5ª - 10 - grécia. 2007 - História Antiga

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A Grécia Antiga
Introdução
O território grego apresentava um solo rochoso e recortado por montanhas, fato que contribuiu para o
isolamento das cidades-estados e dificultou a atividade agrícola, obrigando os gregos a colonizarem outras
regiões do Mar Mediterrâneo a fim de completarem sua economia.
Os gregos eram povos resultado da mistura de vários outros povos, como os Aqueus, os Eólios, os Jônios
e os Dórios.
Para se protegerem, quando eram atacados, os gregos construíram fortalezas cercadas por muralhas de
madeira. Aos poucos, as populações foram abandonando as comunidades e instalando-se perto das
muralhas. Esse processo deu origem às pólis, como eram chamadas as cidades-estados.
As cidades-estados gregas eram independentes entre si e até rivais tinham seu próprio governo, território,
povo e economia. Entre as várias cidades-estados destacaram-se Esparta e Atenas.
O território grego
A cidade-estado de Esparta
Por volta de 9 a.C. cinco tribos Dórios se uniram dando origem a primeira cidade-estado da Grécia, que
pelos Dórios foi chamada de Esparta em homenagem a um antigo Deus da religião grega. Essa cidadeestado teve todo um destino histórico ligado a formação guerreira de seu cidadão.
Esparta foi fundada na região do Peloponeso, vale da Lacônia, as margens do rio Eurotas entre as
montanhas do Parnon e Taigueto (o território espartano era o mais fértil de toda a Grécia e por isso bastante
cobiçado por outras cidades).
A sociedade espartana apresentava um nível populacional de aproximadamente 200 mil habitantes
divididos em 3 grupos sociais identificadas como: espartanos ou esparciatas, os periecos e os hilotas.
Espartanos: Era a classe social detentora dos setores estratégicos da sociedade como a riqueza, estrutura
governamental e jurídica, estrutura militar, ideológica e educacional. Era a chamada nobreza ou aristocracia
que constituía menos de 10% da população, mantendo seu poder através do controle político e ideológico.
Periecos: Era uma classe social intermediaria considerada não aristocrática e submissa ao Estado e a
elite espartana. Os periecos habitavam os setores periféricos de Esparta, exercendo uma função econômica
ligada ao artesanato, pequeno comércio e pequena agricultura, pagando tributos para a elite (os periecos
não tinham cidadania por esse motivo estavam alienados da educação e das decisões políticas).
Hilotas: Era a maioria populacional de Esparta formada por prisioneiros de guerras e seus descendentes.
A relação econômica e social entre a elite espartana e os hilotas chamava-se hilotismo, que apresentava
as seguintes características:
a) o hilota era propriedade do estado a serviço do governo e da elite e seu destino era definido pelo
estado.
b) o hilota espartano trabalhava exclusivamente na agricultura e pecuária, preso ao meio rural nas terras
do Estado mantendo a economia para sustentar a elite.
c) constantemente o Estado espartano utilizava a Kriptéia, que era a matança de hilotas com o objetivo
de conter o aumento populacional dessa classe, treinar os guerreiros da elite e causar terror sobre os
escravos.
d) o hilotas ficava com uma parte do que ele produzia a fim de garantir a sua precária sobrevivência.
Mas os hilotas resistiam a escravidão através de revoltas populares. Em 463 a.C. ocorreu em Esparta
uma grande rebelião hilota que acabou dominado todo o meio rural. A elite espartana isolada no meio
urbano não conseguem por meses dominar essa rebelião, até que pediu ajuda ao governo ateniense e a partir
desse momento a rebelião hilota foi esmagada. Geralmente as rebeliões escravas da antiguidade não
conseguiam êxito por causa do seu despreparo político e militar e até mesmo a falta de um projeto
revolucionário, visto que essa rebelião não passava de uma simples tentativa de fuga.
A organização política
A sociedade espartana era extremamente rígida, não existia qualquer tipo de mobilidade social, pois os
indivíduos nasciam e morriam na mesma condição social.
O Estado espartano apresentou uma forma política, oligárquica, ou seja, o poder concentrava-se nas
mãos de uma nobreza militarista, onde a cidadania se resumia deixando de fora as mulheres e os indivíduos
das classes inferiores.
A figura do estado nesse momento histórico está ligada diretamente a uma única classe social, a
aristocracia que através do estado cria as leis e determinava toda ordem social, política, econômica e
cultural.
Essa organização política estava divida em:
a) O Eforato: era uma organização política com a função executiva e de vigilância social, sendo uma
espécie de serviço de informação e patrulhamento político e ideológico a favor da ordem aristocrática (em
caso de rebelião popular o eforato tinha a função de repressão).
b) A Diarquia: era formada por dois reis, um com poder militar e o outro com poder religioso. Os reis
de Esparta não tinham poderes absolutos.
c) A Gerúsia: era o conselho dos velhos maiores de 60 anos, também pertencentes a nobreza. Essa
organização tinha uma função legislativa, judiciária e tratava da política externa (o poder do ancião
vitalício).
d) A Ápela: era a assembléia guerreira formada por todos os nobres maiores de 30 anos que tinham
como função política discutir aprovando ou não as leis criadas pela Gerúsia.
Essas organizações políticas trabalhavam geralmente em comum acordo a fim de manter os privilégios
da nobreza (indicava os membros do Eforato e da Gerúsia).
A educação espartana
O processo educacional também era um setor estratégico nas mãos da nobreza espartana com o objetivo
militarista. Essa educação era estatal onde os filhos dos cidadãos se preparavam militarmente dos filhos dos
cidadãos de 7 a 60 anos formando assim uma estrutura militar capas de defender os interesses de Esparta e
principalmente de sua elite. A formação militar alienava do processo as mulheres e indivíduos das classes
inferiores.
Assim que nascia um menino na elite espartana o Estado verificava a sua condição e se caso apresentasse
alguma deficiência a criança seria executada no abismo de Taigueto, sendo normal a criança tinha permissão
para viver. De 0 a 7 anos era educada pela mãe forma rígida e quando completava 7 aos passava para a
responsabilidade do estado, iniciando seu treinamento militar até 18 anos quando se tornava hoplita, após
participar da Kriptéia e do espancamento publico. Com a idade de 30 anos tinha permissão para se casar e
iniciar a sua participação política na Ápela e quando completava 60 anos dava baixa do exercito podendo
participar da Gerúsia e da educação dos mais jovens.
A educação da mulher espartana era diferente do homem. Assim que nascia uma mulher na elite
espartana o Estado também verificava a sua condição física e se caso fosse deficiente seria também
executada no abismo de Taigueto. Sendo normal iniciava o eu treinamento domestico a partir de 7 anos
com as mulheres de sua família. As moças espartanas praticavam exercícios físicos para fortalecer o corpo.
Participavam de jogos e caçadas. Após essa fase o Estado selecionava um homem da elite como seu esposo
e senhor iniciando assim a sua procriação (a condição feminina afastava a mulher das atividades
econômicas, políticas e intelectuais).
Pintura de um vaso onde um casal caça um javali.
Economia Espartana
Podemos considerar a economia estatizada, pois as melhores terras e a mão-de-obra serviçal
concentrava-se nas mãos do Estado sustentando as atividades militaristas e também a vida aristocrática. O
setor primário, ou seja, atividade agro-pastoril recebia grande apoio do estado e o artesanato e o comércio
eram setores desprezados executados apenas pelos periecos (o comercio externo era pouco utilizado, visto
que os espartanos proibiam grandes relações econômicas e culturais com o estrangeiro).
Cultura espartana
Os espartanos adotaram várias práticas como:
a) Eugenia: aprimoramento da raça através de execução de crianças diferentes, casamento selecionando
e intensos exercícios físicos.
b) Militarismo: crença de que a guerra é fator fundamental para o desenvolvimento da sociedade, pois
através dela a sociedade se fortaleceu e sobreviveu.
c) Laconismo: hábito de falar pouco, necessário à formação de um guerreiro. Através do laconismo o
homem espartano aprendia a hierarquia de sua sociedade, a disciplina e o não questionamento.
d) xenofobismo: completa aversão ao estrangeiro, que no caso espartano eram proibidos de conviverem
em Esparta. O xenofobismo acabou isolando Esparta de outras sociedades tanto culturalmente como
economicamente.
A cidade-estado de Atenas
Atenas foi fundada por volta de 800 a.C. através da união de 4 tribos jônias que passaram a formar um
único centro social. Os Jônios deram nome de Atenas a sua cidade em homenagem a deusa da sabedoria
atena. Desde a origem os atenienses desenvolveram um processo histórico voltado para o desenvolvimento
intelectual e econômico através de uma intensa abertura e relação sócio, política e econômica com os
estrangeiros.
A sociedade ateniense apresentou uma população de aproximadamente 400.000 habitantes dividida em
3 grupos sociais: cidadãos, metecos e escravos.
Os cidadãos se consideravam descendentes dos fundadores de Roma e eram os únicos com direitos
políticos em Atenas. Estavam divididos em:

Eupátridas (bem-nascidos), que eram a nobreza,

Demiurgos que eram os comerciantes do litoral,

Georgóis que eram os pequenos agricultores,

Thetas uma espécie de sem terra que vivia de forma miserável no meio urbano,
Os Metecos eram estrangeiros que viviam no meio urbano exercendo o artesanato e o pequeno comércio
interno.
Os Escravos podiam ser propriedades pública ou privada.
A escravidão em Atenas apresentou uma dinâmica jamais vista em Esparta, pois a mão-de-obra escrava
estava relacionada com todos os setores da economia e da vida privada. O escravo em Atenas era
propriedade estatal e também privada sendo utilizado na construção de prédios, estradas e também
trabalhavam na agricultura, pecuária, artesanato, trabalhos administrativos, remando navios e em diversas
tarefas domesticas.
O processo escravista ateniense contava com duas espécies de escravos público e privado, ligado as
atividades econômicas e o escravo domestico. O escravo doméstico muito mais próximo do senhor recebia
um tratamento especial sendo até mesmo muito bem tratado e dentro desse contexto acabava assimilando
muito mais a escravidão nutrindo a esperança de um dia ser libertado pelo seu senhor.
A organização Política
As lutas políticas: a formação dos Partidos Políticos
Por volta de 430 a.C. surgiram os primeiros partidos políticos do Ocidente mediante a intensa luta de
classe entre camponeses, comerciantes e nobreza. Nas lutas políticas atenienses não esteve envolvido o
estrangeiro e os escravos, pois a luta política se resumia apenas as classes de origem ateniense.
A formação partidária ateniense ocorreu da seguinte forma:
a) O Partido Pediano: fundado pela aristocracia tinha um interesse político conservador afim de manter
seus latifúndios, prestigio social e monopólio político (os nobres controlaram a política por 300 anos).
b) O Partido Paraliano: fundado pelos demiurgos a fim de defender a sua ascensão política e seus
interesses econômicos ligados ao comercio. Apresentou uma postura política modearda.
c) O Partido Diacriano: fundado pelos Georgois e Thetas com interesse progressista em busca de
reformas profundas como a sua cidadania, reforma agrária, fim da escravidão por divida e das
discriminações sociais. Esse partido foi a principal força transformadora da realidade ateniense.
As reivindicações populares e as reformas
Atenas foi durante muito tempo dominada pelos eupátridas. No entanto, a população que não tinha
direito político passou a reivindicar constantemente mudanças na estrutura social, motivos que levou os
eupátridas a realizarem algumas reformas na constituição ateniense.
A primeira reforma foi realizada pelo legislador Drácon em 621 a.C. mediante as pressões de
camponeses e demiurgos que reivindicavam junto a nobreza a abertura política, lei escrita, reforma social
e agrária. Mediante as pressões populares a nobreza ateniense promete realizar algumas reformas. Essa
reforma apresentou as seguintes características.
a) criou-se uma constituição escrita que foi a primeira de Atenas, porém manteve os antigos privilégios
da nobreza.
b) criou-se a penalidade de morte para o adultério feminino e também para o furto de um simples pedaço
de pão. Essas leis irão mostrar a atitude conservadora de Drácon.
c) A constituição draconiana não questionou a estrutura latifundiária e nem o monopólio político da
nobreza.
Como a reforma de Drácon não resolveu a situação da população, em 594 a.C., as pressões populares
acabaram forçando a nobreza a realizar uma outra reforma na constituição. Esta segunda reforma seria
elaborada por Sólon, legislador ligado aos grandes comerciantes e apoiado pelos camponeses. Esta reforma
atendeu principalmente o interesse dos Demiurgos que puderam acender politicamente.
A constituição criada por Sólon proibiu a escravidão por divida e ampliou o direito de voto, de acordo
com a renda de cada pessoa; criou uma nova moeda para Atenas chamada de drakma e se tornou bastante
importante na relação comercial, No entanto, a constituição de Sólon não discutiu reforma agrária, motivo
que frustrou os camponeses e aumentou os conflitos sociais.
Em 540 a.C. os camponeses atenienses frustrados com a reforma de Sólon que não fez reforma agrária
se organizaram politicamente em busca de uma guerra civil e do poder. Os camponeses eram liderados por
Psistratus que arma os camponeses iniciando a guerra civil. Esta guerra civil acabou derrotando a nobreza
e locando Psistratus no poder, passando a governar Atenas de forma tirânica.
Após a morte de Psistratus a tirania passou para as mãos de seus filhos, mas acabaram frustrando os
anseios do povo. Os filhos de Psistratus através da incompetência e egoísmo levaram Atenas a uma
anarquia, ou seja, um desgoverno possibilitando o retorno da nobreza ao poder.
Após a reestruturação oligárquica o povo ateniense retoma as lutas políticas através da fundação do
Partido Democrático que foi resultado da união entre camponeses e comerciantes prejudicados com a volta
da nobreza.
O Partido Democrático teve a liderança de Clístenes, rico comerciante que liderou mais uma guerra civil
contra a nobreza. Em 510 a.C. o Partido Democrático assume o poder derrubando definitivamente a
nobreza. Clístenes ampliou a participação e o direito de decisão política para todos os cidadãos atenienses,
quer dizer, para todos os homens livres nascidos em Atenas, maiores de 18 anos. Esse regime político era
chamado de Democracia, que significa “poder do povo”, mas era uma democracia restrita para poucos,
pois os escravos, as mulheres e os metecos não participavam.
A educação ateniense
O processo educacional ateniense encontrou dois momentos históricos onde na sua primeira fase a
educação era extremamente particular realizados dentro das casas dos homens ricos que contratavam
professores particulares. Depois da democracia a educação ganhou novo sentido através da criação de uma
escola pública que tinha como função preparar os filhos dos cidadãos para o debate político.
O objetivo pedagógico ateniense buscava a formação política e intelectual do seu futuro cidadão que de
7 a 18 anos participava de uma escola pública onde aprendia gramática, história, política, filosofia e arte.
De 16 a 18 anos recebia um prepara militar temporário e depois se tornava cidadão participando da Eclésia.
O papel da mulher
Mesmo com o processo democrático a situação da mulher não se alterou em Atenas, visto que a
democracia e a formação política do cidadão não envolveu as mulheres que continuaram sendo identificadas
como objeto domestico procriativo. A mulher ateniense era totalmente fechada dentro de casa e só saia na
companhia de um responsável e enquanto solteira dependia diretamente do pai depois de casada do marido
e viúva o filho mais velho assumia a direção da família (ela não recebia nenhum tipo de herança ou formação
política intelectual).
O imperialismo grego
A relação imperialista definiu-se desde a antiguidade como o controle de uma metrópole ou centro sobre
uma periferia, colônia ou província. A primeira grande potencia da historia do ocidente foi Atenas que
através da sua expansão cultural e comercial passou a dominar o mercado de todo o mar Egeu e de algumas
cidades-estados gregas. Atenas detinha uma relação democrática entre seus cidadãos, mas com outras
sociedades acabava levando muito mais uma relação de exploração do que de desenvolvimento.
As colônias gregas
Toda economia e desenvolvimento de Atenas estava ligado a exploração colonial que se dava da seguinte
maneira:
As disputas políticas internas, a escassez de terras disponíveis e a necessidade de expansão do comércio
empurraram as cidades gregas, entre elas Atenas, para a conquista de áreas coloniais. A disputa por
melhores regiões levou à formação de dois grupos rivais, um liderado por Esparta, a Liga do Peloponeso,
e outro por Atenas, a Liga de Delos, que resultou na Guerra do Peloponeso, opôs os dois, e resultou na
derrota de Atenas.
A guerra do Peloponeso foi motivada principalmente pela agressividade da política ateniense que através
do século de Péricles tentou dominar todo o mundo grego. Mediante a política de expansão ateniense o
governo espartano formou uma aliança militar entre as cidades inimigas de Atenas e essa aliança foi
conhecida como liga do Peloponeso. A partir desse momento o mundo grego ficou dividido entre os
interesses espartanos e atenienses (Esparta para se defender da expansão ateniense busca também agora o
domínio de todo o território grego para impor a sua realidade).
A guerra ultrapassou 30 anos desgastando lentamente a civilização grega.
Religião e Cultura Grega
Os gregos eram politeístas, ou seja, acreditavam em vários deuses que estavam ligados aos fenômenos
da natureza e aos fenômenos sociais. Esses deuses tinham características humanas, defeitos e qualidades,
fraquezas e paixões. Na verdade, o único aspecto que diferenciava deuses e homens era que os primeiros
eram imortais.
Os deuses da mitologia grega representavam fenômenos da natureza e também uma tentativa de entender
e discutir o próprio comportamento humano. Esses deuses explicavam acontecimentos sociais e naturais
como uma tentativa um tanto frustrada de justificar desigualdades e também confortar o homem perante as
tragédias da vida.
A Grécia foi uma civilização muita rica do ponto de vista cultural. Seu legado é transmitido para toda o
mundo ocidental. Até hoje, as obras de filosofia e de poesia gregas são lidas. As peças gregas são
apresentadas em importantes teatros do mundo. As esculturas gregas são uma atração imperdível dos
grandes museus. Os templos e palácios gregos são visitados por milhares de turistas. A matemática e as
descobertas científicas dos gregos ainda são a base do conhecimento dos cientistas e engenheiros. Até
mesmo nosso idioma está impregnado de palavras de origem grega, geografia, por exemplo, vem de géos
(terra) gráphein ...
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