sustentabilidade aplicada a edifõcios comerciais

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II ENECS - ENCONTRO NACIONAL SOBRE EDIFICAÇÕES E COMUNIDADES SUSTENTÁVEIS
SUSTENTABILIDADE APLICADA A EDIFÍCIOS COMERCIAIS
Marissol Silva Vieira ([email protected]) Aluna de Graduação do Departamento de
Arquitetura e Urbanismo, UFES.
Augusto Alvarenga ([email protected]) Arquiteto, Professor do Departamento de Arquitetura e
Urbanismo, UFES; Mestre em Engenharia Civil, UFES.
RESUMO
O trabalho é um dos sub-projetos de pesquisa para um bairro sustentável, localizado em área de expansão urbana
do município da Serra – ES. Pretende atender as necessidades dos usuários, baseando-se na modulação,
flexibilidade de layout e instalações - de modo que seja adaptável ao perfil de usuário, às inovações tecnológicas
e condições climáticas. Objetiva suprir as necessidades de conforto ambiental, especificando sistemas
construtivos e materiais que contribuam para o alto desempenho da edificação e uso racional dos recursos
naturais.
Criou-se uma alternativa de condomínio comercial horizontal, intitulado Serra Office Park. Optou-se pela baixa
densidade de ocupação e gabarito reduzido, dando ao conjunto uma escala mais próxima da humana.
Esse conjunto enquadra-se no conceito de sustentabilidade e arquitetura bioclimática, utilizando os recursos
energéticos eficientemente. O projeto explora a arborização, criando um espaço de trabalho dentro de um parque,
utiliza passeios de pedestres que proporcionam integração com o ambiente natural circundante e restringe os
automóveis ao estacionamento, conduzindo os usuários à caminhada e ao contato com o ambiente, afastando a
rotina urbana, diminuindo a poluição sonora e do ar no interior do projeto.
É composto por: centro comercial, edifícios de escritórios e edifício multifuncional. Possui infra-estrutura de
serviços e estacionamento.
Palavras-chave: condomínio comercial, arquitetura bioclimática.
APPLIED SUSTEINABLE TO COMMERCIAL BUILDINGS.
ABSTRACT
The present work is one of the research sub-projects for a maintainable neighborhood, located in area of urban
expansion of the municipal district of Serra - ES.
This project intends to assist the users' needs, basing on the modulation, layout flexibility and facilities - so that
the building be adaptable to user's profile, to the technological innovations and climatic conditions. Pretends to
supply the needs of environmental comfort, specifying constructive and material systems that contribute to the
high performance of the construction and rational use of the natural resources.
We created an alternative of horizontal commercial condominium, entitled Serra Office Park.
We opted for the low occupation density and reduced form, giving to the complex a scale closer of the human
and generating free spaces, configuring squares and ways, in a kind of reproduction of the urban environment.
This complex fits in the concept of sustainability and bioclimatic architecture, using efficiently the energy
resources, generating healthy environments for the inhabitants. The project explores the arborization, creating a
working space inside a park, using pedestrians' walks that provide points of convergence and integration with the
surrounding natural environment and it restricts the automobiles to the parking, leading the users to the walk and
the contact with the environment, moving away the urban routine, reducing the sonorous and air pollution inside
the project.
The complex is composed by a commercial center, offices and multifunctional buildings, with infrastructure of
services: feeding square, support stores, gym, bank agencies, mail, conventions and parking seeking to assist the
users' needs.
Keywords: commercial condominium, bioclimatic architecture
INTRODUÇÃO
Os edifícios alteram o meio-ambiente, seja na etapa de produção, manutenção ou de uso. O
volume de recursos naturais utilizados pela construção civil, muitos deles não-renováveis,
corresponde a pelo menos um terço do total consumido anualmente por toda a sociedade. Dos
40% da energia consumida mundialmente pela construção civil, aproximadamente 80%
concentram-se no beneficiamento, produção e transporte de materiais, alguns deles também
geradores de emissões que provocam o aquecimento global, chuva ácida e poluição do ar.
(JOHN, Vanderley M.)
Edifícios possuem longa vida útil, desde as fases de construção, uso e manutenção, e todas
contribuem para o impacto ambiental. A iluminação, o condicionamento e a operação do
edifício também consomem energia, que podem ser relacionadas a decisões de projeto e à
eficiência dos equipamentos utilizados. Ao final da vida útil do edifício, caso não seja
possível desmontá-lo e reutilizar suas partes, sua demolição gerará ainda mais entulho.
Baseado nisso, o Serra Office Park busca técnicas de projeto arquitetônico que proporcionem
o uso mais racional de recursos naturais na edificação, de modo que o edifício seja adaptável
ao perfil de usuário, às inovações tecnológicas e condições climáticas. Objetiva suprir as
necessidades de conforto ambiental, especificando sistemas construtivos e materiais que
contribuam para o alto desempenho da edificação, gerando ambientes saudáveis para os
usuários, de forma a fornecer condições ideais de trabalho, redução da poluição, do
desperdício e do dano ecológico, promovendo a integração do espaço interno e dos ocupantes
com o espaço externo.
Para isso, buscou-se integrar os elementos naturais, como o vento, o sol e a vegetação com o
projeto de arquitetura, de forma a utilizar dispositivos econômicos e eficientes para reduzir o
consumo de água, energia e proporcionar uma climatização agradável ao edifício, sempre
aliando essas preocupações aos aspectos formais e estéticos.
O enfoque desse trabalho é aplicar conhecimentos pesquisados para resolver os velhos
problemas de conforto do usuário e adaptação aos elementos naturais, possibilitando a criação
de uma arquitetura mais apropriada ao meio e função a qual ela se destina. Para tanto, criouse uma alternativa de condomínio comercial horizontal, com construções que proporcionam
melhores condições ambientais, baixa densidade de ocupação; compatibilizando locais de
trabalho com ambientes arborizados.
Esse conjunto enquadra-se no conceito de sustentabilidade e arquitetura bioclimática,
utilizando estruturas e recursos energéticos eficientemente, gerando ambientes saudáveis para
os habitantes. Para a criação do Serra Office Park seguiu-se princípios da arquitetura
ecológica e bioclimática e buscou-se referências tanto vernáculas quanto tecnológicas além de
conceitos de sustentabilidade para resolver problemas intrínsecos ao edifício e ao impacto que
causa na cidade e no meio ambiente.
1. DIRETRIZES
Para auxiliar na criação de uma mentalidade de “não desperdício”, o Serra Office Park foi
projetado de forma a inserir no cotidiano de seus usuários procedimentos ecologicamente
corretos, que evitem, por exemplo, desperdício de água e energia. Procurou-se dotar o
Conjunto de soluções arquitetônicas que proporcionem conforto ao usuário, economia e
adequação aos princípios de conservação ambiental.
As diretrizes são referentes a formas de projetar de forma eficiente energética e
ecologicamente, seja com o uso de materiais construtivos renováveis - na medida do possível;
pré-fabricados, diminuindo desperdícios; ou aproveitando as condicionantes naturais (sol e
vento), tendo sempre a preocupação de conferir conforto ao usuário.
A.
B.
C.
D.
E.
F.
G.
H.
I.
J.
Promover flexibilidade ao edifício;
Utilizar técnicas Bioclimáticas;
Eficiência de energia
Promover integração com a natureza em diversos níveis
Utilização de produtos com preocupações ambientais:
Minimizar o impacto ambiental.
Preocupação com a Estética
Promover um Espaço de Trabalho para o futuro.
Promover Sustentabilidade para arquitetura de comércio e serviços
Uso comercial e a apropriação de espaço público
2. O MUNICÍPIO DA SERRA
O Município de Serra está localizado na micro-região metropolitana de Vitória. É o maior
Município da Grande Vitória. Tem uma área urbana de aproximadamente 200 km2, com
cerca de 330 mil habitantes.
Abriga algumas das maiores indústrias do Estado e famosos balneários. É a sede do Centro
Industrial de Vitória - CIVIT e da Companhia Siderúrgica de Tubarão - CST e dos Portos
Marítimos Internacionais de Praia Mole e Tubarão. Possui 23 km de praias com dunas e
manguezais, muito freqüentadas e com boa infra-estrutura turística. É um município do
Espírito Santo que possui muitas belezas culturais e naturais ainda inexploradas.
As atividades de comércio e serviços regionais vem ampliando o seu papel na economia
municipal nos últimos anos, especialmente em atividades voltadas ao comércio exterior, saúde
e educação superior. (Prefeitura Municipal da Serra)
Em contrapartida o município apresenta certa deficiência em termos de oferta de espaços
públicos destinados ao lazer, a pratica de esportes e à convivência social. O ambiente urbano
não é adequadamente preparado para o acolhimento humano. Falta a humanização da cidade.
São insuficientes as áreas de praças, parques e jardins. A arborização urbana é inadequada,
deficiente e não planejada, sendo as áreas verdes pouco expressivas frente ao tamanho da
população, que cresceu aceleradamente nas três últimas décadas.
2.1 Visuais Dominantes e Pontos Naturais do Entorno
O Mestre Álvaro é um dos monumentos naturais mais marcantes da Serra. Com seus 833
metros de altitude, domina a planície litorânea. É considerada uma das maiores elevações
litorâneas da costa brasileira e abriga uma das últimas áreas de Mata Atlântica de altitude do
Estado. O governo do Estado em 1977 criou o Parque Florestal e a Reserva Ecológica Mestre
Álvaro. (O Guia, 2001)
Nas chapadas do município, que se espalham ao pé do Morro do Mestre Álvaro, o solo é
entrecortado por veios d'água que correm em direção ao litoral, formando lagos e lagoas.
Figura 1 – Morro Mestre Álvaro. Fonte: O Guia, 2003
Figura 2 – Complexo Lacustre do Joara. Fonte: Turismo Capixaba, 2003
O complexo Lacustre do Joara, não oferece apenas beleza, mas é de fundamental importância
para as populações e indústrias da Grande Vitória. A Lagoa do Joara, também conhecida
como Lagoa de Jacaraípe, está situada entre a sede do município e os balneários de
Manguinhos e Jacaraípe, estando a 4 km do mar. É a maior lagoa do município, com cerca de
16KM de extensão. Ela é rica em pescado e excelente para prática de esqui aquático.
(Turismo Capixaba, 2003).
2.2 Vizinhança
As regiões vizinhas ao novo bairro são a Serra Sede, centro administrativo do município da
Serra, os balneários de Manguinhos e Jacaraípe, como mostra a Figura 3.
Figura 3 –Localização do bairro sustentável e sua vizinhança. Fonte: Turismo Capixaba, 2003
Jacaraípe é uma localidade situada às margens do Rio Joara, cerca de 30 quilômetros de
Vitória. Já foi uma vila de pescadores. Atualmente é a mais badalada das praias do norte de
Vitória.
Manguinhos é uma pequena vila que não quer crescer, pertencente ao município da Serra e
localizada a 25 quilômetros de Vitória. É um lugar bucólico, com muita natureza, mar e
vegetação. (Turismo Capixaba, 2003)
Há ainda alguns bairros que cresceram em torno da rodovia e ocupações de áreas protegidas,
como os vales, por população mais carente, além das propriedades rurais.
3. O PROJETO
O projeto busca soluções que proporcionem sustentabilidade ambiental, o que significa
mudanças no estilo de vida que permitam manter inalterados os serviços ambientais de
suprimento de matérias primas para a economia humana, de forma a possibilitar sua
regeneração, assim como a absorção dos dejetos pelo meio ambiente.
Outra questão levantada foi o fato que é o projeto de um novo bairro a ser implantado, e a sua
ocupação demoraria um certo tempo. Pensando nisso, projetar um prédio apenas, no meio de
um loteamento vazio seria incoerente. Afinal, as atividades econômicas e humanas
necessitam de outra complementares. A solução encontrada foi criar um empreendimento que
unisse várias atividades em um só local, de forma a satisfazer as necessidades do usuário e,
principalmente, gerar uma área de atração e expansão.
Pensando nisso, o projeto deveria, necessariamente, estar localizado em uma área onde se
espera grande movimento e que tenha uma tendência ao comércio e aos serviços.
Foi escolhida a Avenida Principal, que corta o bairro no sentido BR 101/ ES – 10, ou seja,
ligando a sede do município ao litoral. Além disso, essa é uma área central ao bairro, entre a
parte mais habitacional, ao logo da Lagoa e a parte industrial, na periferia externa do bairro,
conforme mostra a Figura 4.
O projeto do Serra Office Park une várias atividades complementares em um mesmo espaço:
além do espaço de trabalho, atividades de lazer, aumentando o bem estar do funcionário, tal
como academias, percursos arborizados, terraços, cafés, etc; favorece a instalação de
atividades educacionais, como escola de informática ou de idiomas; atividades de serviços,
como agências bancárias, correios, centro comercial, salão de beleza, restaurante, etc;
A maior preocupação foi a de não projetar torres, tipologia que caracteriza as construções
voltadas para escritórios e serviços nas grandes cidades brasileiras. Propôs-se então,
pulverizar edifícios por uma área verde, criando um condomínio horizontal, que segundo o
arquiteto Alberto Botti: “É como desempilhar um edifício alto e espalhar pequenos grupos de
andares por uma grande área” (Corbioli, 2001).
A Serra é o município da Grande Vitória que mais cresce, possui grandes empresas em seu
solo, e deverá ser uma nova área de expansão, desde que sejam dadas condições urbanas
necessárias, que é o objetivo desse novo bairro. Implantar um modelo dessa proposta poderia
ser uma alternativa para empresas que desejam se estabelecer na Grande Vitória, próximas à
capital. Conta também como ponto favorável, o fato de Vitória estar praticamente saturada,
além de devido à exploração imobiliária e, conseqüentemente, à alta valorização do solo, os
imóveis serem muito caros.
O terreno escolhido à margem da Av. Principal fica no topo do planalto, possuindo pequeno
desnível, apesar de essa área apresentar muitos vales, característica marcante da Serra.
Figura 4 – Mapa com o traçado do novo bairro, mostrando as áreas vizinhas e a localização da
região onde se localiza o Serra Office Park.
Deve-se ter consciência que esse é um empreendimento de grande porte, e que não seria
coerente a sua repetição aleatória por toda a avenida, já que nem o bairro, nem a cidade
conseguiriam absorver todas as unidades facilmente. O interessante seria ter algumas
unidades, em pontos estratégicos da avenida, de forma a criar centros de atração e
desenvolvimento, vindo a incentivar a instalação de outras atividades também relacionadas ao
comércio e serviço, como hipermercados, shopping, hospital, centros comerciais, faculdades e
prédios de escritórios comuns, podendo ou não ser torres, dependendo da restrição do gabarito
elaborado para da região.
O partido proposto visa caracterizar o Serra Office Park com os padrões tipológicos de
edifícios de escritório e de edifícios voltados para o comércio e prestação de serviços sem que
a coerência ecológica precise estar vinculada a desconforto e padrões estéticos relacionados à
rusticidade.
3.1 Implantação
O terreno escolhido possui uma área de 62.500 m2 (250 x 250 m). A implantação do
conjunto foi estruturada a partir de um eixo central, no qual se distribuem os edifícios. Esse
eixo funciona como uma praça que é o coração de todo o empreendimento. Nele se
desenvolvem passeios de pedestres, jardins e pontos de encontro, compatibilizando locais de
trabalho com ambientes saudáveis.
Em torno da praça e entre os edifícios de escritórios foram criados caminhos de pedestres
entre as árvores, favorecendo uma caminhada agradável no interior do complexo.
A vegetação é um elemento sempre presente na composição da paisagem no interior do
complexo e na imagem que os passantes terão dele. Além da imagem e da sensação agradável
que a vegetação cria, as árvores, arbustos e a grama têm a tendência de estabilizar a
temperatura, evitando os extremos. Além disso, têm a capacidade de interceptar a poeira e
limpar o ar, o que é de grande importância, já que o Serra Office Park fica localizado em uma
avenida de grande fluxo, ou seja, poluição.
Figura 5 – Implantação do Serra Office Park na quadra.
Uma solução utilizada para uma maior integração do Serra Office Park com o ambiente
urbano foi o fato de não haverem muro, grades ou portais marcando e/ou impedindo a entrada
e saída dos indivíduos. O conjunto é tratado como uma continuação do meio urbano, um
parque ou uma praça, onde todos são bem vindos. Isso é extremamente importante a partir do
momento em que se propõe o uso do espaço durante todo o dia, inclusive à noite, e onde se
pretende criar um local de convívio público.
Os fechamentos são restritos aos edifícios de escritórios e o multifuncional. Durante o
expediente, eles se mantêm abertos à entrada e saída dos usuários e ao fim do trabalho, são
fechados, mais por uma questão de segurança.
O conjunto é composto por doze edifícios. De frente para a avenida principal que corta o
bairro, onde o movimento, tanto de pedestres como de veículos será grande, fica localizado o
centro comercial e no fundo do terreno, mais ligado ao interior do bairro fica o edifício
multifuncional e no centro, os edifícios de escritórios.
Os edifícios foram dispostos intercalados, como pode ser visto na figura 5, evitando
ventilação encanada, que pode vir a ser desagradável, principalmente nos meses mais frios.
Dessa forma, todos os edifícios recebem ventilação, e o ar circula eficientemente por todo o
complexo.
A implantação elimina a presença do automóvel do interior do conjunto, ficando restrito ao
estacionamento no subsolo. Essa medida evita a poluição sonora e do ar, enquanto incentiva
os usuários à caminhada, ao contato com o meio que o cerca e a vivência no espaço exterior.
Para chegar ao seu destino, após estacionar o veículo, o usuário caminhará pelo complexo,
interagindo com o ambiente, encontrando pessoas, se exercitando, o que dá mais dinâmica a
vida diária.
O acesso ao subsolo se da pelas vias perpendiculares à avenida principal. Essa solução visa
não prejudicar o tráfego e ao mesmo tempo, não causar transtornos e atrasos aos usuários do
Office Park.
A opção de utilizar o subsolo para estacionamento foi escolhida a fim de minimizar a visão
dos automóveis, já que a proposta inicial é fazer um ambiente de trabalho que parecesse estar
dentro de um parque, inserindo o meio ambiente no cotidiano das pessoas. Além disso, ao se
eliminar os automóveis do interior do conjunto, reduz-se significativamente os índices de
poluição sonora e do ar gerada por eles. Os edifícios possuem acesso direto ao
estacionamento através da circulação vertical, escadas e elevadores.
3.2 Edifício Centro Comercial
O Centro Comercial foi implantado em contato direto com a rua, promovendo proximidade
com os transeuntes e contato visual com os passantes em automóveis, Figura 6. Ele possuirá
atividades como lojas, caixas eletrônicos, bares, cafés, livraria, ou seja, atividades voltadas
para o comércio. Possui um pavimento térreo e um terraço coberto, onde podem acontecer
atividades diversas, tipo, bares, praças cobertas, playground, área de exposições e eventos ou
festas, feiras, etc.
Figura 6 – Fachada para a Avenida Principal. No térreo, vitrines das lojas, no terraço coberto,
os bares e/ou restaurantes.
É composto por uma cobertura metálica fragmentada, em forma de ondas, sob a qual se
organizam os módulos destinados às atividades comerciais como pode ser observado na
Figura 6. Essa configuração proporciona flexibilidade, possibilitando a qualquer momento
mudança no layout, principalmente, sendo esses módulos feitos de painéis pré fabricados.
A cobertura é o elemento mais marcante dessa construção, e permite o total sombreamento
dos módulos comerciais devido aos seus amplos beirais. É sustentada por oito pilares
metálicos com estruturas espaciais metálicas que marcam fortemente a fachada do Centro
Comercial.
Sob a cobertura, desenvolvem-se dois blocos iguais, cada um com 14 lojas com 72 m2 de área
de piso além de possibilidade de um mezanino, já que possuem um pé direito de 6 m.
Figura 7 – Planta Baixa Térreo do Centro Comercial mostrando a disposição das lojas e
Planta Baixa Terraço.
Esse partido de tratar o edifício como dois blocos, aumentando as áreas de circulação e as
áreas livres, além de permitir a maior circulação do ar, e conseqüentemente, melhorar o
conforto térmico.
Na Figura 7, pode-se observar alguns jardins internos no meio das lojas. Eles foram criados
com a finalidade de receber as águas da chuva que são recolhidas pelas calhas na cobertura,
conforme a Figura 8. Isso contribui para trazer o verde para o interior do Centro Comercial,
em alguns pontos, para o interior de algumas lojas.
Figura 8 – Esquema mostrando a calha na cobertura com o direcionador da água e o jardim
interno que a recebe.
O terraço do Centro Comercial destina-se ao convívio, entretenimento e à alimentação. É
uma área de 1056 m2 em cada módulo, onde estão localizados bares e restaurantes,
configurando uma praça de alimentação, como mostra a Figura 7.
3.3 Edifício de Escritórios
No centro do terreno, (Figura 5), se localizam os edifícios com as salas comerciais para
escritórios e/ou consultórios, etc. Esses edifícios são compostos por dois pavilhões unidos por
passarelas. Entre os pavilhões, formou-se um pátio central com vegetação que serve como
uma área pública de convívio social e circulação.
Esse pátio central permite que haja vivência no interior do edifício e busca trazer a ambiência
externa para as áreas fechadas. Além disso, permitiu uma área de ventilação central,
proporcionando um melhor conforto térmico ao conjunto.
Esses edifícios possuem 4 pavimentos, sendo um térreo, em um nível um pouco acima do
terreno, e três pavimentos tipos destinados às salas comerciais.
Os demais pavimentos são todos iguais, compostos por 13 salas comerciais que possuem
banheiro privado e copa, somando 49 m2 cada unidade.
Na Figura 9, pode-se observar o térreo do edifício. Esse pavimento é destinado ao convívio
social e a pequenos serviços: banco 24 horas, café, telefone público, acesso à Internet, banca
de jornal, e pequenas lojas, como lanchonete, papelaria, etc., além de comportar todo o
serviço necessário ao bom funcionamento de uma edificação, atendimento, depósito de
materiais, central telefônica, de ar condicionado. Uma das salas, localizada estrategicamente
no centro seria destinada a essas funções.
Área Livres
para Convívio
Social
Figura 9 – Planta Baixa Pavimento Térreo.
O pátio central possuirá uma cobertura que possibilite a iluminação e ventilação natural. Essa
cobertura é mais alta que os blocos, favorecendo a ventilação cruzada e a saída do ar quente.
A parte central da cobertura será uma espécie de veneziana horizontal que possibilita a
iluminação natural, sem deixa incidir a radiação solar diretamente no interior do espaço, o que
resultaria no aquecimento do ar. Sob essa veneziana há uma lâmina de policarbonato
translúcido, que deixa passar a luminosidade enquanto protege da chuva.
Figura 10 – Corte mostrando o pátio centra, os desníveis da cobertura e a ventilação.
Figura 11 – Fachada do edifício de escritórios.
Foram utilizados brises para impedir a incidência da radiação solar no interior das salas, e
com isso, possibilitou-se a utilização de amplas janelas para a melhor captação de luz natural
e das visuais para o exterior, conforme pode ser visto Figura 10. Essas janelas não serão de
caixilharia fixa, permitindo a abertura das esquadrias nos primeiros horários da manhã, onde a
temperatura é mais amena, possibilitando a entrada de ventilação natural, dessa forma,
contribuindo para a economia de energia com ar condicionado.
A utilização de vegetação alta perto desses edifícios também foi estratégica, já que as árvores
servem como uma barreira à radiação solar das primeira horas da manhã e do final da tarde,
quando os raios solares são mais horizontais.
Os desníveis entre as coberturas possibilitam o efeito chaminé na região do pátio central,
resultando na exaustão do ar quente que tende a subir e sai pelos vãos entre as coberturas.
Isso pode ser observado nas Figuras 10, 11 e 12.
Figura 12 – Vista da interligação de dois prédios de escritórios pelas passarelas.
Os edifícios serão interligados em dois de seus andares não respectivos por passarelas,
permitindo circulação horizontal entre os prédios no 1º e 3º andares além do térreo, criando
um acesso facilitado de um edifício para o outro, como ilustra a Figura 12.
As passarelas são de estrutura metálica, assim como os edifícios, e os fechamentos são de
vidro. Dessa forma, enquanto o usuário faz o percurso de um edifício ao outro, protegido do
vento ou chuva, pode apreciar a vista do complexo e a paisagem do entorno.
Os edifícios foram concebidos em estrutura metálica, laje steal deck e utilizam como vedação
painéis pré-fabricados, podendo ser usados como vedação externa os painéis de GRFC ou
concreto e interna de gesso acartonado. Ainda pensando na flexibilidade, todas as salas
contam com pisos elevados por onde passará o cabeamento.
Dessa forma, e estrutura da edificação será leve, influenciando diretamente sobre a fundação,
além de permitir flexibilidade, já que a utilização dos painéis permite que sua retirada seja
feita a qualquer momento, possibilitando facilmente mudanças no layout. Além disso, essas
alternativas permitem que se tenha uma construção mais limpa, rápida, com menor
desperdício e gasto de energia, o que é desejável em um edifício com preocupações
ecológicas.
3.4 O Edifício Multifuncional
O edifício multifuncional está localizado no fundo do terreno, mais em contato com o interior
do bairro, segundo a Figura 5.
Pretende-se que esse edifício ofereça atividades de: recepção e atendimento aos usuários,
restaurante, academia de ginástica, salas para atividades de ensino, cursos de idiomas e
informática, etc, salas disponíveis para escritórios de grande porte, salas para reuniões,
atividades para funcionamento e manutenção do edifício.
O edifício é composto por dois blocos ligados por passarelas. No centro, há uma praça central
para convívio e circulação, além de promover melhor qualidade ambiental ao ambiente,
marcada pela circulação mais eficiente do ar, incidência de iluminação natural e presença de
vegetação.
Não foram feitas divisões de salas. A área de piso de 720 m2 foi deixada livre para ocupação.
Dessa forma um pavimento pode ser ocupado por uma única empresa ou escola, ou ainda há a
possibilidade de divisão em unidades menores. As únicas áreas realmente fixas, são a caixa
de escadas e elevadores no pavilhão direito, e o banheiro público masculino e feminino no
pavilhão esquerdo (Figura 13).
Assim como nos demais edifícios do Complexo, será utilizada estrutura metálica e painéis
pré-fabricados, além de dispositivos de proteção solar e ventilação cruzada, de forma a
oferecer uma situação de conforto climático agradável.
Esse edifício possui 6 pavimentos. O primeiro é destinado à lojas e possuem pé direito
elevado, 5,50 m, com mezanino. Do 2º ao 5º pavimento, são andares com um pé direito 3,10
m. O 6º pavimento foi destinado para a instalação de uma academia de ginástica. É um andar
com um pé direito generoso, 6,10 m, possibilitando o uso de mezanino, criando várias áreas
para a distribuição dos equipamentos de ginástica e ambientes necessários para o bom
funcionamento desse estabelecimento.
Nesse prédio sugeriu-se o uso do terraço pela academia, como piscina para prática de
atividades aquáticas que não necessitem de muita profundidade, como hidroginástica, área
para atividades livres.
Figura 13 – Planta Baixa Edifício Multifuncional. Assim como os demais, são dois blocos
construídos ligados por passarelas. Nesse edifício, os andares foram tratados como plantas
livres, podendo ser dividido da forma que convier ao usuário.
Há uma grande cobertura que cobre a área central do edifício, que funciona de maneira
semelhante à cobertura do edifício de escritórios: uma veneziana horizontal que deixa passar a
luz natural, mas não permita a passagem direta da radiação solar e sob ela, uma placa de
policarbonato, que não impede a entrada da luz, porém, não permite a entrada de chuva.
Figura 14 – Fachada do Edifício Multifuncional. O tratamento dessa fachada utiliza brises
verticais para proteção das aberturas.
Ainda em relação à proteção solar, pode-se observar na Figura 14 utilização de brises
metálicos fixos verticais formando uma espécie de tela com desenho diferenciado, fazendo
um contraponto com o volume ortogonal do prédio e ao mesmo tempo, uma referência às
formas curvas dos brises e da cobertura.
Aqui também se valoriza a ventilação cruzada, o efeito chaminé, que promove a exaustão do
ar quente e a proteção dos raios solares do começo e fim do dia (radiação mais horizontal)
utilizando a vegetação.
4 Conclusão
O Município da Serra encontra-se em pleno crescimento. Concentra boa parte da das
indústrias do estado. As atividades de comércio e serviços regionais vêm ampliando o seu
papel na economia municipal nos últimos anos, especialmente em atividades voltadas ao
comércio exterior, saúde e educação superior. Não seria um local estratégico para se estar
implantando essa proposta, visando um desenvolvimento futuro, mas certo?
Ao se unir diversas atividades em só espaço, integrando e complementando usos e funções,
trabalhou-se um conceito diferente de espaço de trabalho. Um espaço destinado ao trabalho,
mas que una atividades de consumo, atividades de relaxamento, de lazer, entretenimento e,
principalmente, buscando sempre incentivar a vivência do espaço e o convívio social.
O município hoje tem deficiência em termos de oferta de espaços públicos destinados ao
lazer, a pratica de esportes e à convivência social. O ambiente urbano não é adequadamente
preparado para o acolhimento humano. Falta a humanização da cidade. São insuficientes as
áreas de praças, parques e jardins. A arborização urbana é inadequada, deficiente e não
planejada, sendo as áreas verdes pouco expressivas frente ao tamanho da população, que
cresceu aceleradamente nas três últimas décadas.
Por que não os espaços privados estarem oferecendo estes ambientes tão necessários à vida
urbana? Por que não eles estarem ajudando a melhor qualidade de vida da cidade e de seus
cidadãos?
Essa é a proposta do Serra Office Park. Não só fornecer um espaço de trabalho confortável e
preocupado com fatores ambientais, mas fornecer um espaço agradável e confortável para a
cidade e seus habitantes.
O “parque” onde o condomínio comercial está inserido é público, não possui grades ou portas,
permite a livre passagem, a utilização total do espaço.
Buscou-se técnicas de projeto arquitetônico que proporcionassem o uso mais racional de
recursos naturais na edificação, de modo que o edifício se adapte ao perfil de usuário, às
inovações tecnológicas e condições climáticas. Para isso, integrou-se os elementos naturais,
como o vento, o sol e a vegetação com o projeto de arquitetura, de forma a utilizar
dispositivos econômicos e eficientes para reduzir o consumo energia e proporcionar uma
climatização agradável ao edifício, sempre aliando essas preocupações aos aspectos formais e
estéticos.
O Serra Office Park buscou manipular elementos naturais e artificiais de uma forma ética,
saudável e confortável, capaz de estabelecer uma relação de equilíbrio entre edifício/entorno,
edifício/usuário e usuário/entorno.
Esse trabalho buscou exercitar conceitos de
sustentabilidade relacionada à construção civil, mais especificamente aos edifícios de uso
comercial, estudou referências de arquitetura adaptada ao meio onde está inserida, novas
tecnologias e exemplos que pudessem auxiliar na importante tarefa de projetar um espaço
capaz de promover conforto ao usuário e de respeitar o meio ambiente.
Acredita-se que foram oferecidas informações suficientes, importantes e necessárias para
resolver os velhos problemas de conforto do usuário e adaptação aos elementos naturais, de
forma a possibilitar a criação de uma arquitetura mais apropriada ao meio e função a qual ela
se destina.
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