146 INSETOS DO BRASIL A família compreende cêrca de 2.800 espécies, das quais pouco mais de 700 são da Região Neotrópica. 72. Bibliografia. BOURGEOIS, J. 1886 - 1901- Lycides nouveaux ou peu connus recueillis au Brésil. Bull. Soc. Ent. Fr., (6) 6: LXX, LXXXIV, XC, XCI, XCVIII, CXXX, CXXXII, CXXXIX, CXL, CLIV, CLV, C C X I V . Lycides du Museum d'Histoire Naturelle de Paris. A n n . Soc. E n t . Fr., 7 0 : 3 1 - 5 1 . GARDNER, J. C. M. 1947L a r v a e of C a n t h a r o i d e a . I n d . J. E n t . , 8:121-129, 6 f i g s . KLEINE, R. 1933 - L y c i d a e . Col. C a t a l . , 9 ( 1 2 8 ) : 145 p . 1942.Neue Lyciden des äthiopischen und neotropischen Faunen Gebietes (Col.). M i t t . M ü n c h . E n t . Ges., 32:149-162, 55 f i g s . 1943Neue Lyciden aus dem Ungarischer National Museum (Coleopt.). A n n . H i s t . N a t . M u s . U n g a r . , 36 ( Z o o l . ) : 1 4 5 - 1 5 0 , 1 est. WATERHOUSE, C. O. 1879Ilustrations of t y p i c a l s p e c i m e n s of C o l e o p t e r a i n t h e c o l l e c t i o n of t h e B r i t i s h M u s e u m . Part I. Lycidae. X + 83 p., 18 ests. col. WITHYCOMBE, C. L. 1926T h e b i o l o g y of L y c i d b e e t l e s i n T r i n i d a d P r o c . E n t . Soc. L o n d o n , 1:32. Famíllia LAMPYRIDIDAE1 (Lampyridae Leach, 1817; Lampyridini Duval, 1860; Lampyrides Sharp, 1909). 73. Caracteres, etc. conhecidos em todo o - Os "vagalumes" são insetos bem mundo, não sòmente pelo aspecto 1 De (lampyris, idos), vagalume. O nome da família deve ser Lampyrididae e não Lampyridae, pois o radical da palavra grega, como se vê pelo genitivo, é lampyrid e não lampyr. COLEOPTERA 147 característico que apresentam, mas principalmente pela luminescência branca esverdeada de que são dotados geralmente os machos e as fêmeas, aladas ou apteras, a qual se exterioriza através das áreas claras e translúcidas do tegumento do ante-penúltimo (5.º), do penúltimo e as vêzes do último urosternito (Amydetes) (fig. 116). O protorax, discoidal como nas baratas, quase sempre cobre inteiramente a cabeça (a cabeça é imperfeitamente encoberta pelo protorax em Megalophthalminae, Amydetínae e Photurinae). Fig. 114 Cratomorphus giganteus (Drury, 1782) (Lampyrididae, Photininae) (Lacerda fot.). Fig. 115 distinctus E. (Lampyrid. (Lacerda Cratomorphus Oliv., 1895 Photininae) fot.). Antenas geralmente aproximadas na base, de 11 segmentos; as vêzes, porém, com muito maior número (até 49 em espécies de Amydetes Hoffmannsegg, da nossa Região), aliás longamente uniflabeladas a partir do 3. º segmento (fig. 115); quanto ao aspecto, podem ser filiformes, denteadas, uni ou bipectinadas ou flabeladas. Nas espécies de Psilocladus Blanchard cada segmento é provido de 2 longos ramos eriçados de pêlos; nas de Calyptocephalus Gray elas são também biflabeladas, com os ramos muito longos, que se enrolam sôbre si mesmo como em Phengodidae. 148 INSETOS DO BRASIL Metepisternos retos, não sinuados internamente, caráter que também distingue êstes insetos dos Cantarídeos, nos quais êsse esclerito, internamente e para trás, é distintamente sinuado. Epipleuras, via de regra, alargadas na base. Como em outros Cantaróides as fêmeas podem conservar o aspecto larviforme (neotenia). Fig. 116 - Amydetes sp. (visto pela face ventral) (Lampyr., Amydetinae) (Lacerda fot.). O Brasil, como os demais países da América do Sul, é particularmente rico em Lampiridídeos. Das 1.800 espécies existentes no mundo, mais da metade vive na Região Neotrópica. Uma espécie das mais conspícuas entre nós é Cratomorphus giganteus (Drury, 1732) (fig. 114). COLEOPTERA 149 As larvas dêstes insetos são predadoras e alimentam-se de caramujos (Gastropoda) e de larvas de outros insetos. Fig. 117 - Antenas (Lacerda de Amydetes fot.). sp. Providas de robustas mandíbulas, longitudinalmente escavadas em canal como nas larvas de Ditiscídeos, Girinídeos e outros Coleopteros (canal mandibular), injetam no caramujo uma neurotoxina paralisante e uma protease, que fluidifica os tecidos da vítima, transformando-os em alimento que passa da bôca para o tubo digestivo. Parece-me interessante a seguinte observação de HENNEGUY (1904, Les Insectes) relativa às larvas de Lampyris: "Dans la larve du Lampyris, les deuxième et troisième pièces chitineuses dorsales, en arrière du prothorax, re- 150 INSETOS DO BRASIL couvrent chacune deux pièces chitineuses ventrales, comme chez le Scolopendrella (Myriapode). La première de ces pièces (segment complémentaire) porte une paire de stigmates; la seconde, une paire de pattes (fig. 120). Les 8 premiers segments abdominaux que ne possèdent aussi qu'une plaque dorsale, présentent également un rudiment de segment complémentaire. Cette disposition est intéressante & un double point de vue, parce qu'elle établit la parenté des Insectes avec les Myriapodes, et parce qu'elle explique la situation intersegmentaire des stigmates chez la plupart des Insectes (voir page 98)." Via também de regra, as larvas das espécies d o t a d a s d o p o d e r de e m i t i r l u z . Fig. 118 - Lamprocera latreillei 1818) (Lampyr., Lamprocerinae) cerda fot.). luminescentes são (Kirby, (La- Relativamente a luminescência dêstes insetos e respectiva bibliografia, ver o 7.° Tomo desta obra (pág. 85); recomendo sobretudo a obra magistral de HARVEY (1952). COLEOPTERA 151 Fig. 120 - Larva de Lampyris, vista lateralmente; W, segmentos anteriores primordiais do meso e do metatorax (figura 426 de Henneguy Les Insectes, segundo Kolbe). Fig. 119 Lamprocera flavofasciata Blanchard, 1837 (Lamp., Lamprocerinae) (Lacerda fot.). 74. Bibliografia. BARBER, H. S. 1941. -. HADDON, K . 1915 HARVEY, E. N. 1952 - - Species of fireflies in Jamaica (Coleoptera, ridae). P r o c . R o c h e s t e r A c a d . Sci., 8 : 1 - 1 3 . Lampy- On the methods of feeding and the mouth parts of the larva of the glow-worm (Lampyris noctiluca). Proc. Zool. Soc. London: 77-82, 1 est. Bioluminescence. Academic Press I n c . , N. Y . : XVI + 649, 187 f i g s . HESS, W . N. 1920 - Notes on the biology of Biol. Bull., 38:39-76. some common Lampyridae. 152 INSETOS DO BRASIL HUTSON, J. C. & G. D. AUSTIN 1929- Notes on the habits and life history of the Indian glow-worm, an enemy of the African or Kalutara snail. B u l l . Dep. Agr. C e y l o n , 6 9 : 1 6 p., 1 e s t . LENG, C. W. & A. J. MUTCHLER 1922The Lycidae, Lampyridae and Cantharidae (Telep h o r i d a e ) of t h e W e s t I n d i e s . B u l l . A m e r . M u s . N a t . Hist., 46:413-499, 65 f i g s . NAVAJAS, E. 1946 - Vagalumes. C h a c . Q u i n t . , 73:419-423, 9 f i g s . OLIVIER, E. 1907 - Lampyridae. G e n . I n s . , 5 3 : 7 4 p., 3 ests. col. Lampyridae. Col. C a t a l . , 9 ( 9 ) : 68 p . 1916 - PROCHAZKA, R. 1936- VOGEL, R. 1915 Etude sur l'importance morphomatique et systematique de la nervation des ailes des Malacodermata. Sborn. Ent. Odd. Nár. Mus. Praze, 14:190-132, 2 ests. - Beitrag zur Kenntnis des Baues und der Lebensweise der Larve von Lampyris noctiluca. Zeits. Wiss. Zool., 112:291-432, 35 figs., ests. 9-12. WILLIAMS, F. X. 1917- Notes on the life history of some Lampyridae J. N. Y. E n t . Soc., 2 5 : 1 1 - 3 8 . WITTMER, 1942 W. North American (Os trabalhos dêste autor compreendem contribuições às várias famílias do antigo grupo Malacodermata (Superfamílias Cantharoidea, Cleroidea e Lymexyloidea). - 3 me Contribution à la connaissanee des Malacodermes Néotropiques. R e v . Soc. E n t . Arg., 11:237-239. COLEOPTERA 153 WITTMER, W. 1945- Nuevos Cantharidae (Col.) (4. a contribución al conocimiento de los Malacodermata neotropicos). Rev. Soc. Ent. Arg., 12:313-326, 6 figs. 1948- 6. Beitrag zur Kenntnis der neotropischen Malacodermata. Rev. Soc. Ent. Arg., 14:17-21; 148-154. 1948- Notas sinonimicas y sistemáticas sobre Malacodermata (1.a n o t a ) . An. Soc. Ci. Arg., 145:167-173. lç49- Neue Malacodermata aus der Sammlung der Fundación Miguel Lillo Acta Zool Lillo., 7:575-577. 1949- 7. Beitrag zur Kenntnis der neotropischen Malacodermata. Rev. Soc. Ent. Arg., 14:215-222. 1950 - 10. Beitrag zur Kenntnis der neotropischen Malacodermata (Col.). Rev. Ent., 21:677-688, 20 figs. Família CANTHARIDAE (Telephoridae 1 L each, 1817; Thelephoridae 2 Calwer & Jäger, 1869; Telephoridae Gorham, 1881; Cantharidae, Cantharini Heyden, Reitter & Weise, 1883; Telephorides Sharp, 1909; Cantharididae Lameere, 1900; Cantharidae Leng, 1920; Cantharididae Moure & Travassos Filho, 1947; Jeannel & Paulian, 1949 (no índice). 75. Caracteres, etc. - Os insetos desta família, aliás muito parecidos com os Lampiridídeos, dêles se distinguem pelo aspecto dos metepisternos, mais ou menos sinuados internamente, isto é, com a margem interna dirigida para trás e para fora, formando no têrço posterior curva pronunciada de concavidade voltada para a linha mediana, de modo que essa parte do metepisterno, comparada com a anterior, apresenta-se notàvelmente estreitada, aspecto êste diferente do que se vê nos Lampiridídeos, nos quais, em geral, a borda interna do metepisterno, embora também dirigida para fora, pouco se afasta do eixo longitudinal do corpo, sem formar curva no seu trajeto. 1 De 2. De (tele), de longe; (phoros), que traz, trazido. (thele), bico de peito, mamilo.