de dissertação em pdf - Pós

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Universidade Federal da Bahia
Escola de Medicina Veterinária
Mestrado em Medicina Veterinária Tropical
GEOPROCESSAMENTO NO ESTUDO DA
RAIVA URBANA EM SALVADOR
JORGE RAIMUNDO LINS RIBAS
Salvador – Bahia
2005
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1 INTRODUÇÃO GERAL
O determinismo causal das patogenias e os estudos científicos que as envolvem estão ligados,
num dado momento, a uma sociedade historicamente definida e na maioria das vezes, com o
pensamento hegemônico da época (SCHNEIDER & SANTOS-BURGOA, 1994), num espaço
geográfico definido.
Múltiplos fatores têm se apresentado, com certa freqüência, como de risco para o
estabelecimento e disseminação de patogenias das mais diferentes etiologias, caracterizando
um perfil epidemiológico de transição com ocorrência simultânea, em áreas especificas e em
mesmos grupos populacionais, contribuindo para o aumento da morbi-mortalidade entre seres
humanos e animais (FORATTINI, 1992).
Muitas doenças, especialmente as zoonoses, têm habitat natural em ecossistemas bem
definidos, nos quais patógenos, vetores e hospedeiros naturais formam associações ou
biocenoses, em que o agente etiológico circula (SILVA, 1997). As ações antrópicas, não
planejadas, em nichos ecológicos naturais, vêm sendo indicadas como uma das principais
responsáveis pela ocorrência de casos de doenças, tradicionalmente entendidas como
específicas de determinados espaços geográficos, em outros tidos anteriormente, como hostis
ao seu desenvolvimento e disseminação. Como testemunha, a história registra a associação
do crescimento populacional desordenado das cidades medievais com os problemas sanitários
e o surgimento de várias epidemias, como a peste, lepra, varicela, difteria, tuberculose,
sarampo entre outras (ROSEN, 1958) e hoje, assistimos, em nível mundial, dentre outros
agravos à saúde, a espetacular reemergência da leishmaniose visceral, a disseminação da
esquistossomose, da dengue e registros de casos humanos de óbitos pela raiva, uma doença de
tempos imemoriáveis (SCHNEIDER 1996), um problema marcado pela ocorrência, de
invasões de animais raivosos em povoados e vilas (BAER, 1975).
As doenças, por sua vez, passaram a ter uma personalidade própria não se incorporando
somente ao contexto ecológico natural, mas se adaptando, também, às adversidades instituídas
pelo próprio sistema em que vive o homem.
De acordo com COLIBALY & YAMEOGO (2000) as zoonoses, em geral, constituem um
problema de saúde pública em todo mundo, particularmente nos trópicos, onde o seu controle
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é restrito pela inadequada concepção da problemática, pela falta de infra-estrutura e apoio
financeiro.
No caso da raiva, a mais temida entre todas as zoonoses (MIRANDA, 2003), a crescente
urbanização, verificada em todo o mundo, particularmente no terceiro mundo, diminuiu o
interesse pela teoria dos focos naturais (PRACONTAL, 1995). Os constantes registros de
mortalidade humana e animal na área urbana, atribuída à raiva levam pesquisadores como
GERMANO (1994), a atribuir a doença um caráter imbatível pela sua própria essência em
muitos lugares do mundo, tornando-se um constante desafio. Porém, um fato permanece
claro: a erradicação da raiva humana depende, fundamentalmente, do controle da raiva
animal, principalmente dos canídeos, por integrarem a cadeia de transmissão da doença como
responsáveis diretos pelo estabelecimento da endemia.
Segundo a OMS (1994), o vírus da raiva é responsável por óbitos anuais da ordem de 35.000
a 50.000 pessoas em todo ano no mundo. KITALA (1990) estimou que 2,7 bilhões de pessoas
habitam regiões onde a raiva canina atinge mais de 5% da população, sendo que 5,4 milhões
recebem tratamento pós-exposição anualmente. BELLOTO (2000), relatou que a cada 10 ou
15 minutos morre uma pessoa acometida pelo vírus da raiva. A maioria dessas mortes ocorre
em países em desenvolvimento, onde a doença entre os canídeos é endêmica sendo os
acidentes causados pela agressão desses animais o principal modo de transmissão (MESLIN
et al., 1994).
Relevantes estudos revelaram que 87 países dos 167 pesquisados, a nível mundial, registraram
a população canina como responsável por 99% de todos os casos de raiva humana registrados
(KASEMPIMOLPORN et al, 1991). Relatórios do Ministério da Saúde (BRASIL, 1999)
indicam os cães como os animais mais envolvidos na transmissão da raiva urbana com
registro de 700 a 1.000 casos por ano, sendo os mesmos responsáveis pela ocorrência de
80,4% dos casos de raiva humana no período de 1980 e 1996, no Brasil.
A raiva canina é conhecida por ser endêmica em muitas regiões, principalmente em climas
temperados da Ásia (especialmente a Índia), África e América do Sul (BIZRI et al, 2000).
Países como Groenlândia, Antártica, Ilhas do Pacífico, Japão, Nova Zelândia, Grã-Bretanha,
Dinamarca, Austrália e algumas áreas isoladas da Suécia, eram considerados livres do vírus
da raiva, porém, desde 1996 deixaram de ostentar essa posição após serem diagnosticadas,
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nos seus territórios infecções em morcegos (LYCZAK, 2001). Na Austrália, no período de
1996 e 1998 casos humanos fatais isolados foram diagnosticados como procedentes de
morcegos frutívoros (HANNA et al, 2000).
Em países industrializados da Europa e da América do Norte, a raiva silvestre representa a
principal preocupação para as autoridades de saúde, estando à modalidade urbana controlada
ou mesmo erradicada, diminuindo consideravelmente os riscos para a população humana
(GERMANO, 1994). Nas Américas, foram registrados 60 casos de raiva humana no ano 2001
(OPAS, 2002). Nos países não industrializados da América Latina, Ásia e África, a raiva
urbana vem sendo responsável, anualmente, por milhares de mortes, sendo grande parte
representada por crianças. Na Índia, já atingiu a cifra de 20.000 casos humanos por ano, com
uma estimativa de 25.000 casos/ano. Na China, aproximadamente 5.000 casos anuais de raiva
humana transmitida por canídeos foram registrados (GERMANO, 1994). Segundo esse
mesmo autor, em 1990, o Peru e o México apresentaram coeficientes de óbitos pela infecção
da ordem de 0,27 (63 casos) e 0,09 (69 casos), respectivamente, por mil habitantes. Com
relação ao Brasil, considerou que esse país não está entre os maiores coeficientes de
mortalidade por raiva humana da América Latina. Segundo o Ministério da Saúde (BRASIL,
2005), no período de 1980 a 1991, acidentes com canídeos foram responsabilizados pelos
82,3% dos casos humanos de raiva e, em 1991 foram registrados 65 óbitos, também
originários de caninos infectados, e a maioria deles, procedentes do nordeste brasileiro.
No Brasil, a raiva é endêmica, em grau diferenciado de acordo com a região geopolítica. A
região Nordeste responde por 58,80% de todos os casos humanos registrados de 1986 a 2001,
seguida da região Norte com 20,85%, Sudeste com 10,80%, Centro-Oeste 9,40% e Sul 0,15%
(BRASIL, 2005).
Em estudos realizados pelo Ministério da Saúde entre os anos de 1992 e 2003, foi observado
que cerca de 80 % dos casos de raiva humana, apresenta o cão como o principal responsável
pelo aparecimento da doença, no nosso território (BRASIL, 2003).
Durante o período de 2003 a 2004, foram registrados na Bahia, 158 casos de raiva canina, 07
casos de raiva felina e 04 casos humano, sendo a cidade de Salvador responsável por 54% de
raiva canina, com 86 casos e 03 casos de raiva felina, além de 02 óbitos humanos (BAHIA,
2003; BAHIA, 2004).
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Estudos posteriores registraram que os fatores sócio-econômicos têm atuado como
facilitadores para a dispersão do vírus em uma determinada área geográfica. Quanto menor a
situação de desenvolvimento local, maior é a relação de aproximação observada entre homens
e animais a e menores os cuidados sanitários tomados (MIRANDA, 2003).
A maioria dos estudos que envolvem a raiva urbana tem características isoladas voltadas ao
plano cartesiano do registro de casos humanos e caninos, deixando claro a necessidade da
identificação dos fatores de risco e a delimitação das áreas de riscos, que permeie as ações
específicas de prevenção.
As geotecnologias, representadas pelo avanço tecnológico na área da informática e
computacional vêm propiciando o desenvolvimento de programas para a representação da
distribuição espacial das enfermidades através da viabilização da construção de banco de
dados georreferenciados e sua análise conjunta, oferecendo uma nova perspectiva para o
entendimento da dinamização dos processos que envolvem a cadeia epidemiológica de
doenças das mais diferentes etiologias. Vêm assim, permitindo a construção de cenários, que
ao exibir a sua espacialização, proporciona a identificação de fatores que, isolados ou em
associações, possam vir a ser responsabilizado pelos diferentes agravos à saúde (BAVIA,
1996).
Essas tecnologias podem ser definidas como um conjunto de “ferramentas” para coleta de
dados, tratamento, manipulação e apresentação de informações espaciais georreferenciadas
que tem como característica principal à identificação de fatores de risco e, através das
similaridades, a delimitação das áreas de risco (BAVIA, 2000).
O geoprocessamento está em fase de grande expansão em todo o mundo, constituindo-se num
ambiente tecnológico valioso para as mais diversas áreas de conhecimento e de atuação sobre
os meios físico e social. Dentre as inúmeras aplicações destacam-se, tanto em nível nacional
quanto internacional, as áreas do planejamento urbano e regional, da saúde pública, da
agricultura, da análise ambiental, da análise sócio-econômica, dos transportes, das
comunicações, da energia e mesmo das áreas de ensino e pesquisa (PAREDES, 1994;
RODRIGUES, 1990).
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Levando-se em consideração que na cidade de Salvador, Bahia, o número de casos de raiva
canina urbana vem se mantendo alto e que os casos de óbitos entre seres humanos têm sido
registrados com freqüência considerável, esse trabalho tem como objetivo a utilização das
técnicas de geoprocessamento para o estudo da distribuição espacial dessa endemia, a
identificação dos seus principais fatores de risco e delimitação de suas áreas, objetivando
contribuir com os principais órgãos formuladores de políticas de controle e erradicação dessa
doença.
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2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 RAIVA
2.1.1 HISTÓRICO
Na antiguidade duas correntes de interpretações imperavam sobre as causas das enfermidades.
A de caráter religioso vista pelos assírios, egípcios, hebreus e outros povos da região e a do
possível desequilíbrio entre os elementos que compõem os organismos humanos, defendida
pelos hindus (BARATA, 1985).
A raiva tem sido uma das enfermidades cuja descrição da história natural se mantém com o
passar dos séculos. O conceito de transmissibilidade através da saliva dos cães, sua
capacidade de infecção, e a utilização da palavra virus para definir o material infeccioso,
descrito pelos gregos, são paradigmas aceitos até nossos dias (SCHNEIDER & SANTOSBURGOA, 1994).
Segundo esse mesmo autor, a raiva era citada por historiadores da Antigüidade e pela
literatura médica em épocas distintas, como uma enfermidade dos mamíferos carnívoros.
Sugere também, que o quadro clínico da doença seja talvez, o responsável pela mesma ter
sido, tão amplamente, descrita em tempos remotos.
Demócrito em 500 a.C. (STEELE, 1975), Aristóteles (THEORODIDES, 1986), Luciano
(BAER, 1975) e outros registraram pela primeira vez a propagação da raiva através da
mordedura de cães. Já na Grécia antiga, era reconhecida a cauterização de feridas causadas
por animais raivosos (THEORODIDES, 1986); sendo este tratamento mantido até o
descobrimento das vacinas (SCHNEIDER & SANTOS-BURGOA, 1994). Na mitologia
grega, Homero se refere à raiva na Ilíada quando menciona que "Sírius", a constelação perto
de Orion, exerce uma influência maligna sobre a humanidade. A estrela Sírio se associava
com cães raivosos, através do Mediterrâneo Oriental, Egito e Roma. Também escreve
Homero que o invencível Hector era um cão raivoso (RADOT, 1942). Para os gregos, nesta
época, a Deusa Artemisa era a protetora da raiva e o Deus Artiste, filho de Apolo, era
responsável pelo combate do efeito da raiva (STEELE, 1975).
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Na Antigüidade, Plínio e Ovídio atribuíram como causa da raiva a presença do verme da
língua do cachorro. Naqueles tempos se cortava o freno da língua do animal e se extirpava
uma prega na qual poderia estar o verme (SCHNEIDER & SANTOS-BURGOA, 1994). Esta
teoria permaneceu até a descoberta da vacina contra a raiva por Pasteur há mais de um século,
desde quando a situação epidemiológica desta enfermidade vem mudando (SCHNEIDER,
1996).
O primeiro grande surto de raiva foi descrito na França em 1271, quando uma vila foi atacada
por lobos raivosos. Em 1500, a Espanha estava assolada pela presença de raiva canina, o
mesmo acontecendo em 1614 na cidade de Paris e assim em quase toda a Europa central. Com
o surgimento do surto de raiva canina na cidade de Londres de 1752 a 1762, foi ordenado o
sacrifício de todos os cães vadios. Para tal o governo incluiu o pagamento de uma recompensa
por animal morto, originando num massacre destes animais. Esta prática foi também utilizada
em localidades como Madrid, onde foram exterminados 900 cães em um único dia. Já, na
Inglaterra, em 1779, por medidas preventivas, não se permitia que pessoas menos abastadas
criassem cães (STEELE, 1975).
2.1.2 AGENTE ETIOLÓGICO
ACHA & SZYFRES (2003) caracteriza a raiva como uma doença representada por uma
encefalite aguda seguida de morte, causada por cepas de vírus RNA do gênero Lyssavirus,
família Rhabdoviridae.
Com uso de Técnicas de Biologia Molecular sete genótipos foram isolados: Rabies Virus
(RV), Lagos, Mokola, Duvenhage, EBL1, EBL2 (European Bat Lyssavirus), ABL (Australian
Bat Lyssavirus) (LYCZAK, 2001).
A partícula viral, em forma de bala baciliforme, é termolábil e sobrevive a 4 horas a
temperatura de 40 ºC, 35 segundos a 60 ºC, 24 horas na saliva e é estável por vários dias a
temperatura de 4 ºC. O vírus pode ser inativado em soluções com valores de pH abaixo de 4 e
acima de 10, agentes oxidantes, solventes orgânicos, detergentes, enzimas proteolíticas, raiosX e radiação ultravioleta (http://www.pasteur.saude.gov.br/raiva, 2005).
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Vírus RNA são os organismos com evolução mais rápida, produzem uma população
diversificada de cepas, prontas para explorar condições adversas ou escapar do sistema
imunológico do hospedeiro. Esta propriedade coloca os vírus RNA entre os mais perigosos
patógenos. Devido a essa característica BELLOTO (2000) considerou, em seu trabalho, todas
as espécies de mamíferos susceptíveis aos vírus da Raiva.
2.1.3 MECANISMO DE TRANSMISSÃO
A transmissão do vírus da raiva, contido na saliva do animal infectado, se consolida
principalmente pela mordedura e, mais raramente, pela arranhadura e lambedura de mucosas.
A transmissão pode ainda se dar, mesmo que raramente, através das vias: respiratória, sexual,
digestiva (em animais). A literatura relata casos de transmissão inter-humana através de
transplante de córnea (BRASIL, 2005).
Um artigo publicado recentemente por DIETZSCHOLD & KOPROWSKI (2004) onde
descreveram a transmissão do vírus da raiva a quatro pacientes que receberam de um único
doador vários órgãos como fígado, pulmão e rim.
Fonte: Instituto Pasteur, 2005
FIGURA 1. Mecanismo de Transmissão da Raiva
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2.1.4 RESERVATÓRIOS
Os principais transmissores da Raiva no mundo são: mangustos e chacais na África; raposas
na Europa, Canadá e regiões árticas e subárticas; lobos no oeste da Ásia; gambás e guaxinins
nos EUA; morcegos hematófagos na América Latina e Caribe; saguis no estado do Ceará Brasil.
GERMANO (1994) e SCHNEIDER (1996) acreditam que em áreas urbanas o cão é o
principal reservatório e fonte de infecção da moléstia, principalmente quando ocorre falhas
nas medidas de controle cujo objetivo é interromper a cadeia de transmissão da doença. Desse
modo, epizootias urbanas podem surgir e colocar em risco extensos segmentos populacionais,
de modo particular aqueles que habitam áreas periféricas de cidades do terceiro mundo, onde
cães errantes se reproduzem com rapidez e vivem em situação de grande proximidade com
seres humanos. (OPAS, 1995; SCHNEIDER, 1996).
A OMS (1992), classifica os cães em quatro tipos:
Cão com dono ou supervisionado ou controlado: domiciliados, vacinados, e alimentados
em casa à saída depende do proprietário com coleira ou guia com força para levá-lo;
Cães da família: alimentação e abrigo, porém sem restrição quanto à locomoção;
Cães da vizinhança ou comunitário: convive no meio onde as pessoas lhe dão restos de
alimentos;
Cães errantes, selvagens ou feras: são independentes e sem controle.
Sendo que os três últimos apresentam maior importância do ponto de vista epidemiológico na
transmissão dessa doença.
2.1.5 PERÍODO DE INCUBAÇÃO
O Período de Incubação da doença é extremamente variável, podendo levar de dias a anos
(BRASIL, 2005), sendo descrito por KRAUSE et al (2005) um período de quatro semanas em
humanos, variando em média de 20 a 60 dias.
Entretanto, a doença é fulminante dentro de cinco a seis dias após o aparecimento dos
sintomas. Porém, em cerca de 1 a 3% dos casos o período de incubação é maior que seis
10
meses. Há relatos de casos confirmados de raiva, que aconteceram sete anos após exposição,
sendo as razões ainda desconhecidas (PLOTKIN, 2000).
Em crianças, existe uma tendência para um período de incubação menor que no indivíduo
adulto. Já no cão o período varia de 10 dias a dois meses (BRASIL, 2005).
O período de incubação está intrinsecamente ligado à localização e gravidade da mordedura,
arranhadura, lambedura ou contato com a saliva de animais infectados. Proximidade de
troncos nervosos e áreas do corpo com densidade em terminações nervosas, concentração de
partículas virais inoculadas são fatores intervenientes da gravidade da infecção (BRASIL,
2005).
2.1.6 PERÍODO DE TRANSMISSIBILIDADE
De acordo com o Guia de Vigilância Epidemiológica do Ministério da Saúde - FUNASA
(BRASIL, 2005) a eliminação de vírus pela saliva dos cães e gatos se dá de dois a cinco dias
antes do aparecimento dos sinais clínicos, persistindo durante toda a evolução da doença. A
morte do animal ocorre, em média, entre cinco a sete dias após a apresentação dos sintomas.
Em relação aos animais silvestres, há poucos estudos sobre o período de transmissão,
sabendo-se que varia de espécie para espécie. No caso específico dos quirópteros, esses
podem albergar o vírus da raiva por longo período, sem sinais clínicos aparentes.
2.1.7 PATOGENIA
Após a agressão, o vírus da raiva pode alcançar, diretamente, as terminações nervosas
sensoriais e/ou motoras, ou permanecer algumas horas nas células musculares estriadas do
tecido atingido, onde haverá um processo de amplificação viral, que propiciará a infecção dos
nervos periféricos (TSIANG, 1988).
Em uma pesquisa realizada por SWAMY et al (1991), foi feita referência que a replicação
viral continua no tecido muscular em estágios ulteriores da infecção. O genoma viral é
transportado no interior do axoplasma dos neurônios, centripetamente, à razão de 50 a 100
mm por dia, até alcançar o Sistema Nervoso Central (SNC) (TSIANG, 1988).
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Uma vez alcançado o SNC, o vírus atinge diferentes porções do cérebro e dissemina-se,
centrifugamente, para todos os tecidos do hospedeiro (GERMANO et al, 1990). A virulência
do vírus depende muito mais de sua integridade, do que propriamente do nível de
disseminação ou de distribuição topográfica da infecção. Por outro lado, tem-se como certo
que os sinais clínicos, tais como ataxia ou depressão, são conseqüências do efeito direto do
vírus na função das células neurais (TOLLIS et al, 1991).
A infecção do sistema límbico, responsável pelo comportamento e, conseqüentemente, pela
agressividade manifestada pelos hospedeiros durante a doença, bem como a infecção das
glândulas salivares, através da qual existe a eliminação de grande quantidade de vírus, são
fatores fundamentais para a transmissão da raiva na natureza (GERMANO, 1994).
2.1.8 SINAIS CLÍNICOS
Os primeiros sinais de doença não são específicos: febre, ansiedade e mal-estar.
Freqüentemente há prurido severo no local da mordida. Depois de dois a 10 dias, ocorrem
manifestações neurológicas, variando de hiper atividade a paralisia. A doença normalmente é
dividida em: encefalite e formas paralíticas. Na forma anterior, sinais de irritação do Sistema
Nervoso Central predominam incluindo: agitação, confusão, hidrofobia, aerofobia,
hiperventilação, hipersalivação, priapismo e convulsões (PLOTKIN, 2000).
Dentro de dois a 12 dias se inicia o coma e depressão cardio-respiratória em humanos.
KRAUSE et al (2005) relataram a persistência dos sinais clínicos por um período de 27 dias.
Um punhado de recuperações de raiva foi reivindicado, embora estas recuperações estejam
associadas a outras incapacidades neurológicas severas e quase sempre ocorre em pacientes
com esquema vacinal incompleto. Além disso, não se tem conhecimento de nenhum
tratamento de pessoas ou animais que apresentaram os sintomas da raiva e foram curadas
(PLOTKIN, 2000).
2.1.9 DIAGNÓSTICO
2.1.9.1 DIAGNÓSTICO CLÍNICO
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Nas últimas décadas deste século, os avanços tecnológicos das ciências biológicas,
notadamente a biologia molecular e a imunologia, permitiram aprofundar os conhecimentos
sobre o vírus rábico, a patogenia e a imunoprofilaxia da infecção, assim como o
desenvolvimento de métodos diagnósticos mais sensíveis e específicos (GERMANO, 1994).
Para PLOTKIN (2000) a suspeita clínica é essencial para diagnóstico rápido da raiva. Porém,
essa moléstia pode ser confundida com diversas doenças de origem nervosa dentre elas,
encefalites de origem desconhecida, particularmente quando pacientes apresentam um
histórico de mordida de animais e sinais de distúrbios neurológicos na ausência de coma.
Além disso, sinais de hiperventilação, hipersalivação, aerofobia e hidrofobia fazem parte
também do quadro clínico. Paralisia flácida e parestesia localizada podem compor também
sinais de Raiva. Clinicamente, a raiva humana pode ser confundida com poliomielites e outras
encefalites virais e a Síndrome de Guillain-Barré. Na última forma, há envolvimento
sensorial, ausência de febre, e ausência de sinais de encefalite em pacientes oxigenados.
2.1.9.2 DIAGNÓSTICO LABORATORIAL
O diagnóstico pós-mortem, segundo LYCZAK (2001), é relativamente fácil e baseado na
demonstração de antígenos virais em tecido celular pela técnica de imunoflorescência ou
ELISA, e mais recentemente, pela demonstração do RNA viral através da análise da
Transcriptase Reversa (RT)-PCR. Técnicas histológicas podem ser utilizadas como a análise
de inclusões intracitoplasmáticas (Corpúsculos de Negri), no entanto, poderão apresentar
resultados falso-positivos e falso-negativos. Isolamento viral em cultura de células ou em
animais é utilizado como técnica confirmatória, porém requer um tempo maior.
2.1.10 MEDIDAS DE CONTROLE
O Programa de Profilaxia da Raiva, criado em 1973 pelo Ministério da Saúde (MS), prevê
como principal medida de controle da doença, a vacinação em massa de cães e gatos com o
objetivo de se deter o ciclo de transmissão do vírus. Concomitante à vacinação animal
observa-se a descentralização do tratamento humano. O controle da circulação do vírus é
realizado através da captura de cães errantes e observação de animais agressores, e
monitorado através de exames laboratoriais específicos para a detecção do vírus rábico
(MIRANDA, 2003).
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No Guia de Vigilância Epidemiológica do Ministério da Saúde – FUNASA (BRASIL, 2005)
determina que para uma boa vigilância da raiva os dados epidemiológicos são essenciais tanto
para os médicos, para que seja tomada a decisão de tratamento pós-exposição, como para
veterinários que devem adotar medidas relativas ao animal.
O controle da raiva em cães tem sido feito basicamente através de três medidas: vacinação em
massa, restrições de movimento e controle de cães de rua. Tais medidas têm sido eficientes,
na maioria dos paises desenvolvidos, desde a década de 40, resultando no controle
relativamente eficiente e, em alguns casos, eliminação da raiva humana e canina. No entanto,
na maioria dos países em desenvolvimento, o controle da raiva urbana não tem sido eficiente
permitindo a sua dispersão e aumento da morbi-mortalidade (PERRY, 1993).
Obstáculos logísticos como: acesso à vacina, fatores educacionais, econômicos, sociais e
mesmo culturais que influenciam a decisão do proprietário em permitir que seu cão seja
vacinado, fazem as medidas, relativamente simples de controle, se tornarem de difícil
implementação (WANDELER et al., 1988; CHOMEL et al, 1988).
Razões como estas, levaram a Organização Pan-Americana da Saúde (PAHO, 1999) a
classificar as áreas de risco com transmissão da raiva por cães e gatos em "risco nulo ou
ausente", "baixo risco", "médio risco", e "alto risco" definidas das seguintes formas:
Risco nulo ou ausente: ausência de casos caninos e/ou felinos nos últimos três anos, cobertura
vacinal >75%, controle de cães errantes nos maiores centros urbanos, ausência de raiva canina
e/ou felina nas áreas limítrofes, observação de animais agressores e envio de amostras de
animais suspeitos, atendimento anti-rábico humano e presença de fatores ambientais naturais
ou artificiais que dificultem a propagação do vírus.
Baixo risco: ausência de raiva canina ou felina autóctone nos últimos três anos, ou raiva
canina e/ou felina diagnosticada com realização de medidas de controle (bloqueio e controle
dos contatos humanos e animais) e não ocorrência de casos secundários; cobertura vacinal >
75%, controle de cães, observação de animais agressores, presença de raiva canina e/ou felina
nas áreas vizinhas, observação de animais agressores e envio de amostras de animais
suspeitos, atendimento anti-rábico humano e presença de fatores ambientais naturais ou
artificiais que dificultem a propagação do vírus.
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Médio risco: ausência de raiva canina ou felina nos últimos três anos, cobertura vacinal <
75%, ausência de amostras canina e/ou felina nos últimos três anos, ausência de controle de
cães vadios com observação de animais agressores, presença de raiva canina e/ou felina nas
áreas vizinhas, presença de raiva canina e/ou felina com realização de medidas de controle
(bloqueio de foco e controle dos contatos humanos e animais), atendimento anti-rábico
humano e presença fatores ambientais que facilitem a propagação e/ou manutenção do vírus.
Alto risco: presença de raiva canina e/ou felina autóctone e persistente por mais de um ano
com confirmação laboratorial, cobertura vacinal < de 75%, ausência de outras medidas de
controle, atendimento anti-rábico humano ineficaz e presença fatores ambientais que facilitem
a propagação e/ou manutenção do vírus.
2.2 GEOPROCESSAMENTO
Uma das formas de se conhecer, mais detalhadamente as condições de saúde da população
vem sendo através do uso de mapas georreferenciados, que permitem observar a distribuição
espacial da doença e suas áreas de risco (BAVIA, 1996). A abordagem espacial permite a
integração de dados sócio-econômicos, demográficos e ambientais, promovendo o interrelacionamento das informações de bancos de dados diversos. Sendo assim, é imprescindível,
que as informações sejam localizáveis, fornecendo elementos para construção de uma cadeia
explicativa dos problemas do território e aumentando o poder de direcionamento de ações
específicas intersetoriais (CARVALHO, 2003).
A utilização de mapas e a preocupação com a distribuição geográfica de diversas doenças são
bastante remotas. Esta concepção originou-se com o médico inglês John Snow, ao tentar
solucionar o problema de morbi-mortalidade por cólera em 1850 em Londres na Inglaterra,
mapeando a procedência das pessoas envolvidas no processo epidêmico. Desta maneira pode
verificar que as mesmas se concentravam em uma área geográfica determinada, cujo
abastecimento de água estava contaminada pelo víbrio colérico. A substituição de mapas
cartográficos manuais por representações digitais, permite ampliar de forma significativa o
volume de dados a serem trabalhados (BAVIA, 1996).
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A expressão Geoprocessamento surgiu com a introdução dos conceitos de manipulação de
dados espaciais georreferenciados dentro de sistemas computadorizados, através de
ferramentas denominadas de Sistemas de Informações Geográficas (SIG), (BURROUGH &
MCDONELL, 1998). De acordo com RODRIGUES (1990), o geoprocessamento é
conceituado como “a tecnologia de coleta e tratamento de informações espaciais e de
desenvolvimento de sistemas que as utilizam”.
ROCHA (2000) considera o geoprocessamento uma tecnologia transdisciplinar que através da
localização e do processamento de dados geográficos, integram várias disciplinas, programas,
equipamentos, dados, metodologias, entidades e pessoas para coleta, tratamento, manipulação,
análise
e
apresentação
de
informações
espaciais
associadas
a
mapas
digitais
georreferenciados.
O geoprocessamento, também conhecido como geotecnologia, é um conjunto de técnicas de
processamento de dados que engloba tecnologias de digitalização da informação, conversão
de dados, modelagem digital do terreno, processamento de imagens, posicionamento e os de
informação geográfica, a partir de programas computacionais, destinadas a extrair
informações ambientais a partir de uma base de dados georreferenciada (APARÍCIO, 2001;
ROCHA, 2000).
É relativamente recente o uso do geoprocessamento, como instrumento de análise na área da
epidemiologia, mas a sua utilização significou um passo qualitativo importante na pesquisa
em disciplinas básicas da saúde pública (HUGH JONES, 1989; BAVIA, 1996; GURGEL,
2003).
BARCELLOS & BASTOS (1996), afirmaram que a utilização do geoprocessamento tem
viabilizado a reunião de bancos de dados ambientais, epidemiológicos, e sócio-econômicos
em uma base cartográfica digitalizada e georreferenciada. A interpretação dos resultados de
associações entre as variáveis irá depender, entretanto, da qualidade dos dados que
alimentaram o sistema e o desenho do sistema de geoprocessamento. A escolha da escala e do
objeto de análise precede a concepção do sistema condicionando os resultados (MALONE,
2001).
16
Na área da saúde, a integração de várias tecnologias de geoprocessamento, tornou possível a
análise e manipulação de bancos de dados epidemiológicos existentes, com informações de
cunho ambiental, bacias hidrográficas, áreas florestais, tipos de solo, topografia, vegetação,
climatologia, etc (GURGEL, 2003).
Recentemente, diversos trabalhos têm demonstrado a utilidade das geotecnologias, na
identificação e monitoramento das variáveis ambientais, demográficas e sócio-econômicas,
associadas às variações da incidência de doenças infecciosas e parasitárias como: o estudo da
Tsé-tsé (ROGERS & WILLIAMS, 1993; ROBINSON, 1998), Esquistossomose (BAVIA,
1996, MALONE, 1997); Acidentes Escorpiônicos (BARBOSA, 2002); Leishmanioses
(MIRANDA et al., 1998; CAMARGO-NEVES, 2001; WERNECK & MAGUIRE, 2002,
CARNEIRO et al, 2004, BAVIA et al, 2005); Raiva (DIAS, 2001).
Nos dias atuais, a origem das doenças pode ser georreferenciada e plotadas em mapas
digitalizados e georreferenciados. Várias técnicas de geoprocessamento podem ser utilizadas
para localizar geograficamente a presença de qualquer doença que se queira estudar e no
decorrer do tempo, seguir o seu movimento, e modificações em sua incidência e prevalência.
Desta forma o geoprocessamento vem sendo utilizado como mais uma ferramenta, por
profissionais da área de Saúde Pública, na busca de informações cujos benefícios vão
envolver a vigilância, modelagem de risco, a análise e a prevenção dos agravos à saúde do
homem e animais (APARÍCIO, 2001).
2.2.1 SISTEMA DE INFORMAÇÕES GEOGRÁFICAS (SIG)
O Sistema de Informação Geográfica (SIG) surgiu a mais de três décadas e tem-se tornado
ferramenta valiosa nas mais diversas áreas de conhecimento. Os primeiros SIG que se tem
notícia surgiu em 1964 no Canadá (Canadá Geographic Information System), com intuito de
criar um inventário automatizado de recursos naturais, tendo como principal objetivo o
planejamento de recursos naturais e uso do solo (SILVA, 1999).
O SIG pode ser definido como um sistema computacional, que envolve “softwares”
específicos, para serem utilizados no armazenamento, captura, manipulação e análise de
dados georreferenciados. Esse sistema vem se desenvolvendo e se aperfeiçoando nas últimas
17
duas décadas sendo aceitos como ferramentas imprescindíveis para a manipulação das
informações de caráter epidemio-geográfico, já que permitem reunir uma grande quantidade
de dados convencionais de caráter espacial, estruturando-os adequadamente. Essencialmente,
são compostos por um sistema gerenciador de banco de dados georreferenciados e permitem a
realização de análises espaciais complexas através da rápida formação e manipulação de
cenários que propiciam a administradores e planejadores em geral, subsídios para a tomada de
decisões. É considerado um instrumento potente de análise, ao contemplar um universo amplo
e qualitativo de opções nas avaliações e simulações dos referidos cenários (HUGH-JONES,
1989; TIM, 1995; PINA, 1999; BAVIA et al., 2001).
Uma das principais características do SIG, segundo ROCHA (2000), é a sua capacidade de
inserir e integrar informações espaciais oriundas de dados cartográficos, dados censitários e
cadastro urbano e rural, redes e modelos numéricos de terreno e imagens de satélite numa
única base, oferecendo mecanismo para combinar as várias informações, através de
algaritimos de manipulação e análise, bem como para consultar, visualizar, recuperar e plotar
o conteúdo da base de dados georreferenciados (FIGURA 2).
Segundo BAVIA et al. (2001), o Sistema de Informações Geográficas é constituído por um
sistema de dados computadorizados com capacidade para processar uma grande quantidade de
informações referente a uma determinada área geográfica e proceder ao armazenamento, à
análise, a manipulação, realizar cruzamentos de informações, interação de múltiplas variáveis
e exposições integradas ou isoladas de dados, possibilitando também a simulação de sistemas
capazes de predizer eventos e responder a questionamentos de inúmeras pesquisas.
O impacto do SIG tem sido amplamente sentido em todas as áreas que utilizam esta
tecnologia, como no gerenciamento de recursos, planejamento do uso do solo, transporte,
marketing, ciência geográfica, combate a crimes, planejamento de ações para a vigilância e
prevenção de doenças. Na administração ambiental o SIG tem sido intensamente utilizado no
estudo do impacto ambiental direcionando ações dos agentes de saúde publica (TIM, 1995).
Esta tecnologia pode ser também aplicada no planejamento de grandes centros urbanos, sendo
muito importante à obtenção de uma visão integrada sobre os diversos sistemas que compõem
a malha urbana, incluindo redes de luz, esgotamento, água, lotes, mananciais e equipamentos
18
urbanos. O conjunto destas informações originará uma grande gama de dados que devem ser
gerenciados eficientemente (BRASIL, 1993).
INCIDÊNCIA DA
DOENÇA
BASE
CARTOGRÁFICA
GPS
DADOS SÓCIOECONÔMICOS
DADOS SOBRE A
DOENÇA
MUNDO REAL
FIGURA 2 – A Essência do SIG
Segundo PINA (1999), os dados gráficos são organizados em forma de planos de informação
(layers), na maioria dos programas de SIG, ou seja, como uma série de camadas cada uma das
quais contendo feições gráficas relacionadas funcionalmente. Cada camada, a qual representa
um tema ou uma classe de informação, é um conjunto de feições homogêneas que estão
19
relacionadas posicionalmente às outras camadas, através de um sistema de coordenadas
comum. Os planos de informação são organizados de acordo com o interesse da pesquisa, por
exemplo: dados edafoclimáticos, topográficos, dados de vegetação, hidrologia, etc. Esta
organização irá caracterizar a estratificação das informações em camadas ou níveis diferentes,
permitindo a flexibilidade e eficiência no acesso.
No meio científico, o SIG vem contribuindo para o desenvolvimento de planos de trabalho,
compartilhando conhecimentos, auxiliando o acesso de médicos e cientistas no estudo e
controle da Esquistossomose (MALONE et al., 2001; BAVIA et al., 2001; ABDELRAHMAN, 2001, YANG et al, 2005; LEONARDO et al, 2005), Tripanossomíase
(ROBINSON, 1998), Theileria parva dos bovinos (LESSARD, 1990); Doença de Lyme
(GLASS, 1994), Acidentes Escorpiônicos (BARBOSA, 2002), Fascioloses (FUENTES et al.,
2001), Malária (KITRON, 1992; LEONARDO et al, 2005); Leishmaniose Visceral
Americana (MAGUIRE et al., 1996; CAMARGO-NEVES, 2001, CARNEIRO et al, 2004;
BAVIA et al, 2005); Raiva (CURTIS, 1999; DIAS, 2001); Oncocercose (GEBRE-MICHAEL
et al, 2005).
2.2.2 DIGITALIZAÇÃO DE MAPAS CARTOGRÁFICOS
A digitalização cartográfica baseia-se no processo de transferência das informações gráficas
em papel para o formato digital. Este tarefa pode ser realizada manualmente através de uma
mesa digitalizadora ou instrumento fotogramétrico, ou o processo automático utilizando o
scanner (ROCHA, 2000).
Os equipamentos utilizados devem ser adequados ao tipo de digitalização desejada. É
necessário para a digitalização manual o uso de Mesas Digitalizadoras, o Scanner para a
digitalização automática e os Restituidores Digitais usados para restituição de modelos
aerofotogramétricos (PINA, 1999).
2.2.3 SISTEMA DE POSICIONAMENTO GLOBAL – GPS
De acordo com GORGULHO (2001), o Sistema de Posicionamento Global – GPS, é um
sistema eletrônico sofisticado de navegação, baseado em uma rede de satélites que permite a
20
localização imediata, em qualquer ponto do globo terrestre, e a depender do equipamento com
uma precisão quase perfeita. Consiste em um sistema complexo de satélites em órbita ao redor
da terra, de estações rastreadoras localizadas em diferentes pontos da terra e dos receptores
GPS manipulados pelo usuário.
O sistema GPS é composto por 26 satélites, lançados pelos Estados Unidos para proporcionar
a navegação por triangulação de ondas de rádio. Estão distribuídos em 6 órbitas planas, cada
plano possui uma inclinação de 55º em relação ao Equador, estando a cerca de 20.200 Km de
altitude. Cada satélite tem um período útil de doze horas sobre o horizonte. Esse arranjo
garante que a qualquer momento, pelo menos cinco satélites estejam sobre o céu do receptor
de um usuário em qualquer ponto do mundo (ASHJAEE, 1986; ROCHA, 2000).
O sistema GPS foi projetado no início da década de 60, pelo Departamento de Defesa
Americano para fins militares. Posteriormente, em 1995 tornou-se disponível para a
comunidade civil, entretanto os aparelhos sofriam a interferência de um erro artificial
chamado de “disponibilidade seletiva”. Este dispositivo foi retirado em 01/05/2000 e a
precisão dos aparelhos que era em torno de 100 metros, passou em média para 8 a 10 metros
ANDRADE & BLITZKOW (1990).
Para GORGULHO (2001) o GPS tem sido muito requisitado, nos últimos anos nos serviços
de Geoprocessamento, na etapa de coletas de dados para coordenadas de posicionamento dos
diversos objetos a serem mapeados (digitais e analógicos), bem como, efetuar ajustes de bases
cartográficas distintas, especialmente quando utilizadas em Sistema de Informações
Geográficas. O GPS vem também, sendo utilizado em um grande número de projetos e suas
aplicações estão sendo intensificadas, principalmente nos serviços de cadastro e manutenção
que visam elaborar e monitorar cartas temáticas; nas capturas de dados para monitoramento
do meio ambiente; nas localizações para resgate sendo particularmente útil em áreas
florestais, rurais e desérticas onde as navegações visuais por marcos (referências) em terra são
escassas; nos monitoramentos de abalos sísmicos; na agricultura de precisão, promovendo a
diminuição dos custos da produção, bem como o aumento da lucratividade e produtividade;
nas prevenções de acidentes; na área da saúde utilizadas para referenciar posições e, a
exemplo do que vem sendo feito por muitos pesquisadores internacionais, no nosso meio, essa
tecnologia vem sendo utilizada, com sucesso, na identificação e delimitação de áreas de risco
de diferentes tipos de agravos à saúde (MIRANDA et al., 1998; BERGQUIST, 2001;
21
CAMARGO-NEVES, 2001; CURTIS, 1999; DIAS, 2001; OLIVEIRA, 2001; BARBOSA,
2002; BAVIA et al., 2002; CARNEIRO et al, 2004; BAVIA et al, 2005).
22
3 ARTIGO CIENTÍFICO
Geoprocessamento no estudo da Raiva Urbana em Salvador.
(Geotechnologies for assessing urban rabies in Salvador, Bahia, Brasil)
1
RIBAS, J. R. L.; 2BAVIA, M. E.; 3SILVA, C. E. P.; 4 MASCARENHAS, M.T.V.L.;
5
1
SANTOS, A.C.B.; 5MATOS, S. A.
Aluno de pós-graduação (Mestrado em Medicina Veterinária Tropical – UFBA); 2Prof. Dr.
Escola de Medicina Veterinária (UFBA); 3Professor Faculdade de Tecnologia e Ciências;
4
Médica Veterinária ADAB/Professora de Epidemiologia e Zoonoses – UNIME; 5Estudantes
de graduação em Geografia
e-mail: [email protected]
RESUMO
Raiva, antropozoonose 100% letal, foi tema deste trabalho que teve como objetivo analisar a
sua
distribuição
no
município
de
Salvador,
Bahia,
utilizando
tecnologias
de
geoprocessamento e contribuindo com os órgãos responsáveis para seu controle. Foram
estudados 300 casos de raiva urbana animal e 13 em humanos. No período de janeiro/1992 a
agosto/2004, o cão foi o único responsável pela transmissão da doença. Fatores sóciodemográficos como renda familiar, escolaridade, idade e esgotamento sanitário, apresentaram
relação inversa com a ocorrência da patologia e, mostram 4 áreas de limites distintos em
Salvador, onde 84% da população humana encontra-se sob risco de infecção. A delimitação
de 3 áreas de risco, de acordo com a dispersão de casos mostrou que a doença depende dos
fatores renda familiar, escolaridade e idade. O SIG permitiu a manipulação, espacialização e
visualização dos dados, sendo fundamental para a análise da situação epidemiológica
evidenciada.
Palavras Chave
Raiva Urbana, Raiva Canina, Saúde Pública, Geoprocessamento.
23
SUMMARY
Three hundred cases of urban animal rabies and thirteen human cases were studied using
geotechnologies with the purpose of assessing the spatial distribution of the disease and
identify risk areas, in Salvador municipality. As rabies is a deadly infection, this work aims to
contribute for decision makers on the preparation of Rabies Control Programs. Socio
demographics variables such as family income, level of education, age, sanitary installations,
have shown an inverse relationship with the disease and its occurrence (p<0,05). Due to this,
Salvador is divided into four distinct areas where 84% of the total human population is under
the risk of infection. The disease dispersion was not homogeneous in all geographic area of
study. The GIS systems helped visualize the spatial distribution of urban rabies in human and
positive animals in Salvador, Bahia in a period from January 1992 to August 2004. This
technology contributed in classifying and drawing limits between the risks areas of infection.
The level of independence of the disease occurrence, in relation to all socio demographics
variables studies classified as on risk was statistically observed at p < 0,05. The use of
geotechnologies, GIS in specific, showed to be fundamental to accomplish studies with high
volume of data and allowed us to draw descriptive maps derived from or data collection and
analysis.
Keyboard
Urban rabies, Canine rabies, Public Health, Geotechnology
24
INTRODUÇÃO
A raiva é uma doença de curso fatal causada pelo vírus de RNA do gênero Lyssavirus da
família Rhabdoviridae de evolução rápida e com várias cepas tornando-o um dos mais
perigosos entre os patógenos e que acomete um grande número de mamíferos em todo o
mundo (ACHA & SZYFRES, 2003). O Período de Incubação da doença é extremamente
variável, podendo levar de dias a anos e a transmissão do vírus da raiva, contido na saliva do
animal infectado, se consolida principalmente pela mordedura e, mais raramente, pela
arranhadura e lambedura de mucosas (BRASIL, 2005).
No caso da raiva, a mais temida entre todas as zoonoses (MIRANDA, 2003), a crescente
urbanização, verificada em todo o mundo, particularmente no terceiro mundo, diminuiu o
interesse pela teoria dos focos naturais (PRACONTAL, 1995). Os constantes registros de
mortalidade humana e animal na área urbana, atribuídos à raiva levam pesquisadores como
GERMANO (1994), a atribuir a doença um caráter imbatível pela sua própria essência, em
muitos lugares do mundo, tornando-se num constante desafio. Porém, um fato permanece
claro: a erradicação da raiva humana depende, fundamentalmente, do controle da raiva
animal, principalmente dos canídeos, por integrarem a cadeia de transmissão da doença como
responsáveis diretos pelo estabelecimento da endemia.
Segundo a O.M.S. (1994), o vírus da raiva é responsável por óbitos anuais da ordem de
35.000 a 50.000 pessoas em todo ano no mundo. KITALA (1990) estimou que 2,7 bilhões de
pessoas habitam regiões onde a raiva canina atinge mais de 5% da população, sendo que 5,4
milhões recebem tratamento pós-exposição anualmente. BELLOTO (2000), relatou que a
cada 10 ou 15 minutos morre uma pessoa acometida pelo vírus da raiva. A maioria dessas
mortes ocorre em países em desenvolvimento onde a doença entre os canídeos é endêmica
sendo os acidentes causados pela agressão desses animais o principal modo de transmissão
(MESLIN, 1994).
Nos centros urbanos dos países em desenvolvimento o cão é o principal reservatório da
doença (O.M.S., 1992) responsável por 91% dos casos da doença entre os animais (FLORESIBARRA & ESTRELA-VALENZUELA, 2004). Por outro lado, na Europa e América do
Norte, onde o programa de profilaxia está estabelecido, o vírus persiste predominantemente
em espécie como: raposas vermelhas, quatis, gambás, chacais, e morcegos (O.M.S., 1992). .
25
Em estudos realizados pelo Ministério da Saúde entre os anos de 1992 e 2003, foi observado
que cerca de 80 % dos casos de raiva humana, apresenta o cão como o principal responsável
pelo aparecimento da doença, no nosso território (BRASIl, 2003).
Estudos posteriores registraram que os fatores sócio-econômicos têm atuado como
facilitadores para a dispersão do vírus em uma determinada área geográfica. Quanto menor a
situação de desenvolvimento local, maior é a relação de aproximação observada entre homens
e animais a e menores os cuidados sanitários tomados (MIRANDA, 2003).
Nos países não industrializados da América Latina, Ásia e África, a raiva urbana vem sendo
responsável, anualmente, por milhares de mortes, sendo grande parte representada por
crianças, porém o Brasil não está entre os maiores coeficientes de mortalidade por raiva
humana da América Latina (GERMANO, 1994). Em um estudo realizado entre os anos de
1986 e 2001 pelo Ministério da Saúde, a região Nordeste responde por 58,80% dos casos
humanos seguida da região Norte com 20,85%, Sudeste com 10,80%, Centro-Oeste 9,40% e
Sul 0,15% (BRASIL, 2005).
No Brasil, a raiva é endêmica, em grau diferenciado de acordo com a região geopolítica. A
região Nordeste responde por 58,80% de todos os casos humanos registrados de 1986 a 2001,
seguida da região Norte com 20,85%, Sudeste com 10,80%, Centro-Oeste 9,40% e Sul 0,15%
(BRASIL, 2005).
Durante o período de 2003 a 2004, foram registrados na Bahia, 158 casos de raiva canina, 07
casos de raiva felina e 04 casos humanos, sendo a cidade de Salvador responsável por 54% de
raiva canina, com 86 casos e 03 casos de raiva felina, além de 02 óbitos humanos (BAHIA,
2003; BAHIA, 2004).
As geotecnologias, representada pelo avanço tecnológico na área da informática e
computacional vem propiciando o desenvolvimento de programas para a representação da
distribuição espacial das enfermidades através da viabilização da construção de banco de
dados georreferenciados e sua análise conjunta, oferecendo uma nova perspectiva para o
entendimento da dinamização dos processos que envolvem a cadeia epidemiológica de
doenças das mais diferentes etiologias. Vem assim, permitindo a construção de cenários, que
ao exibir a sua espacialização, proporciona a identificação de fatores que, isolados ou em
26
associações, possam vir a ser responsabilizado pelos diferentes agravos à saúde (BAVIA,
1996).
Essas tecnologias podem ser definidas como um conjunto de “ferramentas” para coleta de
dados, tratamento, manipulação e apresentação de informações espaciais georreferenciadas
que tem como característica principal à identificação de fatores de risco e, através das
similaridades, a delimitação das áreas de risco (BAVIA, 2000).
O geoprocessamento está em fase de grande expansão em todo o mundo, constituindo-se num
ambiente tecnológico valioso para as mais diversas áreas de conhecimento e de atuação sobre
os meios físico e social. Dentre as inúmeras aplicações destacam-se, tanto em nível nacional
quanto internacional, as áreas do planejamento urbano e regional, da saúde pública, da
agricultura, da análise ambiental, da análise sócio-econômica, dos transportes, das
comunicações, da energia e mesmo das áreas de ensino e pesquisa (PAREDES, 1994;
RODRIGUES, 1990).
Levando-se em consideração que na cidade de Salvador, Bahia, o número de casos de raiva
canina urbana vem se mantendo alto e que os casos de óbitos entre seres humanos têm sido
registrados com freqüência considerável, esse trabalho tem como objetivo a utilização das
técnicas de geoprocessamento para o estudo da distribuição espacial dessa endemia, a
identificação dos seus principais fatores de risco e delimitação de suas áreas, objetivando
contribuir com os principais órgãos formuladores de políticas de controle e erradicação dessa
doença.
MATERIAIS E MÉTODO
1 Área de estudo
O município de Salvador, localizado na região Nordeste do Brasil, na costa oriental da Baía
de Todos os Santos, apresenta clima úmido e sub-úmido, com uma temperatura média anual
de 25,3ºC, sendo composto por uma área total de 324,5 Km2 situado a 13º00´S e 38º30´W
(Meridiano central 39ºW), com altitude média de 50 m. Segundo o censo demográfico (IBGE,
2000), a população é de 2.443.107 habitantes onde 99,95% vive em área urbana, e 0,05% na
zona rural (http://www.ibge.gov.br/cidadesat/default.php).
27
2 Desenho de estudo e Coleta de Dados
2.1 Base cartográfica digitalizada
Foi utilizada a malha de eixo de logradouros, que faz parte da base cartográfica SICAR/RMS
produzida pela Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia, no ano de 2003.
A malha de Zona de Informação (ZI) de Salvador, que é a setorização adotada pelo IBGE no
total de 94 (FIGURA 4 a), foi também utilizada no trabalho, em virtude da inexistência de um
limite formal para a unidade de bairros na cidade do Salvador. As informações cartográficas
foram digitalizadas na escala de 1:2.000, projeção Universal Transversa Mercator – UTM,
Zona 24, Meridiano Central 39ºW (CONDER, 2000).
2.2 Banco de dados Epidemiológicos
O Banco de Dados Epidemiológico para os casos de raiva humana, canina e felina foi
construído a partir dos indicadores epidemiológicos obtidos dos arquivos do Centro de
Controle de Zoonoses (CCZ) do município de Salvador e Laboratório Central de Saúde
Pública Professor Gonçalo Moniz (LACEN), no período de janeiro de 1992 e agosto de 2004
e complementado pelos dados sócio-demográficos, selecionados do censo demográfico do
IBGE (2000). As seguintes informações foram registradas: localização do caso positivo; mês
e ano de ocorrência; espécie animal infectada; raça; sexo; idade; período de tempo do animal
na residência; agressão (se o animal foi agredido ou se foi o agressor); tipo de criação
(domiciliado, semidomiciliado ou não domiciliado). Os dados sócio-demográficos
selecionados estão relacionados às Zonas de Informações e compostos por: área da ZI (Km2);
população humana; número de domicílios, abastecimento de água; esgotamento sanitário;
coleta de lixo; níveis de instrução média; renda e faixa etária da população humana.
2.3 Georreferenciamento dos Dados
Os endereços dos casos de raiva canina, felina e humana foram fornecidos pelo CCZ de
Salvador e LACEN. Cada endereço foi visitado e georreferenciado através do uso do GPS
(Global Position System) – (GPS TRACKER, MAGELLAN – 12 canais).
28
2.4 Tabulação das Informações (Composição Final do Banco de Dados Epidemiológico
Sócio-econômico Digitalizado e Georreferenciado)
Todas as informações obtidas nos itens 2.2 e 2.3 foram tabuladas em Excel 2000 e
transferidas para o Sistema de Informações Geográficas (SIG), através do “software” Arc
View 3.3 (Environmental Systems Research Institute, Inc.) (ESRI, 1996).
3 Montagem do Sistema de Informações Geográficas – SIG
Sobre a Base Cartográfica Digitalizada (item 2.1), foram plotadas as informações do item 2.3
e com o auxílio do “software” ArcView 3.3, foi feito o acoplamento (link) dessas informações
ao Banco de Dados Epidemiológico Georreferenciado (item 2.4).
4 Análise estatística
Os dados foram analisados com uso dos “softwares” SPSS® V 13.0 (Statical Package for the
Social Sciences) (NORUSSIS, 2004) para a análise univariada através do cálculo da
freqüência dos dados epidemiológicos e para a análise multivariada foi feita correlação de
Pearson e Análise de Variância. As áreas de risco foram classificadas através de quartis em
relação ao número de casos. Foi utilizado ainda o “software” R® V 2.1.1 (The R Foundation
for Statistical Computing, 2005) para análise e agrupamento das ZI de acordo com as
variáveis sócio-demográficas.
RESULTADOS
Através das técnicas de geoprocessamento e com o auxílio do “software” Arcview 3.3 3D
analyst puderam ser construídas as figuras deste estudo (FIGURAS 4 a; 4 b; 6 b; 7 b; 8 a).
Pela análise univariada do Banco de dados epidemiológico pode-se observar que no período
estudado de janeiro de 1992 a agosto de 2004 foram registrados 313 casos de raiva urbana,
sendo 279 casos de raiva canina (89,1%), 21 de raiva felina (6,7%) e 13 casos em humanos
(4,2%) (FIGURA 3 b). A média de casos de raiva canina registrada no período foi de 22,32
casos/ano, felina foi de 1,68 caso/ano e humana 1,04 casos/ano.
29
120
100
(a)
80
60
40
20
0
1992
1993
1994
1995
Cobertura vacina canina %
111
Casos
34
7
12
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004*
38,49
53,9
72
77
48,42
49,21
52,33
43
53,06
20
11
4
4
6
14
10
41
26
Fonte: CCZ-SSA, LACEN e SESAB
300
(b)
250
200
150
100
50
0
casos
cão
gato
homem
279
21
13
Fonte: CCZ-SSA e LACEN
FIGURA 3
a) Distribuição anual de casos de raiva animal e cobertura vacinal canina, em Salvador, janeiro/1992 a agosto/2004.
b) Ocorrência de casos de raiva por espécie, no município de Salvador, no período de janeiro/1992 a agosto/2004.
O ano de 1992 foi o que registrou maior ocorrência de casos de raiva urbana, dentro do
período estudado, com freqüência de 37% (111 casos). A partir do ano de 1993 ouve
decréscimo acentuado de casos até o ano de 2002, sendo que a partir do ano de 2003 foi
registrado novo aumento no número de casos (13,7%) (FIGURA 3 a).
A doença foi notificada em 72,5% de toda área estudada, abrangendo 56 ZI, colocando em
risco 84% da população do município. (FIGURA 4 b).
No município de Salvador, os casos de raiva registrados em animais sem raça definida (SRD)
apresentaram uma freqüência de 79,0% e os demais representaram 21,0% (FIGURA 5 a). A
ocorrência da raiva animal foi maior em machos com 60,0% dos casos (FIGURA 5 b).
30
Quanto ao tipo de criação, animais domiciliados e semidomiciliados apresentaram percentual
de 43% e 33%, respectivamente. Os demais apresentaram um percentual de 23% (p < 0,05)
(FIGURA 5 c).
Analisando-se as idades dos animais observou-se, que menores de 12 meses de idade foram os
mais acometidos (38,9%) e a menor freqüência da doença foi registrada na faixa etária de 36 a
48 meses (6,7%).
Com relação ao tempo do animal na residência, os casos que apresentam a maior freqüência
(48,3%) são os que estão na residência num período menor que um ano.
Com relação à agressão, de acordo com a informação do proprietário, nos casos positivos,
76,5% apresentaram contato com outros animais enquanto que 23,5% não apresentaram. Nos
casos humanos todos tiveram relato de contato com animais.
Pela análise das ZI que apresentaram notificação de casos de raiva animal, foi observado que
a maior freqüência de casos ocorreu na ZI 73 (Paripe / Base Naval) com 13,3% (FIGURA 8 a)
dos positivos, seguida da Z.I. 55 (Piatã / Itapuã) com 6,7%, 61 (Mussurunga / São Cristovão)
e 62 (Plataforma) com 5,3% e 69 (Cajazeiras / Águas Claras) com 4,7%.
Com base nas similaridades sócio-demográficas das ZI com casos positivos, através do
Dendograma, foram identificados quatro grupos, de acordo com as FIGURAS 6 a e 6 b.
Para analisar a força do relacionamento entre os casos da doença e as variáveis sóciodemográficas utilizou-se a matriz de correlação de Pearson ao nível de 5%, observando que a
relação é inversamente proporcional ao esgotamento sanitário, anos de educação, renda média
e média da idade.
Após o agrupamento foi feita uma análise através do Boxplot, onde se verificou entre os
grupo 4 (composta por 15 ZI) e 2 (composta por 10 ZI) às maiores e menores dispersões da
variação no número de casos, respectivamente (FIGURA 6 c).
31
Foram classificadas áreas de risco baseadas no quartil do número de casos de raiva urbana
animal na ZI, onde foram classificadas três áreas de risco: Área A (Risco), Área B (Risco
moderado) e Área C (Risco elevado) (FIGURAS 7 a; 7 b). Observa-se através do Boxplot
(FIGURA 7 c) que 25% das ZI tem, no máximo 2 casos, e que a metade tem ao menos 3 casos
e que 25% tem acima de 7 casos.
Para determinar o grau de dependência da área de risco com as variáveis sócio-demográficas
foi utilizada a análise de variância (ANOVA) onde as médias do: ano de educação, renda e
idade apresentaram relação indireta de dependência com a ocorrência da doença (FIGURAS 8
b; 8 c; 8 d).
32
(a)
Fonte: CONDER/INFORMS
IBGE
FIGURA 4
a) Mapa da Região Metropolitana de Salvador, com a malha de ZI.
b) Distribuição espacial da Raiva Urbana em Salvador, no período de janeiro/1992 a agosto/2004.
(b)
Fonte: CONDER/INFORMS
CCZ-SSA
IBGE
LACEN
33
21%
(a)
79%
S.R.D.
Raça definida
Fonte: CCZ-SSA e LACEN
(b)
40%
60%
Macho
Fêmea
Fonte: CCZ-SSA e LACEN
(c)
23%
44%
33%
Semi-domiciliado
Domiciliado
Não domiciliado
Fonte: CCZ-SSA e LACEN
FIGURA 5
a) Freqüência de casos de raiva por definição de raça, em Salvador, no período de janeiro/1992 a agosto/2004.
b) Freqüência de casos de raiva animal, por sexo, em Salvador, no período janeiro/1992 a agosto/2004.
c) Freqüência de casos de raiva por tipo de criação, em Salvador, no período de janeiro/1992 a agosto/2004.
34
Grupos
ZI
Número de casos animais
Grupo 1
28
113
Grupo 2
10
19
Grupo 3
3
15
Grupo 4
15
153
Total
56
300
(b)
(a)
Fonte: CCZ-SSA e LACEN
50
(c)
40
55
30
20
Classificação de Grupos
por similaridade
CASOS
10
18
Grupo 1
0
Grupo 2
-10
N=
28
Grupo
1 1
Grupo
10
Grupo
Grupo 2
2
3
15
Grupo
Grupo
3 3Grupo 1Grupo
e2 4
Grupos
Grupo 3
Grupo 4
Sem notificação
FIGURA 6
a) Distribuição de ZI e número de casos dos grupos por similaridade sócio-demográfica.
b) Distribuição espacial de Grupos por similaridades sócio-demográficas, em Salvador-Ba, no período de janeiro 1992 a agosto 2004.
c) Número de Casos da Raiva Animal por Grupo.
Fonte: CONDER/INFORMS
CCZ-SSA
IBGE
LACEN
35
Área de risco Número de Casos de
Número ZI
(b)
(a)
raiva animal
A
32
21
B
30
10
C
238
25
Total
300
56
Fonte: CCCZ-SSA e LACEN
50
(c)
40
30
Classificação de Áreas de Risco
A
20
Número de casos
49
48
53
B
10
C
0
Sem notificação
-10
N=
56
CASOS
FIGURA 7
a) Número de casos de raiva animal e de ZI por área de risco, em Salvador, no período de janeiro/1992 a agosto/2004.
b) Distribuição espacial das Áreas de Risco para ocorrência da Raiva Urbana em Salvador, no período de janeiro/1992 a agosto/2004.
c) Distribuição do número de casos por ZI, através dos quartis.
Fonte: CONDER/INFORMS
CCZ-SSA
IBGE
LACEN
36
5
4
(a)
32
(b)
(c)
32
4
3
3
2
Renda média falmiliar (S.M.)
Média dos anos de educação
28
2
1
52
0
N=
21
10
25
A
B
C
1
0
-1
N=
Area de risco
21
10
25
A
B
C
Área de risco
40
32
(d)
56
30
20
Idade
10
0
N=
21
10
25
A
B
C
Área de risco
FIGURA 8
a) Média de anos de estudo por Área de Risco.
b) Renda Média Familiar por Área de Risco.
c) Área de Cluster na ZI 73 (Paripe/Base Naval) de ocorrência de Raiva Urbana em Salvador-Ba, no período de janeiro/1992 a agosto/2004.
d) Idade Média por Área de Risco.
Fonte: CONDER/INFORMS
CCZ-SSA
IBGE
LACEN
37
DISCUSSÃO
Autores como MESLIN (1994) e BELLOTO (2000) já alertavam para o fato de que a maioria
das mortes pelo vírus rábico ocorre em países em desenvolvimento, onde a doença entre os
canídeos é endêmica, sendo o principal modo de transmissão os acidentes causados por esses
animais, porém no Brasil, o número de casos humanos tem aumentado com transmissão
relacionada à agressão por animais silvestres (TAVARES-NETO, 2002). Nos países
desenvolvidos, segundo GERMANO (1994), o número de casos humanos transmitidos por
cães tende a diminuir. Aproximadamente 73% dos casos de raiva humana, no Brasil, segundo
ARAÚJO (2000), teve sua transmissão por canídeos. No nosso estudo o cão foi registrado
como único responsável pelos 100% dos casos de óbitos registrados no período.
Segundo a OMS (1994), para cada 10 casos de raiva canina espera-se um caso de raiva
humana. De acordo a ocorrência de casos de raiva canina (279) registrada no nosso estudo o
risco de raiva humana poderia ser ainda maior. No entanto, pela própria essência da doença,
Salvador é considerada endêmica para a doença, colocando em risco 84% da população. Os
felinos por sua vez mostraram baixa representatividade na ocorrência da doença, de acordo
com ARAÚJO (2000) foi responsável por 5% da raiva humana, no Brasil.
De acordo com a distribuição anual da doença foi observado um decréscimo do número de
casos no período de 1993 a 2002 e a partir do ano de 2003 observou-se elevação com mesma
tendência em 2004. Esse fato pode vir a ser explicado, uma vez que em 1992 a vigilância
epidemiológica da doença foi incrementada, atingindo coberturas máximas de vacinação
canina nos anos de 1998 e 1999 (TAVARES-NETO, 2002; SESAB, 2004).
A ocorrência da raiva em Salvador teve maior freqüência em cães machos, sem raça definida,
domiciliados, com idade e tempo de residência menor que 12 meses. A avaliação do tipo de
agressão foi obtida de informações do proprietário sujeita, portanto, a distorção. Dos casos
positivos, 76,5% apresentaram contato com outros animais.
No nosso entender, o uso da divisão do município em ZI utilizada nesse estudo, veio facilitar
a análise da situação epidemiológica dos casos da raiva urbana e condições sóciodemográficas que envolvem a população de Salvador. Pela análise das similaridades entre as
condições sócio-demográficas, através do Dendograma, foram gerados grupos evidenciando
38
que Salvador está sócio-demograficamente dividido em quatro áreas distintas, o que pôde ser
visualizado com clareza através do sistema de informações geográfica (FIGURA 5 b).
Segundo a correlação de Pearson, pôde-se verificar entre os grupos, uma relação inversa do
número de casos da doença e as variáveis sócio-demográficas. O maior número de casos da
doença foi registrado em áreas habitadas por indivíduos que apresentavam menor renda
familiar, nível educacional, idade e menor disponibilidade de esgotamento sanitário (FIGURA
5 b). Pelo Boxplot pôde-se medir a dispersão da ocorrência da raiva urbana dentro de cada
grupo (FIGURA 5 c). A menor dispersão no número de casos de raiva foi observada no grupo
2, com uma média aproximada de 02 casos/ZI.
A partir da análise de dispersão dos casos de raiva urbana pôde-se observar valores com
dispersão heterogênea. Na etapa seguinte foi feito uma análise de risco, considerando a
freqüência de registro da raiva urbana no município, onde foram identificados três grupos
distintos de risco, sendo observado que, as variações de risco de infecção para a doença não
eram coincidentes com as áreas que apresentaram similaridades sócio-demográficas, o que foi
possível ser visualizado com o auxílio do SIG, configurando-se como uma ferramenta
essencial para este tipo de análise (FIGURA 6 a).
CONCLUSÃO
A raiva urbana animal é caracterizada como endêmica na cidade do Salvador.
A principal espécie animal envolvida na transmissão da raiva urbana em Salvador é o cão.
Durante o período de estudo foram registrados 13 casos de óbitos.
Foi observado no período que o número de casos da doença aumentou a partir de 2003.
84% da população humana de Salvador está exposta ao risco do vírus rábico.
O perfil da raiva animal observada em Salvador caracterizou-se pela maior ocorrência em
cães machos, sem raça definida, domiciliados, com idade e tempo de residência menor que 12
meses.
39
76,5% dos casos de raiva registraram contato com outros animais.
O maior número de casos ocorreu na ZI 73 (Paripe/Base Naval).
Salvador está dividido sócio-demograficamente em quatro grupos distintos, onde os casos de
raiva se dispersam de forma heterogênea.
As variáveis renda, nível de educação e faixa etária da população apresentaram uma relação
inversa de dependência com a doença.
As técnicas de geoprocessamento possibilitaram a distribuição espacial da raiva urbana em
Salvador, permitindo a sua visualização e inferências.
O sistema de informação geográfica foi fundamental para a classificação dos grupos e
identificação das áreas de risco.
A presença de áreas sem notificação cercada por áreas de alto risco sugere uma situação de
sub-notificação, merecendo uma maior vigilância epidemiológica para a doença, nas mesmas.
O principal impacto para medida de controle da raiva urbana é a vacinação animal em massa.
40
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43
4 CONSIDERAÇÕES GERAIS
Os diferentes eventos em saúde, tanto negativos quanto positivos, não ocorrem por acaso.
Através dos séculos, observou-se uma relação muito estreita desses eventos com o meio
ambiente, as condições sociais e outros determinantes.
Os agravos à saúde, em grupos sociais, podem ser conseqüências da distribuição desigual no
espaço, de fontes de contaminação ambiental, da dispersão, concentração de agentes de risco,
da exposição da população a esses agentes e das características de susceptibilidade desses
grupos (BAVIA, 2001).
Enfatiza-se o potencial das Técnicas de Geoprocessamento como ferramenta de análise
epidemiológica para a descrição da magnitude dos problemas de saúde. Tais técnicas
utilizadas em nosso estudo mostraram ser um desafio prático de colocar a autonomia
tecnológica conquistada pela razão a serviço do Homem, permitindo uma descrição espacial
da situação de um evento da saúde em uma área geográfica.
Através do estudo da Raiva Urbana na cidade de Salvador, Ba, no período de Janeiro de 1992
a Agosto de 2004, foram observadas as seguintes situações como:
A raiva urbana é caracterizada como endêmica na cidade do Salvador.
A principal espécie animal envolvida na transmissão da raiva urbana em Salvador é o cão.
Durante o período de estudo foram registrados 13 casos de óbitos.
Foi observado no período que o número de casos da doença aumentou a partir de 2003.
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ANEXO 1. Distribuição Espacial dos casos de Raiva Animal,
em Salvador-Ba, no período de janeiro de 1992 a agosto de 2004.
55
Número de casos de
raiva animal/ZI
0-1
2–5
6 – 11
12 - 19
20 - 40
Fonte: CONDER/INFORMS
CCZ-SSA
IBGE
LACEN
56
ANEXO 2. Distribuição Espacial dos casos de Raiva Humana,
em Salvador-Ba, no período de janeiro de 1992 a agosto de 2004.
Número de casos de
raiva humana/ZI
0
1
2
Fonte: CONDER/INFORMS
CCZ-SSA
IBGE
LACEN
ANEXO 3. Distribuição Espacial dos casos de Raiva Urbana Animal,
em Salvador-Ba, no período de janeiro de 1992 a agosto de 2004.
57
Número de casos de
raiva animal por ZI
ZI 69
ZI 62
ZI 61
ZI 55
ZI 73
Fonte: CONDER/INFORMS
CCZ-SSA
IBGE
LACEN
58
ANEXO 4. Distribuição da Raiva em Salvador-Ba, por espécie animal,
no período de janeiro de 1992 a agosto de 2004
Fonte: CONDER/INFORMS
CCZ-SSA
IBGE
LACEN
59
ANEXO 5. Áreas de Cluster para ocorrência de Raiva Urbana em Salvador-Ba, no
período de janeiro de 1992 a agosto de 2004.
Fonte: CONDER/INFORMS
CCZ-SSA
IBGE
LACEN
60
ANEXO 6. Casos de Raiva Humana, segundo o animal agressor. Brasil, 1992 – 2003.
Nº DE CASOS POR ANO
Tipo de
Animal
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
20003
Cão
38
38
16
26
20
18
20
22
24
18
06
08
Morcego
14
04
03
02
01
01
04
02
00
00
03
02
Ignorado
03
03
01
01
02
02
00
02
00
00
01
00
Gato
02
03
02
02
01
03
02
00
01
01
00
00
Raposa
01
01
00
00
00
00
00
00
00
00
00
00
Macaco
01
01
00
00
01
00
03
00
01
02
00
00
Outros
01
00
00
00
00
01
00
00
00
00
00
00
Total
60
50
22
31
25
25
29
26
26
21
10
10
Agressor
Fonte: CENEPI/FUNASA
ANEXO 7. Casos de Raiva segundo a espécie animal em Salvador, no período de 2003 e
2004.
Espécie animal
Ano de ocorrência
2003
2004
Canina
44
42
Felina
01
02
Total
45
44
Fonte: SESAB/DIVEP
ANEXO 8. Casos de Raiva segundo a espécie animal na Bahia, no período de 2003 e 2004.
Espécie animal
Ano de ocorrência
2003
2004
Canina
77
81
Felina
03
04
Total
80
85
Fonte: SESAB/DIVEP
61
ANEXO 9. Localização das Zonas de Informações, município de Salvador.
Zona de Informação – ZI
Localização da Z.I.
001
Barra
002
Morro do Gato e Ipiranga / Apipema
003
Ondina / Campus Universitário
004
Alto da Sereia / Vila Matos
004 A
Parque Cruz Aguiar
005
Largo da Mariquita / Avenida Amaralina
006
Vale das Pedrinhas
007
Nordeste de Amaralina
008
Pituba / Parque Júlio César
009
Vitória
010
Graça
011
Alto das Pombas / Federação
012
Engenho Velho da Federação
013
Horto Florestal / Candeal
014
Canela
015
São Pedro
015 A
Forte de São Pedro
015 B / 025 A
Campo da Pólvora
016
Garcia
017
Tororó / Fonte Nova
017 A
Barris
018
Engenho Velho de Brotas
019
Acupe de Brotas / Daniel Lisboa
020
Campinas de Brotas
021
Itaigara / Caminho das Árvores
021 A
Avenida Tancredo Neves
022
STIEP / Armação
023 / 038 C / 024 B
Água de Meninos
023 A
Comércio
024
Praça Municipal / Centro
024 A
Pilar / Pelourinho
62
Zona de Informação – ZI
Localização da Z.I.
024 C
Baixa dos Sapateiros
024 D
Santo Antônio
024 E
Ladeira de Santana
025
Nazaré / Saúde
026
Matatu / Santo Agostinho
027
Cosme de Farias
028
Luiz Anselmo / Vila Laura
029
Cabula
030
Pernambués
031
Boca do Rio
031 A
Bolandeira
032
Barbalho / Lapinha
033
Caixa D’água
034
Quintas / Cidade Nova
035
Retiro / Acesso Norte
036
19 BC / Narandiba
037
Pituaçu
037 A
Imbuí
038
Calçada / Mares / Roma
038 A
Caminho de Areia
038 B
Baixa do Fiscal
039
Sieiro / Japão Pero Vaz
040
Liberdade
041
IAPI
042
Fazenda Grande
043
São Gonçalo do Retiro
044
Tancredo Neves / Engomadeira
045
Centro Administrativo – CAB
046
Patamares
047
Bonfim / Ribeira
048
Massaranduba
049
Uruguai / Alagados
63
Zona de Informação – ZI
Localização da Z.I.
049 A
Voluntários da Pátria / Suburbana
050
São Caetano / Alto do Peru
051
Capelinha de São Caetano
052
Mata Escura
053
Sussuarana
053 A
Estrada do Beirú
054
Canabrava
055
Piatã / Itapuã
056
Aeroporto / Stella Maris
057
Lobato
058
Campinas / Marechal Rondon
059
Pau da Lima
060
Sete de Abril
061
Mussurunga / São Cristovão
061 A
Rótulas do Aeroporto
062
Plataforma
063
Pirajá
064
Dom Avelar
064 A
Porto Seco Pirajá
065
Castelo Branco
066
Praia Grande / Periperi
067
Parque São Bartolomeu
067 A
Represa do Cobre
068
Valéria
069
Cajazeiras / Águas Claras
070
Estrada CIA / Aeroporto
071
Coutos
071 A
Felicidade
072
Limite com a USIBA
073
Paripe / Base Naval
074
Ilha dos Frades e outras
076
Ilha de Maré
Fonte: CONDER/INOFORMS e IBGE
64
ANEXO 10. Número de casos de Raiva Animal por Zonas de Informação, no município de
Salvador, no período de janeiro de 1992 a agosto de 2004.
ZI
73
55
61
62
69
66
29
68
47
53
31
71
50
57
49
52
1
20
36
41
59
11
38 A
44
65
18
30
32
34
42
46
58
60
7
70
12
16
21
27
35
37
40
5
54
6
8
14
2
26
3
33
38
43
56
63
9
Total
Fonte: CCZ-SSA e LACEN
Número de casos de raiva animal
40
20
16
16
14
11
10
10
9
9
8
8
7
7
6
6
5
5
5
5
5
4
4
4
4
3
3
3
3
3
3
3
3
3
3
2
2
2
2
2
2
2
2
2
2
2
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
300
65
ANEXO 11. Matriz de Correlação de Pearson das variáveis sócio-demográficas e número de
casos por ZI.
Casos
Casos
1,000
Abastecimento
de água
Esgoto
Coleta de
Anos de
Renda
lixo
educação
familiar
Densidade
Idade
(Hab/Km2)
-0,148
-0,345
-0,168
-0,306
-0,285
-0,293
-0,228
0,278
0,009
0,215
0,022
0,033
0,028
0,091
1,000
0,573
0,772
0,315
0,269
0,292
0,286
0,000
0,000
0,018
0,045
0,029
0,032
0,573
1,000
0,658
0,450
0,352
0,666
0,551
0,000
0,001
0,008
0,000
0,000
1,000
0,592
0,540
0,635
0,222
0,000
0,000
0,000
0,101
1,000
0,981
0,796
-0,190
0,000
0,000
0,161
1,000
0,723
-0,264
0,000
0,049
Abastecimento de água
-0,148
Esgoto
-0,345
0,009
0,000
Coleta de lixo
-0,168
0,772
0,658
0,215
0,000
0,000
Anos de educação
-0,306
0,315
0,450
0,022
0,018
0,001
0,000
Renda familiar
-0,285
0,269
0,352
0,540
0,981
0,033
0,045
0,008
0,000
0,000
Idade
-0,293
0,292
0,666
0,635
0,796
0,723
0,028
0,029
0,000
0,000
0,000
0,000
-0,228
0,286
0,551
0,222
-0,190
-0,264
0,049
0,091
0,032
0,000
0,101
0,161
0,049
0,721
0,278
Densidade demográfica (Hab/Km2)
demográfica
0,592
1,000
0,049
0,721
1,000
** Correlação significante p < 0.01
* Correlação significante p < 0.05
ANEXO 12. Análise de variância (ANOVA) das variáveis sócio-ambientais e demográficas
pela área de risco.
Abastecimento
de
Água
Esgotamento
Sanitário
Between Groups
Within Groups
Total
Between Groups
Within Groups
Total
Coleta
Between Groups
De
Within Groups
Lixo
Total
Anos
Between Groups
De
Within Groups
Educação
Total
Between Groups
Renda
Within Groups
Total
Between Groups
Idade
Within Groups
Total
Densidade Between Groups
Demográfica Within Groups
Total
* p<0,05
Sum of Squares
15,666
1209,333
1224,998
1561,630
32060,683
33622,313
98,719
4258,113
4356,831
9,380
33,923
43,303
11,653
44,393
56,046
135,534
933,511
1069,045
4020696,427
66599525,110
70620221,538
df
2
53
55
2
53
55
2
53
55
2
53
55
2
53
55
2
53
55
2
53
55
Mean Square
7,833
22,818
F
0,343
Sig.
0,711
780,815
604,919
1,291
0,284
49,359
80,342
0,614
0,545
4,690
0,640
7,327
0,002*
5,827
0,838
6,956
0,002*
67,767
17,613
3,847
0,028*
2010348,214
1256594,813
1,600
0,212
66
ANEXO 13. Análise descritiva das variáveis sócio-demográficas relacionadas com as Áreas
de Risco da Raiva Urbana.
Anos
De
Educação
Renda
Idade
A
B
C
Total
A
B
C
Total
A
B
C
Total
N
Média
21
10
25
56
21
10
25
56
21
10
25
56
2,7172
1,8575
1,8777
2,1889
1,9738
,9785
1,0551
1,3860
30,7399
28,1168
27,3588
28,7621
Std.
Std. Error
Deviation
0,9704
0,6079
0,7001
0,8873
1,1537
0,6614
0,7593
1,0095
3,6740
2,1827
5,0854
4,4088
0,2118
0,1922
0,1400
0,1186
0,2518
0,2091
0,1519
0,1349
0,8017
0,6902
1,0171
0,5891
Intervalo de Confiança
para média 95%
Lower
Upper
Bound
Bound
2,2755
3,1589
1,4226
2,2923
1,5888
2,1667
1,9513
2,4265
1,4487
2,4990
,5054
1,4516
,7417
1,3686
1,1156
1,6563
29,0675
32,4123
26,5554
29,6782
25,2597
29,4580
27,5814
29,9427
Mínimo
Máximo
1,21
1,17
0,39
0,39
0,38
0,52
0,14
0,14
23,75
24,79
7,09
7,09
4,07
3,20
4,27
4,27
3,64
2,54
3,58
3,64
36,82
31,23
36,89
36,89
ANEXO 14. Análise Múltipla de Comparação (pós-teste) - Tukey HSD.
Variável
Dependente
Anos
de
Educação
Renda
Idade
(I) Grau de (J) Grau de
risco
risco
A
A
B
C
B
A
B
C
C
A
B
C
A
A
B
C
B
A
B
C
C
A
B
C
A
A
B
C
B
A
B
C
C
A
B
C
* Diferença média > 0,05
Diferença
Média (I-J)
Desvio
Padrão
Significân
cia
Intervalo de Confiança
95%
Lower
Upper
Bound
Bound
0,8597
0,8394
-0,8597
0,3074
0,2368
0,3074
0,019
0,002
0,019
0,1185
0,2684
-1,6009
1,6009
1,4105
-0,1185
-2,0275E-02
-0,8394
2,027E-02
0,2993
0,2368
0,2993
0,997
0,002
0,997
-0,7421
-1,4105
-0,7015
0,7015
-0,2684
0,7421
0,9953
0,9187
-0,9953
0,3516
0,2709
0,3516
0,018
0,004
0,018
0,1474
0,2654
-1,8432
1,8432
1,5719
-0,1474
-7,6653E-02
-0,9187
7,665E-02
0,3424
0,2709
0,3424
0,973
0,004
0,973
-0,9024
-1,5719
-0,7491
0,7491
-0,2654
0,9024
2,6230
3,3810
-2,6230
1,6125
1,2423
1,6125
0,243
0,023
0,243
-1,2651
0,3855
-6,5112
6,5112
6,3765
1,2651
0,7580
-3,3810
-0,7580
1,5703
1,2423
1,5703
0,880
0,023
0,880
-3,0285
-6,3765
-4,5444
4,5444
-0,3855
3,0285
ii
JORGE RAIMUNDO LINS RIBAS
GEOPROCESSAMENTO NO ESTUDO DA
RAIVA URBANA EM SALVADOR
Dissertação apresentada à Escola de Medicina Veterinária da
Universidade Federal da Bahia, como requisito para a
obtenção do título de Mestre em Medicina Veterinária
Tropical, na área de Saúde Animal.
Orientador: Profa. Dra. Maria Emília Bavia
Salvador – Bahia
2005
iii
FICHA CATALOGRÁFICA
RIBAS, Jorge Raimundo Lins.
Geoprocessamento no estudo da Raiva urbana em Salvador / Jorge Raimundo Lins
Ribas - Salvador, Bahia, 2005. 66 p.
Dissertação (Mestrado em Medicina Veterinária Tropical) – Escola de Medicina
Veterinária da Universidade Federal da Bahia, 2005.
Professora Orientadora - Profa. Dra. Maria Emília Bavia
Palavras-chave: Raiva urbana, Raiva canina, Saúde Pública, Geoprocessamento.
iv
GEOPROCESSAMENTO NO ESTUDO DA
RAIVA URBANA EM SALVADOR
JORGE RAIMUNDO LINS RIBAS
Dissertação defendida e aprovada para obtenção do grau de Mestre em Medicina Veterinária
Tropical.
Salvador, 29 de setembro de 2005.
Comissão Examinadora:
_____________________________________________
Profa. Dra. Maria Emília Bavia – UFBA
Orientador
_____________________________________________
Prof. Dr. Fernando Ferreira – USP
_____________________________________________
Profa. Dra. Eugênia Márcia de Deus Oliveira – UFBA
v
À minha mãe que apesar de não ter tido a
oportunidade de estar presente para
acompanhar a passagem de mais uma etapa
da minha vida, sei que sempre me iluminou
e continua iluminando todos os momentos
importantes de minha vida.
vi
AGRADECIMENTOS
A Deus pela dádiva da vida.
À minha orientadora, Profa. Dra. Maria Emília Bavia, que acreditou em mim desde o dia em
que a procurei buscando orientação, obrigado também pela paciência.
Á minha mulher, Márcia Abbehusen Miguel Ribas, e a meu filho, Eduardo Abbehusen
Miguel Ribas (Dudu), pela compreensão, apoio e paciência nos momentos ausentes (Que não
foram poucos!!!).
Ao meu querido irmão, José Lázaro Lins Ribas pelo incentivo sempre constante.
Ao meu pai pela educação e ensinamentos.
Á minha irmã, Cássia, meu sobrinho Leonardo e meu cunhado Roberto, por sempre
acreditarem em mim.
Aos meus sogros, Geraldo e Marilúcia, pelo carinho.
A eterna companheira de aula Professora Cátia Suse pela amizade verdadeira. OBRIGADO!!
Ao colega Dr. Eduardo Ungar pela facilidade na coleta de dados no LACEN e pelo apoio
constante.
Á Professora Maria de Fátima Dias Costa simplesmente pelo exemplo de profissionalismo e
apoio nos momentos diferentes da minha vida.
Aos colegas de mestrado, em especial a: Adriana Jucá, Débora Carneiro, Fred Julião, Isa
Sousa, Izana Fiterman e Taíse Peneluc.
A colega Sara Araújo pela ajuda no momento muito importante de minha vida.
vii
A Professora Tereza Mascarenhas pela ajuda indispensável.
A Dra. Maria das Graças Barbosa pela colaboração no trabalho.
Ao Laboratório de Monitoramento de Doenças pelo SIG pelo bom convívio durante a
realização do projeto.
A Professora Vera Vinhas, pela amizade.
Ao Professor Eliel Pinheiro por acreditar em minha capacidade.
A Professora Sandra Oliveira, pela amizade e confiança no meu trabalho.
Ao Estatístico Cruiff Emerson, pela sua ajuda, contribuindo com o seu conhecimento nas
análises.
Ao César e Alan pela valiosa colaboração na construção do banco de dados georreferenciado
e na elaboração dos mapas digitalizados.
Á CONDER/INFORMS pela disponibilização dos mapas digitalizados.
Aos colegas e professores da UNIME pelas conversas descontraídas e repletas de
conhecimento científico.
Aos colegas médicos veterinários da ADAB: Eliane, Jane, Sérgio, Verena, Tatiana.
Às secretárias do Escritório Local da ADAB, Bárbara e Lourdinha.
Ao Dr. Leonardo Moura, gerente do Escritório Local da Agência Estadual de Defesa
Agropecuária (ADAB) pela compreensão e flexibilidade, facilitando a conclusão desse
trabalho de Dissertação.
viii
Ao Centro de Controle de Zoonoses de Salvador, pela oportunidade da busca dos casos de
raiva, importantes para a minha pesquisa. Obrigado a Dr. Marcelo, Dr. Nilton, Dra. Tatiana,
Dra. Fátima.
ix
Não existem erros, apenas lições. O
crescimento é um processo de tentativa e erro:
experimentação. As experiências que não
deram certo fazem parte do processo, assim
como as bem-sucedidas. As respostas estão
dentro de você. Tudo o que tem a fazer é
analisar, ouvir e acreditar.
(Autor Anônimo)
x
ÍNDICE
Página
LISTA DAS FIGURAS..........................................................................................
xi
LISTA DE ABREVIATURAS...............................................................................
xiii
RESUMO................................................................................................................
xiv
SUMMARY...............................................................................................................
xv
1 INTRODUÇÃO GERAL ...................................................................................
1
2 REVISÃO DA LITERATURA...........................................................................
2.1 RAIVA ..............................................................................................................
2.1.1 HISTÓRICO .................................................................................................
2.1.2 AGENTE ETIOLÓGICO ..............................................................................
2.1.3 MECANISMO DE TRANSMISSÃO.............................................................
2.1.4 RESERVATÓRIOS ........................................................................................
2.1.5 PERÍODO DE INCUBAÇÃO.........................................................................
2.1.6 PERÍODO DE TRANSMISSIBILIDADE......................................................
2.1.7 PATOGENIA..................................................................................................
2.1.8 SINAIS CLÍNICOS.........................................................................................
2.1.9 DIAGNÓSTICO ............................................................................................
2.1.9.1 DIAGNÓSTICO CLÍNICO ........................................................................
2.1.9.2 DIAGNÓSTICO LABORATORIAL .........................................................
2.1.10 MEDIDAS DE CONTROLE........................................................................
2.2 GEOPROCESSAMENTO..................................................................................
2.2.1 SISTEMAS DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA (SIG)...............................
2.2.2 DIGITALIZAÇÃO DE MAPAS CARTOGRÁFICOS ..................................
2.2.3 SISTEMA DE POSICIONAMENTO GLOBAL (GPS) ................................
3 ARTIGO CIENTÍFICO.........................................................................................
6
6
6
7
8
9
9
10
10
11
11
11
12
12
14
16
19
19
22
4 CONSIDERAÇÕES GERAIS...............................................................................
43
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................
45
ANEXOS..................................................................................................................
55
xi
LISTA DE FIGURAS
Página
FIGURA 1
Mecanismo de Transmissão da Raiva.
08
FIGURA 2
Essência do SIG.
18
FIGURA 3 a
Distribuição anual de casos de raiva animal e cobertura vacinal canina,
29
em Salvador, janeiro/1992 a agosto/2004.
FIGURA 3 b Ocorrência de casos de raiva por espécie, no município de Salvador,
29
no período de janeiro/1992 a agosto/2004.
FIGURA 4 a
Mapa da Região Metropolitana de Salvador, com a malha de ZI.
FIGURA 4 b Distribuição espacial da Raiva Urbana em Salvador, no período de
32
32
janeiro/1992 a agosto/2004.
FIGURA 5 a
Freqüência de casos de raiva por definição de raça, em Salvador, no
33
período de janeiro/1992 a agosto/2004.
FIGURA 5 b Freqüência de casos de raiva animal, por sexo, em Salvador, no
33
período janeiro/1992 a agosto/2004.
FIGURA 5 c
Freqüência de casos de raiva por tipo de criação, em Salvador, no
33
período de janeiro/1992 a agosto/2004.
FIGURA 6 a
Distribuição de ZI e número de casos dos grupos por similaridade
34
sócio-demográfica.
FIGURA 6 b Distribuição espacial de Grupos por similaridades sócio-demográficas,
34
em Salvador-Ba, no período de janeiro 1992 a agosto 2004.
FIGURA 6 c
Número de Casos da Raiva Animal por Grupo.
34
FIGURA 7 a
Número de casos de raiva animal e de ZI por área de risco, em
35
Salvador, no período de janeiro/1992 a agosto/2004.
FIGURA 7 b Distribuição espacial das Áreas de Risco para ocorrência da Raiva
Urbana em Salvador, no período de janeiro/1992 a agosto/2004.
35
xii
FIGURA 7 c
Distribuição do número de casos por ZI, através dos quarais.
35
FIGURA 8 a
Média de anos de estudo por Área de Risco.
36
FIGURA 8 b Renda Média Familiar por Área de Risco.
36
FIGURA 8 c
36
Área de Cluster na ZI 73 (Paripe/Base Naval) de ocorrência de Raiva
Urbana em Salvador-Ba, no período de janeiro/1992 a agosto/2004.
FIGURA 8 d Idade Média por Área de Risco.
36
xiii
LISTA DE ABREVIATURAS
C.C.Z.CONDER -
Centro de Controle de Zoonoses
Companhia de Desenvolvimento Urbano do estado da Bahia
DIVEP-
Diretoria de Vigilância Epidemiológica
ELISA -
Imuno-ensaio Enzimático
F.N.S.-
Fundação Nacional de Saúde
G.P.S.-
Global Position System
I.B.G.E.-
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
LACEN -
Laboratório Central de Saúde Pública Professor Gonçalo Moniz
LAMDOSIG M.S. -
Laboratório de Monitoramento de Doenças pelo S.I.G.
Ministério da Saúde
O.M.S. -
Organização Mundial da Saúde
O.P.A.S -
Organização Panamericana de Saúde
P.A.H.O.-
Organização Pan-Americana de Saúde
P.C.R.R.T.-
Reação em Cadeia Polimerase
Transcriptase Reversa
SESAB-
Secretaria de Saúde do Estado da Bahia
S.I.G. -
Sistemas de Informações Gográficas
S.N.C. -
Sistema Nervoso Central
S.P.S.S.-
Statical Package for the Social Sciences
S.R.D. -
Sem Raça Definida
Z.I.-
Zonas de Informações
xiv
RIBAS, J. R. L. Geoprocessamento no estudo da Raiva Urbana em Salvador. Salvador,
Bahia, 2005. 66 p. Dissertação (Mestrado em Medicina Veterinária Tropical) - Escola de
Medicina Veterinária, Universidade Federal da Bahia, 2005
RESUMO
Raiva, antropozoonose 100% letal, foi tema deste trabalho que teve como objetivo analisar a
sua
distribuição
no
município
de
Salvador,
Bahia,
utilizando
tecnologias
de
geoprocessamento e contribuindo com os órgãos responsáveis para seu controle. Foram
estudados 300 casos de raiva urbana animal e 13 em humanos. No período de janeiro/1992 a
agosto/2004, o cão foi o único responsável pela transmissão da doença. Fatores sóciodemográficos como renda familiar, escolaridade, idade e esgotamento sanitário, apresentaram
relação inversa com a ocorrência da patologia e, mostram 4 áreas de limites distintos em
Salvador, onde 84% da população humana encontra-se sob risco de infecção. A delimitação
de 3 áreas de risco, de acordo com a dispersão de casos mostrou que a doença depende dos
fatores renda familiar, escolaridade e idade. O SIG permitiu a manipulação, espacialização e
visualização dos dados, sendo fundamental para a análise da situação epidemiológica
evidenciada.
Palavras Chave – Raiva Urbana, Raiva Canina, Saúde Pública, Geoprocessamento.
xv
RIBAS, J. R. L. Geoprocessamento no estudo da Raiva Urbana em Salvador. Salvador,
Bahia, 2005. 66 p. Dissertação (Mestrado em Medicina Veterinária Tropical) - Escola de
Medicina Veterinária, Universidade Federal da Bahia, 2005.
SUMARY
Three hundred cases of urban animal rabies and thirteen human cases were studied using
geotechnologies with the purpose of assessing the spatial distribution of the disease and
identify risk areas, in Salvador municipality. As rabies is a deadly infection, this work aims to
contribute for decision makers on the preparation of Rabies Control Programs. Socio
demographics variables such as family income, level of education, age, sanitary installations,
have shown an inverse relationship with the disease and its occurrence (p<0,05). Due to this,
Salvador is divided into four distinct areas where 84% of the total human population is under
the risk of infection. The disease dispersion was not homogeneous in all geographic area of
study. The GIS systems helped visualize the spatial distribution of urban rabies in human and
positive animals in Salvador, Bahia in a period from January 1992 to August 2004. This
technology contributed in classifying and drawing limits between the risks areas of infection.
The level of independence of the disease occurrence, in relation to all socio demographics
variables studies classified as on risk was statistically observed at p< 0,05. The use of
geotechnologies, GIS in specific, showed to be fundamental to accomplish studies with high
volume of data and allowed us to draw descriptive maps derived from or data collection and
analysis.
Keywords: Urban rabies, Canine rabies, Public Health, Geoprocessing.
Download