O Planejamento na Geografia Brasileira: da Centralidade Estatal à Geografia Crítica Antonio Marcos Roseira1, Elisa Pinheiro de Freitas2 1) Universidade de São Paulo (Brasil) [email protected] 2) Universidade de São Paulo (Brasil) [email protected] Resumo A relação entre Planejamento e Geografia no Brasil remonta a expansão dos estudos científicos da disciplina, com a criação por Dom Pedro II, em 1838, do Instituto Histórico e Geográfico do Brasil (IHGB). O IHGB visava o conhecimento sobre o território para orientar as políticas do Império e oferecer, em âmbito internacional, informações sobre o Brasil. Divisão territorial, rede de transportes, povoamento, etc., foram debatidos pelo órgão. Com a República e os primórdios da industrialização, destaca-se uma demanda por estudos mais aprofundados sobre a realidade geográfica nacional, resultando na criação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 1938. Os princípios que orientaram a criação desses órgãos influenciaram o desenvolvimento da Geografia nas universidades brasileiras. IHGB e IBGE foram instituídos em períodos de poder estatal altamente centralizado. A característica da Geografia praticada por esses órgãos ganharão contornos radicais com o método teorético-quantitativo durante o regime militar (1964-1985). Esse método privilegiou a visão quantitativa de estudos sobre o território. Isso se tornou capital para um Estado autoritário que privilegiava uma visão de planejamento pretensamente científica, neutra e voltada ao "projeto nacional". Porém, as persistências das desigualdades territoriais contribuíram para a renovação da Geografia Humana. A partir dos anos 1970, o marxismo transformou os estudos sobre planejamento na disciplina, dando primazia a análise da relação entre capital e território. Tendo por base ampla pesquisa documental e bibliográfica, esta comunicação pretende discutir como e porque a concepção de planejamento na Geografia brasileira tornou-se difusa e carente de grandes sistematizações. A despeito da clara e imprescindível contribuição crítica e analítica, esse processo tem ampliado o distanciamento dos geógrafos do planejamento oficial exercido após a redemocratização do Brasil. Palavras-chave: Planejamento Territorial – Geografia Brasileira – Geografia Critica.