apóstolo joão

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ASSOCIAÇÃO DOS DIÁCONOS
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DE JANEIRO
APÓSTOLO JOÃO
JOÃO, filho de Zebedeu e irmão de Tiago, foi um dos doze discípulos
escolhidos por Jesus, que posteriormente foram chamados de apóstolos
(Mt 10.2-4). Quase com certeza é a mesma pessoa mencionada no
evangelho de João como "o discípulo a quem Jesus amava" (Jo 13.23;
etc.); mencionado freqüentemente nos evangelhos junto com o irmão
Tiago. Os dois, por sua vez, são mencionados junto com Pedro. Os três
já se conheciam antes de se tornarem discípulos de Jesus, pois eram
companheiros de profissão (Lc 5.10; etc.). O pai deles possuía um barco,
no qual João e Tiago estavam quando foram chamados por Jesus para
serem seus discípulos (Mt 4.18-22). Provavelmente sua mãe era Salomé,
a qual uniu-se a outras mulheres para levar ungüentos ao túmulo de
Cristo, depois da crucificação (compare Mc 16.1 e Mt 27.56). Jesus
apelidou Tiago e João de "Boanerges", que significa "filhos do trovão"
(Mc 3.17). Não está bem claro por que os chamava assim, mas é
provável que o nome reflita o temperamento impulsivo que tinham ou o
compromisso zeloso que possuíam para com Cristo. O relacionamento
profundo e pessoal entre Jesus e João é observado em várias passagens
nos evangelhos. João fazia parte do círculo mais íntimo dos discípulos
que acompanhavam Cristo em numerosas ocasiões. A profundidade da
comunhão de Jesus com ele, entretanto, é vista mais claramente na
cruz. Foi a João que Cristo dirigiu-se de maneira mais destacada e disse:
"Eis a tua mãe". Então a Bíblia diz: "Dessa hora em diante o discípulo a
recebeu (Maria) em sua casa" (Jo 19.27). João e Jesus João obedeceu
imediatamente quando Jesus o chamou para segui-lo como discípulo e é
destacado especialmente como integrante do pequeno grupo composto
por ele próprio, Pedro e Tiago, os quais foram separados por Cristo para
estar presentes com Ele em numerosas situações muito significativas. A
formação do grupo já era vista em Marcos 1.29, quando Tiago e João
foram com Jesus na visita à sogra de Pedro, que estava enferma. Cristo
a curou e imediatamente a mulher levantou-se e começou a servi-los
(Mc 1.29-31). Em outra ocasião, Jesus foi chamado à casa do líder da
sinagoga, chamado Jairo, para curar sua filha. Antes de chegar lá, os
amigos de Jairo foram ao encontro do grupo para informar que a menina
havia morrido. Cristo prosseguiu até a casa, acompanhado apenas por
Pedro, Tiago e João. Uma vez lá, ressuscitou a menina dentre os mortos
(Mc 5.37-43; Lc 8.51). O terceiro e mais importante evento
testemunhado por João, juntamente com Pedro e Tiago, foi a
Transfiguração. Nesta extraordinária ocasião, Jesus e os três discípulos
subiram "a um alto monte", onde Cristo "foi transfigurado diante deles".
Três evangelhos registram este evento (Mt 17.1-9; Mc 9.2-13; Lc 9.2836). Não se sabe com certeza qual a localização da montanha, mas
acredita-se que seja o monte Hermom. Jesus subira àquele local com
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eles, a fim de orar (Lc 9.28). Sem dúvida, ao afastar-se tanto das
cidades mais próximas, buscavam um pouco de sossego, a fim de não
serem importunados pelas multidões. Enquanto oravam, a face de Jesus
mudou "e suas vestes ficaram brancas e resplandecentes". Então
apareceram Moisés e Elias, em glorioso esplendor e "falavam da sua
morte (de Jesus), a qual havia de cumprir-se em Jerusalém" (vv. 29-31).
Todos os escritores enfatizaram a intensa brancura e a glória daquela
manifestação. Esta breve presença do poder de Deus em Jesus e o fato
de que Moisés e Elias foram vistos ao lado dele levaram Pedro a
precipitar-se e dizer que talvez fosse bom construir um tipo de habitação
onde tal glória fosse preservada de alguma maneira. Rapidamente,
porém, uma nuvem envolveu toda a cena. Tudo, portanto, era uma
evidência da presença gloriosa do próprio Deus (Êx 16.10; 24.16).
Quando foram envolvidos, João e os outros ouviram a voz do Senhor que
disse: "Este é o meu amado Filho; a ele ouvi" (v. 35). Para entender
melhor o que aconteceu na Transfiguração, é importante notar que os
três evangelhos relataram a confissão de Pedro de que Jesus era "o
Messias (o Cristo)". Esta declaração, sem dúvida, também dirigida a João
e aos demais discípulos, significava mais um avanço no entendimento
deles sobre quem era Cristo. Jesus, entretanto, imediatamente
aproveitou a oportunidade - para o desapontamento de Pedro - a fim de
mostrar que sofreria e finalmente morreria. O caminho deste Messias
não seria o esperado pelos judeus, ou seja, ser glorificado pela nação ou
tornar-se o rei de Israel. A Transfiguração, portanto, ensinou a João e
aos outros dois discípulos uma importante lição: embora não parecesse
correto ter um Messias que caminhava para a morte, o Messias seria
glorificado por meio daquele evento. Jesus preparava seus discípulos
para seu sofrimento e morte, e mostrava que seria apenas por um curto
tempo que sua verdadeira glória se esconderia do mundo. Eles
testemunharam uma revelação da glória de Cristo e agora sabiam que,
embora tivesse de experimentar a morte, Ele era superior em glória e
autoridade a Moisés, o legislador, e ao profeta Elias. A voz do Senhor
novamente assegurou a todos os que a ouviram, como acontecera no
batismo de Jesus, que ali estava de fato o verdadeiro filho de Deus, que
seria ouvido, pois seguia um caminho determinado. Tal revelação de
Cristo em sua glória sem dúvida ajudou João em seus escritos
posteriores, nos quais colocou muita ênfase na "glória" de Jesus Cristo
(Jo 1.14; 2.11; 11.40; cap. 17; etc.). A despeito de sua posição
privilegiada naquele círculo mais íntimo, havia muitas coisas que João
não compreendia com relação à missão de Jesus. Certa vez ele informou
a Cristo que descobrira certa pessoa que usava seu nome para expelir
demônios e ordenara que parasse, "porque não nos segue" (Mc 9.38).
Este incidente é relatado logo após a discussão dos discípulos sobre
quem seria o maior no reino de Deus! Jesus, é claro, respondeu que tal
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pessoa não devia ser proibida, pois trabalhava em nome de Cristo e
"quem não é contra nós, é por nós" (v. 40). Numa outra atitude
igualmente impetuosa, João e seu irmão Tiago, talvez instigados pela
mãe, pediram a Jesus que, após a chegada do reino, recebessem lugares
de honra, ou seja, posições privilegiadas (Mc 10.35). Talvez por se
lembrarem da Transfiguração, o pedido deles referiu-se à "glória" de
Jesus: "Concede-nos que na tua glória nos assentemos, um à tua direita,
e o outro à tua esquerda". Novamente Jesus ensinou que seu reino não
era desse tipo. O Filho do Homem veio para servir, e tal domínio sobre
outras pessoas não correspondia de maneira alguma à natureza do reino
de Cristo. A Bíblia diz que os outros discípulos ficaram indignados quando
souberam do pedido dos dois irmãos (Mc 10.35-45). Lucas também
relata que Jesus, ao passar por uma aldeia de samaritanos, em seu
caminho para Jerusalém, não foi bem aceito. João e Tiago disseram:
"Senhor, queres que mandemos que desça fogo do céu e os consuma,
assim como fez Elias?" (Lc 9.54). Cristo, naturalmente, não desejava
isso, mas talvez esse incidente indicasse duas coisas que aconteceram
depois da Transfiguração. Por um lado, a fé de João e de seu irmão Tiago
em Jesus e em sua glória aumentou consideravelmente. Criam que,
como discípulos de Jesus, podiam ordenar que caísse fogo do céu e
sabiam que haveria uma glória, da qual eles próprios seriam
participantes. Por outro lado, juntamente com isso, havia também uma
arrogância pecaminosa e uma surpreendente incapacidade de se alinhar
com a visão do sofrimento e da atitude de servo. A comunhão que havia
entre João e Jesus é vista também em outras ocasiões. Marcos 13.3
registra a presença do discípulo amado numa conversa com Cristo sobre
os sinais do fim do mundo. Lucas 22.8 menciona que Pedro e João
receberam instruções para o preparo da Páscoa, no final do ministério de
Cristo. Se a suposição de que João era "o discípulo a quem Jesus amava"
estiver correta, então foi Ele quem se reclinou sobre o ombro de Jesus
durante a última refeição e perguntou-lhe qual seria o traidor (Jo
13.23,24). Pouco tempo depois, Pedro, Tiago e João é que foram
separados para acompanhar Jesus ao Jardim Getsêmani, e foi a eles que
Jesus revelou a profundidade de sua angústia e o pavor que
experimentou antes da prisão e crucificação (Mc 14.33). João no livro de
AtosÉ interessante notar que no livro de Atos é João, e não Tiago, quem
assume uma figura proeminente, juntamente com Pedro. É listado depois
de Pedro quando os discípulos se reuniram no Cenáculo, em Atos 1.13.
Depois do dia de Pentecostes, foram os dois que mais se destacaram na
operação dos milagres (At 3.1-5, 11). Assim, eles também tornaram-se
alvo do antagonismo das autoridades judaicas e foram presos (At 4). Os
líderes do Sinédrio ficaram especialmente impressionados com os dois
apóstolos: "informados de que eram homens sem letras e indoutos, se
maravilharam, e tinham conhecimento de que eles haviam estado com
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Jesus" (At 4.13). Esse testemunho constante de Cristo, mesmo diante
das perseguições, rapidamente tornou-se a marca do ministério
apostólico e a força da fé que o apóstolo João demonstrou (At 4.19, 2123).João e Pedro também foram enviados juntos para ver o que se
passava entre os samaritanos que se converteram a Cristo. Ambos
impuseram as mãos sobre aqueles novos convertidos, de maneira que os
que tinham fé em Jesus receberam o Espírito Santo, exatamente como
os judeus convertidos em Jerusalém experimentaram no dia de
Pentecostes (At 8.14,17,25).Os escritos de JoãoHá constantes debates
sobre quais livros do Novo Testamento foram escritos pelo apóstolo João.
Tradicionalmente, contudo, o evangelho e as epístolas joaninas são
atribuídas a ele. O maior debate é quanto ao Apocalipse, pois alguns
acham que foi escrito por outro João. Adotamos aqui a suposição de que
o apóstolo foi o responsável por esse livro. É importante destacar,
embora bem rapidamente, alguns de seus escritos.O evangelho de João
é surpreendentemente diferente dos sinóticos (Mateus, Marcos e Lucas).
Por exemplo, só este livro dá a entender que Jesus teve um ministério de
aproximadamente três anos. Ele registra longas discussões entre Cristo e
os judeus da época, com detalhes que não são vistos nos sinóticos. João
não menciona as expulsões de demônios e, embora em seu evangelho
observemos que Jesus usava os milagres como parábolas, por meio das
quais ensinava lições, não há menção das narrativas curtas e objetivas
como as parábolas do reino de Deus em Mateus 13. O prólogo, em João
1, não encontra paralelos nos sinóticos. Entretanto, este livro menciona
outros incidentes e oferece análises profundas e reflexões sobre o ensino
de Cristo. Para muitos especialistas, as diferenças entre João e os outros
três evangelhos, a reflexão aparentemente mais profunda sobre quem é
Jesus e alguns dos temas particulares que o apóstolo desenvolve têm
levado a crer que o seu evangelho foi escrito bem mais tarde, depois de
90 d.C. Outros estudiosos, entretanto, discordam e sugerem uma data
anterior. Embora não possamos entrar nesta discussão aqui, existem
boas razões para supor que foi o apóstolo quem escreveu este
evangelho, o qual demonstra evidências da mão de uma testemunha
ocular e de alguém que conhecia muito bem os costumes judaicos, bem
como as práticas e a geografia da Palestina. Vários motivos são
sugeridos sobre por que razão João escreveu este evangelho, mas o cap.
20.31 proporciona uma indicação claríssima sobre o que o apóstolo tinha
em mente: "Estes (sinais), porém, foram escritos para que creiais que
Jesus é o Cristo, o filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em
seu nome". O evangelho enfatiza os numerosos "sinais". Estes milagres
foram especialmente selecionados por João, por causa do que ensinavam
sobre Jesus. Às vezes eram acompanhados por um "discurso", no qual
Cristo utilizava o milagre como base do ensino. Por exemplo, a cura do
homem no tanque de Betesda, no cap. 5, levou ao ensino de que Jesus
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fazia as mesmas obras que o Pai realizava (vv. 17,19-23). A mensagem
final foi sobre a necessidade de crer na palavra de Jesus e no Pai que o
enviou para receber a vida eterna (vv. 24-30). A alimentação de quase
5.000 pessoas, por meio da multiplicação miraculosa dos pães, no cap.
6, levou ao ensino de que Jesus é "o pão da vida" (v. 35). Este tema é
desenvolvido amplamente, a fim de mostrar às pessoas que elas
precisam ir a Jesus e responder a Ele pela fé. Os que fazem isto
receberão a "vida eterna" (veja abaixo). As palavras de Cristo, bem
como seus ensinos, são "pão" e "espírito vivificante" (vv. 33,63). No cap.
9, a cura do homem cego levou à discussão do problema da cegueira
espiritual. Os fariseus objetaram veementemente contra o claro ensino
de Jesus de que eles eram as pessoas espiritualmente cegas, pois se
recusaram a crer nele (vv.35-41). Provavelmente João tencionava dizer
que a ressurreição foi o ponto culminante em sua lista de "sinais". Seu
maior desejo era que as pessoas tivessem fé em Jesus, o Messias,
experimentassem o perdão dos pecados e tivessem a vida eterna. João
20.31 provavelmente traz a seguinte mensagem: "estes (sinais) foram
escritos para que vocês possam crer que Jesus é o Cristo" ou "estes
(sinais) foram escritos para que vocês continuem crendo que Jesus é o
Cristo"; ambas demonstram que o interesse do apóstolo era que as
pessoas saibam quem é Jesus, creiam nele e recebam a vida eterna. O
evangelho de João também contrasta a verdadeira fé com o que é
chamado de sabedoria humana. Em várias ocasiões as pessoas
colocaram Jesus num nível material e literal, quando Ele falava em níveis
mais profundos e espirituais. Ao fazer este contraste, João demonstra a
necessidade da mudança no coração e o desejo da operação do Espírito
Santo na regeneração, para que um indivíduo entenda e reconheça a
verdade. Por exemplo, em João 3, Jesus ensinou que Nicodemos
precisava nascer de novo, a fim de dizer que o Espírito Santo precisava
operar em sua vida. Aquele mestre achava que a pessoa necessitava
retornar ao ventre materno (vv. 3,4)! A mulher samaritana ouviu quando
Jesus lhe ofereceu a "água viva", a qual, quando experimentada por uma
pessoa, esta jamais teria sede. Ela imediatamente desejou tal água, para
que não caminhasse mais até o poço. Cristo, no entanto, falava-lhe
sobre a água que levava à "vida eterna" (vv. 13-15). Mesmo quando
Jesus expressou-se sobre o pão da vida em João 6, como Nicodemos em
João 3, os líderes judeus só conseguiam interpretar literalmente.
Lembravam-se do milagre da provisão de pão que aconteceu na época
de Moisés, no deserto, mas Jesus falava sobre o pão na forma de
palavras que levavam à vida eterna (veja Dt 8.3). O evangelho de João
também chama a atenção para a oração de Jesus, no final de seu
ministério terreno, registrada no cap. 17; nela, aprendemos sobre os que
aceitariam as boas novas, nas futuras gerações. A preocupação de
Cristo, conforme orou, era que eles também conhecessem a glória dele e
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a sua relação com o Pai. Este é apenas parte do conteúdo deste
evangelho (veja "o ensino de João", a seguir), o qual provoca sérias
reflexões sobre quem é Jesus, a natureza da vida eterna e, acima de
tudo, a necessidade da fé. As Epístolas Existem três epístolas escritas
por João. Embora ele nunca se identifique claramente, na segunda e na
terceira ele se refere a si mesmo como "o presbítero". Alguns especialistas, portanto, sugerem que este João não era o apóstolo, mas outro,
cognominado de "João, o presbítero". Desde os tempos primitivos da
Igreja, entretanto, as pessoas concordam que o autor das epístolas é o
apóstolo. Provavelmente 1 João foi escrita para uma audiência mista de
judeus e gentios convertidos. Pode ser que, se ele viveu em Éfeso no
final de sua vida, como os antigos escritores cristãos sugerem, então
esta epístola teria circulado entre as igrejas daquela região. 1 João
incentivava a comunhão e a alegria na igreja e buscava encorajar a
congregação a ter segurança na fé. João, entretanto, também tratou do
problema de certos ensinos falsos que surgiram entre os crentes. Dois
temas-chave que são discutidos na epístola provavelmente indicam as
duas áreas nas quais o falso ensino se baseava. João ensinou sobre
quem é Jesus. Enfatizou que havia visto Cristo e testemunhado os
eventos que são a base da mensagem do Evangelho (1 Jo 1.1-4).
Afirmou que Jesus é o Filho de Deus (1 Jo 1.3; 2.22; 5.5, 11) e lembrou
seus leitores de que Cristo é preexistente (vivia eternamente com Deus
antes de vir à Terra, 1 Jo 2.13,14). João também ensinou que Jesus
voltará, que Ele é justo e perfeito e que realmente manifestou-se em
forma humana. Em segundo lugar, enfatizou a ética, ou seja, como os
cristãos devem comportar-se, pois possuem um Senhor maravilhoso. Os
cristãos devem viver com integridade (1 Jo 1.6 a 2.6,15-17; 3.4-10).
Precisam amar uns aos outros como Cristo os amou (1 Jo 4.19; 2.7-11;
etc.). As outras duas epístolas de João desenvolvem temas similares,
com uma grande ênfase no amor fraterno, e apresentam a verdade como
a única resposta adequada para os falsos mestres. 3 João provavelmente
foi dirigida a uma disputa eclesiástica particular e, ainda assim, a ênfase
é sobre a verdade (3 Jo 3,4,12); a falta de amor também é destacada
(vv. 9,10). O livro de Apocalipse O livro de Apocalipse é um dos mais
lindos da Bíblia; poucos também têm causado tanta polêmica, pois as
pessoas lutam para entender as figuras utilizadas na maior parte de seus
escritos. Este livro claramente foi redigido já perto do final da vida do
apóstolo, durante um período de intensa perseguição; alguns
especialistas sugerem o tempo em que os cristãos foram perseguidos
pelo imperador Nero (54 a 68 d.C.). Outros acreditam que
provavelmente foi escrito na época de Domiciano (81 a 96 d.C.). Não
importa o quão difíceis sejam alguns conceitos e ensinamentos do livro,
existe um claro sentimento, por todo o texto, de um pastor que escreve
para um povo sofredor, por causa das muitas perseguições e da
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infiltração do falso ensino. A despeito das circunstâncias, João não
demonstrava pessimismo com relação ao mundo. Para ele, a vitória já
estava ganha no Cordeiro (Jesus) que foi morto como sacrifício pelos
pecados e que já derrotou a Satanás (Ap 5). A vitória de Cristo na cruz
agora atuava no mundo por intermédio da Igreja. Pode-se encontrar
vitória até mesmo no martírio, desde que tal testemunho da verdade de
Cristo (que tem autoridade e já se manifestou) demonstra a vitória de
Deus (Ap 12.11). Parte do estilo do livro é chamado de apocalíptico, mas
é importante perceber que ele foi escrito de maneira similar às profecias
do Antigo Testamento. Existe uma autoridade no ensino de João que é
distintamente profética e apostólica. O livro descreve a maldade de
Satanás e suas forças e o poder que têm neste mundo, mas registra
também a confiança que João tinha na soberania de Deus, a qual leva
inexoravelmente para o grande dia da volta de Cristo, quando novo céu e
nova terra serão estabelecidos e Satanás e o mal serão banidos para
sempre. Naquele tempo a morte e o choro, o sofrimento e a dor
desaparecerão e Deus estará no meio de seu povo (Ap 21.3,4). O ensino
de João Só podemos resumir aqui alguns dos aspectos mais importantes
do ensino de João. Sua reflexão, sob a direção do Espírito Santo, sobre
quem é Jesus e o relacionamento do crente com este mundo, com Cristo
e com o resto da Igreja cristã é ampla e detalhada. Sobre Jesus O
primeiro capítulo do evangelho de João fala bastante do pensamento do
escritor sobre Jesus. Ele reconhecia Cristo como Deus. João 1.14 resume
bem o que o autor queria dizer: "O Verbo se fez carne, e habitou entre
nós. Vimos a sua glória, a glória como do unigênito do Pai, cheio de
graça e de verdade". Ao utilizar a figura do Tabernáculo no Antigo
Testamento, na qual a glória de Deus era vista simbolicamente no meio
do povo na forma da coluna de fogo e da nuvem, João diz que o Verbo
(Jesus) veio e "armou seu tabernáculo" entre nós. Jesus tornou-se
homem e, assim, foi possível ver nele a glória que pertencia unicamente
a Deus (veja Êx 40.34; Nm 16.42; Jo 12.41; etc.). João ensina que
Cristo leva as pessoas à adoração do Senhor, quando lhes revela a glória
do Pai, mas esta majestade pertence também ao Filho (Jo 8.50-54;
11.4,40-42; 14.13; etc.). Jesus já possuía a glória do Pai antes de
nascer e recebeu novamente a plenitude da majestade, quando subiu ao
Céu e foi exaltado à direita de Deus (Jo 17.5, 24). João também ensina
que, assim como Cristo honrou o Pai e tem sua própria glória, o Espírito
viria e glorificaria o Filho (Jo 16.14). Provavelmente a preexistência de
Jesus é mais claramente ensinada nos escritos de João do que em
qualquer outro lugar do Novo Testamento. Ele existia desde a eternidade
e não simplesmente a partir do momento em que encarnou (Jo 1.1,4,14;
3.17; 17.5,24; 1 Jo 3.8; 4.9). Também esteve diretamente envolvido na
própria criação, pois "todas as coisas foram feitas por meio dele... nele
estava a vida" (Jo 1.3,4). Jesus "se manifestou" (1 Jo 1.2) e foi
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"enviado" por Deus Pai, com quem mantinha uma comunhão muito
especial com o Senhor (Jo 8.42; 11.42; 1 Jo 4.14). Esta condição de
"Filho de Deus" também é um tema importante no evangelho de João,
por meio do qual a comunhão entre o Pai e o Filho é demonstrada em
destaque. Na verdade, o próprio objetivo do evangelho, segundo João
(Jo 20.31), é "que creiais que Jesus é o Cristo, o filho de Deus, e para
que, crendo, tenhais vida em seu nome". O autor afirma que o que Jesus
disse destacava sua condição única de "Filho de Deus". Por meio da
insistência de Cristo de que as palavras que proferia e as obras que
realizava eram provenientes do Pai (Jo 14.10; etc.) e em sua oração (Jo
17) vemos repetidamente sua comunhão com o Pai e a importância
deste relacionamento no nosso entendimento sobre quem Ele é. É João
quem relata a ocasião em que Jesus voltou-se para Filipe e disse: "Há
tanto tempo estou convosco e não me conheces, Filipe? Quem me vê, vê
o Pai. Como dizes tu: Mostra-nos o Pai?" (Jo 14.9). Cristo prosseguiu:
"Não crês tu que eu estou no Pai, e que o Pai está em mim? As palavras
que eu vos digo, nas as digo por mim mesmo. Antes, é o Pai que está
em mim quem faz as obras" (v. 10). Era importante para João que seus
leitores aceitassem a deidade de Jesus. A ênfase na autoridade de Cristo,
como "Filho de Deus", no fato de ter sido "enviado" por Deus e ser o
Messias (Jo 1.41; 4.29; 20.31; etc.), seu ensino em João 14 a 17 sobre
sua comunhão preexistente com o Pai, tudo isso proporciona um
acúmulo de evidências de que Jesus é Deus. Para João, este ensino é
resumido em declarações como as que são encontradas em João 1.14 e
20.31. O autor também chamou a atenção para as numerosas ocasiões
em que Jesus fez declarações relativamente explícitas de que era Deus,
as quais imediatamente fizeram com que os líderes religiosos o
acusassem de blasfêmia. As mais importantes destas afirmações
incluíam o uso da expressão "Eu sou" em certos contextos que o
identificaram como Yahweh, o Deus "EU SOU" (veja Êx 3.14). Por
exemplo, em João 8.58, lemos: "Respondeu Jesus: Em verdade, em
verdade vos digo que antes que Abraão nascesse, eu sou!". Essa parece
ser tanto uma declaração de preexistência como de divindade, pois
assume o nome de Deus. O ensino mais distinto de João sobre Jesus é a
descrição dele como "o Verbo" (gr. Logos). Embora haja debate sobre o
pano de fundo do qual o autor extraiu esta descrição de Cristo, alguns
pontos podem ser estabelecidos. No cap.1, "o Verbo" estava com Deus,
era Deus e criou todas as coisas. Em Gênesis 1 Deus falou e o mundo foi
criado. No Salmo 33.6 diz que "pela palavra do Senhor foram feitos os
céus". A palavra de Deus é ativa no AT. Quando o Senhor fala, algo
acontece. Certamente este pano de fundo do Antigo Testamento está por
trás de parte do que João ensinou, ao chamar Jesus de "o Verbo" (ou "a
Palavra"). Talvez ele também pensasse num contraste entre Cristo e a
Lei do AT, a qual é chamada de "a Palavra" de Deus. Esta comparação é
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feita em João 1.17, no final da seção na qual Jesus, "o Verbo", é
apresentado. O interesse principal de João era que seus leitores
conhecessem Jesus como a Palavra criadora e reveladora, que veio da
glória no Céu, tornou-se completa e genuinamente humana e viveu
neste mundo. O Deus verdadeiro, Criador e preexistente tornou-se
homem, pôde sentir fome como qualquer outro ser humano e
experimentou genuinamente o sofrimento. Este Jesus, tão glorioso em
toda a sua verdade e perfeição, pôde ser visto, tocado e ouvido (1 Jo
1.1). Por meio da fé nele e somente nele, é possível, segundo o ensino
de João, que todas as pessoas recebam o perdão dos pecados e a vida
eterna. Jesus, o sacrifício pelos pecados, trouxe salvação e libertação, a
fim de que ninguém "pereça" sob o juízo de Deus (Jo 3.16,17). Qual
maior amor pode haver, pergunta João, do que este demonstrado por
Deus, que enviou seu único Filho como "propiciação" pelos nossos
pecados? (1 Jo 4.9,10). Sobre o pecado e o mundo Isso nos leva à visão
de João sobre este mundo e o pecado. O termo "mundo" pode referir-se
ao mundo geográfico ou a todas as pessoas do mundo; entretanto, é
usada freqüentemente por João para descrever as pessoas que não
reconhecem Jesus como o Filho de Deus e estão em rebelião contra Ele
(Jo 1.10; 14.17; 1 Jo 2.15-17; Ap 12.9; etc.). Cristo "é a luz que
resplandece nas trevas, e as trevas não prevaleceram sobre ela" (Jo
1.5). Satanás é descrito como "o príncipe deste mundo" (Jo 12.31), que
está cheio de trangressão e um dia será julgado. Os falsos profetas são
apenas um sinal da grande extensão do pecado (1 Jo 4.1-6). Jesus
precisou vir para trazer salvação ao mundo que estava sob o juízo de
Deus e João mostrou que de fato Cristo venceu (1 Jo 2.13; 5.4; Ap
17.14; etc.). Sua vitória sobre o pecado, sobre o mundo e sobre Satanás
foi conquistada na cruz e será finalmente revelada em sua segunda vinda
(Ap 21; etc.). Sobre o Espírito Santo João também escreveu bastante
sobre o ensino de Jesus concernente ao Espírito Santo. A terceira pessoa
da Trindade desceu sobre Cristo no momento em que Ele foi batizado
pelo Batista. Somente João, entre os escritores dos evangelhos,
relaciona este batismo com o fato de que o próprio Jesus não batizará
somente com água, mas com o Espírito Santo (Jo 1.31-34; veja Lc
3.16). Provavelmente João olhava tanto para o dia de Pentecostes como
para a experiência no Cenáculo, após a ressurreição, quando Jesus
surgiu entre os discípulos e disse: "Recebei o Espírito Santo. Aqueles aos
quais perdoardes os pecados, são-lhes perdoados; aqueles aos quais não
perdoardes, ser-lhes-ão retidos" (Jo 20.22; veja também 7.39). Em João
3, o escritor fala sobre o encontro de Jesus com Nicodemos. A obra do
Espírito Santo na salvação e na provisão da vida eterna é enfatizada,
quando Cristo mostrou ao mestre de Israel que ele precisava "nascer de
novo" e "nascer do Espírito". A completa liberdade que o Espírito Santo
exercita nesta obra de regeneração também foi evidenciada (Jo 3.3,6,8).
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O ensino mais interessante sobre o Espírito Santo nos escritos de João, e
também o mais amplo, ocorre em João 14 a 16. Em cinco ocasiões o
Espírito é chamado pelo termo grego "Paracleto" (o Consolador). Este
vocábulo significa "aquele que fica ao lado", mas também inclui a idéia
de um representante legal ou advogado que argumenta em favor de
alguém. Em João 14.16,17 "o Espírito da verdade" é chamado de "outro
Consolador". Ele viria para as pessoas quando o atual conselheiro, Jesus
Cristo, fosse glorificado, ou seja, depois que retornasse ao céu. Sua
presença permanente seria conhecida por todos os discípulos e pelos
crentes e, assim, o próprio Jesus continuaria presente entre seu povo,
por intermédio do Espírito. Além da obra do Espírito Santo como Deus
presente entre seu povo, Ele também ensina sobre Jesus.
Provavelmente, numa referência direta ao ministério apostólico de
interpretar a vida, morte e ressurreição de Cristo para o mundo, Jesus
disse aos discípulos: "Mas o Consolador, o Espírito Santo, que o Pai
enviará em meu nome, vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar
de tudo o que vos tenho dito" (Jo 14.26). Sem dúvida esta declaração
teve uma importância particular para João, que mais tarde escreveu para
muitos, em diversas ocasiões, a fim de explicar que Jesus era o caminho
da salvação, também porque, durante a vida de Jesus, conforme já
vimos antes, ele não compreendeu plenamente qual era a missão de
Cristo. João destacou, além disso, o ensino de Jesus de que o Espírito
Santo daria poder aos crentes para serem testemunhas (Jo 15.26,27).
Mais do que isso, entretanto, esses versículos destacam que, em tudo o
que o Espírito Santo faz, Ele testifica sobre Jesus e o glorifica. Em João
16.5-11 a obra do Espírito é mais detalhada. Sua atuação trará
convicção de pecado ao mundo e a advertência quanto ao julgamento de
Deus e lembrará as pessoas da vitória de Cristo sobre Satanás.
Novamente, a obra do Espírito é vista como uma continuação da do
próprio Cristo; entretanto, também se desenvolverá a partir do que
Jesus foi capaz de ensinar aos discípulos. O Espírito iria "guiá-los em
toda a verdade" e também revelaria mais sobre a verdade sobre Jesus,
para a glória de Cristo (Jo 16.12-15). João ensinou que o Espírito Santo
está intimamente envolvido na obra de evangelização. Convence as
pessoas do pecado, opera dentro delas para que possam nascer de novo,
revela a verdade de Cristo e permanecerá com os convertidos até a volta
de Jesus. Sua obra revela Cristo para as pessoas e as leva até Ele. Sobre
a vida eterna. A vida eterna é um tema importante no evangelho de
João. Enquanto Mateus, Marcos e Lucas ensinam sobre o reino de Deus
(ou do céu), ele usa a expressão "vida eterna", a qual ocorre 22 vezes
em seu evangelho e em 1 João. Para o apóstolo do amor, a vida eterna
resume todas as bênçãos herdadas pelos que crêem e são salvos por
Cristo. O conceito surge do ensino de que em Jesus há vida, que começa
em João 1 (Jo 1.4; 5.21, 26; etc.). As pessoas podem permanecer nas
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ADIBERJ
ASSOCIAÇÃO DOS DIÁCONOS
BATISTAS DO ESTADO DO RIO
DE JANEIRO
trevas e sob o juízo ou podem crer em Jesus e no Pai e receber a vida
eterna. Aquele que aceita a mensagem do Evangelho "passou da morte
para a vida" (Jo 5.24; 8.12; 1 Jo 5.13). Quando os judeus pensaram que
possuíam vida eterna por meio da obediência às Escrituras, Jesus
demonstrou que a Palavra de Deus apontava para Ele próprio, em quem
havia vida (Jo 5.39,40; 1 Jo 5.11, 20). Intimamente ligado a este ensino
sobre a vida eterna está o fato de que Cristo morreu como um sacrifício
em favor de outros. Ele renunciou à sua vida para que os que cressem
pudessem viver eternamente (Jo 10.10-18, 28). Assim, a vida eterna é
um dom de Deus recebido pelos que nascem de novo pelo Espírito (Ap
22.17). Existem muitas bênçãos e alegrias presentes, relacionadas ao
ensino de João sobre a vida eterna. Embora todas as satisfações
aguardem a plena realização na volta de Cristo, de qualquer maneira a
experiência presente da vida eterna é suficientemente real. O medo da
morte e do juízo não mais permanece sobre o crente, pois o verdadeiro
amor de Deus já opera em nós (Jo 3.16,17, 36). Há alegria em
compartilhar a vida eterna com outros e em conhecer a Cristo, que é a
vida (Jo 4.36; 5.24). Há a alegria de conhecer o Deus Pai e o Deus Filho
(Jo 17.3, 6,7) e existe o grande conforto de receber a unção do Espírito
Santo, que habita no crente (1 Jo 2.25-27). Finalmente, o mais
importante para João é que o propósito da vida eterna redundará na
presença dos crentes num novo céu e numa nova terra, diante de Deus
eternamente. A vida eterna, que começa agora por meio da obra do
Espírito Santo nos corações, leva a este glorioso ápice, quando "eles
serão o seu povo, e o próprio Deus estará com eles, e será o seu Deus"
(Ap 21.3). Naquele último dia, embora sejam perseguidos no presente,
os cristãos receberão "a coroa da vida" (Ap 2.10). Embora tão
pressionados neste mundo, serão "vestidos de vestes brancas" e seus
nomes jamais serão riscados do livro da vida (Ap 3.5, etc.). Conclusão:
O mais impressionante do ensino de João é o seu compromisso com
Jesus. Seja durante o período da vida de Cristo, seja logo depois do
Pentecostes, durante as perseguições, seja posteriormente, quando
escreveu seu evangelho, suas epístolas e o Apocalipse, seu desejo mais
premente era ver as pessoas crendo em Jesus e seguindo a Cristo por
toda a vida. Desejava ver todos conhecendo ao Jesus que ele próprio
conheceu, ouviu e tocou. Não é de estranhar que tanto o seu evangelho
como o livro de Apocalipse terminem com um apelo à fé: "Estes, porém,
foram escritos para que creiais que Jesus é o Cristo, o filho de Deus, e
para que, crendo, tenhais vida em seu nome" (Jo 20.31). "O Espírito e a
noiva dizem: Vem. Quem ouve, diga: Vem. Quem tem sede, venha; e
quem quiser, tome de graça da água da vida" (Ap 22.17).
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