Universidade Federal da Bahia Escola de Medicina Veterinária Mestrado em Medicina Veterinária Tropical GEOPROCESSAMENTO NO ESTUDO DA RAIVA URBANA EM SALVADOR JORGE RAIMUNDO LINS RIBAS Salvador – Bahia 2005 1 1 INTRODUÇÃO GERAL O determinismo causal das patogenias e os estudos científicos que as envolvem estão ligados, num dado momento, a uma sociedade historicamente definida e na maioria das vezes, com o pensamento hegemônico da época (SCHNEIDER & SANTOS-BURGOA, 1994), num espaço geográfico definido. Múltiplos fatores têm se apresentado, com certa freqüência, como de risco para o estabelecimento e disseminação de patogenias das mais diferentes etiologias, caracterizando um perfil epidemiológico de transição com ocorrência simultânea, em áreas especificas e em mesmos grupos populacionais, contribuindo para o aumento da morbi-mortalidade entre seres humanos e animais (FORATTINI, 1992). Muitas doenças, especialmente as zoonoses, têm habitat natural em ecossistemas bem definidos, nos quais patógenos, vetores e hospedeiros naturais formam associações ou biocenoses, em que o agente etiológico circula (SILVA, 1997). As ações antrópicas, não planejadas, em nichos ecológicos naturais, vêm sendo indicadas como uma das principais responsáveis pela ocorrência de casos de doenças, tradicionalmente entendidas como específicas de determinados espaços geográficos, em outros tidos anteriormente, como hostis ao seu desenvolvimento e disseminação. Como testemunha, a história registra a associação do crescimento populacional desordenado das cidades medievais com os problemas sanitários e o surgimento de várias epidemias, como a peste, lepra, varicela, difteria, tuberculose, sarampo entre outras (ROSEN, 1958) e hoje, assistimos, em nível mundial, dentre outros agravos à saúde, a espetacular reemergência da leishmaniose visceral, a disseminação da esquistossomose, da dengue e registros de casos humanos de óbitos pela raiva, uma doença de tempos imemoriáveis (SCHNEIDER 1996), um problema marcado pela ocorrência, de invasões de animais raivosos em povoados e vilas (BAER, 1975). As doenças, por sua vez, passaram a ter uma personalidade própria não se incorporando somente ao contexto ecológico natural, mas se adaptando, também, às adversidades instituídas pelo próprio sistema em que vive o homem. De acordo com COLIBALY & YAMEOGO (2000) as zoonoses, em geral, constituem um problema de saúde pública em todo mundo, particularmente nos trópicos, onde o seu controle 2 é restrito pela inadequada concepção da problemática, pela falta de infra-estrutura e apoio financeiro. No caso da raiva, a mais temida entre todas as zoonoses (MIRANDA, 2003), a crescente urbanização, verificada em todo o mundo, particularmente no terceiro mundo, diminuiu o interesse pela teoria dos focos naturais (PRACONTAL, 1995). Os constantes registros de mortalidade humana e animal na área urbana, atribuída à raiva levam pesquisadores como GERMANO (1994), a atribuir a doença um caráter imbatível pela sua própria essência em muitos lugares do mundo, tornando-se um constante desafio. Porém, um fato permanece claro: a erradicação da raiva humana depende, fundamentalmente, do controle da raiva animal, principalmente dos canídeos, por integrarem a cadeia de transmissão da doença como responsáveis diretos pelo estabelecimento da endemia. Segundo a OMS (1994), o vírus da raiva é responsável por óbitos anuais da ordem de 35.000 a 50.000 pessoas em todo ano no mundo. KITALA (1990) estimou que 2,7 bilhões de pessoas habitam regiões onde a raiva canina atinge mais de 5% da população, sendo que 5,4 milhões recebem tratamento pós-exposição anualmente. BELLOTO (2000), relatou que a cada 10 ou 15 minutos morre uma pessoa acometida pelo vírus da raiva. A maioria dessas mortes ocorre em países em desenvolvimento, onde a doença entre os canídeos é endêmica sendo os acidentes causados pela agressão desses animais o principal modo de transmissão (MESLIN et al., 1994). Relevantes estudos revelaram que 87 países dos 167 pesquisados, a nível mundial, registraram a população canina como responsável por 99% de todos os casos de raiva humana registrados (KASEMPIMOLPORN et al, 1991). Relatórios do Ministério da Saúde (BRASIL, 1999) indicam os cães como os animais mais envolvidos na transmissão da raiva urbana com registro de 700 a 1.000 casos por ano, sendo os mesmos responsáveis pela ocorrência de 80,4% dos casos de raiva humana no período de 1980 e 1996, no Brasil. A raiva canina é conhecida por ser endêmica em muitas regiões, principalmente em climas temperados da Ásia (especialmente a Índia), África e América do Sul (BIZRI et al, 2000). Países como Groenlândia, Antártica, Ilhas do Pacífico, Japão, Nova Zelândia, Grã-Bretanha, Dinamarca, Austrália e algumas áreas isoladas da Suécia, eram considerados livres do vírus da raiva, porém, desde 1996 deixaram de ostentar essa posição após serem diagnosticadas, 3 nos seus territórios infecções em morcegos (LYCZAK, 2001). Na Austrália, no período de 1996 e 1998 casos humanos fatais isolados foram diagnosticados como procedentes de morcegos frutívoros (HANNA et al, 2000). Em países industrializados da Europa e da América do Norte, a raiva silvestre representa a principal preocupação para as autoridades de saúde, estando à modalidade urbana controlada ou mesmo erradicada, diminuindo consideravelmente os riscos para a população humana (GERMANO, 1994). Nas Américas, foram registrados 60 casos de raiva humana no ano 2001 (OPAS, 2002). Nos países não industrializados da América Latina, Ásia e África, a raiva urbana vem sendo responsável, anualmente, por milhares de mortes, sendo grande parte representada por crianças. Na Índia, já atingiu a cifra de 20.000 casos humanos por ano, com uma estimativa de 25.000 casos/ano. Na China, aproximadamente 5.000 casos anuais de raiva humana transmitida por canídeos foram registrados (GERMANO, 1994). Segundo esse mesmo autor, em 1990, o Peru e o México apresentaram coeficientes de óbitos pela infecção da ordem de 0,27 (63 casos) e 0,09 (69 casos), respectivamente, por mil habitantes. Com relação ao Brasil, considerou que esse país não está entre os maiores coeficientes de mortalidade por raiva humana da América Latina. Segundo o Ministério da Saúde (BRASIL, 2005), no período de 1980 a 1991, acidentes com canídeos foram responsabilizados pelos 82,3% dos casos humanos de raiva e, em 1991 foram registrados 65 óbitos, também originários de caninos infectados, e a maioria deles, procedentes do nordeste brasileiro. No Brasil, a raiva é endêmica, em grau diferenciado de acordo com a região geopolítica. A região Nordeste responde por 58,80% de todos os casos humanos registrados de 1986 a 2001, seguida da região Norte com 20,85%, Sudeste com 10,80%, Centro-Oeste 9,40% e Sul 0,15% (BRASIL, 2005). Em estudos realizados pelo Ministério da Saúde entre os anos de 1992 e 2003, foi observado que cerca de 80 % dos casos de raiva humana, apresenta o cão como o principal responsável pelo aparecimento da doença, no nosso território (BRASIL, 2003). Durante o período de 2003 a 2004, foram registrados na Bahia, 158 casos de raiva canina, 07 casos de raiva felina e 04 casos humano, sendo a cidade de Salvador responsável por 54% de raiva canina, com 86 casos e 03 casos de raiva felina, além de 02 óbitos humanos (BAHIA, 2003; BAHIA, 2004). 4 Estudos posteriores registraram que os fatores sócio-econômicos têm atuado como facilitadores para a dispersão do vírus em uma determinada área geográfica. Quanto menor a situação de desenvolvimento local, maior é a relação de aproximação observada entre homens e animais a e menores os cuidados sanitários tomados (MIRANDA, 2003). A maioria dos estudos que envolvem a raiva urbana tem características isoladas voltadas ao plano cartesiano do registro de casos humanos e caninos, deixando claro a necessidade da identificação dos fatores de risco e a delimitação das áreas de riscos, que permeie as ações específicas de prevenção. As geotecnologias, representadas pelo avanço tecnológico na área da informática e computacional vêm propiciando o desenvolvimento de programas para a representação da distribuição espacial das enfermidades através da viabilização da construção de banco de dados georreferenciados e sua análise conjunta, oferecendo uma nova perspectiva para o entendimento da dinamização dos processos que envolvem a cadeia epidemiológica de doenças das mais diferentes etiologias. Vêm assim, permitindo a construção de cenários, que ao exibir a sua espacialização, proporciona a identificação de fatores que, isolados ou em associações, possam vir a ser responsabilizado pelos diferentes agravos à saúde (BAVIA, 1996). Essas tecnologias podem ser definidas como um conjunto de “ferramentas” para coleta de dados, tratamento, manipulação e apresentação de informações espaciais georreferenciadas que tem como característica principal à identificação de fatores de risco e, através das similaridades, a delimitação das áreas de risco (BAVIA, 2000). O geoprocessamento está em fase de grande expansão em todo o mundo, constituindo-se num ambiente tecnológico valioso para as mais diversas áreas de conhecimento e de atuação sobre os meios físico e social. Dentre as inúmeras aplicações destacam-se, tanto em nível nacional quanto internacional, as áreas do planejamento urbano e regional, da saúde pública, da agricultura, da análise ambiental, da análise sócio-econômica, dos transportes, das comunicações, da energia e mesmo das áreas de ensino e pesquisa (PAREDES, 1994; RODRIGUES, 1990). 5 Levando-se em consideração que na cidade de Salvador, Bahia, o número de casos de raiva canina urbana vem se mantendo alto e que os casos de óbitos entre seres humanos têm sido registrados com freqüência considerável, esse trabalho tem como objetivo a utilização das técnicas de geoprocessamento para o estudo da distribuição espacial dessa endemia, a identificação dos seus principais fatores de risco e delimitação de suas áreas, objetivando contribuir com os principais órgãos formuladores de políticas de controle e erradicação dessa doença. 6 2 REVISÃO DE LITERATURA 2.1 RAIVA 2.1.1 HISTÓRICO Na antiguidade duas correntes de interpretações imperavam sobre as causas das enfermidades. A de caráter religioso vista pelos assírios, egípcios, hebreus e outros povos da região e a do possível desequilíbrio entre os elementos que compõem os organismos humanos, defendida pelos hindus (BARATA, 1985). A raiva tem sido uma das enfermidades cuja descrição da história natural se mantém com o passar dos séculos. O conceito de transmissibilidade através da saliva dos cães, sua capacidade de infecção, e a utilização da palavra virus para definir o material infeccioso, descrito pelos gregos, são paradigmas aceitos até nossos dias (SCHNEIDER & SANTOSBURGOA, 1994). Segundo esse mesmo autor, a raiva era citada por historiadores da Antigüidade e pela literatura médica em épocas distintas, como uma enfermidade dos mamíferos carnívoros. Sugere também, que o quadro clínico da doença seja talvez, o responsável pela mesma ter sido, tão amplamente, descrita em tempos remotos. Demócrito em 500 a.C. (STEELE, 1975), Aristóteles (THEORODIDES, 1986), Luciano (BAER, 1975) e outros registraram pela primeira vez a propagação da raiva através da mordedura de cães. Já na Grécia antiga, era reconhecida a cauterização de feridas causadas por animais raivosos (THEORODIDES, 1986); sendo este tratamento mantido até o descobrimento das vacinas (SCHNEIDER & SANTOS-BURGOA, 1994). Na mitologia grega, Homero se refere à raiva na Ilíada quando menciona que "Sírius", a constelação perto de Orion, exerce uma influência maligna sobre a humanidade. A estrela Sírio se associava com cães raivosos, através do Mediterrâneo Oriental, Egito e Roma. Também escreve Homero que o invencível Hector era um cão raivoso (RADOT, 1942). Para os gregos, nesta época, a Deusa Artemisa era a protetora da raiva e o Deus Artiste, filho de Apolo, era responsável pelo combate do efeito da raiva (STEELE, 1975). 7 Na Antigüidade, Plínio e Ovídio atribuíram como causa da raiva a presença do verme da língua do cachorro. Naqueles tempos se cortava o freno da língua do animal e se extirpava uma prega na qual poderia estar o verme (SCHNEIDER & SANTOS-BURGOA, 1994). Esta teoria permaneceu até a descoberta da vacina contra a raiva por Pasteur há mais de um século, desde quando a situação epidemiológica desta enfermidade vem mudando (SCHNEIDER, 1996). O primeiro grande surto de raiva foi descrito na França em 1271, quando uma vila foi atacada por lobos raivosos. Em 1500, a Espanha estava assolada pela presença de raiva canina, o mesmo acontecendo em 1614 na cidade de Paris e assim em quase toda a Europa central. Com o surgimento do surto de raiva canina na cidade de Londres de 1752 a 1762, foi ordenado o sacrifício de todos os cães vadios. Para tal o governo incluiu o pagamento de uma recompensa por animal morto, originando num massacre destes animais. Esta prática foi também utilizada em localidades como Madrid, onde foram exterminados 900 cães em um único dia. Já, na Inglaterra, em 1779, por medidas preventivas, não se permitia que pessoas menos abastadas criassem cães (STEELE, 1975). 2.1.2 AGENTE ETIOLÓGICO ACHA & SZYFRES (2003) caracteriza a raiva como uma doença representada por uma encefalite aguda seguida de morte, causada por cepas de vírus RNA do gênero Lyssavirus, família Rhabdoviridae. Com uso de Técnicas de Biologia Molecular sete genótipos foram isolados: Rabies Virus (RV), Lagos, Mokola, Duvenhage, EBL1, EBL2 (European Bat Lyssavirus), ABL (Australian Bat Lyssavirus) (LYCZAK, 2001). A partícula viral, em forma de bala baciliforme, é termolábil e sobrevive a 4 horas a temperatura de 40 ºC, 35 segundos a 60 ºC, 24 horas na saliva e é estável por vários dias a temperatura de 4 ºC. O vírus pode ser inativado em soluções com valores de pH abaixo de 4 e acima de 10, agentes oxidantes, solventes orgânicos, detergentes, enzimas proteolíticas, raiosX e radiação ultravioleta (http://www.pasteur.saude.gov.br/raiva, 2005). 8 Vírus RNA são os organismos com evolução mais rápida, produzem uma população diversificada de cepas, prontas para explorar condições adversas ou escapar do sistema imunológico do hospedeiro. Esta propriedade coloca os vírus RNA entre os mais perigosos patógenos. Devido a essa característica BELLOTO (2000) considerou, em seu trabalho, todas as espécies de mamíferos susceptíveis aos vírus da Raiva. 2.1.3 MECANISMO DE TRANSMISSÃO A transmissão do vírus da raiva, contido na saliva do animal infectado, se consolida principalmente pela mordedura e, mais raramente, pela arranhadura e lambedura de mucosas. A transmissão pode ainda se dar, mesmo que raramente, através das vias: respiratória, sexual, digestiva (em animais). A literatura relata casos de transmissão inter-humana através de transplante de córnea (BRASIL, 2005). Um artigo publicado recentemente por DIETZSCHOLD & KOPROWSKI (2004) onde descreveram a transmissão do vírus da raiva a quatro pacientes que receberam de um único doador vários órgãos como fígado, pulmão e rim. Fonte: Instituto Pasteur, 2005 FIGURA 1. Mecanismo de Transmissão da Raiva 9 2.1.4 RESERVATÓRIOS Os principais transmissores da Raiva no mundo são: mangustos e chacais na África; raposas na Europa, Canadá e regiões árticas e subárticas; lobos no oeste da Ásia; gambás e guaxinins nos EUA; morcegos hematófagos na América Latina e Caribe; saguis no estado do Ceará Brasil. GERMANO (1994) e SCHNEIDER (1996) acreditam que em áreas urbanas o cão é o principal reservatório e fonte de infecção da moléstia, principalmente quando ocorre falhas nas medidas de controle cujo objetivo é interromper a cadeia de transmissão da doença. Desse modo, epizootias urbanas podem surgir e colocar em risco extensos segmentos populacionais, de modo particular aqueles que habitam áreas periféricas de cidades do terceiro mundo, onde cães errantes se reproduzem com rapidez e vivem em situação de grande proximidade com seres humanos. (OPAS, 1995; SCHNEIDER, 1996). A OMS (1992), classifica os cães em quatro tipos: Cão com dono ou supervisionado ou controlado: domiciliados, vacinados, e alimentados em casa à saída depende do proprietário com coleira ou guia com força para levá-lo; Cães da família: alimentação e abrigo, porém sem restrição quanto à locomoção; Cães da vizinhança ou comunitário: convive no meio onde as pessoas lhe dão restos de alimentos; Cães errantes, selvagens ou feras: são independentes e sem controle. Sendo que os três últimos apresentam maior importância do ponto de vista epidemiológico na transmissão dessa doença. 2.1.5 PERÍODO DE INCUBAÇÃO O Período de Incubação da doença é extremamente variável, podendo levar de dias a anos (BRASIL, 2005), sendo descrito por KRAUSE et al (2005) um período de quatro semanas em humanos, variando em média de 20 a 60 dias. Entretanto, a doença é fulminante dentro de cinco a seis dias após o aparecimento dos sintomas. Porém, em cerca de 1 a 3% dos casos o período de incubação é maior que seis 10 meses. Há relatos de casos confirmados de raiva, que aconteceram sete anos após exposição, sendo as razões ainda desconhecidas (PLOTKIN, 2000). Em crianças, existe uma tendência para um período de incubação menor que no indivíduo adulto. Já no cão o período varia de 10 dias a dois meses (BRASIL, 2005). O período de incubação está intrinsecamente ligado à localização e gravidade da mordedura, arranhadura, lambedura ou contato com a saliva de animais infectados. Proximidade de troncos nervosos e áreas do corpo com densidade em terminações nervosas, concentração de partículas virais inoculadas são fatores intervenientes da gravidade da infecção (BRASIL, 2005). 2.1.6 PERÍODO DE TRANSMISSIBILIDADE De acordo com o Guia de Vigilância Epidemiológica do Ministério da Saúde - FUNASA (BRASIL, 2005) a eliminação de vírus pela saliva dos cães e gatos se dá de dois a cinco dias antes do aparecimento dos sinais clínicos, persistindo durante toda a evolução da doença. A morte do animal ocorre, em média, entre cinco a sete dias após a apresentação dos sintomas. Em relação aos animais silvestres, há poucos estudos sobre o período de transmissão, sabendo-se que varia de espécie para espécie. No caso específico dos quirópteros, esses podem albergar o vírus da raiva por longo período, sem sinais clínicos aparentes. 2.1.7 PATOGENIA Após a agressão, o vírus da raiva pode alcançar, diretamente, as terminações nervosas sensoriais e/ou motoras, ou permanecer algumas horas nas células musculares estriadas do tecido atingido, onde haverá um processo de amplificação viral, que propiciará a infecção dos nervos periféricos (TSIANG, 1988). Em uma pesquisa realizada por SWAMY et al (1991), foi feita referência que a replicação viral continua no tecido muscular em estágios ulteriores da infecção. O genoma viral é transportado no interior do axoplasma dos neurônios, centripetamente, à razão de 50 a 100 mm por dia, até alcançar o Sistema Nervoso Central (SNC) (TSIANG, 1988). 11 Uma vez alcançado o SNC, o vírus atinge diferentes porções do cérebro e dissemina-se, centrifugamente, para todos os tecidos do hospedeiro (GERMANO et al, 1990). A virulência do vírus depende muito mais de sua integridade, do que propriamente do nível de disseminação ou de distribuição topográfica da infecção. Por outro lado, tem-se como certo que os sinais clínicos, tais como ataxia ou depressão, são conseqüências do efeito direto do vírus na função das células neurais (TOLLIS et al, 1991). A infecção do sistema límbico, responsável pelo comportamento e, conseqüentemente, pela agressividade manifestada pelos hospedeiros durante a doença, bem como a infecção das glândulas salivares, através da qual existe a eliminação de grande quantidade de vírus, são fatores fundamentais para a transmissão da raiva na natureza (GERMANO, 1994). 2.1.8 SINAIS CLÍNICOS Os primeiros sinais de doença não são específicos: febre, ansiedade e mal-estar. Freqüentemente há prurido severo no local da mordida. Depois de dois a 10 dias, ocorrem manifestações neurológicas, variando de hiper atividade a paralisia. A doença normalmente é dividida em: encefalite e formas paralíticas. Na forma anterior, sinais de irritação do Sistema Nervoso Central predominam incluindo: agitação, confusão, hidrofobia, aerofobia, hiperventilação, hipersalivação, priapismo e convulsões (PLOTKIN, 2000). Dentro de dois a 12 dias se inicia o coma e depressão cardio-respiratória em humanos. KRAUSE et al (2005) relataram a persistência dos sinais clínicos por um período de 27 dias. Um punhado de recuperações de raiva foi reivindicado, embora estas recuperações estejam associadas a outras incapacidades neurológicas severas e quase sempre ocorre em pacientes com esquema vacinal incompleto. Além disso, não se tem conhecimento de nenhum tratamento de pessoas ou animais que apresentaram os sintomas da raiva e foram curadas (PLOTKIN, 2000). 2.1.9 DIAGNÓSTICO 2.1.9.1 DIAGNÓSTICO CLÍNICO 12 Nas últimas décadas deste século, os avanços tecnológicos das ciências biológicas, notadamente a biologia molecular e a imunologia, permitiram aprofundar os conhecimentos sobre o vírus rábico, a patogenia e a imunoprofilaxia da infecção, assim como o desenvolvimento de métodos diagnósticos mais sensíveis e específicos (GERMANO, 1994). Para PLOTKIN (2000) a suspeita clínica é essencial para diagnóstico rápido da raiva. Porém, essa moléstia pode ser confundida com diversas doenças de origem nervosa dentre elas, encefalites de origem desconhecida, particularmente quando pacientes apresentam um histórico de mordida de animais e sinais de distúrbios neurológicos na ausência de coma. Além disso, sinais de hiperventilação, hipersalivação, aerofobia e hidrofobia fazem parte também do quadro clínico. Paralisia flácida e parestesia localizada podem compor também sinais de Raiva. Clinicamente, a raiva humana pode ser confundida com poliomielites e outras encefalites virais e a Síndrome de Guillain-Barré. Na última forma, há envolvimento sensorial, ausência de febre, e ausência de sinais de encefalite em pacientes oxigenados. 2.1.9.2 DIAGNÓSTICO LABORATORIAL O diagnóstico pós-mortem, segundo LYCZAK (2001), é relativamente fácil e baseado na demonstração de antígenos virais em tecido celular pela técnica de imunoflorescência ou ELISA, e mais recentemente, pela demonstração do RNA viral através da análise da Transcriptase Reversa (RT)-PCR. Técnicas histológicas podem ser utilizadas como a análise de inclusões intracitoplasmáticas (Corpúsculos de Negri), no entanto, poderão apresentar resultados falso-positivos e falso-negativos. Isolamento viral em cultura de células ou em animais é utilizado como técnica confirmatória, porém requer um tempo maior. 2.1.10 MEDIDAS DE CONTROLE O Programa de Profilaxia da Raiva, criado em 1973 pelo Ministério da Saúde (MS), prevê como principal medida de controle da doença, a vacinação em massa de cães e gatos com o objetivo de se deter o ciclo de transmissão do vírus. Concomitante à vacinação animal observa-se a descentralização do tratamento humano. O controle da circulação do vírus é realizado através da captura de cães errantes e observação de animais agressores, e monitorado através de exames laboratoriais específicos para a detecção do vírus rábico (MIRANDA, 2003). 13 No Guia de Vigilância Epidemiológica do Ministério da Saúde – FUNASA (BRASIL, 2005) determina que para uma boa vigilância da raiva os dados epidemiológicos são essenciais tanto para os médicos, para que seja tomada a decisão de tratamento pós-exposição, como para veterinários que devem adotar medidas relativas ao animal. O controle da raiva em cães tem sido feito basicamente através de três medidas: vacinação em massa, restrições de movimento e controle de cães de rua. Tais medidas têm sido eficientes, na maioria dos paises desenvolvidos, desde a década de 40, resultando no controle relativamente eficiente e, em alguns casos, eliminação da raiva humana e canina. No entanto, na maioria dos países em desenvolvimento, o controle da raiva urbana não tem sido eficiente permitindo a sua dispersão e aumento da morbi-mortalidade (PERRY, 1993). Obstáculos logísticos como: acesso à vacina, fatores educacionais, econômicos, sociais e mesmo culturais que influenciam a decisão do proprietário em permitir que seu cão seja vacinado, fazem as medidas, relativamente simples de controle, se tornarem de difícil implementação (WANDELER et al., 1988; CHOMEL et al, 1988). Razões como estas, levaram a Organização Pan-Americana da Saúde (PAHO, 1999) a classificar as áreas de risco com transmissão da raiva por cães e gatos em "risco nulo ou ausente", "baixo risco", "médio risco", e "alto risco" definidas das seguintes formas: Risco nulo ou ausente: ausência de casos caninos e/ou felinos nos últimos três anos, cobertura vacinal >75%, controle de cães errantes nos maiores centros urbanos, ausência de raiva canina e/ou felina nas áreas limítrofes, observação de animais agressores e envio de amostras de animais suspeitos, atendimento anti-rábico humano e presença de fatores ambientais naturais ou artificiais que dificultem a propagação do vírus. Baixo risco: ausência de raiva canina ou felina autóctone nos últimos três anos, ou raiva canina e/ou felina diagnosticada com realização de medidas de controle (bloqueio e controle dos contatos humanos e animais) e não ocorrência de casos secundários; cobertura vacinal > 75%, controle de cães, observação de animais agressores, presença de raiva canina e/ou felina nas áreas vizinhas, observação de animais agressores e envio de amostras de animais suspeitos, atendimento anti-rábico humano e presença de fatores ambientais naturais ou artificiais que dificultem a propagação do vírus. 14 Médio risco: ausência de raiva canina ou felina nos últimos três anos, cobertura vacinal < 75%, ausência de amostras canina e/ou felina nos últimos três anos, ausência de controle de cães vadios com observação de animais agressores, presença de raiva canina e/ou felina nas áreas vizinhas, presença de raiva canina e/ou felina com realização de medidas de controle (bloqueio de foco e controle dos contatos humanos e animais), atendimento anti-rábico humano e presença fatores ambientais que facilitem a propagação e/ou manutenção do vírus. Alto risco: presença de raiva canina e/ou felina autóctone e persistente por mais de um ano com confirmação laboratorial, cobertura vacinal < de 75%, ausência de outras medidas de controle, atendimento anti-rábico humano ineficaz e presença fatores ambientais que facilitem a propagação e/ou manutenção do vírus. 2.2 GEOPROCESSAMENTO Uma das formas de se conhecer, mais detalhadamente as condições de saúde da população vem sendo através do uso de mapas georreferenciados, que permitem observar a distribuição espacial da doença e suas áreas de risco (BAVIA, 1996). A abordagem espacial permite a integração de dados sócio-econômicos, demográficos e ambientais, promovendo o interrelacionamento das informações de bancos de dados diversos. Sendo assim, é imprescindível, que as informações sejam localizáveis, fornecendo elementos para construção de uma cadeia explicativa dos problemas do território e aumentando o poder de direcionamento de ações específicas intersetoriais (CARVALHO, 2003). A utilização de mapas e a preocupação com a distribuição geográfica de diversas doenças são bastante remotas. Esta concepção originou-se com o médico inglês John Snow, ao tentar solucionar o problema de morbi-mortalidade por cólera em 1850 em Londres na Inglaterra, mapeando a procedência das pessoas envolvidas no processo epidêmico. Desta maneira pode verificar que as mesmas se concentravam em uma área geográfica determinada, cujo abastecimento de água estava contaminada pelo víbrio colérico. A substituição de mapas cartográficos manuais por representações digitais, permite ampliar de forma significativa o volume de dados a serem trabalhados (BAVIA, 1996). 15 A expressão Geoprocessamento surgiu com a introdução dos conceitos de manipulação de dados espaciais georreferenciados dentro de sistemas computadorizados, através de ferramentas denominadas de Sistemas de Informações Geográficas (SIG), (BURROUGH & MCDONELL, 1998). De acordo com RODRIGUES (1990), o geoprocessamento é conceituado como “a tecnologia de coleta e tratamento de informações espaciais e de desenvolvimento de sistemas que as utilizam”. ROCHA (2000) considera o geoprocessamento uma tecnologia transdisciplinar que através da localização e do processamento de dados geográficos, integram várias disciplinas, programas, equipamentos, dados, metodologias, entidades e pessoas para coleta, tratamento, manipulação, análise e apresentação de informações espaciais associadas a mapas digitais georreferenciados. O geoprocessamento, também conhecido como geotecnologia, é um conjunto de técnicas de processamento de dados que engloba tecnologias de digitalização da informação, conversão de dados, modelagem digital do terreno, processamento de imagens, posicionamento e os de informação geográfica, a partir de programas computacionais, destinadas a extrair informações ambientais a partir de uma base de dados georreferenciada (APARÍCIO, 2001; ROCHA, 2000). É relativamente recente o uso do geoprocessamento, como instrumento de análise na área da epidemiologia, mas a sua utilização significou um passo qualitativo importante na pesquisa em disciplinas básicas da saúde pública (HUGH JONES, 1989; BAVIA, 1996; GURGEL, 2003). BARCELLOS & BASTOS (1996), afirmaram que a utilização do geoprocessamento tem viabilizado a reunião de bancos de dados ambientais, epidemiológicos, e sócio-econômicos em uma base cartográfica digitalizada e georreferenciada. A interpretação dos resultados de associações entre as variáveis irá depender, entretanto, da qualidade dos dados que alimentaram o sistema e o desenho do sistema de geoprocessamento. A escolha da escala e do objeto de análise precede a concepção do sistema condicionando os resultados (MALONE, 2001). 16 Na área da saúde, a integração de várias tecnologias de geoprocessamento, tornou possível a análise e manipulação de bancos de dados epidemiológicos existentes, com informações de cunho ambiental, bacias hidrográficas, áreas florestais, tipos de solo, topografia, vegetação, climatologia, etc (GURGEL, 2003). Recentemente, diversos trabalhos têm demonstrado a utilidade das geotecnologias, na identificação e monitoramento das variáveis ambientais, demográficas e sócio-econômicas, associadas às variações da incidência de doenças infecciosas e parasitárias como: o estudo da Tsé-tsé (ROGERS & WILLIAMS, 1993; ROBINSON, 1998), Esquistossomose (BAVIA, 1996, MALONE, 1997); Acidentes Escorpiônicos (BARBOSA, 2002); Leishmanioses (MIRANDA et al., 1998; CAMARGO-NEVES, 2001; WERNECK & MAGUIRE, 2002, CARNEIRO et al, 2004, BAVIA et al, 2005); Raiva (DIAS, 2001). Nos dias atuais, a origem das doenças pode ser georreferenciada e plotadas em mapas digitalizados e georreferenciados. Várias técnicas de geoprocessamento podem ser utilizadas para localizar geograficamente a presença de qualquer doença que se queira estudar e no decorrer do tempo, seguir o seu movimento, e modificações em sua incidência e prevalência. Desta forma o geoprocessamento vem sendo utilizado como mais uma ferramenta, por profissionais da área de Saúde Pública, na busca de informações cujos benefícios vão envolver a vigilância, modelagem de risco, a análise e a prevenção dos agravos à saúde do homem e animais (APARÍCIO, 2001). 2.2.1 SISTEMA DE INFORMAÇÕES GEOGRÁFICAS (SIG) O Sistema de Informação Geográfica (SIG) surgiu a mais de três décadas e tem-se tornado ferramenta valiosa nas mais diversas áreas de conhecimento. Os primeiros SIG que se tem notícia surgiu em 1964 no Canadá (Canadá Geographic Information System), com intuito de criar um inventário automatizado de recursos naturais, tendo como principal objetivo o planejamento de recursos naturais e uso do solo (SILVA, 1999). O SIG pode ser definido como um sistema computacional, que envolve “softwares” específicos, para serem utilizados no armazenamento, captura, manipulação e análise de dados georreferenciados. Esse sistema vem se desenvolvendo e se aperfeiçoando nas últimas 17 duas décadas sendo aceitos como ferramentas imprescindíveis para a manipulação das informações de caráter epidemio-geográfico, já que permitem reunir uma grande quantidade de dados convencionais de caráter espacial, estruturando-os adequadamente. Essencialmente, são compostos por um sistema gerenciador de banco de dados georreferenciados e permitem a realização de análises espaciais complexas através da rápida formação e manipulação de cenários que propiciam a administradores e planejadores em geral, subsídios para a tomada de decisões. É considerado um instrumento potente de análise, ao contemplar um universo amplo e qualitativo de opções nas avaliações e simulações dos referidos cenários (HUGH-JONES, 1989; TIM, 1995; PINA, 1999; BAVIA et al., 2001). Uma das principais características do SIG, segundo ROCHA (2000), é a sua capacidade de inserir e integrar informações espaciais oriundas de dados cartográficos, dados censitários e cadastro urbano e rural, redes e modelos numéricos de terreno e imagens de satélite numa única base, oferecendo mecanismo para combinar as várias informações, através de algaritimos de manipulação e análise, bem como para consultar, visualizar, recuperar e plotar o conteúdo da base de dados georreferenciados (FIGURA 2). Segundo BAVIA et al. (2001), o Sistema de Informações Geográficas é constituído por um sistema de dados computadorizados com capacidade para processar uma grande quantidade de informações referente a uma determinada área geográfica e proceder ao armazenamento, à análise, a manipulação, realizar cruzamentos de informações, interação de múltiplas variáveis e exposições integradas ou isoladas de dados, possibilitando também a simulação de sistemas capazes de predizer eventos e responder a questionamentos de inúmeras pesquisas. O impacto do SIG tem sido amplamente sentido em todas as áreas que utilizam esta tecnologia, como no gerenciamento de recursos, planejamento do uso do solo, transporte, marketing, ciência geográfica, combate a crimes, planejamento de ações para a vigilância e prevenção de doenças. Na administração ambiental o SIG tem sido intensamente utilizado no estudo do impacto ambiental direcionando ações dos agentes de saúde publica (TIM, 1995). Esta tecnologia pode ser também aplicada no planejamento de grandes centros urbanos, sendo muito importante à obtenção de uma visão integrada sobre os diversos sistemas que compõem a malha urbana, incluindo redes de luz, esgotamento, água, lotes, mananciais e equipamentos 18 urbanos. O conjunto destas informações originará uma grande gama de dados que devem ser gerenciados eficientemente (BRASIL, 1993). INCIDÊNCIA DA DOENÇA BASE CARTOGRÁFICA GPS DADOS SÓCIOECONÔMICOS DADOS SOBRE A DOENÇA MUNDO REAL FIGURA 2 – A Essência do SIG Segundo PINA (1999), os dados gráficos são organizados em forma de planos de informação (layers), na maioria dos programas de SIG, ou seja, como uma série de camadas cada uma das quais contendo feições gráficas relacionadas funcionalmente. Cada camada, a qual representa um tema ou uma classe de informação, é um conjunto de feições homogêneas que estão 19 relacionadas posicionalmente às outras camadas, através de um sistema de coordenadas comum. Os planos de informação são organizados de acordo com o interesse da pesquisa, por exemplo: dados edafoclimáticos, topográficos, dados de vegetação, hidrologia, etc. Esta organização irá caracterizar a estratificação das informações em camadas ou níveis diferentes, permitindo a flexibilidade e eficiência no acesso. No meio científico, o SIG vem contribuindo para o desenvolvimento de planos de trabalho, compartilhando conhecimentos, auxiliando o acesso de médicos e cientistas no estudo e controle da Esquistossomose (MALONE et al., 2001; BAVIA et al., 2001; ABDELRAHMAN, 2001, YANG et al, 2005; LEONARDO et al, 2005), Tripanossomíase (ROBINSON, 1998), Theileria parva dos bovinos (LESSARD, 1990); Doença de Lyme (GLASS, 1994), Acidentes Escorpiônicos (BARBOSA, 2002), Fascioloses (FUENTES et al., 2001), Malária (KITRON, 1992; LEONARDO et al, 2005); Leishmaniose Visceral Americana (MAGUIRE et al., 1996; CAMARGO-NEVES, 2001, CARNEIRO et al, 2004; BAVIA et al, 2005); Raiva (CURTIS, 1999; DIAS, 2001); Oncocercose (GEBRE-MICHAEL et al, 2005). 2.2.2 DIGITALIZAÇÃO DE MAPAS CARTOGRÁFICOS A digitalização cartográfica baseia-se no processo de transferência das informações gráficas em papel para o formato digital. Este tarefa pode ser realizada manualmente através de uma mesa digitalizadora ou instrumento fotogramétrico, ou o processo automático utilizando o scanner (ROCHA, 2000). Os equipamentos utilizados devem ser adequados ao tipo de digitalização desejada. É necessário para a digitalização manual o uso de Mesas Digitalizadoras, o Scanner para a digitalização automática e os Restituidores Digitais usados para restituição de modelos aerofotogramétricos (PINA, 1999). 2.2.3 SISTEMA DE POSICIONAMENTO GLOBAL – GPS De acordo com GORGULHO (2001), o Sistema de Posicionamento Global – GPS, é um sistema eletrônico sofisticado de navegação, baseado em uma rede de satélites que permite a 20 localização imediata, em qualquer ponto do globo terrestre, e a depender do equipamento com uma precisão quase perfeita. Consiste em um sistema complexo de satélites em órbita ao redor da terra, de estações rastreadoras localizadas em diferentes pontos da terra e dos receptores GPS manipulados pelo usuário. O sistema GPS é composto por 26 satélites, lançados pelos Estados Unidos para proporcionar a navegação por triangulação de ondas de rádio. Estão distribuídos em 6 órbitas planas, cada plano possui uma inclinação de 55º em relação ao Equador, estando a cerca de 20.200 Km de altitude. Cada satélite tem um período útil de doze horas sobre o horizonte. Esse arranjo garante que a qualquer momento, pelo menos cinco satélites estejam sobre o céu do receptor de um usuário em qualquer ponto do mundo (ASHJAEE, 1986; ROCHA, 2000). O sistema GPS foi projetado no início da década de 60, pelo Departamento de Defesa Americano para fins militares. Posteriormente, em 1995 tornou-se disponível para a comunidade civil, entretanto os aparelhos sofriam a interferência de um erro artificial chamado de “disponibilidade seletiva”. Este dispositivo foi retirado em 01/05/2000 e a precisão dos aparelhos que era em torno de 100 metros, passou em média para 8 a 10 metros ANDRADE & BLITZKOW (1990). Para GORGULHO (2001) o GPS tem sido muito requisitado, nos últimos anos nos serviços de Geoprocessamento, na etapa de coletas de dados para coordenadas de posicionamento dos diversos objetos a serem mapeados (digitais e analógicos), bem como, efetuar ajustes de bases cartográficas distintas, especialmente quando utilizadas em Sistema de Informações Geográficas. O GPS vem também, sendo utilizado em um grande número de projetos e suas aplicações estão sendo intensificadas, principalmente nos serviços de cadastro e manutenção que visam elaborar e monitorar cartas temáticas; nas capturas de dados para monitoramento do meio ambiente; nas localizações para resgate sendo particularmente útil em áreas florestais, rurais e desérticas onde as navegações visuais por marcos (referências) em terra são escassas; nos monitoramentos de abalos sísmicos; na agricultura de precisão, promovendo a diminuição dos custos da produção, bem como o aumento da lucratividade e produtividade; nas prevenções de acidentes; na área da saúde utilizadas para referenciar posições e, a exemplo do que vem sendo feito por muitos pesquisadores internacionais, no nosso meio, essa tecnologia vem sendo utilizada, com sucesso, na identificação e delimitação de áreas de risco de diferentes tipos de agravos à saúde (MIRANDA et al., 1998; BERGQUIST, 2001; 21 CAMARGO-NEVES, 2001; CURTIS, 1999; DIAS, 2001; OLIVEIRA, 2001; BARBOSA, 2002; BAVIA et al., 2002; CARNEIRO et al, 2004; BAVIA et al, 2005). 22 3 ARTIGO CIENTÍFICO Geoprocessamento no estudo da Raiva Urbana em Salvador. (Geotechnologies for assessing urban rabies in Salvador, Bahia, Brasil) 1 RIBAS, J. R. L.; 2BAVIA, M. E.; 3SILVA, C. E. P.; 4 MASCARENHAS, M.T.V.L.; 5 1 SANTOS, A.C.B.; 5MATOS, S. A. Aluno de pós-graduação (Mestrado em Medicina Veterinária Tropical – UFBA); 2Prof. Dr. Escola de Medicina Veterinária (UFBA); 3Professor Faculdade de Tecnologia e Ciências; 4 Médica Veterinária ADAB/Professora de Epidemiologia e Zoonoses – UNIME; 5Estudantes de graduação em Geografia e-mail: [email protected] RESUMO Raiva, antropozoonose 100% letal, foi tema deste trabalho que teve como objetivo analisar a sua distribuição no município de Salvador, Bahia, utilizando tecnologias de geoprocessamento e contribuindo com os órgãos responsáveis para seu controle. Foram estudados 300 casos de raiva urbana animal e 13 em humanos. No período de janeiro/1992 a agosto/2004, o cão foi o único responsável pela transmissão da doença. Fatores sóciodemográficos como renda familiar, escolaridade, idade e esgotamento sanitário, apresentaram relação inversa com a ocorrência da patologia e, mostram 4 áreas de limites distintos em Salvador, onde 84% da população humana encontra-se sob risco de infecção. A delimitação de 3 áreas de risco, de acordo com a dispersão de casos mostrou que a doença depende dos fatores renda familiar, escolaridade e idade. O SIG permitiu a manipulação, espacialização e visualização dos dados, sendo fundamental para a análise da situação epidemiológica evidenciada. Palavras Chave Raiva Urbana, Raiva Canina, Saúde Pública, Geoprocessamento. 23 SUMMARY Three hundred cases of urban animal rabies and thirteen human cases were studied using geotechnologies with the purpose of assessing the spatial distribution of the disease and identify risk areas, in Salvador municipality. As rabies is a deadly infection, this work aims to contribute for decision makers on the preparation of Rabies Control Programs. Socio demographics variables such as family income, level of education, age, sanitary installations, have shown an inverse relationship with the disease and its occurrence (p<0,05). Due to this, Salvador is divided into four distinct areas where 84% of the total human population is under the risk of infection. The disease dispersion was not homogeneous in all geographic area of study. The GIS systems helped visualize the spatial distribution of urban rabies in human and positive animals in Salvador, Bahia in a period from January 1992 to August 2004. This technology contributed in classifying and drawing limits between the risks areas of infection. The level of independence of the disease occurrence, in relation to all socio demographics variables studies classified as on risk was statistically observed at p < 0,05. The use of geotechnologies, GIS in specific, showed to be fundamental to accomplish studies with high volume of data and allowed us to draw descriptive maps derived from or data collection and analysis. Keyboard Urban rabies, Canine rabies, Public Health, Geotechnology 24 INTRODUÇÃO A raiva é uma doença de curso fatal causada pelo vírus de RNA do gênero Lyssavirus da família Rhabdoviridae de evolução rápida e com várias cepas tornando-o um dos mais perigosos entre os patógenos e que acomete um grande número de mamíferos em todo o mundo (ACHA & SZYFRES, 2003). O Período de Incubação da doença é extremamente variável, podendo levar de dias a anos e a transmissão do vírus da raiva, contido na saliva do animal infectado, se consolida principalmente pela mordedura e, mais raramente, pela arranhadura e lambedura de mucosas (BRASIL, 2005). No caso da raiva, a mais temida entre todas as zoonoses (MIRANDA, 2003), a crescente urbanização, verificada em todo o mundo, particularmente no terceiro mundo, diminuiu o interesse pela teoria dos focos naturais (PRACONTAL, 1995). Os constantes registros de mortalidade humana e animal na área urbana, atribuídos à raiva levam pesquisadores como GERMANO (1994), a atribuir a doença um caráter imbatível pela sua própria essência, em muitos lugares do mundo, tornando-se num constante desafio. Porém, um fato permanece claro: a erradicação da raiva humana depende, fundamentalmente, do controle da raiva animal, principalmente dos canídeos, por integrarem a cadeia de transmissão da doença como responsáveis diretos pelo estabelecimento da endemia. Segundo a O.M.S. (1994), o vírus da raiva é responsável por óbitos anuais da ordem de 35.000 a 50.000 pessoas em todo ano no mundo. KITALA (1990) estimou que 2,7 bilhões de pessoas habitam regiões onde a raiva canina atinge mais de 5% da população, sendo que 5,4 milhões recebem tratamento pós-exposição anualmente. BELLOTO (2000), relatou que a cada 10 ou 15 minutos morre uma pessoa acometida pelo vírus da raiva. A maioria dessas mortes ocorre em países em desenvolvimento onde a doença entre os canídeos é endêmica sendo os acidentes causados pela agressão desses animais o principal modo de transmissão (MESLIN, 1994). Nos centros urbanos dos países em desenvolvimento o cão é o principal reservatório da doença (O.M.S., 1992) responsável por 91% dos casos da doença entre os animais (FLORESIBARRA & ESTRELA-VALENZUELA, 2004). Por outro lado, na Europa e América do Norte, onde o programa de profilaxia está estabelecido, o vírus persiste predominantemente em espécie como: raposas vermelhas, quatis, gambás, chacais, e morcegos (O.M.S., 1992). . 25 Em estudos realizados pelo Ministério da Saúde entre os anos de 1992 e 2003, foi observado que cerca de 80 % dos casos de raiva humana, apresenta o cão como o principal responsável pelo aparecimento da doença, no nosso território (BRASIl, 2003). Estudos posteriores registraram que os fatores sócio-econômicos têm atuado como facilitadores para a dispersão do vírus em uma determinada área geográfica. Quanto menor a situação de desenvolvimento local, maior é a relação de aproximação observada entre homens e animais a e menores os cuidados sanitários tomados (MIRANDA, 2003). Nos países não industrializados da América Latina, Ásia e África, a raiva urbana vem sendo responsável, anualmente, por milhares de mortes, sendo grande parte representada por crianças, porém o Brasil não está entre os maiores coeficientes de mortalidade por raiva humana da América Latina (GERMANO, 1994). Em um estudo realizado entre os anos de 1986 e 2001 pelo Ministério da Saúde, a região Nordeste responde por 58,80% dos casos humanos seguida da região Norte com 20,85%, Sudeste com 10,80%, Centro-Oeste 9,40% e Sul 0,15% (BRASIL, 2005). No Brasil, a raiva é endêmica, em grau diferenciado de acordo com a região geopolítica. A região Nordeste responde por 58,80% de todos os casos humanos registrados de 1986 a 2001, seguida da região Norte com 20,85%, Sudeste com 10,80%, Centro-Oeste 9,40% e Sul 0,15% (BRASIL, 2005). Durante o período de 2003 a 2004, foram registrados na Bahia, 158 casos de raiva canina, 07 casos de raiva felina e 04 casos humanos, sendo a cidade de Salvador responsável por 54% de raiva canina, com 86 casos e 03 casos de raiva felina, além de 02 óbitos humanos (BAHIA, 2003; BAHIA, 2004). As geotecnologias, representada pelo avanço tecnológico na área da informática e computacional vem propiciando o desenvolvimento de programas para a representação da distribuição espacial das enfermidades através da viabilização da construção de banco de dados georreferenciados e sua análise conjunta, oferecendo uma nova perspectiva para o entendimento da dinamização dos processos que envolvem a cadeia epidemiológica de doenças das mais diferentes etiologias. Vem assim, permitindo a construção de cenários, que ao exibir a sua espacialização, proporciona a identificação de fatores que, isolados ou em 26 associações, possam vir a ser responsabilizado pelos diferentes agravos à saúde (BAVIA, 1996). Essas tecnologias podem ser definidas como um conjunto de “ferramentas” para coleta de dados, tratamento, manipulação e apresentação de informações espaciais georreferenciadas que tem como característica principal à identificação de fatores de risco e, através das similaridades, a delimitação das áreas de risco (BAVIA, 2000). O geoprocessamento está em fase de grande expansão em todo o mundo, constituindo-se num ambiente tecnológico valioso para as mais diversas áreas de conhecimento e de atuação sobre os meios físico e social. Dentre as inúmeras aplicações destacam-se, tanto em nível nacional quanto internacional, as áreas do planejamento urbano e regional, da saúde pública, da agricultura, da análise ambiental, da análise sócio-econômica, dos transportes, das comunicações, da energia e mesmo das áreas de ensino e pesquisa (PAREDES, 1994; RODRIGUES, 1990). Levando-se em consideração que na cidade de Salvador, Bahia, o número de casos de raiva canina urbana vem se mantendo alto e que os casos de óbitos entre seres humanos têm sido registrados com freqüência considerável, esse trabalho tem como objetivo a utilização das técnicas de geoprocessamento para o estudo da distribuição espacial dessa endemia, a identificação dos seus principais fatores de risco e delimitação de suas áreas, objetivando contribuir com os principais órgãos formuladores de políticas de controle e erradicação dessa doença. MATERIAIS E MÉTODO 1 Área de estudo O município de Salvador, localizado na região Nordeste do Brasil, na costa oriental da Baía de Todos os Santos, apresenta clima úmido e sub-úmido, com uma temperatura média anual de 25,3ºC, sendo composto por uma área total de 324,5 Km2 situado a 13º00´S e 38º30´W (Meridiano central 39ºW), com altitude média de 50 m. Segundo o censo demográfico (IBGE, 2000), a população é de 2.443.107 habitantes onde 99,95% vive em área urbana, e 0,05% na zona rural (http://www.ibge.gov.br/cidadesat/default.php). 27 2 Desenho de estudo e Coleta de Dados 2.1 Base cartográfica digitalizada Foi utilizada a malha de eixo de logradouros, que faz parte da base cartográfica SICAR/RMS produzida pela Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia, no ano de 2003. A malha de Zona de Informação (ZI) de Salvador, que é a setorização adotada pelo IBGE no total de 94 (FIGURA 4 a), foi também utilizada no trabalho, em virtude da inexistência de um limite formal para a unidade de bairros na cidade do Salvador. As informações cartográficas foram digitalizadas na escala de 1:2.000, projeção Universal Transversa Mercator – UTM, Zona 24, Meridiano Central 39ºW (CONDER, 2000). 2.2 Banco de dados Epidemiológicos O Banco de Dados Epidemiológico para os casos de raiva humana, canina e felina foi construído a partir dos indicadores epidemiológicos obtidos dos arquivos do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) do município de Salvador e Laboratório Central de Saúde Pública Professor Gonçalo Moniz (LACEN), no período de janeiro de 1992 e agosto de 2004 e complementado pelos dados sócio-demográficos, selecionados do censo demográfico do IBGE (2000). As seguintes informações foram registradas: localização do caso positivo; mês e ano de ocorrência; espécie animal infectada; raça; sexo; idade; período de tempo do animal na residência; agressão (se o animal foi agredido ou se foi o agressor); tipo de criação (domiciliado, semidomiciliado ou não domiciliado). Os dados sócio-demográficos selecionados estão relacionados às Zonas de Informações e compostos por: área da ZI (Km2); população humana; número de domicílios, abastecimento de água; esgotamento sanitário; coleta de lixo; níveis de instrução média; renda e faixa etária da população humana. 2.3 Georreferenciamento dos Dados Os endereços dos casos de raiva canina, felina e humana foram fornecidos pelo CCZ de Salvador e LACEN. Cada endereço foi visitado e georreferenciado através do uso do GPS (Global Position System) – (GPS TRACKER, MAGELLAN – 12 canais). 28 2.4 Tabulação das Informações (Composição Final do Banco de Dados Epidemiológico Sócio-econômico Digitalizado e Georreferenciado) Todas as informações obtidas nos itens 2.2 e 2.3 foram tabuladas em Excel 2000 e transferidas para o Sistema de Informações Geográficas (SIG), através do “software” Arc View 3.3 (Environmental Systems Research Institute, Inc.) (ESRI, 1996). 3 Montagem do Sistema de Informações Geográficas – SIG Sobre a Base Cartográfica Digitalizada (item 2.1), foram plotadas as informações do item 2.3 e com o auxílio do “software” ArcView 3.3, foi feito o acoplamento (link) dessas informações ao Banco de Dados Epidemiológico Georreferenciado (item 2.4). 4 Análise estatística Os dados foram analisados com uso dos “softwares” SPSS® V 13.0 (Statical Package for the Social Sciences) (NORUSSIS, 2004) para a análise univariada através do cálculo da freqüência dos dados epidemiológicos e para a análise multivariada foi feita correlação de Pearson e Análise de Variância. As áreas de risco foram classificadas através de quartis em relação ao número de casos. Foi utilizado ainda o “software” R® V 2.1.1 (The R Foundation for Statistical Computing, 2005) para análise e agrupamento das ZI de acordo com as variáveis sócio-demográficas. RESULTADOS Através das técnicas de geoprocessamento e com o auxílio do “software” Arcview 3.3 3D analyst puderam ser construídas as figuras deste estudo (FIGURAS 4 a; 4 b; 6 b; 7 b; 8 a). Pela análise univariada do Banco de dados epidemiológico pode-se observar que no período estudado de janeiro de 1992 a agosto de 2004 foram registrados 313 casos de raiva urbana, sendo 279 casos de raiva canina (89,1%), 21 de raiva felina (6,7%) e 13 casos em humanos (4,2%) (FIGURA 3 b). A média de casos de raiva canina registrada no período foi de 22,32 casos/ano, felina foi de 1,68 caso/ano e humana 1,04 casos/ano. 29 120 100 (a) 80 60 40 20 0 1992 1993 1994 1995 Cobertura vacina canina % 111 Casos 34 7 12 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004* 38,49 53,9 72 77 48,42 49,21 52,33 43 53,06 20 11 4 4 6 14 10 41 26 Fonte: CCZ-SSA, LACEN e SESAB 300 (b) 250 200 150 100 50 0 casos cão gato homem 279 21 13 Fonte: CCZ-SSA e LACEN FIGURA 3 a) Distribuição anual de casos de raiva animal e cobertura vacinal canina, em Salvador, janeiro/1992 a agosto/2004. b) Ocorrência de casos de raiva por espécie, no município de Salvador, no período de janeiro/1992 a agosto/2004. O ano de 1992 foi o que registrou maior ocorrência de casos de raiva urbana, dentro do período estudado, com freqüência de 37% (111 casos). A partir do ano de 1993 ouve decréscimo acentuado de casos até o ano de 2002, sendo que a partir do ano de 2003 foi registrado novo aumento no número de casos (13,7%) (FIGURA 3 a). A doença foi notificada em 72,5% de toda área estudada, abrangendo 56 ZI, colocando em risco 84% da população do município. (FIGURA 4 b). No município de Salvador, os casos de raiva registrados em animais sem raça definida (SRD) apresentaram uma freqüência de 79,0% e os demais representaram 21,0% (FIGURA 5 a). A ocorrência da raiva animal foi maior em machos com 60,0% dos casos (FIGURA 5 b). 30 Quanto ao tipo de criação, animais domiciliados e semidomiciliados apresentaram percentual de 43% e 33%, respectivamente. Os demais apresentaram um percentual de 23% (p < 0,05) (FIGURA 5 c). Analisando-se as idades dos animais observou-se, que menores de 12 meses de idade foram os mais acometidos (38,9%) e a menor freqüência da doença foi registrada na faixa etária de 36 a 48 meses (6,7%). Com relação ao tempo do animal na residência, os casos que apresentam a maior freqüência (48,3%) são os que estão na residência num período menor que um ano. Com relação à agressão, de acordo com a informação do proprietário, nos casos positivos, 76,5% apresentaram contato com outros animais enquanto que 23,5% não apresentaram. Nos casos humanos todos tiveram relato de contato com animais. Pela análise das ZI que apresentaram notificação de casos de raiva animal, foi observado que a maior freqüência de casos ocorreu na ZI 73 (Paripe / Base Naval) com 13,3% (FIGURA 8 a) dos positivos, seguida da Z.I. 55 (Piatã / Itapuã) com 6,7%, 61 (Mussurunga / São Cristovão) e 62 (Plataforma) com 5,3% e 69 (Cajazeiras / Águas Claras) com 4,7%. Com base nas similaridades sócio-demográficas das ZI com casos positivos, através do Dendograma, foram identificados quatro grupos, de acordo com as FIGURAS 6 a e 6 b. Para analisar a força do relacionamento entre os casos da doença e as variáveis sóciodemográficas utilizou-se a matriz de correlação de Pearson ao nível de 5%, observando que a relação é inversamente proporcional ao esgotamento sanitário, anos de educação, renda média e média da idade. Após o agrupamento foi feita uma análise através do Boxplot, onde se verificou entre os grupo 4 (composta por 15 ZI) e 2 (composta por 10 ZI) às maiores e menores dispersões da variação no número de casos, respectivamente (FIGURA 6 c). 31 Foram classificadas áreas de risco baseadas no quartil do número de casos de raiva urbana animal na ZI, onde foram classificadas três áreas de risco: Área A (Risco), Área B (Risco moderado) e Área C (Risco elevado) (FIGURAS 7 a; 7 b). Observa-se através do Boxplot (FIGURA 7 c) que 25% das ZI tem, no máximo 2 casos, e que a metade tem ao menos 3 casos e que 25% tem acima de 7 casos. Para determinar o grau de dependência da área de risco com as variáveis sócio-demográficas foi utilizada a análise de variância (ANOVA) onde as médias do: ano de educação, renda e idade apresentaram relação indireta de dependência com a ocorrência da doença (FIGURAS 8 b; 8 c; 8 d). 32 (a) Fonte: CONDER/INFORMS IBGE FIGURA 4 a) Mapa da Região Metropolitana de Salvador, com a malha de ZI. b) Distribuição espacial da Raiva Urbana em Salvador, no período de janeiro/1992 a agosto/2004. (b) Fonte: CONDER/INFORMS CCZ-SSA IBGE LACEN 33 21% (a) 79% S.R.D. Raça definida Fonte: CCZ-SSA e LACEN (b) 40% 60% Macho Fêmea Fonte: CCZ-SSA e LACEN (c) 23% 44% 33% Semi-domiciliado Domiciliado Não domiciliado Fonte: CCZ-SSA e LACEN FIGURA 5 a) Freqüência de casos de raiva por definição de raça, em Salvador, no período de janeiro/1992 a agosto/2004. b) Freqüência de casos de raiva animal, por sexo, em Salvador, no período janeiro/1992 a agosto/2004. c) Freqüência de casos de raiva por tipo de criação, em Salvador, no período de janeiro/1992 a agosto/2004. 34 Grupos ZI Número de casos animais Grupo 1 28 113 Grupo 2 10 19 Grupo 3 3 15 Grupo 4 15 153 Total 56 300 (b) (a) Fonte: CCZ-SSA e LACEN 50 (c) 40 55 30 20 Classificação de Grupos por similaridade CASOS 10 18 Grupo 1 0 Grupo 2 -10 N= 28 Grupo 1 1 Grupo 10 Grupo Grupo 2 2 3 15 Grupo Grupo 3 3Grupo 1Grupo e2 4 Grupos Grupo 3 Grupo 4 Sem notificação FIGURA 6 a) Distribuição de ZI e número de casos dos grupos por similaridade sócio-demográfica. b) Distribuição espacial de Grupos por similaridades sócio-demográficas, em Salvador-Ba, no período de janeiro 1992 a agosto 2004. c) Número de Casos da Raiva Animal por Grupo. Fonte: CONDER/INFORMS CCZ-SSA IBGE LACEN 35 Área de risco Número de Casos de Número ZI (b) (a) raiva animal A 32 21 B 30 10 C 238 25 Total 300 56 Fonte: CCCZ-SSA e LACEN 50 (c) 40 30 Classificação de Áreas de Risco A 20 Número de casos 49 48 53 B 10 C 0 Sem notificação -10 N= 56 CASOS FIGURA 7 a) Número de casos de raiva animal e de ZI por área de risco, em Salvador, no período de janeiro/1992 a agosto/2004. b) Distribuição espacial das Áreas de Risco para ocorrência da Raiva Urbana em Salvador, no período de janeiro/1992 a agosto/2004. c) Distribuição do número de casos por ZI, através dos quartis. Fonte: CONDER/INFORMS CCZ-SSA IBGE LACEN 36 5 4 (a) 32 (b) (c) 32 4 3 3 2 Renda média falmiliar (S.M.) Média dos anos de educação 28 2 1 52 0 N= 21 10 25 A B C 1 0 -1 N= Area de risco 21 10 25 A B C Área de risco 40 32 (d) 56 30 20 Idade 10 0 N= 21 10 25 A B C Área de risco FIGURA 8 a) Média de anos de estudo por Área de Risco. b) Renda Média Familiar por Área de Risco. c) Área de Cluster na ZI 73 (Paripe/Base Naval) de ocorrência de Raiva Urbana em Salvador-Ba, no período de janeiro/1992 a agosto/2004. d) Idade Média por Área de Risco. Fonte: CONDER/INFORMS CCZ-SSA IBGE LACEN 37 DISCUSSÃO Autores como MESLIN (1994) e BELLOTO (2000) já alertavam para o fato de que a maioria das mortes pelo vírus rábico ocorre em países em desenvolvimento, onde a doença entre os canídeos é endêmica, sendo o principal modo de transmissão os acidentes causados por esses animais, porém no Brasil, o número de casos humanos tem aumentado com transmissão relacionada à agressão por animais silvestres (TAVARES-NETO, 2002). Nos países desenvolvidos, segundo GERMANO (1994), o número de casos humanos transmitidos por cães tende a diminuir. Aproximadamente 73% dos casos de raiva humana, no Brasil, segundo ARAÚJO (2000), teve sua transmissão por canídeos. No nosso estudo o cão foi registrado como único responsável pelos 100% dos casos de óbitos registrados no período. Segundo a OMS (1994), para cada 10 casos de raiva canina espera-se um caso de raiva humana. De acordo a ocorrência de casos de raiva canina (279) registrada no nosso estudo o risco de raiva humana poderia ser ainda maior. No entanto, pela própria essência da doença, Salvador é considerada endêmica para a doença, colocando em risco 84% da população. Os felinos por sua vez mostraram baixa representatividade na ocorrência da doença, de acordo com ARAÚJO (2000) foi responsável por 5% da raiva humana, no Brasil. De acordo com a distribuição anual da doença foi observado um decréscimo do número de casos no período de 1993 a 2002 e a partir do ano de 2003 observou-se elevação com mesma tendência em 2004. Esse fato pode vir a ser explicado, uma vez que em 1992 a vigilância epidemiológica da doença foi incrementada, atingindo coberturas máximas de vacinação canina nos anos de 1998 e 1999 (TAVARES-NETO, 2002; SESAB, 2004). A ocorrência da raiva em Salvador teve maior freqüência em cães machos, sem raça definida, domiciliados, com idade e tempo de residência menor que 12 meses. A avaliação do tipo de agressão foi obtida de informações do proprietário sujeita, portanto, a distorção. Dos casos positivos, 76,5% apresentaram contato com outros animais. No nosso entender, o uso da divisão do município em ZI utilizada nesse estudo, veio facilitar a análise da situação epidemiológica dos casos da raiva urbana e condições sóciodemográficas que envolvem a população de Salvador. Pela análise das similaridades entre as condições sócio-demográficas, através do Dendograma, foram gerados grupos evidenciando 38 que Salvador está sócio-demograficamente dividido em quatro áreas distintas, o que pôde ser visualizado com clareza através do sistema de informações geográfica (FIGURA 5 b). Segundo a correlação de Pearson, pôde-se verificar entre os grupos, uma relação inversa do número de casos da doença e as variáveis sócio-demográficas. O maior número de casos da doença foi registrado em áreas habitadas por indivíduos que apresentavam menor renda familiar, nível educacional, idade e menor disponibilidade de esgotamento sanitário (FIGURA 5 b). Pelo Boxplot pôde-se medir a dispersão da ocorrência da raiva urbana dentro de cada grupo (FIGURA 5 c). A menor dispersão no número de casos de raiva foi observada no grupo 2, com uma média aproximada de 02 casos/ZI. A partir da análise de dispersão dos casos de raiva urbana pôde-se observar valores com dispersão heterogênea. Na etapa seguinte foi feito uma análise de risco, considerando a freqüência de registro da raiva urbana no município, onde foram identificados três grupos distintos de risco, sendo observado que, as variações de risco de infecção para a doença não eram coincidentes com as áreas que apresentaram similaridades sócio-demográficas, o que foi possível ser visualizado com o auxílio do SIG, configurando-se como uma ferramenta essencial para este tipo de análise (FIGURA 6 a). CONCLUSÃO A raiva urbana animal é caracterizada como endêmica na cidade do Salvador. A principal espécie animal envolvida na transmissão da raiva urbana em Salvador é o cão. Durante o período de estudo foram registrados 13 casos de óbitos. Foi observado no período que o número de casos da doença aumentou a partir de 2003. 84% da população humana de Salvador está exposta ao risco do vírus rábico. O perfil da raiva animal observada em Salvador caracterizou-se pela maior ocorrência em cães machos, sem raça definida, domiciliados, com idade e tempo de residência menor que 12 meses. 39 76,5% dos casos de raiva registraram contato com outros animais. O maior número de casos ocorreu na ZI 73 (Paripe/Base Naval). Salvador está dividido sócio-demograficamente em quatro grupos distintos, onde os casos de raiva se dispersam de forma heterogênea. As variáveis renda, nível de educação e faixa etária da população apresentaram uma relação inversa de dependência com a doença. As técnicas de geoprocessamento possibilitaram a distribuição espacial da raiva urbana em Salvador, permitindo a sua visualização e inferências. O sistema de informação geográfica foi fundamental para a classificação dos grupos e identificação das áreas de risco. A presença de áreas sem notificação cercada por áreas de alto risco sugere uma situação de sub-notificação, merecendo uma maior vigilância epidemiológica para a doença, nas mesmas. O principal impacto para medida de controle da raiva urbana é a vacinação animal em massa. 40 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ACHA, P.N.; SZYFRES, B. Zoonosis y enfermedades transmisibles comunes al hombre y a los animales. Washington: Organización Panamericana de la Salud, 2003. ARAÚJO, F. A. A. A Situação da raiva no Brasil. São Paulo. Anais...São Paulo, 2000. p. 22. BAHIA, Secretaria de Saúde do estado da Bahia. Estatística Anual de Casos de Raiva na Bahia, 2003. BAHIA, Secretaria de Saúde do estado da Bahia. Estatística Anual de Casos de Raiva na Bahia, 2004. BAVIA, M. E. Goepgraphic Information System Schistosomiasis in Brazil. 1996. 103f. Tese (Doutorado) - Louisiana State University, Baton Rouge, Lousiana. BAVIA, M. E. NDVI como fator de risco para a Leishmaniose Visceral Americana. In: CONBRAVET, 27, 2000, Lindóia, São Paulo. Anais ... São Paulo, 2000. p. 8-10. BELLOTO, A. J. Situação da Raiva no mundo e perspectivas de eliminação da raiva transmitida pelo cão na América Latina. In: Seminário Internacional de Raiva. Anais…São Paulo, Instituto Pasteur, p. 20-21, 2000. BRASIL, Ministério da Saúde, CENEP/FUNASA. Estatística Anual de Casos de Raiva no Brasil, segundo o animal agresor, 1992 a 2003. BRASIL. Ministério da Saúde. FUNASA, Fundação Nacional da Saúde, Guia de Vigilância Epidemilógica, v 2, 2005. Companhia de Desenvolvimento Urbano do estado da Bahia / CONDER, Malha de Zonas de Informação, 2000. Companhia de Desenvolvimento Urbano do estado da Bahia / CONDER, Malha de Eixo de Logradouro, 2003. 41 FLORES-IBARRA, M.; ESTRELLA-VALENZUELA, G. Canine ecology and socioeconomics factors associated with dogs unvaccinated against rabies in a Mexican city across the US-Mexico border. Preventive Veterinary Medicine, v 62, p. 79-87, 2004. GERMANO, P. M. L. Avanços na pesquisa da raiva. Rev. Saúde Pública, v 28, p. 86-91, 1994. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, IBGE. Censo Demográfico 2000. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, IBGE. Dados Populacionais da cidade do Salvador, Bahia. 2005. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/cidadesat/default.php> Acesso em 16 agosto 2005. KITALA, P. M. Comparison of human immune responses to purified Vero cell and human diploid cell rabies vaccines by using two different antibody titration methods. J. Clin. Microbiol., v 28, p. 1847-1850, 1990. MESLIN, E. B. Rationale and prospects for rabies elimination in developing countries. Curr. Topics Microbiol. Immunol., v 187, p. 1-26, 1994. MIRANDA, C. F. J. Raiva humana transmitida por cães: áreas de risco em Minas Gerais, Brasil, 1991-1999. Cad. Saúde Pública, v 19, n 1, p. 91-99, 2003. NORUSSIS, M.J. SPSS/PC + v.13.0 Base Manual. Chicago: SPSS Inc. 2004. PAREDES, E. A. Sistemas de Informações Geográficas – Princípios e Aplicações (Geoprocessamento). Ed. Érica. São Paulo. 1994. PRACONTAL, M. Les regles de l’ecologie virale, Science et vie, december, 1995, p. 80-84. R. The R Foundation for Statistical Computing V. 2.1.1, 2005. Disponível em < http://www.rproject.org/a> Acesso em 25 julho 2005. 42 RODRIGUES, M. Introdução ao Geoprocessamento. In: Anais do Simpósio Brasileiro de Geoprocessamento. EPUSP. São Paulo, v 1, p. 1-26, 1990. TAVARES-NETO, J.; DAMASCENO, W.G. Raiva Humana: Breve revisão e a casuística de um hospital de referência do estado da Bahia, Brasil. Revista Baiana de Saúde Pública, v 26, n 1/2, p. 84-93, 2002. World Health Organization. Expert Committee on Rabies, Eight report, World Health Organization, Technical series, 1992, Genova. World Health Organization, World Survery of Rabies. WHO/EMC/ZOO/96.3, Geneva, 1994. 43 4 CONSIDERAÇÕES GERAIS Os diferentes eventos em saúde, tanto negativos quanto positivos, não ocorrem por acaso. Através dos séculos, observou-se uma relação muito estreita desses eventos com o meio ambiente, as condições sociais e outros determinantes. Os agravos à saúde, em grupos sociais, podem ser conseqüências da distribuição desigual no espaço, de fontes de contaminação ambiental, da dispersão, concentração de agentes de risco, da exposição da população a esses agentes e das características de susceptibilidade desses grupos (BAVIA, 2001). Enfatiza-se o potencial das Técnicas de Geoprocessamento como ferramenta de análise epidemiológica para a descrição da magnitude dos problemas de saúde. Tais técnicas utilizadas em nosso estudo mostraram ser um desafio prático de colocar a autonomia tecnológica conquistada pela razão a serviço do Homem, permitindo uma descrição espacial da situação de um evento da saúde em uma área geográfica. Através do estudo da Raiva Urbana na cidade de Salvador, Ba, no período de Janeiro de 1992 a Agosto de 2004, foram observadas as seguintes situações como: A raiva urbana é caracterizada como endêmica na cidade do Salvador. A principal espécie animal envolvida na transmissão da raiva urbana em Salvador é o cão. Durante o período de estudo foram registrados 13 casos de óbitos. Foi observado no período que o número de casos da doença aumentou a partir de 2003. 84% da população humana de Salvador está exposta ao risco do vírus rábico. O perfil da raiva animal observada em Salvador caracterizou-se pela maior ocorrência em cães machos, sem raça definida, domiciliados, com idade e tempo de residência menor que 12 meses. 44 76,5% dos casos de raiva registraram contato com outros animais. O maior número de casos ocorreu na ZI 73 (Paripe/Base Naval). Salvador está dividido sócio-demograficamente em quatro grupos distintos, onde os casos de raiva se dispersam de forma heterogênea. As variáveis renda, nível de educação e faixa etária da população apresentaram uma relação inversa de dependência com a doença. As técnicas de geoprocessamento possibilitaram a distribuição espacial da raiva urbana em Salvador, permitindo a sua visualização e inferências. O sistema de informação geográfica foi fundamental para a classificação dos grupos e identificação das áreas de risco. A presença de áreas sem notificação cercada por áreas de alto risco sugere uma situação de sub-notificação, merecendo uma maior vigilância epidemiológica para a doença, na mesma. O principal impacto para medida de controle da raiva urbana é a vacinação animal em massa. 45 5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABDEL-RAHMAN, M. S.Geographic information systems as a tool for control program management for Schistosomiasis in Egypt. Acta Tropica, Basel, Suíça, v 79, n 1, p. 49-57, 2001. ACHA, P.N.; SZYFRES,B. Zoonosis y enfermedades transmisibles comunes al hombre y a los animales. Washington: Organización Panamericana de la Salud, 2003. ANDRADE, J. B.; BLITZKOW, D. NAVSTAR/GPS – Uma nova era para o posicionamento. CPGCG – UFP, 1990. APARÍCIO, C. Utilização do geoprocessamento e sensoriamento remoto orbital para a análise espacial de paisagem com incidência de Leishmaniose Tegumentar Americana. 2001. 93f. Dissertação (Mestrado) – Instituto de Biociências, Universidade de São Paulo, São Paulo. ARAÚJO, F. A. A. A Situação da raiva no Brasil. São Paulo. Anais...São Paulo, 2000. p. 22. ASHJAEE, J. GPS receiver technologies. In: Annual Meeting of the Institute of Navigation, 42, 1986, Washington. Proceedings ... Washington, 1986. BAER, G. M. História natural de la rabia. México, Ed. La Prensa Médica Mexicana, 1975. BAHIA, Secretaria de Saúde do estado da Bahia. Estatística Anual de Casos de Raiva na Bahia, 2003. BAHIA, Secretaria de Saúde do estado da Bahia. Estatística Anual de Casos de Raiva na Bahia, 2004. BARATA, R. C. B. A historicidade do conceito de causa. In: Barata, R. C. B. et al. Textos de apoio: epidemiologia 1. Rio de Janeiro: ENSP/ABRASCO, 1985, p. 13-27. 46 BARBOSA, M. G. R. Acidentes escorpiônicos na cidade do Salvador - Bahia e viabilidade do uso de tecnologias de geoprocessamento no seu estudo. 2002. 73 f. Dissertação (Mestrado em Medicina Veterinária) – Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2002. BARCELLOS, C.; BASTOS, F. I. Geoprocessamento, ambiente e saúde: uma união possível? Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v 12, n 3, p. 389-397, 1996. BAVIA, M. E. Geographic Information System Schistosomiasis in Brazil. 1996. 103f. Tese (Doutorado) - Louisiana State University, Baton Rouge, Lousiana. BAVIA, M. E. NDVI como fator de risco para a Leishmaniose Visceral Americana. In: CONBRAVET, 27, 2000, Lindóia, São Paulo. Anais ... São Paulo, 2000. p. 8-10. BAVIA, M. E.; MALONE, J.; HALE, L. Use of thermal and vegetation index data from earth observing to evaluate the risk of Schistosomiasis in Bahia, Brazil. Acta Tropica, Basel, Suiça, v 79, n 1, p. 79-85, 2001. BAVIA, M.E.; CARNEIRO, D.D.M.T.; GURGEL, H. da Costa; MADUREIRA FILHO, C.; BARBOSA, M.G.R. Remote sensing and geographic information systems and risk of american visceral leishmaniasis in Bahia, Brazil. Parassitologia, v 47, p. 165-169, 2005. BELLOTO, A. J. Situação da Raiva no mundo e perspectivas de eliminação da raiva transmitida pelo cão na América Latina. In: Seminário Internacional de Raiva. Anais…São Paulo, Instituto Pasteur, p. 20-21, 2000. BERGQUIST, N. R. Vector-borne parasitic diseases: new trends in data collection and risk assessment. Acta Tropica, Basel, Suiça, v 79, n 1, p.13-20, 2001. BIZRI, A. R.; AZAR, A.; SALAM, N.; MOKHBAT, J. Human rabies in Lebanon: lessons for control. Epidemiol Infect, n. 125, p. 175-179, 2000. BRASIL. Ministério da Agricultura, Abastecimento e Reforma Agrária. Sistema de Informação Geográfica: aplicações na agricultura. Brasília: EMBRAPA/Cpac, 274 p. 1993. 47 BRASIL, Ministério da Saúde, CENEP/FUNASA. Estatística Anual de Casos de Raiva no Brasil, segundo o animal agresor, 1992 a 2003. BRASIL. Ministério da Saúde. FUNASA, Fundação Nacional da Saúde, Guia de Vigilância Epidemilógica, v 2, 2005. BRASIL. Brazilian Ministry of Health. Human Rabies Report. CARAIVA, p. 86-99, 1999. BURROUGH, P. A.; MCDONNELL, R. A. Principles of geographical information systems. Oxford, Oxford University Press, 1998. CAMAMORI-JÚNIOR, J.G.; LUBAS, M.A. da S.; KAWATAKE, M.S.; SALES, K.G.; GUEDES, J.C.; SCHMITT, A.C. Inquérito epidemiológico sobre características da população canina e felina de um bairro próximo à zona rural em Cuibá-MT, visando o controle da raiva animal. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, v 36, n 3, p. 419-420, 2003. CÂMARA, G. Modelos, Linguagem e Arquiteturas para Banco de Dados Geográficos. Tese de Doutorado, INPE, 264 p, 1995. CAMARGO-NEVES, V. L. F. Utilização de ferramentas de análise espacial na vigilância epidemiológica de Leishmaniose Visceral Americana – Araçatuba, São Paulo, Brasil, 19981999. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v 17, n 5, p. 1263-1267, 2001. CARNEIRO, D.; BAVIA, M.E; ROCHA, W.; LOBÃO, J., MADUREIRA FILHO, C.; OLIVEIRA, J.B.; SILVA, C.E.; BARBOSA, M.G.; RIOS, R. Identificação de áreas de risco para a Leishmaniose Visceral Americana, através de estudos epidemiológicos e sensoriamento remoto orbital, em Feira de Santana, Bahia, Brasil (2000-2002). Revista Baiana de Saúde Pública, v 28, n 1, p. 19-32, 2004. CARVALHO, A. P. Classificação de padrões de vegetação na região de transição entre o cerrado e a floresta amazônica. 9, 2003, Belo Horizonte. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE SENSORIAMENTO REMOTO, 11. 2003, Belo Horizonte. Anais ... Belo Horizonte, 2003, p. 2679-2687. 48 CHOMEL, B.; CHAPPUIS, G.; BULLON, F.; CARDENAS, E.; de BEUBLAIN, T. D.; LOMBARD, M.; GIAMBRUNO, E. Mass vaccination campaign against rabies: are dogs correctly protected? The Peruvian experience. Rev. Infect. Dis., v 10(suppl. 4), p. 697-702, 1988. Companhia de Desenvolvimento Urbano do estado da Bahia / CONDER, Malha de Zonas de Informação, 2000. Companhia de Desenvolvimento Urbano do estado da Bahia / CONDER, Malha de Eixo de Logradouro, 2003. COULIBALY, N. D.; YAMEOGO, K. R. Prevalence and control of zoonotic diseases: colaboration between public health workers and veterinarians in Burkina Faso. Acta Tropica, v 76, p. 53-57, 2000. CURTIS, A. Using a special filterand a Geografic Insformation System to improve rabies surveillance data. Emerging Infections Diseases, v 5, n 5, p. 603-606, 1999. DIAS, R. A. Emprego de Sistemas de Informação Geográfica (SIG) no controle da raiva canina. 2001. 97 f. Dissertação (Mestrado) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 2001. DIETZSCHOLD, B.; KOPROWSKI, H. Rabies transmission organ transplants in the U.S.A. Lancet, v 364, p. 648-649, 2004. FLORES-IBARRA, M.; ESTRELLA-VALENZUELA, G. Canine ecology and socioeconomics factors associated with dogs unvaccinated against rabies in a Mexican city across the US-Mexico border. Preventive Veterinary Medicine, v 62, p. 79-87, 2004. FORATTINI, O. P. Ecologia, epidemiologia e sociedade. São Paulo: Artes Médicas, 1992. 529 p. FUENTES, M. V.; MALONE, J.; MAS-COMA, S. Validation of mapping and prediction model for human fasciolosis transmission in Andean very high altitude endemic areas using remote sensing data. Acta Tropica, Basel, Suiça, v 79, n 1, p. 87-95, 2001. 49 GEBRE-MICHAEL, T.; MALONE, J.B.; MCNALLY, K. Use of geographic information systems in the development of prediction models for onchocerciasis control in Ethiopia. Parassitologia, v 47, n 1, p. 135-44, 2005. GERMANO, P. M. L.; SILVA, E. V.; MIGUEL, O.; SUREAU, P. Variantes antigênicas de la vírus de rabia aisladas em el nordeste y sudeste Del Brasil: estúdio preliminar. Bol. Of. Sanit. Panam., v 108, p. 39-45, 1990. GERMANO, P. M. L. Avanços na pesquisa da raiva. Rev. Saúde Pública, v 28, p. 86-91, 1994. GLASS, E. G. Infectious disease epidemiology and gis: a case study of Lyme disease. Geographic Information Systems, p. 65-69, 1992. (Incompleto) GORGULHO, M. G. P. S. O Sistema de posicionamento global. In: Apostila de GPS. 2001. Disponível em: <http://gpstm.com/port/apostila_port.htm> Acesso em: 29 junho 2005. GURGEL, H. C. A utilização das geotecnologias em estudos epidemiológicos: o exemplo da relação entre a malária e o NDVI em Roraima. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE SENSORIAMENTO REMOTO, 9., 2003, Belo Horizonte. Anais ... Belo Horizonte, 2003, p. 1303-1310. HANNA, J. N.; CARNEY, I. K.; SMITH, G. A.; TANNENBERG, A. E.; DEVERILL, J. E.; BOTHA, J. A.; SERAFIN, I. L.; HARROWER, B. J.; FITZPATRICK, P. F.; SEARLE, J. W. Australian bat Lyssavirus infection: a second human case, with a long incubation period. Med J Aust, v 172, p. 597-599, 2000. HUGH-JONES, M. Applications of remote sensing to the identification of the habitats of parasites and disease vectors. Parasitology Today, Amsterdam, NL, v 5, n 8, p. 244-250, 1989. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, IBGE. Censo Demográfico 2000. 50 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, IBGE. Dados Populacionais da cidade do Salvador, Bahia. 2005. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/cidadesat/default.php> Acesso em 16 agosto 2005. Instituto Pasteur. Disponível em <http;//www.pasteur.saude.gov.br/raiva> Acesso em 17 de agosto 2005. KASEMPIMOLPORN, S. Human immune response to rabies nucleocapsid and glycoprotein antigens. Clin. Exp. Immunol., v 84, p. 195-199, 1991. KITALA, P. M. Comparison of human immune responses to purified Vero cell and human diploid cell rabies vaccines by using two different antibody titration methods. J. Clin. Microbiol., v 28, p. 1847-1850, 1990. KITRON, U. Geographic information systems in malaria surveillance: mosquito breeding and imported cases in Israel. American Journal of Tropical Medicine and Hygiene, Baltimore, US, v. 50, p. 550-556, 1992. KRAUSE, R.; BAGÓ, Z.; REVILLA-FERNANDEZ; LOITSCH, A.; ALLERBERGER, F.; KAUFMANN, P.; SMOLLE, KARL-HEINZ; BRUNNER, G.; KREJS, G. J. Travelassociated rabies in Austrian man. Emerging Infectious Diseases, v 11, n 5, p. 719-721, 2005. LEONARDO, L.R.; RIVERA, P.T.; CRISOSTOMO, B.A.; SAROL, J.N.; BANTAYAN, N.C.; TIU W.U.; BERGQUIST, N.R. A study of the environmental determinants of malaria and schistosomiasis in the Philippines using remote sensing and geographic information systems. Parassitologia, v 47, n 1, p. 105-114, 2005. LESSARD, P. Geographical information systems or studying the epidemiology of cattle disease caused by Theileria Parva. The Veterinary Records, London, GB, 1990. 51 LYCZAK, A.; TOMASIEWICZ, K.; KRAWCZUK, G; MODRZEWSKA, R. Epizootic situation and risk of rabies exposure in polish population in 2000, with special attention to Lublin province. Ann. Agric. Environ. Med, v 8, p. 131-135, 2001. MAGUIRE, J. H., COSTA, C. H., LAMONIERE, D. Application of remote sensing and geographical information systems (gis). A new technology to study the transmission of Leishmania chagasi in Teresina, Piauí, Brasil. In: Symposium on remotely sensing the patterns of infectious disease. Anais...USA-NASA, 1996, p.5. MALONE, J. B.; ABDEL RAHMAN, M. S.; EL BAHY, M. M. A geographic information system for control of schistosomiasis in Kafr El Sheikh governorate, Egypt. Proc. American Journal of Tropical Medicine and Hygiene, Baltimore, US, p.170, 1997. MALONE, J. B. A global network for the control of snail-born disease using satellite surveillance and geographic information system. Acta Tropica, Basel, Suíça, v 79, p. 7-12, 2001. MESLIN, E. B. Rationale and prospects for rabies elimination in developing countries. Curr. Topics Microbiol. Immunol., v 187, p. 1-26, 1994. MIRANDA, C.; MARQUES, C. A.; MASSA, J. L. Sensoriamento remoto orbital como recurso para análise da ocorrência da Leishmaniose Tegumentar Americana em localidade urbana da região sudeste do Brasil. Revista de Saúde Pública, São Paulo, v 32, n 5, p. 455463, 1998. MIRANDA, C. F. J. Raiva humana transmitida por cães: áreas de risco em Minas Gerais, Brasil, 1991-1999. Cad. Saúde Pública, v 19, n 1, p. 91-99, 2003. NORUSSIS, M.J. SPSS/PC + v.13.0 Base Manual. Chicago: SPSS Inc. 2004. OELOFSEN, M. J.; GERICKE, A.; JANSEVANRENSBURG, M. N.; SMITH, M. S. Immunity to rabies after administration of prophylactic human diploid-cell vaccine. S. Afr. Med. J, v 80, p. 189-190, 1991. 52 OLIVEIRA, S. S. Leishmaniose Visceral – caracterização da epidemia e avaliação das medidas de controle no município de Feira de Santana, Bahia, de 1995 a 2000. 2001. 217 f. Dissertação (Mestrado) – Universidade Estadual de Feira de Santana, Feira de Santana, Bahia, 2001. OPAS. Organização Panamericana da Saúde. La situacion de la rabia em America Latina de 1990 a 1994. Boletin de la Oficina Sanitária Panamericana, v 119, p. 451-456, 1995. OPAS. Organização Panamericana da Saúde. Sistema de Informação Gegráfica em Saúde: Conceitos Básicos. Programa Especial de Análise da Saúde, 124 p, 2002. OPAS. Organização Panamericana da Saúde. PAHO/WHO Expert Consultation on Canine Rabies – Free Municipalites. Havana: PAHO/Wrold Halth Organization, 1999. PAREDES, E. A. Sistemas de Informações Geográficas – Princípios e Aplicações (Geoprocessamento). Ed. Érica. São Paulo. 1994. PERRY, B. D. Dog ecology in eastern and southern África: implications for rabies control. Onderstepoort J. Vet. Res, v 60, 429-436, 1993. PINA, M. F. Conceitos básicos de cartografia e Sistemas de Informação Geográfica – SIG. [S.l.]: Fundação Oswaldo Cruz /DIS/CICT, 1999. 55 p. PLOTKIN, S. A. Rabies. Clinical Infectious Diseases, n 30, p. 04-12, 2000. PRACONTAL, M. Les regles de l’ecologie virale, Science et vie, december, p. 80-84. R. The R Foundation for Statistical Computing V. 2.1.1, 2005. Disponível em < http://www.rproject.org/a>. Acesso em 25 julho 2005. RADOT, R. V. La vida de Pasteur, 3 ed, Buenos Aires: Juventud Argentina, 1942. 53 ROBINSON, T. R. Geographic Information Systems and the selection of prioritary areas for control of Tsetse-transmitted trypanosomiasis in África. Phraseology Today, Amsterdam, NL, v 14, n 11, 1998. ROCHA, C. H. B. In:______. Geoprocessamento – tecnologias transdisciplinar. Juiz de Fora, Minas Gerais, 2000. 220 p. RODRIGUES, M. Introdução ao Geoprocessamento. In: Anais do Simpósio Brasileiro de Geoprocessamento. EPUSP. São Paulo, v 1, p. 1-26, 1990. ROGERS, D. J.; WILLIAMS, B. G. Monitoring trypanosomiasis in space and time. Parasitology Today, Amsterdam, NL, v 106, p. 77-92, 1993. ROSEN, G. A. History of public health. New York: MD Publications, 1958. SCHINEIDER, M.C.; SANTOS-BURGOA, C. Tratamiento contra la rabia humana: um poco de su historia. Rev. Saúde Pública, v 28, n 6, p. 454-463, 1994. SCHINEIDER, M.C. Controle da raiva no Brasil de 1980 a 1990. Rev. Saúde Pública, n 30 (2), p. 196-203, 1996. SILVA, A. B. Sistemas de Informações geo-referenciadas. Conceitos e fundamentos. Ed. Unicamp, p. 58-59, 1999. SILVA, L. J. da. O Conceito de espaço na epidemiologia das doenças infecciosas. Cad. Saúde Pública, v. 13, n 4, p. 585-593, 1997. STEELE, J. H. History of rabies. In: Baer, G. M. The natural history of rabies. New York: Academic Press, p. 1-29, 1975. SWAMY, H. S.; ANISYA, V.; NANDI, S. S.; KALIAPERUMAL, V. G. Neurological complications due to Sempletype antirabies vaccine: clinical and therapeutic aspects. J. Assoc. Physicians India, v 39, p. 667-669, 1991. 54 TAVARES-NETO, J.; DAMASCENO, W.G. Raiva Humana: Breve revisão e a casuística de um hospital de referência do estado da Bahia, Brasil. Revista Baiana de Saúde Pública, v 26, n 1/2, p. 84-93, 2002. THEORODIDES, J. Historie do la rage. Paris, Foudation Singer-Polignan, 1986. TIM, U. S. The application of gis in environmental health sciences: opportunites and limitations. Environmental Research, v 9, n 5, 1995. TOLLIS, M.; DIETZSCHOLD, B.; VOLIA, C. B.; KOPROWSKI, H. Immunization of monkeys with rabies ribonucleoprotein (RNP) confers protective immunity against rabies. Vaccine, v 9, p. 134-136, 1991. TSIANG, H. Rabies vírus infection of myotubes and neurons as elements of neuromuscular junction. Rev. Infect. Dis., v 10, p. 733-738, 1988. WANDELER, A. I.; BUDDE, A.; CAPT., S.; KAPPELER, A.; MATER, H. Dog ecology and dog rabies control. Rev. Infect. Dis. v 10 (suppl. 4), p. 684-688, 1988. WERNECK, G. L.; MAGUIRE, J. H. Spatial modeling using mixed models an ecologic study of Visceral Leishmaniasis in Teresina, Piauí State, Brazil. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v 18, n 3, p. 633-637, 2002. World Health Organization. Expert Committee on Rabies, Eight report, World Health Organization, Technical series, 1992, Genova. World Health Organization, World Survery of Rabies. WHO/EMC/ZOO/96.3, Geneva, 1994. YANG, G.J.; VOUNATSOU, P.; XIAO-NONG, Z.; UTZINGER, J.; TANNER, M. A review of geographic information system and remote sensing with applications to the epidemiology and control of schistosomiasis in China. Acta Tropica, 2005 (no prelo). ANEXO 1. Distribuição Espacial dos casos de Raiva Animal, em Salvador-Ba, no período de janeiro de 1992 a agosto de 2004. 55 Número de casos de raiva animal/ZI 0-1 2–5 6 – 11 12 - 19 20 - 40 Fonte: CONDER/INFORMS CCZ-SSA IBGE LACEN 56 ANEXO 2. Distribuição Espacial dos casos de Raiva Humana, em Salvador-Ba, no período de janeiro de 1992 a agosto de 2004. Número de casos de raiva humana/ZI 0 1 2 Fonte: CONDER/INFORMS CCZ-SSA IBGE LACEN ANEXO 3. Distribuição Espacial dos casos de Raiva Urbana Animal, em Salvador-Ba, no período de janeiro de 1992 a agosto de 2004. 57 Número de casos de raiva animal por ZI ZI 69 ZI 62 ZI 61 ZI 55 ZI 73 Fonte: CONDER/INFORMS CCZ-SSA IBGE LACEN 58 ANEXO 4. Distribuição da Raiva em Salvador-Ba, por espécie animal, no período de janeiro de 1992 a agosto de 2004 Fonte: CONDER/INFORMS CCZ-SSA IBGE LACEN 59 ANEXO 5. Áreas de Cluster para ocorrência de Raiva Urbana em Salvador-Ba, no período de janeiro de 1992 a agosto de 2004. Fonte: CONDER/INFORMS CCZ-SSA IBGE LACEN 60 ANEXO 6. Casos de Raiva Humana, segundo o animal agressor. Brasil, 1992 – 2003. Nº DE CASOS POR ANO Tipo de Animal 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 20003 Cão 38 38 16 26 20 18 20 22 24 18 06 08 Morcego 14 04 03 02 01 01 04 02 00 00 03 02 Ignorado 03 03 01 01 02 02 00 02 00 00 01 00 Gato 02 03 02 02 01 03 02 00 01 01 00 00 Raposa 01 01 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 Macaco 01 01 00 00 01 00 03 00 01 02 00 00 Outros 01 00 00 00 00 01 00 00 00 00 00 00 Total 60 50 22 31 25 25 29 26 26 21 10 10 Agressor Fonte: CENEPI/FUNASA ANEXO 7. Casos de Raiva segundo a espécie animal em Salvador, no período de 2003 e 2004. Espécie animal Ano de ocorrência 2003 2004 Canina 44 42 Felina 01 02 Total 45 44 Fonte: SESAB/DIVEP ANEXO 8. Casos de Raiva segundo a espécie animal na Bahia, no período de 2003 e 2004. Espécie animal Ano de ocorrência 2003 2004 Canina 77 81 Felina 03 04 Total 80 85 Fonte: SESAB/DIVEP 61 ANEXO 9. Localização das Zonas de Informações, município de Salvador. Zona de Informação – ZI Localização da Z.I. 001 Barra 002 Morro do Gato e Ipiranga / Apipema 003 Ondina / Campus Universitário 004 Alto da Sereia / Vila Matos 004 A Parque Cruz Aguiar 005 Largo da Mariquita / Avenida Amaralina 006 Vale das Pedrinhas 007 Nordeste de Amaralina 008 Pituba / Parque Júlio César 009 Vitória 010 Graça 011 Alto das Pombas / Federação 012 Engenho Velho da Federação 013 Horto Florestal / Candeal 014 Canela 015 São Pedro 015 A Forte de São Pedro 015 B / 025 A Campo da Pólvora 016 Garcia 017 Tororó / Fonte Nova 017 A Barris 018 Engenho Velho de Brotas 019 Acupe de Brotas / Daniel Lisboa 020 Campinas de Brotas 021 Itaigara / Caminho das Árvores 021 A Avenida Tancredo Neves 022 STIEP / Armação 023 / 038 C / 024 B Água de Meninos 023 A Comércio 024 Praça Municipal / Centro 024 A Pilar / Pelourinho 62 Zona de Informação – ZI Localização da Z.I. 024 C Baixa dos Sapateiros 024 D Santo Antônio 024 E Ladeira de Santana 025 Nazaré / Saúde 026 Matatu / Santo Agostinho 027 Cosme de Farias 028 Luiz Anselmo / Vila Laura 029 Cabula 030 Pernambués 031 Boca do Rio 031 A Bolandeira 032 Barbalho / Lapinha 033 Caixa D’água 034 Quintas / Cidade Nova 035 Retiro / Acesso Norte 036 19 BC / Narandiba 037 Pituaçu 037 A Imbuí 038 Calçada / Mares / Roma 038 A Caminho de Areia 038 B Baixa do Fiscal 039 Sieiro / Japão Pero Vaz 040 Liberdade 041 IAPI 042 Fazenda Grande 043 São Gonçalo do Retiro 044 Tancredo Neves / Engomadeira 045 Centro Administrativo – CAB 046 Patamares 047 Bonfim / Ribeira 048 Massaranduba 049 Uruguai / Alagados 63 Zona de Informação – ZI Localização da Z.I. 049 A Voluntários da Pátria / Suburbana 050 São Caetano / Alto do Peru 051 Capelinha de São Caetano 052 Mata Escura 053 Sussuarana 053 A Estrada do Beirú 054 Canabrava 055 Piatã / Itapuã 056 Aeroporto / Stella Maris 057 Lobato 058 Campinas / Marechal Rondon 059 Pau da Lima 060 Sete de Abril 061 Mussurunga / São Cristovão 061 A Rótulas do Aeroporto 062 Plataforma 063 Pirajá 064 Dom Avelar 064 A Porto Seco Pirajá 065 Castelo Branco 066 Praia Grande / Periperi 067 Parque São Bartolomeu 067 A Represa do Cobre 068 Valéria 069 Cajazeiras / Águas Claras 070 Estrada CIA / Aeroporto 071 Coutos 071 A Felicidade 072 Limite com a USIBA 073 Paripe / Base Naval 074 Ilha dos Frades e outras 076 Ilha de Maré Fonte: CONDER/INOFORMS e IBGE 64 ANEXO 10. Número de casos de Raiva Animal por Zonas de Informação, no município de Salvador, no período de janeiro de 1992 a agosto de 2004. ZI 73 55 61 62 69 66 29 68 47 53 31 71 50 57 49 52 1 20 36 41 59 11 38 A 44 65 18 30 32 34 42 46 58 60 7 70 12 16 21 27 35 37 40 5 54 6 8 14 2 26 3 33 38 43 56 63 9 Total Fonte: CCZ-SSA e LACEN Número de casos de raiva animal 40 20 16 16 14 11 10 10 9 9 8 8 7 7 6 6 5 5 5 5 5 4 4 4 4 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 300 65 ANEXO 11. Matriz de Correlação de Pearson das variáveis sócio-demográficas e número de casos por ZI. Casos Casos 1,000 Abastecimento de água Esgoto Coleta de Anos de Renda lixo educação familiar Densidade Idade (Hab/Km2) -0,148 -0,345 -0,168 -0,306 -0,285 -0,293 -0,228 0,278 0,009 0,215 0,022 0,033 0,028 0,091 1,000 0,573 0,772 0,315 0,269 0,292 0,286 0,000 0,000 0,018 0,045 0,029 0,032 0,573 1,000 0,658 0,450 0,352 0,666 0,551 0,000 0,001 0,008 0,000 0,000 1,000 0,592 0,540 0,635 0,222 0,000 0,000 0,000 0,101 1,000 0,981 0,796 -0,190 0,000 0,000 0,161 1,000 0,723 -0,264 0,000 0,049 Abastecimento de água -0,148 Esgoto -0,345 0,009 0,000 Coleta de lixo -0,168 0,772 0,658 0,215 0,000 0,000 Anos de educação -0,306 0,315 0,450 0,022 0,018 0,001 0,000 Renda familiar -0,285 0,269 0,352 0,540 0,981 0,033 0,045 0,008 0,000 0,000 Idade -0,293 0,292 0,666 0,635 0,796 0,723 0,028 0,029 0,000 0,000 0,000 0,000 -0,228 0,286 0,551 0,222 -0,190 -0,264 0,049 0,091 0,032 0,000 0,101 0,161 0,049 0,721 0,278 Densidade demográfica (Hab/Km2) demográfica 0,592 1,000 0,049 0,721 1,000 ** Correlação significante p < 0.01 * Correlação significante p < 0.05 ANEXO 12. Análise de variância (ANOVA) das variáveis sócio-ambientais e demográficas pela área de risco. Abastecimento de Água Esgotamento Sanitário Between Groups Within Groups Total Between Groups Within Groups Total Coleta Between Groups De Within Groups Lixo Total Anos Between Groups De Within Groups Educação Total Between Groups Renda Within Groups Total Between Groups Idade Within Groups Total Densidade Between Groups Demográfica Within Groups Total * p<0,05 Sum of Squares 15,666 1209,333 1224,998 1561,630 32060,683 33622,313 98,719 4258,113 4356,831 9,380 33,923 43,303 11,653 44,393 56,046 135,534 933,511 1069,045 4020696,427 66599525,110 70620221,538 df 2 53 55 2 53 55 2 53 55 2 53 55 2 53 55 2 53 55 2 53 55 Mean Square 7,833 22,818 F 0,343 Sig. 0,711 780,815 604,919 1,291 0,284 49,359 80,342 0,614 0,545 4,690 0,640 7,327 0,002* 5,827 0,838 6,956 0,002* 67,767 17,613 3,847 0,028* 2010348,214 1256594,813 1,600 0,212 66 ANEXO 13. Análise descritiva das variáveis sócio-demográficas relacionadas com as Áreas de Risco da Raiva Urbana. Anos De Educação Renda Idade A B C Total A B C Total A B C Total N Média 21 10 25 56 21 10 25 56 21 10 25 56 2,7172 1,8575 1,8777 2,1889 1,9738 ,9785 1,0551 1,3860 30,7399 28,1168 27,3588 28,7621 Std. Std. Error Deviation 0,9704 0,6079 0,7001 0,8873 1,1537 0,6614 0,7593 1,0095 3,6740 2,1827 5,0854 4,4088 0,2118 0,1922 0,1400 0,1186 0,2518 0,2091 0,1519 0,1349 0,8017 0,6902 1,0171 0,5891 Intervalo de Confiança para média 95% Lower Upper Bound Bound 2,2755 3,1589 1,4226 2,2923 1,5888 2,1667 1,9513 2,4265 1,4487 2,4990 ,5054 1,4516 ,7417 1,3686 1,1156 1,6563 29,0675 32,4123 26,5554 29,6782 25,2597 29,4580 27,5814 29,9427 Mínimo Máximo 1,21 1,17 0,39 0,39 0,38 0,52 0,14 0,14 23,75 24,79 7,09 7,09 4,07 3,20 4,27 4,27 3,64 2,54 3,58 3,64 36,82 31,23 36,89 36,89 ANEXO 14. Análise Múltipla de Comparação (pós-teste) - Tukey HSD. Variável Dependente Anos de Educação Renda Idade (I) Grau de (J) Grau de risco risco A A B C B A B C C A B C A A B C B A B C C A B C A A B C B A B C C A B C * Diferença média > 0,05 Diferença Média (I-J) Desvio Padrão Significân cia Intervalo de Confiança 95% Lower Upper Bound Bound 0,8597 0,8394 -0,8597 0,3074 0,2368 0,3074 0,019 0,002 0,019 0,1185 0,2684 -1,6009 1,6009 1,4105 -0,1185 -2,0275E-02 -0,8394 2,027E-02 0,2993 0,2368 0,2993 0,997 0,002 0,997 -0,7421 -1,4105 -0,7015 0,7015 -0,2684 0,7421 0,9953 0,9187 -0,9953 0,3516 0,2709 0,3516 0,018 0,004 0,018 0,1474 0,2654 -1,8432 1,8432 1,5719 -0,1474 -7,6653E-02 -0,9187 7,665E-02 0,3424 0,2709 0,3424 0,973 0,004 0,973 -0,9024 -1,5719 -0,7491 0,7491 -0,2654 0,9024 2,6230 3,3810 -2,6230 1,6125 1,2423 1,6125 0,243 0,023 0,243 -1,2651 0,3855 -6,5112 6,5112 6,3765 1,2651 0,7580 -3,3810 -0,7580 1,5703 1,2423 1,5703 0,880 0,023 0,880 -3,0285 -6,3765 -4,5444 4,5444 -0,3855 3,0285 ii JORGE RAIMUNDO LINS RIBAS GEOPROCESSAMENTO NO ESTUDO DA RAIVA URBANA EM SALVADOR Dissertação apresentada à Escola de Medicina Veterinária da Universidade Federal da Bahia, como requisito para a obtenção do título de Mestre em Medicina Veterinária Tropical, na área de Saúde Animal. Orientador: Profa. Dra. Maria Emília Bavia Salvador – Bahia 2005 iii FICHA CATALOGRÁFICA RIBAS, Jorge Raimundo Lins. Geoprocessamento no estudo da Raiva urbana em Salvador / Jorge Raimundo Lins Ribas - Salvador, Bahia, 2005. 66 p. Dissertação (Mestrado em Medicina Veterinária Tropical) – Escola de Medicina Veterinária da Universidade Federal da Bahia, 2005. Professora Orientadora - Profa. Dra. Maria Emília Bavia Palavras-chave: Raiva urbana, Raiva canina, Saúde Pública, Geoprocessamento. iv GEOPROCESSAMENTO NO ESTUDO DA RAIVA URBANA EM SALVADOR JORGE RAIMUNDO LINS RIBAS Dissertação defendida e aprovada para obtenção do grau de Mestre em Medicina Veterinária Tropical. Salvador, 29 de setembro de 2005. Comissão Examinadora: _____________________________________________ Profa. Dra. Maria Emília Bavia – UFBA Orientador _____________________________________________ Prof. Dr. Fernando Ferreira – USP _____________________________________________ Profa. Dra. Eugênia Márcia de Deus Oliveira – UFBA v À minha mãe que apesar de não ter tido a oportunidade de estar presente para acompanhar a passagem de mais uma etapa da minha vida, sei que sempre me iluminou e continua iluminando todos os momentos importantes de minha vida. vi AGRADECIMENTOS A Deus pela dádiva da vida. À minha orientadora, Profa. Dra. Maria Emília Bavia, que acreditou em mim desde o dia em que a procurei buscando orientação, obrigado também pela paciência. Á minha mulher, Márcia Abbehusen Miguel Ribas, e a meu filho, Eduardo Abbehusen Miguel Ribas (Dudu), pela compreensão, apoio e paciência nos momentos ausentes (Que não foram poucos!!!). Ao meu querido irmão, José Lázaro Lins Ribas pelo incentivo sempre constante. Ao meu pai pela educação e ensinamentos. Á minha irmã, Cássia, meu sobrinho Leonardo e meu cunhado Roberto, por sempre acreditarem em mim. Aos meus sogros, Geraldo e Marilúcia, pelo carinho. A eterna companheira de aula Professora Cátia Suse pela amizade verdadeira. OBRIGADO!! Ao colega Dr. Eduardo Ungar pela facilidade na coleta de dados no LACEN e pelo apoio constante. Á Professora Maria de Fátima Dias Costa simplesmente pelo exemplo de profissionalismo e apoio nos momentos diferentes da minha vida. Aos colegas de mestrado, em especial a: Adriana Jucá, Débora Carneiro, Fred Julião, Isa Sousa, Izana Fiterman e Taíse Peneluc. A colega Sara Araújo pela ajuda no momento muito importante de minha vida. vii A Professora Tereza Mascarenhas pela ajuda indispensável. A Dra. Maria das Graças Barbosa pela colaboração no trabalho. Ao Laboratório de Monitoramento de Doenças pelo SIG pelo bom convívio durante a realização do projeto. A Professora Vera Vinhas, pela amizade. Ao Professor Eliel Pinheiro por acreditar em minha capacidade. A Professora Sandra Oliveira, pela amizade e confiança no meu trabalho. Ao Estatístico Cruiff Emerson, pela sua ajuda, contribuindo com o seu conhecimento nas análises. Ao César e Alan pela valiosa colaboração na construção do banco de dados georreferenciado e na elaboração dos mapas digitalizados. Á CONDER/INFORMS pela disponibilização dos mapas digitalizados. Aos colegas e professores da UNIME pelas conversas descontraídas e repletas de conhecimento científico. Aos colegas médicos veterinários da ADAB: Eliane, Jane, Sérgio, Verena, Tatiana. Às secretárias do Escritório Local da ADAB, Bárbara e Lourdinha. Ao Dr. Leonardo Moura, gerente do Escritório Local da Agência Estadual de Defesa Agropecuária (ADAB) pela compreensão e flexibilidade, facilitando a conclusão desse trabalho de Dissertação. viii Ao Centro de Controle de Zoonoses de Salvador, pela oportunidade da busca dos casos de raiva, importantes para a minha pesquisa. Obrigado a Dr. Marcelo, Dr. Nilton, Dra. Tatiana, Dra. Fátima. ix Não existem erros, apenas lições. O crescimento é um processo de tentativa e erro: experimentação. As experiências que não deram certo fazem parte do processo, assim como as bem-sucedidas. As respostas estão dentro de você. Tudo o que tem a fazer é analisar, ouvir e acreditar. (Autor Anônimo) x ÍNDICE Página LISTA DAS FIGURAS.......................................................................................... xi LISTA DE ABREVIATURAS............................................................................... xiii RESUMO................................................................................................................ xiv SUMMARY............................................................................................................... xv 1 INTRODUÇÃO GERAL ................................................................................... 1 2 REVISÃO DA LITERATURA........................................................................... 2.1 RAIVA .............................................................................................................. 2.1.1 HISTÓRICO ................................................................................................. 2.1.2 AGENTE ETIOLÓGICO .............................................................................. 2.1.3 MECANISMO DE TRANSMISSÃO............................................................. 2.1.4 RESERVATÓRIOS ........................................................................................ 2.1.5 PERÍODO DE INCUBAÇÃO......................................................................... 2.1.6 PERÍODO DE TRANSMISSIBILIDADE...................................................... 2.1.7 PATOGENIA.................................................................................................. 2.1.8 SINAIS CLÍNICOS......................................................................................... 2.1.9 DIAGNÓSTICO ............................................................................................ 2.1.9.1 DIAGNÓSTICO CLÍNICO ........................................................................ 2.1.9.2 DIAGNÓSTICO LABORATORIAL ......................................................... 2.1.10 MEDIDAS DE CONTROLE........................................................................ 2.2 GEOPROCESSAMENTO.................................................................................. 2.2.1 SISTEMAS DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA (SIG)............................... 2.2.2 DIGITALIZAÇÃO DE MAPAS CARTOGRÁFICOS .................................. 2.2.3 SISTEMA DE POSICIONAMENTO GLOBAL (GPS) ................................ 3 ARTIGO CIENTÍFICO......................................................................................... 6 6 6 7 8 9 9 10 10 11 11 11 12 12 14 16 19 19 22 4 CONSIDERAÇÕES GERAIS............................................................................... 43 5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................. 45 ANEXOS.................................................................................................................. 55 xi LISTA DE FIGURAS Página FIGURA 1 Mecanismo de Transmissão da Raiva. 08 FIGURA 2 Essência do SIG. 18 FIGURA 3 a Distribuição anual de casos de raiva animal e cobertura vacinal canina, 29 em Salvador, janeiro/1992 a agosto/2004. FIGURA 3 b Ocorrência de casos de raiva por espécie, no município de Salvador, 29 no período de janeiro/1992 a agosto/2004. FIGURA 4 a Mapa da Região Metropolitana de Salvador, com a malha de ZI. FIGURA 4 b Distribuição espacial da Raiva Urbana em Salvador, no período de 32 32 janeiro/1992 a agosto/2004. FIGURA 5 a Freqüência de casos de raiva por definição de raça, em Salvador, no 33 período de janeiro/1992 a agosto/2004. FIGURA 5 b Freqüência de casos de raiva animal, por sexo, em Salvador, no 33 período janeiro/1992 a agosto/2004. FIGURA 5 c Freqüência de casos de raiva por tipo de criação, em Salvador, no 33 período de janeiro/1992 a agosto/2004. FIGURA 6 a Distribuição de ZI e número de casos dos grupos por similaridade 34 sócio-demográfica. FIGURA 6 b Distribuição espacial de Grupos por similaridades sócio-demográficas, 34 em Salvador-Ba, no período de janeiro 1992 a agosto 2004. FIGURA 6 c Número de Casos da Raiva Animal por Grupo. 34 FIGURA 7 a Número de casos de raiva animal e de ZI por área de risco, em 35 Salvador, no período de janeiro/1992 a agosto/2004. FIGURA 7 b Distribuição espacial das Áreas de Risco para ocorrência da Raiva Urbana em Salvador, no período de janeiro/1992 a agosto/2004. 35 xii FIGURA 7 c Distribuição do número de casos por ZI, através dos quarais. 35 FIGURA 8 a Média de anos de estudo por Área de Risco. 36 FIGURA 8 b Renda Média Familiar por Área de Risco. 36 FIGURA 8 c 36 Área de Cluster na ZI 73 (Paripe/Base Naval) de ocorrência de Raiva Urbana em Salvador-Ba, no período de janeiro/1992 a agosto/2004. FIGURA 8 d Idade Média por Área de Risco. 36 xiii LISTA DE ABREVIATURAS C.C.Z.CONDER - Centro de Controle de Zoonoses Companhia de Desenvolvimento Urbano do estado da Bahia DIVEP- Diretoria de Vigilância Epidemiológica ELISA - Imuno-ensaio Enzimático F.N.S.- Fundação Nacional de Saúde G.P.S.- Global Position System I.B.G.E.- Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística LACEN - Laboratório Central de Saúde Pública Professor Gonçalo Moniz LAMDOSIG M.S. - Laboratório de Monitoramento de Doenças pelo S.I.G. Ministério da Saúde O.M.S. - Organização Mundial da Saúde O.P.A.S - Organização Panamericana de Saúde P.A.H.O.- Organização Pan-Americana de Saúde P.C.R.R.T.- Reação em Cadeia Polimerase Transcriptase Reversa SESAB- Secretaria de Saúde do Estado da Bahia S.I.G. - Sistemas de Informações Gográficas S.N.C. - Sistema Nervoso Central S.P.S.S.- Statical Package for the Social Sciences S.R.D. - Sem Raça Definida Z.I.- Zonas de Informações xiv RIBAS, J. R. L. Geoprocessamento no estudo da Raiva Urbana em Salvador. Salvador, Bahia, 2005. 66 p. Dissertação (Mestrado em Medicina Veterinária Tropical) - Escola de Medicina Veterinária, Universidade Federal da Bahia, 2005 RESUMO Raiva, antropozoonose 100% letal, foi tema deste trabalho que teve como objetivo analisar a sua distribuição no município de Salvador, Bahia, utilizando tecnologias de geoprocessamento e contribuindo com os órgãos responsáveis para seu controle. Foram estudados 300 casos de raiva urbana animal e 13 em humanos. No período de janeiro/1992 a agosto/2004, o cão foi o único responsável pela transmissão da doença. Fatores sóciodemográficos como renda familiar, escolaridade, idade e esgotamento sanitário, apresentaram relação inversa com a ocorrência da patologia e, mostram 4 áreas de limites distintos em Salvador, onde 84% da população humana encontra-se sob risco de infecção. A delimitação de 3 áreas de risco, de acordo com a dispersão de casos mostrou que a doença depende dos fatores renda familiar, escolaridade e idade. O SIG permitiu a manipulação, espacialização e visualização dos dados, sendo fundamental para a análise da situação epidemiológica evidenciada. Palavras Chave – Raiva Urbana, Raiva Canina, Saúde Pública, Geoprocessamento. xv RIBAS, J. R. L. Geoprocessamento no estudo da Raiva Urbana em Salvador. Salvador, Bahia, 2005. 66 p. Dissertação (Mestrado em Medicina Veterinária Tropical) - Escola de Medicina Veterinária, Universidade Federal da Bahia, 2005. SUMARY Three hundred cases of urban animal rabies and thirteen human cases were studied using geotechnologies with the purpose of assessing the spatial distribution of the disease and identify risk areas, in Salvador municipality. As rabies is a deadly infection, this work aims to contribute for decision makers on the preparation of Rabies Control Programs. Socio demographics variables such as family income, level of education, age, sanitary installations, have shown an inverse relationship with the disease and its occurrence (p<0,05). Due to this, Salvador is divided into four distinct areas where 84% of the total human population is under the risk of infection. The disease dispersion was not homogeneous in all geographic area of study. The GIS systems helped visualize the spatial distribution of urban rabies in human and positive animals in Salvador, Bahia in a period from January 1992 to August 2004. This technology contributed in classifying and drawing limits between the risks areas of infection. The level of independence of the disease occurrence, in relation to all socio demographics variables studies classified as on risk was statistically observed at p< 0,05. The use of geotechnologies, GIS in specific, showed to be fundamental to accomplish studies with high volume of data and allowed us to draw descriptive maps derived from or data collection and analysis. Keywords: Urban rabies, Canine rabies, Public Health, Geoprocessing.