0 Faculdade de Tecnologia de Sorocaba “José Crespo Gonzales” Curso de Tecnologia em Sistemas Biomédicos Aluna: Thais Leme de Rezende Orientadora: Silvia Pierre Irazusta AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DO AR INTERIOR NO AMBIENTE OCUPACIONAL NUM SERVIÇO DE IMAGENS: RADIAÇÃO RESIDUAL – RELATÓRIO FINAL SOROCABA 2º Semestre/2016 1 LISTA DE FIGURAS Inflorescência jovem e materiais para a realização da leitura de micronúcleos. 8 Fluxograma do processo de preparação da lâmina para análise em MOC. 8 Figura 3 Lâmina de leitura com células de Tradescantia pallida. 9 Figura 4 Placas de Petri contendo fungos coletados por sedimentação simples. A- Radiografia (exame); B- Mamografia; C- Radiografia (disparo). 9 Figura 5 Materiais para confecção das lâminas de micro cultivo. 10 Figura 6 Lâmina de micro cultivo contendo corante Azul de Algodão e vedadas com esmalte branco para posterior leitura. 11 Condições macroscópicas das plantas antes da exposição, sendo A (mamografia), B (radiografia exame) e C (radiografia disparo). 13 Condições macroscópicas das plantas após exposição na sala de mamografia. 13 Condições macroscópicas das plantas após exposição na sala de disparo da radiografia. 14 Condições macroscópicas das plantas após exposição na sala de exames da radiografia. 14 Placa de Petri contendo fungos coletados na sala de Raio X, na ala de exame. 16 Estrutura microscópica do fungo “A” coletado na sala de Raio X – ala exame. 17 Estrutura microscópica do fungo “B” coletado na sala de Raio X – ala exame. 17 Desenho esquemático da estrutura característica do fungo Penicillium. 18 Ampliação das estruturas observadas nas lâminas dos fungos “A” e “B”. 18 Figura 1 Figura 2 Figura 7 Figura 8 Figura 9 Figura 10 Figura 11 Figura 12 Figura 13 Figura 14 Figura 15 2 Placa de Petri contendo fungo coletados na sala de Raio X, na ala disparo. 19 Estrutura microscópica do fungo “C” coletado na sala de Raio X – ala exame. 19 Figura 18 Placa de Petri contendo fungos coletados na sala de Mamografia. 20 Figura 19 Estrutura microscópica do fungo “D” coletado na sala de Raio X – ala exame. 21 Figura 16 Figura 17 3 LISTA DE TABELAS Tabela 1 Soma dos micronúcleos. 9 Tabela 2 Características macroscópicas dos fungos coletados na sala de Raio X - ala exame. 16 Características macroscópicas dos fungos coletados na sala de Raio X - ala disparo. 19 Características macroscópicas dos fungos coletados na sala de Mamografia. 20 Tabela 3 Tabela 4 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1 Percentual de respostas da questão 1 22 Gráfico 2 Percentual de respostas da questão 2 22 Gráfico 3 Percentual de respostas da questão 3 23 Gráfico 4 Percentual de respostas da questão 4 23 Gráfico 5 Percentual de respostas da questão 5 24 Gráfico 6 Percentual de respostas da questão 6 24 Gráfico 7 Percentual de respostas da questão 7 25 Gráfico 8 Percentual de respostas da questão 8 25 4 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO.............................................................................................................5 2. OBJETIVOS..................................................................................................................6 2.1 Objetivo geral............................................................................................................6 2.2 Objetivos específicos.................................................................................................6 3. MATERIAIS E METODO...........................................................................................6 3.1 Material.....................................................................................................................6 3.2 Método......................................................................................................................7 3.2.1 Sítios de amostragem.....................................................................................7 3.2.2 Descrição da técnica Tradescantia pallida.....................................................7 3.2.3 Preparo de soluções.......................................................................................8 3.2.4 Confecção das lâminas..................................................................................8 3.2.5 Leitura das lâminas......................................................................................10 3.2.6 Confecção do Micro cultivo........................................................................11 3.2.7 Análise das lâminas de Micro cultivo..........................................................12 3.2.8 Questionário................................................................................................12 4. RESULTADOS PARCIAIS.......................................................................................13 4.1 Avaliação macroscópica do impacto causado pelas emissões de radiação residual nas salas de radiologia e mamografia do Hospital Evangélico de Sorocaba no bioindicador Tradescantia pallida............................................................................13 4.2 Análise macroscópica das inflorescências colhidas dos vasos expostos..................15 4.3 Identificação dos fungos coletados no setor de imagens do Hospital Evangélico....16 4.3.1 Sala de Raio X – Exame..............................................................................16 4.3.2 Sala de Raio X – Disparo.............................................................................19 4.3.3 Sala de Mamografia.....................................................................................21 4.4 Resultados obtidos do questionário.........................................................................23 5. CONCLUSÃO.............................................................................................................28 REFERENCIAS................................................................................................................29 5 1. INTRODUÇÃO Entende-se por ar de interiores aquele de áreas não industriais, como habitações, escritórios, escolas e hospitais (WANG; ANG; TADE, 2007) (de SCHIRMER et. al., 2010 apud OLIVEIRA, 2014). O estudo de sua qualidade é importante para garantir saúde aos ocupantes dos diferentes edifícios, bem como o ótimo desempenho de suas atividades. A natureza evidente da poluição do ar externo, nos aspectos visuais e sensoriais, pode ser contrastada com a característica um tanto quanto invisível da poluição nos ambientes internos. Este pode ser um fator que influencia o julgamento das pessoas quando à qualidade do ar nos ambientes internos e os seus efeitos a saúde (ELLER, 2008). A poluição do ar não é restrita a poluentes visíveis, na atmosfera urbana, mas também a concentração de poluentes do ar em ambientes ocupacionais que pode ser mil vezes superior à de áreas abertas, devido à localização de fontes potenciais de emissão internas bem como pela ausência de sistemas de ventilação adequados, que diluam ou dispersem os poluentes (OLIVEIRA 2014; PICELI, 2005). Para avaliar a prevenir a presença de genotóxicos no ambiente é necessário utilizar indicadores sensíveis que permitam detectar a ação destes compostos. O teste dos micronúcleos com Tradescantia spp. (Trad-MCN) que é considerado um dos mais sensíveis e eficientes para detecção de agentes genotóxicos no ar (MA, 1981, 1983; ENNEVER et. al., 1988; RODRIGUES et. al., 1997; SALDIVA et. al., 2002; MISÍK et. al., 2007; JUNIOR at. al., 2008). Micronúcleos são estruturas resultantes de cromossomos inteiros ou de fragmentos cromossômicos que se perdem na divisão celular e, por isso, não são incluídos no núcleo das células filhas, permanecendo no citoplasma das células interfásicas (HEDDLE et al., 1983). Refletem, portanto, a ocorrência tanto de danos estruturais quanto de aneuploidia permitindo, consequentemente, detectar a ação de agentes clastogênicos e aneugênicos (EVANS, 1997). Este trabalho se propôs a avaliar os impactos das radiações residuais no Hospital Evangélico de Sorocaba, por meio deste bioensaio e compará-los aos controles positivos e negativos obtidos no laboratório de Ecotoxicologia da Faculdade de Tecnologia de Sorocaba. 6 2. OBJETIVOS 2.1 Objetivo geral Este trabalho tem por objetivo estudar os impactos potenciais de emissões residuais das radiações ionizantes no serviço de imagens do Hospital Evangélico de Sorocaba. 2.2 Objetivos específicos Avaliar os efeitos potencialmente tóxicos das emissões geradas no ambiente ocupacional pelo ensaio de micronúcleos na Tradescantia pallida. Avaliação conjunta dos parâmetros analisados a fim de inferir sobre seus possíveis impactos sobre os trabalhadores expostos. 3. MATERIAIS E METODO 3.1 Materiais Bécker Água destilada Vasos de Tradescantia pallida Húmus Vermiculita Terra vegetal composta Lâminas Lamínulas Microscópio Óptico Comum Trifluralina Corante Carmin Fixador Carnoy 7 3.2 Método 3.2.1 Sítios de amostragem A realização do presente trabalho se deu pela exposição dos vasos de Tradescantia pallida no Hospital Evangélico da cidade de Sorocaba, localizado no bairro Vila Jardini. As plantas foram distribuídas nas salas de radiografia e mamografia. 3.2.2 Descrição da técnica Tradescantia pallida Em um vaso de plástico (com dimensões: 22 cm de diâmetro e 17 cm de altura), misturou-se de forma homogênea os seguintes componentes: 2 partes de terra vegetal + 1 parte de substrato (Plantas) + 1 parte de vermiculita fina + 1 parte de húmus de minhoca. Cada vaso recebeu 3 talos de T. pallida. Aproximadamente 30 vasos foram mantidos e cuidados dentro da Faculdade de Tecnologia de Sorocaba para que os controles positivos (expostos a trifluralina) e negativos (expostos a água destilada) fossem realizados. No hospital, a sala de radiografia recebeu quatro vasos da planta em dois diferentes compartimentos: dois na sala de comando e dois na sala de exames, ambos posicionados no chão. Na sala de mamografia, porém, os vasos foram colocados sobre um armário alto. Os bioindicadores receberam cuidados semanais para que se mantivessem em bom estado até o momento determinado de sua retirada do campo de estudo. Os vasos foram levados ao hospital no dia 20 de julho e retirados no dia 31 de agosto, somando-se assim, um mês e onze dias. 8 3.2.3 Preparo de soluções Solução etanol-acético: (Carnoy) Proporção de 3:1 de álcool etílico absoluto e ácido acético 45%. Para 1 litro de solução: 750 mL de álcool etílico absoluto + 250 mL ácido acético 45%. Solução corante: Carmin acético Proporção de 2g de Carmin + 100 mL de ácido acético 45%. O Bioensaio da Tradescantia pallida foi realizado segundo MA et al., (1981). Foram utilizadas hastes de inflorescências jovens (10 unidades por tratamento), no formato de “barquinha”, sem flor, retiradas dos vasos expostos à radiação ionizante. Como controle utilizou-se água destilada (controle negativo) e trifluralina (controle positivo). Após a exposição as inflorescências foram fixadas em etanol-acético (3:1). 3.2.4 Confecção das lâminas Inicialmente, com o auxílio de uma pinça histológica e de uma agulha fina, foi realizado o procedimento de dissecação da inflorescência, tendo como meta a retirada do botão que apresentasse células-mãe de grãos de pólen em estágio de tétrades, conforme e mostrado na Figura 1. 9 Figura 1 – Inflorescência jovem e materiais para a realização da leitura de micronúcleos Fonte: Próprio autor, 2016. A escolha do estágio de tétrade para pesquisa de micronúcleo se dá pelo fato de que neste estágio a célula encontra-se em interfase (período que precede qualquer divisão celular), o que facilita a visualização do núcleo e do possível MCN existente. Outra vantagem deste estágio celular é o tempo de duração (36-48 h), facilitando os procedimentos de analises. As inflorescências jovens são as mais indicadas para a análise, por apresentar células em estágio de tétrade em botões de estágio intermediário. O botão escolhido recebeu duas gotas de Carmim acético 2%, foi dissecado e posteriormente macerado. Todos os debrís (fragmentos celulares resultantes da maceração do botão) foram retirados antes que a lamínula fosse colocada (BATALHA et al., 1999), conforme a Figura 2. Figura 2 – Fluxograma do processo de preparação da lâmina para análise em MOC Fonte: Próprio autor, 2016. 10 3.2.5 Leitura das lâminas As lâminas são analisadas em microscopia óptica com objetiva de 400X. Por lâmina, conta-se um total de 300 tétrades e a ocorrência de micronúcleo por tétrade. Para cada grupo experimental, são feitas em média de 5 lâminas, e leitura de 300 tétrades de cada uma das lâminas. Abaixo encontra-se a imagem de uma observação microscópica em aumento de 10X. A lâmina analisada não apresentou o estágio desejado de tétrade, porém, exemplifica a coloração característica e a disposição ideal das células para uma boa visualização em microscopia óptica. Figura 3 – Lâmina de leitura com células de Tradescantia pallida Fonte: Próprio autor, 2016. A frequência de MCN é calculada dividindo-se o número total de MCN pelo número total de tétrades contadas. O valor é dado em no de MCN /300 tétrades. A média e desvio padrão são calculados para cada grupo e a análise de variância é feita pelo teste de DUNNETT. A enumeração é feita conforme a Tabela 1, abaixo. Tabela 1 – Soma dos micronúcleos Fonte: Oliveira, 2012. 11 3.2.6 Confecção do Micro cultivo Três placas de Petri contendo Ágar Sabouraud esterilizadas foram levadas as salas de radiografia e mamografia e deixadas abertas e expostas ao ar interior por 15 minutos, para que houvesse uma sedimentação espontânea de fungos e leveduras presentes no ambiente. Tais placas foram incubadas por um período de uma semana em temperatura de 25º. O crescimento fúngico ocorreu na segunda semana de incubação, como mostra a Figura 4 a seguir. Segue radiografia exame, mamografia e radiografia disparo, respectivamente. Figura 4 – Placas de Petri contendo fungos coletados por sedimentação simples. A- Radiografia (exame); B- Mamografia; C- Radiografia (disparo) Fonte: Próprio autor, 2016. Após o crescimento, lâminas de micro cultivo foram preparadas para posterior leitura. Assim como nas placas de Petri, o tempo mínimo necessário para o crescimento fúngico é de uma semana. Encontra-se na Figura 5 abaixo uma ilustração dos passos executados para confecção das lâminas. Figura 5 – Materiais para confecção das lâminas de micro cultivo Fonte: Próprio autor, 2016. 12 3.2.7 Análise das lâminas de Micro cultivo As lâminas (Figura 6) foram analisadas em aumento de 400x em microscópio óptico comum (MOC), cujo principal objetivo era a caracterização dos fungos anteriormente coletados e cultivados. A presença de diferentes estruturas fúngicas tornou possível a identificação das espécies separadamente. Figura 6 – Lâmina de micro cultivo contendo corante Azul de Algodão e vedadas com esmalte branco para posterior leitura. Fonte: Próprio autor, 2016. Após a confecção das lâminas, o material nelas contido não permanece em estado adequado para leitura por muito tempo, uma vez que, com o tempo, o corante se seca e a visualização das estruturas fica prejudicada. A utilização do esmalte ao redor das lamínulas foi uma estratégia utilizada para substituir o Bálsamo do Canadá, que se encontrava em falta. A barreira criada pelo esmalte permitiu que o material se mantivesse adequado para visualização por mais tempo. 3.2.8 Questionário Formulou-se um questionário contendo um total de 8 questões, para que o mesmo fosse aplicado aos 10 funcionários atuantes no setor de imagens do hospital em estudo. As questões elaboradas seguem abaixo. 13 Você conhece as normas de radioproteção da CNEN? A instituição em que trabalha oferece suporte para que os serviços de radioproteção, de acordo com a norma específica da CNEN, sejam efetivos? Você executa as suas atividades em conformidade com os requisitos e exigências dos regulamentos de radioproteção estabelecidos pela direção do hospital? Você recebeu treinamento da instituição em que trabalha? A instituição em que você trabalha oferece EPIs? Você utiliza os EPIs? Você utiliza dosímetro? Você é informado dos laudos quando retornam das inspeções? 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO 4.1 Avaliação macroscópica do impacto causado pelas emissões de radiação residual nas salas de radiologia e mamografia do Hospital Evangélico de Sorocaba no bioindicador Tradescantia pallida O presente estudo, envolvendo a Tradescantia pallida como organismo bioindicador foi realizado no laboratório de Ecotoxicologia do NEPA-FATEC-Sorocaba, incluindo estudo para avaliação da qualidade do ar no ambiente ocupacional. A possibilidade de exposição ocupacional a níveis residuais de radiação por parte de profissionais que atuam em serviços de imagens tem sido relatada em diversos estudos (FERNANDES et al., 2005; CARVALHO, 2005) e é notória a necessidade de se realizar o monitoramento do ar num ambiente ocupacional onde se identifica o risco, ainda que as normas e diretrizes relativas a radioproteção (CNENNN-3.01) sejam rigorosamente obedecidas. A utilização da Tradescantia pallida como organismo bioindicador se justifica pelo fato dos testes do micronúcleo serem efetivos na detecção de danos cromossômicos, pela simplicidade e conhecimento da técnica, bem como, seu baixo custo (MACHADO, 2013). Ma et al., (1994) destaca que a sua utilização é de longa data e altamente confiável para avaliar genotoxicidade de diferentes agentes. 14 Com a realização da segunda etapa deste trabalho, que consistiu na exposição de novos vasos nos sítios de amostragem descritos anteriormente na metodologia, constatou-se eu a diferença entre a primeira coleta de dados com a segunda, quase não é notável. Como na primeira etapa, os vasos a serem expostos apresentavam ótimas (antes da exposição) condições físicas (macroscópicas), no que diz respeito a tamanho, cor e vitalidade, como representa a Figura 7 a seguir. Figura 7 – Condições macroscópicas das plantas antes da exposição, sendo A (mamografia), B (radiografia exame), C (radiografia disparo) Fonte: Próprio autor, 2016. Após os trinte de nove dias de exposição, as alterações macroscópicas eram bem visíveis, principalmente com relação a morfologia das folhas e coloração das mesmas. Com a Figuras tal, tal e tal percebe-se que a cor característica do bioindicador foi levemente alterada, algumas murcharam e ouras caíram dos galhos. Figura 8 – Condições macroscópicas das plantas após exposição na sala de mamografia Fonte: Próprio autor, 2016. 15 Figura 9 – Condições macroscópicas das plantas após exposição na sala de disparo da radiografia Fonte: Próprio autor, 2016. Figura 10 – Condições macroscópicas das plantas após exposição na sala de exames da radiografia Fonte: Próprio autor, 2016. A explicação que rege esse acontecimento, ou seja, a leve alteração na coloração da Tradescantia pallida, é a ausência de luz solar, que acaba alterando sua forte pigmentação. 4.2 Análise microscópica das inflorescências colhidas dos vasos expostos Tratando-se das análises microscópicas, verificou-se que, a nível celular, não ocorreram mutações gênicas. Diferente da primeira etapa deste trabalho, onde não houve o crescimento de inflorescências nos vasos expostos, nesta etapa, esse crescimento ocorreu, porém, ao serem submetidas a maceração e análise em microscópio óptico comum, não apresentaram micronúcleos. 16 Levando em consideração que no Hospital Evangélico a média de exames realizados gira em torno de 15 pacientes diários, com 3 incidências para cada um, tanto em radiografia quanto em mamografia, a quantidade de radiação residual pode não ter sido suficiente para estimular uma mutação a nível molecular. Se comparados tais resultados aos obtidos por Oliveira, em 2012, há uma gritante diferença no nível de radiação captada pelo bioindicador. No entanto, o hospital analisado pelo autor, o Conjunto Hospitalar de Sorocaba (CHS), realizava uma média de exames superior ao Hospital Evangélico. O fato do CHS ser um hospital de rede pública contribui com o maior índice de exames realizados e, consequentemente, com a maior incidência de radiação residual sobre paciente, profissionais e, neste caso, sobre o bioindicador. Ao decorrer desta pesquisa, verificou-se um acontecimento comum a etapa anterior, que foram os controles positivos que não eram negativos quando submetidos a microscopia. Ou seja, quando analisados em MOC, as inflorescências tratadas com Formol em concentração 2% não apresentaram a mutação cromossômica esperada; a presença dos micronúcleos não foi observada em nenhuma das análises. 4.3 Identificação dos fungos coletados no setor de imagens do Hospital Evangélico As amostras coletas do ar por sedimentação simples do setor de imagens do Hospital Evangélico foram identificadas através de analises macro e microscópicas e foram encontrados esporos de fungos do gênero Penicillium na sala de exames do Raio X, sendo que nas demais salas, a identificação dos fungos coletados não ocorreu, devido a limitação da técnica. 4.3.1 Sala de Raio X – Exame Resultados macroscópicos A Figura 11 mostra o perfil macroscópico das colônias de fungos coletados por sedimentação simples, sendo que a descrição macroscópica destes se encontra detalhada na 17 Tabela 2. Além da caracterização macroscópica dos fungos coletados, analisou-se a estruturação microscópica dos organismos, focando-se na identificação de gênero e espécie de cada um isoladamente. Figura 11 – Placa de Petri contendo fungos coletados na sala de Raio X - ala exame Fonte: Próprio autor, 2016. Tabela 2 – Características macroscópicas dos fungos coletados na sala de Raio X - ala exame Característica Fungo A Fungo B Tamanho 10 cm 2 cm Borda Irregular Franja Textura Pulverulenta Algodonosa Relevo - - Pigmentação Verde Branco Fonte: Próprio autor, 2016. Resultados microscópicos Foi utilizado para identificação dos esporos dos fungos anemófilos, a chave sistemática da American Academy of Allergy Asthma & Immunology (AAAAI, 1997). A partir das imagens obtidas (Figura 12), foi possível fazer esta verificação e posteriormente a identificação dos fungos. 18 Figura 12 – Estrutura microscópica do fungo “A” coletado na sala de Raio X – ala exame Fonte: Próprio autor, 2016. Figura 13 – Estrutura microscópica do fungo “B” coletado na sala de Raio X – ala exame Fonte: Próprio autor, 2016. Ambos os fungos “A” e “B”, presentes na sala de radiografia (ala exame) apresentaram uma estrutura característica do gênero Penicillium, composta por 3 elementos principais: fiálides, conidias e métula, como exemplificado na Figura 14. As estruturas marcadas pelos círculos vermelhos foram ampliadas para melhor visualização (Figura 15). 19 Figura 14 – Desenho esquemático da estrutura característica do fungo Penicillium Fonte: Próprio autor, 2016. Figura 15 – Ampliação das estruturas observadas nas lâminas dos fungos “A” e “B” Fonte: Próprio autor, 2016. Desta forma, de acordo com a realização das análises macro e microscópica dos fungos “A” e “B” presentes na ala de exames da sala de radiografia – ala exame, identificou-se os fungos do gênero Penicillium sp. 4.3.2 Sala de Raio X – Disparo Resultados macroscópicos Como dito anteriormente, para a caracterização dos fungos, utilizou-se a chave sistemática da American Academy of Allergy Asthma & Immunology (AAAAI, 1997). A Figura 20 16 mostra a característica macroscópica do Fundo “C”; essas são descritas da forma aceitável na Tabela 3. Figura 16 – Placa de Petri contendo fungo coletados na sala de Raio X - ala disparo Fonte: Próprio autor, 2016. Tabela 3 – Características macroscópicas dos fungos coletados na sala de Raio X - ala disparo Características Fungo C Tamanho 7 cm Borda Lisa Textura Aveludada Relevo Apicular Pigmentação Verde musgo Fonte: Próprio autor, 2016. Resultados microscópicos A Figura 17 mostra as características microscópicas do fungo “C”. Figura 17 – Estrutura microscópica do fungo “C” coletado na sala de Raio X – ala disparo Fonte: Próprio autor, 2016. 21 Não foi possível realizar a identificação do fungo “C” devido a limitação da técnica utilizada para tal. 4.3.3 Sala de Mamografia Resultados macroscópicos A Figura 18 mostra as caraterísticas macroscópicas do fungo coletado por sedimentação simples na sala de mamografia. Figura 18 – Placa de Petri contendo fungos coletados na sala de Mamografia Fonte: Próprio autor, 2016. Tabela 4 – Características macroscópicas dos fungos coletados na sala de Mamografia Características Fungo D Tamanho 7 cm Borda Franja Textura Algodonosa Relevo - Pigmentação Marrom Fonte: Próprio autor, 2016. 22 Resultados macroscópicos A Figura 19 mostra as características microscópicas do fungo “D”. Figura 19 – Estrutura microscópica do fungo “D” coletado na sala de Raio X – ala exame Fonte: Próprio autor, 2016. O fungo “D”, analisado da coleta da sala de mamografia também não pode ser identificado. Os fungos que possuem dispersão aérea são denominados anemófilos, possuindo a capacidade de colonizar diferentes substratos e habitats de forma singular e muito eficiente. Em função disso, não existem ambientes livres da presença fúngica, pois estes se propagam em locais habitados, além de poderem sobreviver a grandes variações de temperatura, baixa taxa de umidade, em grandes variações de pH e em baixas concentrações de oxigênio, sendo comum a exposição a propágulos fúngicos e seus metabólitos, principalmente em ambientes internos como escritórios, escolas, hospitais e residências (LOBATO et al., 2009). Por meio de coleta de ar por sedimentação simples dos locais de exposição das plantas, e análises macro e microscópicas das mesmas, foram encontrados esporos de fungos dos gêneros Penicillium. Levando em consideração o potencial patogênico do gênero, a presença desses organismos no ambiente avaliado representa um dado preocupante para os pacientes e funcionários que frequentam o setor de imagens do CHS. A inalação de conídios de Penicillium spp. e Aspergillus spp. pode gerar patologias como peniciliose e aspergilose, respectivamente, sendo ambas caracterizadas por um quadro pulmonar, que pode se espalhar pelos vasos sanguíneos vizinhos, disseminando-se pelo liquido cefalorraquidiano (LCR), rins e endocárdio, caracterizando uma forma geralmente fatal, principalmente em indivíduos imunodeprimidos, como é o caso de muitos pacientes que realizam exames nesse setor (KERNE e BLEVINS, 1999). 23 4.4 Resultados obtidos a partir do questionário A resolução CNEN 27:2004, de 06/01/2005, estabelece as “Diretrizes Básicas de Proteção Radiológica”, as quais devem ser rigorosamente obedecidas pelos serviços de imagem radiológica. Tendo em vista o pleno conhecimento, bem como o cumprimento de tais diretrizes, foi aplicado o questionário aos colaboradores, conforme descrito na metodologia. Os Gráficos 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, e 8 que se seguem, mostram, em percentual, as respostas obtidas a partir da realização do questionário. Gráfico 1 – Percentual de respostas da questão 1 CONHECE AS NORMAS DE RADIOPROTEÇÃO Sim Não Parcialmente 17% 0% 83% Fonte: Próprio autor, 2016. 24 Gráfico 2 – Percentual de respostas da questão 2 INSTITUIÇÃO OFERECE SUPORTE PARA SERVIÇOS DE RADIOPROTEÇÃO Sim Não Parcialmente 0% 100% Fonte: Próprio autor, 2016. Gráfico 3 – Percentual de respostas da questão 1 EXECUTA AS ATIVIDADES EM CONFORMMIDADE AS EXIGÊNCIAS DE RADIOPROTEÇÃO ESTABELECIDA PELO HOSPITAL Sim Não Parcialmente 0% 100% Fonte: Próprio autor, 2016. 25 Gráfico 4 – Percentual de respostas da questão 1 RECEBEU TREINAMENTO DA INSTITUÇÃO QUE TRABALHA Sim Não Parcialmente 0% 100% Fonte: Próprio autor, 2016. Gráfico 5 – Percentual de respostas da questão 1 A INSTITUÇÃO OFERECE EPI S Sim Não Parcialmente 0% 100% Fonte: Próprio autor, 2016. 26 Gráfico 6 – Percentual de respostas da questão 1 UTILIZA EPI S Sim Não Parcialmente 0% 100% Fonte: Próprio autor, 2016. Gráfico 7 – Percentual de respostas da questão 1 UTILIZA DOSÍMETRO Sim Não Parcialmente 0% 100% Fonte: Próprio autor, 2016. 27 Gráfico 8 – Percentual de respostas da questão 1 É INFORMADO DOS LAUDOS QUANDO RETORNAM DAS INSPEÇÕES Sim Não Parcialmente 0% 100% Fonte: Próprio autor, 2016. A radioproteção tem a finalidade de fornecer condições seguras as atividades que envolvam radiações ionizantes. Para verificar se as normas de radioproteção estavam sendo obedecidas no ambiente de estudo, aplicou-se um questionário aos colaboradores, no qual podese observar que todos os profissionais (que preencheram o questionário) tem conhecimento das normas estabelecidas na resolução e afirma executar adequadamente suas atividades quanto às normas de segurança. Observou-se também, durante o período de estudo no setor de imagens, que os trabalhadores fazem uso do dosímetro, porém, o método de acompanhamento da exposição por dosímetros, onde o medidor está vinculado ao local de trabalho, não leva em consideração o duplo emprego. Poder-se-ia pensar em outra forma de monitoramento, já vez que o profissional pode (de forma errônea), estar prestando este mesmo serviço em outros locais, sendo expostos a doses que não seriam registradas no mesmo dosímetro. De qualquer forma, faz-se necessário um plano de saúde e segurança radiológica efetivo por parte da instituição, a fim de controlar os riscos ocupacionais a que os trabalhadores estão sendo expostos, oferecendo-os assim, um ambiente seguro. 28 5 CONCLUSÃO O presente trabalho demonstrou que não existem riscos preocupante relacionados a radiação residual nos locais avaliados, já que esta não foi capaz de induzir mutagenicidade nas plantas expostas; os indicies de micronúcleos foram menores do que o controle negativo. Porém, para que se mantenha estável a saúde dos profissionais constantemente expostos a radiação, indicase a utilização de indicadores biológicos sensíveis como ferramentas complementares. Observou-se que a maioria dos colaboradores tem conhecimento das normas estabelecidas na resolução e afirma executar adequadamente suas atividades quanto às normas de segurança. Porém, alguns trabalhadores demonstraram de modo informal, desconhecimento com relação aos riscos a radiação ionizante o que leva a negligência na utilização dos EPIs. Foram encontrados esporos do fungo Penicillium sp; levando em consideração o potencial patogênico do gênero, é necessário que a instituição se atente a higienização do sistema de ar condicionado presente no setor. Apesar do conhecimento sobre normas de radioproteção, os riscos dos níveis residuais de radiação são desconhecidos e as medidas de prevenção são multifatoriais. 29 REFERENCIAS CARVALHO, H. A. A Tradescantia como bioindicador vegetal na monitoração dos efeitos clatogênicos das radiações ionizantes. Serviço de Radioterapia da Divisão de Oncologia do Instituto de Radiologia (InRad) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, São Paulo, v. 38, n. 6, Nov. 2005. LEITE, C. C.; AMARO JR, E.; OTADUY, M. G. Radiologia Convencional- Portal da Radiologia. 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