pragas, doenças, correção do solo, adubação e consórcio

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Cultivo de café: pragas, doenças, correção do solo, adubação e consórcio1
Itamar Pereira de Oliveira2, Luana Carvalho Oliveira3, Camila Stéffane Fernandes Teixeira de Moura4
Resumo: O café, desde a sua implantação em solos brasileiros, tem respondido as tecnologia usadas para o seu
desenvolvimento e produção. Com as pragas e doenças da cultura, destinou-se mais atenção à manutenção do
mercado tanto em nível nacional como internacional. O produtor tem cuidado da correção do solo bem como da
fertilidade para cobrir as necessidades da planta. O manejo cultural tem sido realizado a partir de limpeza do
terreno, iniciando pela seleção de sementes até o armazenamento do produto seco em grão. O solo tem sido
trabalhado desde o seu manejo até as correções químicas, além de procurar meios para oferecer às plantas as
melhores condições para o desenvolvimento radicular e fazer melhor exploração de água e nutrientes das
camadas mais profundas do solo. Proprietários de pequenas áreas, onde se pratica a agricultura familiar, tem
usado de cultivo intercalar com café de onde se produz uma variedade de produtos em conjunto para consumo
pessoal. O café é uma cultura produtiva, de clima tropical, que para atingir altas produtividades necessita de
práticas culturais que favorecem a produção de grãos. A literatura técnica é unânime em induzir opiniões em
que o controle de pragas e doenças é essencial para conseguir altas produtividades. A necessidade nutricional
do cafeeiro está sendo suprida de acordo com as recomendações oficiais para a cultura específica e o solo
trabalhado. Ainda tem sido observado que o café pode ser cultivado tanto em extensas áreas como em pequenas
áreas de agricultura familiar. A diferença entre esses dois sistemas tem sido observada pela variedade de
produtos obtidos nas mesmas áreas de plantio, enquanto que em grandes áreas são ocupadas por monocultura
cafeeira, nas áreas de agricultura familiar utiliza-se de agricultura intercalar consorciando café com várias
outras culturas necessárias para a sustentação da família.
Palavras chaves:
Agricultura familiar. Condicionador do solo. Cultivo solteiro. Fertilidade e nutrição de
planta. Recomendação de corretivos.
Coffee cultivation: pests, diseases, soil amendment, fertilizer and consortium
Abstract: Coffee since its implementation in Brazilian soils has responded to the technology used for its
development and production. Even with crop pests and diseases, more attention has been to maintain both
market both nationally and internationally. The producer has been caring for correcting soil fertility as well as
to cover the needs of the plant. The crop management has been realized from land clearing, starting from seed
selection to the storage of dry beans. The soil has been working since its management to the chemical as well as
corrections to look for ways to offer the best conditions for plant root development and make better use of
water and nutrients from deeper soil layers. Owners of small areas, where family agriculture is practiced has
used the interim to coffee cultivation which produces a variety of products together for personal use. Coffee is a
productive crop of tropical climate that need to achieve high yields crop practices that favor the grain
production. The literature is unanimous in its opinions that lead to control pests and diseases is essential to
achieve high yields. The nutritional coffee needs are being supplied in accordance with official
recommendations for particular crop and soil working. Although it have been observed that coffee can be
cultivated in large areas such as small areas of family farming. The difference between these two systems has
been observed by the variety of products obtained in the same planting areas, while in large areas are occupied
by only coffee mono cropping while in family areas farming are used intercropping coffee with several other
crops to support family nutritional needs.
Keywords: Family farming. Recommending corrective. Single cropping. Soil conditioner. Soil fertility and
plant nutrition.
1
Revisão com finalidade acadêmica realizada na Faculdade Montes Belos (FMB)
Professor orientador da Faculdade Montes Belos (FMB)
3
Discente do Curso de Engenharia de Produção da Faculdade Salgado de Oliveira
4
Discente do Curso Superior de Tecnologia de Produção Sucroalcooleiro da FMB
2
Revista Faculdade Montes Belos, v. 5, n. 4, Agosto 2012
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1.0.
Cultivo de café: pragas, doenças, correção do solo, adubação e consórcio
Para que a caminhada continue é necessário
Introdução
continuar cuidando das pequenas e indispensáveis
A produção de café no Brasil pode ser
técnicas, uma vez que pular etapas resulta em fazer
considerada uma arte onde se mistura dedicação e
com que os países produtores deixem de ser
tecnologia. O produto brasileiro conta com a
potência
aceitação e a qualidade em quaisquer nações
exportadores do mesmo bem de consumo com a
mundiais. Mesmo com a reserva ética dos cidadãos
diferença de pagar preços muito mais elevados em
internacionais, em um local ou outro, escuta-se a
moedas
ansiedade do consumidor quando as políticas
merecidamente a atividade agrícola cafeeira seja
internacionais tendem a vetar a compra de produtos
respeitada é indispensável que a necessidade da
conhecidos. O cafezinho brasileiro constitui o
cultura seja acatada com a utilização de práticas
cartão postal da produção agrícola nacional no
agrícolas essenciais que influenciem a produção e
exterior. Para que este produto continue merecendo
produtividade,
a aceitação e o respeito, no momento é necessário
fitotécnicas, o uso de cultivar melhorado, o controle
manter as equipes dos pesquisadores, professores,
de pragas e doenças, a correção do solo, a
técnicos especializados, produtores e exportadores
adubação, nutrição mineral e a irrigação. O objetivo
unidos para vencer a concorrência internacional. O
desta revisão é levar ao leitor preferencialmente ao
vencedor desta acirrada batalha certamente será
consumidor as tecnologias existentes para que o
aquele que se dedica à qualidade.
cultivo do cafeeiro continue respondendo em
É comum, sofisticar atividades para fazer
e
passem
pouco
a
ser
consumidores
nacionalistas.
como
dentre
Para
tantas
e
que
práticas
produção de fruto do café.
frente teórica ao grupo crítico e oportunista na
venda de produtos. Os brasileiros caminham no
2.0.
Pragas do cafeeiro
rumo certo, batalhadores, confiantes e progressistas
na atividade agrícola, quando se trata do café. O
A praga mais importante no país é o Bicho
país tem núcleos conhecidos e bem definidos com a
Mineiro, ou seja, da espécie Perileucoptera
cultura,
e
coffeella, seguindo-se a broca cientificamente
produtividade ainda em progresso. A cultura tem
denominada Hipothenemus hampei e os nematóides
ocupado boa posição no ranking mundial e o
das espécies Meloidogyne incognita, M. exigua e M.
produtor encontra-se seguro sobre o uso de
paranaensis. Em segundo plano situam-se pragas
tecnologias, sem exageros, paciente e dedicado à
mais ocasionais, como os ácaros, as cochonilhas, a
cultura do cafeeiro. Com isso, pode-se entender que
mosca das raízes, as cigarras e as lagartas. As
a cultura do café foi e sempre será uma alavanca
condições que levam à presença de pragas na
poderosa com poder competitivo quantitativa e
cafeicultura brasileira são a época de clima seco, a
qualitativamente.
baixa umidade, a alta insolação e as altas
em
nível
de
aumento
de
área
temperaturas, quando surgem problemas com o
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Cultivo de café: pragas, doenças, correção do solo, adubação e consórcio
bicho mineiro e ácaros, lavouras adensadas,
2.1.1.
O controle pode ser cultural, biológico
sombreadas ou em faces com pouca iluminação e
ou químico
problemas com a broca.
As lavouras de café conillon ou robusta em
O uso de capinas na época certa, adubação
áreas quentes são mais propensas aos problemas
racional
de
cafezal,
conservação
com broca. As lavouras com espaçamentos abertos
espaçamentos
são mais atacadas por bicho mineiro e ácaros.
fungicidas a base de cobre constituem as práticas de
Lavouras implantadas em áreas de solos de arenito,
controle cultural.
adequados
e
uso
do
solo,
racional
de
onde foi plantado café tem mais problemas com
O bicho mineiro tem sido controlado através
nematoides e cochonilhas de raízes. Lavouras em
de processo biológico caracterizado pelo uso de
áreas com matéria orgânica e zonas frias tem
inimigos
problemas com mosca das raízes. As lavouras
predadores. São avaliados como parasitas, os
situadas próximas a matas tem problemas com
organismos que vivem em associação com outros e
cigarras.
dos quais retiram os meios para a sua sobrevivência.
naturais
Normalmente,
2.1.
Bicho mineiro
os
considerados
parasitas
são
parasitas
e
organismos
hospedeiros prejudiciais, que realizam uma ação
conhecida como parasitismo. Quaisquer doenças
Perileucoptera coffeella, na fase adulta, é
infecciosas e as infestações de seres com animais e
uma pequena mariposa de coloração branco-
plantas são causadas por seres considerados
prateada. No final da tarde, coloca os ovos na parte
parasitas.
superior das folhas. Com a eclosão dos ovos as
A utilização dos parasitas tem se mostrado
larvas passam a alimentar-se do tecido existente
eficiente no controle do bicho mineiro atingindo
entre as duas epidermes da folha formando áreas
uma taxa entre 18 e 35%.
vazias ou “minas”, o que caracteriza o nome de
praga.
Ainda o controle tem sido realizado com os
predadores do bicho mineiro como as vespas que
Temperaturas médias elevadas e grandes
atingem um controle que varia entre 3 e 69 %.
períodos de estiagem são condições climáticas que
O controle químico pode ser realizado
favorecem a evolução dessa praga. Os danos
através de dois sistemas básicos: pulverização foliar
causados ao cafeeiro se referem à redução da área
e aplicação via solo.
foliar fotossintética e queda de folhas, com reflexos
Tradicionalmente,
os
fertilizantes
são
no pegamento da florada e, portanto, na produção
aplicados ao solo através de pulverização foliar
do ano seguinte e na longevidade da planta. A
diretamente na terra. O processo foliar tem sido
desfolha sempre se dá do topo para a base da planta.
realizado com o uso de produtos inseticidas
fosfatados
orgânicos,
carbamatos
que
são
substâncias derivadas da ureia, piretroides ou suas
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misturas. Dentre as indicações, os piretroides são
O melhor controle consiste em uma colheita
inseticidas cujo princípio ativo é retirado de plantas
bem feita que significa sem deixar frutos no chão e
do gênero Chrysanthemum. Quando aplicados no
na árvore. Esta prática resulta em um controle de
solo, esses produtos são formulados em forma
ajuda para evitar a continuidade de algumas fases
granular e adicionados diretamente.
de desenvolvimento da praga por não ter recursos
alimentares para a proliferação da larva ou do inseto
2.2.
adulto. Em termos, controle químico é realizado por
Broca do café
meio de duas ou três pulverizações em intervalos de
A espécie do inseto Hypothenemus hampei
aplicação de vinte em vinte dias. Os inseticidas
na fase adulta, é um pequenino besouro de cor
devem ser aplicados no período de maior circulação
escura e brilhante. A fêmea fecundada perfura o
da broca, ou seja, na época em que as fêmeas
fruto na região da coroa até atingir a semente
abandonam os frutos restantes da safra anterior para
fazendo uma pequena galeria, onde realiza a
agredir e se alojar em frutos da nova safra.
postura. As larvas nascidas, ao se alimentarem, vão
Geralmente ocorre entre novembro e janeiro.
destruir parcial ou totalmente a semente. A broca
Algumas pragas se manifestam no cafeeiro
ataca o grão do café em vários estágios de
devido ao desequilíbrio na população de inimigos
desenvolvimento,
verde
naturais provocados por fatores climáticos, mau uso
chamado chumbão, o maduro e o seco. Algumas
dos defensivos agrícolas ou proximidade do cafezal
condições favorecem o aparecimento precoce da
de culturas suscetíveis ao ataque. Esses fatores
praga como a antecipação da temporada chuvosa,
promovem um aumento substancial na população
floradas precoces, colheitas anteriores mal feitas,
de lagartas, que por sua voracidade causam grandes
lavouras com problemas com alta população de
prejuízos ao cafeeiro. Elas se alimentam de folhas,
planta
pontas de ramos e casca de plantas jovens,
resultando
espaçamentos
preferencialmente,
em
reduzidos,
fechamento
fundos
o
de
de
área,
grotas
provocando desfolha e até morte de plantas.
geralmente mais frios e úmidos, terrenos mais
Vários são os produtos em estudos e outros
úmidos, lavouras sombreadas, terrenos de exposição
aprovados, que se tem usado para o controle das
voltada para leste ou sul e também lavouras
lagartas que pode ser feito através de inseticidas
próximas ao terreiro ou cafezais abandonados.
químicos ou inseticidas biológicos como o Bacillus
Os prejuízos causados pela broca podem ser
thuringiencis representado pelo Dipel PM: 250- 500
assim relacionados com a derrubada de frutos
g/ha e mais comumente através de inseticidas
verdes denominados chumbinhos ou chumbões,
piretroides
perda de peso, depreciação do tipo do café. Tem-se
recomendadas para o controle do bicho mineiro. Os
proibido a exportação de café com mais de 10 % de
especialistas de pesquisas baseadas nas práticas de
broca, efetivando suas razões devido a depreciação
controle neste campo, tem alertado que qualquer
da bebida, redução do preço do produto e colheita.
uso de controles deve ser realizado somente nos
usados
nas
mesmas
dosagens
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casos de ataque significativo ou em focos, pois em
de nematoides, e a existência de qualquer abertura
ataques leves o controle natural é suficiente para
ou rachadura no solo e montes de terra ao redor do
manter a praga em equilíbrio.
tronco, por onde ocorre a movimentação de
formigas que convivem em simbiose com essa
2.3.
praga promovendo o desenvolvimento do ataque
Cochonilhas da parte aérea
aos cafeeiros vizinhos.
Elas atacam casualmente o cafeeiro sob
condições
climáticas
favoráveis.
As
O melhor controle é feito através do uso de
mais
fosfina, comercialmente o Gastoxin e o Phostec,
comumente encontradas são a cochonilha verde
colocado ao redor do tronco das plantas, a 20 cm de
Coccus viridis, cochonilha parda Saissetia coffeae,
profundidade, por meio de um cano de ½ polegada.
cochonilha de cadeia Cerococcus catenarius,
Como o produto é fumigante, deverá ser aplicado na
cochonilha branca Planococcus citri e a cochonilha
época da seca. O controle também poderá ser feito
de placa Orthezia praelonga.
através
de
inseticidas
granulados
sistêmicos
Em uma lavoura, sob o caráter prático,
indicados para o controle do bicho mineiro, nas
consegue-se verificar os ataques desta praga que são
dosagens superiores, aplicado durante o período
sempre localizados e na grande maioria das vezes
chuvoso. Também poderão ser usados inseticidas
não atingem a lavoura toda.
sistêmicos líquidos diluídos em água e aplicados
As
cochonilhas
verdes
e
pardas
são
sob a saia dos cafeeiros.
encontradas nos ramos e folhas novas ao longo da
As cigarras do gênero Quesada são de maior
nervura principal. O controle pode ser feito com um
tamanho, em comparação com os outros gêneros, e
inseticida fosforado, em mistura com um óleo
causam estragos mais graves ao cafeeiro. O voo de
emulsionável a 1 - 1,5%. Como as cochonilhas
acasalamento ou revoada acontece no período de
iniciam seus ataques em reboleiras, às pulverizações
agosto a dezembro. As outras espécies são menores
para o seu controle devem se limitar somente às
e a sua revoada acontece no período de novembro a
áreas atacadas e pequena área vizinha.
março. As fêmeas colocam os ovos no interior dos
ramos dos cafeeiros. Um mês depois eclodem as
2.3.1.
Cochonilha da raiz
ninfas, que caem e adentram no solo onde
penetram, fixando-se nas raízes do cafeeiro,
Esta cochonilha Dysmicoccus cryptus ataca
sobrevivendo de seiva das raízes. Essas ninfas
o sistema radicular do cafeeiro em pequenas áreas
vivem na terra durante um ano e ao fim deste, saem
dispersas pela lavoura aumentando em curto espaço
do solo por meio de fendas, indo se fixar nos
de tempo, se não forem tomadas medidas a tempo.
troncos até se transformarem novamente em
Sua ocorrência é mais facilmente observada nos
adultos, recomeçando o seu ciclo evolutivo.
meses mais secos do ano. O ataque resulta em
O controle químico, por ser o mais rotineiro
amarelecimento das plantas, semelhante ao ataque
e mais trabalhado, tem sido o mais eficiente. Dentre
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os produtos comerciais, existem os inseticidas
específicos ou inseticidas comumente usados contra
líquidos ou granulados sistêmicos de solo, como foi
o bicho mineiro, sendo uma aplicação no início do
recomendado para o controle da cochonilha da raiz.
ataque e repetir, se necessário vinte a trinta dias
Ao mesmo tempo, o produto além de ser
após.
quimicamente elaborado e testado em diferentes
condições de clima e solo, a época de aplicação
2.4.1.
Ácaro branco
também deve ser considerada para o sucesso do
controle. Sob o aspecto industrial, os produtos são
Plantas
atacadas
pelo
ácaro
branco,
sempre seguros, mas ao mesmo tempo é necessário
Polyphagotarsonemus latus, apresentam folhas
conhecer o ciclo de desenvolvimento da praga. Para
recurvadas e crespas com crescimento desuniforme
as espécies do gênero Quesada o controle deve ser
do limbo foliar, necrosadas, com algumas fendas e
realizado de setembro até dezembro.
rasgaduras, em geral, verifica-se a presença de
Existem condições em que existe a praga,
folhas mal formadas ou deformadas, e superfície
mas o ataque na cultura é pequeno e a praga não
áspera. Ocorre leve queda e redução no tamanho
desenvolve o bastante para prejudicar a produção.
das folhas. Para o ácaro branco o produto mais
Assim, para as espécies menores, o controle deve
usado é o endosulfan.
ser de dezembro a março. O inicio do controle deve
ser feito quando se constatar a presença de
2.4.2.
Ácaro plano ou ácaro da leprose
aproximadamente 15 a 20 ninfas por cova de café.
A eficiência no controle depende ainda da umidade
Este
ácaro,
do solo. Na ocasião da aplicação, o solo deverá
hospedeiro
estar livre de ervas daninhas.
originada pelo vírus Coffee Ringspot Virus –
do
Brevipalpus
patógeno
da
phoenicis,
mancha
é
anular,
CoRSV. Nas folhas aparecem manchas cloróticas
2.4.
em forma de anéis concêntricos e manchas estreitas
Ácaro vermelho
alongadas junto às nervuras, que podem ficar
O ataque do ácaro vermelho, da espécie
necrosadas. Nos frutos essas manchas se tornam
Oligonychus ilicis, ocorre geralmente por manchas,
deprimidas
em locais concentrados denominados “reboleiras”.
Aparecem lesões em forma de cortiça. Para o ácaro
As plantas consideradas portadoras desta praga se
da leprose são indicados acaricidas usados para a
apresentam com as folhas de coloração bronzeada,
mesma praga em citrus, como o Bifentrin e o
com
Carbosulfan.
pouco
brilho
ou
mesmo
sem
brilho,
e
há
Duas
deformação
ou
três
do
pericarpo.
aplicações
são
observando finos emaranhados ou teias tecidas na
necessárias, de novembro a março devendo-se usar
face superior das folhas. O controle é essencial para
pulverizações em alto volume.
evitar que a praga tome conta de toda a lavoura.
Para o ácaro vermelho podem ser usados acaricidas
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2.5.
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Lavouras novas, muito abertas, em solos
Nematoides
pobres ou com adubação insuficiente e em regiões
a
mais quentes – problemas mais graves com
coffeicola,
cercosporiose. Áreas frias e úmidas, batidas por
Meloidogyne incógnita, Meloidogyne paranaenses,
ventos frios – problemas com Phoma, Ascochyta e
Meloidogyne
Pseudomonas. Lavouras com alta carga pendente –
As
espécies
Meloidogyne
mais
exígua,
goeldii,
frequentes
Meloidogyne
Meloidogyne
são
hapla,
Pratylenchus brachyurus e Pratylenchus coffeae.
problemas com ferrugem e cercosporiose.
Causam sérios prejuízos aos cafeeiros, desde mudas
até plantas adultas. O controle deve ser preventivo,
3.1.
Ferrugem alaranjada
pois o químico só apresenta resultados eficientes no
tratamento dos substratos para as mudas.
As
medidas
preventivas
contra
Os fungos da espécie Hemileia vastatrix
os
causam o enfraquecimento do cafeeiro tornando-o
nematóides são poucas e uma delas essencial é a
mais suscetível a outras pragas e doenças,
formação de cafezal novo, somente em áreas com
superbrotamento no caule e acinturamento, o que
mais de dois anos sem café. No cafezal adulto evitar
exige
o movimento de implementos, trânsito de animais e
longevidade da planta. São consideradas como
enxurradas.
danos causados por esse fungo, as quedas precoces
desbrotas
constantes.
Há
prejuízo
na
Como recomendação geral, usar variedades
das folhas e redução da produção da próxima safra,
resistentes e/ou tolerantes, como enxertia do arábica
seca de ramos ponteiros e laterais, redução da vida
sobre o IAC Apoatã resistente ao M. incognita.
útil da planta, quebra da produção, correlação
negativa entre a intensidade de ataque e a produção
3.0.
Doenças do cafeeiro
do ano seguinte além de acentuar o ciclo bienal de
produção do cafeeiro. Existem variedades mais
Nas condições da cafeicultura brasileira a
resistentes à doença.
doença mais grave é a ferrugem, causada pelo fundo
O controle, relatado por especialistas nas
Hemileia vastatrix, em seguida vem a cercosporiose
atividades de controle a doenças, pode ser químico,
(Cescospora coffeicola) e a seca de ramos causada
de preferência preventivo, baseados em produtos
pelo ataque de Phoma e Ascochyta. Com menor
cúpricos, como calda bordaleza 1 a 2%; oxicloretos
importância, tem-se ainda, a bacteriose Mancha
de cobre 35% e 50%, óxido cuproso 35% e 75%,
Aureolada e a Leprose (virose). A combinação de
hidróxido de cobre 35% e 45% - todos na
condições climáticas (macro e micro) e de manejo
concentração de kg 1,5 a 2,0 kg/ha, Oxicloreto +
dos cafezais favorece a ocorrência das doenças, da
Chlotalonil 3 a 4 kg/ha, Oxicloreto de cobre +
seguinte maneira: Lavouras adensadas, fechadas ou
Mancozeb – Cuprozeb 1,5 a 3,0 kg/ha, Ziran –
sombreadas – maior ataque de ferrugem.
Fungitox 3 litros/ha, Mancozeb como Dithane PM 4
a 5 kg/ha. Ainda são usados, como preventivo
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foliares, os Trizois e suas misturas 1,0 kg/ha. Os
ou início da seca. Acompanhar a fertilidade do solo
sistêmicos líquidos foliares de maior eficiência
através de análises do solo e foliares. Para proteger
como o Hexaconazole – Anvil, Expoxi – Conazole,
a cultura usa-se quebra ventos.
Cyproconazole – Alto 100, todos a 0,5 + 0,5
litros/ha.
O controle da doença é realizado através de
escolha de variedades resistentes de alta capacidade
produtiva em solos de fertilidade média a alta.
3.2.
Cercospora ou mancha do olho pardo
Também pode-se controlar a doença utilizando
fungicida cúprico entre dezembro e fevereiro. O
Causada pela Cercospora coffeicola que
controle químico pode ser realizado fazendo-se
ataca folhas e frutos, gerando prejuízos em viveiros
pulverizações dos focos, com produtos específicos,
e cafezais já instalados, principalmente lavouras
entre janeiro a maio, utilizando o fungicida baseado
jovens plantadas no final do período chuvoso ou no
em Azoxystrobin (Amistar 500 mg) em duas
início da seca e que produziram muito na primeira
aplicações em intervalos de 30 dias.
safra. Diversas condições favorecem o ataque dessa
doença como baixas temperaturas, alta umidade,
3.3.
Mancha aureolada
ventos frios, excesso de insolação, nutrição
desequilibrada ou deficiente (principalmente por
Bacteriose é uma doença causada pela
nitrogênio), sistema radicular pouco desenvolvido
bactéria do gênero Pseudomonas garçae, afetam
causado por adensamento de solo ou “pião torto”,
folhas e ramos preferencialmente. Primeiramente,
deficiências hídricas severas e outros. O controle é
ao projetar uma área para cafezal, evitar faces
feito mantendo-se o cafezal em boas condições
expostas de correntes de ventos. A penetração do
nutricionais, preferivelmente em equilíbrio e/ou
patógeno ocorre, normalmente, por ferimentos
com
causados por ventos frios e constantes, gerando
controle
químico,
utilizando
produtos
específicos.
atrito entre folhas e ramos. O controle do vento
Desenvolver a cultura em solo de bom
pode ser realizado evitando o plantio em faces
arejamento, para melhor desenvolvimento do
expostas aos ventos, ou usando quebra ventos.
sistema
usando
Pulverizações com fungicidas cúpricos associadas a
subsolagem, proceder à correção do solo, adubação
adubos fosfatados, MAF – fosfatos monoamônicos
completa e balanceada em nutrientes e, se possível,
1%, ajudam em um melhor controle.
radicular,
preparar
o
solo
usar um processo ou técnica de aplicação ou
Anomalia que tem ocorrido com certa
incorporação de matéria orgânica (MALAVOLTA
frequência em cafezais, sendo sua incidência
et al., 1993).
atribuída a uma série de fatores que pode agir
Após o plantio, cuidar das adubações de
isolada
ou
conjuntamente,
incluindo
inverno
cobertura e cuidar do controle químico, quando o
chuvoso, variações de temperatura, insolação
controle for realizado no final do período chuvoso
excessiva, estiagens, desequilíbrio nutricional, solo
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pobre ou falta de adubo. O controle químico pode
café a ser produzido iniciam-se na pré-colheita e
ser executado fazendo-se pulverizações dos focos,
basicamente são os seguintes:
com produtos específicos. Ataques de fungos como
 Realizar os tratos culturais de forma apropriada
o Colletotrichum e Phoma, ou bactérias, podem
mantendo as plantas nutricionalmente supridas e em
ocasionar também a seca dos ponteiros (GALLI et
condições saudáveis para obter grãos sadios e de
al., 1968).
qualidade.
A granação dos frutos é prejudicada com
 Providenciar sacarias, rastelos, panos, peneiras,
queda de folha, ocasionando maior número de grãos
escadas disponíveis para uso, observando seu
desqualificados como pretos e chochos. Afeta
estado de conservação, fazendo os consertos e
inclusive,
reparações necessários.
a
produção
do
ano
seguinte.
Normalmente o ataque aparece em reboleiras,
 Revisar as máquinas e equipamentos a serem
afetando plantas com três a quatro anos de idade.
utilizados na colheita tais como: trator, carreta,
Como medidas preventivas, devem-se instalar
colheitadeira, derriçadeira e outros componentes,
lavouras em áreas não sujeitas a ventos frios, evitar
principalmente verificar o estado da grade do
plantio em solos rasos ou excessivamente argilosos,
separador de verdes, os mamilos e canais do
manter equilíbrio nas adubações e controlar pragas
repassador ou despolpador.
e doenças.
 Cuidar do lavador separador, o separador de
verde, o descascador de cereja, o repassador e
4.0.
Cuidados na fase pré-colheita
demais componentes, para obter produtos de
diferentes classes e de maior valor comercial.
O consumidor do café prefere ter uma
 Cuidar do terreiro reparando buracos e saliências
bebida suave de bom paladar, que lhe dê satisfações
em seu piso, limpando as grades e drenos de água.
momentâneas e que possa se repetir nos desjejuns e
 Revisar o sistema de aeração cuidando do
nas reuniões de amigos ou comerciais. Contudo,
secador, do ventilador e do forno ou trocador de
nem todos os grãos são qualificados para a
calor, verificando principalmente o estado de suas
produção de uma boa bebida.
grelhas, da câmara de combustão e do radiador
A espécie Coffea arabica, quando cultivada
trocador de calor que sofrem desgastes devido a
em regiões aptas, recebendo tratos culturais
passagem dos gases em alta temperatura por sua
adequados e colhendo-se frutos em estágio de
tubulação. A contaminação do ar de secagem pelos
cereja, ausentes de qualquer ferimento ou injúria em
gases da combustão em forma de fumaça deve ser
sua superfície, produzem grãos de café que mantém
evitada sem alternativa.
um potencial de qualidade máximo. Entretanto, eles
 Manter as tulhas limpas, eliminando resíduos de
podem perder qualidade, caso permaneçam na
planta ou sofram um preparo inadequado, razão
pela qual se pode afirmar que os cuidados com o
safras passadas. Eliminar insetos, pássaros e
roedores, evitando aumento e acumulação de
pequenos
problemas,
mas
importantes
para
Revista Faculdade Montes Belos, v. 5, n. 4, Agosto 2012
65
I. P. Oliveira, L. C. Oliveira & C. S. F. T. Moura
Cultivo de café: pragas, doenças, correção do solo, adubação e consórcio
obtenção de um produto de qualidade e estabilidade
todas as providências indispensáveis, evitando-se
de produção.
atropelos de última hora. Desse modo, após uma
 Evitar dedetizar com produtos que possam
limpeza geral de todas as máquinas e equipamentos
alterar o cheiro ou o sabor do café e perder cliente,
eliminar os resíduos que possam contaminar o
desde o empresário comprador até o cliente
produto da nova safra, verificando detalhadamente
consumidor.
cada fase e componente do processo. Observar o
 Manter
de
desgaste das peças, tais como rolamentos, correias e
beneficiamento revisados, iniciando pela bica de
outros específicos de cada máquina como canecas
jogo sob as tulhas, averiguando os registros de
nos elevadores, grades nos separadores de verdes,
alimentação, molas, rolamentos do eixo de jogo e
canais e cilindros mamilados, nos descascadores de
peneiras.
cerejas, vazadeiras e facas nos descascadores,
 No catador de pedras, deve ser verificada
quadros, bolas de borracha e peneiras nos
principalmente a limpeza do deck ou peneira do
classificadores (CCCRJ, 2012).
máquinas
e
equipamentos
colchão de ar. No descascador verificar o estado das
vazadeiras e das facas. No classificador verificar a
5.0.
Fertilidade do solo e nutrição de planta
limpeza das peneiras, principalmente se não tem
Quando
grãos de safras anteriores agarrados. Quanto aos
se
procura
uma
área
para
elevadores, deve ser examinado o estado das
desenvolvimento sustentável de uma exploração
canecas e correias e a limpeza dos pés.
agrícola, a primeira atividade que se deve conhecer,
 Na colheita, a partir do primeiro dia, reunir
além das condições planta e atmosfera, é a
sempre com toda a equipe de colheita esclarecendo
capacidade
minuciosamente as atenções a serem observadas, a
essenciais ao crescimento e desenvolvimento das
limpeza inicial, a colocação de panos no solo e ao
plantas. Uma vez tendo esses conhecimentos
redor dos pés de café, os cuidados na derriça, como
iniciais pode-se conhecer e identificar os principais
evitar comprometer galhos que serão produtivos nos
fatores que afetam tal capacidade produtiva do solo.
próximos anos de produção, os perigos com animais
Ao mesmo tempo, cercar-se dos conhecimentos
peçonhentos como cobras e insetos, o levantamento
necessários para diagnosticar as condições do solo e
do café do pano e a abanação. Cuidados com cada
possibilitar uma tomada de decisão para sua
funcionário no horário, no transporte, na roupa, na
correção ou manutenção na gestão de propriedades
alimentação e na hidratação.
rurais (SANTOS & SILVA, 2012).
do
solo
em
fornecer
nutrientes
Ficar atento sobre os cuidados pré-colheita
devem ser realizados apenas por precaução, pois a
6.0.
A aplicação do corretivo no solo
manutenção correta das máquinas e equipamentos
deveria ter sido feita imediatamente após o término
Entende-se como corretivos da acidez dos
da safra anterior quando existia tempo hábil para
solos os produtos apropriados de neutralizar,
Revista Faculdade Montes Belos, v. 5, n. 4, Agosto 2012
66
I. P. Oliveira, L. C. Oliveira & C. S. F. T. Moura
Cultivo de café: pragas, doenças, correção do solo, adubação e consórcio
incluindo reduzir ou eliminar a acidez e também
encontra-se entre 5,8 a 6,2. A quantidade de
carrear nutrientes no
cálcio
calcário a ser colocada no solo, incorporado nos
e magnésio. A acidez de um solo é originada em
primeiros 20 centímetros, depende não somente do
função da presença de hidrogênio (H+) livre, gerada
valor do pH, mas também dos teores de matéria
por componentes ácidos presentes no solo como
orgânica, dos teores de cálcio e de magnésio, e do
ácidos orgânicos, fertilizantes nitrogenados, dentre
alumínio trocável (OLIVEIRA et al., 2005). Nas
outros. A neutralização da acidez consiste em
condições do cerrado ou em áreas semelhantes em
neutralizar os H+, o que é feito pelo ânion hidroxila
acidez, tem-se recomendado calagem através de
(OH-). Portanto, os corretivos de acidez devem ter
duas fórmulas basicamente:
componentes básicos para gerar OH- e promover a
a) Método baseado nas correções dos teores de
neutralização.
cálcio (Ca) e magnésio (Mg) necessários para a
solo,
sobretudo
Fundamentalmente, os constituintes dos
cultura,
denominado
nível
crítico
(NC)
e
calcários são o carbonato de cálcio e o carbonato de
neutralização de alumínio trocável (Al).
magnésio, respectivamente CaCO3 e MgCO3. Em
QC (t/ha) = {[NC - (Ca+++ Mg++)] + 2 Al+++} x f
função do teor de MgCO3, os calcários são
QC = quantidade de calcário a ser aplicada
considerados calcíticos, com teor de MgCO3
NC = nível crítico de Ca e Mg que deve ser igual a
inferior a 10%; magnesianos, com teor mediano de
3 cmolc/dm3 = 3 emg/100 cc de solo.
MgCO3 entre 10% e 25% e dolomíticos, com teor
A relação Ca : Mg deve ser teoricamente 4:1.
de MgCO3 maior de 25%. Tecnicamente, em função
f = fator de correção que depende da qualidade do
da natureza geológica, os calcários podem também
calcário, onde f=100/PRNT
ser classificados em sedimentares e metamórficos.
PRNT = poder relativo de neutralização total do
Os carbonatos de cálcio são mais solúveis, mais
calcário.
friáveis ou “moles” e os carbonatos são mais
“duros” na escala de dureza, porém, quando bem
b) Método baseado na saturação de base:
moídos apresentam comportamentos agronômicos
QC (t/ha) = (V2 - V1) x CTC x Fator F
semelhantes.
100
V2 = saturação de base exigida pela cultura que
7.0.
Correção do solo ou aplicação de
deve estar entre 60 a 80%
calagem
V1 = saturação de base que existe no solo antes da
aplicação de calcário.
Quando o pH do solo se encontra abaixo de
V = S/T
5,5 deve-se realizar a calagem, sendo pelo menos
S = Ca+ + + Mg++ + K+
três meses antes do plantio. A cultura pode ser
T = S + Al+++ + H+ = Ca++ + Mg++ + K+ + Al+++ +
tolerante a pH mais baixo, mas a melhor
H+
disponibilização de nutrientes para a cultura
F = 100/80 = 1,25
Revista Faculdade Montes Belos, v. 5, n. 4, Agosto 2012
67
I. P. Oliveira, L. C. Oliveira & C. S. F. T. Moura
8.0.
Cultivo de café: pragas, doenças, correção do solo, adubação e consórcio
crescem em busca de cálcio, e onde não houver
Gessagem
cálcio, praticamente não haverá raízes de café.
Existe um amplo número de solos, situado
Além disso, o alumínio, na forma de Al3+ presente
em regiões apropriadas ao plantio de café, que se
nas camadas inferiores, quando não corrigidas pelo
apresenta carente de cálcio trocável e com elevados
calcário, é tóxico para as plantas.
teores de alumínio, especialmente nas camadas mais
Atribui-se o pouco crescimento radicular
profundas. Ao mesmo tempo, as raízes dos
nessas camadas aos baixos teores de cálcio e à
cafeeiros tendem a ficar concentradas na superfície
possível toxidez de alumínio. Para contornar esse
do solo. Muitos especialistas da cultura consideram
problema tem-se utilizado o gesso.
que estas se concentram a 60 centímetros de
O gesso agrícola é constituído de sulfato de
profundidade, o que torna as plantas suscetíveis a
cálcio, ou seja, de CaSO4.2H2O, e contem
períodos secos ou veranicos, que além de reduzir a
aproximadamente 32,6 % de óxido de cálcio - CaO
absorção de nutrientes estão distribuídos em um
e 18,7 % de enxofre – S, sendo, considerado um sal
maior volume de solo (SAKAI et al., 2012).
neutro que se dissocia em solução aquosa em Ca2+ e
Geralmente, o efeito do calcário com o uso
SO4-2. Em conseqüência não apresenta receptores de
de calagem, não é observado em camadas mais
prótons, OH- e HCO3-, ou seja, não é capaz, a
profundas do solo, uma vez que o ânion
princípio, de neutralizar a acidez do solo, muito
acompanhante do carbonato (CO32-) induz a uma
menos de elevar a capacidade de troca catiônica -
redução da mobilidade do cálcio no perfil do solo.
CTC. Dessa forma, é considerado como um
Desse modo, ao se recomendar a calagem em
condicionador
cobertura, deve-se fazer a correção programada
(OLIVEIRA et al, 1985). O sulfato - SO42-, ânion
entre 5 e 10 centímetros de profundidade, para que
acompanhante do gesso eleva a mobilidade do
não ocorra uma super calagem. Com isso, a
cálcio, permitindo que este nutriente chegue a
tendência da raiz é se desenvolver nesta camada de
camadas subsuperficiais do solo. O sulfato, oriundo
solo.
do gesso, forma pontes de ligação com o alumínio
O cálcio é um elemento essencial para o
crescimento
vegetal,
apresentando
do
solo,
não
um
corretivo
do solo, formando o sulfato de alumínio (AlSO4+),
mobilidade
que é uma forma menos tóxica para as plantas. O
intermediária no solo e pouca, ou nenhuma,
gesso, também apresenta outras formas de redução
mobilidade nas plantas. Dessa forma, o cálcio por
da toxidez de alumínio, como a autocalagem ou a
ser um nutriente enviado das raízes para as folhas
formação de AlF2+ que ocorrem com menor
do café, é chamado nutriente de estrutura, mas não é
intensidade do que a formação de AlSO4+.
transloucado para as raízes novamente, como
acontece com o fósforo.
O gesso é considerado um condicionador do
solo, pois distribuir os nutrientes da superfície para
Em se tratando de nutrientes, as raízes do
as camadas mais profundas. Seu valor é muito
cafeeiro apresentam um quimiotactismo positivo e
grande como fonte de enxofre e cálcio. Vários
Revista Faculdade Montes Belos, v. 5, n. 4, Agosto 2012
68
I. P. Oliveira, L. C. Oliveira & C. S. F. T. Moura
Cultivo de café: pragas, doenças, correção do solo, adubação e consórcio
pesquisadores já relataram que quando o gesso se
ser móvel, pode ser aplicado em cobertura, na
encontra na forma de enxofre zero, pode dar
superfície
mobilidade ao cálcio e outros cátions até às
incorporação. Caso não precise aplicar o calcário
camadas mais profundas do solo e reduzir a toxidez
para corrigir a acidez, pode-se aplicar o gesso,
de alumínio das camadas da subsuperfície. Por isso,
procurando cobrir a necessidade da planta em cálcio
o gesso é um insumo essencial que se enquadra no
e magnésio, porém o gesso não corrige a acidez do
formato da cultura do café, pois favorece o
solo. O gesso, por sua vez, apresenta na sua
crescimento e o desenvolvimento radicular. Ao ter o
composição 20% de cálcio e 15% de enxofre.
do
solo,
sem
necessidade
de
crescimento da raiz aumentado, a planta passa a
explorar as camadas mais profundas do solo,
9.0.
Recomendação de adubação
fazendo melhor contato e exploração de água e
nutrientes.
Paralelamente,
a
sua
importância
As indicações de adubação devem ocorrer,
aumenta devido o café apresentar um sistema
inicialmente, de acordo com as características do
radicular raso paralelo a superfície do solo.
solo. A partir do plantio, a nova planta depende do
A utilização do gesso é indicada para as três
solo e da interação com os demais nutrientes
situações de subsolo, ou seja, se apenas uma delas
necessários para o seu desenvolvimento. O solo,
for satisfeita, deve-se aplicar o gesso. O teor de
como suporte dinâmico, que reage de acordo com
cálcio menor ou igual a 0,4 cmolc/dm3, teor de
uma série de fatores naturais e modificados pelo
alumínio maior que 0,5 cmolc/dm3 e saturação por
homem,
alumínio (M) maior que 30 % verificadas nas
situações que, depois de algum período de tempo, é
camadas de 0 – 20 e 20 – 40 centímetros de
expresso na saúde da planta, e exteriorizado pelos
profundidade, dada pela fórmula:
sintomas que podem ser físicos, fisiológicos e
NG = 0,30 x NC,
nutricionais. Antes de qualquer recomendação é
NG = Necessidade de gesso, em t/ha.
interessante que se leve em consideração o teor de
NC = Necessidade de calcário, em t/ha
nutriente do solo e nas lavouras formadas, os teores
O gesso pode ser aplicado separado ou junto
com o calcário, mas é preferível que seja colocado
naturalmente
é
submetido
a
novas
foliares estão dentro ou fora das faixas críticas
(Quadro 1).
no solo após a aplicação do calcário. O gesso, por
Revista Faculdade Montes Belos, v. 5, n. 4, Agosto 2012
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I. P. Oliveira, L. C. Oliveira & C. S. F. T. Moura
Cultivo de café: pragas, doenças, correção do solo, adubação e consórcio
Macronutrientes
dag/kg
Micronutrientes
mg/kg
N
2,90 – 3,20
B
40 - 60
P
0,12 – 0,16
Cu
8 - 16
K
1,80 – 2,20
Fe
70 - 180
Ca
1,00 – 1,30
Mn
50 - 200
Mg
0,31 – 0,45
Zn
10 -20
S
0,15 – 0,20
Mo
0,10 – 0,20
QUADRO 1 – Faixa de teores de nutrientes na folha do cafeeiro.
Fonte: CFSGO: Convênio EMGOPA –UFG (1988).
Notadamente, os sintomas de deficiências
de aplicação de fertilizantes, contendo os nutrientes
são mais estudados. Os sintomas de intoxicação
essenciais à planta para seu consumo normal de
podem ser observados quando alguns nutrientes ou
desenvolvimento produzindo grãos para sua própria
elementos minerais se encontram em excesso. O
sobrevivência e multiplicação, além de garantir a
importante para o técnico é que se preocupe com as
produção para o consumo dos seres vivos, incluindo
correções do solo e as necessidades da planta
homens e animais.
jovem, nos primeiros anos de vida e, em seguida,
A sua resposta à assistência, nas condições
preocupar com a implantação da cultura. O
normais de clima e solo, vai depender do
profissional deve preocupar-se com a necessidade
conhecimento que o ser humano tem da tecnologia,
nutricional que a planta tem para desenvolver, pois
para oferecer à planta, nas condições do ambiente, o
necessita de quantidades maiores de nutrientes para
necessário para a sua plena realização como
produzir, de acordo com o seu potencial de
produtora
produção máxima.
desenvolvimento.
O pleno desenvolvimento do cafeeiro é
de
grãos
e
capacidade
Neste
sentido,
de
encontra-se
exposto na Tabela 1.
relacionado com a complementação de necessidade
Argila
%
60 -100
35 - 60
15 - 35
0 - 15
Muito
baixo
<1,9
<3,0
<5,0
<7,5
0 -4,0
4,0 - 10
10,0 -19,0
19,0 – 30,0
30,0 – 44,0
44,0 – 60,0
<2,3
<3,0
<4,5
<6,0
<8,3
<11,3
Baixo
2,0 – 4,0
3,1 – 6,0
5,1 – 9,0
7,5 – 15,0
Teor de P no solo
Médio
4,1 – 6,0
6,1 – 9,0
9,1 – 15,0
15,1 – 22,5
P-rem (mg/L)
2,4 – 3,2
3,3 – 4,5
3,1 – 4,5
4,6 – 6,2
4,6 – 6,2
6,3 – 8,5
6,1 – 8,5
8,6 – 11,9
8,4 – 11,9
12,0 – 16,4
11,4 – 16,4 16,5 – 22,5
Bom
Muito bom
6,1 – 9,0
9,1 – 13,5
15,1 – 22,5
22,6 – 33,8
>9,0
>13,5
>22,5
>33,8
4,6 – 6,8
6,3 – 9,4
8,6 – 13,0
12,0 – 18,0
16,5 – 24,8
22,6 – 33,8
>6,8
>9,4
>13,1
>18,0
>24,8
>33,8
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I. P. Oliveira, L. C. Oliveira & C. S. F. T. Moura
Produtividade
sc/ha
<20
30
21 – 30
30
31 – 40
40
41 – 50
50
51 - 60
60
>60
80
Cultivo de café: pragas, doenças, correção do solo, adubação e consórcio
Doses de P
20
40
50
60
70
60
kg/ha/ano
10
30
40
50
55
40
0
20
25
30
35
20
0,0
0,0
0.0
15
18
0
TABELA 1 - Recomendação de doses de fósforo para o café em função do percentual de argila e os níveis de
fósforo do solo.
Fonte: Alvarez et al., 1999.
Ao mesmo tempo, são expressos na mesma
Em seguida, são relacionadas às quantidades
tabela a necessidade do cafeeiro quanto a adubação,
de fertilizantes potássicos e nitrogenados, de acordo
em função da produtividade em sacas de 60
com as classes de fertilidade do solo e modos de
kilogramas por hectare.
aplicação (Tabela 2).
--------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Classes de Fertilidade
______________________________________________________________________________________
Baixo
Médio Bom Muito Bom
______________________________________________________________________________________
Teor de K no solo
______________________________________________________________________________________
------------------Período ----------------------------------- mg/dm3 ------------------------------------------------------Dose de N
< 60
60 – 120
120 – 200
> 200
---------------------------------------------------------- Dose de K2O ---------------------------------------------------------------------------------------------------------------- g/cova/ano ------------------ g/cova/aplicação ---------------1º ano
40
20
10
0
10
2º ano
60
40
20
0
20
---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------TABELA 2 – Recomendação de adubação potássica em função do nível de potássio no solo e doses de
nitrogênio a serem aplicadas no primeiro e no segundo ano.
Fonte: Alvarez V et. al., 1999.
10.0.
deste
Micronutrientes
micronutriente.
Carência
dos
demais
micronutrientes como a de boro, de cobre e, às
Os
solos
brasileiros
são
carentes,
principalmente, em zinco. Essa carência é atribuída
vezes,
de
manganês
são
observadas,
esporadicamente, em condições especiais. As
à falta de compostos minerais secundários, fontes
Revista Faculdade Montes Belos, v. 5, n. 4, Agosto 2012
71
I. P. Oliveira, L. C. Oliveira & C. S. F. T. Moura
Cultivo de café: pragas, doenças, correção do solo, adubação e consórcio
recomendações realizadas pela CFSEMG (1999)
segundo os teores de boro no solo e as exigências
podem ser observadas abaixo.
da cultura.
10.1.
10.2.
Boro
Zinco
A função do boro está associada a sua
O crescimento e a produção do café é
importância no desenvolvimento apical dos ramos e
altamente influenciado pelo zinco. Considerado um
das raízes. Este nutriente é importante nos pontos de
ativador de algumas enzimas importantes para a
apicais das plantas, tanto na divisão celular quanto
síntese do triptofano precursor do ácido indol
no tamanho das células. Também é importante na
acético – AIA. Esse ácido é responsável pelo
formação da parede celular. Está sempre presente
aumento do volume celular e aumento no
no transporte de carboidrato das folhas para outros
desenvolvimento da planta. A planta deficiente
órgãos. Em solos lixiviados, com baixo teor de
apresenta internódios curtos, folhas pequenas e
matéria orgânica, pH acima de 6,5 e em períodos
estreitas, formação de rosetas de folhas, morte de
secos, pode surgir deficiência de boro. Em caso de
gemas
deficiência, acontece morte de gemas terminais,
superbrotamento, folhas mais novas coriáceas
paralização do crescimento dos ramos, excesso de
quebradiças. Os frutos apresentam-se melhores,
brotação de ramos, formando figuras de leque e
resultando em produção reduzida. A deficiência é
redução na produção. Ocorre deformação no
comum em solos com baio teor de compostos
desenvolvimento das folhas, com aspecto retorcido
secundários considerados fontes de zinco, em
e bordas irregulares e encurtamento de entrenós.
culturas sob calagem excessiva e excesso de
Ainda é verificado inibição de crescimento, às
aplicação de fósforo. Em solos deficientes em
vezes abortamento das flores e menor pegamento
zinco, que são mais frequentes nas condições
das floradas. Quase sempre são verificados morte
brasileiras, com textura arenosa a média, deve-se
das pontas das raízes. Em solos deficientes em boro,
aplicar zinco em cobertura, sob a projeção da copa,
aplicar bórax ou ácido bórico, na superfície do solo
no início do período chuvoso. Em solos argilosos, o
sob a projeção da copa, no início do período
suprimento deve ser feito por via foliar, entre duas a
chuvoso. Para novas aplicações, efetuar a análise
quatro aplicações anuais e espaçadas, com solução
foliar, evitando-se assim, o efeito fitotóxico. Em
de sulfato de zinco na concentração de 5 g/L. A
solos com teores intermediários, o suprimento pode
adição de 3 g/L de KCl à calda de sulfato de zinco
ser feito por via foliar, em duas a quatro aplicações,
melhora a sua absorção, podendo reduzi-la a 3 g/L.
terminais,
seca
de
ponteiros,
com solução contendo 3 a 5 g/L de ácido bórico,
Revista Faculdade Montes Belos, v. 5, n. 4, Agosto 2012
72
I. P. Oliveira, L. C. Oliveira & C. S. F. T. Moura
Cultivo de café: pragas, doenças, correção do solo, adubação e consórcio
TABELA 3 -
Recomendação de micronutrientes para a cultura do cafeeiro, de acordo com os teores
encontrados no solo e o modo extração de cada nutriente.
Fonte: CFSEMG (1999).
10.3.
não ser utilizada a prática de fazer pulverização, é
Cobre
necessário fazer a correção de cobre em lavouras
Nutriente
importante,
sobretudo
na
implantadas em solos deficientes. O cobre pode ser
formação da cultura, pois interfere no crescimento.
aplicado em pulverizações foliares de oxicloreto de
Tem função específica na síntese de proteína e no
cobre na dose de 3 g/L.
metabolismo de carboidratos. A deformação das
folhas caracteriza a deficiência de cobre, devido a
10.4.
Manganês
nervura central torcer em forma de “s”. A folha
deficiente apresenta formato de costelas, com as
O manganês deve ser observado no intervalo
nervuras salientes. Semelhante à falta de umidade,
de dois limites, a escassez e o excesso. O ambiente
as folhas se curvam para baixo. Ocorre desfolha, em
de ocorrência desta deficiência, provem de solos em
caso grave de deficiência. As deficiências são
que se faça o uso de calagem para correção, visando
comuns com a cultura desenvolvida em solo pobre,
elevar o pH uma vez as grandes produções obtidas
semelhante aos de cerrado. Adubação nitrogenada
com a cultura exige também grande demanda deste
em excesso, calagem pesada e excesso de matéria
nutriente, e que é comum, atualmente, a constatação
orgânica, constituem os fatores que provocam a
de deficiência de manganês.
deficiência
com
importante na fotossíntese e evolução do oxigênio
fungicidas cúpricos é suficiente para fornece cobre
de plantas. O OEC - complexo de evolução de
satisfatoriamente aos cafeeiros. Nas condições de
oxigênio é parte do fotossistema II nas membranas
na
planta.
A
pulverização
O manganês é
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73
I. P. Oliveira, L. C. Oliveira & C. S. F. T. Moura
Cultivo de café: pragas, doenças, correção do solo, adubação e consórcio
tilacoides
é
proteínas. Semelhante ao manganês, também podem
responsável pela foto-oxidação da água durante a
ocorrer, com menor frequência, deficiências de
fase luminosa da fotossíntese e tem um núcleo
ferro, principalmente em solos com adensamento e
metaloenzima com quatro átomos. A química
por calagem pesada responsável por alto pH.
biológica do manganês está intimamente associada
Também pode ocorrer em solos ricos em manganês.
à química do oxigênio, em seus vários estados de
As deficiências ocorrem em folhas mais novas.
oxidação. Nesse contexto, o manganês desempenha
Plantas deficientes são caracterizadas por coloração
papel fundamental nos processos fotossintéticos de
verde-pálida e nervura com coloração normal em
produção de O2 como no composto tetranuclear de
folhas mais novas. Nesse caso, as nervuras também
Mn no fotossistema II, na degradação oxidativa de
perdem pouco a pouco a coloração. Quando a
lignina via as Mn-ligninases, em diversas reações
deficiência chega a extremos, a folha inteira fica
de hidrólise e nos processos de proteção contra
amarela para depois se apresenta esbranquiçada. A
estresse oxidativo. Entre essas enzimas de proteção,
correção desses problemas de deficiência, tem como
destacam-se a superóxido dismutase de manganês
ação pulverizações com sulfato ferroso 10 g/L.
de
cloropúltimos.
O
manganês
(Mn-SOD), que catalisa o desproporcionamento de
superóxidos O2-, e a Mn-catalase, que catalisa o
11.0.
Cultivo intercalar no cafezal
desproporcionamento do peróxido de hidrogênio
H2O2. Na concavanila A (da família das lectinas), o
O plantio de culturas intercalares nas
manganês tem um papel estrutural. (WIKIPEDIA,
lavouras de café, constitui uma prioridade nas áreas
2012).
acidentadas, de alto declive, sem mecanização, nas
A toxidez de manganês, inicialmente ocorre
propriedades familiares ou conduzidas através de
com o amarelecimento das margens foliares. Ao
contratos com meeiros. Nessas condições, as
desenvolver a toxidez é caracterizada por sintomas
lavouras novas de café, em formação, nos dois
de amarelecimento completo das folhas mais novas.
primeiros anos, e as áreas podadas, principalmente
Para a correção de deficiência tem-se realizado
por recepa e esqueletamento, apresentam espaços
aplicações de sulfato de manganês, utilizando
livres nas ruas do cafezal e, por isso, apresentam
sulfato manganoso na concentração entre 5 e 10 g/L
melhores condições para cultivos consorciados.
e em duas a quatro aplicações foliares por ano.
De modo geral, a cultura intercalada
Quanto maior a quantidade de calcário aplicado,
concorre com o café em água e nutrientes, luz,
maiores cuidados devem ser despendidos à cultura.
arejamento, mas ainda pode ser recomendada em
lavouras de carga muito baixa, ou em recuperação
10.5.
de geadas, chuvas de granizo, estiagem, ou stress
Ferro
por alta carga de carregamento de grãos.
Elemento
importante
na
formação
de
As culturas intercalares com o café, que
clorofila que interfere na respiração e síntese de
requerem irrigações pesadas ou que são muito
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Cultivo de café: pragas, doenças, correção do solo, adubação e consórcio
exigentes em água, como acontece com o milho,
como acontece nos estados do Espírito Santo,
devem ser evitadas em áreas onde ocorrem déficits
Minas Gerais, Bahia e, em menor proporção, em
hídricos, evitando assim a concorrência com a café
Goiás, Mato Grosso, Rondônia e São Paulo.
pela água do solo. As leguminosas, como o feijão e
Algumas regiões pouco adeptas a irrigação, tem
a soja são culturas mais indicadas para serem
experimentado, com sucesso, a utilização desta
intercaladas com café, principalmente nas pequenas
tecnologia como acontece na Zona da Mata de
propriedades em atividades familiares. O agricultor
Minas Gerais, Mogiana Paulista, Espírito Santo e
seleciona os produtos necessários para o próprio
outras.
dispêndio das famílias ou para alimentar pequenas
O aumento de produtividade média com o
criações de animais, igualmente para consumo nas
uso da irrigação, em três safras tem sido de 50%,
propriedades. Dentro dos plantios intercalares ainda
quando comparada com as lavouras de sequeiro em
recomenda-se o consórcio de milho com feijão entre
áreas representativas na produção de café em
as fileiras dos cafezais, mesmo o milho sendo
regiões consideradas aptas climaticamente ao
conhecido como exigente em água, mas é
cultivo do cafeeiro, sem a necessidade de irrigação.
importante para o consumo animal.
Melhores resultados tem sido obtidos em regiões
Quando se trata de produtores maiores,
onde a temperatura se encontra acima de 19 °C.
existem contratos em que as áreas dos cafezais são
Zambolim
et
al.(2012)
concluem
que
liberadas para plantio de feijão e milho quase
irrigação influencia na qualidade do produto final,
sempre consorciados em troca da capina da área
além do aumento na produção e produtividade mais
cultivada ou recebem parte do produto colhido em
estáveis. Com isso, tem sido observado que a
pagamento (CCCRJ, 2012).
pratica de irrigação favoreceu a abertura de novas
áreas com o café, que dependiam diretamente das
12.0.
Irrigação do cafeeiro
O Brasil atualmente irriga uma área acima
condições climáticas naturais.
13.0.
Escolha do melhor sistema
de 200.000 hectares de todo o seu parque cafeeiro.
De acordo com os observadores, esta área
Para Fernandes (2012) existem diferentes
representa aproximadamente 10% da cafeicultura
sistemas de irrigação, sendo o mais adequado
nacional (FERNADES, 2012). A produção desta
escolhido dependendo de fatores como o tipo de
área representa um quarto da produção nacional.
solo, a topografia, o tamanho da área, os fatores
Enquanto as normativas para o uso de água não se
climáticos, os fatores relacionados ao manejo da
modificarem tem-se uma ideia da competitividade
cultura, o déficit
da cafeicultura irrigada nacional. Segundo esse
investimento do produtor e o custo do sistema de
autor, os tradicionais centros produtores de café
irrigação. A disponibilidade de água deve ser
irrigados tem se jogado na tecnologia de irrigação,
considerada, uma vez que volume de água exigido
hídrico, a capacidade
de
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Cultivo de café: pragas, doenças, correção do solo, adubação e consórcio
pela cultura é alto. A tecnologia ou método de
umedece parte da área, a planta modifica o seu
irrigação escolhida deve vir associada à necessidade
crescimento radicular, que se concentra nos
de otimizar a utilização do uso de água.
volumes de solo irrigados ou umedecidos.
A irrigação do cafeeiro é realizada por
aspersão e irrigação localizada. Pelo método de
15.0.
Considerações gerais
aspersão, ainda se usa o convencional móvel,
utilizando aspersores pequenos, médios e canhões
O café é uma cultura produtiva, de clima
ou fixa que inclui o sistema de aspersão em malha,
tropical, que para atingir altas produtividades
auto propelido e pivô central. O convencional, em
necessita de práticas culturais que favoreçam a
função de aspectos relacionados ao consumo de
produção de grãos, sendo o controle de pragas e
energia, exigência de mão-de-obra e outros quesitos
doenças
operacionais é o mais viável, principalmente do tipo
produtividades.
essencial
para
conseguir
altas
malha e o pivô central (FERNANDES, 2012). O
A necessidade nutricional do cafeeiro está
sistema mais utilizado é a irrigação localizada por
sendo suprida de acordo com as recomendações
gotejamento, devido suas características técnicas
oficiais para a cultura específica e o solo trabalhado.
que permitem uma irrigação com grande precisão,
O café pode ser cultivado tanto em extensas
economia de água e energia, e as fitas de polietileno
áreas, como em pequenas áreas de agricultura
utilizando o sistema também conhecido como
familiar. A diferença entre esses dois sistemas tem
"tripa", principalmente pelo menor custo de
sido observada verificando que as grandes áreas são
implantação.
ocupadas por monocultura cafeeira e a agricultura
familiar utiliza mais a agricultura intercalar,
14.0.
consorciando café com várias outras necessárias
Irrigação localizada
para a sustentação da família.
Neste método, a água é aplicada diretamente
sobre a região radicular, em pequena intensidade e
alta frequência, para manter a umidade próxima da
ideal, isto é na capacidade de campo.
16.0.
Referência bibliográfica
O
gotejamento é o mais empregado porque a água é
aplicada de forma dirigida e localizada em pontos
na zona da saia do cafeeiro onde ocorre um maior
aproveitamento
de
água
pelas
raízes.
Consequentemente, esse método resulta em um
umedecimento parcial da área total sob irrigação
reduzindo, portanto, o volume total de solo
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