recomendados banhos de amitraz na diluição de 0,4% semanalmente até obtenção de raspados negativos, sendo que a taxa de êxito varia entre 75 e 80% (SOUZA et al, 2001). Em casos mais difíceis pode-se aplicar uma terapia mais agressiva que consiste em banhos diários com solução de 1.250 ppm de amitraz. Como alternativa a tratamentos resistentes a amitraz (para o tratamento das principais sarnas dos gêneros: Notoedes, Otodectes e Psoroptes; Demodex canis, Sarcoptes scabiei e auxiliar no tratamento dos carrapatos Riphicephalus sanguineus, os piolhos Linognatus setosus e Trichodectes canis e as pulgas Ctenocephalides canis e se utilizam invermectinas ou milbemicinas). Não se deve esquecer que algumas raças, como os Collies, não 25 devem receber invermectina devido a possibilidade de intoxicação. A duração do tratamento depende da forma clínica da doença (SOUZA et al, 2001). FIGURA 13: CÃO COM DEMODICOSE (PLACAS PRATEADAS) FONTE: www.inpa.com.br Segundo a literatura, a ivermectina está sendo usada em pequenos animais no tratamento da sarna demodécica na dose de 0,4 a 0,6 mg/kg diária ou semanalmente, com considerável margem de segurança, porém não há estudos que relatem os valores observados no hemograma ou nas enzimas hepáticas e renais para verificar a presença de alterações (SOUZA et al, 2001). A melhor medida de prevenção é manter os animais saudáveis. Visitas regulares ao médico veterinário assegurarão que o cão esteja em boas condições gerais e que não contraia doenças que possam enfraquecer seu sistema imunológico. A administração regular de vermífugos e a vacinação também são importantes. Consulte um médico veterinário antes de cruzar cães afetados pela demodicose (BERSTEIN, 2004). Aconselha-se que todos os proprietários de cães com demodicose generalizada a castrá-los. Isso impede que os estresses associados ao acasalamento e à transmissão de uma característica hereditária. Um 26 ponto-chave para a prevenção da demodicose nos animais de estimação é a identificação e a eliminação de todos os fatores predisponentes potenciais (BICHARD et al, 1998). RELATO DE CASO: NOME: Pitty ESPÉCIE: Canina RAÇA: Pit Bull SEXO: Fêmea IDADE: 1 ano TEMPERAMENTO: Dócil PESO: 20 Kg HISTÓRICO: Na primeira consulta a paciente apresentava alopecia generalizada e muito prurido secundário a demodicose. O tratamento foi feito com 48 gotas de advocate, 9 mg de Ivermectina SID por 30 dias. E a administração de Moxidectina 0,2% na dose de 4 mg, via oral. A paciente voltou à clínica mensalmente, sendo que o tratamento foi continuado por até três meses depois da primeira consulta. ANAMNESE: A proprietária relata que o prurido diminuiu, que a paciente está mais alegre, brinca mais com as crianças, que as roupas de cama da paciente estão sendo lavados semanalmente e que ela está tomando banhos semanais. EXAME FÍSICO: Retorno para avaliação. A paciente está bem melhor, a pele está mais hidratada, diminuíram as áreas de alopecia pelo corpo, o prurido está quase cessado, o animal não se coça mais durante a consulta, os pêlos que nasceram estão sadios. Animal com temperatura normal, freqüência cardíaca e 27 respiratória sem alterações, linfonodos normais, mas ainda possui algumas pequenas áreas ainda afetadas. DIAGNÓSTICO: Demodicose canina generalizada. Diagnóstico com base nos sinais clínicos, e resultado positivo para o raspado cutâneo para o Ácaro Demodex. TRATAMENTO: Fazer banhos semanais com shampoo Hexadene (Clorexidine 3%), troca da coleira Preventic (coleira à base de amitraz) a cada três meses e Aminomix (Suplementação de 46 tipos de aminoácidos, vitaminas e minerais) por três meses. CONCLUSÃO/ DISCUSSÃO: O tratamento mesmo sendo eficaz como está sendo, deveria ter algo a mais como a administração da Ivermectina via subcutânea, na dose de 0,4 a 0,6 mg/kg semanalmente e o raspado de pele para ver se tem ácaros deveria ser feito semanalmente para ser vista como anda a regressão da doença e para mudar a medicação se for necessário. 4.3 REPRODUÇÃO ANIMAL 4.3.1 Prolapso Vaginal Revisão de Literatura: O prolapso da vagina através da vulva ocorre em todas as espécies domésticas, sendo mais freqüente em vacas e ovelhas (NASCIMENTO et al, 2003). O prolapso vaginal é menos comum que o edema vaginal em cadelas; pode ser parcial ou completo (SLATTER, 1998). Na cadela o prolapso vaginal representa uma resposta do tecido vaginal e vestibular ao aumento da concentração de estrógenos durante o proestro e estro, resultando na protrusão do tecido vaginal edematoso através do lúme vaginal e, 28 frequentemente, através da vulva. provocam também a multiplicação das camadas de células epiteliais da vagina e o relaxamento dos ligamentos, facilitando a exteriorização da mucosa vaginal. Estas doenças são vistas principalmente em animais jovens, mais comum em raças braquicefálicas como o boxer e o bulldog, quase sempre por ocasião do primeiro estro. Os sinais clínicos são localizados e variam de acordo com a porção da mucosa exteriorizada, podendo desaparecer espontaneamente no final da fase de estimulação estrogênica. Quando a afecção é de grau mais severo, ocorrem complicações como congestão passiva, traumatismos, necrose e perda de tecido, hiperemia, edema e queratinização (GABALDI et al, 1998). Uma ou mais pregas de tecidos edematoso, anterior ao meato urinário, projetam-se dentro da luz uterina. Muito ocasionalmente, toda a circunferência da vagina é afetada, dando origem a uma grande massa com aspecto de massa de superfície brilhosa, a resposta fisiológica normal da mucosa vaginal ao estrógeno é exagerada em algumas fêmeas, sendo que as dobras vaginais tornam-se muito edematosas e hiperplásicas, salientando-se entre os lábios vulvares. A massa proeminente deve ser cuidadosamente examinada para determinar sua origem, tamanho na base, localização da luz vaginal e o meato urinário (GABALDI et al, 1998). Estas dobras anormais aparecem cranialmente ao orifício uretral, na face ventral da vagina. Em raras ocasiões, o lúmen completo da vagina está envolvido, exceto a porção imediatamente cranial à uretra, enquanto o restante da vagina e vestíbulo permanecem normais (GABALDI et al, 1998). Essa alteração pode impedir o coito e em geral regride espontâneamente com o início da fase luteinica, podendo recorrer nos estros subseqüentes (NASCIMENTO et al, 2003). De um modo geral, o problema é descoberto quando as cadelas entram 29 em um de seus primeiros três cios porque os problemas são mais severos nesta época (GABALDI et al, 1998). O prolapso vaginal ocorre principalmente nos casos de constipação, separação forçada durante o coito e tamanho discrepante entre o macho e a fêmea durante a cobertura. Pode ocorrer também durante o período de estro, quando a produção de estrógeno está aumentada ou em casos de hiperestrogenismo (cistos ovarianos, por exemplo). As causas dessa condição são complexas e o relaxamento de origem hereditária do tecido perivaginal é considerado um fator predisponente (GABALDI et al, 1998). O diagnóstico clínico é baseado nos sintomas, idade, fase do ciclo estral, e confirmado pelo exame clínico e citologia vaginal. Deve ser feito diagnóstico diferencial de neoplasias (pólipos, fibromas, leiomiomas). No caso de neoplasias vaginais, não há relação entre o aparecimento dos sintomas e o estro, sendo as lesões também diferentes, de consistência mais firme. O tumor venéreo transmissível tem características friáveis e pendulares (GABALDI et al, 1998). O prognóstico do prolapso vaginal é mais grave devido às complicações locais. A atividade reprodutiva fica comprometida pela impossibilidade de realização de cobertura. Nos casos de edemas mais leves, recomenda-se o uso de inseminação artificial (GABALDI et al, 1998). O tratamento medicamentoso para os casos de hiperplasia sem regressão espontânea baseia-se na lavagem e desinfecção do local, empregando soluções fisiológicas e pomadas lubrificantes. A terapia específica para a hiperplasia vaginal direciona-se para a eliminação da estimulação estrogênica. Pode-se adotar como tratamento hormonal o Hormônio Liberador de Gonadotrofinas, a gonadotrofina Coriônica Humana, o Acetato de Megesterol ou o Mibolerone (GABALDI et al, 1998). 30 Hormônios como o Acetato de Megesterol reduzem o edema, mas são contraindicados quando se deseja acasalar a fêmea neste cio, pois impedem a ovulação, além de induzirem a hiperplasia cística endometrial. A dose recomendada é de 2,2 mg/Kg, uma vez ao dia, por 5 a 7 dias (GABALDI et al, 1998). Após a cura espontânea ou tratamento clínico, podem ser observadas recidivas nos cios subseqüentes. Apesar de recomendado pela literatura pertinente, o tratamento hormonal não deve ser realizado de rotina, em vista, principalmente, dos efeitos colaterais graves apresentados (GABALDI et al, 1998). O tratamento cirúrgico é baseado na vaginoplastia inferior, sendo preconizado nos casos de insucesso no tratamento medicamentoso ou nos casos de prolapso vaginal. A ressecção não impedirá a recidiva da hiperplasia vaginal durante os ciclos subseqüentes em algumas cadelas. O primeiro passo consiste em realizar uma episiotomia e referendar a uretra com uma sonda. A técnica difere de acordo com o grau de edema vaginal. O tecido hiperplasiado é seccionado em um plano horizontal, a incisão deve ser o mais próxima possível da base da porção prolapsada, de tal maneira que se obtenha uma ferida vaginal circular. A hemostasia deve ser cuidadosamente realizada. As suturas deverão ser realizadas a partir de quatro pontos de tração dispostos 90º uns dos outros; os demais pontos são fixados entre os primeiros. A sutura deve ser com fio categute em pontos separados. Ao término, a episiotomia deve ser fechada (GABALDI et al, 1998). O edema do tecido pode ser reduzido por compressão manual, ou pela de Dextrose a 50% à superfície mucosa. Mais tarde a solução é eliminada por meio de irrigação para que seja minimizada a irritação da mucosa (SLATTER, 1998). Uma cadela com prolapso vaginal durante a fase avançada de sua gestação provavelmente terá dificuldades na hora do parto. Portanto, é preferível que a 31 ressecção cirúrgica do tecido que sofreu prolapso seja levada a efeito no momento mesmo de sua ocorrência ao invés de esperar até que o parto seja evidente (SLATTER, 1998). Com cuidados pós-operatórios, deve se utilizar um anti-séptico ou antibiótico de eliminação urinária por 5 dias. Além disso, deve-se evitar lambedura por meio de um colar elisabetano. Não são indicados quaisquer curativos na ferida cirúrgica, desaconselhando-se a reprodução se houver estenose posterior da vagina (GABALDI et al, 1998). A prevenção permanente é feita pela ovariosalpingohisterectomia, retirandose a fêmea, definitivamente, da reprodução. A redução da hiperplasia vaginal, após a cirurgia, é observada dentro de 7 a 10 dias (GABALDI et al, 1998). RELATO DE CASO: NOME: Donna 2 ESPÉCIE: Canina RAÇA: Fila Brasileiro SEXO: Fêmea IDADE: 5 meses TEMPERAMENTO: Dócil PESO: 38 Kg ANAMNESE: Paciente com vacinação, vermifugação e anti-pulgas atualizados. A proprietária relatou que o cio começou há 5 dias com muito sangramento e 2 (dois) dias depois a vagina prolapsou (FIGURA 14). 32 FIGURA 14: O PROLAPSO VAGINAL, APÓS QUATRO DIAS DO APARECIMENTO FONTE: Clínica Veterinária Pet Social, 2007. EXAME FÍSICO: A paciente se apresenta bem, com temperatura de 38,6º C, freqüência cardíaca e respiratória normais, mucosas normocoradas, tempo de preenchimento capilar (TPC) normal, a massa prolapsada é de extensão e coloração normal (FIGURA 15), sem sinal de necrose ou contaminação. DIAGNÓSTICO: Através da anamnese, do exame clínico e físico e da observação do quadro. FIGURA 15: DONNA 2, FILA BRASILEIRO COM PROLAPSO VAGINAL FONTE: Clínica Veterinária Pet Social, 2007. 33 TRATAMENTO: Limpeza local diária com solução fisiológica resfriada, 3 vezes ao dia. Não foi preciso a intervenção cirúrgica, pois o prolapso foi reduzido gradualmente. CONCLUSÃO / DISCUSSÃO: O tratamento instituído foi a lavagem e desinfecção local com solução fisiológica e não foi necessário intervir com tratamentos medicamentosos, pois houve regressão do prolapso espontâneamente. Caso fosse preciso de tratamento medicamentoso ou cirúrgico, possivelmente fosse tardio o diagnóstico. 4.4 CARDIOLOGIA 4.4.1 Síndrome do Seio Enfermo/ Síndrome do Seio Doente. Revisão de Literatura: O coração é um órgão muscular composto por quatro câmaras projetadas para trabalhar de modo eficaz, confiável e contínuo durante toda a vida. As paredes musculares de cada câmara contraem em uma seqüência precisa, impulsionando o volume máximo de sangue com o menor consumo energético possível durante cada batimento cardíaco (FIGURA 16). A contração das fibras musculares no coração é controlada por uma descarga elétrica que flui através do coração de maneira precisa, ao longo de vias distintas e em uma velocidade controlada. A descarga rítmica que inicia cada batimento cardíaco origina-se no marcapasso natural do coração (nódulo sinoatrial), situado na parede do átrio direito. A freqüência da descarga é influenciada pelos impulsos nervosos e pelos níveis de hormônios que circulam na corrente sangüínea (ALTMAN et al, 2004). 34 A parte do sistema nervoso que regula a freqüência cardíaca automaticamente é o sistema nervoso autônomo, constituído pelos sistemas nervosos simpático e parassimpático. O sistema nervoso simpático aumenta a freqüência cardíaca, enquanto o sistema nervoso parassimpático a diminui. O sistema simpático inerva o coração com uma rede de nervos, o plexo simpático. O sistema parassimpático inerva o coração através de um único nervo, o nervo vago (ALTMAN et al, 2004). A freqüência cardíaca também é influenciada pelos hormônios circulantes do sistema simpático – a epinefrina (adrenalina) e a norepinefrina (noradrenalina), os quais são responsáveis por sua aceleração. O hormônio tireoidiano também influencia a freqüência cardíaca: quando em excesso, a freqüência cardíaca torna-se muito elevada; quando há deficiência do mesmo, o coração bate muito lentamente (ALTMAN et al, 2004). A síndrome do seio enfermo caracteriza-se por bradicardia sinusal, bloqueio sino atrial, parada sinusal internitente, taquiarritimias supraventriculares, ou alguma combinação destes eventos. Também podem ser observadas arritimais ventriculares (ETTINGER et al, 1997). É a síndrome da bradicardia - taquicardia, na qual ritmos atriais acelerados, como a fibrilação ou o flutter atrial, alternam-se com longos períodos de ritmos cardíacos lentos. Todos os tipos de síndrome do seio doente são particularmente comuns em cães idosos (ALTMAN et al, 2004). Causa episódios de fraqueza, e é caracterizada depressão do nodo sinusal, incluindo bradicardia sinusal e parada sinusal prolongada (sinus arrest) e geralmente, freqüências cardíacas baixas e persistentes A parada sinusal prolongada é seguida por batimentos prematuros ventriculares e juncionais demorados, e o ritmo alternando com arritmia sinusal, bradicardia sinusal e prolongado sinus arrest. Em alguns cães, taquicardia paroxística atrial alterna com 35 períodos prolongados de inércia sinusal nodal e frequentemente inércia juncional átrio-ventricular também. Caso a freqüência cardíaca seja muito baixa, o animal pode apresentar desmaios e muitas vezes, o aumento das freqüências cardíacas e palpitações (ALTMAN et al, 2004). Síncope, convulsões, e fraqueza episódica são os sinais mais comumente encontrados (NELSON et al, 1992). FIGURA 16: ESQUEMA DE FUNCIONAMENTO DO MIOCÁRDIO FONTE: www.msd-brazil.com É mais comumente observada em cadelas idosas da raça Schnauzer miniatura, embora também seja detectada em Dachshunds, Pugs e cães mestiços. A síndrome do seio enfermo é extremamente rara em gatos (NELSON et al, 1992). 36 Os cães acometidos apresentam episódios de bradicardia sinusal grave com parada sinusal e/ou bloqueio sinoatrial. Podem coexistir anormalidades do sistema de condução átrio ventricular, causando depressão da atividade de marcapassos subsidiários e, assim, períodos prolongados de assistolia. Alguns desse pacientes também tem taquiarritimias supraventriculares paroxísticas chamadas síndrome bradicardia-taquicardia. Os complexos premeturos podem ser seguidos por longas pausas antes do retorno da atividade do nodo sinusal, indicando tempo de recuperação prolongado do nodo sinusal (NELSON et al, 1992). As anormalidade eletrocardiográficas são freqüentes pronunciadas em cães com a síndrome do seio enfermo de longo tempo. Contudo, alguns cães têm um ou mais Ecocradiograma normal em repouso. A observação visual prolongada do ecocardiograma ou um ecocardiograma de 24 horas são úteis para estabelecer um diagnóstico definitivo (NELSON et al, 1992). A doença de válvula mitral e doença pulmonar crônica frequentemente coexistem. A falência congestiva devido à insuficiência de válvula mitral eventualmente complica o manejo desta síndrome (ALTMAN et al, 2004). O tratamento pode ser feito com a administração de Atenolol, 50 mg em comprimido, é uma monoterapia recomendada no tratamento inicial da hipertensão níveis I e II; entretanto, geralmente a hipertensão nível II requer a combinação de dois fármacos. Os diuréticos e os beta-bloqueadores são preferidos como fármacos inciais porque têm demonstrado reduzir a morbidade cardiovascular e mortalidade. Os beta-bloqueadores podem ser agentes iniciais preferidos nos pacientes com angina, cardiomiopatia hipertrófica, circulação hiperdinâmica, insuficiência cardíaca, diabete, pós-infarto do miocárdio, hipertensão associada com a ciclosporina e dores de cabeça vasculares, por exemplo. Por outro lado, são relativamente ou 37 absolutamente contra–indicados em pacientes com bradicardia, bloqueio cardíaco, doença vascular periférica, síndrome do seio enfermo ou asma/doença pulmonar obstrutiva crônica (MARAGON et al, 2002). Geralmente, os indivíduos humanos que apresentam sintomas da síndrome são submetidos a um implante de marcapasso artificial, o qual é utilizado para aumentar a freqüência cardíaca e não para diminuíla (ALTMAN et al, 2004). A implantação de marcapasso permanente traz as maiores esperanças de tratamento bem sucedido (ETTINGER et al, 1997). Para os indivíduos que ocasionalmente apresentam freqüência cardíaca elevada, o tratamento medicamentoso também pode ser necessário. Por essa razão, no ser humano a melhor terapia é a implantação de um marcapasso juntamente com a administração de uma droga que diminui a freqüência cardíaca um betabloqueador ou o verapamil, que também pode ser usado na medicina veterinária (ALTMAN et al, 2004). RELATO DE CASO: NOME: Minnie ESPÉCIE: Canina RAÇA: Schnauzer Miniatura SEXO: Fêmea IDADE: 9 anos TEMPERAMENTO: Dócil PESO: 5,900 Kg HISTÓRICO: Paciente apresentou reações dermatológicas alérgicas, foi prescrito ½ enrofloxacina ao dia por 20 dias. A paciente apresentou também um processo inflamatório por contaminação bacteriana em todas as bases ungueais, feita tricotomia e antissepsia das bases ungueais com PVPI – TID; administrado 38 meloxican 0,5 mg/kg SC – SID; ácido clavulônico 0,8 ml SC – SID; administração de crema 6A – BID até cicatrizar, com a utilização do colar Elizabetano. A paciente também apresenta “chiados”, que são indicadores típicos das raças miniaturas, de uma patologia chamada colapso de traquéia. ANAMNESE: A proprietária relata que nos dias de calor a paciente apresenta uma dificuldade respiratória observada por aumento dos “chiados”. EXAME FÍSICO: Temperatura de 36,6º C, na auscultação foi observados chiados como se arranhasse a traquéia, além de uma bradicardia seguida de taquicardia, paciente apresentando leve desidratação, continua apresentando reações dermatológicas alérgicas com diminuição na inflamação por contaminação bacteriana em todas as bases ungueais. EXAMES COMPLEMENTARES: Raio-X Eletrocardiografia, Ecocardiografia e Doppler. do tórax, Eletrocardiograma/ E Exames Laboratoriais de Hemograma Completo Automatizado e Perfil Renal (Uréia e Creatinina). No Raio X, do tórax com dupla exposição, onde o resultado indicava um discreto aumento no padrão bronquial dos campos pulmonares; a silhueta cardíaca com discreto aumento generalizado de câmaras mais evidente em câmaras direitas; observando o afastamento dos últimos arcos costais (esforço respiratório); traquéia com lúmem preservado e porção cervical e torácica; e deslocamento dorsal com abaulamento em região cardíaca (aumento de átrio ou massa em mediastino). No Eletrocardiograma/ Eletrocardiografia: em ritmo juncional, o resultado exibe uma parada de nodo sinusal intermitente; com evolução para ritmo juncional também intermitente. No exame de Ecocardiografia, o resultado do laudo foi de 50 bpm para a freqüência cardíaca; ritmo de bradicardia sinusal. No ventrículo esquerdo o septo 39 tem movimento normal; a parede tem movimento normal; a cavidade tem tamanho normal de 2, 73 cm; a espessura é normal de 0,6 cm. No átrio valvar – as ventriculares da mitral estão degeneradas; a tricúspide está normal; o átrio esquerdo está normal com 1,4 cm; a aorta está normal com 1,4 cm; a parede do ventrículo direito está normal com 0,5 cm; o átrio direito está normal e o pericárdio está normal. No Doppler, mostrou regurgitação mitral de grau leve; fluxos aórticos e pulmonares normais. O resulta do hemograma foi: Eritrócitos: 6,02 (6 A 8); Hematócritos: 42 (40 a 53); Hemoglobina: 13,9 (14 a 53); VCM: 79,8 (65 a 78); HCM: 23,1 (21 a 26); CHCM: 33,1 (31 a 35); Leucócitos: 4.280 (8.000 a 16.000); Bastonetes: 3% (0 a 1%); Segmentados: 72% (55 a 80%); Linfócitos: 25 (13 a 40%); Plaquetas: 478.000 (200.000 a 500.000), Uréia: 50 (10 – 56), Creatinina: 0,81 (0,5 – 1,6). DIAGNÓSTICO: Raio-X: A alteração pulmonar pode ser compatível com a idade do animal, a imagem em silhueta cardíaca pode sugerir doença cardíaca, o deslocamento da imagem traqueal pode estar relacionada com alteração cardíaca. Eletrocardiograma/ Eletrocardiografia: freqüência cardíaca de 49 bpm, Síndrome do Seio Enfermo. No Doppler, o diagnóstico foi de endocardiose valvar e insuficiência mitral de grau leve. Hemograma com observação de leucopenia e perfil renal normal. TRATAMENTO: Xarope de Fluconazol (antifúngico e anti-infeccioso) 20 ml – 1 ml por semana, administrado em um dia da semana, por durante 20 dias. CONCLUSÃO/ DISCUSSÃO: É um caso muito raro na clínica veterinária de pequenos animais em geral, como é um caso raro têm poucos relatos e artigos, então ainda é de difícil discussão sobre tal caso. 40 O tratamento administrado foi incompleto, pois como o animal está debilitado e apresentando fraqueza, somente um antifúngico não seria o suficiente para que o animal se mantenha um pouco mais resistente e que auxilie na melhora do estado geral do paciente. Nesse caso, indicaria além do Fluconazol, o Glicopan (suplemento vitamínico e de aminoácidos) e a administração de Cloridrato de Verapamil (antiarrítmico e vasodilatador) e de Digoxina (antiarrítmico), pois a síndrome do seio enfermo é caracterizada por arritmias cardíacas. 4.5 DERMATOLOGIA 4.5.1 Hipersensibilidade Alimentar Revisão de Literatura: A Hipersensibilidade Alimentar, é conhecida também como alergia alimentar e intolerância alimentar (SCOTT et al, 1996). É um distúrbio cutâneo não-sazonal, pruriginoso de cães que está associado à ingestão de uma substância encontrada na dieta do cão. Presumivelmente, é uma reação de hipersensibilidade a um ingrediente antigênico. Este pode não ser o caso, entretanto, e a intolerância alimentar também pode estar ocorrendo e ser incorretamente chamada de intolerância alimentar (SCOTT et al, 1996). Há muito a dieta foi reconhecida como uma causa de reações tipo hipersensibilidade em cães, gatos e seres humanos. Apesar do patomecanismo da hipersensibilidade alimentar ser pouco esclarecido, reações de hipersensibilidade do tipo I são também documentadas e é o tipo de reação mais comum em humanos, apesar de rações do tipo III e IV serem suspeitas. Reações imediatas e tardias a alimentos também têm sido vistas em cães e gatos (SCOTT et al, 1996). Não se 41 determinaram ainda os mecanismos exatos da hipersensibilidade alimentar nos cães e nos gatos (BICHARD et al, 1998). Alergia ou hipersensibilidade alimentar é um tipo de reação ao alimento com base imunológica, cuja patogenia é pouco conhecida. Um pequeno número de cães e gatos desenvolve sinais clínicos devido a essa reação imunológica, desencadeada pela ingestão de antígenos específicos da dieta, geralmente proteínas ou glicoproteínas (NASCENTE et al, 2006). Mais comumente, o alérgeno é uma glicoproteína é presente no alimento e esta glicoproteína pode tornar-se identificável apenas após a digestão ou o calor e preparo do alimento (SCOTT et al, 1996). A Hipersensibilidade Alimentar está associada a prurido de intensidade variável, generalizado ou similar àquele encontrado na atopia e na hipersensibilidade à picada de pulga (NASCENTE et al, 2006). Os sinais clínicos não são sazonais e apresentam pouca resposta à terapia com glicocorticóides. A idade dos cães que apresentam a enfermidade varia de seis meses a 12 anos (NASCENTE et al, 2006). Em 62% dos cães com prurido não sazonal, a responsável é a hipersensibilidade alimentar, sendo uma alergia à determinadas substâncias ingeridas pelo animal (na maior parte das vezes uma glicoproteína). O diagnóstico mais preciso é realizado através da chamada dieta de eliminação, e que deve ser feita após descartar-se a existência de dermatite alérgica à picada de pulga. Essa dieta deve ser feita durante 6 semanas (tendo como alimentos o arroz integral, carne de carneiro ou coelho, óleo de milho e água mineral) com posterior re-exposição provocativa (voltar a alimentação original para verificar se voltam os sintomas (NASCENTE et al, 2006). Não há nenhuma predileção por idade ou sexo, foi comprovada a hipersensibilidade alimentar canina. Ainda que não exista predileção por idade é 42 importante notar que muitos casos ocorrem em cães jovens e podem aumentar o índice de suspeita sobre quais das doenças atópicas ocorrem com prurido em cães abaixo de seis meses de idade. A maioria dos pesquisadores não encontrou predileção racial. Outros pesquisadores, todavia, encontraram que o Cocker e o Springer Spaniels, os labradores Retrievers, Collies, Schnauzers Miniatura, Shar Pei chineses, West Highland White Terriers, Wheaton Terriers, Boxers, Dachshunds, Dálmatas, Lhasa Apsos, Pastores Alemães e Golden Retrievers estavam sob risco aumentado (SCOTT et al, 1996). Estudos indicaram que a hipersensibilidade alimentar em cães e gatos contasse por cerca de 5% de todas as doenças de todas as doenças de pele e 15% de todas as dermatoses alérgicas. A hipersensibilidade alimentar é a terceira hipersensibilidade cutânea mais comum em cães após a dermatite alérgica à picada de pulgas e a atopia (SCOTT et al, 1996). Tais dermatites mostram seus sinais clínicos em animais ainda jovens na hipersensibilidade alimentar, 30 a 50% dos casos tem início antes dos 12 meses (CHAMUSCA, 2005). Para um bom diagnóstico, devemos fazer uma anamnese completa, levandose em consideração fatores como distribuição das lesões, manejo do animal, sazonalidade, contactantes e tratamentos anteriores (NASCENTE et al, 2006). A comprovação de um mecanismo alérgico raramente é confirmada no cão (SCOTT et al, 1996). Estima-se que um por cento de todas as dermatopatias em cães seja representado pelas hipersensibilidades alimentares e que 10% das dermatites alérgicas sejam de etiologia alimentar (NASCENTE et al, 2006). 43 A hipersensibilidade alimentar se constitui na terceira dermatopatia alérgica mais comum no cão, sendo precedida apenas pelas dermatite alérgica a picada de pulgas e dermatite atópica (SCOTT et. al 1995). O prognóstico da hipersensibilidade alimentar geralmente é bom. O tratamento consiste em evitar os alimentos agressores ou usar agentes antipruriginosos sistêmicos. As dietas hipoalergênicas são formuladas adicionandose alimentos simples à dieta. Tais dietas precisam ser balanceadas com suplementos vitamínicos, minerais e de ácidos graxos. Cerca de 20% dos cães hipersensíveis a alimentos, entretanto, não podem consumir qualquer dieta comercial e devem ser mantidos com dieta caseira (SCOTT et al, 1996). Para o manejo do animal com hipersensibilidade alimentar, pode-se manter a dieta testada (após testar alimento por alimento, mantendo os que não provocaram reação) ou recorrer à rações especializadas (NASCENTE et al, 2006). Quando as dietas hipoalergênicas não estiverem disponíveis, os glicocorticóides sistêmicos e/ou antihistamínicos podem ser usados para suprimir os sinais cínicos, todavia, pode ser difícil de controlar com estas drogas. Uma resposta completa aos glicocorticóides sistêmicos é verificada apenas em 50% doas cães com hipersensibilidade a alimentos (SCOTT et al, 1996). Se o animal não puder tolerar uma ração comercial (FIGURA 17), use uma dieta preparada em casa, que consista de uma fonte de proteínas e de carboidratos suplementada com vitaminas, minerais e, no caso dos gatos, com taurina suficiente (60 a 100 mg de taurina diariamente). A suplementação com meia colher de chá de extrato de concha de marisco por dia, recomendada por alguns autores, não constitui uma suplementação de taurina adequada (BICHARD et al, 1998). 44 FIGURA 17: MARCA DE RAÇÃO USADA NO MANEJO DA HIPERSENSIBILIDADE ALIMENTAR. FONTE: http://www.farmina.it/ink/farmina.asp. Como adjuvantes no tratamento do prurido podemos recorrer ao uso de ácidos graxos insaturados, além do uso de shampoos hidratantes ou condicionadores, já que evitam a perda de água da pele e seu ressecamento, tornando-a mais saudável. Devido ao fato dos animais alérgicos possuírem pele sensível, apenas produtos suaves devem ser usados. Por fim, para promover a saúde, a pele e a pelagem devem ser tratados pois, caso o cuidado apropriado da pele seja negligenciado, poderá resultar uma irritação cutânea, ou os resíduos poderão afetar de modo adverso uma doença de pele já existente. Para o manejo de animais saudáveis, deve-se realizar tosas rotineiras, que ajudam a diminuir a queda de pêlos; e a escovação (15 a 30 minutos semanais), que retira a pelagem morta, permitindo termorregulação mais apropriada e evita a irritação e infecção bacteriana secundária. Para os banhos, um shampoo suave não medicamentoso, hidratante e/ou hipoalergênico é o mais indicado (NASCENTE et al, 2006). RELATO DE CASO: NOME: Angel ESPÉCIE: Canina 45 RAÇA: Lhasa Apso SEXO: Fêmea IDADE: 1 ano TEMPERAMENTO: Dócil PESO: 8,1 Kg HISTÓRICO: Há um mês a paciente chegou à clínica apresentando intenso prurido na região torácica abdominal, com eritema nos coxins plantares, alopecia periocular, dermatite interdigital e otite bilateral. Foi tratado com banhos uma vez por semana com shampoo allercalm (é um shampoo à base de aveia e glicerina que proporciona alívio do prurido de diversas causas e melhora a integridade da pele) e depois passar humilac (é uma solução dermatológica hidratante para os pêlos e a pele dos animais), por todo o corpo massageando-o, por 60 dias. A administração de cefalexina (antibiótico beta lactâmico) 240 mg/ ml BID por 20 dias, mudar a ração para uma hipoalergênica e a administração de um medicamento homeopático, meticago ch3, 10 gotas SID por 60 dias. ANAMNESE: Paciente com prurido há 45 dias, alimentava-se com ração Delly Dog carne. A paciente era alimentada com petiscos variados durante o dia. De acordo com a proprietária foram suspensos os petiscos e depois da ultima consulta a ração Delly Dog foi substituída pela Cibau Fish and Rice indicada para animais alérgicos. A proprietária relata que não foi mudado nenhum produto de limpeza utilizado na casa, que não houve nenhuma mudança de perfumes, roupas de cama da paciente, a casa é toda de piso e a paciente vive dentro de casa e sai duas vezes por dias para passear. 46 EXAME FÍSICO: Paciente com prurido intenso, alopecia periocular e embolamento dos pêlos (FIGURA 18). Houve melhora nos eritemas plantares, na otite bilateral e na dermatite interdigital. Paciente se alimenta com ração Cibau Fish and Rice. DIAGNÓSTICO: Hipersensibilidade alimentar. Diagnóstico realizado através do histórico, da anamnese e do exame físico. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL: Atopia e dermatite alérgica à picada de pulgas. FIGURA 18: ANGEL, LHASA APSO COM HIPERSENSIBILIDADE ALIMENTAR. FONTE: Clínica Veterinária Pet Social, 2007. TRATAMENTO: A administração de Cefalexina (antibiótico beta lactâmico) 25 mg BID por 30 dias e banhos semanais com clorexiderm (antibacteriano), lenços umedecidos com clorexidine para as bases ungueais e 1ml ao dia de complexo vitamínico aminomix (Suplemento à base de 46 tipos de aminoácidos, vitaminas e minerais), por 60 dias. CONCLUSÃO/ DISCUSSÃO: O tratamento na troca de ração está eficaz, pois a maioria dos pacientes com dermatites alérgicas quais forem elas, quando alimentados com alimentos hipoalergênicos demonstram melhoras nos sinais da 47 alergia. Mas, antes de dar o diagnóstico de hipersensibilidade alimentar, deveria ter sido feito exames de raspados cutâneos para verificar a possibilidade de ser outro problema dermatológico e dentro da anamnese perguntar se a paciente tem crises em certas épocas do ano como, exemplo a primavera, por causa do pólen das flores. 4.6 OTOLOGIA 4.6.1 Otite Média Bacteriana Revisão de Literatura: A otite é o nome usado para designar um processo inflamatório dos ouvidos. Otite externa é uma inflamação do tecido que reveste o canal auditivo externo e a otite média é a inflamação do ouvido médio. A otite média muitas vezes é uma conseqüência da otite externa mediante ruptura do tímpano (AMARAL et al, 2005). Anatomicamente o ouvido (FIGURA 19) pode ser dividido em ouvido externo, ouvido médio e ouvido interno, que estão interligados entre si. O ouvido externo compreende o pavilhão auricular (orelha), o canal auditivo externo e o tímpano, que separa o ouvido externo do médio. O ouvido médio é a câmara onde se situam três ossículos (martelo, estribo e bigorna) interligados entre si e que servem como meio de ligação para o ouvido interno. O ouvido interno é a parte mais especializada, onde existem os chamados canais semicirculares, a cóclea e o nervo acústico, este último ligando todo o conjunto diretamente ao cérebro (AMARAL et al, 2005). Se esta parte interna for atingida, animal poderá apresentar alterações mais graves como desequilíbrio ou labirintite (AMARAL et al, 2005). 48 Existem várias causas que podem ocasionar a otite, tais como, infecções bacterianas e por leveduras, alergias, doenças de pele, distúrbios hormonais, corpos estranhos, infestações por parasitas ou tumores. As bactérias raramente são causas primárias de otite externa, portanto um diagnóstico de "otite bacteriana" é freqüentemente incompleto. Os agentes secundários mais freqüentemente encontrados são Staphyloccocus intermedius e S. aureus, que podem ser isolados de ouvidos de cães sadios, e os gram-negativos Pseudomonas spp, Proteus spp., Escherichia coli e Klebsiella spp (AMARAL et al, 2005). As infecções bacterianas estão em geral associadas a corpos estranhos perfurantes, ou ocorrem como seqüela de otite externa crônica, geralmente proliferativa ou grave (ETTINGER et al, 1997). As leveduras e os fungos são causas incomuns de otite média e otite interna. Malassezia canis, Aspergillus spp e a Cândida spp encontram-se entre os mais freqüentes mencionados. Paecilomyces constitui uma causa rara (BICHARD et al, 1998). A otite média é a inflamação da bula timpânica. Geralmente está associada à exsudato, difícil de tratar com terapia tópica e frequentemente permanece como uma fonte de infecção e deixa que debris atinjam o conduto auditivo externo via membrana timpânica rompida. Nos casos mais avançados, o autor encontrou ceratina em forma de rolhas desenvolvendo-se dentro da cavidade timpânica. A ceratina pode funcionar como reservatório de bactérias e fonte de inflamação (SCOTT et al, 1996). Admitiu-se que a membrana timpânica pudesse estender-se e aumentar dentro da cavidade timpânica. Além disso, as membranas timpânicas curam-se prontamente e, portanto a otite média pode estar presente com membrana timpânica 49 intacta. O tecido, inclusive as estruturas anexas, que se originam do conduto auditivo externo, podem ser encontrados na cavidade do ouvido médio, mesmo quando a membrana timpânica apareça intacta. A membrana timpânica quase sempre se espessa em resposta à inflamação e pode desenvolver extensões polipóides de tecido de granulação dentro da cavidade do ouvido médio, a qual, em alguns casos, forma aderências com a mucosa do ouvido médio (SCOTT et al, 1996). FIGURA 19: ANATOMIA DA ORELHA DE CÃES E GATOS FONTE: www.veterinariaonline.com.br A microanatomia do conuto auditivo de caninos e felinos foi estudada. A inflamação crônica estimula o forramento cutâneo do conduto auditivo para sofrer inúmeras mudanças, inclusive a hiperceratose e hiperplasia epidérmica, edema e fibrose dérmicos, hiperplasia das glândulas apócrinas e dilatação (SCOTT et al, 1996). 50 A menor incidência em gatos pode ser parcialmente atribuível à posição ereta da orelha e do conduto auditivo relativamente sem pêlos (SCOTT et al, 1996). Os achados físicos indicativos de otite externa incluem eritrema, tumefação, formação de caspas, crostas, alopecia, pêlos quebrados, timidez, corrimento auricular (otorréia), mau cheiro e dor à palpação da cartilagem auricular. Alguns animais tentam coçar a orelha com a pata traseira ipsilateral ou sacodem a cabeça durante ou após a palpação do conduto. As lesões podem envolver a orelha e a pele caudal à orelha na cabeça, na face lateral e ao redor do canal vertical. A sacudida de cabeça pode ser vista tanto como otite externa como com a média (SCOTT et al, 1996). A palpação do conduto auditivo externo e da bula timpânica podem fornecer informação adicional. A espessura, firmeza e flexibilidade dos condutos vertical e horizontal devem ser determinadas. Condutos mais espessos, mais firmes e flexíveis estão associados a mudanças proliferativas e garantem um prognóstico mais reservado. Dor e anormalidades palpáveis da bula timpânica implicam a presença de otite média (SCOTT et al, 1996). O exame otoscópico é usado para detectar corpos estranhos, para determinar se há otite média e para avaliar que tipos de lesões, exsudatos e mudanças patológicas progressivas ocorreram. Se houver doença unilateral, o ouvido nãoacometido deve ser examinado primeiro. Examinado primeiro o ouvido nãoacometido, diminui o risco de disseminação de um agente infeccioso do ouvido doente para o não-acometido (SCOTT et al, 1996). Um diagnóstico da otite externa é feito facilmente a partir da história, e do exame físico. A otite média é muito mais difícil de diagnosticar porque muitos casos apresentam-se com sintomas apenas de otite externa. A radiografia está indicada 51 nos casos suspeitos de otite média e especialmente antes de métodos cirúrgicos envolvendo o ouvido médio. Entretanto, a radiografia só é útil quando demonstra mudanças envolvendo o ouvido médio. O exame citológico do corrimento geralmente não estabelece um diagnóstico definitivo, mas é valioso na determinação dos agentes infecciosos, se houver. A avaliação citológica é o método preferido de certificar-se do papel da Malassezia, em um caso particular. A indicação primária para os testes de cultura e sensibilidade, é a presença de otite média ou otite externa grave associada a bactérias bastonetiformes quando o tratamento sistêmico está para ser prescrito. Dependendo do diagnóstico primário, muitos outros testes podem ser necessários para se fazer um diagnóstico definitivo (SCOTT et al, 1996). O tratamento da otite externa depende da identificação e controle das doenças predisponentes e primárias, se possível. Além disso, a limpeza dos condutos auditivos e do ouvido médio, aplicando-se tratamentos tópicos e administrando-se medicações sistêmicas, pode ser necessária para a eliminação eficaz ou para o controle das causas primárias e dos fatores perpetuantes (SCOTT et al, 1996). A limpeza completa dos condutos auditivos é extremamente importante para o tratamento eficaz para a otite externa. Nos casos crônicos de otite média ou falso ouvido médio, isto inclui a limpeza daquela área. A limpeza é valiosa por diversas razões. Juntamente com o impedimento de um tratamento eficaz, o exsudato pode interferir no exame adequado até que esteja limpo. Corpos estranhos, especialmente os pequenos, são eliminados quando os ouvidos são adequadamente limpos. Pus e debris inflamatórios podem inativar alguns medicamentos. A limpeza completa remove toxinas, bactérias, debris celulares degenerados e ácidos graxos livres, o que diminui o estímulo para mais inflamação. Nas condições proliferativas dos 52 condutos auditivos, a limpeza completa é uma das etapas mais valiosas no tratamento, exatamente como no tratamento do intertrigo (SCOTT et al, 1996). Agentes ceruminolíticos facilitam grandemente e apressam o método de limpeza. Incluem vários tipos de surfactantes, como o sulfossuccinato de dioctil sódico ou sulfossuccinato de cálcio e detergentes que ajam por emulsificação de ceras e lipídios. O peróxido de carbamida, é um agente ceruminolítico ligeiramente menos potente que age como umectante por liberação de uréia quando ativado (SCOTT et al, 1996). Inúmeros tratamentos tópicos estão disponíveis para o conduto auditivo externo. A maioria dos produtos auriculares contém diversas combinações de glicocorticóides, antibióticos, antifúngicos e parasiticidas. Os agentes terapêuticos tópicos são selecionados com base nos efeitos necessários. À medida que o caso progrida, o paciente deve ser monitorizado e os produtos concordantemente modificados (SCOTT et al, 1996). A lavagem do conduto auditivo com solução salina normal morna ajuda a eliminar os resíduos. O tratamento sistêmico está indicado se a otite externa for grave ou se tiver otite média, quando os proprietários não podem administrar tratamentos tópicos e, em alguns casos, quando modificações proliferativas acentuadas estiverem presentes. Devem ser usados antibióticos ou antifúngicos apropriados até uma semana após a cura. A corticoterapia sistêmica está indicada quando houver otite edematosa acentuadamente inflamada e quando modificações patológicas crônicas causem estenose acentuada da luz do conduto (SCOTT et al, 1996). Métodos cirúrgicos que possam promover a drenagem ou a ventilação estão descritos nos principais livros-texto cirúrgicos. A cirurgia também está indicada para 53 aliviar a estenose do conduto, remover tumores ou pólipos e tratar clinicamente otite média resistente (SCOTT et al, 1996). RELATO DE CASO: NOME: Félix ESPÉCIE: Felina RAÇA: SRD SEXO: Macho IDADE: 8 anos TEMPERAMENTO: Dócil PESO: 2,1 Kg HISTÓRICO: O paciente já apresentou esse quadro há um ano atrás, foi tratado com Antirobe (cloridrato de clindamicina) e limpeza diária dos ouvidos com Aurivet (Gentamicina) e Otoguard (combina um antifúngico, cetoconazol), um antibacteriano (tobramicina), um antiinflamatório (dexametasona) e um anestésico local (lidocaína). As atividades de cada um dos princípios ativos se complementam para controlar de forma eficaz e segura, as infecções fúngicas e bacterianas, a inflamação e a sensibilidade dolorosa localizada do canal auditivo, restaurando a função auditiva e aliviando o desconforto causado pelas otites externas) e melhorou por 8 meses. ANAMNESE: A proprietária relata que há 4 meses o paciente apresenta-se inquieto, coçando ambas as orelhas com a pata, arrastando a cabeça no chão, está sem apetite. A proprietária informa que tem muita secreção em ambas as orelhas, mesmo sendo feita limpeza com Otoguard (cetoconazol e lidocaína) a cada 2 dias o paciente não estava apresentando melhora. A proprietária relata que a orelha se 54 mantém eritematosa e aparentemente dolorosa, pois o animal sacode muito a cabeça durante o dia. EXAME FÍSICO: Paciente inquieto, com lesões de arranhadura nas orelhas, otite purulenta, orelha eritematosa e cabeça inclinada. EXAMES COMPLEMENTARES: Primeiro foram feitos exames de antibiograma e bacteriológico de material otológico, com resultado de ausência de crescimento bacteriano, falso negativo pelo uso de medicação anti-bacteriana. Exame micológico com resultado negativo, falso negativo pelo uso da medicação antifúngica, anti-bacteriana e antiinflamatótia (Aurivet: gentamicina). Após o resultado foi suspensa a medicação por uma semana e coletado material otológico com swab para novo exame bacteriológico e antibiograma, com resultado de crescimento bacteriano para Staphylococcus sp e Corynebacterium sp. Após o ultimo resultado foi esperado mais uma semana, coletado novo material otológico para o exame de microorganismos Staphylococcus sp e Corynebacterium sp. QUADRO 16: EXAME OTOLÓGICO PARA LINCOSAMÍDEOS (L) Substância Staphylococcus sp Corynebacterium sp Lincomicina resistente sensível QUADRO 17: EXAME OTOLÓGICO PARA INIBIDORES DE FOLATO – SULFAS (S) Substância Staphylococcus sp Corynebacterium sp Sulfazotrim sensível sensível 55 QUADRO 18: EXAME OTOLÓGICO PARA BETA-LACTÂMICOS (B) Substância Staphylococcus sp Corynebacterium sp Penicilina resistente sensível Ampicilina sensível sensível Amoxicilina sensível sensível Ácido Clavulônico sensível sensível Cefalexina sensível sensível Ceftiofur resistente sensível Amoxicilina + QUADRO 19: EXAME OTOLÓGICO PARA AMINOGLICOSÍDEOS (A) Substância Staphylococcus sp Corynebacterium sp Estreptomicina resistente sensível Gentamicina sensível sensível Neomicina sensível resistente Tobramicina sensível sensível Amicacina sensível sensível QUADRO 20: EXAME OTOLÓGICO PARA MACROLÍDEOAS (M) Substância Staphylococcus sp Corynebacterium sp Eritromicina resistente sensível Azitromicina resistente sensível 56 QUADRO 21: EXAME OTOLÓGICO PARA TETRACICLINAS (T) Substância Staphylococcus sp Corynebacterium sp Tetraciclina resistente QUADRO 22: EXAME OTOLÓGICO PARA FENICÓIS (F) Substância Staphylococcus sp Cloranfenicol resistente sensível Corynebacterium sp sensível QUADRO 23: EXAME OTOLÓGICO PARA NITROFURANTOÍNAS (N) Substância Staphylococcus sp Corynebacterium sp Nitrofurantoína sensível resistente QUADRO 24: EXAME OTOLÓGICO PARA QUINOLONAS (Q) Substância Staphylococcus sp Corynebacterium sp Norfloxacina resistente resistente Ciprofloxacina resistente resistente Levofloxacina resistente ------------- Enrofloxacina resistente intermediário QUADRO 25: EXAME OTOLÓGICO PARA CARBAPENEMA(C) Substância Staphylococcus sp Corynebacterium sp Imipenem sensível sensível DIAGNÓSTICO: Através da anamnese, do exame completo do canal auricular, do exame com o otoscópio.e dos resultados dos exames complementares. 57 TRATAMENTO: A remoção da secreção ainda com ceruminolíticos (limp & trat), administração de Aurivet (antibiótico Gentamicina), administração de antirobe (cloridrato de clindamicina). CONCLUSÃO / DISCUSSÃO: O tratamento está sendo eficaz, mas a partir do momento que é cessado, logo em seguida todos os sinais clínicos voltam gradativamente, não havendo então uma cura do caso. Para um tratamento mais eficaz, antes de tudo deveria ser feita uma limpeza do canal auditivo através de lavagem do canal auditivo com solução salina normal morna, deveria ser tratado com produto Otogen (antibiótico gentamicina e antifúngico miconazol). 4.7 ENDOCRINOLOGIA 4.7.1 Hipotireoidismo Revisão de Literatura: O hipotiroidismo é o distúrbio endócrino mais comum do cão e caracteriza-se por uma pletora de sinais clínicos cutâneos e não-cutâneos associados (SCOTT et al, 1996). O hipotireoidismo primário é causado pela destruição da própria glândula tireóide e responde por mais de 95% dos casos clínicos da doença. O hipotireoidismo secundário é causado por prejuízo da secreção do hormônio estimulante da tireóide por parte da hipófise. Essa etiologia responde por menos de 5% dos casos de hipotireoidismo canino (BICHARD et al, 1998). É uma doença de grande incidência em cães, porém pouco comum em gatos. A glândula tireóide possui uma série de funções, sendo mais conhecida devido a sua capacidade de regulação do metabolismo (BERNSTEIN, 2004). 58 O hipotireoidismo pode ser de ocorrência natural ou iatrogênico (SCOTT et al, 1996). O natural ocorre, quando a glândula tireóide passa a não produzir a quantidade necessária de hormônio. A doença gera uma série de diferentes sintomas que podem estar relacionados à outras doenças. Suspeita-se de hipotireoidismo, quando o animal apresenta sintomas de obesidade, ganho de peso excessivo e rápido, alopecia (queda de pêlos) e problemas de pele, sendo a maioria desses sintomas em conjunto. Surge também, quando há uma diminuição da produção dos hormônios da tireóide ou mesmo quando a tireóide cessa a produção de hormônios por completo. A produção de hormônios da tireóide sofre influência da hipófise (pituitária), do hipotálamo e da própria tireóide. Pode ocorrer sempre que houver algum distúrbio no eixo hipotálamo-hipófise-tireóide, porém mais de 95% dos casos ocorre devido a uma destruição da glândula tireóide. 50% dos casos em que há destruição da glândula tireóide em cães, estão relacionados à doenças auto imunes, em que o próprio organismo mata as células da tireóide. Os outros 50% são causados por atrofia do tecido da glândula tireóide e conseqüente infiltração de tecido gorduroso na glândula. A causa desta atrofia e substituição por tecido gorduroso ainda é desconhecida (BERNSTEIN, 2004). Apesar de o aparecimento dos sinais clínicos ser variável, o hipotireoidismo afeta geralmente animais de meia-idade, entre 4 e 10 anos. A doença afeta mais animais de porte médio e grande, sendo muito raros os casos em cães de porte pequeno e miniaturas. Algumas raças parecem ser mais predispostas à doença tais como Golden retriever, Doberman , Setter, Schnauzer, Dachshund, Cocker spaniel, e Airedale terrier. O Pastor Alemão e cães mestiços são menos afetados pelo hipotireoidismo. Aparentemente não existe uma incidência maior em machos ou 59 fêmeas, porém fêmeas castradas (Pan-histerectomizadas) parecem sofrer maior incidência da enfermidade do que fêmeas inteiras (BERNSTEIN, 2004). Os hormônios da tireóide são necessários para o funcionamento normal do metabolismo celular. Uma deficiência de hormônios da tireóide afetará o metabolismo de todos os órgãos e sistemas. Conseqüentemente, a sintomatologia apresentada será muito variável e inespecífica. Não existe um sintoma patognomônico que defina e diagnostique a doença. Porém, há uma série de sintomas que quando apresentados em conjunto, fazem com que o médico veterinário desconfie de hipotireoidismo e proceda com os exames necessários. Estudos feitos com cães que sofrem da doença mostrou os seguintes dados relativos à variedade e freqüência de sintomas encontrados nos casos confirmados (BERNSTEIN, 2004). Os sinais clínicos de animais que apresentam sintomas em percentual, são de 70% de para letargia, 65% para queda de pêlos, 60% para obesidade e aumento de peso, 60% para pelagem ressecada e troca de pêlos excessiva, 25% por hiper-pigmentação da pele, 15% quando o cão fica friorento, 10% quando há diminuição do ritmo cardíaco, 80% quando há um aumento da taxa de colesterol, e 50% na anemia (BERNSTEIN, 2004). O hipotireoidismo é facilmente diagnosticável através de dosagens de T3 e T4 no sangue. A maioria dos cães que sofrem da doença, respondem prontamente ao tratamento com hormônios sintéticos. Muitos animais possuem baixos níveis de hormônios T3 e T4 na circulação, e por anos ficam sem um diagnóstico. Se o seu animal sofre de problemas crônicos e recorrentes de pele, ele pode estar sofrendo de hipotireoidismo. Existem várias maneiras de se diagnosticar o hipotireoidismo em cães. O método escolhido vai depender dos sintomas apresentados e da 60 disponibilidade e facilidade de obtenção de outros métodos pelo seu médico veterinário. O método mais comum é o de dosagem do nível de T4 no sangue. Após coletar uma amostra de sangue, determina-se o nível de T4 através de rádioimunoensaio. O T4 é produzido apenas pela glândula tireóide e cães afetados apresentarão uma baixa taxa de T4 no sangue. Porém, existem outras enfermidades que podem causar uma queda de T4 no sangue também. Se este exame der positivo, outros exames mais específicos deverão ser feitos para confirmar o hipotireoidismo. Outro método bastante utilizado é a dosagem de T3. O T3 é uma outra forma de hormônio produzido pela tireóide e encontrado no sangue. Este teste não é tão acurado quanto o do T4, pois em casos de hipotireoidismo iniciais, o T3 poderá se apresentar normal enquanto o T4 estará baixo, por esse motivo, a dosagem de T3 deverá ser feita em conjunto com o T4 e/ou a dosagem de TSH (BERNSTEIN, 2004). A dosagem de Hormônio Tireóide Estimulante é o método mais eficiente para se diagnosticar o hipotireoidismo em cães. Se o cão apresentar uma baixa nos níveis de T3 e T4, o teste de Hormônio Tireóide Estimulante servirá para confirmar o diagnóstico de hipotireoidismo. Uma pequena dose de Hormônio Tireóide Estimulante será injetada na veia do animal. Após 6 horas, coleta-se sangue para checar o nível de T4. Um cão que não sofra de hipotireoidismo e que esteja com T4 baixo por algum outro problema, apresentará uma dosagem alta de T4 após a injeção de Hormônio Tireóide Estimulante. Um cão que esteja realmente com hipotireoidismo não apresentará um aumento de T4 após essa injeção de Hormônio Tireóide Estimulante (BERNSTEIN, 2004). Como fora mencionado anteriormente, 95% dos problemas de tireóide são causados pela destruição ou perda da função da glândula tireóide. Se houver 61 suspeita de hipotireoidismo, porém sem confirmação após esses três exames, é possível que a causa do hipotireoidismo deste cão esteja dentro dos 5% restantes. Neste caso, exames complementares deverão ser feitos (BERNSTEIN, 2004). O animal apresenta obesidade suave acentuada sem aumento no apetite, letargia, embotamento e intolerância a exercícios, intolerância ao frio e hipotermia, alopecia, ressecamento do pelame, evacuação excessiva e retardo do recrescimento piloso. Hiperpigmentação cutânea, espessamento de pele, piodermite secundária que pode levar à prurido, neuropatia periférica rara, neuropatia vestibular com inclinação da cabeça, paralisia do nervo fácil, arrastar dos pés dianteiros. Bradicardia e batimento apical fraco, anestro, infertilidade e abortamento na fêmea, galactorréia imprópria na fêmea, perda do libido no macho, atrofia testicular, hipospermia e infertilidade no macho. Depósitos lipídicos coreanos, uveíte crônica, glaucoma secundário e ceratoconjuntivite seca (BICHARD et al, 1998). Uma das “vantagens” dessa doença (se for considerada como vantagem) é o fato de que é uma enfermidade de fácil tratamento, que consiste na administração diária de uma dose de um hormônio sintético chamado Tiroxina ou Levotiroxina. A dosagem e a freqüência com que será administrada dependerá da gravidade do caso e da capacidade de resposta individual de cada animal. O cão receberá uma dose calculada de acordo com seu peso e fará dosagens do nível hormonal periodicamente, para avaliar sua resposta à medicação. De acordo com esta resposta, a medicação será aumentada ou diminuída para que se obtenha um nível desejado do hormônio na corrente sanguínea. Uma vez iniciada a medicação, o cão deverá tomá-la para o resto da vida. Após algumas semanas de tratamento, todos os sintomas do hipotireoidismo deverão ter desaparecido (BERNSTEIN, 2004). RELATO DE CASO: 62 NOME: Glória ESPÉCIE: Canina RAÇA: Cocker Spaniel Inglês SEXO: Fêmea IDADE: 13 anos TEMPERAMENTO: Dócil PESO: 14,400 Kg HISTÓRICO: Há vinte dias atrás a paciente apareceu na clínica com hipotireoidismo, já recebeu 400 mg de T4, houve uma engorda de 15 Kg para 22 Kg. Apresentava ceratoconjuntivite seca, nível glicêmico normal. Há quinze dias atrás a paciente voltou apresentando quadro grave de hipotireoidismo, pesando 18 Kg, A principal queixa era a pele. No exame físico observou - se uma seborréia intensa com contaminação por Staphilococcus e malassezia. Otite osternante secundária à alergia, ceratoconjuntivite seca e um ferimento sub-palpebral. Foi feita a limpeza dos ferimentos com lenços umedecidos com clorexidine, colírio de ciclosporina A 0,2% BID, mudança de ração para obesity, medicação homeopática: sigizium CH3 – 10 gotas ao dia por 30 dias. Hemograma, perfil renal, hepático e T4. ANAMNESE: O proprietário relata que a paciente começou a engordar demais, progressivamente a paciente teve um grande emagrecimento sem causas relacionadas a alimentação porque o proprietário diz não ter modificado a dieta do animal. O proprietário também relata que o animal parece estar coberto por uma “bolsa de água” pelo corpo, que a paciente apresenta ainda muita alopecia, seborréia e dermatite sem melhoras com a medicação administrada. EXAME FÍSICO: Paciente prostrada, com dificuldade respiratória e freqüência respiratória muito baixa, emese, com melena, mucosas hipocoradas, anorexia a dias 63 e com quadro clínico muito complexo. Com piora da dermatite bacteriana, com temperatura normal sem febre e freqüência cardíaca sem alterações evidentes. EXAMES COMPLEMENTARES: Hemograma = Eritrócitos: 4,27 (6 a 8); Hematócritos: 28 (40 a 53); Hemoglobina: 9,4 (14 a 53); VCM: 65,6 (65 a 78); HCM: 22 (21 a 26); CHCM: 33,6 (31 35); Leucócitos: 9.350 (8.000 a 16.000); Bastonetes: 7 (0 a 1%); Segmentados: 83 (55 a 80%); Linfócitos: 9 (13 a 40%); Monócitos: 1 (1 a 6%); Plaquetas: 526.000 (200.000 a 500.000); Creatinina = 1,44 (0,8 a 1,6); ALT = 29,9 (15 a 58); T4 Total = 0,3 (1,3 A 2,9) DIAGNÓSTICO: Hipotireoidismo. Diagnóstico realizado através do histórico, da anamnese, do exame físico e do resultados dos exames complementares, linfopenia e pecilocitose + e T4 muito baixo. TRATAMENTO: Fuidoterapia com andro-soro (é um composto de glicose associada a vitaminas e minerais), administrado 1 litro, via intravenosa, com 4 gotas por segundo. OBSERVAÇÃO: Paciente não responde a terapia com andro-soro, quadro clínico com piora gradual. Paciente vai a óbito por falência generalizada dos órgãos, parada cardíaca e respiratória, um dia após ser consultada. CONCLUSÃO/ DISCUSSÃO: O tratamento feito foi o mais indicado para o momento, mas a paciente chegou muito debilitada, mesmo com qualquer outro tratamento a chance da paciente vir a óbito era quase de 100% por falta de resposta dos órgãos. O certo seria que o proprietário tivesse levado a paciente na clínica veterinária, logo após que o quadro do animal apresentou piora acentuada. 64 4.8 ODONTOLOGIA 4.8.1 Cálculo Dentário Revisão de Literatura: A doença periodontal é o diagnóstico mais comum em animais de companhia, cerca de 80% dos cães ou gatos acima de 6 anos de idade possuem doença periodontal. O risco parece aumentar com a idade. A ração seca pode reduzir a placa e o cálculo em comparação com ração úmida, mas a evidência não é conclusiva (BERNSTEIN, 2005). Os sinais são de halitose (odor), anorexia (falta de apetite), dificuldade para se alimentar, ptialismo (salivação), tremor de cabeça, alterações comportamentais, gengivas avermelhadas/intumescidas e/ou com sangramento, dentes soltos, acúmulo de placa, cálculo (tártaro) e manchas, ulcerações na mucosa gengival ou bucal (BERNSTEIN, 2005). Numerosos estudos têm indicado que a doença periodontal é o diagnóstico mais comum em animais de companhia. A etapa inicial no sentido da doença periodontal é a formação e o acúmulo de placa na superfície do dente (FIGURA 23). Qualquer dente limpo, quando exposto à saliva, imediatamente desenvolve uma camada de glicoproteína chamada de película. Bactérias bucais normais aderem a esta película e começam a se multiplicar. A adição de partículas de alimento, células epiteliais desprendidas e mucina salivar á película forma a placa dentária. A placa se forma muito rapidamente em humanos e em animais, tipicamente no espaço de algumas horas após uma profilaxia dentária. A placa dentária é um material mole, mas o movimento da língua, água potável ou saliva não pode removê-la. Ela pode, entretanto, ser removida por abrasão física como a que ocorre durante a escovação 65 dos dentes ou a mastigação. Placa não removida pode finalmente se transformar em cálculo dentário (BERNSTEIN, 2005). FIGURA 20: CÁLCULO DENTÁRIO FONTE: www.clinivet.com.br A formação de cálculo a partir da placa ocorre quando sais minerais contidos na saliva, tais como carbonato de cálcio e fosfato de cálcio, se precipitam e são depositados na placa. A deposição do cálcio tipicamente ocorre dentre e entre restos bacterianos presentes na placa. O cálculo dentário é um depósito duro (FIGURA20) que está intimamente aderido ao dente. Ele pode ser encontrado tanto acima (supragengival) quanto abaixo (subgengival) da linha da gengiva. Uma vez formado, o cálculo somente pode ser adequadamente removido mediante uma profilaxia dentária profissional. Embora o cálculo supragengival seja fundamentalmente, um problema superficial, é indicativo da necessidade de uma higiene bucal. De maneira geral, inicialmente isto manifesta-se visualmente como acúmulo de cálculo e (ou) da forma olfativa como mal hálito (BERNSTEIN, 2005). O mau hálito é basicamente causado pelo metabolismo bacteriano de proteínas na cavidade bucal proveniente de resíduos de alimento, saliva, células epiteliais e sangue. A presença de placa e cálculo proporciona um ambiente 66 favorável para a proliferação bacteriana e um aumento do metabolismo de proteínas levando a um mal hálito continuado. este está tipicamente associado com gengivite e periodontite (BERNSTEIN, 2005). Caso se deixe de fazer o tratamento, o cálculo dentário pode levar à acumulo adicional de cálculo nos dentes. À medida em que o cálculo continua a se acumular e se estender para dentro do sulco gengival, a superfície áspera irrita a gengiva, causando inflamação dos tecidos moles (BERNSTEIN, 2005). A escovação diária ajuda a remover placa e prevenir a formação de cálculo, gengivite e doença periodontal. Entretanto, manter este esquema agressivo de escovação é questionavel. Muitos veterinários reconhecem que uma profilaxia dentária profissional anual sem que haja cuidados domésticos não previne eficazmente a doença periodontal (BERNSTEIN, 2005). Uma profilaxia dentária consiste em diversos componentes: um exame bucal completo, mapeamento bucal, curetagem e polimento da coroa e das supeficies subgengivais (BERNSTEIN, 2005). O tratamento dentário doméstico refere-se às tarefas realizadas pelo cliente, e à aplicação de dentifrícios à cavidade oral do animal, como meios auxiliares para a manutenção da saúde dental. Dado o papel etiológico fundamental desempenhado pelas bactérias nos casos de afecção dental, a tarefa basal de qualquer protocolo doméstico deve ser o controle da placa na margem gengival (ETTINGER et al, 1997). O método mais confiável de controle da placa é a remoção mecânica (FIGURA 24). Uma remoção significativa, mas incompleta da placa e dos cálculos poderá ser conseguida através de autolimpeza natural imposta pela interação oclusora das coroas com dietas compostas de alimentos duros e pelo uso de 67 brinquedos de mastigar confeccionados em couro cru. Biscoitos de cereais, embora ajudem na remoção do tártaro, podem ser fontes de excesso de calorias e de desequilíbrio nutricional, o que poderá ser prejudicial ao bem estar geral do animal. O uso de meios auxiliares efetuados pelo proprietário do paciente para a remoção da placa fica limitado pelo modo que o animal aceita os procedimentos; entretanto, podem ser utilizadas soluções reveladoras de placa, escovas de dentes com dentifrícios apropriados, aplicações interdentais ou nas furcações, irrigadores orais, e controle químico da placa. As escovas dentais os removedores mecânicos de placa mais efetivos (placa marginal supragengival e subgengival). A escova dental “ideal” deve ter cerdas sintéticas macias e com muitos tufos, com as pontas das cerdas arredondadas, para que seja minimizada a brasão dos dentes e a lesão gengival. É essencial uma técnica apropriada de escovamento dos dentes, para que ocorra a remoção efetiva da placa supragengival e subgengival (ETTINGER et al, 1997). A profilaxia dental deve ser considerada como uma série de fases. Procedimentos e avaliação diagnósticos do paciente, antes de qualquer procedimento. Proteção intra-operatória do paciente e do operador, seqüência operatória de exame, registro em formulário odontológico, escarificação e polimento e programa pós-operatório de tratamento doméstico e esquema de acompanhamento/ reconsulta (ETTINGER et al, 1997). O equipamento necessário incluem raspadores ultrassônicos ou sônicos e, embora não requeridos, são mais rápidos do que os raspadores manuais. Para cães, é também recomendado utilizar um enxágüe antes da intervenção com solução de clorexidina diluída para ajudar a minimiza a bactermia que ocorre durante a limpeza dentária. A raspagem motorizada deve ser utilizada primeiro, seguida de 68 uma raspagem manual para remover suavemene placa residual e cálculo sob a linha da gengiva. O polimento é recomendado após o aplainamento e a raspagem a fim de alisar ranhuras e depressões no esmalte que correm e decorrência da raspagem. Finalmente, uma lavagem supragengival e subgengival remove o pó abrasivo do polimento, que pode atuar como um irritante das gengivas (BERNSTEIN, 2005). TALBOT, (1989) relatou que a doença periodontal afeta 75% dos cães entre 4 e 8 anos de idade. Esta incidência foi subseqüentemente confirmada em uma análise recente identificando 53 e 95% de cães com idade acima de um ano como portadores de algum grau de periodontite. Apesar de existirem poucos estudos relacionados com gatos, a incidência de doença periodontal foi observada em 25 a 50%, documentando portanto sua importância também nesta espécie. A natureza disseminada das preocupações dentárias no cão e no gato impõe que a conscientização do problema seja ampliada e que estratégias potencialmente benéficas sejam exploradas (BERNSTEIN, 2005). RELATO DE CASO: NOME: Katucha ESPÉCIE: Canina RAÇA: Yorkshire Terrirer Miniatura SEXO: Fêmea IDADE: 11 anos TEMPERAMENTO: Dócil PESO: 1,9 Kg ANAMNESE: Paciente sem histórico de problemas de saúde. Com a vacinação, vermifugação e anti-pulga atualizados. A proprietária relata que a paciente está com a boca muito fétida e que está com falta de apetite. 69 EXAME FÍSICO: Paciente aparentemente bem, com temperatura normal, pêlos brilhantes, pele sadia, olhos atentos e boca com halitose. No exame físico da boca foi encontrado cálculos em 90% dos dentes, sendo necessária uma remoção de cálculo dentário com urgência. DIAGNÓSTICO: Doença periodontal, cálculo dentário. Diagnóstico realizado através da anamnese e do exame físico. INDICAÇÃO: Tratamento periodontal. EXAMES COMPLEMENTARES: Bioquímicos= T4 livre: 0,98 (0,5 a 3,8); Creatinina: 0,77 (0,8 a 1,6); ALT: 12,2 (15 a 58). Hemograma= Eritrócitos: 8,3 (6 a 8); Hematócritos: 56 (40 a 53); Hemoglobina: 17,6 (14 a 53); VCM: 67,5 (65 a 78); HCM: 21,2 (21 a 26); CHCM: 31,4 (31 a 35); Leucócitos: 10.760 (8.000 a 16.000); Bastonetes: 4 (0 a 1%); Segmentados: 61 (55 a 80%); Linfócitos:33 (13 a 40%); Monócitos:0 (1 a 6%); Muloblastos: 0; Promieloctus: 0; Plaquetas: 477.000 (200.000 a 500.000). Resultado: Policitemia. TRATAMENTO MEDICAMENTOSO: A administração de spiraphar* 5 (Espiramicina e Dimetridazol), à partir de três dias antes do procedimento e também até uma semana após o procedimento. FIGURA 21: KATUCHA, DURANTE A RAMOÇÃO DE CÁLCULO DENTÁRIO FONTE: Clínica Veterinária Pet Social, 2007. 70 TRATAMENTO CIRÚRGICO: Junto com a remoção de cálculo dentário, no paciente foi feito também a ovariohisterectomia. O procedimento anestésico instituído foi na monitoração pré-anestésica o uso de acepromazina 0,2% na dose de 0,1 ml. A paciente recebeu por via intravenosa propofol 1 (um) ml, após foi aplicado fentanil 0,11 ml por duas vezes durante o procedimento. No início a paciente teve uma apnéia que foi revertida com doxapran 0,1 ml. E foi usado anestesia inalatória com o uso do isoflurano 15 ml (procedimento com média de duas horas e meia de duração) para a manutenção. Remoção do cálculo dentário (FIGURA 21) e extração de dentes. Antes da remoção é feito um enxágüe antes da intervenção com solução de clorexidine diluída para ajudar a minimiza a bacteremia que ocorre durante a limpeza dentária. A remoção do cálculo é feita com aparelho ultrassônico, e são feitas raspagens manuais rápidas no dente e na supra-gengival retirando o cálculo por completo. Após a remoção é feita uma escovação com pasta C.E.T (complexo enzimático que reage com substratos presentes no próprio produto, formando o íon hipotiocianato. Esta substância, naturalmente encontrada na saliva dos animais, inibe o crescimento das bactérias formadoras de placa e neutraliza o ácido por elas produzido. Previne a formação da placa bacteriana, do cálculo dentário e das doenças periodontais e doenças sistêmicas secundárias) e por último a boca do animal é bem enxaguada. É feita a admistração de Clavacilin (ácido clavulânico) e maxican 0,2% (antiinflamatório não esteróide com atividade inibidora seletiva da cicloxigenase-2, que confere um duplo benefício terapêutico, resultando em excelente atividade antiinflamatória, analgésica e antiexsudativa com mínimos efeitos gastrolesivos ou ulcerogênicos). 71 CONCLUSÃO/ DISCUSSÃO: O tratamento, o diagnóstico e o procedimento foram bem eficazes. Pois o animal já estava sofrendo as conseqüências, por não estar se alimentando. A proprietária podia ter levado a paciente à clínica veterinária com antecedência, ao ver que o animal sentia dor ao comer e após a anorexia. 72 5. CONCLUSÃO Durante o período, entre o dia 26 de Fevereiro de 2007 ao dia 25 de Abril de 2007, realizei o estágio curricular na Clínica Veterinária Pet Social, onde junto aos veterinários da clínica, participei de consultas, cirurgias, dentre outros procedimentos. No estágio curricular aprendi a conviver com outros profissionais, na convivência com os pacientes e seus proprietários. Aprendi desde conversar com o proprietário até como devo me portar como Médica Veterinária, diante aos proprietários. Além da parte médica e cirúrgica de animais de companhia como um todo. Desde o comportamento animal, até sua alimentação e doenças mais comuns que chegam à Clínica Veterinária. Concluo que a vivência que tive durante o período do estágio curricular foi muito proveitosa e muito importante para o meu futuro profissional. 73 6. REFERÊNCIAS AMARAL, T. C. G. Otite Externa. Disponível em: http://www.homeopatia veterinaria.com.br/otite_externa.htm. Acesso em: 07/05/2007. BERNSTEIN, M. 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