Universidade Federal Fluminense Projeto do curso de integração à engenharia química Alunos : Bernardo Oliveira de Mendonça Figueiredo Eduardo Rogonsky da Costa Resumo: Através deste trabalho, procuramos simular a construção de um altofalante, com eficiência maior nas notas graves, utilizando, para isso, as ferramentas do software COMSOL. Objetivo: A idéia de projetar um alto-falante através do COMSOL surgiu após uma pesquisa de mercado na área de venda e construção de alto-falantes. Vimos que no processo de fabricação de um alto-falante, os testes de qualidade e desempenho são feitos por métodos de “tentativa-erro”, ou seja, os componentes são fabricados, montados e então testados por “RTA” (medidores de pressão sonora), se o desempenho não for o esperado, o altofalante é remontado, e se necessário, peças são substituídas, ou novas são introduzidas. Vale ressaltar que um RTA (que custa em torno de 3200 reais) faz um gráfico SPL x freqüência; o que conseguimos fazer sem ter de montar o alto-falante, economizando em torno de 3200 reais na medição da eficiência do alto-falante. Tendo este quadro em mente, fica evidente que um método de modelagem mais eficiente é necessário. È muito custoso e arriscado produzir os componentes do alto-falante e montá-los, com a expectativa de desempenho baseada somente na experiência do projetista. Existem métodos matemáticos, pouco conhecidos pela maioria das empresas, capazes de apontar o desempenho de um alto-falante mesmo que ainda não montado, poupando assim mão-de-obra, tempo e risco de erro nas medidas das peças componentes, diminuindo também o valor agregado do produto final ao consumidor. Tais métodos matemáticos são inerentes ao COMSOL, e pretendemos utilizá-lo para mostrar que este método de modelagem é valido. Princípio de funcionamento: Neste tópico vamos tentar esquematizar, brevemente, o funcionamento de um alto-falante comum. Basicamente, um alto-falante funciona de modo contrario ao de um microfone. Ele recebe um sinal elétrico e o converte em vibrações do ar, formando, assim, as ondas sonoras. O que torna isso possível é o seu conjunto magnético, composto por uma imã maior e permanente,e uma bobina móvel , que por sua vez está envolvida por um fio de cobre condutor de corrente elétrica. Com a ajuda de um teslâmetro é possível determinar a polaridade do imã permanente, para então poder calcular a interação com o campo magnético advindo da corrente elétrica que passa pelo fio de cobre (envolvido em torno da bobina). A interação desses dois campos magnéticos, provenientes do imã e da passagem da corrente elétrica pelo fio, faz com que a bobina móvel se desloque num determinado sentido, ora para cima, ora para baixo. O nome específico da força proveniente da interação dos dois campos magnéticos chama-se “Força de Lorentz“ e é definida pela “Regra da mão direita“. O amplificador do alto-falante é o responsável pela mudança de direção da corrente elétrica, e conseqüentemente, do campo magnético, definindo a subida e a descida da bobina móvel. É importante lembrar que os componentes do alto-falante devem ser diamagnéticos, para evitar a interação destes com os campos magnéticos geradores da “força de Lorentz” . Aqui está uma figura que representa a interação dos campos magnéticos: Modelagem no COMSOL: Nós procuramos desenvolver um alto-falante com desempenho mais voltado para freqüências baixas. Primeiramente fizemos o dimensionamento da bobina. No nosso projeto queríamos uma bobina com resistência de 4 ohms, e podemos encontrar o comprimento do fio através da equação: L = RA/ρ (1) Onde: R = 4Ω ρ = resistência do fio A = πdfio²/4 = 0,064197511mm² Para encontrarmos o número de espiras devemos saber que: L = 2πrfioN = πdbobN (2) Igualando (1) e (2) chegaremos em: N= (Rdfio²)/(4ρdbob) (3) Onde: R = 4Ω ρ = resistência do fio AWG 20 dfio = diâmetro do fio AWG 20 dbob = diâmetro da bobina (77mm) O módulo “AC/DC” (alternating current/direct current) foi utilizado para calcular a força motriz e a impedância da bobina ainda parada. Já o módulo “ Acoustics “ foi utilizado para analisar a estrutura- acústica , a eficiência do auto-falante em funcionamento. Fizemos uma análise estática da distribuição do campo magnético para poder avaliar o fator força, dado por BL na seguinte equação: Onde N é o número de espiras (=740) e A é a área da secção transversal que a bobina ocupa (=0,087 m). Varremos as freqüências na analise AC onde aplicamos uma voltagem tempo-harmônica para a bobina móvel, para calcular a impedância da bobina ainda parada (travada), Zb. Para tal , utilizamos a seguinte equação: Onde I é a amperagem da corrente que corre o fio. Vbe é encontrado através da equação que se segue: Então usamos os valores de Zb e BL na analise de interação estruturaacústica para calcular o SPL ( sound pressure level ) ( nível de pressão sonora).Tivemos que entrar com a força da corrente sobre o fio de cobre(Fe) Calculamos tal força através da equação : E a relação entre V0 e Fe através da seguinte equação: Materiais que compõe o alto-falante: Todo alto-falante é sujeito a três grandezas físicas inerentes aos materiais que o formam: indutância, permeabilidade eletromagnética e fluxo magnético (que depende da força do imã). O campo magnético gerado pela corrente que atravessa a bobina interage com o campo magnético do imã, criando, para isso, uma EMF (electromotive force) que faz mover. A relação entre o fluxo magnético e a corrente é chamada de indutância, que define o grau de força da EMF. O gráfico acima mostra como a indutância varia em função da freqüência. A permeabilidade é outro fator que influencia no desempenho do altofalante, é a indutância por unidade de comprimento, é o grau de magnetização de um material em resposta a um campo magnético.É definida pela seguinte fórmula: Onde “mi “ é a permeabilidade , B é a densidade do fluxo magnético e H é a força do campo magnético. Tendo em vista essas propriedades (permeabilidade e indutância), fica claro que é necessário escolher materiais de maior eficiência possível. No caso da permeabilidade, o melhor material que encontramos, para melhor desempenho, foi o ferrite. E em relação à indutância, o cobre. Também levamos em conta o preço de mercado dos materiais, para não encarecer o produto final. Já em relação a acústica do alto-falante, escolhemos a fibra de vidro, por ser relativamente barata, resistente ao calor e resistente a impactos mecânicos, motivos pelos quais a definimos como material formador do cone e da bobina do alto-falante. Desempenho do alto-falante: Abaixo segue o gráfico da densidade do fluxo magnético como função da coordenada z ao longo da bobina móvel: Especificações finais: Diâmetro do cone: 0,382 metro Altura do cone até a bobina : 0,15 metro Todos os componentes do alto-falante são feitos de fibra de vidro , exceto pelo fio da bobina , cobre , e o conjunto magnético , ferrite. Bibliografia: Alto Falantes e Caixas Acústicas (edição 1996 , Homero Sette Silva ) http://altofalanteufes2007.blogspot.com/2007/12/princpio-de-funcionamento.html Física 3 (4º edição, David Halliday) Elementos de eletromagnetismo (3º edição, Matthew N. Shadiku)