lista de exercício - 2012

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ - UEM
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS - CSA
DEPARTAMENTO DE ECONOMIA - DCO
DISCIPLINA: DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO
PROF. ANTONIO CARLOS DE CAMPOS
LISTA DE EXERCÍCIO - 2012
1. Qual o conceito de desenvolvimento econômico na visão de Bresser Pereira?
Para Bresser, desenvolvimento econômico é um processo de transformação
econômica, política e social, aumentando o padrão de vida da população (de acordo
com um conjunto de valores desejados e alcançados por uma sociedade), tornando-o
automático e autônomo. Não é possível um desenvolvimento setorizado (apenas
econômico, apenas político ou apenas social), pois deve haver modificações de caráter
social e político globais, em que as estruturas econômicas de um país sofram contínuas
e profundas transformações. Portanto, um sistema social é constituído de relações
(interdependentes) tanto econômicas como sociais e políticas, e tem como resultado
mais importante e direto o crescimento do padrão de vida da população, que tenha
tendência a ser automático, autônomo e necessário. O autor relaciona o
desenvolvimento à supremacia da indústria. Juntamente com outros autores,
argumentou que para observar se houve desenvolvimento deve responder a três
questões de forma positiva, pois desenvolvimento é considerado como um conjunto de
valores desejados e alcançados por uma sociedade, algo subjetivo. “O que tem
ocorrido com a pobreza, o desemprego e a desigualdade?”
2. Diferencie crescimento e de desenvolvimento econômico.
Crescimento é a variação positiva do produto, ou seja, seu crescimento ao longo do
tempo. Desenvolvimento remete à ideia de evolução, melhoramento econômico, ou
seja, um processo envolvendo mudanças econômico-sociais, até mesmo tecnológicas,
envolvendo mudanças qualitativas na vida das pessoas, nas instituições e nas
estruturas produtivas. Segundo Souza, a ideia é a de que o crescimento econômico,
distribuindo diretamente a renda entre os proprietários dos fatores de produção,
engendra automaticamente a melhoria dos padrões de vida e o desenvolvimento da
população.
3. O que pode afastar o estado estacionário em Keynes?
Estímulos aos investimentos por parte do governo, até mesmo políticas fiscais
expansionistas, como aumentar seus próprios gastos em investimentos públicos.
Também, políticas monetárias por parte do governo, caso não a economia não esteja
em uma armadilha da liquidez. Portanto, políticas econômicas governamentais para
manter economia e a renda numa situação de quase-boom, para poder afastar esse
Estado Eestacionário.
4. Qual é o problema fundamental de Keynes? Ou seja, o que ele queria entender?
O autor centrou sua análise na abordagem macroeconômica do pleno emprego, nos
fatores do crescimento do investimento e nos seus impactos sobre a renda e o
emprego. A crítica de Keynes, de acordo com Schumpeter: “as pessoas não gastam sua
renda total em consumo e não investem o resto necessariamente, impedindo o caminho
em direção ao pleno emprego”. Assim, o tema central de sua análise passa a ser o
estudo das causas das flutuações da produção, da renda e do emprego. Portanto, sua
preocupação básica era determinar os principais fatores responsáveis pelo emprego,
numa economia industrial moderna, e, ao apontar tais fatores, surgirão também as
causas do desemprego. Este era o grande problema da época e um dos pontos fracos
do sistema capitalista. Porém, o emprego anda ligado à produção e à renda, por isso
estudar o nível de emprego é o mesmo que estudar o nível da renda ou da produção
nacional. E diante dessas análises, Keynes destaca a importância da demanda efetiva
para as variações nos investimentos, pelo multiplicador, na renda, afetando o
desemprego.
5. Derive as equações de consumo e de investimento em Keynes.
Consumo: (GRÁFICO) o consumo é uma função direta da renda, mas em proporção
menor que a variação da renda, daí surge a propensão marginal a consumir. C = f(Y) e
para o autor o consumo agregado (de toda a sociedade) é sempre menor que 1, pois
sempre há uma parte poupada. Existe ainda uma parcela do consumo que independe
da renda, que corresponde ao que a comunidade necessita para sobreviver, mesmo que
não receba nenhuma renda (consumo autônomo). C = Co + bY, sendo 0 < b < 1, pois
PMgC + PMgS = 1. Keynes trabalha com as propensões marginais por causa do
impacto que elas terão no multiplicador econômico da renda.
Investimento: (GRÁFICO) o investimento é função das expectativas dos empresários
quanto aos lucros futuros e a taxa de juros. I = f(E, i). O gráfico de taxa de retorno
versus investimento se refere a expectativa do empresário (EMgK versus projetos), e
essas expectativas de lucro dos empresários é a EMgK (ou taxa de retorno sobre o
custo, ou preço de oferta), que o investimento depende. Caso a EMgK for maior que a
taxa do mercado financeiro ou a taxa mínima atrativa, o empresário investe (adquire
seu projeto), caso contrário, será melhor aplicar o dinheiro no mercado financeiro, pois
renderá mais. (pode-se discorrer ainda mais sobre a EMgK como feito nas próximas
questões, falando de forma aprofundada seus impactos). Ademais, conforme a taxa de
juros sobe, alguns projetos tendem a ser inviáveis (muda a taxa mínima de
atratitivade), e, caso contrário, seria mais rentável adquiri-los. Pode-se dizer que a taxa
de juros é função da preferência pela liquidez (demanda por moeda) e da oferta de
moeda.
Resumo: para o autor, a renda é determinada pelos gastos em consumo e pelos gastos
em investimento, que é exatamente o que diz o princípio da demanda efetiva: o ato de
gastar determina a renda. Como o consumo é relativamente estável, o principal
determinante do nível da renda passa a ser o investimento.
6. Considerando um investimento de 200 e uma propensão marginal a consumir de
0,8, mostre o efeito na renda através do multiplicador Keynesiano.
Y = C + I = bY + I => Y – bY = I => Y(1 – b) = I => Y = [1/(1-b)] I
varY = [1/(1-b)]varI => varY = [1/(1-0,8)]200 = 5x200 = 1000
Ou seja, com um multiplicador de 5, conforme variar o investimento, a renda varia em
5 vezes: como o investimento variou em 200, a renda obtida foi 1000. Por exemplo,
caso o investimento aumente para 250, a renda aumentaria para 1250, ou seja, a renda
cresceria 5 vezes os 50 reais a mais do investimento. Quanto maior o multiplicador,
mais crescerá a renda. Quanto mais próximo de 0 o valor da propensão marginal a
consumir (b), mais próximo de um será o multiplicador, e, portanto, mais a variação
do produto será parecida com a variação inicial do investimento (ou seja, menos
haverá efeito de multiplicação na economia). Isso acontece, pois diante de um
investimento, serão fornecidos novos postos de trabalho, e esses novos empregados
tenderão a consumir mais, aumento a demanda e aumentando o numero de pessoas
necessárias para produzir ainda mais bens de consumo, surtindo um efeito
multiplicador do investimento, como Keynes chamou. O investimento, como visto
pela fórmula, está ligado a propensão marginal a consumir, então, o multiplicador do
investimento será tanto maior quanto maior for a propensão marginal a consumir, ou
quanto menor for a propensão marginal a poupar
7. Considerando o preço de oferta dos equipamentos de 200,00, período de 10 anos,
rendimentos de 45,00 ao ano e uma taxa de juros (Taxa Mínina de Atratividade TMA) de 10%, encontre a EMgK e mostre se o projeto é viável economicamente.
200 = 45/(1+r) + 45/(1+r)² + ... + 45/(1+r)10 => r = 18,31% (taxa interna de retorno
calculada pela HP: 200 CHS g Cfo => 45 g Cfj => 10 g Nj => 10 I => f PV => f IRR)
Quando a EMgK (ou taxa interna de retorno TIR) for comparada com a taxa oferecida
no mercado financeiro, ela pode ser maior – valendo a pena comprar a máquina
(investir, adquirir o projeto), ou ser menor – melhor aplicar o dinheiro no mercado
financeiro, pois renderia mais. Assim, comparando a EMgK obtida de 18,31% com a
TMA de mercado de 10%, é possível perceber que seria sim rentável adquirir o
projeto, ou seja, comprar os equipamentos.
8. Mostre a importância da EMgK nas decisões de investimento e as implicações dela
no crescimento econômico.
Os investimentos desempenham um papel essencial como função do crescimento
demográfico, das inovações tecnológicas na produção e do incentivo a investir. Ele
depende da taxa de retorno, da eficiência marginal do capital, dos riscos do negócio e
do nível da taxa de juros do setor financeiro. Em relação a EMgK, as flutuações na
taxa de investimento devem-se principalmente a mudanças na série R (série de
rendimentos anuais futuros) e em CR (custo do bem de capital). Nas palavras de
Keynes, “a eficiência marginal do capital é a taxa de desconto que tornaria o valor
presente do fluxo de anuidades das rendas esperadas desse capital, durante toda a sua
existência, exatamente igual ao seu preço de oferta” (ou custo de reposição do capital).
Ou seja, corresponde a uma avaliação que os empresários fazem da taxa dos ganhos
futuros (expectativas dos negócios), com base em investimento efetuado no presente.
Se as expectativas forem favoráveis (taxa de EMgK maior que taxa mínima de
atratividade), predominando o otimismo, novas fábricas serão construídas (aumentam
investimentos) e o nível de emprego crescerá. Os riscos, na medida em que afetam a
taxa de juro dos empréstimos, elevam o custo dos investimentos, afetando a EMgK.
Para Keynes, o ciclo econômico deve de preferência ser considerado como o resultado
de uma variação cíclica na EMgK, embora complicado e frequentemente agravado por
modificações que acompanham outras variáveis importantes do sistema econômico no
curto prazo. Contudo, é muito improvável que todas as flutuações, tanto as do próprio
investimento como as da EMgK, sejam de caráter cíclico.
9. Mostre como se estabelece a armadilha da liquidez em Keynes.
Se o volume de investimento for insuficiente para levar a economia ao pleno emprego,
as autoridades monetárias poderão baixar a taxa de juros recorrendo ao aumento da
oferta monetária, desde que a curva de demanda por moeda não se modifique. Essa
redução da taxa de juros viabilizará muitos outros projetos de investimento, que,
graças ao multiplicador, aumentarão o nível do produto nacional. A taxa de juros cairá
até certo ponto, dependendo do coeficiente angular (ou da elasticidade) da curva de
preferência pela liquidez. Após certa quantidade ofertada, a curva de preferência pela
liquidez tende a se tornar horizontal, significando que um aumento da oferta monetária
já não afeta a taxa de juros. Teoricamente pode acontecer que, a partir de certo nível
bastante baixo, a taxa de juros não seja mais sensível à política econômica (expansão
da base monetária). Esta é uma situação limite em que todos preferirão reter dinheiro,
ninguém arriscará comprar títulos com rendimentos tão baixos. Se esta taxa de juros,
embora muito baixa, for ainda maior que a EMgK, os investimentos particulares não
se efetivarão. Como nenhuma política monetária conseguirá baixar ainda ais a taxa de
juros, surge mais uma razão para que o governo entre na economia como investidor.
10. Como se apresenta (se inicia) a crise capitalista em Keynes?
A crise se inicia no “boom” (superprodução que acaba gerando pressão na economia),
ou seja, há uma pressão de demanda no mercado de fatores. A medida que esse
“boom” progride, surgem dúvidas em relação aos rendimentos futuros devido ao
declínio dos rendimentos correntes, ao mesmo tempo que aumenta CR (custo obtido
para investimento inicial, custo corrente de novos bens de capital) conforme se
investe, e com crescente abundância de bens de consumo, os preços caem (os preços
afetam a série R) e diminui a eficiência marginal do capital (pois esta depende da série
de rendimentos anuais futuros e do custo do bem de capital), gerando desconfiança ao
empresário em relação a não obter o retorno esperado. Assim, os preços das ações
caem, gerando certa crise no mercado de títulos (cujo prejuízo reduz bens de
consumo), aumentando a preferência pela liquidez (deslocando a curva de demanda
por moeda pra cima e com dada oferta, a taxa de juros de equilíbrio aumenta), o que
acaba inviabilizando alguns projetos pela maior taxa de juros. O processo, então,
resulta em crise: houve colapso na eficiência marginal do capital, com geração de
estoques, que acaba aumentando custo de estocagem, que aumenta CR e mais uma vez
diminui a eficiência marginal do capital. Uma vez que os investimentos dependem
dessa eficiência, há uma redução de investimentos, portanto, da demanda agregada e
da renda. Finalmente, será necessária intervenção do governo para tentar ajustar isso.
11. Qual a relação (importância) da preferência pela liquidez na crise?
Aumenta a preferência pela liquidez em crises, por causa de desestabilização no
mercado de títulos (com altos riscos) e por causa do declínio na EMgK (devido aos
rendimentos da série R e do custo corrente dos bens de capital). Ela vai determinar o
deslocamento da curva de demanda por moeda, e, portanto, dependerá dela o novo
nível de aumento da taxa de juros de equilíbrio, ou seja, dependerá dela a inviabilidade
de novos projetos (uma vez que durante a crise o cenário se mostra ruim para retornos
dos investimentos, então passa a se procurar por maior liquidez), o que afeta os
investimentos e renda. Assim, a taxa de juros aparece como um elemento determinante
do investimento, sendo influenciada pela demanda e oferta de moeda e pela
preferência pela liquidez, dados os motivos transação, especulação e precaução.
12. O que ocorre com a EMgK na crise e suas implicações aos novos investimentos?
A eficiência marginal do capital diminui e isso gera desconfiança ao empresário em
relação a não obter o retorno esperado e também aumentam seus custos de novos bens
de capital. Uma vez que os investimentos dependem dessa eficiência, há uma redução
de investimentos (pela insegurança de retorno do empresário e pelo aumento de
estoques), portanto, da demanda agregada e da renda. Por outro lado, a explicação da
crise pode não ser primordialmente uma alta na taxa de juros, mas um repentino
colapso da EMgK.
13. Derive o modelo de Domar.
Objetivo: determinar a taxa de crescimento econômico compatível com o pleno
emprego em uma economia em expansão. Ideia: eliminar o excesso de poupança que
tende a se formar na economia pela insuficiência de demanda efetiva. Questão:
determinar uma taxa de crescimento ideal do investimento que assegure o crescimento
econômico com pleno emprego. O modelo conclui que o investimento precisa crescer
em cada período para manter o crescimento equilibrado, ou seja, o investimento
precisa crescer para absorver esse excesso de poupança e reduzir o desemprego.
Oferta agregada: YS = δI (capacidade produtiva), onde δ = varY/K (inverso da relação
K/Y); no entanto, Domar considera que a economia não pode aumentar de um valor
δI, mas sim de um valor ZI (capacidade “bruta” da oferta/produção), sendo ZI<δI,
onde Z é a produtividade média do potencial social do investimento Y/K. Assim, Ys =
ZI, dando a relação oferta agregada com capacidade produtiva líquida.
Demanda agregada: Yd = Yo + [1/(1-b)].I, onde Yo = demanda autônoma, b = PmgC
(consumir) e (1-b) = s = PmgS (poupar) e 1/(1-b) = 1/s = multiplicador. Para ele, o
crescimento da demanda depende do investimento, e uma variação do investimento
produzirá um efeito multiplicador 1/s na demanda agregada: varYd = (1/s).varI
(demanda adicional). Portanto, para o crescimento equilibrado da demanda, deve
crescer igualmente oferta (ou seja, que a demanda absorva o excesso, ou ainda, que a
demanda agregada esgote a capacidade produtiva): Yd = Ys => (1/s).varI = ZI =>
varI/I = Zs. Para que mantenha ainda o equilíbrio, a taxa de crescimento do
investimento (varI/I) deve ser igual a taxa de crescimento do produto: varI/I = varY/Y,
mas a demanda é Y = (1/s).I (adicionando termos: integrando e dividindo): (varY/Y) =
[(1/s)/(1/s)].(varI/I) => varY/Y = varI/I = sZ.
Conclusão: quanto maior for s e Z (sZ é a taxa encontrada de investimento ideal
suscetível de assegurar crescimento econômico com pleno emprego), maiores têm de
ser a acumulação de capital (varI/I) e a taxa de crescimento do produto (varY/Y), para
manter a economia com pleno emprego. Então, o crescimento com pleno emprego
exige que tanto o produto como os investimentos cresçam a uma taxa constante
período após período.
14. Derive o modelo de Harrod.
Objetivo: determinar a taxa de crescimento econômico compatível com o pleno
emprego em uma economia em expansão. Ideia: eliminar o excesso de poupança que
tende a se formar na economia pela insuficiência de demanda efetiva; o que determina
o investimento planejado, ou seja, o que influencia o desejo de investir do empresário
e quais as condições de realização do pleno emprego no longo prazo. O modelo inclui
as expectativas empresariais na função investimento, colocando em evidência
possíveis divergências entre as taxas efetivas de crescimento e as taxas necessárias
para assegurar crescimento do produto com pleno emprego; e a poupança e o
investimento são planejados e realizados.
Poupança: St = sYt (tanto a poupança planejada como a realizada aparecem como
função da renda corrente do final do período t)
Investimento: Ip = v(Yt – Yt-1), ou seja, são uma proporção constante (v = coeficiente
de aceleração) da variação da renda no período t (quanto maior a taxa de crescimento
da renda ou produto, tanto mais precisará crescer o estoque de capital), onde v =
relação K/Y (duas características: acelerador de crescimento – variação do estoque de
capital provocada por variações do nível do produto; relação de quantidade necessária
de capital para gerar uma unidade de produto). Se a renda não variar, Ip = 0 (ver no
gráfico, por mais que Y seja alto, pode não mais haver variações nele, de modo a
passar o tempo e Y continuar com mesmo valor, sem variação). Portanto, o
investimento não depende do nível do produto/renda, mas sim da sua variação
(expectativas). Para que haja crescimento com equilíbrio é necessário que o
investimento e a poupança (realizados – taxa garantida de crescimento, suficiente para
esgotar a capacidade produtiva, ou seja, utilização da plena capacidade para que haja
pleno emprego) cresçam a mesmas taxas: s.Yt = v(Yt – Yt-1) => varYt/Yt = s/v (se s/v
= ge, significa que a economia crescerá a uma taxa garantida de pleno emprego). Se
gt>ge = superprodução/inflação (taxa efetiva de crescimento da renda superior a taxa
necessária); se gt<ge = deflação/depressão. Se Yt>Yt-1, aumentam os investimentos,
que aumentam a relação K/Y; se Yt = Yt-1, não há variação nos investimentos e, assim,
K/Y se mantém constante.
Conclusão: qualquer variação do produto acelera a demanda por bens de capital, ou
seja, quanto maior a taxa de crescimento do produto, tanto maior será o ritmo da
acumulação de capital. Para que o crescimento se efetue com pleno emprego, o
produto deverá crescer a uma taxa garantida s/v (“ritmo de crescimento com o qual
todas as partes ficam satisfeitas, por terem produzido nem mais, nem menos a
quantidade justa”, ou seja, a poupança e o investimento planejados permanecem
iguais).
15. Mostre a convergência entre os modelos de Harrod e Domar.
Domar: Ys = ZI e Yd = (1/s).varI => varI/I = sZ e varI/I = varY/Y => sZ = varY/Y =>
Z = Y/K = [1/(K/Y)]
Harrod: St = s.Yt e It = v.varYt => varYt/Yt = s/v (v = K/Y)
Convergência: se varI/I = sZ = varY/Y (Domar) e varYt/Yt = s/v (Harrod), então sZ =
s/v => s[1/(K/Y)] = s/(K/Y) => s = [s/(K/Y)].(K/Y) => s = s
Conclusão: tanto a taxa de crescimento da renda, como a dos investimentos, dependem
diretamente da propensão a poupar e, inversamente, de uma relação capital-produto
constante. Ambos os modelos vislumbram dificuldades para estabelecer o crescimento
com pleno emprego no longo prazo; no caso de Domar, mais por questões
tecnológicas (impossibilidade técnica de utilizar a capacidade plena), do que por
problemas de rigidez dos preços dos fatores, como em Harrod.
16. Utilizando-se
do
modelo
de
Arthur
Lewis,
explique
como
os
países
subdesenvolvidos poderiam chegar a serem desenvolvidos e aponte como isso é
possível, sem reduzir a quantidade do produto no setor de subsistência.
Lewis parte de uma análise feita sobre a possibilidade de uma oferta de mão de obra
não qualificada ilimitada (em países onde a população – camponeses, domésticos,
famílias numerosas, mulheres – é tão numerosa em relação a capital e recursos
naturais, e há aumento da maquinaria substituindo homens), onde o salário é em nível
de subsistência, e suas implicações sobre o crescimento dos países subdesenvolvidos.
Assim, ele sugere que é possível aumentar a produção sem que se verifique escassez
no mercado de trabalho e sem nenhum limite aos níveis de salário. Por isso é possível
o setor capitalista, o que fomenta o crescimento, atrair esses trabalhadores com
facilidade, diante de salários maiores que nos setores de subsistência. Também se
torna fácil a expansão industrial no sentido de ter mão de obra ilimitada disponível.
Em suma, é possível observar o setor capitalista (SC), dinâmico e que provoca
crescimento, e o setor de subsistência (SS), com abundância de mão de obra que será
gradativamente transferida para SC. (DESENHA O GRÁFICO 1 e 2 do caderno de
PMg versus TRABALHADORES AQUI). Os salários devem ser relativamente
maiores no SC, porque o custo de vida desse setor é mais elevado; porque existem
mudanças nos hábitos e gostos; e por existência de sindicatos. Pela existência de oferta
ilimitada de mão de obra e pela transferência dos trabalhadores do SS para o SC, esses
baixos salários (que não se modificam mesmo com aumento do emprego nesse setor,
graças a baixa produtividade marginal) vão contribuir nos lucros e, haja a vista que os
capitalistas tendem a acumular (e quem poupa consegue maior lucro, renda), serão
realizados reinvestimentos por parte destes. Esses reinvestimentos (dos lucros
excedentes) propiciam novas máquinas e tecnologias, o que contribui para o aumento
do PMg do trabalhador. Já nos setores de subsistência, ainda que tenham seu número
de trabalhadores reduzidos, eles tenderão a não ter decréscimo em seus níveis de
produção, pois a PMgL neste setor é próxima de 0 ou mesmo negativa o que denota
uma elevação de PMg sob esta tendência de diminuição de mão de obra. Em suma, a
chave do processo de expansão econômica é a utilização que se faz do excedente
capitalista. Na medida em que este é reinvestido a fim de criar novo capital, o setor
capitalista se amplia, transferindo-se maior número de indivíduos do SS para o SC. O
excedente torna-se então ainda maior, a formação de capital aumenta ainda mais e
assim o processo continua ate que desaparece o excedente de mão de obra.
17. Como Rostow analisa o processo de crescimento/desenvolvimento das economias?
Rostow, historiador econômico, propõe uma alternativa a teoria de Karl Marx sobre a
história moderna, onde o crescimento/desenvolvimento de uma economia se dá em
etapas, na qual o subdesenvolvimento é um estágio (etapa) do desenvolvimento. Essas
etapas são: a sociedade tradicional, o período das precondições para o arranco, o
arranco, a marcha pra maturidade e o período de difusão maciça de produtos duráveis
de consumo e serviços, para além do consumo em massa. Essas etapas podem ser
observadas em diferentes regiões e épocas. Cada país/sociedade pode estar em uma
fase diferente, ou em fases concomitantes, no momento entre a transação de fases. E
cada fase tem características específicas. As etapas possuem uma lógica e uma
continuidade de interiores, têm um arcabouço analítico, enraizado numa teoria
dinâmica da produção.
18. Apresente os elementos principais de cada uma das etapas propostas por Rostow?
Etapa 1: A Sociedade Tradicional: Nesta etapa a estrutura se expande dentro de
funções de produção limitadas (o crescimento é lento por causa da maquinaria
envolvida), pois a tecnologia não está disponível. Existe um teto no nível do volume
de produção per capita. Esse teto se originava do fato de as potencialidades inerentes a
ciência e a tecnologia modernas não estarem ainda disponíveis ou não serem regular e
sistematicamente aplicadas. Devido à limitação de sua produtividade, tinha de dedicar
uma proporção extremamente elevada de seus recursos a agricultura; desse sistema
agrícola, originava-se uma estrutura social hierarquizada, os vínculos de família e de
clã exerciam importante papel na organização social. A população e o nível de vida
subiam e desciam de acordo com colheitas, guerras, pragas, etc. Esse sistema é
conhecido como fatalista a longo prazo (não há perspectivas de mudanças para as
gerações futuras), onde o homem não manipula a ciência a seu favor (dinastias
chinesas, civilização do oriente médio e mediterrâneo, Europa medieval).
Etapa 2: As precondições para o Arranco: É a segunda etapa do desenvolvimento. Este
é o período em que as precondições para o arranco se estabelecem, na qual a sociedade
vai sendo transformada e moldada. A ciência moderna passa a ter novas funções de
produção, tanto da agricultura quanto da indústria, num ambiente dinamizado pela
expansão paralela dos mercados mundiais e pela concorrência internacional por estes.
Este período não surge endogenamente, mas provido de uma intromissão externa de
sociedades mais adiantadas, dissemina-se a ideia e progresso econômico, a educação
amplia-se (para alguns). Surge a ideia de que é possível o progresso econômico e ele é
benéfico a toda sociedade; afasta-se a hipótese de rendimentos decrescente de escala;
desfruta-se da acumulação dos juros compostos; expandem-se mercados mundiais
aumentando a intromissão de sociedades mais avançadas; os níveis educacionais se
elevam para atender as necessidades da nova atividade econômica; surgem novos
homens de negócio dispostos a correr riscos, instituições bancárias; poder politico
passa dos latifundiários para os comerciantes; mais investimento em infraestrutura.
Etapa 3: O Arranco: Nesta etapa a resistência ao desenvolvimento são superadas.
Houve não só acumulação de capital social fixo e um surto de evolução tecnológica da
indústria e da agricultura, mas também o acesso ao poder político de um grupo
preparado para encarar a modernização da economia como assunto sério e do mais
elevado teor político. Há novas indústrias e se expandem rapidamente, dando lucros
que são reinvestidos. E são utilizados recursos naturais e métodos de produção até
então aproveitados. Difundem-se novas técnicas agrícolas ou industriais. As antigas
obstruções e resistências foram superadas; as forças do processo de crescimento se
dilatam; o progresso técnico explica o inicio do arranco; os capitais importados com
grandes participações nos investimentos; elevam-se as taxas de investimentos; novas
indústrias se expandem, dando lucros e reinvestindo; mudança no aparelho politico/
institucional (cultural) no sentido de favorecer o crescimento; difundem-se novos
métodos e técnicas de produção na agricultura (se moderniza para ter uma oferta boa
que mantenha preços baixos evitando aumento de preços da cesta do trabalhador,
proporcionando altos lucros) e indústria.
Etapa 4: A Marcha para a Maturidade: (etapa mais longa) A etapa da Marcha para a
Maturidade é quando a tecnologia moderna fica toda a frente da atividade econômica.
A economia passa a produzir bens que anteriormente não eram produzidos. É a etapa
em que a economia demostra capacidade de avançar para além das indústrias que
inicialmente lhe impeliram o arranco e para absorver e aplicar eficazmente num
campo bem amplo de seus recursos. A economia demonstra que possui aptidões
técnicas e organizacionais para produzir não tudo, mas qualquer coisa que decida
produzir. A sociedade procura disseminar a tecnologia moderna a todas as atividades
econômicas; a economia encontra-se globalizada, com seu lugar no cenário
internacional; novas demandas por exportação e importação; instituições moldadas
para o crescimento; a economia possui capacidade para avançar além das indústrias
que iniciaram o processo; a economia possui aptidões técnicas e organizacionais para
produzir o que desejar. São necessárias três gerações (mais ou menos 40 anos) do
inicio do arranco ao final da maturidade.
Etapa 5: A Era do consumo em massa: Nesta etapa os setores líderes se transferem
para os produtos duráveis de consumo e os serviços. A renda real por pessoa elevou-
se a um ponto em que maior número de pessoas conseguiu, como consumidores,
ultrapassar as necessidades mínimas de alimentação, habitação e vestuário; a estrutura
da força do trabalho modificou-se de maneira tal que não só aumentou a produção da
população urbana em relação a total, mas também a de trabalhadores em escritórios ou
como operários especializados. É nesta fase ainda que os processos políticos decidem
atribuir recursos cada vez maiores a assistência social. Os recursos, nesta etapa,
tendem cada vez mais a ser dirigidos para a produção de artigos de consumo durável e
a difusão dos serviços em massa. Os setores líderes se transferem para a produção de
bens duráveis de consumo e serviços; a renda se eleva a um nível que permite aos
consumidores ultrapassarem suas necessidades mínimas de alimentação, habitação,
vestuário; população urbana aumenta; recursos são destinados ao bem-estar social.
Para além do consumo: a partir disso fica difícil fazer previsão. Família
Bruddenbrooks: 1ª geração da família procurava fortuna; 2ª geração afortunada
procurava posição social e cívica; 3ª geração buscava-se realizar na música. Podem
surgir novas formas de satisfação!
19. Quais as diferenças entre os conceitos de indústria motriz e indústria-chave?
Para Perroux, uma indústria motriz é aquela que tem a capacidade de, ao elevar suas
vendas, elevar também as vendas de outras (movidas), ou seja, o aumento de vendas
das indústrias motrizes pode, portanto, resultar de uma expectativa dos efeitos gerados
sobre as indústrias movidas. São indústrias que chamam a atenção, são grandes
(formam um complexo de indústrias), com taxas altas de crescimento e estão
associadas ao ciclo do produto. A indústria chave é aquela que introduz na totalidade
de um conjunto, por exemplo de uma economia nacional, um acréscimo global nas
vendas de outros muito mais do que seu próprio crescimento (acréscimo).
20. Como se analisa a ação exercida de uma indústria motriz sobre outra?
Há uma situação em que os lucros de uma firma são uma função não apenas de suas
vendas e compras no mercado de fatores, mas também das vendas e compra de outras
firmas. Isso é a dinâmica de encadeamento, por exemplo, a loja de pneu vende pneu se
a fábrica de carros vender carros e possuir certa demanda. As firmas podem estar
ligadas pelas vendas de bens e serviços e pelas compras no mercado de fatores e, uma
vez que estes elementos dependem das técnicas e suas mudanças, estão também
ligadas por elas. Ou seja, a indústria motriz determina lucros em outras indústrias, e
são os lucros o motor do crescimento capitalista. Isso põe em evidência a diferença
entre o investimento de uma firma e o investimento cujo volume e natureza são
decididos tendo em vista “outros” lucros (a movida investe conforme lucro da motriz,
em vez de investir conforme seus próprios lucros).
21. Como se exerce a ação de uma indústria motriz sobre outra sobre o produto
global da economia?
O nascimento de uma indústria é sempre fruto de uma expectativa. O projeto vai
depender da amplitude de seu horizonte econômico. Se todos os fatores empregados
forem ociosos e se a criação não acarretar prejuízos para nenhum outro setor, o
produto da indústria irá representar um aumento liquido sobre o produto global da
economia. Uma nova indústria na economia pode afetar o produto global, e essa ação
pode ser observada: 1) pela sua participação própria (%) sobre o produto global, ou
seja, a dimensão de seu produto no produto global, e 2) pela adição de produto que ela
induz em seu ambiente. As novas indústrias provocam encadeamentos significativos: a
inovação, seguida das imitações, tem efeito “desestabilizante”, pois introduz variáveis
diferentes e ou suplementares no horizonte econômico e nos projetos dos agentes
dinâmicos.
22. Quais são os elementos do complexo de indústrias e crescimento e quais suas
características essenciais?
Ao dizer “complexo de indústrias”, não significa simplesmente a presença de várias
indústrias em comunicação umas com as outras, mas, sim, significa introduzir a
análise de três elementos: 1) a indústria chave, que introduz na totalidade de um
conjunto da economia um acréscimo global nas vendas de outros mais do que seu
próprio acréscimo (indústrias de matéria prima, energia, transporte), 2) o regime não
concorrencial do complexo, que promove a capacidade de uma empresa oligopolista
ou monopolista gerar desestabilização, por ser representado por uma combinação de
formas oligopólicas, onde há uma luta, com conflitos de eliminação e subordinação
(que levam à desestabilização, constituindo surtos de crescimento), porém, também
podendo haver alguma forma de cooperação, e 3) a aglomeração territorial, que
adiciona suas consequências específicas à natureza da atividade (indústrias-chaves) e
ao regime não concorrencial do complexo, concernindo proximidade e contatos
humanos à intensificação de atividades econômicas; essa aglomeração industrialurbana provoca tipo de consumidores com padrões de consumo diversificados,
necessidades coletivas (habitação, transportes, serviços públicos), ou seja, essas
aglomerações conectadas provocam mudanças de longo alcance, mutualmente se
influenciam, criam suas tradições; assim, quando se inicia o declínio de um polo, as
consequências são sentidas em suas proximidades.
23. Como ocorre a transmissão do desenvolvimento na visão de Hirschmann?
O progresso econômico não se manifesta em toda a parte ao mesmo tempo, havendo
crescimento em polos, como afirma Perroux. Uma economia, para atingir níveis de
renda mais elevados, precisa promover primeiro, no seu próprio âmbito interno, um ou
vários
centros
regionais
de
força
econômica.
No
sentido
geográfico,
o
desenvolvimento é necessariamente não equilibrado, e o progresso em um ponto
determina pressões, tensões e compulsões no sentido do desenvolvimento em pontos
subsequentes. A necessidade da emergência de pontos ou polos de desenvolvimento
indica que a desigualdade internacional e inter-regional do crescimento é condição
concomitante e inevitável do próprio desenvolvimento. A capacidade ou tendência do
desenvolvimento de se expandir em volta de um subgrupo/região/país por muito
tempo, enquanto o atraso impera em qualquer outra parte, foi muitas vezes observada:
se essa tendência se manifesta em torno de limites geográficos nitidamente
demarcados, o resultado é a divisão do mundo em países desenvolvidos e
subdesenvolvidos, sendo que há uma sensação de superioridade em relação aos
desenvolvidos. As economias externas, devidas aos polos, são asseguradamente
superestimadas pelos operados econômicos. Assim, os grupos e regiões bem sucedidos
procuram proclamar a sua superioridade sobre o resto do país. À proporção que isso
acontece, um clima essencialmente propício ao desenvolvimento futuro, efetivamente,
se estabelece nos setores ou regiões que avançaram. Sucessivas gerações de maior
talento percorreram carreiras de maior prestígio numa sociedade tradicional, e essa
situação pode levar novamente a agrupar o investimento em volta do polo de
desenvolvimento inicial, o que é benéfico para a consolidação do desenvolvimento
econômico a princípio.
24. Quais são os efeitos fluentes e de polarização apontados pelo autor acima?
Hipótese: região Norte (região que tem se desenvolvido) e Sul (região que permaneceu
em atraso). O desenvolvimento do Norte apresentará uma série de repercussões
econômicas diretas sobre o Sul, algumas favoráveis e outras adversas. As favoráveis
são efeitos fluentes do progresso nórdico (intensificação das pesquisas e investimentos
do Norte no Sul, ou o Norte absorver alguns dos desempregos dissimulados do Sul e,
com isso, aumentar a PMgL e os níveis de consumo do Sul), e as adversas ou
desfavoráveis são efeitos de polarização (concorrência com o Norte que provoque
depreciação nas atividades do Sul, pode ocorrer êxodo de profissionais mais
qualificados, empreendedores, e valores intelectuais, o que representa uma perda para
o Sul e ganho ao Norte, inerente ao contato entre eles, até que haja industrialização no
Norte e, no Sul, exportação de bens primários).
25. Qual a importância do estado e, em que medida ele pode contribuir no processo
de desenvolvimento?
Há um grau de inelasticidade da oferta de produtos primários (do Sul) e isso causa
alguns efeitos: elevação dos preços, redução da dinâmica do Norte e o Norte buscar
outros fornecedores. Estes tipos de ineficiências conduzem para a necessidade de
políticas públicas. Ou seja, se os efeitos de polarização forem maiores que os fluentes,
o governo deve tentar corrigir tal situação, afetando os índices de desenvolvimento,
via três formas de distribuição de recursos (verbas de investimentos) públicos: 1)
Dispersiva – são decisões difíceis, pois os governantes desejam “agradar” o maior
numero de pessoas possíveis (com votos para perpetuar no poder, por exemplo), mas
estes governantes não têm capacidade nem desejo de hierarquizar propriedades, e essa
forma dispersiva encontra explicação nas inúmeras carências, ou seja, se traduz em
vários pequenos projetos (em vez de uma obra espetacular, como diz o autor), nos
quais muitas vezes não há escassez de recursos, mas, sim, falta de “bons projetos”; 2)
Concentração em áreas de cultivo – resulta no considerável aumento do quantum total
de fundo necessário ao investimento público em relação às áreas de desenvolvimento
espontâneo, ou seja, com o desenvolvimento de certas regiões, surgem demandas por
transporte, saúde, habitação, portos, dentre outros; 3) Investimentos que tentam
promover regiões e áreas atrasadas – tentativa de levar a flama do desenvolvimento a
áreas até então estagnadas, através do investimento público autônomo, ou seja,
identificar regiões pobres e seus potencias de crescimento e geração de renda,
promover incentivos para tais regiões, para tentar contrabalancear com relação a outra
região menos atrasada.
26. Quais são os argumentos favoráveis de uma transmissão internacional?
O desenvolvimento pode-se transmitir mais facilmente de uma nação a outra, que
entre regiões de um mesmo país, mesmo que haja diferentes níveis de
desenvolvimento. A tese favorável ao separatismo demonstra que os efeitos
polarizadores são menos prejudiciais aos países que as regiões entre si. No âmbito de
um país, a mobilidade de fatores pode ser altamente prejudicial para o Sul; também, o
efeito de concorrência do Norte em relação ao Sul virtualmente não se manifesta em
países independentes, pois os Estados estabelecem a concorrência nos mercados
internacionais na base da vantagem relativa ou comparativa, e as regiões no âmbito
interno do país na base da vantagem absoluta. Ainda, há a capacidade de se proteger
melhor por meio de políticas nacionais que regionais (pequenas tarifas). O ideal é ter
ótimos arranjos institucionais que favoreçam ser ora um país, ora uma região.
27. Quais são os argumentos favoráveis de uma transmissão interregional?
Não se pode esperar que a transmissão interregional do desenvolvimento siga um
curso sereno, pois está cercada de obstáculos. A tese da cessão da soberania afirma
que, como os efeitos de polarização serão mais forte quando não tiverem fronteiras
para atravessar, assim também serão os efeitos fluentes. Ou seja, os efeitos fluentes
serão menores entre países que entre regiões. O progresso do Norte incitaria a
pesquisas e investimentos no Sul. É mais provável haver pressões internas sobre o
governo em relação ao interesse geral, que esperar a colaboração entre nações para
solucionar problemas alheios. O ideal é ter ótimos arranjos institucionais que
favoreçam ser ora um país, ora uma região.
28. O que o texto do Myrdal que dizer com o “grande despertar”. Apresente seus
argumentos.
Segundo Myrdal, o Grande Despertar é a aspiração ao desenvolvimento econômico e à
independência nacional, por parte dos países pobres. A II Guerra Mundial contribuiu
para a eliminação de muitas estruturas de controle que mantinham o sistema de poder
estabelecido no mundo e um dos seus resultados foi a liberação de muitos povos
submetidos ao domínio colonial. Porém a característica importante do novo
nacionalismo, suscitado por esse processo, é os povos reivindicando não só a
liberdade, como igualdade de oportunidades relativamente a outros povos, além de
melhoria nas condições de vida. O Grande despertar acontece, pois os países pobres
refletem que: a) os povos dos países subdesenvolvidos estão cada vez mais
conscientes dessas enormes desigualdades internacionais e do perigo de que
continuem a aumentar; b) estes povos tendem a atribuir parte de sua pobreza, como
responsabilidade do resto do mundo, e em especial, aos países prósperos, ou melhor,
atribuem ao sistema econômico mundial que os mantém tão pobres, enquanto outras
nações são tão ricas e se tornam cada vez mais ricas.
29. O que é e quais exemplos que Myrdal usa para explicar e justificar seu
“princípio”?
Para Myrdal, o conceito envolve, naturalmente, uma constelação circular de forças,
que tendem a agir e a reagir interdependentemente, de sorte a manter um país pobre
em estado de pobreza. Então o princípio de Myrdal é que as coisas tendem a agir e
reagir, e provocar uma nova ação e reação. Para justificar-se, ele apresenta alguns
exemplos, que se seguem: O primeiro exemplo trata a seguinte maneira um homem
pobre: “Um homem pobre talvez não tenha o bastante para comer, sendo subnutrido;
Sua saúde será fraca; Sendo fraco, sua capacidade de trabalho será baixa, o que
significa que será pobre o que por sua vez, implica dizer que não terá o suficiente para
comer. E assim por diante”. Uma situação dessas aplicada a todo um país significa
para Myrdal, que um “país é pobre por que é pobre.” Outro exemplo é a frase norteamericana “nothing succeeds like success” e “nothing fails like failure”. Mais um
exemplo é a citação da bíblica: Porque àquele que tem lhe será dado, e terá em
abundância; mas ao que não tem, até aquilo que tem ser-lhe-á tirado. (Mateus 25,
14-30).
30. Explique a contra argumentação de um equilíbrio instável no modelo de Myrdal.
Myrdal parte do ponto de que a noção de equilíbrio estável é normalmente uma falha
analógica que se estabelece quando se formula a teoria que visa a explicar a mudança
no sistema social. O autor diz que o que está errado, ao se aplicar a hipótese do
equilíbrio estável à realidade social, é a própria ideia de que o processo social tende a
uma posição que se possa descrever como estado de equilíbrio entre forças. Por trás
dessa ideia, encontra-se outra hipótese, ainda mais fundamental, de que a mudança
tende a provocar reações que operam em sentido oposto ao da primeira mudança. A
ideia que pretende expor é a de que, ao contrário, em geral não se verifica essa
tendência à auto estabilização automática do sistema social. O sistema não se move
espontaneamente, entre forças, na direção de um estado de equilíbrio, mas,
constantemente, se afasta dessa posição. Em geral, uma transformação não provoca
mudanças compensatórias, mas antes, as que sustentam e conduzem o sistema, com
mais intensidade, na mesma direção da mudança original. Em virtude dessa causação
circular, o processo social tende a tornar-se acumulativo e, muitas vezes, a aumentar,
aceleradamente, sua velocidade. Exemplo: homem pobre não tem o bastante para
comer, é subnutrido, com saúde fraca, não tem boa capacidade de trabalho, então é
pobre. Há estabilidade ou instabilidade, dinâmica do processo instável. Primeiro
explica principio da causação circular, exemplo da doença e pobreza circulo vicioso.
De certo modo, ele critica a economia naturalmente tender ao equilíbrio, na verdade
não existe mecanismo de auto equilíbrio, pois o sistema é instável. Qualquer fato que
ocorre desencadeia efeitos retroalimentados (forças geram novas forças), sendo efeitos
propulsor/progressivos ou regressivos. A economia nunca é estável, mas no máximo
em repouso.
31. Quais são as tendências quanto a desigualdades econômicas regionais em países
ricos e pobres?
Myrdal sugere que princípio da interdependência (causação) circular dentro do
processo de causação acumulativa tem validade em todo campo das relações sociais.
Esta deve ser a principal hipótese a considerar no estudo do subdesenvolvimento e do
desenvolvimento econômico. Myrdal supõe um exemplo, no caso de um fechamento de
uma fábrica. Caso a fábrica fosse fechada, os trabalhadores perderiam o emprego, e isto
resultaria na diminuição das rendas e de demandas. Isso acarretará perda de emprego e
renda em outros setores da comunidade. Desencadeia-se, assim, um processo de
causação circular com efeitos que se acumulam a feição de um “circulo vicioso”.
Myrdal também considera que o jogo das forças do mercado opera no sentido da
desigualdade. Um processo acumulativo do mesmo caráter geral, descendente ou
ascendente, será também provocado por uma transformação nos termos de intercambio
de uma comunidade ou de uma região, quando a mudança é grande e suficientemente
persistente, ou por qualquer outa que resulte em acréscimo ou decréscimo substancial
nas quantidades econômicas inter-relacionadas: demanda, poder aquisitivo e rendas,
investimentos e produção. A ideia é que o jogo das forças de mercado tende, em geral,
a aumentar e não diminuir as desigualdades. Portanto para os ricos, há o efeito
propulsor e para os pobres, há o efeito regressivo.
32. O que pode se dizer sobre a lógica dos efeitos propulsores de Myrdal?
Há duas correlações neste trabalho. A primeira menciona que, na Europa Ocidental, as
disparidades de renda entre uma região e outra são muito maiores nos países mais
pobres do que nos mais ricos. A segunda conclusão é a de que, enquanto as
desigualdades regionais vêm diminuindo nos países mais ricos da Europa ocidental,
ocorre a tendência contrária nos países mais pobres. Grande parte da explicação dessas
duas largas correlações se encontra no importante fato de que quando mais alto o nível
de desenvolvimento que um país alcançar, tanto mais fortes tenderão a serem os
“efeitos propulsores”. A neutralização dos “efeitos regressivos”, quando um país
alcança alto nível de desenvolvimento, refletir-se-á no desenvolvimento econômico e
se tornará, assim, fator importante do processo acumulativo. A livre força de mercado
tem poder de conduzir as desigualdades; são as Leis de Subdesenvolvimento.
33. Quais as características do Estado Estacionário de Schumpeter?
(GRÁFICO) Para o Estado Estacionário, ou a teoria do fluxo circular, têm-se algumas
premissas: esse fluxo circular é estável; há propriedade privada, livre empresa, com
concorrência livre e pura, ausência de incerteza; não há mudanças significativas,
apenas adaptativas; a função de produção é rígida, no máximo há um deslocamento ao
longo da função; as mudanças são frutos de guerras, pragas, terremotos, clima, dentre
outros nesse sentido; nesses momentos de adaptação ou fricção surgirão as quase
rendas. Concernente à tendência do sistema econômico para a posição de equilíbrio,
cuja premissa baseia-se no fluxo da renda que como uma circulação sanguínea (F.
Quesnay) que sofre transformações dentro de um limite dentro de um curso
tradicional, pelos mesmos canais.
34. O que são “quase renda” no Estado Estacionário de Schumpeter?
No fluxo circular não há inovações, portanto, não pode haver lucro. O que se é gerado
nesse Estado Estacionário, portanto, são as quase-renda marshallianas (Wind fall
Gains). Elas vão surgir nos momentos de adaptação/fricção, com mudanças
ocasionadas por condições naturais ou nos dados sociais não econômicos como:
guerras, pragas, mudanças nas politicas comerciais, social ou econômica, gosto dos
consumidores, pois se trata da vida econômica modificando seus próprios dados de
tempos em tempos.
35. O que é a Inovação para Schumpeter e quais seus exemplos?
Produzir outras coisas, ou as mesmas coisas com método diferente, ou seja, são as
novas combinações de matérias e forças, um processo de mutação industrial. Ela
conduz a empresa a um maior grau de eficiência, mas é um monopólio temporário, por
causa dos imitadores. A inovação pode ser observada a partir de cinco exemplos ou
focos: 1) Introdução de um novo bem/produto – um bem com que os consumidores
ainda não estejam familiarizados, que difere no aspecto ou na qualidade; 2) Introdução
de um novo método de produção/comercialização – um que não tenha sido testado
pela experiência no ramo próprio da indústria de transformação, sob a perspectiva de
um rearranjo no interior da firma (“mergulha dentro da firma”); 3) Abertura de um
novo mercado – um mercado em que um ramo particular da indústria de
transformação de um país ainda não tenha entrado, quer tivesse existido este mercado
antes ou não; 4) Conquista de uma nova fonte de oferta de matérias-primas – ou de
bens semimanufaturados, independentemente da anterior existência dessa fonte; 5)
Estabelecimento de uma nova forma de organização industrial – como a criação de
uma posição de monopólio, em relação a perspectiva de como a indústria está
estruturada (“olhando de cima da firma”).
36. Como pode ser entendido o processo de mutação no sistema capitalista para
Schumpeter?
A inovação é um processo de mutação industrial. Há uma revolução na estrutura
econômica, destruindo incessantemente a antiga, criando incessantemente uma nova,
ou seja, é um processo de destruição criadora. Em uma economia capitalista as novas
combinações significam a eliminação das antigas pela concorrência, que os indivíduos
decaem e ascendem na sociedade. Nascem empresas, morrem empresas, seleção
natural, o mais forte sobrevive (Darwin). É uma contínua destruição do velho pelo
novo.
37. Como se define empresário na abordagem Schumpeteriana e quais são suas
características?
Empresário são os indivíduos cuja função é realizar novas combinações. Será um
empresário, e não apenas um administrador, quando levar a cabo novas combinações,
mas tende a perder tal posição assim que tiver montado seu negócio, isto é, é raro
alguém permanecer na posição de empresário por muito tempo. No geral, eles têm
iniciativa, autoridade ou previsão. Um homem de negócios, dirigente de empresas,
gerentes, que simplesmente podem operar um negócio estabelecido não serão
empresários se não realizarem novas combinações. A função essencial do empresário
quase sempre aparece misturada com outros tipos de atividade, que geralmente são
muito mais importantes que o essencial. Os empresários são um tipo especial: a força
motriz de um grande número de fenômenos significativos. A personalidade do
empresário inovador conduz os meios de produção por novos canais. Ele deve
impressionar apenas ao banqueiro (capitalista) que irá financia-lo comprando seus
serviços e usando-os como bens entender. Além disso, quem possuirá o dinheiro ou
crédito necessário para tais realizações serão os capitalistas.
38. Como o fenômeno do desenvolvimento pode ser realizado?
Desenvolvimento são apenas as mudanças da vida econômica que não lhe forem
impostas de fora, mas que surjam de dentro, por sua própria iniciativa. São mudanças
espontâneas e descontinuas nos canais do fluxo circular (onde se inicia o processo),
perturbando o equilíbrio, que alteram e deslocam para sempre o estado de equilíbrio
previamente existente. Todo processo de desenvolvimento cria os pré-requisitos para o
desenvolvimento seguinte. Via de regra, é o produtor que inicia a mudança econômica,
e os consumidores são educados por ele se necessário, são ensinados a querer coisas
novas. Apesar de ser permissível e ate necessário considerar as necessidades dos
consumidores como uma força fundamental na teoria do fluo circular, deve-se tomar
uma atitude diferente quando analisa a mudança. Desenvolvimento é então definido
pela realização de novas combinações de forma descontínua.
39. Qual a relação entre crédito, capital e o empresário inovador?
A obtenção dos meios de produção é um problema especial das empresas
estabelecidas que trabalham dentro do fluxo circular, pois elas já obtiveram esses
meios ou então podem obtê-los comumente com o lucro da produção anterior. Porém,
no geral, a regra é que o possuidor da riqueza, ou o empresário inovador, deve recorrer
ao crédito se desejar realizar uma nova combinação que não pode, como numa
empresa estabelecida, ser financiado pelos retornos da produção anterior. São os
capitalistas que fornecem esse crédito. O crédito é primariamente necessário às novas
combinações. A personalidade do empresário inovador conduz os meios de produção
por novos canais. Ele deve impressionar o banqueiro (capitalista) que irá financia-lo
comprando seus serviços e usando-os como bens entender. Diante do crédito,
possibilitando as novas combinações, quando o empresário inovador colocá-las no
mercado, haverá ganhos de capital com esse novo produto. Em suma, para realizar os
empreendimentos (realização de novas combinações), os empresários inovadores (que
realiza essas novas combinações) precisam de crédito, e quem fornece esse
crédito/recurso são os capitalistas (bancos, acionistas). Há um ambiente incerto, e,
portanto, exige características qualitativas para a melhor tomada de decisão com o fim
de se obter ainda mais capital. O empresário é um devedor típico, e o capitalista é um
credor típico: o capital será o fundo de poder de compra, e o capitalista será definido
pela função do capital.
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