Thais Leme de Rezende Orientador

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Faculdade de Tecnologia de Sorocaba “José Crespo Gonzales”
Curso de Tecnologia em Sistemas Biomédicos
Aluna: Thais Leme de Rezende
Orientadora: Silvia Pierre Irazusta
AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DO AR INTERIOR NO AMBIENTE
OCUPACIONAL NUM SERVIÇO DE IMAGENS: RADIAÇÃO RESIDUAL –
RELATÓRIO FINAL
SOROCABA
2º Semestre/2016
1
LISTA DE FIGURAS
Inflorescência jovem e materiais para a realização da leitura de
micronúcleos.
8
Fluxograma do processo de preparação da lâmina para análise em
MOC.
8
Figura 3
Lâmina de leitura com células de Tradescantia pallida.
9
Figura 4
Placas de Petri contendo fungos coletados por sedimentação
simples. A- Radiografia (exame); B- Mamografia; C- Radiografia
(disparo).
9
Figura 5
Materiais para confecção das lâminas de micro cultivo.
10
Figura 6
Lâmina de micro cultivo contendo corante Azul de Algodão e
vedadas com esmalte branco para posterior leitura.
11
Condições macroscópicas das plantas antes da exposição, sendo A
(mamografia), B (radiografia exame) e C (radiografia disparo).
13
Condições macroscópicas das plantas após exposição na sala de
mamografia.
13
Condições macroscópicas das plantas após exposição na sala de
disparo da radiografia.
14
Condições macroscópicas das plantas após exposição na sala de
exames da radiografia.
14
Placa de Petri contendo fungos coletados na sala de Raio X, na ala
de exame.
16
Estrutura microscópica do fungo “A” coletado na sala de Raio X –
ala exame.
17
Estrutura microscópica do fungo “B” coletado na sala de Raio X –
ala exame.
17
Desenho esquemático da estrutura característica do fungo
Penicillium.
18
Ampliação das estruturas observadas nas lâminas dos fungos “A” e
“B”.
18
Figura 1
Figura 2
Figura 7
Figura 8
Figura 9
Figura 10
Figura 11
Figura 12
Figura 13
Figura 14
Figura 15
2
Placa de Petri contendo fungo coletados na sala de Raio X, na ala
disparo.
19
Estrutura microscópica do fungo “C” coletado na sala de Raio X –
ala exame.
19
Figura 18
Placa de Petri contendo fungos coletados na sala de Mamografia.
20
Figura 19
Estrutura microscópica do fungo “D” coletado na sala de Raio X –
ala exame.
21
Figura 16
Figura 17
3
LISTA DE TABELAS
Tabela 1
Soma dos micronúcleos.
9
Tabela 2
Características macroscópicas dos fungos coletados na sala de Raio
X - ala exame.
16
Características macroscópicas dos fungos coletados na sala de Raio
X - ala disparo.
19
Características macroscópicas dos fungos coletados na sala de
Mamografia.
20
Tabela 3
Tabela 4
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1
Percentual de respostas da questão 1
22
Gráfico 2
Percentual de respostas da questão 2
22
Gráfico 3
Percentual de respostas da questão 3
23
Gráfico 4
Percentual de respostas da questão 4
23
Gráfico 5
Percentual de respostas da questão 5
24
Gráfico 6
Percentual de respostas da questão 6
24
Gráfico 7
Percentual de respostas da questão 7
25
Gráfico 8
Percentual de respostas da questão 8
25
4
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO.............................................................................................................5
2. OBJETIVOS..................................................................................................................6
2.1 Objetivo geral............................................................................................................6
2.2 Objetivos específicos.................................................................................................6
3. MATERIAIS E METODO...........................................................................................6
3.1 Material.....................................................................................................................6
3.2 Método......................................................................................................................7
3.2.1 Sítios de amostragem.....................................................................................7
3.2.2 Descrição da técnica Tradescantia pallida.....................................................7
3.2.3 Preparo de soluções.......................................................................................8
3.2.4 Confecção das lâminas..................................................................................8
3.2.5 Leitura das lâminas......................................................................................10
3.2.6 Confecção do Micro cultivo........................................................................11
3.2.7 Análise das lâminas de Micro cultivo..........................................................12
3.2.8 Questionário................................................................................................12
4. RESULTADOS PARCIAIS.......................................................................................13
4.1 Avaliação macroscópica do impacto causado pelas emissões de radiação residual
nas salas de radiologia e mamografia do Hospital Evangélico de Sorocaba no
bioindicador Tradescantia pallida............................................................................13
4.2 Análise macroscópica das inflorescências colhidas dos vasos expostos..................15
4.3 Identificação dos fungos coletados no setor de imagens do Hospital Evangélico....16
4.3.1 Sala de Raio X – Exame..............................................................................16
4.3.2 Sala de Raio X – Disparo.............................................................................19
4.3.3 Sala de Mamografia.....................................................................................21
4.4 Resultados obtidos do questionário.........................................................................23
5. CONCLUSÃO.............................................................................................................28
REFERENCIAS................................................................................................................29
5
1. INTRODUÇÃO
Entende-se por ar de interiores aquele de áreas não industriais, como habitações,
escritórios, escolas e hospitais (WANG; ANG; TADE, 2007) (de SCHIRMER et. al., 2010 apud
OLIVEIRA, 2014). O estudo de sua qualidade é importante para garantir saúde aos ocupantes
dos diferentes edifícios, bem como o ótimo desempenho de suas atividades.
A natureza evidente da poluição do ar externo, nos aspectos visuais e sensoriais, pode
ser contrastada com a característica um tanto quanto invisível da poluição nos ambientes
internos. Este pode ser um fator que influencia o julgamento das pessoas quando à qualidade
do ar nos ambientes internos e os seus efeitos a saúde (ELLER, 2008).
A poluição do ar não é restrita a poluentes visíveis, na atmosfera urbana, mas também a
concentração de poluentes do ar em ambientes ocupacionais que pode ser mil vezes superior à
de áreas abertas, devido à localização de fontes potenciais de emissão internas bem como pela
ausência de sistemas de ventilação adequados, que diluam ou dispersem os poluentes
(OLIVEIRA 2014; PICELI, 2005).
Para avaliar a prevenir a presença de genotóxicos no ambiente é necessário utilizar
indicadores sensíveis que permitam detectar a ação destes compostos. O teste dos micronúcleos
com Tradescantia spp. (Trad-MCN) que é considerado um dos mais sensíveis e eficientes para
detecção de agentes genotóxicos no ar (MA, 1981, 1983; ENNEVER et. al., 1988;
RODRIGUES et. al., 1997; SALDIVA et. al., 2002; MISÍK et. al., 2007; JUNIOR at. al., 2008).
Micronúcleos são estruturas resultantes de cromossomos inteiros ou de fragmentos
cromossômicos que se perdem na divisão celular e, por isso, não são incluídos no núcleo das
células filhas, permanecendo no citoplasma das células interfásicas (HEDDLE et al., 1983).
Refletem, portanto, a ocorrência tanto de danos estruturais quanto de aneuploidia permitindo,
consequentemente, detectar a ação de agentes clastogênicos e aneugênicos (EVANS, 1997).
Este trabalho se propôs a avaliar os impactos das radiações residuais no Hospital Evangélico
de Sorocaba, por meio deste bioensaio e compará-los aos controles positivos e negativos obtidos
no laboratório de Ecotoxicologia da Faculdade de Tecnologia de Sorocaba.
6
2. OBJETIVOS
2.1 Objetivo geral
Este trabalho tem por objetivo estudar os impactos potenciais de emissões residuais das
radiações ionizantes no serviço de imagens do Hospital Evangélico de Sorocaba.
2.2 Objetivos específicos

Avaliar os efeitos potencialmente tóxicos das emissões geradas no ambiente
ocupacional pelo ensaio de micronúcleos na Tradescantia pallida.

Avaliação conjunta dos parâmetros analisados a fim de inferir sobre seus possíveis
impactos sobre os trabalhadores expostos.
3. MATERIAIS E METODO
3.1 Materiais










Bécker
Água destilada
Vasos de Tradescantia pallida
Húmus
Vermiculita
Terra vegetal composta
Lâminas
Lamínulas
Microscópio Óptico Comum
Trifluralina

Corante Carmin

Fixador Carnoy
7
3.2 Método
3.2.1 Sítios de amostragem
A realização do presente trabalho se deu pela exposição dos vasos de Tradescantia
pallida no Hospital Evangélico da cidade de Sorocaba, localizado no bairro Vila Jardini. As
plantas foram distribuídas nas salas de radiografia e mamografia.
3.2.2 Descrição da técnica Tradescantia pallida
Em um vaso de plástico (com dimensões: 22 cm de diâmetro e 17 cm de altura),
misturou-se de forma homogênea os seguintes componentes: 2 partes de terra vegetal + 1 parte
de substrato (Plantas) + 1 parte de vermiculita fina + 1 parte de húmus de minhoca. Cada vaso
recebeu 3 talos de T. pallida.
Aproximadamente 30 vasos foram mantidos e cuidados dentro da Faculdade de
Tecnologia de Sorocaba para que os controles positivos (expostos a trifluralina) e negativos
(expostos a água destilada) fossem realizados.
No hospital, a sala de radiografia recebeu quatro vasos da planta em dois diferentes
compartimentos: dois na sala de comando e dois na sala de exames, ambos posicionados no
chão. Na sala de mamografia, porém, os vasos foram colocados sobre um armário alto.
Os bioindicadores receberam cuidados semanais para que se mantivessem em bom
estado até o momento determinado de sua retirada do campo de estudo. Os vasos foram levados
ao hospital no dia 20 de julho e retirados no dia 31 de agosto, somando-se assim, um mês e
onze dias.
8
3.2.3 Preparo de soluções
Solução etanol-acético: (Carnoy)
Proporção de 3:1 de álcool etílico absoluto e ácido acético 45%. Para 1 litro de
solução: 750 mL de álcool etílico absoluto + 250 mL ácido acético 45%.
Solução corante: Carmin acético
Proporção de 2g de Carmin + 100 mL de ácido acético 45%.
O Bioensaio da Tradescantia pallida foi realizado segundo MA et al., (1981). Foram
utilizadas hastes de inflorescências jovens (10 unidades por tratamento), no formato de
“barquinha”, sem flor, retiradas dos vasos expostos à radiação ionizante. Como controle
utilizou-se água destilada (controle negativo) e trifluralina (controle positivo). Após a
exposição as inflorescências foram fixadas em etanol-acético (3:1).
3.2.4 Confecção das lâminas
Inicialmente, com o auxílio de uma pinça histológica e de uma agulha fina, foi realizado
o procedimento de dissecação da inflorescência, tendo como meta a retirada do botão que
apresentasse células-mãe de grãos de pólen em estágio de tétrades, conforme e mostrado na
Figura 1.
9
Figura 1 – Inflorescência jovem e materiais para a realização da leitura de micronúcleos
Fonte: Próprio autor, 2016.
A escolha do estágio de tétrade para pesquisa de micronúcleo se dá pelo fato de que
neste estágio a célula encontra-se em interfase (período que precede qualquer divisão celular),
o que facilita a visualização do núcleo e do possível MCN existente. Outra vantagem deste
estágio celular é o tempo de duração (36-48 h), facilitando os procedimentos de analises. As
inflorescências jovens são as mais indicadas para a análise, por apresentar células em estágio
de tétrade em botões de estágio intermediário.
O botão escolhido recebeu duas gotas de Carmim acético 2%, foi dissecado e
posteriormente macerado. Todos os debrís (fragmentos celulares resultantes da maceração do
botão) foram retirados antes que a lamínula fosse colocada (BATALHA et al., 1999),
conforme a Figura 2.
Figura 2 – Fluxograma do processo de preparação da lâmina para análise em MOC
Fonte: Próprio autor, 2016.
10
3.2.5 Leitura das lâminas
As lâminas são analisadas em microscopia óptica com objetiva de 400X. Por lâmina,
conta-se um total de 300 tétrades e a ocorrência de micronúcleo por tétrade. Para cada grupo
experimental, são feitas em média de 5 lâminas, e leitura de 300 tétrades de cada uma das
lâminas.
Abaixo encontra-se a imagem de uma observação microscópica em aumento de 10X. A
lâmina analisada não apresentou o estágio desejado de tétrade, porém, exemplifica a coloração
característica e a disposição ideal das células para uma boa visualização em microscopia óptica.
Figura 3 – Lâmina de leitura com células de Tradescantia pallida
Fonte: Próprio autor, 2016.
A frequência de MCN é calculada dividindo-se o número total de MCN pelo número
total de tétrades contadas.
O valor é dado em no de MCN /300 tétrades. A média e desvio padrão são calculados
para cada grupo e a análise de variância é feita pelo teste de DUNNETT. A enumeração é feita
conforme a Tabela 1, abaixo.
Tabela 1 – Soma dos micronúcleos
Fonte: Oliveira, 2012.
11
3.2.6 Confecção do Micro cultivo
Três placas de Petri contendo Ágar Sabouraud esterilizadas foram levadas as salas de
radiografia e mamografia e deixadas abertas e expostas ao ar interior por 15 minutos, para que
houvesse uma sedimentação espontânea de fungos e leveduras presentes no ambiente. Tais
placas foram incubadas por um período de uma semana em temperatura de 25º. O crescimento
fúngico ocorreu na segunda semana de incubação, como mostra a Figura 4 a seguir. Segue
radiografia exame, mamografia e radiografia disparo, respectivamente.
Figura 4 – Placas de Petri contendo fungos coletados por sedimentação simples. A- Radiografia
(exame); B- Mamografia; C- Radiografia (disparo)
Fonte: Próprio autor, 2016.
Após o crescimento, lâminas de micro cultivo foram preparadas para posterior leitura.
Assim como nas placas de Petri, o tempo mínimo necessário para o crescimento fúngico é de
uma semana. Encontra-se na Figura 5 abaixo uma ilustração dos passos executados para
confecção das lâminas.
Figura 5 – Materiais para confecção das lâminas de micro cultivo
Fonte: Próprio autor, 2016.
12
3.2.7 Análise das lâminas de Micro cultivo
As lâminas (Figura 6) foram analisadas em aumento de 400x em microscópio óptico
comum (MOC), cujo principal objetivo era a caracterização dos fungos anteriormente coletados
e cultivados. A presença de diferentes estruturas fúngicas tornou possível a identificação das
espécies separadamente.
Figura 6 – Lâmina de micro cultivo contendo corante Azul de Algodão e vedadas com esmalte branco
para posterior leitura.
Fonte: Próprio autor, 2016.
Após a confecção das lâminas, o material nelas contido não permanece em estado
adequado para leitura por muito tempo, uma vez que, com o tempo, o corante se seca e a
visualização das estruturas fica prejudicada. A utilização do esmalte ao redor das lamínulas foi
uma estratégia utilizada para substituir o Bálsamo do Canadá, que se encontrava em falta. A
barreira criada pelo esmalte permitiu que o material se mantivesse adequado para visualização
por mais tempo.
3.2.8 Questionário
Formulou-se um questionário contendo um total de 8 questões, para que o mesmo fosse
aplicado aos 10 funcionários atuantes no setor de imagens do hospital em estudo. As questões
elaboradas seguem abaixo.
13

Você conhece as normas de radioproteção da CNEN?

A instituição em que trabalha oferece suporte para que os serviços de radioproteção, de
acordo com a norma específica da CNEN, sejam efetivos?

Você executa as suas atividades em conformidade com os requisitos e exigências dos
regulamentos de radioproteção estabelecidos pela direção do hospital?

Você recebeu treinamento da instituição em que trabalha?

A instituição em que você trabalha oferece EPIs?

Você utiliza os EPIs?

Você utiliza dosímetro?

Você é informado dos laudos quando retornam das inspeções?
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 Avaliação macroscópica do impacto causado pelas emissões de radiação
residual nas salas de radiologia e mamografia do Hospital Evangélico de
Sorocaba no bioindicador Tradescantia pallida
O presente estudo, envolvendo a Tradescantia pallida como organismo bioindicador foi
realizado no laboratório de Ecotoxicologia do NEPA-FATEC-Sorocaba, incluindo estudo para
avaliação da qualidade do ar no ambiente ocupacional. A possibilidade de exposição
ocupacional a níveis residuais de radiação por parte de profissionais que atuam em serviços de
imagens tem sido relatada em diversos estudos (FERNANDES et al., 2005; CARVALHO,
2005) e é notória a necessidade de se realizar o monitoramento do ar num ambiente ocupacional
onde se identifica o risco, ainda que as normas e diretrizes relativas a radioproteção (CNENNN-3.01) sejam rigorosamente obedecidas.
A utilização da Tradescantia pallida como organismo bioindicador se justifica pelo fato
dos testes do micronúcleo serem efetivos na detecção de danos cromossômicos, pela
simplicidade e conhecimento da técnica, bem como, seu baixo custo (MACHADO, 2013). Ma
et al., (1994) destaca que a sua utilização é de longa data e altamente confiável para avaliar
genotoxicidade de diferentes agentes.
14
Com a realização da segunda etapa deste trabalho, que consistiu na exposição de novos
vasos nos sítios de amostragem descritos anteriormente na metodologia, constatou-se eu a
diferença entre a primeira coleta de dados com a segunda, quase não é notável. Como na
primeira etapa, os vasos a serem expostos apresentavam ótimas (antes da exposição) condições
físicas (macroscópicas), no que diz respeito a tamanho, cor e vitalidade, como representa a
Figura 7 a seguir.
Figura 7 – Condições macroscópicas das plantas antes da exposição, sendo A (mamografia), B
(radiografia exame), C (radiografia disparo)
Fonte: Próprio autor, 2016.
Após os trinte de nove dias de exposição, as alterações macroscópicas eram bem
visíveis, principalmente com relação a morfologia das folhas e coloração das mesmas. Com a
Figuras tal, tal e tal percebe-se que a cor característica do bioindicador foi levemente alterada,
algumas murcharam e ouras caíram dos galhos.
Figura 8 – Condições macroscópicas das plantas após exposição na sala de mamografia
Fonte: Próprio autor, 2016.
15
Figura 9 – Condições macroscópicas das plantas após exposição na sala de disparo da radiografia
Fonte: Próprio autor, 2016.
Figura 10 – Condições macroscópicas das plantas após exposição na sala de exames da radiografia
Fonte: Próprio autor, 2016.
A explicação que rege esse acontecimento, ou seja, a leve alteração na coloração da
Tradescantia pallida, é a ausência de luz solar, que acaba alterando sua forte pigmentação.
4.2 Análise microscópica das inflorescências colhidas dos vasos expostos
Tratando-se das análises microscópicas, verificou-se que, a nível celular, não ocorreram
mutações gênicas. Diferente da primeira etapa deste trabalho, onde não houve o crescimento de
inflorescências nos vasos expostos, nesta etapa, esse crescimento ocorreu, porém, ao serem
submetidas a maceração e análise em microscópio óptico comum, não apresentaram
micronúcleos.
16
Levando em consideração que no Hospital Evangélico a média de exames realizados
gira em torno de 15 pacientes diários, com 3 incidências para cada um, tanto em radiografia
quanto em mamografia, a quantidade de radiação residual pode não ter sido suficiente para
estimular uma mutação a nível molecular. Se comparados tais resultados aos obtidos por
Oliveira, em 2012, há uma gritante diferença no nível de radiação captada pelo bioindicador.
No entanto, o hospital analisado pelo autor, o Conjunto Hospitalar de Sorocaba (CHS),
realizava uma média de exames superior ao Hospital Evangélico. O fato do CHS ser um hospital
de rede pública contribui com o maior índice de exames realizados e, consequentemente, com
a maior incidência de radiação residual sobre paciente, profissionais e, neste caso, sobre o
bioindicador.
Ao decorrer desta pesquisa, verificou-se um acontecimento comum a etapa anterior, que
foram os controles positivos que não eram negativos quando submetidos a microscopia. Ou
seja, quando analisados em MOC, as inflorescências tratadas com Formol em concentração 2%
não apresentaram a mutação cromossômica esperada; a presença dos micronúcleos não foi
observada em nenhuma das análises.
4.3 Identificação dos fungos coletados no setor de imagens do Hospital Evangélico
As amostras coletas do ar por sedimentação simples do setor de imagens do Hospital
Evangélico foram identificadas através de analises macro e microscópicas e foram encontrados
esporos de fungos do gênero Penicillium na sala de exames do Raio X, sendo que nas demais
salas, a identificação dos fungos coletados não ocorreu, devido a limitação da técnica.
4.3.1 Sala de Raio X – Exame
Resultados macroscópicos
A Figura 11 mostra o perfil macroscópico das colônias de fungos coletados por
sedimentação simples, sendo que a descrição macroscópica destes se encontra detalhada na
17
Tabela 2. Além da caracterização macroscópica dos fungos coletados, analisou-se a
estruturação microscópica dos organismos, focando-se na identificação de gênero e espécie de
cada um isoladamente.
Figura 11 – Placa de Petri contendo fungos coletados na sala de Raio X - ala exame
Fonte: Próprio autor, 2016.
Tabela 2 – Características macroscópicas dos fungos coletados na sala de Raio X - ala exame
Característica
Fungo A
Fungo B
Tamanho
10 cm
2 cm
Borda
Irregular
Franja
Textura
Pulverulenta
Algodonosa
Relevo
-
-
Pigmentação
Verde
Branco
Fonte: Próprio autor, 2016.
Resultados microscópicos
Foi utilizado para identificação dos esporos dos fungos anemófilos, a chave sistemática
da American Academy of Allergy Asthma & Immunology (AAAAI, 1997). A partir das imagens
obtidas (Figura 12), foi possível fazer esta verificação e posteriormente a identificação dos
fungos.
18
Figura 12 – Estrutura microscópica do fungo “A” coletado na sala de Raio X – ala exame
Fonte: Próprio autor, 2016.
Figura 13 – Estrutura microscópica do fungo “B” coletado na sala de Raio X – ala exame
Fonte: Próprio autor, 2016.
Ambos os fungos “A” e “B”, presentes na sala de radiografia (ala exame) apresentaram
uma estrutura característica do gênero Penicillium, composta por 3 elementos principais:
fiálides, conidias e métula, como exemplificado na Figura 14. As estruturas marcadas pelos
círculos vermelhos foram ampliadas para melhor visualização (Figura 15).
19
Figura 14 – Desenho esquemático da estrutura característica do fungo Penicillium
Fonte: Próprio autor, 2016.
Figura 15 – Ampliação das estruturas observadas nas lâminas dos fungos “A” e “B”
Fonte: Próprio autor, 2016.
Desta forma, de acordo com a realização das análises macro e microscópica dos fungos
“A” e “B” presentes na ala de exames da sala de radiografia – ala exame, identificou-se os
fungos do gênero Penicillium sp.
4.3.2 Sala de Raio X – Disparo
Resultados macroscópicos
Como dito anteriormente, para a caracterização dos fungos, utilizou-se a chave
sistemática da American Academy of Allergy Asthma & Immunology (AAAAI, 1997). A Figura
20
16 mostra a característica macroscópica do Fundo “C”; essas são descritas da forma aceitável
na Tabela 3.
Figura 16 – Placa de Petri contendo fungo coletados na sala de Raio X - ala disparo
Fonte: Próprio autor, 2016.
Tabela 3 – Características macroscópicas dos fungos coletados na sala de Raio X - ala disparo
Características
Fungo C
Tamanho
7 cm
Borda
Lisa
Textura
Aveludada
Relevo
Apicular
Pigmentação
Verde musgo
Fonte: Próprio autor, 2016.
Resultados microscópicos
A Figura 17 mostra as características microscópicas do fungo “C”.
Figura 17 – Estrutura microscópica do fungo “C” coletado na sala de Raio X – ala disparo
Fonte: Próprio autor, 2016.
21
Não foi possível realizar a identificação do fungo “C” devido a limitação da técnica
utilizada para tal.
4.3.3 Sala de Mamografia
Resultados macroscópicos
A Figura 18 mostra as caraterísticas macroscópicas do fungo coletado por sedimentação
simples na sala de mamografia.
Figura 18 – Placa de Petri contendo fungos coletados na sala de Mamografia
Fonte: Próprio autor, 2016.
Tabela 4 – Características macroscópicas dos fungos coletados na sala de Mamografia
Características
Fungo D
Tamanho
7 cm
Borda
Franja
Textura
Algodonosa
Relevo
-
Pigmentação
Marrom
Fonte: Próprio autor, 2016.
22
Resultados macroscópicos
A Figura 19 mostra as características microscópicas do fungo “D”.
Figura 19 – Estrutura microscópica do fungo “D” coletado na sala de Raio X – ala exame
Fonte: Próprio autor, 2016.
O fungo “D”, analisado da coleta da sala de mamografia também não pode ser identificado.
Os fungos que possuem dispersão aérea são denominados anemófilos, possuindo a
capacidade de colonizar diferentes substratos e habitats de forma singular e muito eficiente. Em
função disso, não existem ambientes livres da presença fúngica, pois estes se propagam em
locais habitados, além de poderem sobreviver a grandes variações de temperatura, baixa taxa
de umidade, em grandes variações de pH e em baixas concentrações de oxigênio, sendo comum
a exposição a propágulos fúngicos e seus metabólitos, principalmente em ambientes internos
como escritórios, escolas, hospitais e residências (LOBATO et al., 2009).
Por meio de coleta de ar por sedimentação simples dos locais de exposição das plantas,
e análises macro e microscópicas das mesmas, foram encontrados esporos de fungos dos
gêneros Penicillium.
Levando em consideração o potencial patogênico do gênero, a presença desses
organismos no ambiente avaliado representa um dado preocupante para os pacientes e
funcionários que frequentam o setor de imagens do CHS. A inalação de conídios de Penicillium
spp. e Aspergillus spp. pode gerar patologias como peniciliose e aspergilose, respectivamente,
sendo ambas caracterizadas por um quadro pulmonar, que pode se espalhar pelos vasos
sanguíneos vizinhos, disseminando-se pelo liquido cefalorraquidiano (LCR), rins e endocárdio,
caracterizando uma forma geralmente fatal, principalmente em indivíduos imunodeprimidos,
como é o caso de muitos pacientes que realizam exames nesse setor (KERNE e BLEVINS,
1999).
23
4.4 Resultados obtidos a partir do questionário
A resolução CNEN 27:2004, de 06/01/2005, estabelece as “Diretrizes Básicas de
Proteção Radiológica”, as quais devem ser rigorosamente obedecidas pelos serviços de imagem
radiológica. Tendo em vista o pleno conhecimento, bem como o cumprimento de tais diretrizes,
foi aplicado o questionário aos colaboradores, conforme descrito na metodologia.
Os Gráficos 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, e 8 que se seguem, mostram, em percentual, as respostas
obtidas a partir da realização do questionário.
Gráfico 1 – Percentual de respostas da questão 1
CONHECE AS NORMAS DE
RADIOPROTEÇÃO
Sim
Não
Parcialmente
17% 0%
83%
Fonte: Próprio autor, 2016.
24
Gráfico 2 – Percentual de respostas da questão 2
INSTITUIÇÃO OFERECE SUPORTE
PARA SERVIÇOS DE
RADIOPROTEÇÃO
Sim
Não
Parcialmente
0%
100%
Fonte: Próprio autor, 2016.
Gráfico 3 – Percentual de respostas da questão 1
EXECUTA AS ATIVIDADES EM
CONFORMMIDADE AS EXIGÊNCIAS DE
RADIOPROTEÇÃO ESTABELECIDA PELO
HOSPITAL
Sim
Não
Parcialmente
0%
100%
Fonte: Próprio autor, 2016.
25
Gráfico 4 – Percentual de respostas da questão 1
RECEBEU TREINAMENTO DA INSTITUÇÃO
QUE TRABALHA
Sim
Não
Parcialmente
0%
100%
Fonte: Próprio autor, 2016.
Gráfico 5 – Percentual de respostas da questão 1
A INSTITUÇÃO OFERECE EPI S
Sim
Não
Parcialmente
0%
100%
Fonte: Próprio autor, 2016.
26
Gráfico 6 – Percentual de respostas da questão 1
UTILIZA EPI S
Sim
Não
Parcialmente
0%
100%
Fonte: Próprio autor, 2016.
Gráfico 7 – Percentual de respostas da questão 1
UTILIZA DOSÍMETRO
Sim
Não
Parcialmente
0%
100%
Fonte: Próprio autor, 2016.
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Gráfico 8 – Percentual de respostas da questão 1
É INFORMADO DOS LAUDOS QUANDO
RETORNAM DAS INSPEÇÕES
Sim
Não
Parcialmente
0%
100%
Fonte: Próprio autor, 2016.
A radioproteção tem a finalidade de fornecer condições seguras as atividades que
envolvam radiações ionizantes. Para verificar se as normas de radioproteção estavam sendo
obedecidas no ambiente de estudo, aplicou-se um questionário aos colaboradores, no qual podese observar que todos os profissionais (que preencheram o questionário) tem conhecimento das
normas estabelecidas na resolução e afirma executar adequadamente suas atividades quanto às
normas de segurança.
Observou-se também, durante o período de estudo no setor de imagens, que os
trabalhadores fazem uso do dosímetro, porém, o método de acompanhamento da exposição por
dosímetros, onde o medidor está vinculado ao local de trabalho, não leva em consideração o
duplo emprego. Poder-se-ia pensar em outra forma de monitoramento, já vez que o profissional
pode (de forma errônea), estar prestando este mesmo serviço em outros locais, sendo expostos
a doses que não seriam registradas no mesmo dosímetro.
De qualquer forma, faz-se necessário um plano de saúde e segurança radiológica efetivo
por parte da instituição, a fim de controlar os riscos ocupacionais a que os trabalhadores estão
sendo expostos, oferecendo-os assim, um ambiente seguro.
28
5
CONCLUSÃO
O presente trabalho demonstrou que não existem riscos preocupante relacionados a radiação
residual nos locais avaliados, já que esta não foi capaz de induzir mutagenicidade nas plantas
expostas; os indicies de micronúcleos foram menores do que o controle negativo. Porém, para
que se mantenha estável a saúde dos profissionais constantemente expostos a radiação, indicase a utilização de indicadores biológicos sensíveis como ferramentas complementares.
Observou-se que a maioria dos colaboradores tem conhecimento das normas
estabelecidas na resolução e afirma executar adequadamente suas atividades quanto às normas
de segurança. Porém, alguns trabalhadores demonstraram de modo informal, desconhecimento
com relação aos riscos a radiação ionizante o que leva a negligência na utilização dos EPIs.
Foram encontrados esporos do fungo Penicillium sp; levando em consideração o
potencial patogênico do gênero, é necessário que a instituição se atente a higienização do
sistema de ar condicionado presente no setor.
Apesar do conhecimento sobre normas de radioproteção, os riscos dos níveis residuais
de radiação são desconhecidos e as medidas de prevenção são multifatoriais.
29
REFERENCIAS
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