UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ - UEM CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS - CSA DEPARTAMENTO DE ECONOMIA - DCO DISCIPLINA: DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO PROF. ANTONIO CARLOS DE CAMPOS LISTA DE EXERCÍCIO - 2012 1. Qual o conceito de desenvolvimento econômico na visão de Bresser Pereira? Para Bresser, desenvolvimento econômico é um processo de transformação econômica, política e social, aumentando o padrão de vida da população (de acordo com um conjunto de valores desejados e alcançados por uma sociedade), tornando-o automático e autônomo. Não é possível um desenvolvimento setorizado (apenas econômico, apenas político ou apenas social), pois deve haver modificações de caráter social e político globais, em que as estruturas econômicas de um país sofram contínuas e profundas transformações. Portanto, um sistema social é constituído de relações (interdependentes) tanto econômicas como sociais e políticas, e tem como resultado mais importante e direto o crescimento do padrão de vida da população, que tenha tendência a ser automático, autônomo e necessário. O autor relaciona o desenvolvimento à supremacia da indústria. Juntamente com outros autores, argumentou que para observar se houve desenvolvimento deve responder a três questões de forma positiva, pois desenvolvimento é considerado como um conjunto de valores desejados e alcançados por uma sociedade, algo subjetivo. “O que tem ocorrido com a pobreza, o desemprego e a desigualdade?” 2. Diferencie crescimento e de desenvolvimento econômico. Crescimento é a variação positiva do produto, ou seja, seu crescimento ao longo do tempo. Desenvolvimento remete à ideia de evolução, melhoramento econômico, ou seja, um processo envolvendo mudanças econômico-sociais, até mesmo tecnológicas, envolvendo mudanças qualitativas na vida das pessoas, nas instituições e nas estruturas produtivas. Segundo Souza, a ideia é a de que o crescimento econômico, distribuindo diretamente a renda entre os proprietários dos fatores de produção, engendra automaticamente a melhoria dos padrões de vida e o desenvolvimento da população. 3. O que pode afastar o estado estacionário em Keynes? Estímulos aos investimentos por parte do governo, até mesmo políticas fiscais expansionistas, como aumentar seus próprios gastos em investimentos públicos. Também, políticas monetárias por parte do governo, caso não a economia não esteja em uma armadilha da liquidez. Portanto, políticas econômicas governamentais para manter economia e a renda numa situação de quase-boom, para poder afastar esse Estado Eestacionário. 4. Qual é o problema fundamental de Keynes? Ou seja, o que ele queria entender? O autor centrou sua análise na abordagem macroeconômica do pleno emprego, nos fatores do crescimento do investimento e nos seus impactos sobre a renda e o emprego. A crítica de Keynes, de acordo com Schumpeter: “as pessoas não gastam sua renda total em consumo e não investem o resto necessariamente, impedindo o caminho em direção ao pleno emprego”. Assim, o tema central de sua análise passa a ser o estudo das causas das flutuações da produção, da renda e do emprego. Portanto, sua preocupação básica era determinar os principais fatores responsáveis pelo emprego, numa economia industrial moderna, e, ao apontar tais fatores, surgirão também as causas do desemprego. Este era o grande problema da época e um dos pontos fracos do sistema capitalista. Porém, o emprego anda ligado à produção e à renda, por isso estudar o nível de emprego é o mesmo que estudar o nível da renda ou da produção nacional. E diante dessas análises, Keynes destaca a importância da demanda efetiva para as variações nos investimentos, pelo multiplicador, na renda, afetando o desemprego. 5. Derive as equações de consumo e de investimento em Keynes. Consumo: (GRÁFICO) o consumo é uma função direta da renda, mas em proporção menor que a variação da renda, daí surge a propensão marginal a consumir. C = f(Y) e para o autor o consumo agregado (de toda a sociedade) é sempre menor que 1, pois sempre há uma parte poupada. Existe ainda uma parcela do consumo que independe da renda, que corresponde ao que a comunidade necessita para sobreviver, mesmo que não receba nenhuma renda (consumo autônomo). C = Co + bY, sendo 0 < b < 1, pois PMgC + PMgS = 1. Keynes trabalha com as propensões marginais por causa do impacto que elas terão no multiplicador econômico da renda. Investimento: (GRÁFICO) o investimento é função das expectativas dos empresários quanto aos lucros futuros e a taxa de juros. I = f(E, i). O gráfico de taxa de retorno versus investimento se refere a expectativa do empresário (EMgK versus projetos), e essas expectativas de lucro dos empresários é a EMgK (ou taxa de retorno sobre o custo, ou preço de oferta), que o investimento depende. Caso a EMgK for maior que a taxa do mercado financeiro ou a taxa mínima atrativa, o empresário investe (adquire seu projeto), caso contrário, será melhor aplicar o dinheiro no mercado financeiro, pois renderá mais. (pode-se discorrer ainda mais sobre a EMgK como feito nas próximas questões, falando de forma aprofundada seus impactos). Ademais, conforme a taxa de juros sobe, alguns projetos tendem a ser inviáveis (muda a taxa mínima de atratitivade), e, caso contrário, seria mais rentável adquiri-los. Pode-se dizer que a taxa de juros é função da preferência pela liquidez (demanda por moeda) e da oferta de moeda. Resumo: para o autor, a renda é determinada pelos gastos em consumo e pelos gastos em investimento, que é exatamente o que diz o princípio da demanda efetiva: o ato de gastar determina a renda. Como o consumo é relativamente estável, o principal determinante do nível da renda passa a ser o investimento. 6. Considerando um investimento de 200 e uma propensão marginal a consumir de 0,8, mostre o efeito na renda através do multiplicador Keynesiano. Y = C + I = bY + I => Y – bY = I => Y(1 – b) = I => Y = [1/(1-b)] I varY = [1/(1-b)]varI => varY = [1/(1-0,8)]200 = 5x200 = 1000 Ou seja, com um multiplicador de 5, conforme variar o investimento, a renda varia em 5 vezes: como o investimento variou em 200, a renda obtida foi 1000. Por exemplo, caso o investimento aumente para 250, a renda aumentaria para 1250, ou seja, a renda cresceria 5 vezes os 50 reais a mais do investimento. Quanto maior o multiplicador, mais crescerá a renda. Quanto mais próximo de 0 o valor da propensão marginal a consumir (b), mais próximo de um será o multiplicador, e, portanto, mais a variação do produto será parecida com a variação inicial do investimento (ou seja, menos haverá efeito de multiplicação na economia). Isso acontece, pois diante de um investimento, serão fornecidos novos postos de trabalho, e esses novos empregados tenderão a consumir mais, aumento a demanda e aumentando o numero de pessoas necessárias para produzir ainda mais bens de consumo, surtindo um efeito multiplicador do investimento, como Keynes chamou. O investimento, como visto pela fórmula, está ligado a propensão marginal a consumir, então, o multiplicador do investimento será tanto maior quanto maior for a propensão marginal a consumir, ou quanto menor for a propensão marginal a poupar 7. Considerando o preço de oferta dos equipamentos de 200,00, período de 10 anos, rendimentos de 45,00 ao ano e uma taxa de juros (Taxa Mínina de Atratividade TMA) de 10%, encontre a EMgK e mostre se o projeto é viável economicamente. 200 = 45/(1+r) + 45/(1+r)² + ... + 45/(1+r)10 => r = 18,31% (taxa interna de retorno calculada pela HP: 200 CHS g Cfo => 45 g Cfj => 10 g Nj => 10 I => f PV => f IRR) Quando a EMgK (ou taxa interna de retorno TIR) for comparada com a taxa oferecida no mercado financeiro, ela pode ser maior – valendo a pena comprar a máquina (investir, adquirir o projeto), ou ser menor – melhor aplicar o dinheiro no mercado financeiro, pois renderia mais. Assim, comparando a EMgK obtida de 18,31% com a TMA de mercado de 10%, é possível perceber que seria sim rentável adquirir o projeto, ou seja, comprar os equipamentos. 8. Mostre a importância da EMgK nas decisões de investimento e as implicações dela no crescimento econômico. Os investimentos desempenham um papel essencial como função do crescimento demográfico, das inovações tecnológicas na produção e do incentivo a investir. Ele depende da taxa de retorno, da eficiência marginal do capital, dos riscos do negócio e do nível da taxa de juros do setor financeiro. Em relação a EMgK, as flutuações na taxa de investimento devem-se principalmente a mudanças na série R (série de rendimentos anuais futuros) e em CR (custo do bem de capital). Nas palavras de Keynes, “a eficiência marginal do capital é a taxa de desconto que tornaria o valor presente do fluxo de anuidades das rendas esperadas desse capital, durante toda a sua existência, exatamente igual ao seu preço de oferta” (ou custo de reposição do capital). Ou seja, corresponde a uma avaliação que os empresários fazem da taxa dos ganhos futuros (expectativas dos negócios), com base em investimento efetuado no presente. Se as expectativas forem favoráveis (taxa de EMgK maior que taxa mínima de atratividade), predominando o otimismo, novas fábricas serão construídas (aumentam investimentos) e o nível de emprego crescerá. Os riscos, na medida em que afetam a taxa de juro dos empréstimos, elevam o custo dos investimentos, afetando a EMgK. Para Keynes, o ciclo econômico deve de preferência ser considerado como o resultado de uma variação cíclica na EMgK, embora complicado e frequentemente agravado por modificações que acompanham outras variáveis importantes do sistema econômico no curto prazo. Contudo, é muito improvável que todas as flutuações, tanto as do próprio investimento como as da EMgK, sejam de caráter cíclico. 9. Mostre como se estabelece a armadilha da liquidez em Keynes. Se o volume de investimento for insuficiente para levar a economia ao pleno emprego, as autoridades monetárias poderão baixar a taxa de juros recorrendo ao aumento da oferta monetária, desde que a curva de demanda por moeda não se modifique. Essa redução da taxa de juros viabilizará muitos outros projetos de investimento, que, graças ao multiplicador, aumentarão o nível do produto nacional. A taxa de juros cairá até certo ponto, dependendo do coeficiente angular (ou da elasticidade) da curva de preferência pela liquidez. Após certa quantidade ofertada, a curva de preferência pela liquidez tende a se tornar horizontal, significando que um aumento da oferta monetária já não afeta a taxa de juros. Teoricamente pode acontecer que, a partir de certo nível bastante baixo, a taxa de juros não seja mais sensível à política econômica (expansão da base monetária). Esta é uma situação limite em que todos preferirão reter dinheiro, ninguém arriscará comprar títulos com rendimentos tão baixos. Se esta taxa de juros, embora muito baixa, for ainda maior que a EMgK, os investimentos particulares não se efetivarão. Como nenhuma política monetária conseguirá baixar ainda ais a taxa de juros, surge mais uma razão para que o governo entre na economia como investidor. 10. Como se apresenta (se inicia) a crise capitalista em Keynes? A crise se inicia no “boom” (superprodução que acaba gerando pressão na economia), ou seja, há uma pressão de demanda no mercado de fatores. A medida que esse “boom” progride, surgem dúvidas em relação aos rendimentos futuros devido ao declínio dos rendimentos correntes, ao mesmo tempo que aumenta CR (custo obtido para investimento inicial, custo corrente de novos bens de capital) conforme se investe, e com crescente abundância de bens de consumo, os preços caem (os preços afetam a série R) e diminui a eficiência marginal do capital (pois esta depende da série de rendimentos anuais futuros e do custo do bem de capital), gerando desconfiança ao empresário em relação a não obter o retorno esperado. Assim, os preços das ações caem, gerando certa crise no mercado de títulos (cujo prejuízo reduz bens de consumo), aumentando a preferência pela liquidez (deslocando a curva de demanda por moeda pra cima e com dada oferta, a taxa de juros de equilíbrio aumenta), o que acaba inviabilizando alguns projetos pela maior taxa de juros. O processo, então, resulta em crise: houve colapso na eficiência marginal do capital, com geração de estoques, que acaba aumentando custo de estocagem, que aumenta CR e mais uma vez diminui a eficiência marginal do capital. Uma vez que os investimentos dependem dessa eficiência, há uma redução de investimentos, portanto, da demanda agregada e da renda. Finalmente, será necessária intervenção do governo para tentar ajustar isso. 11. Qual a relação (importância) da preferência pela liquidez na crise? Aumenta a preferência pela liquidez em crises, por causa de desestabilização no mercado de títulos (com altos riscos) e por causa do declínio na EMgK (devido aos rendimentos da série R e do custo corrente dos bens de capital). Ela vai determinar o deslocamento da curva de demanda por moeda, e, portanto, dependerá dela o novo nível de aumento da taxa de juros de equilíbrio, ou seja, dependerá dela a inviabilidade de novos projetos (uma vez que durante a crise o cenário se mostra ruim para retornos dos investimentos, então passa a se procurar por maior liquidez), o que afeta os investimentos e renda. Assim, a taxa de juros aparece como um elemento determinante do investimento, sendo influenciada pela demanda e oferta de moeda e pela preferência pela liquidez, dados os motivos transação, especulação e precaução. 12. O que ocorre com a EMgK na crise e suas implicações aos novos investimentos? A eficiência marginal do capital diminui e isso gera desconfiança ao empresário em relação a não obter o retorno esperado e também aumentam seus custos de novos bens de capital. Uma vez que os investimentos dependem dessa eficiência, há uma redução de investimentos (pela insegurança de retorno do empresário e pelo aumento de estoques), portanto, da demanda agregada e da renda. Por outro lado, a explicação da crise pode não ser primordialmente uma alta na taxa de juros, mas um repentino colapso da EMgK. 13. Derive o modelo de Domar. Objetivo: determinar a taxa de crescimento econômico compatível com o pleno emprego em uma economia em expansão. Ideia: eliminar o excesso de poupança que tende a se formar na economia pela insuficiência de demanda efetiva. Questão: determinar uma taxa de crescimento ideal do investimento que assegure o crescimento econômico com pleno emprego. O modelo conclui que o investimento precisa crescer em cada período para manter o crescimento equilibrado, ou seja, o investimento precisa crescer para absorver esse excesso de poupança e reduzir o desemprego. Oferta agregada: YS = δI (capacidade produtiva), onde δ = varY/K (inverso da relação K/Y); no entanto, Domar considera que a economia não pode aumentar de um valor δI, mas sim de um valor ZI (capacidade “bruta” da oferta/produção), sendo ZI<δI, onde Z é a produtividade média do potencial social do investimento Y/K. Assim, Ys = ZI, dando a relação oferta agregada com capacidade produtiva líquida. Demanda agregada: Yd = Yo + [1/(1-b)].I, onde Yo = demanda autônoma, b = PmgC (consumir) e (1-b) = s = PmgS (poupar) e 1/(1-b) = 1/s = multiplicador. Para ele, o crescimento da demanda depende do investimento, e uma variação do investimento produzirá um efeito multiplicador 1/s na demanda agregada: varYd = (1/s).varI (demanda adicional). Portanto, para o crescimento equilibrado da demanda, deve crescer igualmente oferta (ou seja, que a demanda absorva o excesso, ou ainda, que a demanda agregada esgote a capacidade produtiva): Yd = Ys => (1/s).varI = ZI => varI/I = Zs. Para que mantenha ainda o equilíbrio, a taxa de crescimento do investimento (varI/I) deve ser igual a taxa de crescimento do produto: varI/I = varY/Y, mas a demanda é Y = (1/s).I (adicionando termos: integrando e dividindo): (varY/Y) = [(1/s)/(1/s)].(varI/I) => varY/Y = varI/I = sZ. Conclusão: quanto maior for s e Z (sZ é a taxa encontrada de investimento ideal suscetível de assegurar crescimento econômico com pleno emprego), maiores têm de ser a acumulação de capital (varI/I) e a taxa de crescimento do produto (varY/Y), para manter a economia com pleno emprego. Então, o crescimento com pleno emprego exige que tanto o produto como os investimentos cresçam a uma taxa constante período após período. 14. Derive o modelo de Harrod. Objetivo: determinar a taxa de crescimento econômico compatível com o pleno emprego em uma economia em expansão. Ideia: eliminar o excesso de poupança que tende a se formar na economia pela insuficiência de demanda efetiva; o que determina o investimento planejado, ou seja, o que influencia o desejo de investir do empresário e quais as condições de realização do pleno emprego no longo prazo. O modelo inclui as expectativas empresariais na função investimento, colocando em evidência possíveis divergências entre as taxas efetivas de crescimento e as taxas necessárias para assegurar crescimento do produto com pleno emprego; e a poupança e o investimento são planejados e realizados. Poupança: St = sYt (tanto a poupança planejada como a realizada aparecem como função da renda corrente do final do período t) Investimento: Ip = v(Yt – Yt-1), ou seja, são uma proporção constante (v = coeficiente de aceleração) da variação da renda no período t (quanto maior a taxa de crescimento da renda ou produto, tanto mais precisará crescer o estoque de capital), onde v = relação K/Y (duas características: acelerador de crescimento – variação do estoque de capital provocada por variações do nível do produto; relação de quantidade necessária de capital para gerar uma unidade de produto). Se a renda não variar, Ip = 0 (ver no gráfico, por mais que Y seja alto, pode não mais haver variações nele, de modo a passar o tempo e Y continuar com mesmo valor, sem variação). Portanto, o investimento não depende do nível do produto/renda, mas sim da sua variação (expectativas). Para que haja crescimento com equilíbrio é necessário que o investimento e a poupança (realizados – taxa garantida de crescimento, suficiente para esgotar a capacidade produtiva, ou seja, utilização da plena capacidade para que haja pleno emprego) cresçam a mesmas taxas: s.Yt = v(Yt – Yt-1) => varYt/Yt = s/v (se s/v = ge, significa que a economia crescerá a uma taxa garantida de pleno emprego). Se gt>ge = superprodução/inflação (taxa efetiva de crescimento da renda superior a taxa necessária); se gt<ge = deflação/depressão. Se Yt>Yt-1, aumentam os investimentos, que aumentam a relação K/Y; se Yt = Yt-1, não há variação nos investimentos e, assim, K/Y se mantém constante. Conclusão: qualquer variação do produto acelera a demanda por bens de capital, ou seja, quanto maior a taxa de crescimento do produto, tanto maior será o ritmo da acumulação de capital. Para que o crescimento se efetue com pleno emprego, o produto deverá crescer a uma taxa garantida s/v (“ritmo de crescimento com o qual todas as partes ficam satisfeitas, por terem produzido nem mais, nem menos a quantidade justa”, ou seja, a poupança e o investimento planejados permanecem iguais). 15. Mostre a convergência entre os modelos de Harrod e Domar. Domar: Ys = ZI e Yd = (1/s).varI => varI/I = sZ e varI/I = varY/Y => sZ = varY/Y => Z = Y/K = [1/(K/Y)] Harrod: St = s.Yt e It = v.varYt => varYt/Yt = s/v (v = K/Y) Convergência: se varI/I = sZ = varY/Y (Domar) e varYt/Yt = s/v (Harrod), então sZ = s/v => s[1/(K/Y)] = s/(K/Y) => s = [s/(K/Y)].(K/Y) => s = s Conclusão: tanto a taxa de crescimento da renda, como a dos investimentos, dependem diretamente da propensão a poupar e, inversamente, de uma relação capital-produto constante. Ambos os modelos vislumbram dificuldades para estabelecer o crescimento com pleno emprego no longo prazo; no caso de Domar, mais por questões tecnológicas (impossibilidade técnica de utilizar a capacidade plena), do que por problemas de rigidez dos preços dos fatores, como em Harrod. 16. Utilizando-se do modelo de Arthur Lewis, explique como os países subdesenvolvidos poderiam chegar a serem desenvolvidos e aponte como isso é possível, sem reduzir a quantidade do produto no setor de subsistência. Lewis parte de uma análise feita sobre a possibilidade de uma oferta de mão de obra não qualificada ilimitada (em países onde a população – camponeses, domésticos, famílias numerosas, mulheres – é tão numerosa em relação a capital e recursos naturais, e há aumento da maquinaria substituindo homens), onde o salário é em nível de subsistência, e suas implicações sobre o crescimento dos países subdesenvolvidos. Assim, ele sugere que é possível aumentar a produção sem que se verifique escassez no mercado de trabalho e sem nenhum limite aos níveis de salário. Por isso é possível o setor capitalista, o que fomenta o crescimento, atrair esses trabalhadores com facilidade, diante de salários maiores que nos setores de subsistência. Também se torna fácil a expansão industrial no sentido de ter mão de obra ilimitada disponível. Em suma, é possível observar o setor capitalista (SC), dinâmico e que provoca crescimento, e o setor de subsistência (SS), com abundância de mão de obra que será gradativamente transferida para SC. (DESENHA O GRÁFICO 1 e 2 do caderno de PMg versus TRABALHADORES AQUI). Os salários devem ser relativamente maiores no SC, porque o custo de vida desse setor é mais elevado; porque existem mudanças nos hábitos e gostos; e por existência de sindicatos. Pela existência de oferta ilimitada de mão de obra e pela transferência dos trabalhadores do SS para o SC, esses baixos salários (que não se modificam mesmo com aumento do emprego nesse setor, graças a baixa produtividade marginal) vão contribuir nos lucros e, haja a vista que os capitalistas tendem a acumular (e quem poupa consegue maior lucro, renda), serão realizados reinvestimentos por parte destes. Esses reinvestimentos (dos lucros excedentes) propiciam novas máquinas e tecnologias, o que contribui para o aumento do PMg do trabalhador. Já nos setores de subsistência, ainda que tenham seu número de trabalhadores reduzidos, eles tenderão a não ter decréscimo em seus níveis de produção, pois a PMgL neste setor é próxima de 0 ou mesmo negativa o que denota uma elevação de PMg sob esta tendência de diminuição de mão de obra. Em suma, a chave do processo de expansão econômica é a utilização que se faz do excedente capitalista. Na medida em que este é reinvestido a fim de criar novo capital, o setor capitalista se amplia, transferindo-se maior número de indivíduos do SS para o SC. O excedente torna-se então ainda maior, a formação de capital aumenta ainda mais e assim o processo continua ate que desaparece o excedente de mão de obra. 17. Como Rostow analisa o processo de crescimento/desenvolvimento das economias? Rostow, historiador econômico, propõe uma alternativa a teoria de Karl Marx sobre a história moderna, onde o crescimento/desenvolvimento de uma economia se dá em etapas, na qual o subdesenvolvimento é um estágio (etapa) do desenvolvimento. Essas etapas são: a sociedade tradicional, o período das precondições para o arranco, o arranco, a marcha pra maturidade e o período de difusão maciça de produtos duráveis de consumo e serviços, para além do consumo em massa. Essas etapas podem ser observadas em diferentes regiões e épocas. Cada país/sociedade pode estar em uma fase diferente, ou em fases concomitantes, no momento entre a transação de fases. E cada fase tem características específicas. As etapas possuem uma lógica e uma continuidade de interiores, têm um arcabouço analítico, enraizado numa teoria dinâmica da produção. 18. Apresente os elementos principais de cada uma das etapas propostas por Rostow? Etapa 1: A Sociedade Tradicional: Nesta etapa a estrutura se expande dentro de funções de produção limitadas (o crescimento é lento por causa da maquinaria envolvida), pois a tecnologia não está disponível. Existe um teto no nível do volume de produção per capita. Esse teto se originava do fato de as potencialidades inerentes a ciência e a tecnologia modernas não estarem ainda disponíveis ou não serem regular e sistematicamente aplicadas. Devido à limitação de sua produtividade, tinha de dedicar uma proporção extremamente elevada de seus recursos a agricultura; desse sistema agrícola, originava-se uma estrutura social hierarquizada, os vínculos de família e de clã exerciam importante papel na organização social. A população e o nível de vida subiam e desciam de acordo com colheitas, guerras, pragas, etc. Esse sistema é conhecido como fatalista a longo prazo (não há perspectivas de mudanças para as gerações futuras), onde o homem não manipula a ciência a seu favor (dinastias chinesas, civilização do oriente médio e mediterrâneo, Europa medieval). Etapa 2: As precondições para o Arranco: É a segunda etapa do desenvolvimento. Este é o período em que as precondições para o arranco se estabelecem, na qual a sociedade vai sendo transformada e moldada. A ciência moderna passa a ter novas funções de produção, tanto da agricultura quanto da indústria, num ambiente dinamizado pela expansão paralela dos mercados mundiais e pela concorrência internacional por estes. Este período não surge endogenamente, mas provido de uma intromissão externa de sociedades mais adiantadas, dissemina-se a ideia e progresso econômico, a educação amplia-se (para alguns). Surge a ideia de que é possível o progresso econômico e ele é benéfico a toda sociedade; afasta-se a hipótese de rendimentos decrescente de escala; desfruta-se da acumulação dos juros compostos; expandem-se mercados mundiais aumentando a intromissão de sociedades mais avançadas; os níveis educacionais se elevam para atender as necessidades da nova atividade econômica; surgem novos homens de negócio dispostos a correr riscos, instituições bancárias; poder politico passa dos latifundiários para os comerciantes; mais investimento em infraestrutura. Etapa 3: O Arranco: Nesta etapa a resistência ao desenvolvimento são superadas. Houve não só acumulação de capital social fixo e um surto de evolução tecnológica da indústria e da agricultura, mas também o acesso ao poder político de um grupo preparado para encarar a modernização da economia como assunto sério e do mais elevado teor político. Há novas indústrias e se expandem rapidamente, dando lucros que são reinvestidos. E são utilizados recursos naturais e métodos de produção até então aproveitados. Difundem-se novas técnicas agrícolas ou industriais. As antigas obstruções e resistências foram superadas; as forças do processo de crescimento se dilatam; o progresso técnico explica o inicio do arranco; os capitais importados com grandes participações nos investimentos; elevam-se as taxas de investimentos; novas indústrias se expandem, dando lucros e reinvestindo; mudança no aparelho politico/ institucional (cultural) no sentido de favorecer o crescimento; difundem-se novos métodos e técnicas de produção na agricultura (se moderniza para ter uma oferta boa que mantenha preços baixos evitando aumento de preços da cesta do trabalhador, proporcionando altos lucros) e indústria. Etapa 4: A Marcha para a Maturidade: (etapa mais longa) A etapa da Marcha para a Maturidade é quando a tecnologia moderna fica toda a frente da atividade econômica. A economia passa a produzir bens que anteriormente não eram produzidos. É a etapa em que a economia demostra capacidade de avançar para além das indústrias que inicialmente lhe impeliram o arranco e para absorver e aplicar eficazmente num campo bem amplo de seus recursos. A economia demonstra que possui aptidões técnicas e organizacionais para produzir não tudo, mas qualquer coisa que decida produzir. A sociedade procura disseminar a tecnologia moderna a todas as atividades econômicas; a economia encontra-se globalizada, com seu lugar no cenário internacional; novas demandas por exportação e importação; instituições moldadas para o crescimento; a economia possui capacidade para avançar além das indústrias que iniciaram o processo; a economia possui aptidões técnicas e organizacionais para produzir o que desejar. São necessárias três gerações (mais ou menos 40 anos) do inicio do arranco ao final da maturidade. Etapa 5: A Era do consumo em massa: Nesta etapa os setores líderes se transferem para os produtos duráveis de consumo e os serviços. A renda real por pessoa elevou- se a um ponto em que maior número de pessoas conseguiu, como consumidores, ultrapassar as necessidades mínimas de alimentação, habitação e vestuário; a estrutura da força do trabalho modificou-se de maneira tal que não só aumentou a produção da população urbana em relação a total, mas também a de trabalhadores em escritórios ou como operários especializados. É nesta fase ainda que os processos políticos decidem atribuir recursos cada vez maiores a assistência social. Os recursos, nesta etapa, tendem cada vez mais a ser dirigidos para a produção de artigos de consumo durável e a difusão dos serviços em massa. Os setores líderes se transferem para a produção de bens duráveis de consumo e serviços; a renda se eleva a um nível que permite aos consumidores ultrapassarem suas necessidades mínimas de alimentação, habitação, vestuário; população urbana aumenta; recursos são destinados ao bem-estar social. Para além do consumo: a partir disso fica difícil fazer previsão. Família Bruddenbrooks: 1ª geração da família procurava fortuna; 2ª geração afortunada procurava posição social e cívica; 3ª geração buscava-se realizar na música. Podem surgir novas formas de satisfação! 19. Quais as diferenças entre os conceitos de indústria motriz e indústria-chave? Para Perroux, uma indústria motriz é aquela que tem a capacidade de, ao elevar suas vendas, elevar também as vendas de outras (movidas), ou seja, o aumento de vendas das indústrias motrizes pode, portanto, resultar de uma expectativa dos efeitos gerados sobre as indústrias movidas. São indústrias que chamam a atenção, são grandes (formam um complexo de indústrias), com taxas altas de crescimento e estão associadas ao ciclo do produto. A indústria chave é aquela que introduz na totalidade de um conjunto, por exemplo de uma economia nacional, um acréscimo global nas vendas de outros muito mais do que seu próprio crescimento (acréscimo). 20. Como se analisa a ação exercida de uma indústria motriz sobre outra? Há uma situação em que os lucros de uma firma são uma função não apenas de suas vendas e compras no mercado de fatores, mas também das vendas e compra de outras firmas. Isso é a dinâmica de encadeamento, por exemplo, a loja de pneu vende pneu se a fábrica de carros vender carros e possuir certa demanda. As firmas podem estar ligadas pelas vendas de bens e serviços e pelas compras no mercado de fatores e, uma vez que estes elementos dependem das técnicas e suas mudanças, estão também ligadas por elas. Ou seja, a indústria motriz determina lucros em outras indústrias, e são os lucros o motor do crescimento capitalista. Isso põe em evidência a diferença entre o investimento de uma firma e o investimento cujo volume e natureza são decididos tendo em vista “outros” lucros (a movida investe conforme lucro da motriz, em vez de investir conforme seus próprios lucros). 21. Como se exerce a ação de uma indústria motriz sobre outra sobre o produto global da economia? O nascimento de uma indústria é sempre fruto de uma expectativa. O projeto vai depender da amplitude de seu horizonte econômico. Se todos os fatores empregados forem ociosos e se a criação não acarretar prejuízos para nenhum outro setor, o produto da indústria irá representar um aumento liquido sobre o produto global da economia. Uma nova indústria na economia pode afetar o produto global, e essa ação pode ser observada: 1) pela sua participação própria (%) sobre o produto global, ou seja, a dimensão de seu produto no produto global, e 2) pela adição de produto que ela induz em seu ambiente. As novas indústrias provocam encadeamentos significativos: a inovação, seguida das imitações, tem efeito “desestabilizante”, pois introduz variáveis diferentes e ou suplementares no horizonte econômico e nos projetos dos agentes dinâmicos. 22. Quais são os elementos do complexo de indústrias e crescimento e quais suas características essenciais? Ao dizer “complexo de indústrias”, não significa simplesmente a presença de várias indústrias em comunicação umas com as outras, mas, sim, significa introduzir a análise de três elementos: 1) a indústria chave, que introduz na totalidade de um conjunto da economia um acréscimo global nas vendas de outros mais do que seu próprio acréscimo (indústrias de matéria prima, energia, transporte), 2) o regime não concorrencial do complexo, que promove a capacidade de uma empresa oligopolista ou monopolista gerar desestabilização, por ser representado por uma combinação de formas oligopólicas, onde há uma luta, com conflitos de eliminação e subordinação (que levam à desestabilização, constituindo surtos de crescimento), porém, também podendo haver alguma forma de cooperação, e 3) a aglomeração territorial, que adiciona suas consequências específicas à natureza da atividade (indústrias-chaves) e ao regime não concorrencial do complexo, concernindo proximidade e contatos humanos à intensificação de atividades econômicas; essa aglomeração industrialurbana provoca tipo de consumidores com padrões de consumo diversificados, necessidades coletivas (habitação, transportes, serviços públicos), ou seja, essas aglomerações conectadas provocam mudanças de longo alcance, mutualmente se influenciam, criam suas tradições; assim, quando se inicia o declínio de um polo, as consequências são sentidas em suas proximidades. 23. Como ocorre a transmissão do desenvolvimento na visão de Hirschmann? O progresso econômico não se manifesta em toda a parte ao mesmo tempo, havendo crescimento em polos, como afirma Perroux. Uma economia, para atingir níveis de renda mais elevados, precisa promover primeiro, no seu próprio âmbito interno, um ou vários centros regionais de força econômica. No sentido geográfico, o desenvolvimento é necessariamente não equilibrado, e o progresso em um ponto determina pressões, tensões e compulsões no sentido do desenvolvimento em pontos subsequentes. A necessidade da emergência de pontos ou polos de desenvolvimento indica que a desigualdade internacional e inter-regional do crescimento é condição concomitante e inevitável do próprio desenvolvimento. A capacidade ou tendência do desenvolvimento de se expandir em volta de um subgrupo/região/país por muito tempo, enquanto o atraso impera em qualquer outra parte, foi muitas vezes observada: se essa tendência se manifesta em torno de limites geográficos nitidamente demarcados, o resultado é a divisão do mundo em países desenvolvidos e subdesenvolvidos, sendo que há uma sensação de superioridade em relação aos desenvolvidos. As economias externas, devidas aos polos, são asseguradamente superestimadas pelos operados econômicos. Assim, os grupos e regiões bem sucedidos procuram proclamar a sua superioridade sobre o resto do país. À proporção que isso acontece, um clima essencialmente propício ao desenvolvimento futuro, efetivamente, se estabelece nos setores ou regiões que avançaram. Sucessivas gerações de maior talento percorreram carreiras de maior prestígio numa sociedade tradicional, e essa situação pode levar novamente a agrupar o investimento em volta do polo de desenvolvimento inicial, o que é benéfico para a consolidação do desenvolvimento econômico a princípio. 24. Quais são os efeitos fluentes e de polarização apontados pelo autor acima? Hipótese: região Norte (região que tem se desenvolvido) e Sul (região que permaneceu em atraso). O desenvolvimento do Norte apresentará uma série de repercussões econômicas diretas sobre o Sul, algumas favoráveis e outras adversas. As favoráveis são efeitos fluentes do progresso nórdico (intensificação das pesquisas e investimentos do Norte no Sul, ou o Norte absorver alguns dos desempregos dissimulados do Sul e, com isso, aumentar a PMgL e os níveis de consumo do Sul), e as adversas ou desfavoráveis são efeitos de polarização (concorrência com o Norte que provoque depreciação nas atividades do Sul, pode ocorrer êxodo de profissionais mais qualificados, empreendedores, e valores intelectuais, o que representa uma perda para o Sul e ganho ao Norte, inerente ao contato entre eles, até que haja industrialização no Norte e, no Sul, exportação de bens primários). 25. Qual a importância do estado e, em que medida ele pode contribuir no processo de desenvolvimento? Há um grau de inelasticidade da oferta de produtos primários (do Sul) e isso causa alguns efeitos: elevação dos preços, redução da dinâmica do Norte e o Norte buscar outros fornecedores. Estes tipos de ineficiências conduzem para a necessidade de políticas públicas. Ou seja, se os efeitos de polarização forem maiores que os fluentes, o governo deve tentar corrigir tal situação, afetando os índices de desenvolvimento, via três formas de distribuição de recursos (verbas de investimentos) públicos: 1) Dispersiva – são decisões difíceis, pois os governantes desejam “agradar” o maior numero de pessoas possíveis (com votos para perpetuar no poder, por exemplo), mas estes governantes não têm capacidade nem desejo de hierarquizar propriedades, e essa forma dispersiva encontra explicação nas inúmeras carências, ou seja, se traduz em vários pequenos projetos (em vez de uma obra espetacular, como diz o autor), nos quais muitas vezes não há escassez de recursos, mas, sim, falta de “bons projetos”; 2) Concentração em áreas de cultivo – resulta no considerável aumento do quantum total de fundo necessário ao investimento público em relação às áreas de desenvolvimento espontâneo, ou seja, com o desenvolvimento de certas regiões, surgem demandas por transporte, saúde, habitação, portos, dentre outros; 3) Investimentos que tentam promover regiões e áreas atrasadas – tentativa de levar a flama do desenvolvimento a áreas até então estagnadas, através do investimento público autônomo, ou seja, identificar regiões pobres e seus potencias de crescimento e geração de renda, promover incentivos para tais regiões, para tentar contrabalancear com relação a outra região menos atrasada. 26. Quais são os argumentos favoráveis de uma transmissão internacional? O desenvolvimento pode-se transmitir mais facilmente de uma nação a outra, que entre regiões de um mesmo país, mesmo que haja diferentes níveis de desenvolvimento. A tese favorável ao separatismo demonstra que os efeitos polarizadores são menos prejudiciais aos países que as regiões entre si. No âmbito de um país, a mobilidade de fatores pode ser altamente prejudicial para o Sul; também, o efeito de concorrência do Norte em relação ao Sul virtualmente não se manifesta em países independentes, pois os Estados estabelecem a concorrência nos mercados internacionais na base da vantagem relativa ou comparativa, e as regiões no âmbito interno do país na base da vantagem absoluta. Ainda, há a capacidade de se proteger melhor por meio de políticas nacionais que regionais (pequenas tarifas). O ideal é ter ótimos arranjos institucionais que favoreçam ser ora um país, ora uma região. 27. Quais são os argumentos favoráveis de uma transmissão interregional? Não se pode esperar que a transmissão interregional do desenvolvimento siga um curso sereno, pois está cercada de obstáculos. A tese da cessão da soberania afirma que, como os efeitos de polarização serão mais forte quando não tiverem fronteiras para atravessar, assim também serão os efeitos fluentes. Ou seja, os efeitos fluentes serão menores entre países que entre regiões. O progresso do Norte incitaria a pesquisas e investimentos no Sul. É mais provável haver pressões internas sobre o governo em relação ao interesse geral, que esperar a colaboração entre nações para solucionar problemas alheios. O ideal é ter ótimos arranjos institucionais que favoreçam ser ora um país, ora uma região. 28. O que o texto do Myrdal que dizer com o “grande despertar”. Apresente seus argumentos. Segundo Myrdal, o Grande Despertar é a aspiração ao desenvolvimento econômico e à independência nacional, por parte dos países pobres. A II Guerra Mundial contribuiu para a eliminação de muitas estruturas de controle que mantinham o sistema de poder estabelecido no mundo e um dos seus resultados foi a liberação de muitos povos submetidos ao domínio colonial. Porém a característica importante do novo nacionalismo, suscitado por esse processo, é os povos reivindicando não só a liberdade, como igualdade de oportunidades relativamente a outros povos, além de melhoria nas condições de vida. O Grande despertar acontece, pois os países pobres refletem que: a) os povos dos países subdesenvolvidos estão cada vez mais conscientes dessas enormes desigualdades internacionais e do perigo de que continuem a aumentar; b) estes povos tendem a atribuir parte de sua pobreza, como responsabilidade do resto do mundo, e em especial, aos países prósperos, ou melhor, atribuem ao sistema econômico mundial que os mantém tão pobres, enquanto outras nações são tão ricas e se tornam cada vez mais ricas. 29. O que é e quais exemplos que Myrdal usa para explicar e justificar seu “princípio”? Para Myrdal, o conceito envolve, naturalmente, uma constelação circular de forças, que tendem a agir e a reagir interdependentemente, de sorte a manter um país pobre em estado de pobreza. Então o princípio de Myrdal é que as coisas tendem a agir e reagir, e provocar uma nova ação e reação. Para justificar-se, ele apresenta alguns exemplos, que se seguem: O primeiro exemplo trata a seguinte maneira um homem pobre: “Um homem pobre talvez não tenha o bastante para comer, sendo subnutrido; Sua saúde será fraca; Sendo fraco, sua capacidade de trabalho será baixa, o que significa que será pobre o que por sua vez, implica dizer que não terá o suficiente para comer. E assim por diante”. Uma situação dessas aplicada a todo um país significa para Myrdal, que um “país é pobre por que é pobre.” Outro exemplo é a frase norteamericana “nothing succeeds like success” e “nothing fails like failure”. Mais um exemplo é a citação da bíblica: Porque àquele que tem lhe será dado, e terá em abundância; mas ao que não tem, até aquilo que tem ser-lhe-á tirado. (Mateus 25, 14-30). 30. Explique a contra argumentação de um equilíbrio instável no modelo de Myrdal. Myrdal parte do ponto de que a noção de equilíbrio estável é normalmente uma falha analógica que se estabelece quando se formula a teoria que visa a explicar a mudança no sistema social. O autor diz que o que está errado, ao se aplicar a hipótese do equilíbrio estável à realidade social, é a própria ideia de que o processo social tende a uma posição que se possa descrever como estado de equilíbrio entre forças. Por trás dessa ideia, encontra-se outra hipótese, ainda mais fundamental, de que a mudança tende a provocar reações que operam em sentido oposto ao da primeira mudança. A ideia que pretende expor é a de que, ao contrário, em geral não se verifica essa tendência à auto estabilização automática do sistema social. O sistema não se move espontaneamente, entre forças, na direção de um estado de equilíbrio, mas, constantemente, se afasta dessa posição. Em geral, uma transformação não provoca mudanças compensatórias, mas antes, as que sustentam e conduzem o sistema, com mais intensidade, na mesma direção da mudança original. Em virtude dessa causação circular, o processo social tende a tornar-se acumulativo e, muitas vezes, a aumentar, aceleradamente, sua velocidade. Exemplo: homem pobre não tem o bastante para comer, é subnutrido, com saúde fraca, não tem boa capacidade de trabalho, então é pobre. Há estabilidade ou instabilidade, dinâmica do processo instável. Primeiro explica principio da causação circular, exemplo da doença e pobreza circulo vicioso. De certo modo, ele critica a economia naturalmente tender ao equilíbrio, na verdade não existe mecanismo de auto equilíbrio, pois o sistema é instável. Qualquer fato que ocorre desencadeia efeitos retroalimentados (forças geram novas forças), sendo efeitos propulsor/progressivos ou regressivos. A economia nunca é estável, mas no máximo em repouso. 31. Quais são as tendências quanto a desigualdades econômicas regionais em países ricos e pobres? Myrdal sugere que princípio da interdependência (causação) circular dentro do processo de causação acumulativa tem validade em todo campo das relações sociais. Esta deve ser a principal hipótese a considerar no estudo do subdesenvolvimento e do desenvolvimento econômico. Myrdal supõe um exemplo, no caso de um fechamento de uma fábrica. Caso a fábrica fosse fechada, os trabalhadores perderiam o emprego, e isto resultaria na diminuição das rendas e de demandas. Isso acarretará perda de emprego e renda em outros setores da comunidade. Desencadeia-se, assim, um processo de causação circular com efeitos que se acumulam a feição de um “circulo vicioso”. Myrdal também considera que o jogo das forças do mercado opera no sentido da desigualdade. Um processo acumulativo do mesmo caráter geral, descendente ou ascendente, será também provocado por uma transformação nos termos de intercambio de uma comunidade ou de uma região, quando a mudança é grande e suficientemente persistente, ou por qualquer outa que resulte em acréscimo ou decréscimo substancial nas quantidades econômicas inter-relacionadas: demanda, poder aquisitivo e rendas, investimentos e produção. A ideia é que o jogo das forças de mercado tende, em geral, a aumentar e não diminuir as desigualdades. Portanto para os ricos, há o efeito propulsor e para os pobres, há o efeito regressivo. 32. O que pode se dizer sobre a lógica dos efeitos propulsores de Myrdal? Há duas correlações neste trabalho. A primeira menciona que, na Europa Ocidental, as disparidades de renda entre uma região e outra são muito maiores nos países mais pobres do que nos mais ricos. A segunda conclusão é a de que, enquanto as desigualdades regionais vêm diminuindo nos países mais ricos da Europa ocidental, ocorre a tendência contrária nos países mais pobres. Grande parte da explicação dessas duas largas correlações se encontra no importante fato de que quando mais alto o nível de desenvolvimento que um país alcançar, tanto mais fortes tenderão a serem os “efeitos propulsores”. A neutralização dos “efeitos regressivos”, quando um país alcança alto nível de desenvolvimento, refletir-se-á no desenvolvimento econômico e se tornará, assim, fator importante do processo acumulativo. A livre força de mercado tem poder de conduzir as desigualdades; são as Leis de Subdesenvolvimento. 33. Quais as características do Estado Estacionário de Schumpeter? (GRÁFICO) Para o Estado Estacionário, ou a teoria do fluxo circular, têm-se algumas premissas: esse fluxo circular é estável; há propriedade privada, livre empresa, com concorrência livre e pura, ausência de incerteza; não há mudanças significativas, apenas adaptativas; a função de produção é rígida, no máximo há um deslocamento ao longo da função; as mudanças são frutos de guerras, pragas, terremotos, clima, dentre outros nesse sentido; nesses momentos de adaptação ou fricção surgirão as quase rendas. Concernente à tendência do sistema econômico para a posição de equilíbrio, cuja premissa baseia-se no fluxo da renda que como uma circulação sanguínea (F. Quesnay) que sofre transformações dentro de um limite dentro de um curso tradicional, pelos mesmos canais. 34. O que são “quase renda” no Estado Estacionário de Schumpeter? No fluxo circular não há inovações, portanto, não pode haver lucro. O que se é gerado nesse Estado Estacionário, portanto, são as quase-renda marshallianas (Wind fall Gains). Elas vão surgir nos momentos de adaptação/fricção, com mudanças ocasionadas por condições naturais ou nos dados sociais não econômicos como: guerras, pragas, mudanças nas politicas comerciais, social ou econômica, gosto dos consumidores, pois se trata da vida econômica modificando seus próprios dados de tempos em tempos. 35. O que é a Inovação para Schumpeter e quais seus exemplos? Produzir outras coisas, ou as mesmas coisas com método diferente, ou seja, são as novas combinações de matérias e forças, um processo de mutação industrial. Ela conduz a empresa a um maior grau de eficiência, mas é um monopólio temporário, por causa dos imitadores. A inovação pode ser observada a partir de cinco exemplos ou focos: 1) Introdução de um novo bem/produto – um bem com que os consumidores ainda não estejam familiarizados, que difere no aspecto ou na qualidade; 2) Introdução de um novo método de produção/comercialização – um que não tenha sido testado pela experiência no ramo próprio da indústria de transformação, sob a perspectiva de um rearranjo no interior da firma (“mergulha dentro da firma”); 3) Abertura de um novo mercado – um mercado em que um ramo particular da indústria de transformação de um país ainda não tenha entrado, quer tivesse existido este mercado antes ou não; 4) Conquista de uma nova fonte de oferta de matérias-primas – ou de bens semimanufaturados, independentemente da anterior existência dessa fonte; 5) Estabelecimento de uma nova forma de organização industrial – como a criação de uma posição de monopólio, em relação a perspectiva de como a indústria está estruturada (“olhando de cima da firma”). 36. Como pode ser entendido o processo de mutação no sistema capitalista para Schumpeter? A inovação é um processo de mutação industrial. Há uma revolução na estrutura econômica, destruindo incessantemente a antiga, criando incessantemente uma nova, ou seja, é um processo de destruição criadora. Em uma economia capitalista as novas combinações significam a eliminação das antigas pela concorrência, que os indivíduos decaem e ascendem na sociedade. Nascem empresas, morrem empresas, seleção natural, o mais forte sobrevive (Darwin). É uma contínua destruição do velho pelo novo. 37. Como se define empresário na abordagem Schumpeteriana e quais são suas características? Empresário são os indivíduos cuja função é realizar novas combinações. Será um empresário, e não apenas um administrador, quando levar a cabo novas combinações, mas tende a perder tal posição assim que tiver montado seu negócio, isto é, é raro alguém permanecer na posição de empresário por muito tempo. No geral, eles têm iniciativa, autoridade ou previsão. Um homem de negócios, dirigente de empresas, gerentes, que simplesmente podem operar um negócio estabelecido não serão empresários se não realizarem novas combinações. A função essencial do empresário quase sempre aparece misturada com outros tipos de atividade, que geralmente são muito mais importantes que o essencial. Os empresários são um tipo especial: a força motriz de um grande número de fenômenos significativos. A personalidade do empresário inovador conduz os meios de produção por novos canais. Ele deve impressionar apenas ao banqueiro (capitalista) que irá financia-lo comprando seus serviços e usando-os como bens entender. Além disso, quem possuirá o dinheiro ou crédito necessário para tais realizações serão os capitalistas. 38. Como o fenômeno do desenvolvimento pode ser realizado? Desenvolvimento são apenas as mudanças da vida econômica que não lhe forem impostas de fora, mas que surjam de dentro, por sua própria iniciativa. São mudanças espontâneas e descontinuas nos canais do fluxo circular (onde se inicia o processo), perturbando o equilíbrio, que alteram e deslocam para sempre o estado de equilíbrio previamente existente. Todo processo de desenvolvimento cria os pré-requisitos para o desenvolvimento seguinte. Via de regra, é o produtor que inicia a mudança econômica, e os consumidores são educados por ele se necessário, são ensinados a querer coisas novas. Apesar de ser permissível e ate necessário considerar as necessidades dos consumidores como uma força fundamental na teoria do fluo circular, deve-se tomar uma atitude diferente quando analisa a mudança. Desenvolvimento é então definido pela realização de novas combinações de forma descontínua. 39. Qual a relação entre crédito, capital e o empresário inovador? A obtenção dos meios de produção é um problema especial das empresas estabelecidas que trabalham dentro do fluxo circular, pois elas já obtiveram esses meios ou então podem obtê-los comumente com o lucro da produção anterior. Porém, no geral, a regra é que o possuidor da riqueza, ou o empresário inovador, deve recorrer ao crédito se desejar realizar uma nova combinação que não pode, como numa empresa estabelecida, ser financiado pelos retornos da produção anterior. São os capitalistas que fornecem esse crédito. O crédito é primariamente necessário às novas combinações. A personalidade do empresário inovador conduz os meios de produção por novos canais. Ele deve impressionar o banqueiro (capitalista) que irá financia-lo comprando seus serviços e usando-os como bens entender. Diante do crédito, possibilitando as novas combinações, quando o empresário inovador colocá-las no mercado, haverá ganhos de capital com esse novo produto. Em suma, para realizar os empreendimentos (realização de novas combinações), os empresários inovadores (que realiza essas novas combinações) precisam de crédito, e quem fornece esse crédito/recurso são os capitalistas (bancos, acionistas). Há um ambiente incerto, e, portanto, exige características qualitativas para a melhor tomada de decisão com o fim de se obter ainda mais capital. O empresário é um devedor típico, e o capitalista é um credor típico: o capital será o fundo de poder de compra, e o capitalista será definido pela função do capital.