UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS FACULDADE DE BIOMEDICINA JULIANA ABREU LIMA PREVALÊNCIA DA INFECÇÃO PELO PAPILOMAVÍRUS HUMANO EM MULHERES PORTADORAS DO HIV RESIDENTES NA CIDADE DE BELÉM-PA BELÉM 2010 JULIANA ABREU LIMA PREVALÊNCIA DA INFECÇÃO PELO PAPILOMAVÍRUS HUMANO EM MULHERES PORTADORAS DO HIV RESIDENTES NA CIDADE DE BELÉM-PA Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Faculdade de Biomedicina da Universidade Federal do Pará, como requisito parcial para a obtenção do grau de Bacharel em Biomedicina. Orientador: Profº Drº Luiz Fernando Almeida Machado BELÉM 2010 JULIANA ABREU LIMA PREVALÊNCIA DA INFECÇÃO PELO PAPILOMAVÍRUS HUMANO EM MULHERES PORTADORAS DO HIV RESIDENTES NA CIDADE DE BELÉM-PA Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Faculdade de Biomedicina da Universidade Federal do Pará, como requisito parcial para a obtenção do grau de Bacharel em Biomedicina, aprovado com o conceito __________________. Belém (PA), 16 de dezembro de 2010. Banca Examinadora: ___________________________________ Profº Drº Luiz Fernando Almeida Machado ICB – UFPA (orientador) ___________________________________ Profª Esp. Mihoko Tsutsumi (ICB-UFPA) ____________________________________ Profª Mrs. Vânia Azevedo (ICB-UFPA) _____________________________________ Mrs. Jacqueline Cortinhas Monteiro - suplente (ICB-UFPA) EPÍGRAFE Mais uma vez o tempo me assusta. Passa afobado pelo meu dia, Atropela minha hora, Despreza minha agenda. Corre prepotente, a disputar lugar com a ventania. O tempo envelhece, não se emenda. Deveria haver algum decreto Que obrigasse o tempo a desacelerar E a respeitar meu projeto. Só assim, eu daria conta Dos livros que vão se empilhando, Das melodias que estão me aguardando, Das saudades que venho sentindo, Das verdades que ando mentindo, Das promessas que venho esquecendo, Dos impulsos que sigo contendo, Dos prazeres que chegam partindo, Dos receios que partem voltando. Agora, que redijo a página final, Percebo o tanto de caminho percorrido Ao impulso da hora que vai me acelerando. Apesar do tempo, e sua pressa desleal, Agradeço a Deus por ter vivido, Amanhecer e continuar teimando... (Flora Figueiredo) DEDICATÓRIA Dedico esse trabalho... Á minha querida mãe que me ensinou a batalhar por aquilo que acreditamos. Ao meu pai pelo carinho e dedicação ao longa da vida. Ao meu irmão pelo encorajamento nos momentos mais difíceis. Á minha amada avó pelo amor imensurável pelos conselhos sábios e pela confiança. AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus pela presença constante em todos os momentos da minha vida, por poder acreditar que o amanha sempre será melhor que o hoje. Ao meu querido namorado por toda a paciência cedida durante os momentos conturbados, pelo seu ombro amigo que sempre pude contar, pelas palavras confortantes quando todas as técnicas davam erradas, pelo seu sorriso que sempre me deu forças e pelo seu amor que sempre me motivou a continuar. Ao meu orientador Profº. Drº Luiz Fernando Almeida Machado, por todos os ensinamentos repassados e pela tranqüilidade que sempre transmitiu durante todos os momentos complicados, fazendo dos grandes problemas algo muito simples e solucionável. Aos professores: Dr. Ricardo Ishak, Profª. Mihoko Tsutsumi e Profª. Vânia Azevedo, que direta ou indiretamente contribuíram para a realização deste trabalho. À coordenação da Faculdade de Biomedicina, juntamente com todos os professores que lecionaram ao longo desses quatro anos de formação. Ao Laboratório de Virologia da UFPa onde tive a oportunidade de realizar todas as minhas atividades e a todos os colegas que de uma forma ou de outra sempre me ajudaram em tudo o que precisei, em especial: Andreza Brasil, Rogério Valois, Jacqueline Cortinhas, Bárbara Santana, Lucimar DiPaula e Priscila Freitas que participaram de forma imensurável para a concretização do meu trabalho. A todas as mulheres que aceitaram participar deste projeto, sem elas seria impossível a realização desta pesquisa. Ao Hospital Universitário João de Barros Barreto, pelas informações cedidas. Ao Centro de Saúde Escola / UEPa (CSE) e Unidade Referência Especializada em Doenças Infecciosas e Parasitárias Especiais (URE-DIPE), pelos espaços cedidos para as coletas cervicais. Aos meus familiares que mesmo em outro estado sempre me apoiaram de diversas formas possíveis e aos amigos em especial: Débora Cristina, Tamirys Simão, Taíssa Araújo, Ivy Tsuya, Priscila Vieira e Lúcia Helena por todo o apoio ao longo do meu trabalho. A coordenação do Laboratório Ruth Brazão que sempre me liberou quando precisei fazer as coletas cervicais das mulheres participantes, deixando meus horários bastante flexíveis, não comprometendo o andamento do trabalho e aos vários colegas que tive o privilégio de conhecer e por todos os conhecimentos repassados. A todos vocês os seus sinceros agradecimentos. SUMÁRIO LISTA DE FIGURAS E TABELAS.................................................................... i LISTA DE SIGLAS ............................................................................................. ii RESUMO .............................................................................................................. iii 1. INTRODUÇÃO ................................................................................................... 01 1.1 HISTÓRICO ......................................................................................................... 01 1.2 CLASSIFICAÇÃO E MORFOLOGIA ................................................................ 01 1.3 TRANSMISSÃO .................................................................................................. 02 1.4 TIPOS DE HPV .................................................................................................... 03 1.5 GENOMA VIRAL E CÂNCER CERVICAL ...................................................... 04 1.6 DIAGNÓSTICO ................................................................................................... 05 1.7 TRATAMENTO ................................................................................................... 05 1.8 EPIDEMIOLOGIA ............................................................................................... 06 1.9 JUSTIFICATIVA ................................................................................................. 07 1.10 OBJETIVOS ........................................................................................................ 07 1.10.1 Objetivo geral ...................................................................................................... 07 1.10.2 Objetivos específicos ........................................................................................... 07 2. MATERIAL E MÉTODOS ............................................................................... 08 2.1 TIPO DE ESTUDO ............................................................................................... 08 2.2 CASUÍSTICA E COLETA DE AMOSTRAS ....................................................... 08 2.3 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO .............................................................................. 08 2.4 BIOLOGIA MOLECULAR ................................................................................. 09 2.4.1 Extração de DNA ................................................................................................ 09 2.4.2 Reação em Cadeia pela Polimerase (PCR) ....................................................... 09 2.4.3 Eletroforese .......................................................................................................... 10 2.5 ESTATÍSTICA ................................................................................... 10 3. RESULTADOS ................................................................................................... 11 3.1 DISTRIBUIÇÃO DO GRUPO AMOSTRAL DE ACORDO COM O PERFIL SOCIO-DEMOGRÁFICO .................................................................................... 11 3.2 DISTRIBUIÇÃO DOS POSSÍVEIS FATORES DE RISCOS PARA AQUISIÇÃO DE HPV ......................................................................................... 13 3.3 DISTRIBUIÇÃO DOS POSSÍVEIS FATORES DE RISCO PARA AQUISIÇÃO DE ONCOGÊNESE CERVICAL .................................................. 14 3.4 PREVALÊNCIA DO HPV.................................................................................... 15 3.5 ANÁLISE ESTATÍSTICA ................................................................................... 16 4. DISCUSSÃO ........................................................................................................ 21 5. CONCLUSÃO ..................................................................................................... 26 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA .................................................................. 27 ANEXOS .............................................................................................................. 32 i LISTA DE FIGURAS E TABELAS Figura 1. Micrografia eletrônica do papillomavirus .................................................... 02 Figura 2. Representação esquemática do genoma do HPV 16 …...…………….…… 04 Tabela 1. Distribuição de acordo com o perfil sócio-demográfico das mulheres portadoras do HIV, de Belém-PA, no período de Março a Outubro de 2010............................................................................................................... 12 Tabela 2. Distribuição de acordo com possíveis fatores de risco para aquisição de HPV .............................................................................................................. 13 Gráfico 1. Distribuição de mulheres em relação aos sintomas ginecológicos apresentados no momento da coleta ............................................................ 14 Tabela 3. Distribuição de acordo com possíveis fatores de risco para aquisição de carcinogênese cervical ................................................................................. 15 Gráfico 2. Distribuição de amostras positivas e negativas para HPV de acordo com o resultado da Biologia Molecular .................................................................. 16 Tabela 4. Distribuição do HPV de acordo com o perfil sócio-epidemiológicas das mulheres portadoras do HIV, de Belém-PA, no período de Março a Outubro de 2010 ........................................................................................... 17 Tabela 5. Distribuição da infecção por HPV de acordo com possíveis fatores de risco .............................................................................................................. 17 Tabela 6. Distribuição de acordo com possíveis fatores de risco para aquisição de oncogênese cervical ..................................................................................... 19 Gráfico 3. Distribuição de mulheres sintomáticas e assintomáticas ............................. Gráfico 4. Distribuição de TARV a partir das pacientes examinadas e de seus locais de tratamento ................................................................................................ 20 20 ii LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS AC: Anticoncepcional CD4+- Linfócitos ( cluster of differentiation 4) DNA- Ácido dexorribonucléico NIC- Neoplasia Intra-Epitelial Cervical HIV- Vírus da Imunodeficiência Humana (human immunodeficiency virus) E: Proteína Precoce (Early) ORF- Fase de Leitura Aberta (open reading frames) E1-Proteína Precoce (early) 1 P53- Proteína 53 E2- Proteína Precoce (early) 2 E4- Proteína Precoce (early) 3 PCCU-Preventivo do Câncer de Colo do Útero E5- Proteína Precoce (early) 5 PCR- Reação em Cadeia pela Polimerase E6- Proteína Precoce (early) 6 pRB- Proteína Retinoblastoma E7- Proteína Precoce (early) 7 HPV- Papillomavirus Humano RCL- Longa Região de Controle (long control region) HUJBB- Hospital Universitário João de Barros Barreto RPM- Rotações por Minuto IARC- International Agency for Research on Cancer INCA- Instituto Nacional do Câncer JEC- Junção Escamo-Colunar L- Proteína Tardia (Late) L1- Proteína Tardia (Late) 1 L2- Proteína Tardia (Late) 2 MDR MDR- Resistência Múltipla a Drogas TARV- Terapia Anti-Retroviral UFPa- Universidade Federal do Pará URE-DIPE- Unidade de Referência Especializada em Doenças Infecciosas e Parasitárias Especiais VLP- Partícula Semelhante a Vírus (viruslike particles) iii RESUMO O Papilomavírus Humano (HPV) está envolvido no desenvolvimento de várias lesões benignas do epitélio e diferentes graus de neoplasias malignas. Vários estudos têm mostrado, consistentemente, a associação da infecção por HPV com o câncer cervical. Altas taxas de prevalência são observados em adolescentes e mulheres sexualmente ativas, bem como em mulheres infectadas pelo Vírus da Imunodeficiência Humana 1 (HIV-1), que, em geral, apresentam infecções com múltiplos genótipos do HPV. Portanto, o presente estudo tem como objetivo determinar a prevalência da infecção pelo HPV em um grupo de mulheres infectadas com o HIV-1, assim como classificar os sintomas ginecológicos mais frequentes nesta população. Amostras de raspado do colo do útero e outras informações epidemiológicas de 46 mulheres infectadas pelo HIV-1, residentes na cidade de Belém-Pará, foram colhidas no tempo médio entre março a outubro de 2010. Todas as amostras foram submetidas à extração de DNA e, posteriormente, reação em cadeia da polimerase (PCR) para amplificação um segmento de 450 pb relacionados com a ORF L1 do HPV, utilizando na reação os primers consenso MY9 e MY11. A análise dos dados epidemiológicos revelou que a população estudada é predominantemente composta por mulheres que estão recebendo a terapia antiretroviral, não realizam o exame preventivo de câncer do colo uterino anualmente, tinham baixa escolaridade e com idade média de 38,6 anos. A prevalência de HPV na população estudada foi de 28,3%, considerada baixa em relação a outros estudos realizados no país, utilizando a mesma população do presente trabalho. A correlação de dados epidemiológicos com a presença de infecção evidenciou significância na análise de quatro variáveis demonstrando que a prevalência de infecções por HPV foi maior nas mulheres com baixa renda familiar e menor naquelas que apresentaram pouco número de gestações, último preventivo realizado no ano de 2010 e elevados níveis de linfócitos T CD4+. Em relação à classificação de sintomas ginecológicos o mais predominante entre elas foi a secreção com aspecto Branco-Leitosa. Palavras-Chave: HPV, HIV, Co-infecção. 1 1. INTRODUÇÃO 1.1 HISTÓRICO Muitas patologias que atualmente são conhecidas como doenças causadas por vírus têm sido relatadas desde a Antiguidade. No primeiro século da era Cristã, Martialis, poeta satírico romano, em sua Epigrammata Medicae Philosophicae, referiu-se metaforicamente aos condilomas acuminados, as verrugas genitais, em um trecho de poema, no capítulo Genital Warts do livro Diseases in the Homosexual Male (Oriel et al., apud Câmera et al., 2003). Sugestivamente as verrugas genitais pareciam ser comuns e os médicos gregos e romanos foram os pioneiros na observação da transmissão sexual dessas verrugas genitais (Bäfverstedt, apud Oriel, 1971). Em 1842 o médico italiano Rigoni-Stern, analisando atestados de óbitos postulou que um agente sexualmente transmissível poderia ser o causador do câncer de cérvice uterina, baseado na constatação de que existia uma alta incidência deste tipo de câncer entre prostitutas e, praticamente, ausência total em freiras (Zur Hausen et al., apud Schmitt, 1996). Entretanto, somente no século XX, a ciência e a tecnologia desenvolveram métodos e instrumentos que permitiram identificar e caracterizar esses patógenos (Camâra et al., 2003). Grandes avanços ocorreram na virologia com a utilização da microscopia eletrônica a partir de 1930 e do cultivo de células na década de 1940. Maurice Strauss e outros pesquisadores da Escola de Medicina da Universidade de Yale, em 1949, usando um microscópio eletrônico observaram partículas semelhantes aos vírus em amostras retiradas de papilomas da pele (Câmera et al., 2002). Um ano mais tarde, Strauss e colaboradores identificaram o papilomavírus humano (HPV) como o agente etiológico das verrugas (Garfield,1988). Desde então os estudos sobre HPV se intensificaram e em 1980, o isolamento de espécies específicas de HPV diretamente de biópsias de câncer da cérvice uterina abriu caminhos para estudos mais detalhados sobre o papel do HPV na indução e evolução do câncer genital (Stoler et al., 2003). 1.2 CLASSIFICAÇÃO E MORFOLOGIA Os papilomavírus e os poliomavírus foram inicialmente agrupados em uma mesma família, a Papovaviridae, devido à semelhança existente entre esses vírus tais como a ausência de envelope e genoma constituído de dupla fita de ácido dexorribonucléico (DNA) circular 2 (Kenneth, 1996). Entretanto com o auxílio da microscopia eletrônica e com a análise do ácido nucléico observou-se diferenças entre esses dois grupos. Na nova taxonomia, os papilomavírus foram agrupados em “gêneros” e “espécies” e as lesões por eles provocadas têm diferentes características. Atualmente, os papilomavírus humanos e animais compõem 16 gêneros, os quais são identificados por letras gregas. Cinco destes gêneros são compostos, exclusivamente por HPV (Bernard, 2005). Os dois principais gêneros de HPV são os Alphapapillomavirus e Betapapillomavirus, com, aproximadamente, 90% dos HPV atualmente caracterizados pertencentes a um ou outro destes grupos (Pfister, 2003). Os HPV pertencem à família Papillomaviridae. Eles infectam células epiteliais e têm a capacidade de causar lesões na pele ou mucosas. É um vírus icosaédrico, não envelopado e com ácido nucléico constituído de DNA de dupla fita, circular. O diâmetro do capsídeo é de 55 nm (Figura-1) e seu DNA possui cerca de 7900 pares de bases (pb),com peso molecular de 5,2 x 106 daltons. (Brown & Fife 1990). Figura 1. Micrografia eletrônica do papillomavirus (Stannard -1995). 1.3 TRANSMISSÃO A transmissão do HPV ocorre geralmente através do contato sexual ou por meio do contato direto com tecido infectado que penetram através de soluções de continuidade (De Palo et al.,1993). O vírus penetra no epitélio e infecta a superfície epitelial, podendo induzir o desenvolvimento de lesões benignas proliferativas ou de verrugas na pele, nas mucosas e no trato genital (Finnem et al., 2003), e por esse motivo pode ser dividido em tipo cutâneo ou mucoso (Kisseljov, 2000). O tipo cutâneo é encontrado na população em geral e causam verrugas comuns (Rácz, 2004), enquanto que o tipo mucoso infecta as células basais do epitélio estratificado escamoso e as células metaplásicas da junção escamo-colunar (JEC) do colo do útero. O tipo 3 mucoso é ainda classificado em alto risco e tipos de baixo risco, de acordo com a sua associação com câncer cervical (Scheurer et al., 2005). 1.4 TIPOS DE HPV Mais de 100 espécies de HPV foram identificados, dos quais cerca de 30 espécies estão relacionados com infecções ano-genital (Syrjänen et al.2000). Destes, 15 tipos: 16, 18, 31, 33, 35, 39, 45, 51, 52, 56, 58, 59, 68, 73 e 82, são considerados altamente oncogênicos (Muñoz et al.,2003) sendo envolvidos em mais de 95% dos casos de câncer de colo do útero (Walboomers et al., 1999). Os tipos 6, 11, 40, 42, 43, 44, 54, 61, 70, 72 e 81 são comumente associados com condiloma acuminado e lesões cervicais de baixo grau e neoplasia intraepitelial de baixo grau, com características de infecção por HPV (Bosch et al.,2002). Mulheres com lesões intra-epiteliais escamosas de alto grau e câncer cervical geralmente possuem infecção por HPV oncogênicos (Baseman et al.,2005). Aproximadamente 70% dos cânceres cervicais são causados pelo HPV16 ou 18 (Muñoz et al.,2003) e 90% das verrugas vulvares são causadas pelos HPV-6 e ou HPV-11 (Greer et al.,1995). Todos os tipos de HPV se replicam exclusivamente no núcleo da célula hospedeira. Em lesões de pele benignas, associadas ao HPV, o genoma viral localiza-se separado do DNA celular e é encontrado como um plasmídio extra-cromossômico. Em lesões malignas associadas ao HPV 16 e 18, contudo, o DNA viral se integra aos cromossomos hospedeiros (Cañadas et al.,2010). O alvo da infecção pelo HPV são as células que compõem o epitélio estratificado (Kenneth, 1996). Esse tecido é composto por camadas finas de células não-divididas em vários estágios de diferenciação terminal, com a camada superior sendo a mais diferenciada. Apenas células da camada mais inferior deste tecido (as células basais) se proliferam (Doorbar, 2005). Apesar do ciclo replicativo do HPV começar com a infecção de uma célula basal, ele só se conclui quando as células infectadas chegam às camadas superiores do epitélio (Hoffman et al., 2006). 4 1.5 GENOMA VIRAL E CÂNCER CERVICAL O desenvolvimento do ciclo de infecção pelo HPV é dividido em duas fases distintas: a fase precoce que acontece logo após a invasão pelo vírus e a fase tardia, caracterizada pela síntese de DNA genômico e formação de novas partículas virais (Schmitt 1996). O genoma do HPV é constituído por, aproximadamente, oito open reading frames (ORF), possuindo pelo menos seis genes que se expressam precocemente e dois genes que se expressam tardiamente, sendo denominados respectivamente de E (Early) e L (Late) (Fehrmann et al.,2003). A expressão destas ORF é controlada por uma região longa de controle (RLC) não-codificadora que contêm fatores de transcrição locais que originam a replicação viral (Brown et al.,2008). A região E é constituída pelos seguintes genes: E1 associado a replicação viral, E2 relacionado com transcrição e replicação, E4 com a maturação viral e alteração da matriz intracelular. As proteínas E5, E6 e E7 estão envolvidas na transformação celular. A região tardia do genoma dos papilomavírus, corresponde a 40% do genoma viral e está situada logo após a região precoce e apresenta as ORF L1 e L2, importantes na tradução das grandes e pequenas proteínas do capsídeo, respectivamente (Danos et al., 1982) (Figura02). Figura 2. Representação esquemática do genoma do HPV 16 (Fonte: Bragagnolo-2010). A proteína E2 tem uma importante função na replicação viral. Em células infectadas pelo HPV, supõe-se que a ligação entre RCL e E2 reprima a expressão gênica do vírus contribuindo para o controle de proliferação da célula pela regulação da expressão de E6 e E7 (Bragagnolo et al.,2010). A E6, por exemplo, liga-se com alta afinidade à proteína 5 p53, degradando-a, enquanto que a E7 se associa e inativa a proteína do retinoblastona (pRb), o que ocasiona a instabilidade genética (Scheurer et al., 2005). A partir dessas descobertas sugere-se que a perda combinada de p53 e da função de pRb parece agir sinergicamente para a formação de um processo maligno (Berry, & Palefsky,2003). 1.6 DIAGNÓSTICO Em termos de diagnóstico a citologia é um método acessível e rápido que, teoricamente, poderia ser utilizada na triagem da infecção pelo HPV na população geral (Hillman et al.,1993). Porém, a taxa apreciável de falsos-negativos e a variação dos resultados entre diferentes observadores tornam necessário o uso de outros métodos complementares de diagnóstico (Lorincz et al.,1990); bem como a identificação do DNA viral por métodos de biologia molecular, em especial a Reação em Cadeia pela Polimerase (PCR) e Captura Híbrida (Jung et al, 2004). A primeira tem sido referida por muitos pesquisadores como a mais sensível, em relação à identificação dos tipos de HPV, enquanto a segunda é uma técnica capaz de detectar o DNA do vírus, permitindo a identificação dos tipos virais em alto e baixo risco. Indiretamente essa técnica prediz o risco de evolução das lesões para o câncer cervical (Novaes et al., 2006). Com relação ao uso da sorologia como possível marcador de infecção por HPV no colo uterino, existem dificuldades devido às reações cruzadas entre os diferentes tipos de HPV, que podem infectar diversas partes do organismo, assim como a fraca resposta das células imunocompetentes das camadas superficiais do epitélio, onde se dá a expressão do HPV (Coursaget et al.,2003). 1.7 TRATAMENTO No que se refere ao tratamento existe atualmente uma variedade deles tais como: a eletrocirurgia, excisão cirúrgica, crioterapia, cirurgia a laser. O tratamento não cirúrgico inclui o uso de podofilina, interferon, e ácido bi ou tri-cloro-acético (Burd, 2003), entretanto na década passada, iniciaram-se os testes clínicos com várias vacinas que tinham como alvo os tipos comuns do HPV, elas foram classificadas como profiláticas ou terapêuticas (Kahn et al.,2005). As vacinas profiláticas contra o HPV são compostas pela proteína do capsídeo L1 do HPV que se auto-reproduz em partículas virus-like (VLP) (Villa et al.,2006). VPL são 6 destituídas de DNA e, assim, são consideradas seguras, pois induzem forte resposta imune sem o risco de infecção ou de produzir uma neoplasia (Lowy et al.,2006). Existem atualmente dois tipos de vacinas sendo estudadas: as vacinas profiláticas evitando a infecção pelo HPV e suas doenças associadas e as terapêuticas que induzem a regressão das lesões pré-cancerosas e a remissão do câncer invasivo (Franco et al., 2005). A vacina profilática é ainda dividida em: vacina bivalente, que protege contra os HPV-16 e 18, e a quadrivalente, contra HPV-6, HPV-11, HPV-16 e HPV-18. As vacinas são injetadas por via intramuscular e alcançam os vasos linfáticos, mimetizando uma viremia e estimulando a produção de anticorpos neutralizantes, sendo que ambas são administradas em três doses para se obter o máximo efeito imunogênico (Harper et al.,2006). Ressalta-se que a proteção conferida pela vacina bivalente é essencialmente HPV tipo específico (Koutsky et al.,2002). Paralelamente, a prevenção a partir da vacina quadrivalente, têm mostrado redução significante da incidência de infecções persistentes pelo vírus (Soper et al.,2006), sugerindo que a vacinação em massa diminuirá o ônus provocado pelas doenças associadas ao HPV (Weaver et al.,2006). Já as vacinas terapêuticas induzem imunidade celular e humoral, porém não demonstraram eficácia clínica consistente (Kahn et al., 2005). 1.8 EPIDEMIOLOGIA No contexto mundial, o câncer de colo de útero é o segundo mais comum entre mulheres (Inca 2006). No Brasil, é estimado que haja nove milhões de infectados pelo HPV, podendo ser considerada a infecção de transmissão sexual mais frequente em razão do aumento de sua incidência mundial (Carvalho et al.,2004). A partir de resultados divulgados pelo International Agency for Research on Cancer (IARC) na Colômbia foi registrada incidência de 5,0 por 100 pessoas-ano, nos Estados Unidos, de 15,8 por 100 pessoas-ano, já no Canadá foi de 16,8 por 100 pessoas-ano. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), para o ano de 2010 são previsto que 18.430 mulheres desenvolvam a doença em todo o Brasil, com um risco de 20,82 casos a cada 100 mil mulheres no estado do Pará. Mulheres portadoras de HIV apresentam notavelmente maiores risco de desenvolverem neoplasias cervicais do que mulheres não portadoras (Strickler et al.,2003), tendo como causa provavelmente a imunosupressão acometida pelo respectivo vírus. Entre as mulheres portadoras do HIV, infecções por HPV não são apenas mais comuns (Palesky et al., 7 1999) como também mais recorrente (Moscicki et al., 2004). Brandão et al., (2009) encontravam prevalências de 96% de HPV em mulheres grávidas portadoras do HIV em Recife-Brasil. Em estudos feito por Entiauspe et al., (2010) com mulheres HIV positivas no extremo sul do Brasil a prevalência foi 76,4%. Ng'andwe et al.,(2007) avaliando uma população de mulheres portadoras do HIV na Zâmbia encontravam uma prevalência de 80% de infecções por HPV na população estuda. Corrêa et al., (2007) encontraram prevalência de 78,8% entre mulheres infectadas com o HIV em seu estudo realizado na cidade de BeloHorizonte –MG (Brasil). A partir destes e de muitos outros estudos observa-se a alta prevalência de infecções por HPV na referida população, de modo geral a prevalência de HPV giram em torno de 60% a 98% entre mulheres portadoras do HIV. 1.9 JUSTIFICATIVA Vários fatores podem contribuir para a infecção por HPV, em especial, início da atividade sexual precoce, grande número de parceiros sexuais, escolaridade (Nonnenmacher et al.,2002) além de ressaltar que mulheres com infecção pelo HIV com importante imunossupressão (contagem de linfócitos T CD4+ abaixo de 200cels/µL) possuem maior risco de desenvolver neoplasia intra-epitelial cervical (NIC) (Conley et al.,2002). 1.10 OBJETIVOS 1.10.1 Objetivo geral Verificar a prevalência da infecção pelo Papillomavirus humano e averiguar a presença ou não de sintomatologia ginecológica em mulheres portadoras do HIV-1 residentes na cidade de Belém-Pa. 1.10.2 Objetivos específicos -Determinar a prevalência da infecção pelo HPV em um grupo de mulheres portadoras do HIV-1 residentes na cidade de Belém-PA. -Descrever os fatores associados à infecção pelo HPV na população examinada. -Classificar o tipo de sintoma ginecológico mais predominante entre o grupo. 8 2. MATERIAL E MÉTODOS 2.1 TIPO DE ESTUDO O presente estudo é do tipo observacional transversal. 2.2 CASUÍSTICA E COLETA DE AMOSTRAS A população estudada foi composta de mulheres portadoras do HIV da cidade de Belém-Pa que fazem tratamento no Hospital Universitário João de Barros Barreto, da UFPA (HUJBB) e na Unidade de Referência Especializada em Doenças Infecciosas e Parasitárias Especiais (URE-DIPE), as amostras foram coletadas entre Março e Outubro de 2010. Todas as participantes foram orientadas a cerca dos objetivos do trabalho e, aquelas que concordaram em participar do mesmo, assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Anexo-1) e responderam a um questionário epidemiológico (Anexo-2). Para a realização da coleta, a mulher foi colocada na posição ginecológica, o mais confortável possível. O espéculo vaginal introduzido obedeceu ao tamanho de acordo com as características perineais e vaginais da mulher examinada (pequeno, médio ou grande). O espéculo foi introduzido suavemente, porém de modo que o colo do útero ficasse exposto completamente. As amostras cervicais foram submetidas à análise por biologia molecular e foram coletadas com o auxílio de escovas endocervicais, as quais ficaram submersas e acondicionadas em frascos contendo 3mL de solução salina. Após a coleta, essas amostras foram transportadas, através de suportes para tubos e devidamente acondicionadas em caixa térmica até o Laboratório de Virologia da UFPA, onde permaneceram estocadas a -20ºC até o momento da extração de DNA. 2.3 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO: (i) ter ou já ter tido vida sexualmente ativa; (ii) ter idade igual ou superior a 18 anos (iii) ser residente na cidade de Belém, Pará e portadora do HIV. 9 2.4 BIOLOGIA MOLECULAR 2.4.1 Extração de DNA Todas as amostras coletadas foram submetidas à extração de DNA total a partir de células oriundas da mucosa genital de acordo com o protocolo do método de extração fenolclorofórmio o qual foi realizado em três etapas: lise de hemácias; lise de leucócitos e precipitação de proteínas conforme descrito: Em um tubo de 2 mL foi adicionado 500 µL de amostra cervical e 500 µL de lise de hemácias, agitou-se por inversão durante 20 minutos. Centrifugou-se a 14.000 rotações por minuto (rpm) por 3minutos. Em seguida desprezou-se o sobrenadante. Na fase de Lise de leucócitos acrescentou-se ao precipitado 500 μL de lise de leucócitos. Agitou-se ao vórtex até o precipitado ser dissolvido completamente. Prossegui-se com a incubação em banho-maria (55º) durante 1 hora. Para a precipitação de proteínas, ao material incubado adicionou-se 200 μL de Solução de Proteínas. Agitou-se brevemente no vórtex e em seguida incubou-se, novamente, em banho-maria (55º). Após 30 minutos de incubação, o material foi centrifugado (14.000 rpm) durante 10 minutos. A fase aquosa foi então transferida para um tubo de 2mL, limpo, no qual se adicionou 500 μL de fenol-clorofórmio. Agitou-se por inversão durante 10 minutos e em seguida centrifugou-se (14.000 rpm) por 10 minutos. O sobrenadante novamente foi transferido para outro tubo limpo, onde foi acrescentado 1,5 mL de isopropanol gelado. Após a visualização da turvação, centrifugou-se (14.000 pm) por 10 minutos. O sobrenadante foi desprezado cuidadosamente e então foi acrescentado 200 μL de etanol a 70% a fim de lavar a parede do tubo. O etanol foi desprezado e o tubo foi colocado para secar durante tempo suficiente para que ocorresse a evaporação completa do etanol. A reação foi finalizada com a adição de 70 μL de água, para a hidratação do DNA obtido. 2.4.2 Reação em Cadeia pela Polimerase (PCR) Com intuito de garantir a veracidade dos resultados todas as amostras foram submetidas a amplificação do éxon-2 do gene de resistência múltipla a drogas (MDR-1) - uma vez que este se encontra presente nas células humanas- conforme descrito por (Fojo et al., 1986). A partir de identificada a presença de DNA em todas as amostras, foi realizada a PCR a fim de amplificar um segmento do gene L1 (450 pares de base), o qual está relacionado com 10 síntese de proteínas do capsídeo, altamente conservada entre os genótipos. A PCR é uma ferramenta valiosa para a investigação epidemiológica da infecção pelo HPV. A PCR consenso detecta mais espécies de HPV genital com maior sensibilidade, além de permitir a análise das variantes dos tipos de HPV, bem como permite a caracterização das novas espécies (Coutlée et al., 2005). A amplificação foi feita no equipamento Termociclador GeneAmp PCR System 2400. Na reação de amplificação foi utilizado um volume de 50 µL contendo 200 ng de DNA extraído; 200 µM de cada dNTP; 12,5 pmol de cada iniciador; 50 nM de KCL, 2,5 mM de MgCl2; 10 mM de Tris-HCl pH 8.3 e 5U de Taq polimerase. Os iniciadores consenso envolvidos na reação foram: MY09 (5’- CGTCCMAARGGAWACTGATC-3’) e MY11(5’GCMCAGGGWCATAAYAATGG-3’) (Manos et al.1989). Em cada reação de amplificação, após a desnaturação inicial à 95ºC por cinco minutos, foram efetivados 40 ciclos de um minuto à 95ºC, um minuto à 57ºC e um minuto à 72ºC, com tempo de cinco minutos para extensão final à 72ºC. 2.4.3 Eletroforese Os produtos da PCR foram visualizados após eletroforese (100 V/45 minutos) em gel de agarose a 2,0%, utilizando tampão TAE 1x (TAE 50x estoque – TrisBase 1,6 M, Acetato de Na 0,8 M e EDTA-Na2 40 mM/1000 mL água deionizada), contendo 6 μL de Syber-Safe (INVITROGEN, OREGON, U.S.A.), mediante a utilização de transiluminador com fonte de luz ultravioleta. 2.5 ESTATÍSTICA O presente estudo utilizou o conceito clássico para o cálculo de prevalência, indicando o número de pessoas, em um grupo populacional, que possui a característica pesquisada (no caso, a presença de HPV) em dado ponto no tempo (Mausner & Bahn, 1974). A significância da relação existente entre a infecção por HPV e os fatores de risco apresentados pelas participantes do estudo, foi realizada com o auxílio do programa Bioestat 5.0 (Ayres et al., 2007). 11 3. RESULTADOS 3.1 Distribuição do grupo amostral de acordo com o perfil sócio-demográfico. Foram coletas amostras cervicais de 46 mulheres portadoras do HIV, sendo que 16 delas fazem tratamento no HUJBB e 30 fazem acompanhamento na URE-DIPE. Em relação à faixa etária observou-se que 63% (29/46) possuíam entre 30 e 40 anos e 26,0% (12/46) tinham mais que 40 anos, quanto à escolaridade 34,8% (16/46) das mulheres participantes apresentaram o 1º grau incompleto, enquanto que 30,4% (14/46) possuíam o 2º grau completo. A avaliação do estado civil mostrou que essa população foi constituída por 56,5% 26/46) de mulheres casadas/união estável, seguido de 39,1% (18/46) de mulheres solteiras/separadas. 41,3% (19/46) afirmaram ter tido entre 2-3 gestações e 30,4% (14/46) nunca engravidaram ou tiveram no máximo apenas uma gestação. As informações obtidas a respeito da renda familiar revelaram que 58,7% (27/46) da população viviam com uma renda entre 1-2 salários, 21,7% (10/46) recebiam mais de 3 salários e 15,2% (7/46) viviam com salários menores que o mínimo (Tabela 1). 12 Tabela-1 Distribuição de acordo com o perfil sócio-demográfico das mulheres portadoras do HIV, de Belém-Pa no período de março a outubro 2010. % Perfil demográfico Número Faixa Etária Escolaridade Estado Civil Número de Gestações Renda Familiar 20-30 05 11,0 30-40 29 63,0 >40 12 26,0 1º grau incompleto 16 34,8 1º grau completo 04 8,7 2º grau incompleto 08 17,4 2º grau completo 14 30,4 3º grau 04 8,7 Casada/União Estável 26 56,5 Viúva 02 4,4 Solteira/Separada 18 39,1 0-1 14 30,4 2-3 19 41,3 >3 13 28,3 <1 07 15,2 1-2 27 58,7 >3 10 21,7 Não Informaram* 02 4,4 *Valor não considerado para cálculos estatísticos. 13 3.2 Distribuição dos possíveis fatores de riscos para aquisição de HPV. A avaliação do inquérito epidemiológico permitiu constatar que, 41,3% (19/46) das mulheres participantes do presente trabalho afirmaram usar algum tipo de preservativo (masculino/feminino), desde o início da vida sexual, enquanto que a outra parcela das participantes revelou que ou usava apenas algumas vezes 34,8% (16/46) ou não usavam 23,9% (11/46). Quando questionadas sobre a realização de preventivo contra câncer do colo de útero todas afirmaram já terem feito pelo menos uma vez na vida, sendo que 34,8% (16/46) das mulheres fizeram o último exame há mais de 2 anos, 26,1% (12/46) realizaram no ano de 2009 e surpreendentemente apenas 17,4% (8/46) disseram ter feito neste ano. Em relação ao número de parceiros no ano de 2009 69,6% (32/46) revelaram ter tido apenas um, sendo que 15,2% (7/46) afirmaram não ter tido nenhum e outro grupo com mesmo percentual 15,2% (7/46) divulgaram ter tido mais de um parceiro no ano passado. Quanto à idade de início da vida sexual 65,2% (30/46) possuíam entre 15-20 anos e 23,9% (11/46) tinham entre 10-14 anos (Tabela 2). Tabela-2 Distribuição de acordo com possíveis fatores de risco para aquisição de HPV. Fator de Risco Número % Uso de Preservativo Sim As vezes Não 19 16 11 41,3 34,8 23,9 Realização de PCCU 2010 2009 2008 +2 anos 08 12 10 16 17,4 26,1 21,7 34,8 Número de parceiros em 2009 0 1 +1 07 32 07 15,2 69,6 15,2 11 30 04 01 23,9 65,2 8,7 2,2 10-14 15-20 >20 Não informaram* *Valor não considerado para cálculos estatísticos. Coitarca 14 Durante as entrevistas quando questionadas sobre sintomatologia ginecológica observou-se que apenas 26% (12/46) delas afirmaram não apresentar nenhum tipo de sintoma, enquanto que 74% (34/46) queixaram-se de algum tipo de secreção vaginal e apesar dos sintomas, nenhuma afirmou ter procurado o atendimento médico ginecológico para solucionar o problema (Gráfico-01). Gráfico-01: Distribuição de mulheres em relação aos sintomas ginecológicos apresentados no momento da coleta. 3.3 Distribuição dos possíveis fatores de risco para o desenvolvimento de oncogênese cervical De acordo com a distribuição de possíveis fatores de risco para a progressão da infecção por HPV à carcinogênese cervical verificou-se que 58,7% (27/46) das participantes apresentaram níveis de CD4+ entre 200-500 cels/µL de sangue, (preconizado pelo Ministério da Saúde como valor intermediário ao desenvolvimento de doenças oportunistas), enquanto que apenas 6,5% (3/46) apresentaram níveis menores que o referido. Em relação à carga viral observou-se que 80,4% (37/46) das mulheres apresentaram níveis menores que o limite mínimo aconselhável, segundo o Ministério da Saúde 10.000 cópias de RNA/mL de sangue, enquanto que 2,2% (1/46) apresentaram níveis maiores que 100.000 cópias de RNA/ mL, significando uma carga viral elevada. No que se refere ao uso de anticoncepcionais (AC) 63,0% (29/46) das participantes disseram não fazer uso, por outro lado 37,0% (17/46) afirmaram ter usado por 15 no mínimo 1 ano. A partir da avaliação sobre a presença de câncer familiar notou-se que 54,3% (25/46) das participantes possuíam algum tipo de câncer na família, enquanto que 43,5% (20/46) não reconheceram nenhum parente com histórico cancerígeno. Em relação ao uso de cigarros 52,2% (24/46) declararam que nunca fumaram. Por outro lado 32,6% (15/46) disseram que fumavam, porém com a descoberta do diagnóstico positivo para HIV-1 pararam e apenas 15,2% (7/46) afirmaram ser fumantes (Tabela 3). Tabela-3 Distribuição de acordo com possíveis fatores de risco para aquisição de carcinogênese cervical. Fator de Risco Número % CD4 + <200 cel/ µL 200-500 cel/ µL >500 cel/ µL Não informaram* 3 27 14 2 6,5 58,7 30,4 4,4 Carga Viral <10 4cópias RNA/mL 104105cópiasRNA/mL >10 5 cópias RNA/mL Não informaram* 37 6 1 2 80,4 13,0 2,2 4,4 Utilização de AC Não Já usou 29 17 63,0 37,0 História de Câncer Familiar Sim Não Não Informaram* 25 20 01 54,3 43,5 2,2 07 24 15 15,2 52,2 32,6 Sim Nunca Parou *Valor não considerado para cálculos estatísticos. Fumante 3.4 PREVALÊNCIA DO HPV As amostras das mulheres portadoras de HIV participantes no presente trabalho foram submetidas à biologia molecular com intuito de verificar a presença ou não do genoma viral do HPV. O DNA extraído inicialmente foi testado para o gene MDR-1 presente em todo DNA humano com intuito de controle de qualidade evitando assim falsos negativos, após esse controle e com todas as amostras apresentando DNA humano foi realizada a reação específica 16 para HPV. Das 46 amostras testadas, observou-se que 28,26% (13/46) foram positivas para HPV(Gráfico-2). Gráfico-02: Distribuição de amostras positivas e negativas para HPV de acordo com o resultado da Biologia Molecular. 3.5 ANÁLISE ESTATÍSTICA A análise estatística das informações obtidas no questionário epidemiológico foi feita a partir do programa BioEstat 5.0 e empregando o teste Exato de Fisher, levou-se em consideração resultados com p≤0.05 como sendo significativo. A análise do perfil sócioepidemiológico demonstrou que, a renda familiar (1-2 salários) e o número de gestações (0-1) são fatores que se relacionam com a HPV. (Tabela 4). 17 Tabela-4 Distribuição do HPV de acordo com o perfil sócio-epidemiológicas das mulheres portadoras do HIV, de Belém-PA, no período de Março a Outubro de 2010 Amostras positivas % Amostras Negativas % p 20-30 00 -- 05 15,1 0,17 30-40 07 53,8 22 66,7 0,31 >40 06 46,2 06 18,2 0,06 13 100 33 100 1º grau incompleto 05 38,4 11 33,3 0,49 1º grau completo 01 7,7 03 9,1 0,68 2º grau incompleto 02 15,4 06 18,2 0,59 2º grau completo 04 30,8 10 30,3 0,61 3º grau 01 7,7 03 9,1 0,68 13 100 33 100 Casada/União Estável 05 38,4 21 63,7 0,11 Viúva 01 7,7 01 3,0 0,48 Solteira/Separada 07 53,9 11 33,3 0,17 13 100 33 100 0-1 1 7,6 13 39,4 0,03 2-3 6 46,2 13 39,4 0,46 >3 6 46,2 7 21,2 0,09 13 100 33 100 Perfil Sócioepidemiológico Faixa Etária TOTAL Escolaridade TOTAL Estado Civil TOTAL Número de Gestações TOTAL 18 Renda Familiar <1 03 23,1 04 12,1 0,22 1-2 04 30,8 23 69,7 0,05 >3 04 30,8 06 18,2 0,19 Não Informaram* 02 15,4 -- -- 13 100 33 100 TOTAL *Valor não considerado para cálculos estatísticos. Em relação aos possíveis fatores de risco para aquisição de HPV a partir da análise estatística foi possível verificar uma associação entre a realização do último exame de preventivo com o vírus HPV (Tabela 5). Tabela-5 Distribuição da infecção por HPV de acordo com possíveis fatores de risco. Fator de Risco Amostras % Amostras % Positivas Negativas p 04 05 04 30,8 38,4 30,8 15 11 07 45,5 33,3 21,2 TOTAL 13 100 33 100 -15,4 38,4 46,2 100 08 10 05 10 33 24,3 30,3 15,1 30,3 100 0,05 0,25 0,09 0,24 TOTAL 00 02 05 06 13 03 08 02 23,1 61,5 15,4 04 24 05 12,1 72,8 15,1 0,30 0,34 0,63 13 100 33 100 04 07 01 01 30,8 53,8 7,7 7,7 07 23 03 -- 21,2 69,7 9,1 -- TOTAL 13 *Valor não considerado para cálculos estatísticos. 100 33 100 Uso de Preservativo Realização de PCCU Sim As vezes Não 2010 2009 2008 +2 anos Número de parceiros 0 1 em 2009 +1 TOTAL Coitarca 10-14 15-20 >20 Não informaram* 0,28 0,49 0,37 0,31 0,35 0,70 19 Levando em consideração os prováveis fatores de risco para a progressão de infecção pelo HPV à carcinogênese cervical foi possível a partir de análise estatística considerar os níveis de linfócitos T CD4+ acima de 500 cels/µL como significativo para a proteção destas mulheres à carcinogênese cervical (Tabela-6). Tabela-6 Distribuição de acordo com possíveis fatores de risco para aquisição de oncogênese cervical. Fator de Risco Amostras % Amostras % p Positivas Negativas CD4 + <200 cel/µL 200-500 cel/µL >500 cel/µL Não informaram* TOTAL 02 09 01 01 13 15,3 69,3 7,7 7,7 100 01 18 13 01 33 3,0 0,17 54,6 0,21 39,4 0,04 3,0 --100 Carga Viral <10 4cópias RNA/ML 104-105cópias RNA/mL >10 5cópias RNA/mL Não informaram* TOTAL 09 03 00 01 13 69,3 23,0 --7,7 100 28 03 01 01 33 84,9 0,28 9,1 0,19 3,0 0,72 3,0 --100 Utilização de AC Não Já usou TOTAL 08 05 13 61,5 38,5 100 21 12 33 63,7 0,57 36,3 100 História de Câncer Familiar Sim Não Não Informaram* TOTAL 06 07 -13 46,2 53,8 -100 19 13 01 33 57,6 0,31 39,4 3,0 --100 Fumante Sim Nunca Parou 02 06 05 15,3 46,2 38,5 05 18 10 15,1 0,63 54,6 0,51 30,3 0,42 TOTAL *Valor não considerado para cálculos estatísticos. Em relação à sintomatologia ginecológica apresentada pelas participantes, após a biologia molecular verificou-se que 84,6% (11/13) das mulheres positivas para HPV, possuíam algum tipo de secreção vaginal e somente 15,4% (2/13) afirmaram ser assintomáticas (Gráfico- 03). Sendo que novamente a secreção mais freqüente foi a referida com aspecto Branco-leitosa. 20 Gráfico-03: Distribuição de mulheres sintomáticas e assintomáticas. As presentes participantes constituíam uma população conhecidamente de mulheres HIV positiva e que fazem tratamento ou no HUJBB ou na URE-DIPE. Observamos que todas as mulheres tratadas no HUJBB (16/16) e que mais da metade das pacientes da URE-DIPE (20/30) fazem uso de algum tratamento antiretroviral (TARV) (Gráfico-4). Gráfico-04: Distribuição de TARV a partir das pacientes examinadas e de seus locais de tratamento. 21 4. DISCUSSÃO A prevalência de infecção por HPV no presente trabalho foi de 28,26% o que pode ser considerada baixa, uma vez que populações portadoras de HIV são conhecidamente mais vulneráveis a este tipo de infecção tendo como principal base a imunossupressão encontrada nessas pessoas. As prevalências encontradas em outros trabalhos utilizando a mesma técnica e a mesma população gira em torno de 60% ou mais. Como exemplo podemos citar o trabalho de Faria et al. (2008) onde eles encontram uma prevalência de 69,7% em seus estudos com mulheres portadoras do HIV na cidade de Belo Horizonte- Brasil e o de Entiauspe et al.( 2010) trabalhando com a mesma população no extremo sul do Brasil, onde obtiveram prevalência de 76,3%. Analisando os fatores sócio-epidemiológicos das mulheres participantes observou-se que dois dos fatores (número de gestações e renda familiar) foram significativos para aquisição de HPV. Em relação à idade o grupo mais predominante entre elas compreende a faixa etária de 30-40 anos, com média de idade e mediana de 38,6 e 38 anos respectivamente, estes achados concordam parcialmente com o de Moodley et at. (2009) que encontraram uma mediana de 30 anos entre as mulheres soropositivas na África do Sul. Embora as medianas sejam diferentes, ambos os trabalhos evidenciam que a as maiores taxas de infecção por HPV encontram-se entre mulheres jovens e com vida sexual ativa. Em se tratando de escolaridade observamos que esta variável não foi significativa para a aquisição de HPV, embora possa ser observada a presença de infecções pelo HPV em todos os níveis escolares, gerando certa preocupação decorrente do grau de disseminação deste vírus na população estudada, este fato sugeriu que a falta de informações a cerca do HPV ainda permanece em todas as faixas de escolaridade apesar das maciças propagandas e dos incentivos governamentais à realização da detecção e prevenção de forma gratuita do câncer cervical, através do programa nacional de controle do câncer de colo do útero, todavia estes resultados são semelhante ao encontrado por Desruisseau et al. (2009) onde em seu estudo com mulheres férteis portadoras do HIV e negativas de Camarões (África), também não observaram nenhuma associação entre grau de escolaridade e obtenção de infecções por HPV. Ao avaliar o estado civil, detalhou-se em categorias: casadas/união estável, viúvas, solteiras/separadas e foi verificado que a maioria das mulheres infectadas pelo papillomavirus são solteiras/separadas. Estes resultados divergem dos encontrados por Campos et al.(2005) em seus estudos com mulheres HIV positivas de Belo Horizonte- Brasil, 22 uma vez que esta variável apresenta-se significativa na referida população, o autor sugere que pelo fato de serem solteiras/separadas apresentam uma maior diversidade de parceiros deixando-as mais propensas a contraírem infecções pelo HPV, é possível sugerir que o tamanho amostral possa ter influenciado na análise desta variável. Ao observar o número de gestações conferiu-se que as mulheres participantes do presente trabalho apresentam em sua maioria de duas a três gestações e este grupo juntamente com o grupo de mulheres que apresentaram mais de três gestações foram os predominantes entre as amostras positivas para HPV, a partir desses dados pode-se inferir certo desvio dessa população à realidade nacional que segundo a Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde, realizada pelo ministério da saúde em 2006 é de 1,8 filhos por mulher, deste modo ao verificarmos esta variável observamos uma associação entre ela e o vírus HPV. A partir da análise se deduziu que mulheres apresentando de zero a uma gestação estariam mais protegidas contra infecções por HPV do que aquelas que apresentam maiores números de gestações, uma vez que muitos autores sugerem que múltiplas paridades podem ser fatores de risco para aquisição de HPV principalmente em mulheres HIV positivas, esta associação estaria relacionada aos hormônios endógenos causando inversão da JEC e/ou dano tecidual e/ou a inflamação resultante de partos; muito embora esse mecanismo ainda não esteja totalmente esclarecido, estes achados são similares aos encontrados por Anastos et al. (2010) em seu estudo com mulheres em Ruanda e com Marana et al. (1999) trabalhando com uma população da cidade São Paulo-Brasil, onde eles afirmam que o número de gestação não somente é um fator de risco a aquisição de HPV como também é um fator de risco a recindiva de lesões causadas por HPV. Quando verificada a renda familiar observou-se que entre as mulheres negativas para HPV a renda predominante foi de 1-2 salários mínimos enquanto que na população positiva para HPV prevaleceu este grupo de mulheres juntamente com as que afirmaram receber mais de três salários. Através da análise estatística a renda familiar de 1-2 salários mínimos apresentou-se significativa para a obtenção do HPV, sugerindo que mulheres com salários baixos estão mais propensas a infecção, provavelmente pelas circunstâncias de vida das quais elas se encontram: com dificuldades de assistência médica, pouco acesso a medicamentos ou possivelmente a falta de diversas informações como a necessidade do uso de preservativos, a realização de exames periódicos principalmente o preventivo. Em contra partida, quando analisamos o grupo de mulheres que recebiam salários menores que o mínimo não se obteve nenhuma significância desta variável com infecções causadas por HPV e para 23 essa divergência de resultados, sugeri-se que o pequeno número de mulheres que recebem menos que um salário mínimo teria comprometido a análise desta variável. Em se tratando de possíveis fatores de risco para aquisição do vírus HPV encontrou-se apenas uma variável significativa: Realização do último pccu. Ao analisar o uso de preservativo verificou-se que boa parte delas afirma usar sempre, muito embora este uso só tenha aumentado depois da descoberta do HIV-1, uma vez que todas elas afirmam ter entrado em contato com o HIV-1 pela transmissão sexual a partir de seus cônjuges ou parceiros. Verificando os dados obtidos notou-se que a maior prevalência de HPV encontrava-se entre as mulheres que declararam usar apenas às vezes o preservativo, enquanto que a maior porcentagem de amostras negativas pertencia a mulheres que afirmaram usar sempre, embora essa variável não tenha demonstrado significância no presente trabalho e apesar de evidenciar uma maior “proteção” das mulheres que sempre utilizam a camisinha, é de suma importância destacar a necessidade de empregar a prática do uso deste preservativo nas relações sexuais principalmente de mulheres portadoras do HIV, visando no mínimo a não propagação do respectivo vírus, de qualquer forma, estes resultados são similares ao encontrado por Gonçalves et al.(2008) onde eles também não fazem nenhuma associação com o uso de preservativos e a presença de HPV no seu trabalho com mulheres brasileiras portadoras do HIV. Quando questionadas a cerca da realização do teste de Papanicolaou (“preventivo”) pelo menos uma vez na vida todas as participantes responderam positivamente, muito embora a maioria tenha feito há dois anos ou mais. Significando certo descuido, por um lado pela falta de informação sobre a importância deste exame como forma de triagem para o diagnóstico de HPV, por outro pelas inúmeras dificuldades físicas, financeiras que muitas vezes as impedem de procurar uma assistência ginecológica. Embora o exame de Papanicolaou não seja o método mais indicado para a detecção do HPV necessitando sempre de um exame mais sensível como a captura híbrida ou a biologia molecular, este exame ainda continua sendo o método de primeira escolha para a triagem do HPV. E ao fazer a análise do último exame realizado pela população do presente trabalho notou-se que as mulheres apresentando o último exame realizado no ano de 2010 demonstraram uma significância em relação às outras mulheres, sendo possível sugerir que o exame de Papanicolaou desempenha um papel protetor contra infecções por HPV, ressaltando que todas as participantes que realizaram o último exame neste ano não apresentaram o vírus. Estes resultados são divergentes dos encontrados por Rama et al.(2008), onde em seu estudo 24 com mulheres da cidade de Campinas- São Paulo (Brasil) não encontram nenhuma relação com os últimos exames de Papanicolaou e infecções por HPV. Outra variável analisada foi o número de parceiros no último ano. Observou-se que a maioria das participantes relatou ter tido apenas um parceiro e estes resultados são equivalentes se tratando de uma população em sua maioria de casada/união estável. Porém verificou-se que as maiores porcentagens de amostras positivas se enquadram dentro deste mesmo grupo de mulheres. Para este acontecimento é possível sugerir que este grupo apresentou mais amostras positivas muito provavelmente por apresentar maior quantidade de mulheres em relação aos outros dois grupos, nossos achados são semelhantes aos encontrados por Corrêa et al.(2008) que também não fez nenhuma associação com o número de parceiros e a aquisição de infecções pelo HPV. Em relação a coitarca verificamos que a mediana foi 16 anos entre as participantes, nossos achados concordam parcialmente com os de Campos et al.(2005) que encontram uma mediana de 18 anos entre as mulheres soropositivas estudas porém também não foi possível fazer nenhuma associação entre esta variável e a presença de HPV no colo do útero. Ao verificarmos a contagem de linfócitos T CD4 + e a Carga Viral das participantes como prováveis fatores de risco ao câncer cervical observou-se que a maioria delas apresentava uma contagem de linfócitos T CD4+ maior que 200 cels/µL de sangue e uma carga viral abaixo do limite mínimo. Esses dados sugerem que a grande maioria encontra-se com uma imunidade dentro dos padrões aceitáveis uma vez que a carga viral encontrava-se baixa, além da maioria delas estarem fazendo uso de algum tipo de TARV. Apesar da carga viral não ter apresentado valores significativos e o níveis de CD4+ sim, muitos trabalhos têm demonstrado que eles são importantes indicadores para uma possível progressão ao câncer cervical, é o que afirma Palefsky et al.(1999) no seu trabalho ao se referir a contagem de células T CD4 + menor que 200 cels/µL de sangue e uma carga viral maior que 20.000 cópias/mL, segundo o autor ambos os parâmetros seriam importantes para a ativação e replicação do HPV. Por outro lado existem trabalhos como o de Levi et al.(2002) o qual não fazem nenhuma associação de câncer cervical com os níveis de linfócitos T CD4+ e carga viral, segundo o autor essa não associação se daria pelo uso de TARV que tem como objetivo baixar a carga viral das portadoras de HIV, resultando em uma maior imunidade e com isso evitando a progressão do HPV à câncer cervical, os resultados do presente trabalho concordam parcialmente com ambos os autores uma vez que foi significativo níveis de 25 linfócitos T CD4 + maiores que 500 cel/µL, sugerindo que valores elevados destes linfócitos estariam desempenhando um papel protetor contra a carcinogênese e fazendo desta variável uma característica importante para análise de câncer cervical em mulheres HIV positivas. A partir desse resultado e, levando em consideração que mais de 60% das mulheres fazem uso de algum tipo de TARV, pode-se levantar a hipótese de possíveis benefícios destes medicamentos não somente para controle do HIV como também no auxílio a prevenção de câncer cervical em mulheres HIV positivas com a infecção pelo HPV, para isso estudos mais específicos devem ser realizados. Em se tratando de uso de AC orais verificou-se que boa parte das mulheres nunca usou, embora seja destacável a quantidade de participantes que afirmaram terem usado por mais de um ano. Ao analisar esta variável é preciso ter cautela, pois muitos artigos na literatura fazem associação do uso de AC orais com o câncer cervical, muito embora seu uso por menos de cinco anos parece não elevar o risco para a carcinogênese. Desse modo verificamos que nossos resultados são similares aos encontrados por Deacon et al.(2000) que não observou nenhuma associação no uso de AC orais por mais de oito anos na população estudada, ressalta-se que sua população era constituída de mulheres em geral de Manchester – Inglaterra. Nossos achados também são semelhantes aos encontrados por Rezza et al.(1998) onde utilizando uma população de risco para infecções por HIV também não encontrou nenhuma associação expressiva. Quando analisado o histórico de câncer familiar observou-se que mais da metade das participantes afirmaram ter câncer na família, enquanto a outra parte afirmou não ter. Já entre as mulheres positivas para HPV prevaleceu o grupo constituído por mulheres com ausência de câncer familiar. Apesar da predisposição ao desenvolvimento de um câncer ser hereditário e buscando encontrar alguma relação entre esta variável e uma provável carcinogênese, verificou-se que não houve nenhuma associação desta variável dentro da população estudada no presente trabalho. Ao avaliar o uso de cigarros pelas participantes notou-se que quase metade delas nunca fumou e que uma destacável parcela fumava antes de conhecerem o diagnóstico positivo para HIV e que depois pararam, devidamente por terem sido conscientizadas que o fumo juntamente com o HIV baixaria muito suas defesas imunológicas e que o alojamento de doenças seria muito mais promissor. Embora não tenha sido significativo o uso de cigarros para a progressão ao câncer cervical, esta variável tem sido bastante mencionada na literatura como um importante fator de risco, como exemplo, pode ser citado o trabalho de Haverkos et al.(2003) o qual levou em consideração para a sua análise a exposição, idade de início, 26 período e frequência de consumo de cigarros, sendo assim nossos resultados são divergentes dos encontrados pelo referido autor e a partir dos dados obtidos sugere-se que devido a distribuição equilibrada das mulheres tanto entre os três grupos (fumam/nunca fumaram/pararam) como entre as amostras positivas para HPV, possivelmente este acontecimento possa ter diluído qualquer possibilidade de valores significativos quando analisada detalhadamente esta variável . 5. CONCLUSÕES - A prevalência de infecções pelo HPV em mulheres portadoras do HIV da cidade de Belém-Pa foi considerada baixa (28,3%) em relação a outros estudos que utilizaram populações de mulheres portadoras do HIV-1 no Brasil. -A prevalência de infecções por HPV foi maior nas mulheres com baixa renda familiar e menor naquelas que apresentaram pouco número de gestações, último preventivo no ano de 2010 e elevados níveis de linfócitos T CD4+. - A sintomatologia ginecológica mais frequente entre as mulheres do presente trabalho foi a secreção com aspecto Branco-Leitosa. 27 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANASTOS, K., HOOVER, D. R., BURK, R.D., CAJIGAS, A., SHI, Q., SINGH, D.K., COHEN, M.H., MUTIMURA, E., STURGIS, C., BANZHAF, W.C., CASTLE, P.E. Risk Factors for Cervical Precancer and Cancer in HIV-Infected, HPV-Positive Rwandan Women. PLoS One. 20: 5(10):e13525, 2010. AYRES, M., AYRES JÚNIOR, M., AYRES, D. L., SANTOS, A. S. 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Que estará disponível para maiores informações no Laboratório de Virologia, localizado na Rua Augusto Corrêa nº1 – Guamá, Fone/Fax: (91) 3201-7587. • O objetivo da pesquisa: Detectar a ocorrência de tipos de HPV em raspado cervical e espécime anal de mulheres portadoras e não portadoras do HIV na cidade de Belém, Pará. • Os riscos dessa pesquisa: Não oferece riscos biológicos, porque as práticas são de uso rotineiro. Uma pequena quantidade de secreção cervical e tecido anal serão coletados e, posteriormente armazenados no Laboratório de Virologia da UFPA para pesquisas futuras, caso seja permitido pelo participante. Serão utilizados materiais esterilizados descartáveis, como “bico-de-pato”, escovas endocervicais e swab de algodão, não oferecendo risco de contaminação para a participante. No entanto, algum desconforto pode ocorrer durante a realização da coleta (em virtude de nervosismo ou ansiedade) que será minimizado com as informações e esclarecimentos dados a respeito do exame. Toda nova pesquisa com material estocado será submetida à aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa. Se você tiver alguma consideração ou dúvida sobre a ética da pesquisa, entre em contato com o comitê de ética em pesquisa (CEP) - Rua dos Mundurucus, 4487 FONE: 32016652 – email: [email protected]. • Os benefícios: Este trabalho será convertido em benefício para as participantes no sentido de viabilizar um suporte de exames, materiais e insumos para a coleta de material, uma vez que o material utilizado é de total responsabilidade do pesquisador. A coleta obedecerá a todos os critérios de qualidade estabelecidos pelo Ministério da Saúde, além do fornecimento de informações as participantes a respeito dos cuidados em relação à prevenção e tratamento da infecção pelo HPV. Será disponibilizado o resultado da biologia molecular do HPV, que não é oferecido pela rede de saúde pública. O benefício Social é a melhor compreensão da distribuição do HPV em portadoras do HIV e não portadoras, facilitando a elaboração de políticas públicas como serviços de apoio e diagnóstico para as mulheres. • Direitos dos participantes: Ninguém é obrigado a participar da pesquisa, assim como qualquer participante poderá deixar a pesquisa no momento em que quiser, pois não haverá prejuízo pessoal por esta causa. A participação na pesquisa é sigilosa, isto significa que, somente os pesquisadores ficarão sabendo de sua participação. Os dados utilizados na pesquisa terão uso exclusivo neste trabalho, sem a identificação individual do participante. A participante assinará este termo de participação em duas vias, sendo uma para o seu dispor em caso de dúvidas referentes à pesquisa e sobre o pesquisador. • Material de coleta: será coletada uma amostra de sangue (10 ml) para realização do teste sorológico anti-HIV e contagem de linfócito T CD4+ e linfócitos T CD8+). Serão, também, coletadas duas amostras de raspado cervical, sendo uma destinada à análise citológica para o rastreio do câncer de colo do útero e outra destinada à biologia molecular do HPV. E, finalmente será coletada uma amostra de swab anal destinada à biologia molecular do HPV. • Auxílio Financeiro: Não há despesas pessoais às participantes, assim como também esta pesquisa não oferece qualquer possibilidade de ajuda financeira às voluntárias que participarem do estudo. Prof. Dr. Luiz Fernando Almeida Machado CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO Declaro que li as informações acima sobre a pesquisa, que me sinto perfeitamente esclarecida acerca do conteúdo da mesma, assim como seus riscos e benefícios. Declaro ainda que, por minha livre vontade, aceito participar da pesquisa cooperando com a coleta de material para exame, permitindo que o mesmo seja armazenado para pesquisas futuras. Belém, ____/____/____. Assinatura da participante Prontuário:__________ Protocolo:_________ 33 ANEXO 2 UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO BIOLOGIA DE AGENTES INFECCIOSOS E PARASITÁRIOS LABORATÓRIO DE VIROLOGIA Sangue total Nº____________ DATA DA COLETA:______________ Lâmina cervical Nº______________ Raspado cervical N°_____________ PRONTUÁRIO : _______________ Swab anal N°___________ QUESTIONÁRIO CLÍNICO-EPIDEMIOLÓGICO 1. IDENTIFICAÇÃO: NOME:____________________________________________________________IDADE:______________ NATURALIDADE:__________________________________ ENDEREÇO:_____________________________________________TELEFONE:________________ ESTADO CIVIL: ( ) SOLTEIRA ( ) CASADA ( ) SEPARADA ( ) UNIÃO ESTÁVEL ( ) VIÚVA PROFISSÃO/OCUPAÇÃO:________________________________________ ESCOLARIDADE: ( ) ANALFABETA ( ) 1º GRAU COMPLETO ( ) 1º GRAU INCOMPLETO ( ) 2º GRAU COMPLETO ( ) 3° GRAU COMPLETO ( ) 2º GRAU INCOMPLETO ( ) 3º GRAU INCOMPLETO RENDA FAMILIAR: ( ) MENOS DE 1 SALÁRIO MÍNIMO ( ) DE 1 A 2 SALÁRIOS MÍNIMOS ( ) DE 3 A 5 SALÁRIOS MÍNIMOS ( ) MAIS DE 5 SALÁRIOS MÍNIMOS 2. ANAMNESE MENARCA:_______ANOS Dia da Última Menstruação (DUM):______________ MENOPAUSA: ( ) NÃO ( ) SIM, Há Quanto Tempo:________________ REPOSIÇÃO HORMONAL : ( ) NÃO ( ) SIM, Há Quanto Tempo:____________ CICLO MENSTRUAL: ( ) REGULAR ( ) IRREGULAR DURAÇÃO: _______DIAS FLUXO MENSTRUAL: ( ) POUCO ( ) MÉDIO/NORMAL ( ) ABUNDANTE CÓLICA MENSTRUAL: ( ) NÃO ( ) SIM USO DE ANTICONCEPCIONAL: ( ) NÃO ( ) SIM ( ) JÁ USOU, Período:______________ OUTROS MÉTODOS CONTRACEPTIVOS: ( ) NÃO ( ) SIM, Qual: ____________________ Nº DE GESTAÇÃO:____ Nº DE PARTOS NORMAIS/CIRÚRGICO___/___ ABORTO:______ JÁ FEZ PREVENTIVO: ( ) NÃO ( ) SIM, Data do Último:_________ ONDE:_____________ DIABÉTICO: ( ) NÃO ( ) SIM, Há Quanto Tempo:______________ FAZ USO CONTÍNUO DE MEDICAMENTO (USO DIÁRIO): ( ) NÃO ( ) SIM, Qual Medicamento:_____________________ FUMANTE: ( ) NUNCA ( ) PAROU, Quando:________ ( ) SIM, Há Quanto Tempo:__________ ETILISTA: ( ) NUNCA ( ) PAROU, Quando:________ ( ) SIM, Há Quanto Tempo?__________ USO DE DROGAS: ( ) NÃO ( ) SIM, Qual/Há Quanto tempo:_________________________________ 34 CÂNCER NA FAMÍLIA: ( ) NÃO ( ) SIM, Quem/Qual Tipo:________________________________ JÁ TEVE CÂNCER: ( ) NÃO ( ) SIM, Qual:_____________________________________________ JÁ FEZ RADIOTERAPIA: ( ) NÃO ( ) SIM, Quando:___________ ÓRGÃO:__________________ PROCEDIMENTOS CIRÚRGICOS: ( ) NÃO ( ) SIM, Qual:_________________________________ TRANSFUSÃO SANGUÍNEA: ( ) NÃO ( ) SIM, Há quanto tempo:__________________________ JÁ TEVE ALGUMA DST: ( ) NÃO ( ) SIM, Qual(is):______________________________________ JÁ TEVE HEPATITE: ( ) NÃO ( ) SIM, Qual:__________________________________________ SOROLOGIA PARA HIV: ( ) NEGATIVO ( ) POSITIVO, Data do Diagnóstico: _____________ SABE DE QUEM PEGOU: ( ) NÃO ( ) SIM, Quem:________________________ (marido, namorado, etc.) Prontuário da paciente (HUJBB/URE DIPE): CARGA VIRAL: __________________DATA:___________________ LIN. T CD4+:___________TCD8+:__________T CD4+/ CD8+:_______________DATA:_____________ Laboratório de Virologia (UFPA): CARGA VIRAL: __________________DATA:___________________ LIN. T CD4+:___________TCD8+:__________T CD4+/ CD8+:_______________DATA:_____________ TERAPIA ANTI-RETROVIRAL (TARV): INÍCIO:____________________QUAL E QUANTIDADE TOMA ATUALMENTE: _______________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________ 3. COMPORTAMENTO SEXUAL COITARCA:_______ANOS TEM VIDA SEXUALMENTE ATIVA: ( )NÃO ( ) SIM, Há Quanto Tempo:________________ HISTÓRICO DE MÚLTIPLOS PARCEIROS: ( ) NÃO ( ) SIM USAVA PRESERVATIVO: ( ) SEMPRE ( ) ÀS VEZES ( ) NUNCA Nº DE PARCEIROS NO ÚLTIMO ANO (2009):__________ ATUALMENTE POSSUI PARCEIRO FIXO: ( ) NÃO ( ) SIM, Quem:____________________ ORIENTAÇÃO SEXUAL: ( ) HETEROSSEXUAL ( ) HOMOSSEXUAL ( ) BISSEXUAL CARACTERÍSTICAS DO(S) PARCEIRO(S): ( ) USUÁRIO DE DROGAS NÃO EDOVENOSAS:________________________ ( ) USUÁRIO DE DROGAS ENDOVENOSAS:____________________________ ( ) PORTADOR DE HIV SEXO COM PARCEIROS DE OUTRO ESTADO: ( ) NÃO ( ) SIM, Qual:___________ SEXO COM PARCEIROS DE OUTRO PAÍS: ( ) NÃO ( ) SIM, Qual:___________ USA PRESERVATIVO ATUALMENTE: ( ) SEMPRE ( ) ÀS VEZES ( ) NUNCA SUA ULTIMA RELAÇÃO SEXUAL FOI COM CAMISINHA: ( ) NÃO ( ) SIM PRÁTICA DE SEXO ANAL: ( ) NÃO ( ) SIM USA PRESERVATIVO DURANTE O SEXO ANAL: ( ) NÃO ( ) SIM FREQUÊNCIA DE SEXO ANAL: _________vezes/ mês PRÁTICA DE SEXO ORAL: ( ) NÃO ( ) SIM USA PRESERVATIVO DURANTE O SEXO ORAL: ( ) NÃO ( ) SIM 4. SINTOMATOLOGIA ANAL VERRUGAS ANAIS: ( ) NÃO ( ) SIM PRURIDO/COCEIRA ANAL: ( ) NÃO ( ) SIM DOR: ( ) NÃO ( ) SIM SANGRAMENTO: ( ) NÃO ( ) SIM PARCEIROS COM SINTOMAS: ( ) NÃO ( ) SIM, Qual:__________________________ HISTÓRICO DE LESÃO BENIGNA ANAL: 35 ( ) FÍSTULA ( ) FISSURA ( ) ABCESSO ( ) HEMORRÓIDA 5. SINTOMATOLOGIA GINECOLÓGICA CORRIMENTO (SECREÇÃO) VAGINAL: ( ) NÃO ( ) SIM QUANTIDADE: ( ) POUCO ( ) MÉDIA ( ) ABUNDANTE COR: ( ) AMARELO OURO ( ) AMARELO CLARO ( ) ACINZENTADO ( ) BRANCO LEITOSO ODOR FÉTIDO: ( ) NÃO ( ) SIM VERRUGAS GENITAIS: ( ) NÃO ( ) SIM ARDÊNCIA AO URINAR: ( ) NÃO ( ) SIM PRURIDO/COCEIRA: ( ) NÃO ( ) SIM DISPAREUNIA (DOR GENITAL DURANTE O ATO SEXUAL): ( ) NÃO ( ) SIM SANGRAMENTO FORA DO CICLO MENSTRUAL: ( ) NÃO ( ) SIM PARCEIROS COM SINTOMAS: ( ) NÃO ( )SIM, Qual:__________________________ ASPECTO DO COLO ÚTERO DESCREVER: COLO EM FENDA/PUNTIFORME CENTRALIZADO/LATERALIZADO FORMA: COR: LOCALIZAÇÃO ( ) GLOBOSO ( ) ROSADO ( ) ANTERIOR ( ) CÔNICO ( ) HIPEREMIADO ( ) POSTERIOR ( ) PROTUSO ( ) PÁLIDO ( ) DIREITA ( ) ESQUERDA SECREÇÃO ALTERAÇÕES PAREDE VAGINAL ( ) BRANCO LEITOSO ( ) ECTOPIA DESCREVER ASPECTO/COR ( ) PURULENTO ( ) PROLAPSO DE COLO ( ) AMARELADO ( ) VERRUGAS ( ) OUTRO: ____________________________ ( ) ESCASSA ( ) ABUNDANTE ( ) NORMAL OBSERVAÇÕES DA COLETA: ___________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________ RESPONSÁVEL PELA ENTREVISTA:____________________________________________ RESPONSÁVEL PELA COLETA DE PCCU:____________________________________________ 36